Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Complexidade
do Cuidado
na Atenção
Domiciliar
1
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Hospital Alemão Oswaldo Cruz – Sustentabilidade Social
Projeto Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Programa de Desenvolvimento Institucional do
Sistema Único de Saúde – PROADI- SUS
2017
Autores:
Amanda Magaly Ferreira
Claudia Rocha Gonçalves
Daniela Laranja Gomes Rodrigues
Debora Spalding Verdi
Diani de Oliveira Machado
Fernanda Saks Hahne
Guilherme Cesar Silva Dias Santos
Igor de Oliveira Claber Siqueira
Laerte Honorato Borges Junior
Maria de Lourdes Guin
Mariana Borges Dias
Mônica Isaura Corrêa
Sati Jaber Mahmud
Simone Rodrigues Faria Carvalhaes
Tatiane Cifuentes
Távila Aparecida de Assis Guimarães
3
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Sumário
Introdução – A IMPLANTAÇÃO DA ATENÇÃO DOMICILIAR COMO OPORTUNIDADE Página 07
DE APRIMORAMENTO DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE .................................................................................................
Capítulo 08 – BIÓPSIA ÓSSEA PARA DIAGNÓSTICO DE OSTEOMIELITE EM DOMICÍLO .......................... Página 101
5
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Introdução
A IMPLANTAÇÃO DA ATENÇÃO DOMICILIAR
COMO OPORTUNIDADE DE APRIMORAMENTO
DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
Este capítulo abordará os seguintes tópicos:
7
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
1. Por que a Atenção O Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) tem 3. Modalidades de Atenção usuários que apresentam condição clínica
como objetivos a redução da demanda AD3 mais complexa que na AD2, requerem
Domiciliar? Domiciliar: AD1, AD2 e AD3
por atendimento hospitalar ou redução cuidado multiprofissional mais frequente,
A transição demográfica, epidemiológica e social Considere para esta definição as necessidades uso de equipamento (s) ou agregação de
do período de permanência de usuários
que o país vivencia traz uma carga de condições de cuidado peculiares a cada caso, em procedimento (s) de maior complexidade
internados; a humanização da atenção à saúde,
crônicas não transmissíveis, aumentando cada relação à periodicidade indicada das visitas, (por exemplo, ventilação mecânica,
com a ampliação da autonomia dos usuários, paracentese de repetição, nutrição
vez mais as situações de dependência funcional a desinstitucionalização e a otimização dos à intensidade do cuidado multiprofissional
parenteral e transfusão sanguínea).
com repercussões sociais. Destaca-se ainda o recursos financeiros e estruturais da Rede e ao uso de equipamentos, sendo que um Também de responsabilidade do SAD,
envelhecimento populacional e a sobrevida de Atenção à Saúde (RAS). É organizado por mesmo usuário provavelmente mudará usualmente demandando períodos
aumentada de crianças com condições crônicas meio das Equipes Multiprofissionais de Atenção de uma modalidade para outra ao longo maiores de acompanhamento domiciliar.
complexas que geram novas demandas ao Sistema Domiciliar (EMAD) e Equipes Multiprofissionais do período de acompanhamento. Esta
Único de Saúde (SUS), tanto em termos de novas
ofertas, quanto de aporte de recursos. Assim, no
de Apoio (EMAP), devendo atuar de forma definição pode colaborar na elaboração dos planos
terapêuticos dos usuários e no planejamento e
4. O Melhor em Casa na Rede
complementar aos cuidados realizados na atenção de Atenção à Saúde
intuito de proporcionar um cuidado em saúde básica e em serviços de urgência e substitutivo ou organização do serviço.
com qualidade de vida, bem como de otimizar os complementar à internação hospitalar. A Rede de Atenção à Saúde (RAS) é definida
custos do SUS, outras formas de produzir atenção à como arranjos organizativos de ações e
Atualmente, há equipes implantadas (em
saúde têm sido evidenciadas, com incorporação de serviços de saúde, de diferentes densidades
funcionamento) em 25 estados, estando o Lembramos que modalidade de atenção
tecnologias e terapêuticas. Nesse sentido, a atenção (AD1, AD2 e AD3) difere do tipo de EMAD tecnológicas, que integradas por meio
Programa disponível a cerca de 26% da população
domiciliar se traduz como uma possibilidade (EMAD 1 e EMAD 2), a primeira se refere de sistemas de apoio técnico, logístico e de
brasileira e tendo atendido, em média,34 mil à necessidade de cuidado do usuário e o
de cuidado que promove maior bem-estar ao gestão, buscam garantir a integralidade
pacientes por mês, no ano de 2016. segundo diz respeito à equipe habilitada em
usuário e sua família e permite a continuidade do e a continuidade do cuidado. Tem como
um determinado município considerando o
acompanhamento em saúde. número de habitantes que possui. pressupostos a centralidade nas necessidades
Historico de normativas
em saúde individuais e coletivas (território),
as relações horizontais entre os pontos de
2. O Melhor em Casa hoje: 2016
Portaria GM/MS 825 usuários que requerem cuidados atenção com o centro de comunicação na
Panorama brasileiro e Portaria GM/ Redefine a AD e atualiza as AD1 com menor frequência e com Atenção Primária à Saúde (APS), o cuidado
MS nº 825/2016 equipes habilitadas menor necessidade de intervenções multiprofissional e com diversidade de
multiprofissionais, uma vez que se serviços/ofertas, a Atenção Básica bem
2013
A Atenção Domiciliar (AD) no SUS foi Portaria GM/MS 963 pressupõe estabilidade e cuidados estruturada, servindo como principal porta de
regulamentada em agosto de 2011, através da Acima de 20 mil habitantes satisfatórios pelos cuidadores. Este entrada e ordenadora do cuidado nos demais
portaria GM/MS 2.029, a qual instituiu o Serviço acompanhamento é de responsabilidade
2011 serviços e o compartilhamento de objetivos
Portaria GM/MS 2.029 das equipes de atenção básica.
de Atenção Domiciliar (Programa Melhor em Casa), e compromissos com os resultados sanitários e
Regulamentou a AD no SUS e
desde então passa por reformulações que visam a instituiu o SAD/PMC econômicos do território.
qualificação deste programa no SUS. Atualmente é
usuários que necessitam de Assim, neste contexto, a Atenção Domiciliar
regulamentada pela Portaria GM/MS 825, de 25 Portaria GM/MS 2.527
AD2 acompanhamento domiciliar para evitar pode colaborar na mediação do diálogo entre os
de abril de 2016. Instituiu a AD1/ Acima de 40 mil
habitantes ou abreviar uma hospitalização, por pontos de atenção; na análise do funcionamento
Define-se como Atenção Domiciliar (AD) a exemplo, nas situações de agudizações da rede e na liberação de recursos tanto infra
2006
modalidade de atenção à saúde integrada à Rede Portaria GM/MS 2.529 de doenças crônicas, comprometimento estruturais (leitos, RH), quanto financeiros. No
de Atenção à Saúde (RAS), caracterizada por um Institui a internação domiciliar severo de afecções crônico-
entanto, seu funcionamento adequado, depende
no âmbito do SUS degenerativas ou cuidados paliativos
conjunto de ações de prevenção e tratamento da retaguarda na Atenção Básica, na Rede de
2002 mais intensos. Acompanhamento de
de doenças, reabilitação, paliação e promoção responsabilidade do SAD, ainda que o Urgência e Emergência e hospitalar.
Lei 10.424
à saúde, prestadas em domicílio, que garante a São estabelecidos o atendimento cuidado longitudinal feito pelas equipes
continuidade de cuidados. e a atenção domiciliar no âmbito de Atenção Básica deva ser agregado
do SUS junto à atuação do SAD.
8 9
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
“colaborar
A Atenção Domiciliar pode
na mediação do diálogo
»» Ampliação da atuação na rede de
cuidado ao trauma, oncologia e outras
entre os pontos de atenção; na doenças crônicas degenerativas, cuidados
análise do funcionamento da rede e paliativos e saúde mental.
na liberação de recursos tanto infra
estruturais, quanto financeiros.
“
10 11
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
CAPÍTULO 01
BUSCA ATIVA PARA CAPTAÇÃO
13
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
14 15
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Referências
6. Fatores preditores de longa permanência
• ALFRADIQUE, M. E.; et. al. Internações por condições sensíveis à atenção primária: a constru-
»» Idade > 80 anos; ção da lista brasileira como ferramenta para medir o desempenho do sistema de saúde (Projeto
»» Sinais de fragilidade social (viuvez, ausência de filhos, institucionalizados prévios); ICSAP – Brasil). Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 6, p. 1337-1349, 2009.
»» Hospitalizações prévias > 10 dias hospitalar ou > 4 dias em UTI; • CAMPOS, G.W.S. et al (ORGs). Tratado de Saúde Coletiva. Rio de janeiro: FIOCRUZ, 2007.
»» Risco Nutricional; • Ministério da Saúde. Reformula a Política Nacional de Atenção às Urgências e institui a Rede de
»» Múltiplas comorbidades; Atenção às Urgências no Sistema Único de Saúde (SUS). Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011.
»» Alta dependência de cuidados; • Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
»» Sondas e ostomias; Caderno de atenção domiciliar. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
»» Outras causas de imobilidade. Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, v. 1, 2012.
• Ministério da Saúde. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saú-
de (SUS). Portaria nº 825, de 25 de abril de 2016.
7. Principais fatores que dificultam a alta: • Ministério da Saúde. RDC nº 11, de 26 de janeiro de 2006. Dispõe sobre o Regulamento
Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam Atenção Domiciliar. Brasilia, DF, 2006.
»» Vulnerabilidade social e risco, insuficiência familiar,
• Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
»» Residência fora do município da equipe de AD, Acolhimento à demanda espontânea. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saú-
»» Transição do cuidado do curar para o cuidar, de, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, v. 1, 2011. 56p.
»» Medicação / equipamentos não padronizados, • Ministério da Saúde. Redefine a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crô-
»» Dependência de tecnologias, nicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para a organiza-
»» Complicações clínicas (ex: cuidados paliativos), ção das suas linhas de cuidado. Portaria nº 483, de 01 de abril de 2014.
»» Falta de plano de alta e de Projeto Terapêutico Singular. • Pazin-Filho A et al. Impacto de leitos de longa permanência no desempenho de hospital
terciário em emergência. Rev Saúde Pública. 2015; 49:83.
16 17
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 02
HEMOTRANSFUSÃO NO DOMICÍLIO
1. Objetivos
2. Definição
3. Indicações e contraindicações
4. Complicações
5. Cuidados
6. Anexos
19
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
1. Objetivos
»» A indicação de transfusão »» A indicação de transfusão poderá
Fazer a reposição de sangue e/ou componentes sanguíneos no domicílio conforme a necessidade deve ser feita exclusivamente ser objeto de análise por médico
terapêutica das pessoas internadas no serviço de assistência domiciliar, seguindo critérios previamente por médico e baseada do serviço de hemoterapia;
estabelecidos em protocolos*, respeitando as normas vigentes e regulamentadas pela ANVISA principalmente em critérios »» Toda a transfusão traz riscos,
(Ministério da Saúde - Brasil). clínicos; mas levando-se em sejam imediatos ou tardios.
conta sempre “os valores e »» Os benefícios da transfusão
*Segundo o Art. 140 da RDC ANVISA/MS Nº 57, 16 de dezembro circunstâncias” do paciente. devem superar os riscos.
de 2010, o serviço de hemoterapia deve estabelecer protocolos, de
acordo com as determinações do Ministério da Saúde, para realização Para abordarmos as indicações e contraindicações de se realizar a hemotransfusão no domicílio, os
de transfusão domiciliar, mantendo os respectivos registros. profissionais devem se ater mais aos valores e circunstâncias do paciente, às condições clínicas, à
logística, às condições do domicílio e o entendimento e aceitação do paciente e da sua família,
2. Definição do que apenas respeitar as indicações “tradicionais e formais” da Hemotransfusão nosocomial
»» Hemotransfusão é a transferência de um hemocomponente ou hemoderivado de um ou ambulatorial.
indivíduo (doador) a outro (receptor). O artigo 205, citado anteriormente, não especifica exatamente, quais seriam os “casos especiais”.
»» Hemocomponentes: produtos oriundos do sangue total ou do plasma, obtidos por meio de Logo para que o profissional de saúde tome a decisão (processo cognitivo) de indicar ou contraindicar
processamento físico; uma Hemotransfusão no domicílio, algumas variáveis devem influenciar esse julgamento:
»» Hemoderivados: produtos oriundos do sangue total ou do plasma, obtidos por meio de
processamento físico-químico ou biotecnológico;
Condição de clínicas do paciente: Condições do Domicilio:
»» Hemotransfusão no domicílio como o próprio nome já diz, é a realização do ato transfusional
no “Lar da pessoa”, onde a pessoa vive e mora: domicílio do paciente, instituição de longa Este paciente teria condições clínicas Um domicílio localizado em uma rua
“razoáveis” para ser deslocado? ou local de difícil acesso, seria mais fácil
permanência, sistema prisional, ou qualquer lugar fora do ambiente nosocomial ou ambulatorial
levar o sangue ou o hemocomponente
onde seja a moradia da pessoa. - O deslocamento geraria mais
ao paciente do que colocá-lo numa
sofrimento físico?
prancha, ambulância e deslocá-lo para o
Por ex.: Paciente com câncer e metástases
3. Indicações e contraindicações: ósseas com dores de
ambiente hospitalar ou ambulatorial?
difícil controle. Um domicílio em área de alto-risco à
A hemotransfusão no Domicílio faz parte das estratégias do Ministério da Saúde na busca constante
segurança da equipe contraindicaria
do acesso da população à atenção hematológica e hemoterápica com segurança e qualidade em Um senhor de 90 anos com Amaurose.
o procedimento no domicílio do
consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Um paciente em VNI no domicílio, paciente.
Quando se quer indicar Hemotransfusão no Domicílio, as palavras: integralidade, universalidade, precisaria ser deslocado até o hospital
Um domicílio com altas temperaturas
para receber uma hemotransfusão?
equidade e acesso; estão em primeira ordem e devem fundamentar todo o processo. e más condições de higiene
- O deslocamento geraria mais contraindicaria o ato transfusional.
As ações de hemoterapia no contexto da Assistência Domiciliar realizadas pelos Serviços de
sofrimento mental?
assistências domiciliar no interior dos lares dos munícipes brasileiros, devem seguir as normas vigentes Não temos a pretensão de prever todas
- Portaria GM/MS Número 158, 4 de fevereiro de 2016; respeitando a norma de forma acertada e Por ex.: Um paciente com depressão grave as situações possíveis nesse manual,
prudente como um todo, mas atendendo de maneira judiciosa e ponderada o artigo 205 de sua Seção ou uma pessoa muito caquética, muito apenas queremos alertar para os
XII (do ato transfusional). emagrecida necessitariam ser expostos à princípios da Medicina Baseada em
diversas pessoas em ambiente hospitalar Evidência:
No Art. 205 é dito: Em casos especiais, a transfusão será realizada no domicílio do receptor, desde ou à porta de um pronto socorro?
que todo ato transfusional seja realizado sob supervisão médica.
Parágrafo único. O médico que acompanha o ato transfusional em domicílio será o responsável “Integração da melhor evidência de pesquisa científica com a experiência
pela garantia do cumprimento de todas as normas de medicina transfusional e disporá de clínica e os valores e circunstâncias do paciente” (Straus).
medicamentos, materiais e equipamentos para atendimento de eventuais situações de emergência
derivadas do ato transfusional. “Valores e circunstancias do paciente”, talvez seja o princípio que mais norteie o
profissional de saúde na identificação dos “casos especiais” citado no artigo 205.
A seguir, estão alguns princípios que devem ser considerados pelo médico antes da decisão de
transfundir o paciente:
20 21
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Retipagem ABO/
RhD do hemo- Dispnéia, or-
Incompatibilidade
componente e das topnéia, cianose,
do sistema ABO, Controle da veloci-
amostras pré e distensão jugu-
mais frequen- Diagnóstico clínico dade e do volume
pós-transfusionais lar, taquicardia,
Inquietação, temente. Anti- Instituir medidas RX tórax SUPORTE DE O2 de infusão
do receptor. PAI Atenção nas eta- Sobrecarga hipertensão, Excesso de volume
ansiedade corpos anti-vel, intensivistas e de BNP elevado pode Diuréticos Fracionar a bolsa
das amostras pré e pas relacionados volêmica edema periférico Incidência < 1%
(sensação de antiPP1Pk, -P1, suporte auxiliar para infundir volu-
Hemolítica pós transfusionais à transfusão de e tosse seca. A
morte iminente) anti-Lea com Aminas vasoativas. mes menores
aguda do receptor. Teste sangue. Infusão ausculta pulmonar
Dor (tórax, local amplitude térmica, Manter uma diu-
de antiglobuli- lenta nos primei- usualmente revela
da infusão, abdo- mais raramente. rese de 100 mL/h.
na direto pré e ros 50 ml. estertoração.
me, flancos) Incidência:
pós-transfusional
1:70.000 –
Prova de hemólise
1:38.000
Inspeção visual do
plasma e da urina
do paciente
22 23
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Recomenda-se
Queda de PA,
Não se aplica a utilização de
Ansiedade, mal PACIENTES EM
(diagnóstico Manter na posição filtros de bancada
estar e sudorese, USO DE ECA
Reação clínico) de Trendelemburg para remoção de
na ausência de UTILIZAÇÃO DE
hipotensiva Incidência: desco- Infundir SF 0,9% leucócitos.
febre, calafrios ou FILTROS À BEIRA
nhecida Investigar história
tremores DE LEITO
de uso de ECA
Observação do pa-
ciente e monitora-
Destruição de
Oligossintomática mento da função
células antes da
Atenção à presen- renal REVISÃO DOS
Inspeção visual do transfusão em ge-
Hemólise não ça de hemoglo- Estimular diurese PROCESSOS E
plasma e da urina ral devido à ação
imune binúria e hemo- até a melhora CORREÇÃO DAS
do paciente de agentes quími-
globinemia do quadro de CAUSAS
cos ou mecânico
hemoglobinemia e
Incidência: rara.
hemoglobinúria
Infusão rápida
ou excessiva de
citrato (transfusão Monitorização
Reposição lenta
Distúrbios maciça, metabo- dos níveis de
Níveis sérico de de cálcio com
metabólicos Parestesia, tetania, lismo tardio de cálcio iônico em
cálcio iônico Ele- monitorização pe-
Hiopocalcemia arritmias citrato) pacientes que re-
trocardiograma riódica dos níveis
A incidência de- cebem transfusões
séricos
pende da situação maciças
clínica
24 25
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Anticorpos anti-
Uso de hemocom-
Púrpura tromboci- plaquetários do
Plasmaférese ponentes antígeno
topênica, sangra- Pesquisa de anti- receptor levam à Fonte: Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Hemovigilância: manual técnico para investigação das reações transfu-
Púrpura pós- Imunoglobulina negativos em
mento, iniciando- corpos antiplaque- destruição de pla- sionais imediatas e tardias não infecciosas / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Anvisa, 2007. 124 p.
