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1º Ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem, 2021/2022

RELATO DE UMA ENTREVISTA

Ana Carolina Campos da Silva


nº22101148

Coimbra, 2021

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O excesso reivindicativo e a recusa de prestação de cuidados
Com o relato de uma entrevista

Este trabalho foi realizado no âmbito da


unidade curricular de Pesquisa e
Organização do Conhecimento, sob a
orientação dos professores: Irma da
Silva Brito, Adriana Raquel Neves
Coelho, Hugo Leiria Neves, Manuel
Carlos Rodrigues Fernandes Chaves,
Pedro Miguel Lopes de Sousa e Silvia
Manuela Dias Tavares da Silva

Coimbra 2021

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Sumário

Introdução.....................................................................................................................4
Desenvolvimento......................................................................................................... 5
Processo do estudo de enfermagem e início de carreira………………………………5

O excesso reivindicativo e a recusa de prestação de cuidados……………………….6

Análise crítica do artigo…………………………………………………………………….6


Conclusão….................................................................................................................. 4
Referências Bibliográficas…....................................................................................... 4

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Introdução

O presente trabalho está inserido no plano curricular do 1º ano da Licenciatura em


Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e pertence, mais
especificamente, à unidade curricular de Pesquisa e Organização do Conhecimento,
lecionada no 1º semestre, onde foi proposto a realização de um trabalho que incluísse
uma entrevista a um enfermeiro, sobre um tema opcional, com uma posterior pesquisa
de um artigo científico que se relacione com um assunto presente na entrevista e
consequentemente uma análise crítica do seu conteúdo.

Este documento resumiu-se na experiência profissional, vivências e opiniões da


enfermeira Patrícia Piedade, licenciada na Escola Superior de Saúde de Santarém, no
ano de 2010, neste momento a área em que exerce profissão é na área de cuidados
intensivos e recobro do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte – Hospital Pulido
Valente. Atualmente já soma 11 anos de profissão tendo passado por duas
instituições.

Assim, primeiramente irá ser falado sobre o que fez a enfermeira ingressar no curso
de enfermagem, o que sentiu ao ingressar no curso, e o que pensava que era ser
enfermeiro. Em seguida, irá ser revelada a maior deceção que a enfermeira sentiu ao
longo da sua vida profissional o que levará à análise do artigo “Enunciado de Posição:
Recusa de Cuidados” (Ordem dos Enfermeiros, Conselho Jurisdicional, 2014)

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Desenvolvimento
Entrevista a uma Enfermeira

1- PROCESSO DO ESTUDO DE ENFERMAGEM E INÍCIO DE CARREIRA

1º pergunta: O que a fez entrar no curso de enfermagem?

Resposta: Decidi muito cedo que queria ser enfermeira, pois o meu avô paterno
passou por um processo de neoplasia que se arrastou durante 15 anos, com vários
internamentos e cirúrgias, e foi nessa altura dos internamentos e no meu contacto com
o meio hospitalar (ainda desconhecendo por completo o que é o trabalho de um
enfermeiro). Apaixonei-me pelo poder cuidar do outro e quando digo isto refiro-me a
todos os níveis, cuidar do corpo, cuidar da questão emocional, cuidar da família, cuidar
daquela pessoa como um todo. Sendo que hoje em dia sei que esta é a minha
vocação.

2º pergunta: O que sentiu quando ingressou no curso de Enfermagem?

Resposta: Eu não entrei em enfermagem no primeiro ano que concorri, pois na altura
a média era extremamente alta e só coloquei duas opções na candidatura porque
queria ficar o mais perto possível de casa. Acabei por fazer um ano sabático que me
fez evoluir em vários aspetos. Um ano depois voltei a concorrer, onde entrei em
Enfermagem na Escola Superior de Saúde de Santarém e definitivamente que senti
que era o início da realização de um sonho, da concretização de tudo aquilo que eu
tinha desejado e planeado.

3º pergunta: Foi difícil arranjar trabalho depois de acabar o curso?

Resposta: Na minha altura foi muito difícil, por acaso havia uma unidade de cuidados
continuados em Arrouquelas, e mesmo antes de terminar o curso fui lá apresentar-me
e fiquei lá. Visto que nessa altura não havia concursos públicos e ir para um hospital
era bastante difícil porque as vagas estavam todas preenchidas, só em 2014 é que
abriu o primeiro concurso público para o centro hospitalar Lisboa Norte, após eu ter
acabado o curso.

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4º pergunta: Qual foi a maior deceção que sentiu ao longo da sua vida
profissional?

