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Escola Superior de Enfermagem de Lisboa

Pólo Calouste Gulbenkian

Curso de Licenciatura em Enfermagem


Unidade Curricular de Relação e Comunicação em Enfermagem
1º Ano, II Semestre

Jornal de Aprendizagem
2ª Prática Laboratorial – Cordialidade, Afabilidade, Autenticidade e Congruência
Perspetiva como Cliente

Natália Fátima Rocha Simas, Nº10795


Turma F

Lisboa, maio de 2022


Escola Superior de Enfermagem de Lisboa
Pólo Calouste Gulbenkian

Curso de Licenciatura em Enfermagem


Unidade Curricular de Relação e Comunicação em Enfermagem
1º Ano, II Semestre

Jornal de Aprendizagem
2ª Prática Laboratorial – Cordialidade, Afabilidade, Autenticidade e Congruência
Perspetiva como Cliente

Natália Fátima Rocha Simas, Nº10795


Turma F

Docente Orientador: Domingos Malato


Regente da Unidade Curricular: Luís Nabais

Lisboa, maio de 2022


1. Descrição
A interação iniciou-se com o enfermeiro Kyle a receber-me à porta
cumprimentando-me e convidando-me a entrar e a sentar. De seguida fechou a porta e
sentou-se à minha frente confirmando o meu nome, data de nascimento e motivo da
consulta, que no caso era a minha inscrição no centro de saúde.
Depois passou a apresentar-se dizendo o seu nome e função e começou a recolher
os meus dados biográficos para a inscrição, pediu-me nome completo, data de
nascimento, idade, género e número de telemóvel e email para futuros contactos. Logo
após esta recolha perguntou-me se havia algum motivo específico para a minha inscrição
no centro de saúde, ao que respondi que não, mas como não era de Lisboa a minha mãe
tinha achado mais seguro fazer a inscrição caso alguma coisa não fosse acontecer. O que
o levou a questionar-me de onde era, recebendo como resposta que eu vinha da ilha de
São Jorge nos Açores.
Comentou comigo que também já tinha estado nos Açores na ilha de São Miguel
e que tinha gostado imenso, depois perguntou-me o porquê de me mudar para cá e
respondi que tinha entrado através do contingente no curso de agronomia daí a mudança.
Passou a fazer algumas perguntas sobre o curso tais como se estava a gostar, se me estava
a adaptar bem e se já tinha feito amigos ao que fui respondendo que sim.
Voltando de seguida a recolher mais informação para a inscrição questionou-me
sobre consumo de álcool e tabaco, respondi que não, questionou-me sobre alimentação
saudável, respondi que tentava manter uma alimentação equilibrada e variada, mas que
também comia alimentos pouco saudáveis de vez em quando, questionou-me ainda sobre
a prática de exercício físico, respondi que não praticava.
De seguida vieram as perguntas sobre os problemas de saúde, informei-o da minha
alergia ao pólen das flores e ao pelos de animais e também referi a hipertensão dos meus
pais.
Durante o decorrer da entrevista ainda acrescentei que cá em Lisboa vivia sozinha,
mas que em São Jorge vivia como os meus pais, avós maternos e o meu irmão de catorze
anos com o qual não me dava muito bem. Falei também da minha mãe que eu considerava
excessivamente preocupada comigo e recebi uma sugestão sobre algo que poderia fazer
para aliviar toda essa preocupação, mas infelizmente já o tinha tentado e não havia
resultado.
Finalizadas as perguntas e a minha partilha de informação o enfermeiro passou a
medir a minha tensão arterial e informou-me que se encontrava dentro de valores normais,
perguntou se eu queria acrescentar mais alguma informação ou marcar alguma consulta,
ao que afirmei que não, assim sendo disponibilizou-se caso necessário, agradeceu o meu
contributo e terminou a entrevista despedindo-se de mim.