-transfusional endovenosa Corti- pacientes com his-
se 5-12 dias após tários quetas autólogas
cóides tória de púrpura
uma transfusão Incidência rara
pós-transfusional. 5. Cuidados:
26 27
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
§ 2º Haverá mecanismos, tais como pulseiras ou braceletes, que reduzam a possibilidade de erro na
identificação do receptor na hipótese de receptores inconscientes ou desorientados. (Escrito nosso: APLICAÇÃO
na transfusão domiciliar o procedimento de colocar uma pulseira ou braceletes no paciente Aos pacientes internados no serviço de assistência domiciliar com prescrição médica do hemocomponente.
seria “algo facultativo ou desnecessário”)
Art. 193. Antes do início da transfusão, os componentes eritrocitários não permanecerão à RESPONSABILIDADE:
temperatura ambiente por mais de 30 (trinta) minutos. Médicos, enfermeiro e técnicos de enfermagem.
§ 1º Caso o tempo de que trata o “caput” seja atingindo, o componente será recolocado,
imediatamente, em temperatura adequada de armazenamento.
28 29
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
MATERIAL NECESSÁRIO: 5- Encaminhe o impresso de solicitação de hemocomponentes ao banco de sangue juntamente com as amostras de
Solicitação de hemocomponentes pelo médico; sangue identificadas ao laboratório para realização dos testes pré-transfusionais. As amostras devem ser encaminhadas
dentro de embalagens tríplices e acondicionadas em caixas térmicas impermeáveis e higienizáveis que garantam a
Caixa Térmica com “gelox”;
estabilidade das mesmas até a chegada ao laboratório central. A caixa térmica deve portar a identificação de acordo com
Bandeja inox; o material a ser transportado (ex.: “Infectante”, “Risco Biológico”, etc). A temperatura geralmente é 20° a 24°C, mas
Luvas de Procedimento; deve-se avaliar junto aos fabricantes dos reagentes laboratoriais.
Estetoscópio; 6- Cheque na Agência Transfusional a disponibilidade do componente solicitado e tempo previsto de preparo.
Esfigmomanônmetro: 7- Verifique as condições clínicas e infusionais do paciente: sinais vitais e disponibilidade/características do acesso venoso.
Termômetro Axilar; 8- Verifique a necessidade de infusão de medicamentos pré- transfusionais e solicite o mesmo (se prescrito).
9- Solicite a busca do hemocomponente na Agência Transfusional.
Oxímetro;
10- Na Agência Transfusional, confira o nome, números das bolsas, identificação nominal em cada bolsa e tipo de equipo
Jelco n° 20 ou Scalp n° 19;
a ser usado. Anote os dados de recebimento. Receba a ficha de registros de transfusão. No transporte para o domicílio
Algodão com álcool; utilize caixa térmica rígida, com termômetro apropriado para este procedimento.
Garrote; O transporte de unidade de concentrado de hemácias, submetida ou não a procedimentos especiais, realizados em
Esparadrapo; sistema fechado, deve ser transportado à temperatura de 1°C até 10°C.
Equipo de transfusão; O transporte de unidade de concentrado de plaquetas deve ser realizado sob temperatura de 20°C até 24°C.
Bolsa de concentrado de hemácias ou concentrado plaquetas. A bolsa de sangue poderá ficar na caixa térmica no máximo 30 minutos.
11- Cheque os dados do paciente com as informações contidas na bolsa, por dois profissionais, antes de iniciar o
Importante:
procedimento (dupla checagem).
Art. 205. Em casos especiais, a transfusão será realizada no domicílio do receptor, desde que todo ato Se paciente consciente, também pergunte o nome dele.
transfusional seja realizado sob supervisão médica.
12- Higienize as mãos.
Parágrafo único. O médico que acompanha o ato transfusional em domicílio será o responsável pela garantia
13- Verifique sinais vitais antes do início da transfusão.
do cumprimento de todas as normas de medicina transfusional e disporá de medicamentos, materiais e
equipamentos para atendimento de eventuais situações de emergência derivadas do ato transfusional. 14- Higienize as mãos.
15- Anote os valores dos sinais vitais.
Art. 6º A transfusão de sangue e seus componentes deve ser utilizada criteriosamente na medicina, uma vez
que toda transfusão traz em si um risco ao receptor, seja imediato ou tardio, devendo ser indicada de forma 15- Calce as luvas de procedimento
criteriosa. 16- Conecte o equipo apropriado à bolsa do hemocomponente.
AÇÕES 17- Retire o ar e preencha todo o equipo.
18- Oriente o procedimento ao paciente com vistas às informações sobre as reações transfusionais.
1- Verifique na prescrição médica qual hemocomponente e volume (unidades) a ser administrado.
19- Conectar o equipo ao jelco ou scalp e instale a bolsa. A via deve ser exclusiva.
2- Certifique que o paciente ou responsável concordou com a transfusão e assinou o termo de consentimento.
20- Verifique o tempo de infusão e controle o gotejamento correspondente. Iniciar com 24 gotas nos primeiros dez
3- Verifique no impresso de solicitação do hemocomponente, se estão preenchidos corretamente os dados do
minutos 48 após. Ou a critério médico.
paciente.
21- Retire as luvas e higienize as mãos.
4- Separe o material para coleta de amostra de sangue.
22- Permaneça os 10 primeiros minutos ao lado do paciente após a instalação observando possíveis sinais de reação
4.1- Identifique individualmente cada tubo conforme orienta o Art. 174. Em relação às amostras de sangue transfusional. Verifique os sinais vitais e anote na Ficha de registros de transfusão.
para testes pré-transfusionais, todos os tubos devem ser rotulados no momento da coleta, com o nome 23- Avalie o paciente a cada 30 ou 45 minutos durante a transfusão.
completo do receptor sem abreviaturas, seu número de identificação, identificação do coletador e data da
24- Ao término da infusão permeabilize o acesso venoso com solução fisiológica.
coleta, sendo recomendável a identificação por código de barras ou etiqueta impressa.
25- A bolsa de sangue com equipo, após a infusão deverá ser colocada em um saco plástico para resíduo infectante
4.2 - Higienize as mãos.
(branco) ou recipientes que evitem vazamentos/rupturas, e entregue no ambulatório do hospital para descarte final.
4.3 - Confirme o paciente e o procedimento a ser realizado de coleta de amostra de sangue. 26- Higienize as mãos.
4.4 - Explique o procedimento de coleta de amostra de sangue ao paciente. 27- Verifique sinais vitais ao término da transfusão e anote na ficha de registros de transfusão.
28- Realize a anotação no prontuário: horário de início e término, registro dos sinais vitais, intercorrências e providências
envolvidas na transfusão.
30 31
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Observação
Transfusão domiciliar – Check List:
Existe médico presente durante o ato transfusional? de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – 2. ed., 1. reim-
Procedimentos executados de acordo com o POP? pr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 136 p. : il.Disponível em: http://bvsms.saude.
Medicamentos, materiais e equipamentos disponíveis para situações de emergência?
gov.br/bvs/publicacoes/guia_uso_hemocomponentes_2ed.pdf Acesso em 19/02/2017
Registro dos procedimentos realizados?
• Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Hemovigilância: manual técnico para in-
vestigação das reações transfusionais imediatas e tardias não infecciosas / Agência Nacio-
nal de Vigilância Sanitária. – Brasília: Anvisa, 2007.124 p. Disponível em:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS file:///C:/Users/usuario/Downloads/manual_tecnico_de_hemovigilancia_investigacao_
1- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – Marco Conceitual e Operacional de Hemovigilância: Guia para a das_reacoes_transfusionais_imediatas_e_tardias_nao_infecciosas_anvisa.pdf Acesso em
hemovigilância no Brasil. 12/02/2017
2- BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº34, de
11 de junho de 2014. Dispõe sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue. Publicada no Diário Oficial da União, Brasília, 16 • Evidence-Based Medicine: How to Practice and Teach It, 4e (Straus, Evidence-Based Medici-
de junho de 2014. ne) 4th Edition.
3 - Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS Nº 158, de 4 de fevereiro de 2016.
Redefine o Regulamento Técnico de procedimentos Hemoterápicos.
4- Brasil. Decreto nº 94.406 de 08 de junho de 1987 que regulamenta a Lei nº 7.498 de 25 de junho de 1986, que dispõe
sobre o Exercício profissional da Enfermagem, e dá outras providências. Disponível em: www.portalcofen.gov.br
5- MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Resolução Nº 57, de 16 de dezembro de 2010. Determina o regulamento sanitário para
serviços que desenvolvem atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue humano e componentes e procedimentos
transfusionais. Diário Oficial da União 17 dez 2010; Seção 1.
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. ANVISA. Diretoria Colegiada. Resolução - RDC Nº 57, de 16
de dezembro de 2010. Determina o Regulamento Sanitário para Serviços que desenvolvem
atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue humano e componente e procedimentos
transfusionais Disponível em: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/RDC%2057_161210%20
Hemoterapia.pdf
Acesso em 18/02/2017
32 33
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 03
CUIDADOS COM O PACIENTE ANTICOAGULADO
NO DOMICÍLIO
1. Definição
2. Indicações de uso de anticoagulantes / antiagregantes
3. Tipos de tratamento antitrombótico
3.1. Anticoagulantes orais
3.2. Anticoagulantes de uso venoso ou subcutâneo
4. Situações de suspeita ou presença de sangramento
35
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
1. Definição Entretanto, há situações clínicas em que se faz necessário avaliar o risco versus o benefício da terapia
anticoagulante, dependendo dos antecedentes do paciente (Tabela 1).
Os anticoagulantes são fármacos que têm a propriedade de afetar a coagulação do sangue. São
muito utilizados na cardiologia e na neurologia para prevenir as doenças cardiovasculares com risco de
POSSÍVEL CONTRAINDICAÇÃO CONSIDERAÇÕES
desenvolver a trombose.
Avaliar o local do sangramento (epistaxe e menstruação não são contrain-
Sangramento ativo clinicamente significativo
Os fenômenos trombóticos são caracterizados pela formação de um coágulo de sangue dentro de um dicações, sangramento intracraniano agudo é contraindicação absoluta)
vaso sanguíneo seja em uma artéria ou uma veia. Quando isso ocorre, afeta a circulação e compromete Diátese hemorrágica grave Natureza, gravidade e reversibilidade do sangramento
o fornecimento de oxigênio e nutrientes a um determinado tecido dando origem a um infarto.
Trombocitopenia importante (< 50.000 pla- Avaliar possibilidade de realização de outros exames como contagem
Com o envelhecimento da população brasileira (figura 1), há uma expectativa de aumento na quetas) manual do número absoluto de plaquetas e função plaquetária
incidência de doenças crônicas, como fibrilação atrial, acidente vascular cerebral cardioembólico, com
Trauma Avaliar local e extensão do trauma, intervalo de tempo do evento
maior necessidade de uso de anticoagulantes orais.
Avaliar o tipo de procedimento e o risco de hemorragia inerente ao
Procedimento obstétrico invasivo
mesmo.
Composição da população por faixas de idade
Avaliar a causa do sangramento (hipertensivo, angiopatia amiloide) e
Acidente vascular hemorrágico prévio
1980 2011 2040 tempo do evento
Avaliar o tamanho e a localização do tumor e se a indicação de antico-
70 ou mais Neoplasia intracraniana ou intramedular
agulação é absoluta (p. ex.: portador de prótese metálica cardíaca)
60-69
Hipertensão arterial de difícil controle Controle pressórico rigoroso é prioridade
50-59
Faixa
40-49 etária Tabela 1: Contraindicações ao uso de terapia anticoagulante
mais
30-39
produtiva
20-29
10-19
0-9
3. Tipos de tratamento antitrombótico
Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres As classes de medicamentos que usualmente são utilizados com a função de anticoagulantes ou
Fonte: IBGE antiagregantes são: heparina, antagonistas da vitamina k, anti-fator Xa, inibidores da trombina, ácido
Figura 1: Pirâmide populacional brasileira e perspectivas para os próximos anos. acetil salicílico e antagonistas receptor de ADP.
36 37
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Interação com alimentos Caso o paciente apresente alguma evidência clínica de sangramento gastrintestinal, geniturinário ou respiratório
ativo, o marevan deve ter seu uso suspenso ou sua introdução postergada até a resolução do sangramento.
Atualmente não se recomenda mudança no padrão alimentar do paciente em função do uso de
varfarina. Alimentos ricos em vitamina K, como abacate, espinafre, brócolis e couve-flor, precisam Indicação e intensidade de anticoagulação oral
ser ingeridos em grande quantidade para afetar os efeitos da varfarina. Recomenda-se orientar os »» Doses recomendadas de varfarina
pacientes a não fazer dietas mirabolantes e avisar qualquer mudança importante na rotina alimentar. A dose inicial deve ser individualizada e a monitorização realizada através da realização do tempo de protrombina
(Tabela 3). Este teste mede o tempo de formação do coágulo desde a ativação do fator VII até a formação do
coágulo de fibrina. Devido a variabilidade entre laboratórios, utiliza-se o INR (índice de normalização) para as
Interação com outras doenças medidas do TP. Sugere-se a medicação do TP / RNI basal prévio ao uso da medicação, pois em algumas situações
o paciente já pode apresentar alterações de coagulação, p. ex. pacientes com cirrose hepática.
»» Doenças hepáticas
»» Doenças da tireoide TP – RNI BASAL: ideal
»» Doenças renais DOSE 2-5MG/DIA: hepatopatia, desnutrição, debilitado, ICC, IRC, risco elevado de sangramento
»» Dieta enteral – diminui absorção da varfarina DOSE 5MG/DIA: maioria das situações clínicas
»» Diarreia – diminui absorção da varfarina
DOSE 10MG/DIA: pacientes estáveis, baixo risco de sangramento
Interação medicamentosa
Complicações com o uso de varfarina
Diversos medicamentos alteram para mais ou para menos o efeito coagulante da varfarina (Tabela 2).
»» Hemorragias: complicação mais comum, com incidência anual de 2 a 24 episódios a cada 100 pacientes.
Deve-se orientar o paciente e familiares a sempre comunicar qualquer mudança na sua
»» Sangramentos com RNI < 3 estão frequentemente associados a trauma ou lesão
prescrição medicamentosa.
subjacente no TGI ou urinário.
»» Necrose Cutânea: Ocorre em 1 de cada 5.000 pacientes em uso de AVK.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
»» Trombose extensa de vênulas e capilares da gordura subcutânea (mamas, coxas e glúteos)
Azatioprina, barbitúricos, carbamazepina, ciclofosfamida,
colestiramina, corticosteroides, dicloxacilina, diuréticos,
DIMINUEM A AÇÃO ANTICOAGULANTE drogas antireoidianas, etanol (uso crônico), hidróxido de Cuidados nas situações de hipercoagulação
alumínio, fenitoína, fenobarbital, quinidina, rifampicina,
sucralfato, vitamina c, vitamina k INR ENTRE 4,0 E 6,0
»» Suspender o anticoagulante
Ácido acetil salicílico, aines, alopurinol, amiodarona, andró-
genos, antidepressivos tricíclicos, antifúngicos, cimetidina, »» Repetir o INR a cada 24 h
clofibrato, clorpropamida, etanol (agudo), eritromicina, »» Retomar em doses menores
AUMENTAM O EFEITO ANTICOAGULANTE
fluconazol, hormônios tireoidianos, isoniazida, metronidazol,
omeprazol, paracetamol, metilprednisolona (pulso), quinolo-
nas, salicilatos, smx/tmp, ticlopidina, tamoxifeno, vitamina e
38 39
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Sem necessidade de interrupção da varfarina Não é contraindicada na lactação pois a quantidade excretada no leite materno é muito pequena.
(TP – RNI 1.7 – 2.3)
Outras recomendações
»» Avisar ao médico assistente se for realizar procedimento cirúrgico ou dentário
»» Notificar suspeita de gravidez ao médico assistente
»» Alto risco de sangramento
»» Evitar traumas, quedas ou outra lesão que provoque sangramento
Ex.: Cirurgias de grande porte, cirurgias com abertura de cavidade, biópsias viscerais, cirurgia
»» Comunicar imediatamente ao médico assistente qualquer tipo de sangramento, urina
intracraniana ou de medula, cirurgia oncológica maior, cirurgia urológica.
vermelha ou castanha, sangramento nasal... ou qualquer outro sintoma.
Suspender Varfarina 5 dias antes.
