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PORTFÓLIO: ESTÁGIO DE

APLICAÇÃO EM ATENÇAO PRIMÁRIA


À SAÚDE

MATEUS CUNHA DE OLIVEIRA – 201815023

TURMA B – COORTE 3

JUIZ DE FORA, 11 DE MAIO DE 2023.

FACULDADE DE MEDICINA
Portfólio reflexivo sobre estagio em Atenção Primaria à Saúde

Realizei o estágio em atenção primaria a saúde do dia 27/03/2023 ao dia


12/05/2023 e nesse tive a oportunidade de deparar com vários temas importantes e
desses ter um aprendizado que agregou muito para a minha formação como futuro
médico e profissional da saúde. Esse aprendizado não pautado, apenas no
conhecimento cientifico, mas em todo conhecimento adquirido na vivencia com os
pacientes, além de trabalho em equipe. Além disso, não posso esquecer do aprendizado
sobre o funcionamento e dinâmica das UBS’s.

Quando entrei no internato conversei com os veteranos, ou seja, alunos de turmas


que estão períodos na minha frente e meus próprios amigos da minha sala,
deparávamos com assunto de como estamos próximos de nos formarmos e isso me
gerava uma ansiedade e insegurança, que julgo normal, pois tínhamos tido poucas
oportunidades de realmente atendermos de fato os pacientes, construir hipótese
diagnóstica e tomar uma conduta. Um dos assuntos que eu mais me sentia inseguro é
sobre o estágio Regional que entraremos no 10° período, pois os meus veteranos
falavam que nesse rodizio nós teríamos muita autonomia no atendimento do paciente.

Entretanto, quando entrei no rodizio da APS encontrei a autonomia que achei que
faltava para nossa formação. Tivemos a inspeção de profissionais muito qualificados
como é o caso de nossos professores, tanto na UBS (Diego SarKis, Juliana, Leticia, Arise
e Leandro respectivamente nas, UBS Parque Guarani, Grama, Nossa Senhora Aparecida
e Vale verde), quanto nos LHCs, Jomara, Arise, Cacilda e Sabrine. Todos esses
orientadores foram fundamentais para gerar segurança e tornar nosso atendimento
mais leve e de maior resultado positivo para os nossos pacientes. Dessa forma, eu senti
uma reciprocidade de satisfação das consultas realizadas por nós, os pacientes muito
agradecidos pela nossa atenção e empatia e nós com a sensação de ter conseguido
ajudar da melhor forma que jugamos possíveis naquele momento.

Conversando com a Professora Arise em um certo dia depois dos atendimentos


dos pacientes, relatei para ela como foi significativo o conhecimento que adquirimos
nesse período de seis semanas que vivenciamos nas UBS e nesse momento que estou
hoje, a minha ansiedade e insegurança já não são temas com a mesma relevância que
eram há semanas passadas.

Contudo, falei muito sobre a curva acentuada de conhecimento que adquirimos


nesse estágio, mas não posso esquecer que para chegarmos até esse aprendizado,
enfrentamos algumas dificuldades como, lidar com pacientes poliquexosos, onde temos
que filtrar o que é necessário abordamos naquele momento e o que vamos deixar para
uma próxima oportunidade, claro que tudo isso é em comum acordo com o paciente.
Ademais, os atendimentos de crianças são bastante complexos, em todos os momentos,
durante a entrevista saber direcionar as perguntas ora para o paciente ora para o
acompanhante. A parte do exame físico que muitas vezes tem o choro, o exame de
otoscopia que é um pouco desconfortável para a criança, a parte da orofaringe da
mesma forma. Entretanto fomos muito bem orientados e assistidos pelo especial,
professor Diego que tem um carinho e uma paciência inigualável tanto para com nós
quanto para o paciente.

Ainda falando sobre a dificuldade no atendimento da criança e do adolescente o


exame da genitália foi uma parte que foi muito desconfortável para mim, e certamente
é para o paciente também, no entanto ele é muito importante para a nossa formação,
quanto para o bem do paciente. Em relação a essa parte do exame físico fomos
orientados não apenas para esse estágio e sim para toda a vida. Nesses casos devemos
sempre examinarmos com o acompanhante ao nosso lado, explicando tudo o que
estamos fazendo tanto para o acompanhante quanto para o paciente se ele já tiver
condições de entender.