2. Sentimentos
Antes da experiência eu estava nervosa pois este exercício era para a avaliação e
eu estava com medo da minha prestação como cliente não ser bem desempenhada e de
me atrapalhar com os nervos, apesar de me identificar com o papel da cliente desde o
momento em que comecei a preparar a prática laboratorial, pois tal como a Laura também
sou dos Açores e com uma história muito semelhante à desta personagem, o que me fez
querer desempenhá-la logo desde o início. Para além de nervosa também estava um pouco
aflita devido ao facto de ter os colegas a observar o desempenho prestado e a reparar em
todos os detalhes para futuro comentário.
Durante a experiência continuava nervosa, mas à medida em que a entrevista fluía
naturalmente fui acalmado até ao ponto em que depois os nervos passaram totalmente.
Quanto à aflição e nervosismo que sentia devido ao facto ter os colegas a observarem a
prestação também foi passando pois consegui abstrair-me de estarem ali presentes e fui
me abstraindo também da noção do tempo, que me dava a sensação de estar a passar
muito depressa.
Após a experiência vieram mais alguns nervos, primeiro relacionados com o facto
da entrevista só ter durado nove minutos sendo que era de dez a quinze minutos o
estipulado e isso causou-me também alguma preocupação pois como tinha perdido um
pouco a noção do tempo parecia que o exercício estava a decorrer à mais minutos do que
o que realmente estava. Segundo estavam relacionados com os comentários que viria a
ouvir sobre a minha prestação desempenhada, apesar de saber que estas observações
partilhadas pelo professor e colegas seriam importantes para a minha evolução em
exercícios futuros. Depois dos comentários senti-me realizada e contente com a minha
prestação e por ter conseguido e ter tido a oportunidade de desempenhar esta personagem
Açoreana.

3. Avaliação
A meu ver a entrevista teve um global positivo e uma fluidez natural, mas
destacando o que para mim correu melhor de toda a experiência, diria que o acolhimento
que recebi como cliente mal a entrevista começou, pois estiveram presentes todas “as
melhores condições possíveis para ajudar o cliente a enfrentar a dificuldade que
apresenta” (Chalifour, 2008, p.120). Desde o convidar a entrar e sentar deixando-me
confortável, o fechar a porta para obter um ambiente mais calmo e privado para a
conversa, o facto do enfermeiro ter mantido contacto visual comigo durante toda a
entrevista e ainda os comentários que ia fazendo enquanto eu partilhava informação o que
me fazia sentir escutada e à vontade pois “Quando cremos que podemos contar com os
outros, conseguimos ficar mais à vontade durante o relacionamento” (Riley, J. 2004, p.
123).

Outro aspeto positivo foi o enfermeiro ter partilhado comigo que também já tinha estado
nos Açores, assim que soube que eu era de lá, pois isso serviu como forma a aproximar-
nos e também foi um quebra-gelo devido a ser o nosso primeiro contacto visto que “Nesta
fase da relação, as pessoas são em certa medida duas estranhas que se encontram”
(Chalifour, 2008, p.125). Inicialmente eu acabava por passar a mensagem de quem estava
nervosa e o enfermeiro reparou nisso daí este pequeno quebra-gelo.

Como aspeto negativo da experiência eu diria o final da entrevista pois achei que
houve uma certa pressa em terminá-la, talvez pela falta de noção do tempo que já tinha
passado desde o início da mesma, pois a sensação que dava era de que já decorria a mais
do que o previsto apesar de não ser o caso, o que me leva a refletir que futuramente é um
aspeto a melhorar. E ainda destaco o pouco aprofundamento de alguns aspetos que
podiam ter sido mais bem aprofundados, tanto pela minha parte que podia ter
desenvolvido mais como pela parte do enfermeiro que também o podia ter feito.
Tirando estes dois aspetos que considerei negativos na entrevista, o seu decorrer
foi globalmente positivo e com uma fluidez natural como também já referido
anteriormente. Considerei que a entrevista tinha sido concluída com sucesso no aspeto
em que o meu problema foi resolvido, ou seja, a minha inscrição no centro de saúde ficou
validada e ainda houve uma sugestão em relação ao problema que expus sobre a
preocupação excessiva da minha mãe para comigo, apesar da sugestão não ter resultado
para a minha situação, o enfermeiro mostrou interesse em tentar ajudar-me com este
problema.