Coleta de TP-RNI domiciliar
Procedimentos dentários No transporte dos tubos para a realização do TP, atentar para que todo o material esteja corretamente
»» Extração simples até 3 dentes documentado, na preservação das amostras em recipiente isotérmico, higienizável e impermeável com
»» Colocação de ponte ou coroa a temperatura controlada. O tempo de tolerância entre a coleta e a realização do exame é de 2 horas.
»» Retração supra gengival
»» Remoção dentária cirúrgica
Inibidores de trombina e anti fator xa
»» Utilizar anestésico local com vasoconstritor Nos últimos anos observou-se um aumento nas opções de medicamentos com ação anticoagulante
para prevenção de fenômenos tromboembólicos. Além das heparinas e antagonistas da vitamina K
Recomendação: Suturas absorvíveis, Compressão mecânica de 15-30 min com compressas embebidas
(varfarina), atualmente existem os medicamentos que interferem na atividade enzimática da trombina
em agentes hemostáticos no final do procedimento e o uso de Ácido tranexâmico (5%) em
e do fator Xa da cascata de coagulação (Figura 2).
bochechos, 2min, 4 vezes ao dia, 2 a 4 dias.
40 41
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Vantagens
Ferida
»» Menor risco de sangramento comparado a varfarina, principalmente, menor risco de
sangramento intracraniano
»» Não há interação com alimentos
Fator VIIa + Fatores teciduais
2 »» Não há interação com outros medicamentos
1 »» Não há interação com outras doenças concomitantes
»» Menor variabilidade com relação ao seu efeito medicamentoso, não necessita de monitorização.
Fator Xa Fator lXa
3 “ Com o envelhecimento da
população brasileira (figura 1), há
uma expectativa de aumento na
Fibrina incidência de doenças crônicas,
como fibrilação atrial, acidente
vascular cerebral cardioembólico,
Figura 2: fatores teciduais expostos a agressões, interage com fator VIIa e inicia a cascata de coagulação através de suas
com maior necessidade de uso de
vias: (1) Ativação do fator X em Xa e (2) conversão do fator IX em fator IXa o qual ativa os fatores X em Xa. As vias 1 e 2 são
igualmente importantes. Uma Terceira via (3), a trombina também ativa os fatores XI em XIa o qual leva a geração de fator
IXa que funciona como uma amplificação da via de coagulação quando necessário. Os fatores de coagulação são mostrados
anticoagulantes orais.
“
em algarismos romanos. Quando ativados, acrescenta-se o sufixo “a”. A trombina também é conhecida como fator IIa.
Situações em que os NOAC são contra-indicados
»» Pacientes portadores de próteses valvares cardíacas
Tanto os inibidores de trombina quanto os inibidores diretos do fator Xa são chamados juntamente
»» Gravidez
como NOAC – “Novel oral anticoagulants” (novos anticoagulantes orais). Quando comparados com
»» Paciente com clearence de creatinina < 30 ml/min (exceto apixaban)
heparinas e varfarina, possuem algumas diferenças com relação a:
»» Pacientes com diagnóstico de Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide
»» Indicação clínica »» Paciente de difícil aderência ao uso de medicações ou que não conseguem tomar as
»» Dose medicações em horários corretos
»» Monitorização »» Paciente com antecedentes de hemorragia gastrintestinal
»» Custo »» Quando o paciente não puder arcar com o custo da medicação
»» Risco de sangramento
»» Meia-vida (disponibilidade sistêmica) Características gerais
»» Disponibilidade de antídotos em caso de sangramento
Nenhuma das três medicações que serão descritas abaixo (Tabela 4) estão disponíveis na rede pública de saúde.
»» Além disso, devido a meia vida curta destas medicações, a não ingesta de uma dose é
suficiente para a perda do efeito anticoagulante, ao contrário da varfarina, em que a perda de DABIGATRAN RIVAROXABAN APIXABAN
uma dose nem sempre apresenta grande impacto no nível de anticoagulação do paciente.
ADMINISTRAÇÃO ORAL ORAL ORAL
Apixaban e Rivaroxaban O nível plasmático após a administração subcutânea é de 3 a 5 horas com a heparina de baixo peso e,
após a administração endovenosa, de cerca de 2 horas.
»» Inibidores diretos do fator Xa
»» Não possuem antídoto
»»
»»
Meia vida de 7-17 horas (rivaroxaban) e 5 a 9 horas no caso do apixaban
Dose fixa sem necessidade de monitorização
4. Situações de suspeita ou presença de sangramento
»» Eliminação renal e hepática Na suspeita de sangramento em um paciente em uso de medicamento anticoagulante, alguns
»» Contra-indicados em pacientes com clearence de creatinina < 30 ml/m2 e com alteração de questionamentos devem ser feitos:
função hepática (rivaroxaban) »» Localização do sangramento
»» Apixaban contraindicado em pacientes com clearence de creatinina < 15 ml/m2 »» Gravidade do mesmo
»» Dose rivaroxaban: 15 ou 20 mg ao dia, na refeição. Dose apixaban: »» Início agudo ou crônico
»» Contra-indicados em pacientes com peso acima de 120 Kg ou índice de massa corpórea »» Qual o medicamento o paciente está em uso?
acima de 40 kg/m2 »» Horário da última dose do anticoagulante
»» Antifúngicos como cetoconazol, itraconazol ou antiviral como ritonavir diminuem o »» O paciente estava fazendo uso correto dos medicamentos?
efeito anticoagulante »» Há história de problemas renal, hepática, mudança em algum medicamento?
»» Exames a serem solicitados antes do início da medicação: função renal, função hepática,
coagulograma e hemograma com contagem plaquetária Após a história inicial, o exame físico deve ser focado em avaliar os sinais vitais, presença de
hemorragia exteriorizada e intensidade do sangramento. Neste momento, a equipe de AD deve decidir
3.2. Anticoagulantes de uso endovenoso ou subcutâneo se há a possibilidade de manejo domiciliar desta intercorrência ou se será necessário a transferência
do paciente para um centro de referência. Algumas situações, por exemplo, epistaxe ou sangramento
Heparinas
hemorroidário, podem ser manejados com compressão e gelo local além de observação clínica e
Existem dois tipos de heparinas: a heparina não fracionada (HNF) e a heparina de baixo peso molecular (HBPM) orientação do cuidador.
Indicações Clínicas
»» Profilaxia de tromboembolia pulmonar ATENÇÃO: no caso de uso de NOAC, testes de
rotina de coagulação NÃO determinam o grau
de anticoagulação do paciente, ou seja, um coa-
gulograma normal não é indicativo de resolução
do efeito anticoagulante.
44 45
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Monitoramento
Fatos VII a + Fatores teciduais
Antes de iniciar o uso destes medicamentos, avaliar se o paciente possui antecedentes de traumas
ou cirurgias, avaliar nível de hematócrito, hemoglobina e plaquetas antes do início da medicação.
ANTICOAGULANTES Também é recomendado um exame de TTPa e função hepática para identificar possíveis alterações
HEPARINA VIIIa prévias que o paciente porventura possa apresentar.
Xa IXa
HEPARINA BPM
Figura 3: Tanto a heparina não fracionada quanto a heparina de baixo peso molecular inibem o fator Xa e a trombina. Há Aplicações e cuidados
inibição de fatores de coagulação através da ligação a molécula de antitrombina.
»» Cuidados com sinais de alerta para sangramento
Vantagens »» Examinar abdômen para checar se aplicação correta
»» Início de ação rápido
»» Possibilidade de monitorização através do TTPa
»» Baixo metabolismo renal, no caso das heparinas não fracionadas
ATENÇÃO: Não aplicar heparina intramuscular ou via oral
»» Ampla experiência clínica, principalmente com o uso subcutâneo das heparinas de baixo
peso molecular
»» Possibilidade de reversão do efeito com sulfato de protamina
No caso das heparinas de baixo peso molecular, ainda há a vantagem do longo efeito de duração, Sinais clínicos de alerta
permitindo sua aplicação de uma a duas vezes ao dia, dependendo da situação clínica e menor risco
»» Sangramentos em urina, gengiva, fezes enegrecidas
de osteoporose e de trombocitopenia induzida pelo uso de heparina.
»» Sinais de anemia (sopro, fraqueza, apatia, pica)
»» Avaliar hematomas de pele
Desvantagens
»» Heparina não fracionada MEDICAMENTO ANTÍDOTO DOSE MONITORAMENTO OBSERVAÇÕES
• Estreita janela terapêutica Administração lenta
• Dose bastante variável, necessitando de monitorização laboratorial constante, Heparina Sulfato de protramina 1 mg/100 UI TTPa para evitar bradicardia
e hipotensão
quando aplicada endovenosa
Administração lenta
• Não há formulação oral Heparina de baixo
Sulfato de protramina 1 mg/1 UI TTPa para evitar bradicardia
peso molecular
• Potenciais complicações como trombocitopenia, reações de pele e osteoporose e hipotensão
2,5 – 5 mg via oral Reação anafilática
»» Heparina de baixo peso molecular Varfarina Vitamina K 2,5 – 5 mg endovenoso TP / RNI com administração
• Início de ação mais lento quando comparada a heparina não fracionada (30 min) endovenosa
• Longo período de ação, dificultando a reversão rápida do efeito após a suspensão Inibidores de Fator
Fator VII recombinante TTPA / TP
do medicamento Xa
• Não pode ser utilizada em pacientes com insuficiência renal Crioprecipitado
Inibidores direto da
• Monitorização feita através do teste da atividade do anti-fator Xa, o qual não é Plasma fresco TTPa / TP / fibrinogênio
trombina
congelado
disponível na rede pública do país.
Tabela 5: Dosagens e vias de administração de antídotos dos anticoagulantes mais comuns.
46 47
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS
Os antiagregantes plaquetários mais utilizados estão discriminados abaixo, além dos mecanismos de
ação e interações medicamentosas.
Referências
• Anticoagulação ambulatorial. Guimarães J, Zago, AJ. Ver. HCPA 2007; 27 (1).
AAS CLOPIDROGEL TICLOPIDINA
• Heparin and LMW heparina: Dosing and adverse effects. Hull R D, Garcia DA. www.upto-
date.com. 2017.
• Perioperative management of patients receiving anticoagulants. Lip GYH, Douketis JD. www.
uptodate.com. 2017.
INIBIÇÃO IRREVERSÍVEL INIBIÇÃO IRREVERSÍVEL
MECANISMO AÇÃO CICLO-OXIGENASE
RECEPTOR P2Y12 RECEPTOR P2Y12 • Direct oral anticoagulants: Dosing and adverse effects. Leung LLK. www.uptodate.com. 2017
• Hamerschlak N, Rosenfeld L G M. Utilização da Heparina e dos Anticoagulantes Orais na
Prevenção e Tratamento da Trombose Venosa Profunda e da Embolia Pulmonar. Arq Bras
Cardiol, volume 67, (nº 3), 1996.
• Greenlee, K M. New Oral Anticoagulants. JOURNAL OF PHARMACY PRACTICE 2002.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO 15;4:369–376
PREVENÇÃO E TRATAMENTO PREVENÇÃO E TRATAMENTO AVC I, SCA, DOENÇA
INDICAÇÕES AVC I, SCA, DOENÇA ARTERIAL AVC I, SCA, DOENÇA ARTERIAL ARTERIAL PERIFÉRICA • Potential new uses of non–vitamin K antagonist oral anticoagulants to treat and prevent
PERIFÉRICA PERIFÉRICA CONTRAINDICAÇÃO AO USO DE
CLOPIDROGEL stroke. Yaghi, S, Kamel, H, Elkind M S.V. Neurology® 2015;85:1078–1084
• Guidelines for the management of patients on oral anticoagulants requiring dental surgery.
Perry, D. J., NoakesT. J. C, Helliwell P. S. BRITISH DENTAL JOURNAL VOLUME 203 NO. 7
OCT 13 2007’
ÚLCERA PÉPTICA ATIVA
HIPERSENSIBILIDADE,
ALTERAÇÕES DE COAGULAÇÃO
HIPERSENSIBILIDADE SANGRAMENTO ATIVO
HIPERSENSIBILIDADE AO AAS
CONTRAINDICAÇÕES SANGRAMENTO PATOLÓGICO DOENÇA HEPÁTICA,
ASMA DESENCADEAD PELO AAS
ATIVO NEUTROPENIA,
USO DE METROTEXATO
PLAQUETOPENIA
ÚLTIMO TRIMESTRE GRAVIDEZ
MANIFESTAÇÕES HEMORRÁ-
HIPERCOLESTEROLEMIA,
GICAS MANIFESTAÇÕES HEMORRÁGICAS
NEUTROPENIA, PLAQUETOPENIA,
REAÇÕES ADVERSAS TOXICIDADE GI PLAQUETOPENIA, PTT (RARO)
APLASIA DE MEDULA PTT, TOXI-
URTICÁRIA, REAÇÃO ANAFI- NEUTROPENIA, RASH CUTÂNEO
CIDADE GI
LÁTICA
48 49
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 04
TRATAMENTO DAS CRISES CONVULSIVAS NO
DOMICÍLIO
51
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
»» Início súbito de sensações ou movimentos anormais e involuntários autônomas. Com sintomas motores
»» Perda súbita e transitória da consciência com automatismos »» Com comprometimento da consciência: Com sintomas somatosensoriais
»» Perda súbita e transitória da consciência com espasmos musculares intensos e contrações Com sintomas autonômicos
»» Início em região focal do cérebro, mas
de todo o corpo, inclusive mandíbula e liberação esfincteriana Com sintomas psíquicos
envolvem perturbação de consciência, que
CRISES FOCAIS »» Com comprometimento da
pode ser incompleta (paciente continua a
Um indivíduo NÃO SERÁ EPILÉPTICO nas seguintes situações: realizar suas atividades) ou completa consciência:
»» O indivíduo que apresenta uma única crise epiléptica durante a vida ou uma série de crises Com início parcial simples seguido por
»» Evolução para uma crise
num certo período de tempo que não mais se repetiu perturbações de consciência
convulsiva bilateral:
Com perda imediata da consciência
»» O indivíduo que apresenta crises epilépticas na vigência de processos patológicos EM »» Início parcial com generalização
ATIVIDADE e que desaparecem após a eliminação dos mesmos secundária, evoluindo para crises
»» O indivíduo que apresenta crises epilépticas ocasionais em função de certas afecções tônicas, clônicas ou tônico-clônica
que lhe são peculiares (hipoglicemia, febre...). Nestes casos, não se espera que o indivíduo
Tônico-clônicas
apresente crises convulsivas fora do evento desencadeante. Crises de ausência típica
Início de modo simultâneo nos dois hemis- Crises de ausência atípica
CRISES GENERALIZADAS
férios cerebrais, com perda da consciência Crises mioclônica
2. Tipos de crises epilépticas
DESDE O INÍCIO
total ou parcial. Crises tônicas
Crises clônicas
Crises atônicas e acinéticas
As crises convulsivas podem ser classificadas em generalizadas ou parciais. As crises generalizadas são
Contrações repentinas, bilaterais e simé-
causadas por descargas de início simultâneo em todo o cérebro que causam perda de consciência CRISES DIFUSAS: tricas, dos músculos do pescoço, cabeça,
imediata e usualmente não apresentam pródromos (aura). ESPASMOS INFANTIS tronco e membros. Ocorrem em sérias de
até dezenas crises ao dia.
Os principais tipos de crises convulsivas generalizadas e suas causas são:
52 53
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
3. Abordagem inicial Síncope vaso-vagal, síncope secundária a arritmias cardíacas, ortostáticas ou hipovolêmica
Ao se considerar o tratamento de um paciente com crise convulsiva, deve-se levar em consideração
Isquemia em território do sistema vértebro-basilar
uma variedade de fatores relacionados ao paciente, como idade, polifarmácia, interação com as
medicações que o paciente já faz uso, doença de base e cronicidade que podem impactar no Hiperglicemia, hipercapnia, anóxia, acidose
metabolismo das medicações e aumentar a susceptibilidade aos efeitos colaterais.
Crises psicogênicas como síndrome do pânico, síndrome conversiva
Em cerca de 20-40% da população, há uma causa identificável para a crise convulsiva, sendo os
Ataques isquêmicos transitórios
demais casos classificados como idiopáticos ou criptogênicos. Causas secundárias, como desidratação,
lesões agudas ou crônicas no cérebro, intoxicações, também são comuns e devem ser investigadas. Enxaqueca
Alguns aspectos da história clínica devem ser abordados pela equipe de AD junto ao paciente ou ao Vertigem
familiar que presenciou as crises convulsivas. Estes dados irão auxiliar não só a identificar o tipo de
crise, como também a direcionar o tratamento adequado. Amnésia global transitória
54 55
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
5. Tratamento medicamentoso »» O SE é uma condição na qual há falha nos mecanismos responsáveis pelo encerramento das
crises convulsivas quanto nos responsáveis pelo encerramento do prolongamento das crises
»» Instalar acesso venoso periférico. (após tempo t1)
»» O2 suplementar sob máscara se SatO2 < 94%; »» Se é uma condição que pode acarretar consequências a longo prazo (tempo t2), incluindo morte
»» Glicose 50% endovenosa, se glicemia <60mg/dl. neuronal, lesão neuronal e alteração de sinapses, na dependência do tipo e duração das crises.