Nesse estágio fomos apresentados uma nova metodologia de anamnese SOAP,


método utilizado por alguns professores nas UBS, fui apresentado esse novo método
pelo professor Leandro na UBS Vale Verde na primeira semana do estágio de APS, a
priori me senti um pouco inseguro e até um pouco resistente, já que fomos treinados
desde o nosso 4°periodo com a anamnese tradicional. Mas, com o decorrer dos
atendimentos fui me familiarizando com essa metodologia e achei interessante usá-la
em bastante parte dos meus atendimentos. Configurando uma ampliação no meu
conhecimento nesse assunto amplo que é a medicina. No entanto, esse método tem
suas ressalvas, pois eu achei que ele sem sua olha de rosto que é usada nos prontuários
dos pacientes do professor Leandro, esse novo método esquece de abordar história
fisiológica, história patológica pregressa e história social, desse modo se você não estiver
muito atento pode acabar deixando passar dados relevantes na sua consulta. Explicando
um pouco a folha de rosto, são dados inerente aos pacientes que ficam na capa do
prontuário deles, como que medicamentos está em uso, qual/quais doenças ele possui
entre outros dados importantes.

Falando um pouco mais sobre autonomia cedidas a nós, volto a falar um pouco
mais sobre o professor Diego, que desde o primeiro atendimento nos fez uma proposta
muito interessante, falando que nós o chamasse para passar o caso apenas após ter uma
hipótese diagnostica traçada e se essa demandasse uma prescrição essa também estaria
já feita. No entanto, ele deixa claro que não tem importância se houver erros tanto no
diagnóstico quanto na prescrição, pois estamos naquele momento para aprender.
Ademais, ele até brinca com nos sobre a nossa formação, falando que somos nota 10
em entrevista e diagnóstico, mas nota 3 em prescrição, já que essa é uma deficiência
dos alunos da nossa faculdade UFJF. Além disso, o professor Diego passava trabalho para
fazermos em casa sobre os casos interessantes que foi abordado na consulta daquele
dia, ele corrigia e elogiava o que estava correto e pontuava o que poderia ser
melhorando, principalmente em prescrições.

Desse modo, deixo registrado que o professor Diego, será sempre um exemplo
para mim, de um ser humano e um profissional formidável, por sua postura e suas
atitudes, sua paciência de deixar tudo bem explicado para nós e para os pacientes. Ele
mostra um carinho enorme pelas crianças por ele atendido, indo conversar com as
diretoras(es) e professoras(es) das escolas quando algum de seus pacientes apresentam
problemas escolares, atitude essa que nunca tinha observado em outros profissionais
da mesma área, mostrando zelo e vontade de conhecer seus pacientes mais
profundamente. Isso chamou muita minha atenção e pode ter certeza que guardarei
atitudes semelhantes a essa para minha vida profissional.
Figura 1

UBS Parque Guarani/ Aulas memoráveis com Professor Digo

Relatando um pouco minha prazerosa convivência com a Professora Arise, na UBS


Vale Verde, com ela pude acrescentar à minha vida, várias formas de conhecimento,
técnico, cientifico e de ser humano bondoso. Na pratica da medicina pude aprender
muito sobre hipertensão, assunto que ela domina como ninguém, além de outros
assuntos da cardiologia, como insuficiência cardíaca, ponte miocárdica, entre outros
que foram discutidos no final dos atendimentos. Toda semana ela selecionava um
atendimento que foi realizado por nós, e após todos terminarem discutíamos sobre tal
assunto.

Como ser humano bondoso, presenciamos a vontade que ela tem em fazer o
melhor para os pacientes, o carinho a empatia e a dedicação que ela tem com eles e
com nós. Diante disso, agradeço, pois, apendi muito mais do que acertar diagnostico,
aprendi a conversar, acolher e entender os pacientes. Ademais em uma conversa que
tivemos após a aula a Professora Arise, falou que foi um prazer trabalhar com nós,
relatou que nossa coorte era muito engraçada pois os integrantes brincam muito uns
com os outros ela se sentia muito à vontade conosco. Além disso, relatou que era para
nos continuarmos do mesmo jeito futuramente, pois a vida fica de certa maneira mais
bem vivida e mais feliz onde se tem essas descontrações.

Figura 2

Alguns participantes da minha coorte no dia de aula com a Professora Arise

No dia 12/04/2023, eu e um amigo atendemos uma paciente que veio


acompanhada de seu cônjuge, trazia como motivo de consulta uma perda de visão
parcial bilateral, além disso notamos que ela apresentava um quatro psiquiátrico e ela
nos relata que fazia acompanhamento do quadro de síndrome depressiva, na unidade
com um psiquiatra. Perguntando para ela se havia algum fator que ela associava que
tinha levado a essa perda de visão e ela nos informa que estava ingerindo bebida
alcoólica e após isso ela apresentou uma dor de cabeça muito forte que não passou com
o uso de analgésico. Questionando um pouco mais sobre o acontecimento, notei que a
paciente queria nos trazer alguma informação, mas não estava à vontade na frente do
seu acompanhante, quando percebi isso, pedi de forma educada que queria conversar
a sós com a paciente, no entanto ele preferiu não sair do consultório, e então a
entrevista continuou, fizemos o exame físico e realmente relatamos uma perda de visão
periférica bilateral.