4. Análise
Consegui com alguma reflexão compreender os aspetos que foram melhores e os
que foram piores no decorrer da entrevista, começando pelos negativos a questão do
tempo foi realmente algo que me preocupou e levou a refletir sobre o que poderia ter sido
feito para melhorar este aspeto. Neste caso talvez a solução fosse ter algum relógio por
perto de modo que conseguíssemos ambos ver o tempo que passava, sem que parecesse
de modo algum que estávamos a querer despachar a entrevista, ou então que o enfermeiro
queria despachar a cliente, serviria apenas para ter uma noção do tempo para também
melhorar outro aspeto que considerei negativo que foi o pouco aprofundamento de alguns
assuntos. Os assuntos que considerei que podiam ter sido abordados de forma mais
profunda foram o facto de eu vir viver sozinha para Lisboa, o de não me dar bem com o
meu irmão e também poderia ter havido uma recolha com mais algum detalhe sobre o
curso que comecei a frequentar recentemente, neste caso agronomia.
Em ralação aos aspetos considerados positivos que foram relacionados com o
acolhimento que recebi como cliente, acho que esse aspeto foi bem conseguido e que se
deve manter este tipo de acolhimento e contacto com o cliente, pois este “Traduz-se na
atitude do interveniente, mas também na atitude do cliente consigo-mesmo” (Chalifour,
2008, p.177). Isto em função do tipo de cliente presente, mas também tendo sempre em
conta e garantindo o conforto e bem-estar do mesmo. O outro aspeto positivo foi o facto
do enfermeiro me ter dito que já tinha estado no Açores o que foi importante para
aumentar a nossa proximidade e encontrar algo em comum para um possível aumento de
confiança da minha parte para com o enfermeiro, o que também é importante na relação
enfermeiro-cliente pois desta forma o cliente “vai sentir-se em confiança, respeitado,
apreciará os efeitos de uma relação autêntica e tenderá a reproduzir o mesmo” (Chalifour,
2008, p.207).
Acho que consegui contribuir para a experiência e para o bom desempenho da
entrevista apesar de estar nervosa no início, mas como já referi com a fluidez da mesma
fui melhorando nesse aspeto e tive sempre em mente que não queria prejudicar o colega
que realizava o exercício comigo. Esta experiência para mim foi nova porque nunca tinha
feito teatro ou alguma atividade semelhante, os únicos aspetos que tinha como referência
para desempenhar este papel foram em primeiro lugar as observações e treinos dos
exercícios nas aulas teórico-práticas desta unidade curricular e em segundo lugar a minha
própria experiência em unidades de saúde em que fui cliente, tanto em consultas de rotina
como em consultas com motivos mais específicos.
A reação dos colegas em relação ao desempenho prestado foi semelhante à minha
pois notaram os meus nervos iniciais que depois foram desaparecendo, os comentários
feitos por parte deles também tiveram que ver com o facto do acolhimento ter sido bem
conseguido por parte do enfermeiro e que a entrevista decorreu fluidamente e
naturalmente, tal como notado por mim. Fizeram alguns elogios à prestação que tivemos
e apontaram alguns aspetos a serem melhorados tais como o aprofundamento de alguns
assuntos já referidos anteriormente como o facto de não me dar bem com o meu irmão, o
facto de agora viver sozinha em Lisboa e ainda a busca de mais detalhe em relação ao
curso de agronomia.

5. Conclusão
Para concluir considero que um aspeto que podia ter sido organizado de forma
diferente foi a minha perceção do tempo durante o decorrer da entrevista e isso é algo que
vou ter em atenção futuramente. Acho que o que me impediu de realizar de forma
diferente este papel como cliente foram os nervos iniciais, que pareciam não me deixar
pensar e novamente a noção do tempo.
Com esta experiência aprendi que apesar dos meus nervos e dificuldades sou
capaz de realizar as tarefas propostas e abstrair-me de quem me observa, tentando me
manter calma e concentrada durante a realização das mesmas, do ponto de vista negativo
percebi que uma certa abstração total também pode ser prejudicial.
Esta experiência ajudou-me ainda refletir sobre as minhas competências
adquiridas e a adquirir percebendo o que preciso melhorar na minha comunicação com
os outros e o que preciso de melhorar a nível de gerir horários.

6. Plano de ação
Futuramente precisarei de continuar a trabalhar as minhas técnicas de
comunicação com o outro para manter uma comunicação clara e precisa, precisarei
também de encarar a situação com mais calma e confiança num nível inicial, para depois
não me atrapalhar com o decorrer da entrevista e ainda de aprender a gerir melhor o tempo
disponível, para não acabar antes dos minutos estipulados, mas também caso não me
venha a exceder demais. Apesar destes aspetos considerei a minha prestação e a própria
entrevista em sim bem conseguida e devo manter a minha postura de tentar acalmar os
nervos e de ultrapassar as minhas dificuldades para obter um bom desempenho.
Para atingir estas melhorias propostas terei de primeiro estudar mais as teorias dos
autores e ler mais a respeito das temáticas para uma melhor aquisição de conhecimentos,
segundo devo continuar a preparar as práticas com antecedência para uma melhor
precisão no desempenho e para conseguir corrigir erros passados.
Referências bibliográficas
Chalifour, J. (2008) A intervenção terapêutica – Os fundamentos existencial-humanistas da
relação de ajuda (Volume 1). Loures: Lusodidacta.
Riley, J.B. (2004). Comunicação em enfermagem. (4ª ed.). Loures: Lusodidacta.

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