»» Uso de medicamentos apenas se crise de duração > que 5 minutos
Em pacientes grávidas com suspeita de eclampsia (convulsão, hipertensão arterial, edema de extremidades): sulfato de • Exame neurológico • Diazepam: 0,2mg/kg
Magnésio 1 mg-4 mg IV lenta (3-5 min). • Suplementação de O2 se necessária • Aguardar por 1 minuto antes
• Acesso venoso de nova dosagem
Quadro 2: Abordagem medicamentosa nas crises convulsivas. • Temperatura • Se não houver acesso venoso:
• Glicemia capilar • Midazolam 10mg IM se peso > 40 kg
• Sinais vitais • Segunda Linha
• Considerar glicose 50% + tiamina IV • Fenitoína 20mg/kg na dose de
Em situações em que não há disponibilidade de acesso venoso, há a opção de midazolam se antecedentes de etilismo 25-50mg/min
intramuscular (IM), que é uma boa alternativa a terapia inicial com benzodiazepínico. A dose de
midazolam é de 10 mg IM em pacientes com peso acima de 40 kg e 5 mg em pacientes com peso
entre 13 a 40 Kg.
ESTATUS EPILEPTICO REFRATÁRIO
6. Complicações
• Midazolam dose inicial: 0,2mg/kg em bolus,
Uma situação emergencial que deve ser identificada pela equipe do SAD e, na sua ocorrência, o paciente deve
a 2mg/min OU
ser encaminhado à emergência de referência é o ESTADO DE MAL EPILÉPTICO (status epiléptico – SE). • Fenobarbital dose inicial: 5mg/kg
em 10 minutos
Em 2015, a ILAE publicou uma revisão conceitual de SE que incorpora duas dimensões operacionais,
• Paciente pode necessitar de intubação
chamadas t1 e t2: onotraqueal neste momento
Quadro 3: Protocolo de atendimento do paciente com crises convulsivas e indicação de tratamento de status epiléptico.
56 57
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
»» Quando as medidas para controle das crises convulsivas não puderem ser realizadas por Acúmulo quando co-administrada com inibidores
do CYP 3A4: eritromicina, macrolideos, fluoxetina
qualquer motivo ou forem ineficazes
»» Quando houver sinais de traumatismo cranioencefálico, suspeita de meningite ou alteração CBZ é EFETIVO contra crises ocais, crises tônico-clônicas generalizadas
no exame neurológico INEFETIVA: crises de ausência, mioclonia e epilepsia idiopática
»» Quando após uma crise convulsiva o paciente não recuperar o nível de consciência ou Efeitos adversos: naúseas, cefaléia, vertigem, sedação fraqueza,
apresentar alterações no exame neurológico ou instabilidade hemodinâmica alteração cognitiva
Intoxicação: borramento visual, diplopia, nistagmo, desequilíbio,
»» Quando identificado quadro clínico de status epilético.
incoordenação, tremor, leucopenia (raro).
HIPORATREMIA
58 59
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 05
CUIDADOS PALIATIVOS
61
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
1. Histórico e conceito de cuidados paliativos 1. Promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis 6. Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familia-
res durante a doença do paciente e a enfrentar o luto.
O cuidado paliativo é uma área da medicina que a cada dia vem ganhando destaque na atualidade, os
pacientes que requerem esse tipo de cuidado, cada vez mais estão sendo acompanhados por equipes 2. Afirmar a vida e considerar a morte como um proces-
so normal da vida 7. Abordagem multiprofissional para focar as necessida-
multiprofissionais em domicílio, trazendo a luz conceitos antes pouco praticados e promovendo des dos pacientes e seus familiares, incluindo acompa-
nhamento no luto.
qualidade de vida, melhorando performance de tratamentos curativos e proporcionando conforto nos
3. Não acelerar nem adiar a morte
momentos de finitude.
8. Melhorar a qualidade de vida e influenciar positiva-
Segundo definição da OMS de 2002 o cuidado paliativo é uma abordagem que promove qualidade mente o curso da doença.
4. Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no
de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, cuidado ao paciente
9. Deve ser iniciado o mais precocemente possível,
através da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da
juntamente com outras medidas de prolongamento da
dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. 5. Oferecer um sistema de suporte que possibilite o vida, como a quimioterapia e a radioterapia e incluir
paciente viver tão ativamente quanto possível, até o todas as investigações necessárias para melhor compre-
O termo cuidado paliativo vem de um modelo assistencial iniciado em um movimento na Europa dos momento da sua morte. ender e controlar situações clínicas estressantes.
chamados ´Hospices`, que eram abrigos que recebiam e cuidavam de viajantes e peregrinos e eram
mantidos através de organizações religiosas. Com a prática, caminhou para um aumento significativo 3. Elementos de comunicação em cuidados paliativos
e no século XIX esses abrigos acabaram ganhando características de hospital.
A comunicação é a ferramenta mais poderosa das relações humanas, um bom uso dela pode
A médica britânica Cicely Saunders, que passou em sua trajetória por formações como serviço social trazer muitos benefícios, principalmente no cuidado. O uso de habilidades de comunicação verbal
e enfermagem antes da medicina, se envolveu com o tratamento de pacientes terminais desde 1948, e não verbal com o emprego adequado de técnicas e estratégias é uma medida terapêutica
é a fundadora do St Christopher´s Hospice, o primeiro hospice com especialistas em controle da dor comprovadamente eficaz onde o paciente compartilha informações valiosas sobre seus medos,
e sintomas, ensino e pesquisa e tido como pioneiro no campo de cuidados paliativos, se tornando o anseios, duvidas e sofrimento, e isso contribui para a diminuição do estresse psicológico e traz
primeiro centro de desenvolvimento de ensino e pesquisa da área, com especialistas em dor e controle autonomia para o paciente.
de sintomas, sendo um disseminador da ciência e ganhando maior visibilidade na área. Para os pacientes em tratamento de Cuidados Paliativos, a comunicação e o relacionamento humano
ganham um novo significado, pois na comunicação se encontra embasamento para sustentação da fé
Em 1970 o médico britânico Robert Twycross realizou estudos relacionados ao uso de opióides e alívio
e esperança diante dos momentos mais difíceis enfrentados.
da dor, mostrando que o uso dessa classe de fármacos é seguro em doses terapêuticas com um menor
tempo de intervalo, resultando em maior conforto e alívio da dor aos pacientes. O paciente tem necessidade de ser compreendido e respeitado como um ser humano, único, que está
sofrendo pois, além da dor física, tem questões psicológicas como, conflitos existenciais e necessidades
O Cuidado Paliativo é baseado em princípios. Não se fala mais em terminalidade, mas em doença que
que vão além do que pode ser oferecido através de recursos farmacológicos ou os equipamentos
ameaça a vida. Indica-se o cuidado desde o diagnóstico, expandindo o campo de atuação. Não se de alta tecnologia. Assim, além de expor seus medos e anseios na convivência com seus familiares e
pensa em impossibilidade de cura, mas na possibilidade ou não de tratamento modificador da doença, amigos, eles necessitam se sentir cuidados, confortados, amparados e compreendidos, pela equipe de
desta forma a ideia de “não ter mais nada a fazer” se torna algo remoto e obsoleto. A família é profissionais de saúde responsável pelo cuidado. Demonstrações de empatia, compaixão e afeto no
lembrada, portanto assistida também após a morte do paciente, no período de luto. período do tratamento o deixa mais confortável e com a ciência de que o paciente é parte importante
do processo e faz com que ele se sinta protegido, seguro e com serenidade para encarar os desafios.
2. Princípios do cuidado paliativo Para garantir que as necessidades sejam supridas, é importante que os profissionais de saúde tenham
consciência de que as interações empáticas e compassivas são essenciais para suas ações e condutas.
O Cuidado Paliativo tem como base, conhecimentos inerentes às diversas especialidades, possibilitando
intervenções clínicas e terapêuticas nas diversas áreas de conhecimento da ciência médica e de Quadro 1: Metas para a comunicação ao final da vida.
conhecimentos específicos. A OMS em 1986 publicou princípios que regem a atuação da equipe Ao final da vida, espera-se que uma comunicação adequada permita:
multiprofissional de Cuidados Paliativos. Estes princípios foram reafirmados na sua revisão em 2002. Conhecer os problemas, anseios, temores e expectativas do paciente.
Facilitar o alívio de sintomas de modo eficaz e melhorar sua autoestima.
Oferecer informações verdadeiras, de modo delicado e progressivo, de acordo com as neces-
sidades do paciente.
62 63
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Conhecer seus valores culturais, espirituais e oferecer medidas de apoio. Evitar a conspiração de silêncio (não evitar falar
Manter contato visual.
sobre o assunto doença/ terminalidade).
Respeitar/Reforçar a autonomia.
Atentar para a postura corporal (membros
Tornar mais direta e interativa a relação profissional de saúde-paciente. Repetir as últimas palavras ditas pela pessoa para descruzados e relaxados, orientação do tórax na
estimulá-la a aprofundar o assunto. direção do outro, cuidado com gestos excessivos
Melhorar as relações com os entes queridos. ou que denotam ansiedade).
Detectar necessidades da família. Estimular verbalização de medos e angústias. Utilizar tom de voz adequado.
Dar tempo e oferecer oportunidades para a resolução de assuntos pendentes (despedidas, Oferecer reforços positivos: elogie as conquistas Atentar para as reações que você provoca
agradecimentos, reconciliações). do outro. no outro.
Fazer com que o paciente se sinta cuidado e acompanhado até o final. Utilizar perguntas abertas para estimular a ex-
Promover ambiente reservado e tranquilo para
pressão de sentimentos e valorizar os
Diminuir incertezas. uma conversa.
sentimentos identificados.
Auxiliar o paciente no bom enfrentamento e vivência do processo de morrer. Estabelecer, junto com o paciente, metas e pla- Atentar para sua própria aparência física
nos de ação para atingi-las. (vestuário adequado, asseio).
Valorizar todas as informações dadas pelo pa- Evitar ruídos que dispersem a atenção (campainha de
Quadro 2 - Elementos essenciais do comportamento empático: ciente ou seu familiar. telefone celular, por exemplo).
Os cuidadores familiares são os que tem maior propensão a adoecerem, pois, além do contato direto cuidado ofertado precisa ser alterado. O principal foco nessa fase é atender às necessidades do doente e sua família
com o paciente que acarreta sofrimento psíquico, tem sua vida e rotina alteradas de forma abrupta e não quanto ao manejo dos sintomas e a manutenção da qualidade de vida (paradigma do cuidado), em detrimento do
planejada resultando na maioria das vezes em fadiga, alteração do sono, problemas de saúde relacionados esforço pouco efetivo e agressivo para curar uma doença sabidamente incurável (Paradigma da cura).
a impossibilidade de pratica frequente de exercícios e cuidados com a alimentação e em alguns casos se faz
O alívio dos sintomas e consequentemente do sofrimento que pode ou não ser causado por fatores físicos, por
necessário o uso de medicações para tratamentos de sintomas físicos e psicológicos que são apresentados
ser algo complexo, precisa envolver um planejamento de assistência, com atuação multiprofissional, onde a
durante o cuidado. Já nos aspectos sociais, os cuidadores apresentam restrição para realização de atividades
família e os recursos disponíveis na comunidade são parte fundamental.
pessoais, como, afastamento do emprego e diminuição da renda familiar, além de alterações da participação
social e dos vínculos anteriormente estabelecidos, abandonando suas atividades em prol do cuidado. Juntada São utilizados os termos “trabalho em equipe”, “trabalho multidisciplinar”, “equipe multiprofissional”, “equipe
aos fatores tem também a exaustão emocional, podendo ocasionar em isolamento afetivo, sintomas de de trabalho” e “equipe interdisciplinar” em Cuidados Paliativos.
depressão, tristeza, ansiedade e estresse bem como sensação de insegurança, preocupação e impotência
Nesta linha de interdisciplinaridade há reciprocidade, enriquecimento conjunto, com tendência à horizontalização
diante dos novos desafios que estão sendo vivenciados.
das relações de poder com tomada de decisão entre as áreas envolvidas, permitindo a troca de conhecimento.
Nos momentos de finitude, a ansiedade gerada diante da morte eminente e da rotina de cuidados, o cuidador Trabalhar em conjunto com outras áreas não significa trabalhar sem haver conflitos, pois, estes são
principal se vê diante de fadiga e cansaço, o que torna necessário o rodízio entre os cuidadores, atenuando os inevitáveis e universais.
impactos causados pelo desgaste físico e emocional do cuidador principal.
Ferramentas fundamentais para o sucesso do trabalho em equipe:
Além dessas repercussões em relação ao cuidador no âmbito familiar, o ato de cuidar também proporciona
sentimentos positivos. O zelo, carinho, gratificação, satisfação e crescimento pessoal são citados como pontos
positivos em pesquisas publicadas, sugerindo a vontade do cuidador de estar ao lado do seu ente querido, Traçar estratégias onde haja conscenso e clareza nos objetivos
devido à relação de afeto muitas vezes já estabelecida entre paciente e cuidador.
É importante salientar que a atuação da equipe não deve ser apenas no sentido de educar o cuidador,
mas compreender o peso das mudanças que ocorrem em sua vida e o impacto do cuidado, para planejar Reconhecimento da contribuição específica de cada membro
estratégias facilitadoras da rotina e que permitam minimizar a sobrecarga. da equipe e divisão de tarefas de acordo com a expertise
66 67
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Dor crônica
»» Comportamento deprimido EVN de 8 a 10
DOR
»» Alteração no estado mental Não opióides ±
PERSISTENTE
adjuvantes
A escolha do medicamento adequado deve seguir algumas orientações: MEDICAMENTOS DOSE OBSERVAÇÃO
70 71
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Um efeito colateral que pode surgir no paciente em uso de opióides são as mioclonias. Este achado indica
»» Carbamazepina: comprimidos de 200 ou »» Mecanismo de ação variado neurotoxicidade pelo medicamento e, neste caso, é indicada a redução da dose total em 30% ou o
400 mg. Dose varia de 200 a 1.200 mg/dia, »» Importante no tratamento de dor rodízio de opióides. Outros efeitos colaterais, como constipação intestinal deve ser tratada com laxativos e
podendo ser fracionado em até de 6/6 horas crônica e dor neuropática procinéticos. Sonolência, confusão mental leve, euforia, náuseas e vômitos, boca seca, sudorese e tremores
ANTICONVULSIVANTES »» Gabapentina: comprimidos de 300, 400 »» Efeitos colaterais: sonolência nos podem surgir, mas tendem a desaparecer em 3 a 5 dias de uso do medicamento (tabela 5).
mg ou 600 mg. Dose varia de 900 a 2.400 primeiros dias, edema de membros
mg/dia, podendo chegar até 3.400 mg/ inferiores, lapsos de memória e lentidão
dia. Fracionado a cada 8 horas no raciocínio
72 73
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
»» Adesivo transdérmico »» Menor efeito sedativo, »» Menor efeito sedativo, Depressão respiratória »» Se Escala de Sedação ≥ 3 suspender a
com liberação constante e nauseante e obstipante nauseante e obstipante próxima dose de opiáceo, monitorar
regular do medicamento »» Útil em pacientes »» Útil em pacientes
padrão respiratório a cada 15 minutos
por 72 horas refratários no controle refratários no controle dos
Fentanil transdér-
mico
»» Dose: 2,5, 5,0, 7,5 e 10 dos sintomas analgésicos sintomas analgésicos e com (se FR ≤ 8/min instalar 0,2L/m).
mg de fentanil/adesivo e com muitos sintomas muitos sintomas colaterais
com liberação de 25, 50, colaterais »» Não é boa opção para »» Assegurar permeabilidade de vias aéreas.
70 e 100 mcg de fentanil, »» Não é boa opção para pacientes com dor aguda
»» Considerar uso de Naloxone (Narcam®)
respectivamente pacientes com dor aguda
titulado em doses baixas para evitar crise
»» Boa tolerância »» Não pode ser quebrado ou
de abstinência e dor intensa (0,04mg EV).
Oxicodona
»» Dose: comprimidos de 10, 20 »» Boa absorção via oral amassado
ou 40 mg, a cada 12 horas »» Dois picos de ação: 40 »» Opióide sintético forte Em pacientes terminais, reforce medidas
minutos e 6 horas
de conforto.
»» Boa opção para dor
neuropática
»» Boa absorção via oral
»» Meia vida de difícil
controle: pode variar de
»» Pode ser usado em casos
de dor resistente a morfina
»» Dose: comprimidos de 5 e 10 a 75 horas (média 24
Metadona horas)
»» Acúmulo em tecido
10 mg adiposo e maior excreção
»» Pode ser usado em casos
intestinal
de dor resistente a morfina
»» Não é dialisável
»» Acúmulo em tecido
adiposo e maior excreção
intestinal
»» Não é dialisável
74 75
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Avaliação de náusea
A etiologia da tosse pode ser multifatorial e sua avaliação deve incluir análise das medicações em uso »» 1 mg via oral 6/6 horas
e outras co-morbidades além da doença de base. Também deve-se descartar a presença de aspiração Haloperidol »» 0,5 mg subcutâneo 6/6 horas
orotraqueal, especialmente em pacientes acamados e pouco contactuantes. »» 65 anos: 0,5 mg VO ou 0,25 mg SC 8/8 horas
Nas situações em que estiver indicada a supressão da tosse com tratamento farmacológico, o uso de Benzodiazepínicos, ondansetrona,
»» Em situações refratárias e associado ao haloperidol
opióides, devido ao seu efeito antitussígeno costuma ser eficaz. Dentre os opióides a codeína costuma dexametasona ou escopolamina
ser eficiente. Neste caso a dose de 15 a 30 mg deve ser fracionada a cada 4 horas. Tabela 6: Medicamentos para tratamento de náuseas em cuidados paliativos
TIPOS DE LAXANTES
OLANZAPINA »» Opções ao haloperidol
CLORPROMAZINA »» Maior efeito sedativo
LAXANTES QUE AUMENTAM O VOLUME DAS FEZES
»» Não osmóticos: carboxicelulose, metilcelulose, psyllium
»» Osmóticos: sorbitol, glicerina. Lactulona, hidróido de magnésio e sulfato de sódio »» Uso via oral, subcutânea ou parenteral
MIDAZOLAM »» Pode ser considerado em casos refratário, por curto período de tempo
LAXANTES QUE FACILITAM O DESLIZAMENTO DAS FEZES »» Dose: 0,05 a 0,2 mg/kg. Atenção em pacientes pré-medicados com
»» Lubrificantes: parafina líquida opióides ou outros sedativos do SNC
»» Surfactantes: docusato de sódio
7. Conclusões
»» Avaliar o paciente como um todo e tentar identificar quais sintomas estão causando mais
LAXANTES ESTIMULANTES DA MUCOSA INTESTINAL
desconforto
»» Senna, bisacodil »» Orientar o paciente e os familiares sobre os possíveis sinais e sintomas que poderão surgir
nos últimos dias de vida para tentar diminuir o estresse e a angústia
»» Valorizar a queixa do paciente, mesmo que a mesma seja subjetiva
»» Evitar ao máximo que o paciente sinta dor. Não permita que o mesmo ou os familiares
Tabela 8: Medicamentos utilizados no tratamento da constipação em cuidados paliativos
considerem a dor como um sintoma “esperado’ no final da vida.