Acima de tudo o que mais me desiludiu em relação às expectativas que já tinha, foi o
factos de nós enfermeiros como classe sermos muito “mauzinhos” uns para os outros.
Sinto que muitas vezes nos humilhamos uns aos outros, sobretudo pessoas que nem
são assim tão bons profissionais, sinto também que somos demasiado reivindicativos.
Sei de casos de “colegas” meus que se negaram várias vezes a prestar cuidados que
lhe competem, se isto se tornar frequente e em maior escala arriscamos a perdê-la, a
perder um caminho que é nosso, ou seja, o que eu quero afirmar com um isto é que
nós em vez de revindicar-mos devíamos era mostrar com o nosso trabalho que somos
bons e me merecemos ser remunerados em função das nossas competências. Sei
que estes profissionais se encontram em minoria mas de certa forma mancha a nossa
classe profissional. Para mim a única pedra no sapato é a relação emocional com os
colegas de trabalho, muitas vezes o burnout na nossa profissão, não é apenas devido
aos turnos ou às horas extras, mas sim a falta de um ambiente de união e de equipa
que existe em ambiente hospitalar.

5º pergunta: Ser enfermeira mudou a forma como vê o mundo? Se sim


de que modo?

Mudou claro que sim, principalmente depois de lidar com a morte de um primeiro
doente, ou quando passa “pelas nossas mãos” um doente da nossa idade. Eu como
trabalho em cuidados intensivos respiratórios, lido diariamente com doentes com
neoplasias do pulmão que geralmente são doentes jovens. Todas estas patologias em
doentes com idades similares à nossa obviamente que nos mudam.

2- O EXCESSO REVINDICATIVO E A RECUSA DE PRESTAÇÃO DE CUIDADOS

Análise do artigo “Enunciado de Posição: Recusa de Cuidados (Conselho


Jurisdicional, Ordem dos Enfermeiros, 2014)

Pela análise do conteúdo da entrevista é notório o descontentamento e desilusão


desta enfermeira em relação ao ambiente vivido em contexto hospitalar. Durante a
entrevista a enfermeira confessou-me duas ocasiões durante a sua vida profissional
em que determinadas equipas se negaram a prestar cuidados de saúde que
competiam.

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Segundo Enunciado de Posição: Recusa de Cuidados (2014):

Os problemas relacionados com uma eventual recusa de prestação de


cuidados de enfermagem têm sido objeto de discussão e reflexão com os
enfermeiros, ao longo de vários anos. Em 2004 o Conselho Jurisdicional
produziu um documento que refletia essa discussão bem como o
posicionamento deste órgão face a esta problemática. Considerando a sua
importância, foi publicado na Revista da Ordem nº17 de julho de 2005. (…) Se
o enfermeiro só equacionar a possibilidade de recusa, sem assegurar que outro
Enfermeiro preste os cuidados, poderá ser responsabilizado por recusa de
cuidados indevida. (p.1)

A recusa de qualquer ato ou intervenção de enfermagem só terá legitimidade


quando se fundamenta: na reusa do próprio cliente, na falta de condições
mínimas para uma prática segura e na objeção de consciência. (p.7)

Contudo, a omissão de prestação de cuidados, quando assumida em


contrariedade com a lei, poderá fazer o enfermeiro incorrer em
responsabilidade e criminal. Atendendo ao melindre que envolve este assunto,
analisaremos… (p.8)

Perante este cenário, os profissionais de saúde e em especial os enfermeiros, têm


uma responsabilidade acrescida na obrigação de prestação de cuidados, ressalvando
situações como na reusa do próprio cliente, na falta de condições mínimas para uma
prática segura e na objeção de consciência, como foi relatado pela entrevistada. Assim
é de salientar a capacidade de adaptação dos enfermeiros a várias condições
desconhecidas e o seu profissionalismo perante um conjunto de estratégias de
exigências elevadas.

https://www.ordemenfermeiros.pt/arquivo/documentos/CJ_Documentos/
CJ_Parecer_225_2014_Enunciado_Posicao_Recusa_de_Cuidados_vf.pdf

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Conclusão
A pesquisa documental valorizou e despertou o interesse pela análise crítica de novos
conteúdos.

Em suma a minha reflexão sobre a temática abordada permitiu adquirir novos


conhecimentos, esclarecer dúvidas e tornar a realidade profissional mais próxima de
cada um de nós.

Consegui também conhecer e perceber melhor o é ser enfermeiro, assim como


algumas características essências para ser um bom enfermeiro, não falhando
eticamente a todos os doentes que necessitam das nossas aptidões.

A análise do artigo e a pesquisa de informação sobre a recusa de prestação de


cuidados ajudou-me a perceber que este assunto é bem mais comum do que aquilo
que achamos.

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