Não satisfeito, e suspeitando de violência doméstica, procurei o professor Leandro


do lado de fora do consultório, mas sem deixar transparecer qualquer coisa para o casal
informei ao Leandro o que havia acontecido. Ele chegou na sala e eu passei o caso para
ele como estávamos acostumados a fazer, após isso o professor fantasticamente
começou a direcionar perguntas para o acompanhante, criando um vínculo muito
importante, e após alguns minutos o professor pediu gentilmente que o acompanhante
esperasse do lado de fora, pois ele queria conversar apenas com a paciente, nesse
momento o acompanhante levantou-se e de maneira tranquila saiu do consultório.

Após isso, a paciente informou que oi agredida cinco vezes pelo namorado
(acompanhante), nesse momento me senti muito triste escutar aquela situação com a
paciente chorando, apesar de saber que esse é um fato que infelizmente tem ocorrido
com frequência, eu não tinha presenciado tal situação. O professor orientou a paciente
das medidas que poderia ser tomada naquele momento, no entanto ela preferiu dar
mais uma oportunidade ao namorado, relatando que isso acontecia em momentos de
embriagues dos dois, mas que eles teriam combinado de pararem de beber. Vale
salientar, todavia, que, por estar frente a essa situação pela primeira vez na minha vida
acadêmica, não me senti confortável e apto a conversar com o casal sobre o assunto no
momento em que notei a ocorrência dos fatos

Nesse sentido, a abordagem do preceptor foi muito válida para mim. Presenciá-
lo conversando com o acompanhante e pedindo um momento a sós com a paciente foi
uma experiência muito válida. Tenho certeza que, nas próximas consultas em que eu
estiver nessa mesma situação, estarei muito mais apto a abordar esse tema e investigar
melhor os acontecimentos. Pudemos fazer a notificação, colocamo-nos à disposição da
paciente e a incentivamos a fazer a denúncia. Por mais que, naquele momento, o casal
estivesse em um momento harmônico, averiguamos a segurança da paciente, buscamos
entender a recorrência dessas violências, explicamos a importância da denúncia,
mostramos como ela pode ser feita à paciente e tiramos eventuais dúvidas.

Figura 3

Minha coorte no último dia de estágio com o professor Leandro

Na UBS Nossa Senhora Aparecida, a nossa professora e a Leticia, em nosso


primeiro dia ela nos deu várias informações, como não gostar de atrasos, não gostar de
que erremos nas prescrições, encaminhamento e pedidos de exames, pois isso
desperdiça os papeis impressos e isso gera um custo para UBS, entendi a posição dela,
mas, a priori fiquei meio receoso e de certa forma não gostei muito dela. No entanto,
no mesmo dia esse pré-conceito que eu tive foi descontruído, primeiramente que ela
nos deu oportunidades de atendermos cada um aluno um paciente, depois quando nós
íamos passar o caso, ela nos deu total autonomia, respeitando muitas vezes nossa
tomada de conduta e trocando informações importantes para a melhor estratégia no
tratamento do paciente.

Reafirmando sua dedicação com a gente, ela sempre marcava muitos pacientes
para que todos pudéssemos atender sozinhos, e isso eu julgo muito importante para a
nossa formação, além disso, enxergamos como a professora Leticia é querida pelos
pacientes, sempre tratando eles de maneira educada e gentil, um fato marcante da
professora é a cautela que ela tem em prescrever medicações aos pacientes, não
gostando de muitas mudanças bruscas. Isso eu achei interessante pois acho que tal fato
é importante na adesão ao tratamento.

Em um atendimento na UBS Nossa senhora Aparecida, ocorreu um fato curioso


comigo, quando eu chamei a paciente ela estava com sua irmã como acompanhante, e
quando eu me apresentei a acompanhante me perguntou se a sua irmã não seria
atendida pela Dr Leticia, então eu expliquei com seria a consulta, que eu a atenderia,
mas depois passaria o caso para a professora. Ela em primeiro momento também criou
um preconceito sobre mim. No entanto, continuei a consulta de forma muito educada
e no decorrer da consulta a paciente e a acompanhante foram se familiarizando com
minha pessoa e sentiram segurança na minha abordagem. Isso foi ficando cada vez mais
claro para mim, e essa sensação foi muito boa de poder fazer as pessoas acreditarem
que estava ali par tentar ajudar da melhor maneira possível e que eu tinha
conhecimento do que eu estava fazendo.