Manejo do delirium
É a complicação neuropsiquiátrica mais comum em pacientes em cuidados paliativos, especialmente 8. Anexos
em portadores de patologias oncológicas. Episódios de agitação psicomotora, discurso incoerente e
Escalas de Cuidados Paliativos
agressividade aumentar a morbidade do paciente e causam muito estresse em familiares e cuidadores.
»» Escala de Desempenho de Karnofsky
Algumas doenças podem predispor o paciente a apresentar episódios de delirium nas fases finais
O índice de Karnofsky é uma escala de desempenho físico, que foi inicialmente desenvolvida para
da vida, como DPOC, insuficiência renal, ICC e idade avançada. Outras causas de delirium são
avaliar a capacidade física em pacientes oncológicos, mas que tem tido seu uso aplicado para a
neurotoxicidade por opióides, tumores ou metástases cerebrais, alguns tipos de quimioterapia,
avaliação de outras doenças crônicas incapacitantes.
medicamentos (antidepressivos, corticoides), desidratação e infecção.
78 79
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
100 Normal; ausência de queixas; sem evidências de doença Completamente ativo; capaz de realizar todas as suas atividades sem restrição.
0
(Karnofsky 90-100%)
»» Escala de Desempenho de Zubrod A Recebe assistência para lavar somente uma parte do corpo, tal como, as costas ou uma perna
A Escala de Desempenho de Zubrod serve para medir o estado geral dos pacientes em Cuidados
Paliativos.
D Recebe assistência para lavar mais de uma parte do corpo, ou não toma banho sozinho
OBS: comparando com a escala de Karnosky
80 81
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
VESTUÁRIO (tira as roupas do armário e veste-as, incluindo roupas íntimas e roupas de passeio, com a utili-
zação de fechos, suspensórios e colchetes, se presentes).
A Deita e levanta da cama, bem como senta e levanta da cadeira com assistência • Manual de Cuidados Paliativos Academia Nacional de Cuidados Paliativos – ANCP, 2° Edi-
ção, © ANCP (Academia Nacional de Cuidados Paliativos) 2012.
• Ferreira N.M.L.A., Souza C.L.B. de, Stuchi Z., Cuidados paliativos e família. Rev. Ciênc.
D Não se levanta da cama Méd., Campinas, 17(1):33-42, jan/fev., 2008
• Cuidado Paliativo / Coordenação Institucional de Reinaldo Ayer de Oliveira. São Paulo:
Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 2008.
CONTINÊNCIA
ALIMENTAÇÃO
A Alimenta-se sem assistência, exceto para cortar carne ou passar manteiga no pão
82 83
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 06
PARACENTESE ABDOMINAL TERAPÊUTICA
NO DOMICILIO
1. Objetivos
2. Conceito
3. Causas da ascite
4. Indicações
5. Contraindicações
6. Procedimento
7. Complicações
8. Reposição de albumina
A expansão dos Serviços de Atenção Domiciliar (SAD) em todo o território nacional torna necessária a
capacitação das Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) para responderem às demandas
de cuidados dos pacientes com qualidade e resolutividade. Nessa unidade será abordado o tema
paracentese abdominal, sendo uma das atribuições da EMAD classificada como modalidade de Atenção
Domiciliar “3” (AD3) pela Portaria nº 825 do Ministério da Saúde. A paracentese abdominal pode ser
classificada em diagnóstica ou terapêutica. Nessa unidade abordaremos apenas a paracentese abdominal
terapêutica ou de alívio.
85
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
2. Conceito 5. Contraindicações
A paracentese abdominal é o procedimento de remoção de fluido ascítico da cavidade peritoneal por Absolutas:
meio de punção abdominal com agulha (RUNYON, 2013; SHLAMOVITZ, 2013). A paracentese pode
• Abdome agudo com indicação cirúrgica (SHLAMOVITZ, 2013).
ser diagnóstica ou terapêutica.
Paracentese diagnóstica: coleta de líquido ascítico para posterior estudo. É indicada para definição do Relativas:
diagnóstico da causa básica do derrame peritoneal. É um procedimento seguro, sem evidências que • Coagulação intravascular disseminada.
predisponham à infecção do líquido peritoneal e deve ser realizado em todos pacientes com ascite que • Distensão intestinal.
não tenham realizado investigação etiológica. (RUNYON, 2013; SHLAMOVITZ, 2013). • Fibrinólise.
Paracentese terapêutica: caracteriza-se pela drenagem de cinco ou mais litros de liquido ascítico com • Organomegalias.
a finalidade de reduzir a pressão intra-abdominal e aliviar sintomas associados como dispneia, dor e • Gestação.
desconforto abdominal (RUNYON, 2013). • Bexiga distendida (“bexigoma”).
• Celulite na parede abdominal.
A paracentese abdominal terapêutica no domicílio • Aderências intra-abdominais (RUNYON, 2013; SHLAMOVITZ, 2013; THOMSEN
É uma técnica simples e segura que pode ser tranquilamente realizada no domicílio, desde que dentro das et al, 2006).
indicações adequadas ao quadro clínico do paciente e com a adoção da técnica correta (VILLABONA et al,
2012; HERNANSANZ, 2005). A paracentese no domicílio realizada em pacientes em cuidados paliativos A Razão Normalizada Internacional (RNI) elevada ou trombocitopenia não são contraindicações para
aumenta de forma considerável o bem-estar e a gratidão, tanto do paciente como de seus familiares, por paracentese e, em muitos pacientes não é necessário transfundir plasma fresco ou plaquetas antes do
evitar deslocamentos desnecessários para serviços de urgência para realiza-la (DÉBDI et al, 2013). procedimento. Cerca de 70% dos pacientes com ascite possuem tempo de protrombina alterado, mas
os riscos reais de sangramento são muito baixos e menos de um por cento dos pacientes necessitam
A paracentese abdominal no domicilio já é uma prática utilizada em vários Serviços de Atenção Domiciliar
(SAD) do país. É fundamental que o médico, ao realizar o procedimento, esteja seguro e transmita de transfusão sanguínea. Exceções são pacientes com características clinicas condizentes com
segurança ao paciente, aos familiares e aos demais profissionais da EMAD. coagulação vascular disseminada ou hiperfibrinólise que exigem tratamento para reduzir o risco de
sangramento (RUNYON, 2013).
Quem pode realizar a paracentese
A paracentese pode ser realizada por um médico, devidamente treinado, idealmente acompanhado por um auxiliar,
6. Preparo do paciente para o procedimento
técnico de enfermagem, enfermeiro ou outro profissional de saúde devidamente capacitado (RUNYON, 2013). Explicar o procedimento ao paciente, os benefícios, os riscos, possíveis complicações e obter o
consentimento informado assinado pelo paciente ou pelo familiar/cuidador responsável (RUNYON,
3. Causas de ascite 2013; SHLAMOVITZ, 2013). Importante esclarecer todas as dúvidas, manter paciente e familiar/
cuidador responsável tranquilos para a realização do procedimento. Os profissionais de saúde devem
»» Cirrose hepática. permanecer junto ao paciente durante todo o procedimento observando a evolução e identificando
»» Hepatite alcoólica. eventuais intercorrências (DÉBDI et al, 2013).
»» Insuficiência cardíaca.
»» Insuficiência hepática fulminante. Orientações importantes:
»» Trombose de veia porta.
»» Não é necessário jejum para o procedimento.
»» Carcinomatose peritoneal.
»» Orientar o esvaziamento da bexiga antes do procedimento (voluntário ou através de
»» Pancreatite ou processo inflamatório do sistema biliar.
cateterismo vesical, se necessário) (RUNION, 2013; SHLAMOVITZ, 2013).
»» Síndrome nefrótica.
»» Manter uso habitual dos medicamentos prescritos.
»» Peritonite.
»» Verificar pressão arterial, frequência cardíaca, saturação de oxigênio e temperatura antes e
»» Isquemia ou obstrução intestinal (SHLAMOVITZ, 2013). após o procedimento.
86 87
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Materiais necessários:
»» Frasco graduado para acondicionar o líquido ascítico.
»» Solução alcoólica antisséptica (Ex. clorexidina). Figura 2. Passos para administra-
»» Luvas estéreis. ção da anestesia: A. Aspiração de
»» Luvas de procedimento. Lidocaína 1 ou 2%. B. Troca da
»» Seringas de 20ml e 5ml.
agulha. C. Punção com Lidocaína.
»» Agulha de calibre 25x12 e 25x07.
D e E. Tração da pele e progressão
»» Pacotes de gazes estéreis.
da agulha até atingir a cavidade
»» Equipo de soro ou extensor estéril.
peritoneal. (RUNION, 2013)
»» Campo estéril ou bandeja para realização de paracentese (pinça, cuba, campo estéril).
»» Cateter venoso periférico flexível 14 ou 16 gauge ou agulha para punção abdominal.
»» Cloridrato de lidocaína a 2% sem vasoconstritor.
»» Fita hipoalergênica. http://www.uptodate.com/contents/diagnostic-and-therapeutic-abdominal-paracentesis?source=search_result&search=para-
»» Coletor rígido para material perfuro-cortante. (RUNYON, 2013; SHLAMOVITZ, 2013). centesis&selectedTitle=1%7E63#
Anestesia
Crista ilíaca antero-
superior esquerda »» Realizar a assepsia da parte superior do frasco (emborrachada) e aspirar 3 a 5 ml de
3cm
lidocaína 1 ou 2% em seringa estéril com agulha 25x12 (Figura 2). Para isso será necessário
3cm auxilio de outro profissional. A técnica asséptica deve ser mantida durante todo
Arteria epigástrica procedimento (RUNYON, 2013; SHLAMOVITZ, 2013; THOMSEN et al, 2006).
inferior »» Trocar agulha 25x12 por agulha 25x07.
»» Administrar a lidocaína ao redor do sitio de inserção até formação de uma pápula,
seguindo-se de infiltração mais profunda nas camadas subcutâneas.
Figura 1. Local indicado para punção (RUNION, 2013) »» Utilizando a Técnica em Z para administração da lidocaína: (Figuras 2 e 3)
http://www.uptodate.com/contents/diagnostic-and-therapeutic-abdominal-paracentesis?source=search_result&search=para-
centesis&selectedTitle=1%7E63#
• Tracionar a pele do local da punção para o lado ou para baixo com a mão não
dominante. Para isso pode-se utilizar uma gaze estéril.
Posicionamento do paciente
• Introduzir a agulha cerca de 5 mm mantendo a pele tracionada.
Em posição supina (decúbito dorsal), com a cabeceira reta ou levemente elevada (RUNYON, 2013;
SHLAMOVITZ, 2013; THOMSEN et al, 2006).
Local da punção
Localiza-se no quadrante inferior esquerdo da parede abdominal. Deve-se medir 03 cm medial e 03 cm
acima da crista ilíaca ântero-superior esquerda (Figura 1). Após a escolha do local é indicado confirmar Figura 3. Técnica em “Z”. A. Ponto
se existe macicez à percussão, se o baço não é palpável e se não existem cicatrizes cirúrgicas. de punção na pele até atingir a
cavidade peritoneal. B. A pele é
Assepsia da pele tracionada para baixo e a agulha
»» Preparar campo estéril e dispor os materiais a serem utilizados. é introduzida conforme descrito
»» Calçar luvas de procedimentos. no texto. C. Retiradas a agulha e a
»» Realizar a antissepsia da pele com solução antisséptica alcoólica, em movimentos circulares. tração, a pele retornará a sua posi-
Em caso de optar pelo uso da clorexidina alcoólica esperar produto secar para ção original em relação à cavidade
peritoneal. (RUNION, 2013)
realizar o procedimento.
»» Calçar luvas estéreis.
http://www.uptodate.com/contents/diagnostic-and-therapeutic-abdominal-paracentesis?source=search_result&search=para-
»» Dispor o campo fenestrado no local definido para punção (RUNYON, 2013). centesis&selectedTitle=1%7E63#
88 89
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
• Segurar a seringa com o polegar e o dedo indicador da mão dominante. 8. Reposição de albumina
• Puxar o êmbolo discretamente para trás e observar se existe refluxo de sangue.
A reposição de albumina humana poderá ser administrada a pacientes cirróticos em paracenteses com
Caso isso não ocorra, proceder à aplicação de pequena quantidade de
drenagem maior de 5 litros podendo reduzir disfunção circulatória, dano renal e mortes (SHLAMOVITZ,
anestésico, avançar mais 5 mm e injetar o anestésico.
2013). A literatura recomenda a reposição de 6g a 8g para cada litro de fluído ascitico removido.
Esse processo continua até que a agulha penetre no fluido ascitico. A aspiração
para detecção de fluido sanguíneo não deve ser continua. Informações do medicamento: a apresentação do medicamento pode variar conforme o laboratório
fabricante, em geral, utiliza-se a albumina humana 10g/50ml (20%), solução injetável endovenosa,
• Aguardar aproximadamente 10 segundos antes de retirar a agulha e só então
não deve ser diluída, administrar cada frasco em 30 minutos. Não agitar. Não reaproveitar solução ou
soltar a pele. (RUNYON, 2013; SHLAMOVITZ, 2013; THOMSEN et al, 2006).
frascos remanescentes. Administrar com equipo com filtro. PH: 6,4 – 7,4.
Inserção do cateter
Quando referenciar o paciente
A inserção do cateter para drenagem do liquido ascitico também segue a técnica Z. Após a inserção, o
O médico da EMAD deverá encaminhar o paciente para realização da paracentese abdominal em ambiente
fluido é aspirado com seringa de 20 ml, retira-se o mandril do cateter e esse é conectado ao extensor
hospitalar nas seguintes situações:
de drenagem ou equipo. Estabilizar o cateter na parede abdominal com uso de fita hipoalergênica
(RUNYON, 2013). »» Quando identificar situações de contraindicação.
»» Quando não tiver treinamento ou demonstrar insegurança para a realização do procedimento.
»» Quando não houver o consentimento do paciente ou seu responsável para a realização do
7. Complicações possíveis (raras) procedimento no domicílio.
»» Quando não tiver acesso ao material necessário para a realização do procedimento com segurança.
Complicações graves da paracentese abdominal são incomuns. Possíveis complicações: (RUNYON,
2013; SHLAMOVITZ, 2013; THOMSEN et al, 2006).
»» Extravasamento do líquido de ascite – é a complicação mais comum após paracentese
e ocorre em cerca de 5% dos pacientes. Em geral a ocorrência de extravasamento surge
devido à execução incorreta da técnica em Z e/ou utilização de agulha de grande calibre Referências
(RUNYON, 2013). Nesses casos pode-se utilizar uma bolsa de estomia no local e orientar
que o paciente ou familiar realize a quantificação do líquido e comunique a EMAD. • Brasil. Ministério da Saúde .Portaria nº 825 de 25 de abril de 2016. Acesso em 03/17.
Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/abril/27/PORTA-
Normalmente, a quantidade de fluido diminui com o passar do tempo (RUNYON, 2013).
RIA-825.pdf.
»» Hemorragia - o sangramento de uma artéria ou veia atingida durante a punção pode ser
• RUNYON BA. Diagnostic and therapeutic abdominal paracentesis. In: UpToDate. www.
grave e potencialmente fatal. Em caso de sangramento por perfuração da artéria epigástrica
uptodate.com . 2013.
inferior pode ser realizada um sutura em oito em torno do local de inserção da agulha
• SHLAMOVITZ GZ. Paracentesis. In: Medscape. http://emedicine.medscape.com.article/
(RUNYON, 2013). 80944-overview?src .
»» Perfuração intestinal e infecção – infecções são raras, mas podem ocorrer devido à
• DÉBDI MB, CHAVES VM, RODRIGUES CC, MUÑOZ JM. Paracentesis evacuadora domici-
perfuração intestinal. A perfuração intestinal pela agulha de paracentese ocorre em liaria en cuidados paliativos realizada por profesionales de atención primaria. Presentación
aproximadamente 6/1000 casos, não costuma levar a peritonite e é geralmente bem de um caso. SEMERGEN. 2013; 39(3): 161-164.
tolerada. O tratamento não é necessário a menos que os pacientes desenvolvem sinais de • VILLABONA SG, MIERA MF, MENDIZÁBAL PS, FEO JH. Evacuatory paracentesis at home:
infecção (RUNYON, 2013). why not in primary care? Aten Primaria. 1998 Jun 30;22(2):109-11.
»» Infecção da parede abdominal (celulite). • HERNANSANZ, S, GUTIÉRREZ, C ,FLORES, L.A., RUBIALES, A.S , GÓMEZ, L., DEL VALLE,
»» Hematoma na parede abdominal. M.L. Experience with in-home paracentesis for the palliation of tumoral ascites. Medicina
»» Hipotensão pós paracentese (THOMSEN et al, 2006; SHLAMOVITZ, 2013). Paliativa. 2005 Out 12(4): 220-22.
»» Hemoperitoneo espontâneo (SHLAMOVITZ, 2013). • THOMSEN TW, SHAFFER RW, WHITE B, SETNIK GS. Paracentesis. N Engl J Med. 355;19.
www.nejm.org . November 9, 2006.
90 91
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 07
REABILITAÇÃO DE PACIENTES PÓS AVC
1. Definição
2. Classificação
3. Sequelas, complicações e dificuldades / sugestão para reabilitação
93
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
1. Definição Independentemente do tipo e AVC que o paciente apresente, a reabilitação após o evento deve ser iniciada o
mais precoce possível e continuada após a alta e no acompanhamento domiciliar.
O Acidente Vascular Cerebral é a primeira causa de morte no Brasil e a principal causa de incapacidade
Após a ocorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o paciente pode evoluir com diversos tipos de
no mundo. De acordo com a World Stroke Organization (WSO), uma em cada seis pessoas terão um
déficit sensitivos, proprioceptivos e/ou motores. É fundamental iniciar sua reabilitação o mais precoce possível,
AVC, independentemente da idade. Cerca de 15 milhões de pessoas são acometidas por um AVC por
visando minimizar as sequelas e aumentar a funcionalidade do paciente dentro do possível.
ano, sendo que destas, cerca de 6 milhões vão a óbito.
Como parte da reabilitação, está a inserção do paciente em todas atividades do dia a dia, através de estímulos
O AVC possui um impacto social importante. Muitos estudos demonstram o aumento na incidência e interações, tentando que o mesmo realize tarefas dentro de suas limitações. Essa reabilitação compete a
de transtorno depressivos e perda cognitiva após o evento, além do impacto social importante do uma equipe multiprofissional que deve estar integrada no caso, trabalhando com os mesmos objetivos.
paciente que sobrevive e passa a viver acamado ou dependente de próteses e órteses.
Com base nas Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Acidente Vascular Cerebral, publicada pelo
Ministério da Saúde em 2013, foram adaptadas orientações para o paciente que está em recuperação no
2. Classificação ambiente domiciliar.
Para que essa reabilitação seja eficiente é fundamental avaliar o paciente e traçar o prognóstico, com isso a
Isquêmico terapia pode ser focada no que é possível ser realizado.
»» Aterosclerótico de grandes artérias Seguem exemplos de sequelas, complicações e dificuldades que esse perfil de paciente encontra ao chegar no
• Estenoses carotídeas / vertebrais ambiente domiciliar e sugestões para terapias de reabilitação.
• Estenoses intracranianas
»» Cardioembólico 3. Seguem exemplos de sequelas, complicações e dificuldades que
»» Aterosclerótico de pequenas artérias
esse perfil de paciente encontra ao chegar no ambiente domiciliar e
»» Indeterminado
sugestões para terapias de reabilitação.
»» Outras causas - menos comuns
“eficiente
Para que essa reabilitação seja
é fundamental avaliar o
3.2 Fraqueza muscular
paciente e traçar o prognóstico, com A fraqueza muscular é um fator muito encontrado no paciente pós AVC. É fundamental estimular
isso a terapia pode ser focada no que é o paciente para que inicie a contração muscular o mais breve possível, é necessário muito comando
possível ser realizado.
“ quando o grau de força é mínimo. Sugestões de exercícios para trabalhar essa alteração:
»» Exercícios de fortalecimento muscular progressivo, quando não houver força muscular
suficiente para gerar movimento, esse deve ser passivo ou assistido, mas sempre estimulando
o paciente a colaborar;
»» Se o serviço tiver aparelho de eletroestimulação, pode ser utilizado junto com a solicitação
da contração do paciente.
94 95
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
96 97
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
»» Pneumonia aspirativa
• Antibioticoterapia;
• Avaliar se o paciente não está broncoaspirando.
»» Lesões de pressão
• Avaliar os riscos desse paciente a depender de suas condições clínicas, se é ativo
ou acamado, para agir na prevenção;
• Manter alimentação saudável;
• Realizar higiene do paciente, evitando deixa-lo úmido, e sempre observar a pele;
• Manter a hidratação;
• Manter roupas de cama limpas, secas e bem esticadas;
• Realizar mudanças de decúbito frequentes evitando isquemia;
• Se houver lesão de pele, tratar.
»» Quedas
• Avaliar o risco de queda do paciente e orientar a equipe e o cuidador, sinalizando
medidas de prevenção;
• Treinar o equilíbrio durante a fisioterapia;
• Manter a casa adaptada as necessidades do paciente além de, retirar tapetes,
estimular uso de sapatos adequados, não deixar fios no meio do caminho, posicionar
adequadamente os móveis, evitar degraus, manter o ambiente bem iluminado;
• Estimular uso de apoio quando necessário como bengalas, por exemplo.
Referências
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Pro-
gramáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com acidente vascular
cerebral / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Pro-
gramáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
98 99
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 08
BIÓPSIA ÓSSEA PARA DIAGNÓSTICO DE
OSTEOMIELITE EM DOMICÍLIO
1. Epidemiologia
2. Definições: sinais e sintomas
3. Como diagnosticar
4. Biópsia óssea
4.1. Biópsia óssea em domicilio
4.2. Procedimento
4.3. Materiais necessários
4.4. Etapas do procedimento
101
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
1. Epidemiologia
»» Dor local
»» Osteomielite hematogênica: ocorre mais comumente em crianças do que em adultos. »» Flutuação podem ocorrer e sumir em 5-7 dias
Locais mais frequentemente afetados: »» Hiperemia
Crianças - ossos longos
Adultos - vértebras
Existe alguma base que leve à suspeita de osteomielite?
• Ferida profunda ou crônica sobre um sítio ósseo.
»» Osteomielite contígua:
• Osso exposto ou palpável ou palpável em uma ferida.
indivíduos mais jovens: no contexto de trauma e cirurgia. • Dor localizada, moderada a forte, sobre um sítio ósseo.
• Ferida em tecido mole que falha em cicatriz, mesmo com o
idosos: secundária a lesões por pressão e artroplastias totais articulares infectadas.
tratamento adequado.
»» Osteomielite associada à insuficiência vascular: ocorre geralmente entre indivíduos com DM. • Sinais ou sintomas sistêmicos de infecção sem outra causa evidente.
• Febre ou dor em paciente com dispositivos metálicos no osso.
Há alguns estudos referindo aumento do risco de pacientes jovens desenvolverem demência, quando • Exames de imagem óssea anormais, solicitadas por outro motivo.
»» Tratamentos cirúrgicos
Indicações
3. Como diagnosticar?
»» Exames de imagem
• Raio-X: Sens. 60 %, Especif. 67% (1)
• Cintilografia Óssea 99mTc-Diphosphonato: Sens. 82%, Especif. 25%
• Tomografia: Sens. 67%, Especif. 50 % (1)
• Ressonância Magnética: Sens. 84%, Especif. 60% -não tóxica
• PET Scan (Tomografia com emissão de positrons): Sens. 96 %, Especif. 91% Paciente idosa. Diagnósticos de DM, HAS, IC. Reali-
zou amputação do antepé.
»» Exames Complementares
• Hemograma:
• Aguda: anemia e leucocitose (não > 15.000-geralmente)
• Crônica: geralmente normal
• Proteína C reativa:
• Velocidade de Hemossedimentação:
• Cultura sanguínea: positiva em 50 % dos casos (caso tenha sido obtida antes de
uso de antibióticos. (5)
• Biópsia óssea é o diagnóstico definitivo pelo isolamento do patógeno Paciente idoso. Diagnósticos de DM, Paciente adulto. Diagnósticos de AVEh
HAS, IRC em HD. de tronco. Acamado.
diretamente da lesão óssea. (5)
104 105
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
4.2 Procedimento
Padrão ouro: amostra óssea através de pele integra. No entanto, esta situação ainda não está sendo
Exemplos de agulhas
para biópsia óssea:
realizada em domicílio.
Em lesões abertas pode ser realizado por:
»» Punch
»» agulha fina
Pode ser realizada no momento do desbridamento da lesão de tecidos infectados, porém, evitando
tecidos contaminado.
Lembrar! Acurácia na coleta do material é determinante na identificação do microrganismo infectante
do osso.
CONHECER A ANATOMIA DO
PACIENTE É FUNDAMENTAL!
4.4 Etapas do procedimento
»» Educação do paciente e consentimento (termo)
O osso pode ser obtido durante a execução de qualquer procedimento cirúrgico aberto ou via biópsia »» Lavagem de mãos
percutânea. Os clínicos ou radiologistas intervencionistas também podem obter amostras de osso por
»» Separar materiais
via percutânea, seja à beira do leito ou na mesa de exames, em uma sala de operações ou na sala de
»» Posicionar o paciente
radiologia.
»» Limpeza da ferida com SF0,9% em jato
Em numerosos estudos, foi comprovado que a biópsia óssea percutânea é um procedimento seguro, »» Calçar luva estéril
até mesmo para pacientes com neuropatia ou isquemia. Quando o paciente não está tomando »» Posicionar os campos
antibióticos ou a medicação foi suspendida pelo menos 48 horas antes da obtenção da amostra, a
»» Preparar 10 mL de lidocaína a 1% para anestesiar a pele, tecido subcutâneo e periósteo
maioria dos pacientes infectados apresenta cultura positiva.
»» Realizar a punção óssea
Considerando a duração prolongada da terapia antibiótica prescrita para a maioria dos pacientes com
osteomielite, o fato de que até metade dos organismos isolados, em geral, serem diferentes de S.
aureus, além do fato de um número crescente de isolados de S. aureus serem cepas SARM, faz com
que a obtenção de uma cultura óssea possa ser bastante útil (Lipsky BA, Berendt AR. Osteomyelitis.
ACP Medicine. 2010).
Termo de consentimento.
Referências
• Termaat MF, Raijmarkers PG, Scholtens HJ, Bakker FC, Patka P, Haarman HJ. The accura-
cy of dianostic imaging for the assessment of chronic osteomyelitis: A systemic review and
meta-analysis. J Bone Joint surg Am 2005;87:2464-71 –PubMed
Medula Tábula • Lew DP, Waldvogel FA. Osteomyelitis. N. Engl J Med 1997;336:999-1007
Pele
óssea óssea • Concia E, Prandini N, Massari L, Ghisellini F, Consoli V, Menichetti F. Guideline Os-
teomyelitis: clinical update for practical guidelines. Nucl Med Commun. 2006 Aug.
27(8):645-60(Medline)
• Tseng CH, Huang WS, Muo CH, Kao CH. Incresed risk of dementia among chronic oste-
omyelitis patients. Eur J Clin Microbiol Infect. Dis 2014 Aug 7(Medline)
• Paluska AS, Osteomyelitis. Clinic in Family Practice. 2004. 6:127-56
• David R Shaw MJA Practice Essential-Infection Disease. 2002,June 17 613-14
• Johnston B, Conly J. Osteomyelitis management: More art than science? The Canadian
Journal of Infectious Diseases & Medical Microbiology. 2007;18(2):115-118.
• Lalani, T. Overview of osteomyelitis in adults. UpToDate.2017
• Pfannenstein RR, Hyllengren SB, Boffeli, TJ. Bone Biopsy Techniques. In:. Boffeli, TJ ed.
Cuidados com amostra Osteomyelitis of the Foot and Ankle. Springer International Publishing:2015
Após coleta de material, direcionar para: • Lipsky BA, Berendt AR. Osteomyelitis. ACP Medicine. 2010;1-20.
»» Culturas de germes aeróbios e anaeróbios
»» Pesquisa de micobactérias e fungos (cultura e exame
»» Tecido para congelamento ( acurácia para osteomielite crônica) -não viável em AD?
»» Pesquisa de gram
»» Cultura
»» Pesquisa de fungos e cultural Frasco com água destilada
»» BAAR e cultura para Micobacteriose
108 109
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 09
TRAQUEOSTOMIA
Este capítulo aborda um plano de cuidado ao paciente portador de traqueostomia em AD, destacando:
1. Definição;
2. Benefícios, Indicações e Complicações;
3. Técnicas utilizadas, finalidade do procedimento e tipos de cânulas;
4. Cuidados com a cânula;
5. Desmame da cânula;
6. Orientações gerais ao cuidador.
111
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
1. Definição Quadro 2
A traqueostomia é um procedimento cirúrgico que visa estabelecer uma passagem entre a traqueia INDICAÇÕES DA TRAQUEOSTOMIA
cervical e o meio externo de forma a criar uma entrada de ar artificial na altura do pescoço. Uma
»» Ventilação mecânica invasiva em intubações orotraqueais prolongadas
vez obtido o orifício na traqueia, teremos um atalho para levar o ar aos pulmões ou para remover
»» Liberação de via aérea obstruída
secreções dos brônquios. É um dos procedimentos cirúrgicos mais antigos da história, narrado em
»» Permitir higiene brônquica
livros de medicina hindu datados de 1500 a.C.
»» Permitir ventilação em pacientes com debilidade de musculatura respiratória pela
Em 1546 o procedimento foi realizado com sucesso na Itália e a partir do ano 1850 começou a ser diminuição do espaço morto anatômico
uma pratica cirúrgica comum na Europa devido a epidemia de difteria. Em 1909 Chevalier Jackson »» Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono
definiu e padronizou o procedimento, que é mantido até hoje com mínimas alterações. Em 1960 »» Disfunções neurológicas
com o surgimento das unidades de tratamento intensivo e o uso da ventilação mecânica com pressão
positiva, esse procedimento se tornou comum na prática médica nos pacientes críticos.
A traqueostomia é indicada no caso de intubação orotraqueal prolongada com objetivo de prevenir lesões
2. Benefícios, Indicações e Complicações laringotraqueais, Pneumonia Associada a Ventilação (PAV); para liberação de vias aéreas no caso de tumores,
infecções, presença de corpo estranho; melhorar o acesso as vias aéreas inferiores com o objetivo de facilitar
Quando necessária a realização da traqueostomia, o paciente tem alguns benefícios como uma menor
o processo de aspiração para remoção de secreções; presença de via aérea estável no caso dos paciente
taxa de autoextubação, possibilidade de fonação, entre outros. Os benefícios serão citados no quadro 1.
com ventilação mecânica invasiva prolongada, reduzindo espaço morto anatômico e o trabalho respiratório;
Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono nos casos graves onde outras condutas não conseguem resolver o
Quadro 1 problema; disfunções neurológicas.
BENEFÍCIOS DA TRAQUEOSTOMIA Assim como qualquer cirurgia, a traqueostomia também tem riscos de complicações como hemorragia,
pneumotórax, falso trajeto, entre outros. A incidência de complicações é baixa. Essas podem ocorrer durante
»» Reduzir o espaço morto anatômico
o procedimento cirúrgico, na recuperação imediata, ou tardiamente. (Complicações vide em Quadro 3).
»» Diminuição do trabalho respiratório
»» Melhora da aspiração das vias aéreas
»» Permitir a fonação
»» Permitir a alimentação por via oral Quadro 3
»» Menor necessidade de sedação COMPLICAÇÕES DA TRAQUEOSTOMIA
»» Redução do risco de pneumonia associada à ventilação mecânica
»» Hemorragia
»» Diminuição do tempo de ventilação mecânica
»» Pneumotórax
»» Diminuição do tempo de internação em unidades de terapia intensiva
»» Pneumomediastino
»» Possibilidade de alta hospitalar com ventilação mecânica invasiva »» Fístula traqueoesofágica Complicações durante
»» Redução da mortalidade »» Laceração traqueal o procedimento
Fonte: Vianna A. et al 2011 »» Falso trajeto
»» Lesão do nervo laríngeo
»» Morte
O período de indicação em que a traqueostomia deve ser realizada ainda não é bem definido. No caso
»» Infecção do estoma
do paciente com intubação orotraqueal, esse período pode variar do 2º dia ao 14º dia de intubação.
»» Sangramento
Quando realizada até o 6º dia aproximadamente, é considerada precoce, e após esse período, tardia. »» Enfisema subcutâneo
Quando o paciente está em ventilação mecânica invasiva, a patologia de base deve ser levada em »» Obstrução da cânula
Complicações
consideração para que a realização da traqueostomia seja definida (quando Glasgow < 8 a indicação »» Tosse irritativa
»» Aumento da quantidade de secreção precoces
da realização da traqueostomia é precoce, entre o quarto e quinto dia de intubação orotraqueal). As
indicações estão citadas no quadro 2. »» Disfagia
»» Exteriorização acidental da cânula
»» Falso trajeto
112 113
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
114 115
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Referências
• Vianna A, Palazzo RF, Aragon C. Traqueostomia: uma revisão atualizada. Pulmão RJ
2011;20(3):39-42.
• Zetouni A, Kost K. Tracheostomy: a retrospective review of 281 cases. J Otolayngol 1994;
23:61-66.
• Fukujima MM, Franco SRDA, Monteiro ES, Prado GF. Atualização em fisioterapia na
emergência. São Paulo: Editora UNIFESP, 2009.
• Barbas CSC, Isola AM, Farias AMC. Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica. As-
sociação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) – Comitê de Ventilação Mecânica
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) – Comissão de Terapia Inten-
siva da SBPT. 2013. Disponível em: http://itarget.com.br/newclients/sbpt.org.br/2011/
downloads/arquivos/Dir_VM_2013/Diretrizes_VM2013_SBPT_AMIB.pdf. Acesso em
14/02/2017.
• Curcio A. Traqueostomias. Disponível em: http://forl.org.br/Content/pdf/seminarios/se-
minario_5.pdf. Acesso em 14/02/2017.