No exame físico, verifiquei que a pressão da paciente estava elevada, 180x96


mmhg, olhando suas prescrições, a tinha verificado uma associação que não seria de
primeira escolha para o tratamento da HAS (losartana + Furosemida), logo avisei a
paciente e a irmã que seria necessário fazer um reajuste na dosagem do losartana e iria
suspender o furosemida e colocaria outro diurético para ela, nesse caso nossa primeira
escolha seria o hidroclorotiazida. Fiz a prescrição, expliquei como seria o uso e pedi que
se possível ela aferisse a pressão nos próximos dias, além disso solicitei alguns exames
laboratoriais. Na semana seguinte, a paciente já conseguiu trazer os exames e falou que
a pressão não estava mais ficando alta, verifiquei isso no exame físico com uma PA:
128x84 mmhg, então elas me agradeceram, tanto a paciente quanto a irmã, isso foi
muito gratificante para mim, pude ver que estou podendo ajudar as pessoas e que todo
meu esforço está valendo a pena.

Queria deixar meu agradecimento a professora Leticia por essa autonomia e


dedicação que ela nos proporcionou, e mais uma vez vejo que os pré-conceitos pode
nos atrasar e nos tirar a percepção do quanto o outro tem a nos oferecer.

Figura 4

Último dia com a professora Leticia

Durante o rodízio do internato, o estágio com a professora Juliana foi de extrema


importância. A liberdade que nos foi concedida, a confiança depositada pela professora
em nós e sua dedicação aos encontros nos incentivaram a buscar conhecimento e
aproveitar ao máximo esse momento. Achei o método muito interessante, pois a
professora nos apresentava os casos e, no final, perguntava nossa opinião sobre a
conduta, o que demonstrava sua confiança em nossa capacidade. Como mencionado
anteriormente, essa confiança nos trouxe segurança e motivação para nos tornarmos
excelentes profissionais.

Os profissionais da unidade de saúde também foram muito prestativos, responsáveis e


empáticos com os acadêmicos. Foi uma experiência agradável participar desse ambiente
de trabalho e contribuir para o bom funcionamento da UAPS. A postura respeitosa da
professora Juliana com os pacientes, sua empatia e vontade de ajudá-los nos mostraram
como pequenos gestos podem melhorar a adesão ao tratamento e estreitar a relação
entre médico e paciente, tornando-a mais próxima e harmoniosa.

Figura 5

UBS Grama onde tive oportunidade de conviver com várias pessoas formidáveis
Os encontros realizados na FAMED para aprimorar as habilidades clínicas foram
altamente benéficos. Diversos tópicos foram discutidos, incluindo genograma, manejo
da dor, prescrição para pacientes pediátricos e aqueles com níveis educacionais baixos,
entre outros temas relacionados à prática clínica. As reuniões foram conduzidas pela
professora Jomara às 13h, toda segunda-feira, pelas professoras Arise e Cacilda às 8h
nas quartas-feiras e pela professora Sabrine às 13h30min nas quintas-feiras. Todas as
professoras foram altamente atenciosas e empenhadas em ajudar na nossa formação.
Quero expressar minha gratidão a todas elas pelos valiosos encontros. As professoras
Jomara, Cacilda, Arise e Sabrine contribuíram significativamente para o meu
crescimento pessoal e profissional por meio de seus ensinamentos e experiências. O
último encontro de quarta-feira, realizado em 10/05/2023, foi especialmente marcante
para mim. A professora Cacilda trouxe duas profissionais da cidade de Santos Dumont,
que apresentaram o projeto "Aninha e Mateus", uma organização sem fins lucrativos
que produz bonecos de pano para levar alegria aos hospitais oncológicos desde 2016.
Fiquei profundamente emocionado com a iniciativa e com os depoimentos
apresentados durante a aula. Houve um sorteio de 4 bonecos de pano. Por fim, termino
meu ciclo no nono período com a sensação de dever cumprido, foram muitos desafios
e muito aprendizado. E levo desse período, que o conhecimento cientifico sempre tem
que ser buscado e esses serão muito uteis para ajudar as pessoas, mas nunca podemos
esquecer que o mais importante é ser sempre um ser humano melhor.
Figura 6

Eu, meu amigo Marcelo esteves e a professora Cacilda no último dia de LHC
Figura7

Eu, meus amigos, a Professora Cacilda, a boneca Aninha e a Nilva


Figura 8

Meu grupão, a professora Cacilda e as palestrantes do projeto" Aninha e Mateus"

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