118 119
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 10
VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA
Este capítulo aborda um plano de cuidado ao paciente em uso de Ventilação Mecânica não Invasiva
(VMNI) em atenção domiciliar (AD), destacando:
1. Definição
2. Objetivos
3. Efeitos da VMNI na insuficiência respiratória crônica
4. Indicações
5. Contraindicações
6. Como avaliar: patologias crônicas
7. Quando iniciar a VMNI
8. Os equipamentos
9. Modos e Modalidades
10. Interfaces
11. Complicações em VMNI
12. Orientações gerais ao cuidador.
121
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
4. Indicações
2. Objetivos A Ventilação Mecânica Não Invasiva (VMNI) substitui total ou parcialmente a ventilação espontânea
e está indicada na insuficiência respiratória aguda, crônica agudizada ou em uso domiciliar para
O principal efeito da VMNI é o aumento da Capacidade Residual Funcional (CRF), com melhora da complacência
patologias crônicas. Seu uso pode ser contínuo ou intermitente, sendo de mais fácil instalação e
pulmonar e diminuição da resistência da via aérea. Consequentemente, são necessárias pressões menores para
manutenção do que a ventilação mecânica invasiva (VMI). A relação das principais indicações da
se deslocar o mesmo volume de gás, o que implica em diminuição do trabalho respiratório.
aplicação da VMNI encontra-se no quadro 1.
O aumento da pressão média das vias aéreas associado com o aumento da Capacidade Residual
Funcional, provoca uma melhoria da relação Ventilação Perfusão e levando assim à redução da Quadro 1. Indicações para o uso da Ventilação Mecânica Não Invasiva
necessidade de O2.
AGUDO CRÔNICO
122 123
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
As doenças neuromusculares correspondem hoje uma das principais indicações da VMNI na Quadro 3. Contraindicações para o uso da Ventilação Mecânica Não Invasiva
Insuficiência Respiratória Crônica.
A progressão das complicações respiratórias para insuficiência respiratória crônica nos pacientes com CONTRAINDICAÇÕES DA VMNI
doenças neuromusculares é decorrente de dois principais fatores: fraqueza e evolução para fadiga Absolutas (sempre evitar)
dos músculos respiratórios e incapacidade de realizar a limpeza das vias aéreas, principalmente
Necessidade de intubação de emergência
pela deficiência da tosse. Dentro de uma classificação mais abrangente da insuficiência respiratória
crônica, pode-se caracterizá-la como um quadro de insuficiência respiratória crônica restritiva com Parada cardíaca ou respiratória
Insuficiência respiratória crônica Doenças associadas Falências orgânicas não respiratórias (encefalopatia, arritmias malígnas ou hemorragias digestivas graves com
instabilidade hemodinâmica)
Doenças intersticiais: como fibrose pulmonar idiopáti- Obstrução de vias aéreas superiores
Restritiva
ca, pneumoconioses fibrogênicas
Anastomose de esôfago recente (evitar pressurização acima de 20 cmH2O)
O pico de fluxo da tosse, medida através do Peak Flow Meter, está diretamente correlacionado 8. Os equipamentos de Ventilação Não invasiva
à habilidade de eliminar secreções do aparelho respiratório e valores abaixo de 160 L/min estão
associados à limpeza inadequada da árvore traqueobrônquica. Porém, como em episódios infecciosos »» Qualquer ventilador mecânico e modo ventilatório pode ser utilizado para a VMNI, desde
a força muscular tende a piorar, valores de pico de fluxo da tosse de 270 L/min tem sido utilizado para que o seu funcionamento não seja prejudicado pela presença de vazamento.
detectar pacientes que se beneficiariam de técnicas de tosse assistida. »» Os ventiladores domiciliares são mais leves, funcionam com turbina e compensam vazamentos.
Os pacientes devem ser avaliados em relação a associação de outros distúrbios tais como: apneia »» Existem outros modelos de ventiladores portáteis que realizam a VMNI e a VMI, sendo
obstrutiva do sono, aspiração, refluxo gastresofágico e asma. A avaliação nutricional e da deglutição é indicados, portanto, como suporte de vida. Estes disponibilizam mais modalidades
de grande importância. ventilatórias e possuem bateria interna.
Nunca se deve utilizar oxigênio sem um suporte ventilatório adequado em pacientes com »» Os ventiladores específicos para VNI, têm como característica principal a presença de um
doenças neuromusculares. circuito único, tanto para a inspiração e expiração, com um orifício para exalação do CO2.
(Porta de exalação passiva).
PEmax ≤ 45 cmH2O
126 127
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
»» Pode ser adquirido por gerador de fluxo ou aparelho específico de ventilação não invasiva;
T: Modo temporizado
»» Utiliza fluxos altos (pelo menos 3 vezes o volume minuto normal) e níveis de PEEP;
»» Possui frequência respiratória do tipo mandatória;
»» Exemplo: CPAP de 10, significa que foi adaptado uma PEEP de 10 cmH2O.
»» O aparelho não espera pelo paciente, ele entra mesmo que o paciente não faça apneia;
0
Tempo
128 129
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
»» F: adequada para adequado PCO2 As máscaras nasais e oro nasais são as mais indicadas para Ventilação Mecânica Não Invasiva.
»» Pressão é consequência do volume, complacência e resistência Pronga nasal
Estes modos são mais utilizados em quadro de doenças neuromusculares, principalmente em estágio avançado. Esta interface é mais utilizada para ventilação noturna, ou em bebês. Possui uma melhor adaptação,
menor área de contato, porém pode provocar obstrução nasal ou hemorragias na presença de
pressões altas de ventilação com uso prolongado.
Máscaras Nasais
A máscara nasal é mais confortável para uso contínuo, crônico, onde se utiliza pressões ventilatórias
menores. A área de contato é menor favorecendo a maior tolerância e consequentemente maior
efetividade da terapia.
VENTILADOR E
INTERFACE VANTAGENS DESVANTAGENS ADEQUAÇÕES
SUGERIDAS
»» Maior chance de lesão por
pressão nasal ou pontos
de apoio »» Equipamento de fluxo
contínuo
»» Menor vazamento oral »» Maior claustrofobia
»» Equiopamentos de
»» Mais confortável para »» Maior espaço morto
»» Pronga nasal uso prolongado
fluxo contínuo
»» Não deve ser utilizada
»» Nasal »» Fácil de ajustar associada à aerossolterapia
»» Circuito único
Total-face »»
»» Oro nasal ou facial »» Menor risco de lesão »» Monitor possível de evento
Utilizar preferencialmente em
ventiladores específicos para VNI
»» Facial total cutânea facial de vômito (cudiado com
ou ventiladores convencionais
»» Peça bucal »» Mínimo vazamento aspiração)
com módulo de VNI
O cuidador deve ser muito bem instruído para a constante monitoração do paciente durante o uso da
VMNI. Deve ser adaptada longe das refeições (mínimo 1 hora após), avaliar a presença de vazamentos,
o conforto do paciente durante o uso, avaliar constantemente a face do paciente, observando a
presença de hiperemia e sinais de ressecamento das mucosas.
Os alarmes do aparelho devem ser ajustados, manter a altura do som suficiente para alertar quando o
cuidador estiver fora do quarto ou longe do local onde a ventilação esteja sendo utilizada.
132 133
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Referências
• José A, Faria SR. Ventilação Mecânica Não Invasiva. In: Lago AP, Rodrigues H, Infantini
RM. Fisioterapia Respiratória Intensiva. São Paulo: CBBE, 2010. pp.317-328.
• Paschoal IA, Villalba WO, Pereira MC. Insuficiência respiratória crônica nas doenças neu-
romusculares: diagnóstico e tratamento. J Bras Pneumol. 2007;33(1)81-92.
• Barbas CSC, Isola AM, Farias AMC. Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica. Asso-
ciação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) – Comitê de Ventilação Mecânica Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) – Comissão de Terapia Intensiva da SBPT.
2013. Disponível em: http://itarget.com.br/newclients/sbpt.org.br/2011/downloads/arqui-
vos/Dir_VM_2013/Diretrizes_VM2013_SBPT_AMIB.pdf. Acesso em 02/02/2017.
• Braun NMT, Arora MS, Rochester DF. Respiratory muscle and pulmonary function in
polymyositis and other proximal myopathies. Thorax 1983;38(8):616-23.
• Perrin C, Unterborn JN, Ambrosio CD, Hill NS. Pulmonary complications of chronic neu-
romuscular diseases and their management. Muscle Nerve. 2004;29(1):5-27.
• Schettino GPP, Reis MAS, Galas F, Park M, Franca S, Okamoto V. Ventilação mecânica
não invasiva com pressão positiva. In: III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. J Bras
Pneumol 2007; 33 (supl 2): S92-S 105.
• Gomez-Merino E, Bach JR. Duchenne muscular dystrophy: prolongation of life by
noninvasive ventilation and mechanically assisted coughing. Am J Phys Med Rehabil.
2002;81(6):411-5.
• Simonds AK, Muntoni F, Heather S, Fielding S. Impact of nasal ventilation on survival in
hypercapnic Duchenne muscular dystrophy. Thorax. 1998;53(11):949-52.
• Pisani L, Carlucci A, Nava S. Interfaces for noninvasive mechanical ventilation: technical
aspects and efficiency. Minerva Anestesiol. 2012;78(10):1154-61.
• Delclaux C, L’Her E, Alberti C, Mancebo J, Abroug F, Conti G, et al. Treatment of acute
hypoxemic nonhypercapnic respiratory insufficiency with continuous positive airway pressure
delivered by a face mask: A randomized controlled trial. JAMA. 2000;284(18):2352-60.
• McKim DA,et al. A Canadian Thoracic Society Clinical Practice Guideline. 2016
• Hill NS - Noninvasive ventilation for chronic obstructive pulmonary disease.
• Respir Care, 2004;49:72-89.
134 135
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 11
HIPODERMÓCLISE
1. Definição
2. Vantagens
3. Indicações
4. Desvantagens
5. Contraindicações
6. Medicações indicadas para administração pela via subcutânea
7. Medicações contraindicadas para administração subcutânea
8. Locais para punção
9. Materiais
10. Cuidados
137
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
1. Definição 5. Contraindicações:
Procedimento para administração de medicamentos por via subcutânea, prática antiga que foi »» Anasarca;
descontinuada devido aos altos números de reações adversas com a administração de soluções »» Infecções de pele, processos alérgicos ou lesões próximas a punção;
hipertônicas. Décadas mais tarde a volta do procedimento se deu com auxílio de hialuronidase enzima »» Hipotenção;
que auxilia diminuindo a viscosidade e aumentando a taxa de absorção da medicação administrada, »» Falência cardíaca ou infarto agudo do miocárdio;
porém eram utilizadas apenas em pediatria. Em 1979 a técnica foi utilizada para aplicação de morfina »» Choque hipovolêmico;
em pacientes oncológicos em estado avançado, no ano seguinte a prática retornou para tratamentos »» Coagulopatia;
de pacientes idosos em cuidados paliativos. Hoje a prática está cada vez mais presente no cuidado »» Volume de líquidos excessivo.
domiciliar pois não se faz necessário a utilização de muitos insumos e é de fácil aplicabilidade.
138 139
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Compatibilidade Medicamentosa
Levomepromazina
a via, preferência por soluções hidrossolúveis.
Metoclopramida
Dexametasona
Escopolamina
Ondasetrona
Haloperidol
Ceftriaxona
Furosemida
MEDICAMENTOS
Midazolam
Octreotida
Ranitidina
Cefepime
Tramadol
Dipirona
Morfina
8. Locais para punção:
Cefepime C C C C C C C C C I C I C I
»» Deltoide;
Ceftriaxona C C C C C C C C C I C I C I
»» Infra escapular;
Dipirona C C C C C C C C C I C I C I
»» Face anterior do antebraço;
Escopolamina C C C C C C C C C I C I C I
»» Região mesogástrica ou periumbilical;
Furosemida C C C C C C I I I I C I C I
»» Face anterior da coxa.
Haloperidol C C C C C C C C C I C I C I
Levomepromazina C C C C C C C C C I C I C I
Metoclopramida C C C C I C C C C I C I C I Região Anterior
do Tórax Região
Midazolam C C C C I C C C C I C C C I Região
Deltóides Escapular
Morfina C C C C I C C C C I C C I I
Octreotida C C C C C C C C C C C I C I Região
Abdominal
Ondasetrona C C C C C C C C C C C I C I
Ranitidina I I I I I I I I C C I I C I Região Anterior
Lateral da coxa
Tramadol C C C C C C C C C I I C C I
Dexametasona I I I I I I I I I I I I I I
C: compatível; I: incompatível.
Fonte: Azevedo e Barbosa, 2012.
140 141
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
9. Materiais:
»» SF 0,9%; Referências
»» Agulha de aspiração;
• Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo. Protocolo de Hipodermóclise. Processo
»» Medicação prescrita; PASS003 ½, 11 dez 2013.
»» Luvas de procedimento; • Bruno GV. Hipodermóclise: revisão de literatura para auxiliar a pratica clínica. São Paulo,
Einstein, 2015; 13 (1): 122-8
»» Álcool 70% para desinfecção;
• Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octávio Farias de Oliveira, Enfermagem (São
»» Cateter periférico; Paulo). Sylvia Almeida. Protocolo de Hipodermóclise. Procedimento EN02, 15 out. 2008, 28
out 2010.
»» Seringa 10ml;
• Renata Andréa Pietro P. Viana. Parecer COREN-SP 031/2014 - CT. 23 jul. 2014. Emen-
»» Adesivo transparente para curativo ta: Punção e administração de fluidos na hipodermóclise, PRCI nº 102.681/2013 Ticket nº
295.806.
No Momento da Punção: • Santos R de CJ. Cuidados de Enfermagem na Terapia Subcutânea/Hipodermóclise. Rio
de Janeiro, INCA; 10/2012.
»» Explicar ao paciente e familiar o procedimento;
• Ferreira KASL., Santos AC.; Hipodermóclise e Administração de Medicamentos por Via
»» Posicionamento; Subcutânea: Uma Técnica do Passado com Futuro. São Paulo, Prática Hospitalar, Ano XI, Nº
65, Set-Out/2009.
»» Higienização de mãos;
• Braz de LC., Pereira RCC., Costa da JM.; Administração de medicamentos por hipoder-
»» Calçar as luvas de procedimento; móclise: uma revisão da literatura. Rev. Bras. Farm. Hosp. Serv. Saúde São Paulo v.6 n.1
»» Realizar antissepsia do local da punção com uso de algodão ou gaze umedecido com álcool 70%; 6-12 jan./mar. 2015.
• Azevedo EF, Barbosa LA, Cassiani SHB; Administração de antibióticos por via subcutânea:
»» Realizar e manter prega cutânea no local escolhido; uma revisão integrativa da literatura. Acta Paulista Enfermagem. 2012;25 (5): 817-22.
»» Introduzir o cateter escolhido em ângulo de 30 a 45°, com prega cutânea fixada com os dedos; • Vidal FKG., Oselame GB., Neves EB., Oliveira EM.; Hipodermóclise: Revisão Sistemática
da Literatura.
»» Certificar que o cateter tenha movimentos livres sob o tecido subcutâneo;
»» Retirar o mandril;
»» Aspirar com seringa para garantir ausência de refluxo de sangue;
»» Fixar o cateter com curativo adesivo transparente.
10. Cuidados:
»» Não havendo sinais flogísticos o tempo de permanência da punção é de 07 dias;
»» Respeitar o volume máximo de 2.000 ml em 24 horas para infusão;
»» Monitorar sintomas de febre, calafrios, edema, eritema persistente e dor no local da punção;
»» Atenção no posicionamento do cateter que deve estar da periferia para o centro;
»» Atenção se não existe restrição para a medicação prescrita na via de punção.
142 143
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 12
TERAPIA NUTRICIONAL NA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR
1. Definição
2. Regulamentação
3. Indicações
4. Objetivo
5. Tipos de dietas enterais
6. Forma de administração de Nutrição Enteral
7. Passagem de sonda nasoenteral
8. Indicações e contraindicações em Nutrição Enteral
9. Complicações da Nutrição Enteral no Domicílio
10. Dispositivos para Nutrição Parenteral
11. Cuidados com a Nutrição Parenteral
145
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
1. Definição
Terapia Nutricional (TN) - conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação
do estado nutricional do paciente por meio da Nutrição Parenteral ou da Nutrição Enteral
Nutrição Enteral
Nutrição Enteral - Alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma
isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada Alimento para fins especiais, com ingestão
para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para
controlada de nutrientes, na forma isolada
ou combinada, de composição definida ou
substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas
estimada, especialmente formulada e elaborada
necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou
para uso por sondas ou via oral, industrializado
manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.
ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para
Nutrição parenteral - Solução ou emulsão, composta basicamente de carboidratos, aminoácidos, substituir ou complementar a alimentação oral
lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico, em pacientes desnutridos ou não, conforme suas
destinada à administração intravenosa em pacientes desnutridos ou não, em regime hospitalar, necessidades nutricionais, em regime hospitalar,
ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas; ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou
Industrializada ou manipulada. manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.
Para aprovação da TND (terapia nutricional domiciliar) é necessário que sejam preenchidos os Industrializada: pó
seguintes requisitos ou liquida
Tipo de
Dieta
»» O paciente estar em condições clínicas que permitam ser possível a continuidade do
tratamento no domicílio;
»» Tolerância à TN; Nutrição completa, não
Sistema Fechado requer manipulação,
»» Haver ambiente domiciliar em condições adequadas para TND administrada de forma
»» O paciente, o familiar ou o cuidador devem apresentar capacidade intelectual suficiente contínua.
146 147
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
INTERMITENTE:
Consiste em adminis-
trar cerca de 250 ml TGI funcionante TGI não funcionante
de dieta enteral de 5
à 8 vezes ao dia
BOLUS GRAVITACIONAL
Administração da Administração da
dieta enteral com o dieta em
auxílio de uma frasco por
seringa de 50 ml gotejamento.
Mínimo
60cm
Nutricão completa,
não requer manipu-
Sistema Fechado lação prévia
Administrada de
forma contínua
148 149
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Faringe
7. Passagem de sonda nasoenteral
Sonda »» Higienizar as mãos; Materiais para Sondagem
Esôfago
150 151
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Complicações
8. Indicações e contraindicações em Nutricional Enteral Respiratórias
Indicação - São candidatos à terapia nutricional entérica (TNE) via SNE: Complicações
Coração Ligação de
entrada do
PICC
PICC
152 153
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Referências
• Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Brasil). Resolução da diretoria colegiada
RDC n. 63, de 6 de julho de 2000. Regulamento técnico para a terapia de Nutrição Ente-
ral. Brasília (DF): MS;2000.
• Padilha KG, VAttimo, MFF, Silva CS, Kimura M. Enfermagem em UTI: cuidando do
paciente crítico. Barueri, SP: Manoele, 2010
• ESPEN - Guidelines for Nutrition Screening, 2002
• Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Dispõe sobre a ministração de Nutrição
Parenteral e Enteral. Resolução – 277, 2003. Disponível em http://www.corensp.org.br/
resoluções/resolução 277.htm
• Brumenstein I, Shastri YM, Stein J. Gastroenteric tube feeding: Techniques, problems
and solutions. Word J Gastroenterol 2014 July 14; 20(26):8505-8524.
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Cuidados em terapia nutricional / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção
à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2015. 3 v.: il . (Caderno de Atenção Domiciliar; v. 3) ISBN 978-85-334-2150-9
1. Atenção a saúde.
154 155
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 13
LESÕES
1. 1. Lesões crônicas
1.1. Lesão arterial
1.2. Lesão venosa
2. Lesão por pressão
3. Lesão aguda – cirúrgica
4. Lesão aguda – traumática
5. Avaliação de lesão
6. Tratamentos
157
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
»» Estado Nutricional PROFUNDIDADE, LEITO E BORDAS: Profunda, Leito pálido com escara ou esfacelos Bordas
»» Mobilidade bem definidas
»» Fatores Ambientais
»» Higiene TAMANHO: Pequena e normalmente arredondada
»» Doenças Crônicas
»» Estado Imunológico VOLUME DO EXSUDATO: Mínimo, devido fluxo sanguíneo diminuído
»» Idade.
MUDANÇAS NA PELE: Brilhante, fria e seca, Unhas espessas, Diminuição dos pelos.
O processo de cicatrização é dividido em fase inicial que é a fase inflamatória permanecendo por Membro elevado: descorado
aproximadamente 06 dias, subsequente á fase da proliferação contida pela granulação, epitelização e Membro abaixado: azulado
contração, e ao final a fase de remodelação onde à reorganização de todo o processo de reparação da EDEMA: Ausente, mas pode apresentar estase venosa devido à imobilidade .
lesão e onde o colágeno do tipo III é secretado.
O profissional deve elaborar um plano para avaliação das Lesões, que é necessário um exame HISTÓRIA MÉDICA: TVP, Flebite Varizes, Vida sedentária História arteriosclerose.
detalhado na aparência da lesão, tipo de lesão, localização, profundidade, presença de eritema, tipo
de tecido, mensuração da lesão, tipo e quantidade de exsudato e bordas e Coleta do histórico familiar.
1.2 Venosa
EVOLUÇÃO: Lenta
PROFUNDIDADE, LEITO E BORDAS: Superficial Leito vermelho vivo ou com necrose tipo esfa-
celos, aderente ou frouxos, Bordas irregulares.
TAMANHO: Grande
158 159
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
160 161
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
»» Deiscência: É definida com a separação 4. Lesões Agudas – Traumáticas Identificação tipo de tecido:
da incisão da ferida cirúrgica, podendo
ocorrer sob duas formas: precoce São caracterizadas por Lesão por fixações diversas,
como de adesivos, por fixação de SNE, Lesão »» Tecido viável – Epitelização e Granulação. »» Tecido Inviável – Esfacelos e Necrose.
deiscência parcial ou total/evisceração e
infecções, que ocorrem, aproximadamente por fixação de cânula Orotraqueal, Skin Tears e
dez dias após a cirurgia, com presença de DAI (Dermatite associada a Incontinência) esta
líquido serossangüinolento extravasando especificamente ligada à fricção e inflamação.
da ferida cirúrgica.
Identificação do Exsudato:
162 163
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
164 165
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
»» Papaína - Mistura de enzimas proteolíticas e peroxidases existentes no látes do mamoeiro »» Filmes transparentes - Filme transparente de poliuretano, adesivo acrílico e hipoalergênico,
(leite de mamão) na fruta verde. elástico, semipermeável, adere em superfícies secas.
Deve ser mantida livre da luz e umidade, em recipiente fechado e refrigerado, com uso imediato para AÇÃO: permeabilidade seletiva (permeáveis aos gases oxigênio e vapor d’água e impermeável a
evitar a inativação das propriedades enzimáticas da papaína. fluidos e microrganismos).
INDICAÇÃO: Feridas infectadas ou não, com ou sem presença de tecido desvitalizado, feridas crônicas. INDICAÇÃO: incisões cirúrgicas, áreas doadoras de enxerto, prevenção de UP, curativo secundário,
Sua concentração depende da lesão a ser aplicada: fixação de cateteres.
Lesão com necrose de coagulação - 10%; CONTRAINDICAÇÃO: leito de feridas.
Lesão com necrose de liquefação - 4 a 6%; VANTAGENS: visualização da área pode ser utilizada como curativo secundário.
Lesões com tecido de granulação - 2%. TROCAS: até 7 dias.
CONTRAINDICAÇÃO: Feridas com sangramento e próximas a mucosa, feridas dolorosas.
»» Curativo Protetor Cutâneo - Creme suavizante para a pele composto por glicerol e azeite de
Alergia a látex.
silicone, agindo na pele seca e irritada mantendo o pH correto, oferecendo proteção.
Ação: Formam uma barreira protetora contra fluídos corpóreos, efluentes de ostomias, fístulas,
lesões cutâneas provocadas por trocas frequentes de curativos e/ou bolsas
CUIDADOS: Ocluir com gaze ou curativo de baixa aderência.
Indicação: Proteção da pele íntegra ou lesionada, contra irritações causadas por incontinência anal
Devem-se evitar associações, porém o carvão ativado pode ser utili-
ou urinária, sucos gástricos, adesivos, fricção, cisalhamento e assaduras.
zado em caso de feridas muito exsudativas. A aplicação da papaína
deve ser pontual protegendo as bordas da lesão. Frequência/Troca: a cada 48h, se exsudação intensa e a cada 72h se menos intensa, nos casos de
Troca: diárias ou sempre que houver saturação. incontinência, reaplicar a cada 24 horas ou mais conforme frequência de higiene. Para proteção
sob adesivos, reaplique a cada troca de curativos ou fitas adesivas
»» Tela impregnada - Curativo não aderente, poroso, composto de um tecido em malha de »» Cobertura controladora de Odor - Para controle do odor é importante tratar a lesão com carvão;
acetato de celulose e impregnado com uma emulsão de petrolatum ou similar, solúvel em
água, não aderente. Carvão Ativado com Prata
AÇÃO: evita a aderência no leito da ferida, preservando novo tecido durante as trocas, permite o Carvão sem Prata
fluxo do exsudato. Cobertura redutora do microrganismo
INDICAÇÃO: Lesões de qualquer etiologia com tecidos viáveis que necessitam proteção a mais os
preservando de agressão por aderência. »» Hidrofibra antimicrobiano - É um curativo antimicrobiano com prata e hidrofibra, estéril,
CONTRAINDICAÇÃO: feridas infectadas. macio e de não tecido. Composto por carboxilmetilcelulose sódica + prata iônica.
VANTAGENS: Reduz aderência, proteção, conforto. Ação: absorve e retém exsudato, inativa as bactérias nas áreas onde o curativo se amolda, absorve
DESVANTAGENS: pode causar irritação e reação granulomatosa pela presença do petrolatum, exsudatos formando um gel coeso que propicia o desbridamento autolítico. Tem ação de amplo
requer curativo secundário. espectro (Pseudomonas, VRE, MRSA). Recortável.
TROCA: diariamente. Indicação: Pode ser utilizada em feridas, com baixa, moderada e alta exsudação colonizada
criticamente ou infectada. Feridas profundas ou superficiais, lesões diabéticas, neuropáticas,
isquêmicas, feridas cirúrgicas, UPP, queimaduras de I e II grau.
Troca: conforme avaliação, diário se houver infecção, vazamento excessivo. Não ultrapassar de 7
“plano
O profissional deve elaborar um
para avaliação das Lesões, que
dias após a aplicação (conforme fabricante).
»» Carvão ativado - Tecido de carvão ativado impregnado com prata envolto em tecido de
é necessário um exame detalhado
náilon poroso selado em toda sua extensão.
na aparência da lesão, tipo de lesão,
AÇÃO: Atrai bactérias da ferida como um campo magnético e promove inativação das bactérias
localização, profundidade, presença
de eritema, tipo de tecido, pela ação da prata (adsorção física das bactérias). Elimina odores por filtrá-los.
mensuração da lesão, tipo e INDICAÇÃO: Curativo primário em feridas infectadas, altamente exsudativas, com odor fétido.
quantidade de exsudato e bordas e CONTRAINDICAÇÃO: feridas pouco exsudativas, com sangramento, perda superficial de tecido e
Coleta do histórico familiar.
“ recoberto por crosta ou escara.
VANTAGENS: Bactericida e bacteriostático, feridas profundas ou não, diminui odor e número de trocas
166 167
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
168 169
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Capítulo 14
SUPORTE BÁSICO DE VIDA
1. Definição
2. Principais causas de PCR (Parada Cardiorrespiratória)
3. Tipos de PCR
4. Cadeia de Sobrevivência
5. Abordagem das vítimas de PCR no Suporte Básico de Vida (SBV)
6. Desfibrilador e Desfibrilador Automático Externo (DEA)
171
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
1. Definição São dois tipos de ritmos chocáveis, fibrilação ventricular sem pulso (FV) e taquicardia ventricular sem pulso (TV).
Mesmo com diretrizes estabelecidas e constantes atualizações dos Guidelines sobre o assunto, a
Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) ainda representa uma alta taxa de mortalidade, tanto nos Fibrilação ventricular sem pulso
atendimentos intra quanto extra-hospitalares, em um estudo realizado em 2014, estima-se que, por Ocorrem contrações desordenadas e não
ano, ocorram 200.000 PCRs, dentre elas, metade em ambiente extra-hospitalar, este necessitando efetivas das células cardíacas, é o ritmo
de socorro imediato e preciso de não profissionais de saúde (leigos), porém menos de um em cada mais comum nos primeiros dois minutos
três ocorrências recebe ajuda de salvamento dos transeuntes no momento, estes vêem que a vítima
de PCR. O único tratamento efetivo é a
está com intercorrência e não partem para o atendimento, em um estudo publicado em 2009, as
desfibrilação, que deve ocorrer o mais
justificativas para o não atendimento são várias, dentre elas, 53% relata não saber o que fazer, 19,7%
rápido possível.
não sabem identificar/diagnosticar se a ocorrência trata-se de uma PCR e 17,5% relatam não iniciar o
atendimento porque acreditam que a RCP está associada a respiração boca-a-boca.
Conforme as diretrizes da American Heart Association, o atendimento a parada cardiorrespiratória Taquicardia Ventricular sem pulso
(PCR) divide-se em dois momentos, o suporte básico de vida (SBV) que é caracterizado por um
É um batimento cardíaco muito rápido,
conjunto de manobras e ações realizadas pelo socorrista que pode ou não ser um profissional de
saúde, não envolvendo utilização de tecnologias avançadas como drogas vasoativas e tratamentos causado por uma alteração em um dos
para PCR e o chamado Suporte Avançado de Vida (SAV), este, envolve uso de tecnologias e ventrículos do coração. Equivale a um pulso
tratamentos que dependem de uma estrutura diferenciada e profissionais envolvidos. superior a 100 batimentos por minuto com
pelo menos três batimentos irregulares em
O sucesso da recuperação e o prognóstico favorável da vítima, estão associados a rápida identificação
série. Pode evoluir para uma PCR e deve ser
e início imediato das manobras de RCP, diminuindo a isquemia e garantindo o fluxo mínimo de
tratada como uma Fibrilação Ventricular.
oxigênio para o cérebro. Com relação a oxigenação, na publicação da atualização AHA com relação
ao atendimento a PCR, a oxigenação da vítima é opcional, pois o gasping, respiração espontânea
involuntária durante a PCR, pode garantir o fluxo mínimo necessário de oxigênio até o início das
intervenções do SAV.
Os ritmos não chocáveis, são tratados somente com compressões no SBV e os demais tratamentos são
dados no SAV com a presença do atendimento com suporte avançado, são eles a atividade elétrica
2. Principais causas de PCR sem pulso (AESP) e assistolia.
»» No adulto:
• Evento Súbito Atividade elétrica sem pulso (AESP)
• Doença cardíaca subjacente Pode compreender ritmos bradicardicos ou
• Fibrilação ventricular taquicardicos, com complexo QRS estreito
ou alargado, sinusal, supraventricular ou
»» Na criança: ventricular. O importante é identificar que,
• Causas respiratórias apesar de existir um ritmo organizado no
• Trauma monitor, não existe acoplamento do ritmo
com pulsação efetiva (com débito cardíaco).
3. Tipos de PCR
A PCR é um evento que pode apresentar dois tipos de ritmo, os chocáveis e não chocáveis.
Nos ritmos chocáveis além do início rápido das compressões antes da identificação, nele deve ser Assistolia
utilizado o DEA (Desfibrilador Automático Externo), o aparelho além de identificar automaticamente É a ausência total de qualquer ritmo cardíaco.
o ritmo, realiza a descarga elétrica na voltagem exata para cada ritmo. Caso não haja nenhum no Dentre as principais causas destaca-se a hipóxia.
momento da ocorrência, deve-se iniciar as compressões imediatamente e solicitar o auxílio imediato.
172 173
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
4. Cadeia de Sobreviência
Crianças Bebês (menos de 1 ano
O conjunto de ações que são preconizadas para o atendimento de uma vítima de PCR são Adultos e
Componente (1 ano de idade à de idade, excluindo
adolescentes
encadeados, ou seja, interligados e sequenciais para que se obtenha um melhor resultado e puberdade) recém-nascidos)
prognóstico para o indivíduo em PCR.
Segurança do local Verifique se o local é seguro para os socorristas e a vítima
A cadeia de sobrevivência da diretriz da AHA de 2015 abaixo mostra em duas diferentes situações, a
PCRIH (Parada Cardiorrespiratória Intra-Hospitalar) e PCREH (Parada Cardiorrespiratória Extra-Hospitalar). Verifique se a vítima responde
Reconhecimento de Ausência de respiração ou apenas gasping (ou seja, sem respiração normal)
PCR Nenhum pulso definido sentido em 10 segundos
(A verificação da respiração e do pulso pode ser feita simultaneamente, em menos de 10 segundos)
1 socorrista
Relação compressão- 30:2
1 ou 2 socorristas
ventilação sem via
30:2 2 ou mais socorristas
aérea avançada
15:2
Frequência de
100 a 120/min
compressão
1 socorrista
2 dedos no centro do tórax,
2 mãos ou 1 mão (opcional logo abaixo da linha mamilar
Posicionamento das 2 mãos sobre a metade para crianças muito
mãos inferior do esterno pequenas) sobre a metade 2 ou mais socorristas
inferior do esterno Técnica dos dois polegares no
centro do tórax, logo abaixo
da linha mamilar
A abordagem das vítimas de PCR é descrita através de uma série de componentes que seguidos Minimizar
Limite as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos
interrupções
corretamente, representam uma maior efetividade no atendimento diante das diretrizes
preconizadas pela AHA.
O uso da tabela abaixo auxilia para que todos os momentos que envolve o atendimento garantam a
alta performance do socorrista e a segurança da vítima no SBV para adultos, bebês e recém-nascidos
* A profundidade da compressão não deve exceder 2,4 polegadas (6 cm).
na diretriz de 2015: Abreviações: DEA, desfiblilador automático externo; AP, anteroposterior; RCP, ressuscitação cardiopulmonar.
174 175
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
Comprimir a uma profundidade de pelo menos 2 Comprimir a uma profundidade inferior a 2 polegadas
polegadas (5 cm) (5 cm) ou superior a 2,4 polegadas (6 cm) Verifique o ritmo.
Ritmo chocável?
Permitir o retorno total do tórax após cada compressão Apoiar-se sobre o tórax entre compressões
Sim, Não,
Minimizar as interrupções nas compressões Interromper as compressões por mais de 10 segundos chocável não chocável
176 177
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
Índice
notificam o operador se a desfibrilação é indicada. Desta forma, o operador pode efetuar a descarga.
Os DEAs semiautomáticos podem ser divididos em três categorias:
Os modelos automáticos exigem apenas que o operador posicione os eletrodos de desfibrilação e • 5- Fornazier C, Melchior SC, Candioto S, Buss G, Trindade E, Pereira AA, Barbieri DX,
Silva JEL da, Holsbach LR, Perlato MT, Glowacki LA, Almeida AP de, Cruz CJF. BIT – Boletim
ative a unidade que vai analisar o ECG do paciente e determinar a necessidade de aplicação do pulso Informativo de Tecnovigilância, Brasília, Número 01, jan/fev/mar 2011 - ISSN 2178-440X
elétrico; caso necessário, o equipamento automaticamente efetua a descarga.
As maiorias dos DEAs são semi-automático. Estes equipamentos analisam o ECG do paciente e
178 179
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar
ANOTAÇÕES
Complexidade do Cuidado
na Atenção Domiciliar
182
Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar