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VÍVIAN RODRIGUES ALVES

PERCORRENDO A ESTRADA DE TIJOLOS AMARELOS - UMA TRAJETÓRIA DE


EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO E TRABALHO PARA A EDUCAÇÃO NA SAÚDE

São Paulo
2017
VÍVIAN RODRIGUES ALVES

PERCORRENDO A ESTRADA DE TIJOLOS AMARELOS - UMA TRAJETÓRIA DE


EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO E TRABALHO PARA A EDUCAÇÃO NA SAÚDE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Instituto Sírio-Libanês de
Ensino e Pesquisa para certificação no
curso de Especialização Preceptoria em
Residência Médica no SUS.

Orientadora: Juliana Gonçalves

São Paulo
2017
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Guilherme, muito mais do


que meu companheiro, e a Doralice, minha
pequena e linda fonte de energia.
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu marido pela compreensão, apoio e parceria de sempre, e a


minha filha, por aceitar os momentos de ausência e por todo o carinho na presença.

Agradeço ainda aos meus facilitadores, que me contaminaram com seu


entusiasmo pela metodologia ativa de ensino aprendizagem e, com isso, trouxeram
grande motivação para o estudo. A Alberto, pelo exemplo de compromisso e
enfrentamento de grandes desafios, pela aposta e confiança, e por assumir o papel de
professor/orientador também fora da especialização, lhe sou muito grata e nutro
profunda admiração. A Juliana, obrigada pelo trabalho feito com amor, que evidencia no
brilho do olhar, pela forma doce de sistematizar os processos, orientando nossos passos
com maestria.

Agradeço ainda a Verônica, minha querida e nada convencional sogra, que


passou a agendar suas visitas de acordo com meu calendário de aulas da
especialização. Sua presença trouxe alívio e conforto diante da necessidade de me
dividir entre as funções de dona de casa, mãe, profissional e especializanda.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 6
2. TRAJETÓRIA ...................................................................................................................... 9
2.1 PREPARANDO PARA A TRANSFORMAÇÃO ................................................... 10
2.2 TRANSFORMAÇÃO ................................................................................................ 13
2.3 DESDOBRAMENTOS DA TRANSFORMAÇÃO ................................................. 14
3. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 18
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 19
5. APÊNDICES ...................................................................................................................... 21
5.1 MEMORIAL DA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL ...................................................... 21
5.2 REGISTRO DE EXPECTATIVAS ELABORADO NO INÍCIO DO CURSO........... 22
5.3 REGISTRO DO PERFIL DO ESPECIALIZANDO NO MOMENTO DO
INGRESSO NOS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO – PROADI-SUS - 2ª EDIÇÃO
2017 ........................................................................................................................................ 23
6. RESUMO ........................................................................................................................... 24
1. INTRODUÇÃO

Através deste trabalho de conclusão de curso, contarei sobre o grande


crescimento profissional e pessoal que me foi proporcionado pela participação na
Especialização Preceptoria em Residência Médica no SUS (PRMSUS), e como a
reapresentação à metodologia ativa de ensino aprendizagem, desta vez de maneira
muito mais estruturada e sedutora contribuiu para isto.

Minha formação ocorreu numa faculdade em transição para a metodologia da


Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), ou Problem Based Learning (PBL),
então, nosso modelo era o que a coordenação do curso chamava de “PBL misto”. Minha
turma era a primeira desta transição e questionávamos muito algumas das atividades,
o formato de avaliação, muitas vezes compartilhávamos a sensação de estarmos sendo
malformados ou, ao menos, formados com muitas lacunas.

Quando me formei (junho de 2012), tomei uma decisão pessoal que me levou
a morar numa cidade que não tinha o programa de residência que, na época, eu gostaria
de fazer (anestesiologia). No entanto, este contexto me levou a trabalhar na Estratégia
Saúde da Família (ESF), área pela qual sempre me interessei muito na formação, sendo
uma entre poucos alunos da turma que gostavam das matérias e rodízios de estágio
relacionados à saúde coletiva.

A atuação na ESF apenas aumentou o meu sentimento de satisfação


profissional e me trouxe a certeza de que eu tinha encontrado a área de atuação na qual
gostaria de permanecer e construir minha carreira, a despeito de todos os desafios que
isso representava, como enfrentar comportamentos de não aceitação de amigos e
familiares. Mas, nesta fase da vida, eu já vinha conquistando independência emocional
para tomar e assumir minhas decisões. Começou com decisões pessoais e apenas
precisei expandir para as profissionais, como fazer uma especialização de dois anos em
Medicina Tradicional Chinesa / Acupuntura.

Ao terminar a especialização em Acupuntura, houve uma nova mudança e


viemos morar no Recife (abril de 2015). Foi quando vislumbrei uma ótima possibilidade
de fazer a residência em Medicina de Família e Comunidade, já que Recife é uma das
referências nacionais na área, mas já havia passado o período das inscrições para o
processo seletivo. Foi também quando engravidei e, como não tinha começado a
trabalhar ainda, a vida pessoal ocupou toda a rotina.
Aos seis meses de gravidez, fui convocada para um concurso ao qual tinha me
candidatado como médica da ESF do município de Jaboatão dos Guararapes. Trabalhei
numa Unidade de Saúde da Família por pouco mais de dois meses até iniciar minha
licença maternidade.

Assim que voltei da licença, seis meses depois (julho de 2016), fui convidada a
ser preceptora do rodízio de saúde coletiva do internato de medicina de uma Instituição
de Ensino Superior (IES) conveniada à Secretaria Municipal de Saúde do Jaboatão dos
Guararapes (SMS-JG). Aceitei imediatamente, pois sempre me agradou a ideia de
ensinar; tinha sido monitora de três matérias durante a faculdade e gostava muito desta
função. Ainda havia a oferta de uma gratificação, o que tornou o convite mais atrativo.

Esta etapa foi cheia de desafios: recém-chegada a uma nova Unidade de


Saúde da Família (USF) - inaugurada dois meses antes -, com muitos processos de
trabalho em estruturação; planejar e supervisionar as atividades das internas e avalia-
las; conciliar a rotina pessoal pesada com a rotina de trabalho e ainda encontrar tempo
para estudar, afim de realizar melhor todo este trabalho. Esta última tarefa acabava
ficando sempre em último plano.

Após poucos meses de retorno ao trabalho, tive a oportunidade de assistir à


apresentação de projetos aplicativos de alguns grupos de médicos que estavam ali
finalizando uma especialização em preceptoria pelo Hospital Sírio-Libanês. Me chamou
a atenção o município ter uma iniciativa educacional do renomado hospital e fiquei
curiosa sobre como se dava isso, mas não tivemos muitos esclarecimentos neste
momento, apenas as apresentações.

Alguns meses depois, recebi através de uma rede social virtual, a divulgação
de que estavam abertas inscrições para o Curso de Especialização em Preceptoria em
Residência Médica no SUS do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês
(IEP/HSL). Achei uma ótima oportunidade para melhorar minha atuação como
preceptora e me inscrevi. Posteriormente, soube que houve o acolhimento do curso,
mas eu não recebera comunicado algum. Entrei em contato com uma das responsáveis,
que se desculpou pela falha de comunicação e me deu as informações que eu precisava
para iniciar o curso.

Uma das expectativas que eu tinha era qualificar a minha atuação profissional,
na qual sentia muitas lacunas pela ausência de uma especialização na minha área, além
daquelas devidas a ter passado algum tempo sem exercê-la. Esperava ainda poder
aprender ferramentas para melhor condução dos internos que eu recebia, pois muitas
fragilidades vinham aparecendo desde que eu começara a exercer o papel de
preceptora. Acredito muito na Medicina de Família e Comunidade (MFC) e na
potencialidade que ela tem para melhorar a qualidade de vida da população, no entanto,
a especialidade ainda é muito subestimada e discriminada. Me motivou muito pensar
que, após o curso, eu estaria mais preparada para transmitir isso para estudantes de
graduação e residentes, e que eu poderia proporcionar uma melhor formação para eles
na minha área, fortalecendo a MFC e, consequentemente a atenção básica, podendo
melhorar sua resolutividade.

O curso de Especialização PRMSUS durou nove meses, com encontros


mensais que duraram três dias cada, durante os quais desenvolvemos atividades em
pequenos grupos, utilizando práticas de metodologia ativa, sob orientação de um
facilitador. Cada atividade tinha a sua intencionalidade pedagógica, afim de desenvolver
o perfil de competências do preceptor (LIMA et al., 2017) e desenvolver habilidades
importantes para o exercício da preceptoria, como comunicação e formas de avaliação
(feedback).

A seguir, falarei sobre a trajetória percorrida por mim durante o curso,


abordando o desenvolvimento do perfil de competências do preceptor, e também sobre
a transformação ocorrida na minha vida profissional através da participação no curso e
seus desdobramentos, que me levaram a desenvolver principalmente o perfil de
competência de gestão.
2. TRAJETÓRIA

No primeiro encontro, fomos apresentados uns aos outros, aos facilitadores e


à metodologia que seria utilizada ao longo do curso, já vivenciando algumas atividades
como o processamento de situação problema, percorrendo o início da espiral
construtivista (LIMA, 2017), e a viagem educacional com filme - cine viagem.

Fomos divididos em pequenos grupos diversidade, e a primeira atividade, após


nos apresentarmos, foi falar sobre as expectativas em relação ao curso, sintetizando-
as, preferencialmente em uma palavra, e escrevendo numa tarjeta.

Neste momento, já estávamos exercitando a área de competência de educação


do perfil de competências do preceptor (LIMA et al., 2017, p.27-9). O exercício de
registrar as expectativas me fez pensar nas minhas necessidades de aprendizagem, e
perceber que elas me levaram a estar ali desenvolvendo uma atividade educacional a
partir do que identifiquei.

Na primeira cine viagem, o cenário de uma residência em medicina interna de


um hospital francês (LILTI, 2014) nos levou a pensar em todas as áreas do perfil de
competências. Na história, podíamos verificar como a ausência das competências de
educação e de gestão levavam a uma formação deficiente e uma atenção à saúde ruim.
O filme foi inspirador, evidenciando como uma preceptoria presente e qualificada é
importante para o residente, para os usuários do serviço, para os demais membros da
equipe, afinal um processo educacional frágil leva a processos de trabalho deficientes,
assim como o contrário também ocorre. Esta atividade provocou em mim um aumento
do desejo de desenvolver meu perfil de competências e não permitir que meus internos
se sentissem abandonados como o protagonista do filme; que eu pudesse dar a eles
algum direcionamento de acordo com a identificação de suas necessidades, e das
necessidades do serviço e da comunidade assistida e, com isso, contribuir para uma
melhor formação, mas também para uma melhoria nas práticas da minha USF e nos
serviços prestados à comunidade.

Neste sentido, principalmente após ler o perfil de competências da saúde, uma


das atitudes concretas que tomei foi cobrar um melhor registro das informações no
prontuário, algo que eu costumava fazer, mas não cobrava tanto dos estudantes. Outra
atitude (aqui influenciada também pela introdução à metodologia ativa) foi falar menos
nas discussões dos casos atendidos, provocando-os a sugerir as hipóteses
diagnósticas, os exames que gostariam de solicitar, ou o que interpretaram daqueles
trazidos, e qual seria a conduta terapêutica.
Ainda no primeiro encontro, fizemos uma oficina de trabalho sobre como fazer
e receber críticas, que foi especialmente significativa. Sempre falo nos meus ambientes
de trabalho, de estudo e de convívio pessoal a importância de uma boa comunicação.
A maneira errada de transmitir ideias, informações, de fazer uma avaliação, pode ser
extremamente danosa. Por outro lado, o uso de boas técnicas de comunicação pode
levar ao crescimento pessoal, acadêmico, profissional daquele com quem se fala, e
mesmo daquele que fala. Foi muito bom sistematizar os itens aos quais devemos nos
manter atentos ao planejar fazer críticas e ao recebê-las também. Passei a observar
melhor a minha forma de fazer críticas, tanto no trabalho quanto em casa, levando em
consideração principalmente o cuidado, a atenção, a afetividade, a oportunidade e a
compreensão, mas também busquei a confirmação em alguns casos nos quais este
aspecto se mostrou mais aplicável (YOUNG; FRANCIS, 1992).

O processamento da Situação Problema (SP) 1 (“Novidades”) foi como abrir as


portas para uma nova forma de aprender: aprender a aprender. Percorrer os passos da
espiral construtivista pela primeira vez foi um tanto complexo, pois ainda não sabíamos
ao certo como fazê-lo, mas a condução do facilitador foi ótima e essencial para uma
atividade bem-sucedida. Identificar problemas, formular explicações e elaborar
questões de aprendizagem (LIMA, 2017) pode parecer algo simples dito assim, mas o
processo para fazê-lo a partir de um pequeno texto apresentou-se como um grande e
provocador exercício, que fez despertar em mim o desejo de estudar, que passara um
tempo adormecido e ainda estava um pouco sonolento.

2.1 PREPARANDO PARA A TRANSFORMAÇÃO

Iniciou-se uma grande transformação na minha vida profissional e pessoal, e


modo de ver e vivenciar o meu trabalho e seus objetivos, quando, ainda no primeiro
encontro, fui convidada pela coordenadora da residência médica da SMS-JG, que
também era facilitadora do curso, para ser preceptora de uma residente. Me pareceu
que não havia nada mais natural, então aceitei e me coloquei à disposição, pedindo que
me fornecesse mais informações antes de passar a exercer a função.

As atividades desenvolvidas no segundo encontro trouxeram à tona a


discussão do perfil de competência de gestão. O Team Based Learning (TBL) 1
(“Construindo parcerias”), a cine viagem “Minidoc”, o TBL 2 (Projeto Aplicativo no
contexto das iniciativas educacionais do IEP/HSL) e a primeira Oficina de Trabalho do
Projeto Aplicativo (OTPA 1 - Ativando o pensamento estratégico) nos fizeram pensar
especialmente na “identificação de obstáculos e oportunidades à articulação do trabalho
e educação na saúde” constante no perfil de competência (LIMA et. al., 2017, p.27-9).

No TBL 1 fomos provocados pela Prof.ª Eliana Ribeiro a pensar sobre a


integração ensino-serviço, a importância do diálogo entre os atores envolvidos,
utilizando os argumentos certos para a construção de parcerias, e fomos apresentados
ao Contrato Organizativo de Ação Pública Ensino Saúde (COAPES), que viria a ser um
importante objeto de trabalho para mim em pouco tempo.

O “Minidoc” (IEP/HSL) complementou a discussão sobre integração ensino-


serviço do TBL 1. No vídeo, profissionais da atenção básica e estudantes de graduação
em medicina falaram sobre a riqueza da experiência da inserção precoce dos
graduandos no campo de prática da Atenção Primária à Saúde (APS), trazendo
crescimento acadêmico para os estudantes, profissional para os preceptores e pessoal
para ambos, mesmo em serviços onde não havia médico, evidenciando que a APS é
essencialmente multiprofissional.

O TBL 2 foi especialmente significativo para mim, por motivos que detalharei a
seguir, e, juntamente com a OTPA 1, introduziu conceitos de Planejamento Estratégico
Situacional (PES), uma importante ferramenta para promover “a elaboração de
estratégias e ações contextualizadas e articuladas para o enfrentamento dos problemas
priorizados e o alcance dos resultados pactuados”, mais uma competência a ser
desenvolvida na área de gestão do perfil de competência do preceptor (LIMA et. al.,
2017, p.27-9).

Na nova síntese da SP 1, continuamos seguindo o caminho da espiral


construtivista, trazendo o resultado das buscas de novas informações, construindo
novos significados (alguns durante as buscas e outros juntos, em grupo) e avaliando o
processo, para compreender se tínhamos conseguido solucionar os problemas ou
explicá-los da melhor forma. Com isso, desenvolvemos, no perfil de competência de
educação, a capacidade de identificar nossas necessidades de aprendizagem, assim
acabamos levando esta capacidade para o âmbito do ambiente de trabalho.

Entre os resultados das buscas, foi importante compreender que a


problematização é a base de qualquer metodologia ativa de ensino aprendizagem, e o
termo problematização ganhou um novo sentido para mim. Destaco ainda que conhecer
a Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser me marcou, por ser muito explicativa
e servir como um guia na escolha de processos de aprendizagem e como prova de que
estamos no caminho certo (GLASSER, 1998).

Detalho muito este encontro porque ele foi muito rico em conhecimento e
experiências e teve uma grande repercussão para minha permanência no curso e
aceitação da função de preceptora da residência médica da SMS-JG. Cheguei a ele
desmotivada, porque no segundo contato com a coordenadora da residência, percebi
que não concordava com a forma como o programa vinha sendo conduzido e não
parecia haver muita abertura para sugestões e críticas. Somou-se a isto o fato de o meu
facilitador ser o secretário de saúde do município e eu acreditar que ele estava ciente
do formato que o programa de residência tinha naquele momento.

No entanto, após assistir a Prof.ª Marilda no TBL 2, falando sobre a importância


do desejo de mudança como agente de transformação, me senti novamente motivada,
querendo tentar mudar a realidade do Programa de Residência em Medicina de Família
e Comunidade do Jaboatão dos Guararapes (PRMFC-JG). Então, venci minha
sensação de estar fazendo algo errado e conversei com meu facilitador/secretário,
obtendo a resposta de que eu não me desmotivasse e que ele convocaria uma reunião
para tratar o assunto.

Ainda movida pela fala de Dra. Marilda, fiz algumas pesquisas e enviei para ele
uma nova proposta de modelo para o PRMFC-JG, considerando principalmente as
“Diretrizes operacionais dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão”
(BRASIL, 2006), os requisitos mínimos dos Programas de Residência Médica,
constantes na Resolução nº 02/2006 da Comissão Nacional de Residência Médica
(CNRM), além de orientações da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e
Comunidade (SBMFC, 2004). A resposta ainda levaria algum tempo para chegar.

O TBL 3 (“Produzindo cuidado no exercício da preceptoria”) e a SP 2 (“Luz de


vela”) trouxeram a importância de considerar o perfil socioeconômico daquele sob
cuidado para uma boa atenção à saúde. A atuação da preceptora do TBL 3 demonstra
muitas habilidades do perfil de competência do preceptor na área de educação, como a
identificação de necessidades de aprendizagem, desenvolvimento de ações
educacionais no exercício da preceptoria e avaliação das ações e processos
educacionais no exercício da preceptoria. Tomei como exemplo as ações desenvolvidas
pelos estudantes, sob orientação da preceptora, como algo que eu poderia fazer com
os meus graduandos, envolvendo mais a minha equipe nestas atividades também:
avaliar itinerário terapêutico, construir Projeto Terapêutico Singular (PTS), levar os
casos de difícil condução para as reuniões de equipe - que acabam se tornando
puramente administrativas -, promovendo compartilhamento de saberes e co-
responsabilização do cuidado entre todos os membros da equipe e os estudantes.

Desenvolvemos ainda oficinas de trabalho para construção do PTS e do


fluxograma analisador de acesso do caso discutido no TBL 3, e tivemos uma cine
viagem na qual era abordado o genograma. Estudando estas ferramentas percebia estar
atingindo aquelas expectativas relacionadas a melhor capacitação para o exercício da
MFC.

2.2 TRANSFORMAÇÃO

Acabei não tendo logo a oportunidade de colocar tais ferramentas em prática,


pois pouco depois fui convidada pelo secretário de saúde a assumir a coordenação do
PRMFC-JG e, para isto, precisei me afastar da USF. Aceitar este convite representou
aproveitar uma grande oportunidade de realizar algo a partir daquele meu desejo de
mudança, mas também um enorme desafio.

Ao chegar para integrar a equipe, havia apenas uma pessoa, com carga horária
de vinte horas semanais, responsável pela educação permanente em saúde (EPS), pela
residência multiprofissional e pela integração ensino serviço. Alguns dias antes, havia
sido publicada a Política Municipal de Educação Permanente em Saúde (PMEPS) no
Diário Oficial municipal, instituindo alguns espaços de fomento, entre eles o Núcleo de
Educação Permanente (NEP), contando com representação de todos os setores da
SMS-JG, cuja a primeira reunião ocorreu exatamente no dia da minha chegada.

Desde então, foi um verdadeiro curso intensivo dos processos relacionados a


educação que ocorrem, ou, pelo menos, deviam ocorrer, dentro de uma secretaria de
saúde e que estavam necessitando de uma condução mais estruturada.

Concomitante à minha chegada, conseguimos uma sala para funcionamento


do setor de educação permanente, uma profissional para apoio administrativo e uma
residente de saúde coletiva, que estava em um projeto de extensão e aceitou um convite
para fazer um rodízio no setor.

No entanto, precisávamos ainda compreender melhor a posição dos processos


que estávamos desenvolvendo dentro do organograma da SMS-JG. Foi quando
soubemos que havia o projeto de uma gerência de educação na saúde, que, quando
começamos a discutir, tomou forma de gerência de gestão do trabalho e da educação
na saúde (GGTES), seguindo o modelo de organização da Secretaria Estadual de
Saúde e do Ministério da Saúde (BRASIL, 2016).

Desta forma, a GGTES da SMS-JG foi criada em agosto de 2017 e passou a


ser responsável pelos processos de educação permanente em saúde, integração
ensino-serviço-comunidade e as residências em saúde, além de aproximar o diálogo
com a gestão do trabalho. Neste movimento, eu fui designada gerente do setor.

Enquanto tudo isso acontecia no âmbito do trabalho, desenvolvemos na


especialização muitas atividades que me fizeram buscar conhecimentos extremamente
úteis para desenvolver minhas novas atribuições.

A OTPA Mesa de Negociação entre a Universidade Federal de Polis (UFPOL)


e a Secretaria Municipal de Saúde de Polis (SMS-Polis) fez o grupo vivenciar o cenário
de negociação entre os atores envolvidos na integração ensino-serviço-gestão-
comunidade. O primeiro exercício interessante nesta atividade foi perceber que, mesmo
dentro da mesma instituição, existem atores com interesses diferentes, pois a
representação da UFPOL contava com professores e estudantes, enquanto a
representação da SMS-Polis contava com gestores e preceptores. Percebemos a
importância de ouvir cada um dos atores, para construir a integração de forma que seja
benéfica para todos, garantindo que haja campos de prática para as instituições de
ensino; qualificação e valorização do profissional preceptor, garantindo uma formação
melhor para os graduandos, ao mesmo tempo que promove uma assistência de maior
qualidade à população; compromisso das instituições de ensino em fornecer
contrapartidas para o município. Ficou patente também, mesmo que tenha sido apenas
uma simulação, a oposição que existe entre preceptores e gestores e entre professores
e estudantes e que isso precisa ser trabalhado.

O enriquecedor diálogo entre a especialização e o trabalho fica evidente ainda


em duas questões de aprendizagem levantadas no processamento da SP2 (“Luz de
vela”): (i) como melhorar a integração entre os pontos de atenção para beneficiar o
trabalho em equipe e (ii) em que medida a educação permanente potencializa mudança
de prática e melhora a integração de serviços.

2.3 DESDOBRAMENTOS DA TRANSFORMAÇÃO


Não é possível promover integração sem que haja um canal de comunicação.
Já me inquietava muito a comunicação precária que percebia entre a gestão e os
profissionais da assistência (inclusive levantada como problema na OTPA “Identificando
problemas da preceptoria no contexto atual”) e enfrentávamos o desafio de contar com
pouco apoio dos profissionais para a inserção dos graduandos e residentes nos serviços
de saúde da rede. Convocamos, então, os colegiados de categoria profissional da Rede
de Atenção à Saúde (RAS) de Jaboatão, espaços também previstos na PMEPS
(JABOATÃO DOS GUARARAPES, 2017), para nos aproximar dos profissionais e levar
a discussão da educação permanente e da atividade de preceptoria, acolhendo suas
necessidades e problemas enfrentados, inclusive através de instrumentos que
permitiram a coleta de dados. Para enriquecer a discussão, convidamos as
representações das instituições de ensino, para que também ouvissem as demandas e
sugestões dos profissionais. Conseguimos promover um contato muito rico entre os
próprios colegas de trabalho, a gestão de saúde municipal e as instituições de ensino
ali representadas.

Uma outra realização logo no início da GGTES foi o 1º módulo do Curso de


Aperfeiçoamento para Gestores Locais e Regionais da SMS-JG, uma demanda surgida
na primeira reunião do NEP, para qualificar o trabalho dos coordenadores das regionais
de saúde e das policlínicas, buscando melhorar seus processos de trabalho. Mais uma
ação de EPS, que promoveu integração entre os profissionais e, portanto, entre seus
serviços (BRASIL, 2009).

Resgatando ainda a OTPA “Identificando problemas da preceptoria no contexto


atual”, os problemas levantados tem sido foco da minha atenção enquanto gestora e o
fato de eles terem sido levantados espontaneamente por diferentes profissionais da rede
serve de argumento para convencer outros gestores a buscar soluções conjuntamente.
Portanto, venho tentando, inclusive através das realizações já citadas, sempre com
apoio dos colegas e do próprio secretário, promover algumas situações objetivo
delineadas na OT, como uma maior integração entre os serviços de saúde, articulação
eficiente entre ensino e serviços, acesso mais fácil a informações em saúde e
adequação da infraestrutura.

Enquanto as diferentes atividades vinham provocando reflexões e busca de


novos conhecimentos que fortalecessem meu exercício profissional, a devolutiva da
mesa de negociação foi uma verdadeira aula, que veio em momento bastante oportuno
e ajudou a sistematizar as informações que eu vinha colhendo além de acrescentar
outras tantas. O especialista falou sobre ações de capacitação/EPS voltadas para a
preceptoria, ajuste de carga horária, incentivo financeiro, organização do processo de
trabalho do preceptor, a importância dos programas de residência para os municípios e,
ainda, sobre o COAPES e sobre a importância de organizar a gestão do cuidado junto
a todo este processo. Ou seja, em alguns minutos, ele abordou todo o cenário e
ferramentas que podem ser utilizadas para fortalecer a PMEPS e a integração ensino-
serviço-comunidade, e como isso sendo bem feito repercute positivamente na
assistência à saúde da população (BRASIL, 2009).

Nesta perspectiva, estamos agora trabalhando no Plano de Ação Municipal de


EPS, traçando processos que incluam a problematização do ambiente de trabalho,
utilizando metodologia ativa de ensino aprendizagem para promover transformação nos
processos de trabalho, especialmente da Atenção Primária à Saúde (APS).

Experiências têm demonstrado que a organização da RAS tendo a


APS como coordenadora do cuidado e ordenadora da rede, se
apresenta como um mecanismo de superação da fragmentação
sistêmica; são mais eficazes, tanto em termos de organização interna
(alocação de recursos, coordenação clínica, etc.), quanto em sua
capacidade de fazer face aos atuais desafios do cenário
socioeconômico, demográfico, epidemiológico e sanitário. (BRASIL,
2010)

No tocante à residência, que iniciou o movimento de transformação, fui


responsável pela articulação que permitiu que elegêssemos uma nova Comissão de
Residência Médica, seguindo o preconizado pela CNRM, que vem buscando
reestruturar a residência, para cumprir as determinações da Comissão Estadual de
Residência Médica (CEREM) e CNRM.

Por fim, um instrumento sobre o qual aprendi na especialização, pois falou-se


dele desde o início, sem muita ênfase, mas voltava à discussão regularmente, até que
passou a fazer sentido e ser objeto de trabalho para mim foi o COAPES. A partir da
provocação e forte desejo do facilitador/secretário me debrucei sobre a legislação
pertinente e passamos a desenhar o cenário para possibilitar a assinatura deste
Contrato no nosso município.

Assim, instituímos a Comissão de Integração Ensino Serviço (CIES) Municipal,


também prevista na PMEPS, contando com representação das instituições de ensino,
profissionais da rede (preceptores ou não - eleitos no colegiado de categoria citado
anteriormente), gestores, estudantes para tratar da necessidade de formalizar, com um
texto mais adequado do que os frágeis convênios vigentes, a relação entre as
instituições de ensino e a gestão municipal de saúde. Então, apresentamos o COAPES
a estes atores, explicando que ele pretende garantir a inserção dos estudantes, de
ensino superior ou pós-graduação/residência, nos serviços de saúde do município de
maneira que haja um compromisso mútuo com uma formação de qualidade, melhoria
nos indicadores de saúde da população e desenvolvimento dos trabalhadores, tanto da
gestão quanto da assistência à saúde (BRASIL, 2015).

Após algumas reuniões da CIES Municipal, e com a GGTES agora contando


com o reforço de dois coordenadores na gestão da educação na saúde, publicamos o
edital de chamamento público para adesão ao COAPES-JG (JABOATÃO DOS
GUARARAPES, 2017), o primeiro do estado do Pernambuco. E seguimos com o desafio
de pôr em prática aquilo que consta em suas cláusulas.
3. CONCLUSÃO

Iniciar a caminhada foi empolgante, percorrer o caminho foi desafiador e ao


final do curso me sinto orgulhosa pelas pequenas conquistas acumuladas até aqui,
desde o novo despertar do desejo de estudar e aprender a aprender até as realizações
no trabalho aqui listadas.

O curso me proporcionou conhecer muitas pessoas interessantes, cuja


aproximação de algumas inclusive desencadeou o movimento de transformação
descrito.

Em relação ao novo contato com a metodologia ativa de ensino aprendizagem,


identificar problemas, formular explicações, elaborar questões de aprendizagem, buscar
novas informações, construir novos significados e, por fim, avaliar o processo é como
percorrer a estrada de tijolos amarelos e, ao final, ter conquistado novos amigos e
muitos novos conhecimentos e habilidades, sendo a principal delas, reconhecer a
importância de voltar ao início (BAUM, 1900).

Nesta linha de chegada, é fantástico perceber como o aprendizado do conteúdo


trazido pela especialização foi fundamental para desenvolver aquele que passou a ser
o meu trabalho e como a atuação profissional enriqueceu as discussões realizadas nas
atividades do curso. E assim percebo que o desenvolvimento do perfil de competências
de gestão contribuiu para a criação da Gerência de Gestão do Trabalho e da Educação
na Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Jaboatão dos Guararapes, assim como
o exercício da função de gerente fez com que eu desenvolvesse ainda mais o perfil.
Adicionalmente, as habilidades do perfil de competência de educação e de atenção à
saúde também tem sido de suma importância para a visão integral necessária para o
desenvolvimento da EPS.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUM, L. FRANK. O Mágico de Oz. São Paulo, Ática, 1996. (Coleção Eu Leio)

BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Inovação de Processos e Estruturas


Organizacionais - CODIPE/AS/SE. Decreto 8.901 de 10/11/2016, publicado no DOU de
11/11/2016. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-
ministerio/estrutura-e-competencias/leia-mais-estrutura-e-competencias/6772-
organograma-estrutura-e-competencias. Acesso em 15 nov. 2017

BRASIL. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde / Ministério da


Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de
Gestão da Educação na Saúde. - Brasília: Ministério da Saúde, 2009

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010.


Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em:
http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2011/img/07_jan_portaria4279_301210.p
pd Acesso em 18 jun. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na


Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Manual de Apoio aos
Gestores do SUS para implementação do COAPES. Brasília: Ministério da Saúde,
2015, p. 5.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à


Descentralização. Coordenação-Geral de Apoio à Gestão Descentralizada. Diretrizes
operacionais dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão / Ministério da
Saúde, Secretaria Executiva, Departamento de Apoio à Descentralização.
Coordenação-Geral de Apoio à Gestão Descentralizada. Brasília: Ministério da Saúde,
2006.

BRASIL. Resolução CNRM nº 02 /2006, de 17 de maio de 2006. Dispõe sobre


requisitos mínimos dos Programas de Residência Médica e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, nº 95, de 19 mai. 2006, seção 1, páginas 23-36.

GLASSER, William. Teoria da Escolha: Uma nova psicologia de liberdade pessoal.


Mercuryo, 1998.

HIPPOCRATE. Direção: Thomas Lilti. Produção: Emmanuel Barraux, Agnes Vallée.


França, 2014. 102min.

JABOATÃO DOS GUARARAPES. Política Municipal de Educação Permanente em


Saúde. Diário Oficial de Jaboatão dos Guararapes, nº 107, ano XXVII, publicado em 10
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JABOATÃO DOS GUARARAPES. Portaria SESAU nº 050, de 10 de novembro de


2017. Diário Oficial de Jaboatão dos Guararapes, nº 206, ano XXVII, publicado em 10
nov. 2017.

LIMA, Valéria Vernaschi. Espiral construtivista: uma metodologia ativa de ensino-


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LIMA, Valéria Vernaschi et. al. Preceptoria de residência médica no SUS: caderno
do curso 2017. São Paulo: Hospital Sírio-Libanês; Ministério da Saúde, 2017. 74p.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE. A Medicina


de Família e Comunidade - O Que, Como, Quando, Onde, Por que. Disponível em:
http://www.sbmfc.org.br/media/file/documentos/medicina_de_familia.pdf. Acessado em
28 de abril de 2017.

YOUNG, Don e FRANCIS, Dave. Improving Work Groups: A Practical Manual for
Team Building. Pfeiffer & Company, San Diego, CA, 1992.
5. APÊNDICES

5.1 MEMORIAL DA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Desde a graduação, me interesso por atividades de ensino. Tal interesse fez


com que eu me envolvesse nas monitorias de Saúde da Mulher I (acompanhamento
pré-natal de baixo risco) - monitora por um ano -, Saúde da Mulher II (ambulatório geral
de Ginecologia e Obstetrícia) - monitora por seis meses - e Biofunção (Fisiologia,
Biofísica e Bioquímica), monitora por um ano. Nestas monitorias, realizávamos
atividades teóricas e práticas que contribuíssem para o aprendizado dos graduandos de
períodos anteriores. Na minha formação, já utilizávamos metodologia ativa de ensino
aprendizagem, com Aprendizado Baseado em Problemas.

Outras atividades de âmbito acadêmico que considero relevantes foram o


Curso de Extensão em Imunologia, no qual acompanhávamos as atividades de pesquisa
do Grupo de Imunologia do Hospital das Clínicas da Bahia, e a Iniciação Científica no
Instituto de Pesquisas Gonçalo Muniz - Fiocruz/Bahia, onde desenvolvi meu trabalho de
conclusão de curso - um estudo experimental testando o potencial antinociceptivo de
uma substância extraída de plantas, a bergenina.

Já como profissional, noto que muitos médicos que atuam na Estratégia Saúde
da Família resumem suas atividades em atendimento ambulatorial, deixando de lado as
atividades educativas, tanto nas Unidades (salas de espera, grupos, cursos de
gestantes), como nas escolas (Programa Saúde na Escola). Gosto muito de desenvolver
estas atividades, pois entendo como parte essencial da Estratégia, inclusive porque,
para realizá-las, é necessário traçar o perfil sociodemográfico e epidemiológico da
comunidade adscrita, ou seja, SER Médico da Família e Comunidade.

Sempre fiz questão de realizar tais atividades de educação em saúde (ensino


à comunidade) nas Unidades onde trabalhei, acredito que pela minha afinidade com a
especialidade e com atividades de ensino, que agora também tenho levado para o
âmbito da preceptoria do internato, e espero poder compartilhar isto
na preceptoria da residência médica. Desta forma, ficarei ainda mais realizada, por
poder compartilhar como preceptora, conhecimentos de ordem técnica, mas também a
minha visão do que é atuar na Estratégia Saúde da Família.
5.2 REGISTRO DE EXPECTATIVAS ELABORADO NO INÍCIO DO CURSO

“Espero que o curso me ajude a ser e a formar melhores médicos para a


Estratégia Saúde da Família. Principalmente por observar que muitos médicos que
atuam hoje no Programa Saúde da Família não têm perfil para tal e acabam resumindo
a Medicina de Família e Comunidade (MFC) a Clínica Médica dentro da Unidade de
Saúde da Família.

Apesar de não ter formação específica, tenho muita afinidade com a MFC e
gostaria de obter maior capacitação com ajuda deste curso.

Poder levar minha visão da MFC, explicitando a importância e poder estratégico


desta especialidade é algo que me motiva bastante. Espero que o curso possa me
proporcionar, ou dar ferramentas, para isso.”
5.3 REGISTRO DO PERFIL DO ESPECIALIZANDO NO MOMENTO DO INGRESSO
NOS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO – PROADI-SUS - 2ª EDIÇÃO 2017
Curso de Especialização: Preceptoria em Residência Médica no SUS
Nome do(a) Especializando(a): Vívian Rodrigues Alves
Município/Estado de residência: Recife/PE CPF: 02503460526
Sexo: Masculino ( ) feminino ( x ) Idade: 29 anos
Instituição que o indicou para o curso: Secretaria Municipal de Saúde
Município/Estado da Instituição: Jaboatão/PE Cargo/função atual: Médica ESF
1. Curso (área) de Graduação: Medicina Ano de Conclusão: 2012
2. Pós-graduação:
2.1. Pós-Graduação Lato Sensu (especialização): ( ) Não ( x ) Sim Especificar: Medicina Tradicional
Chinesa/Acupuntura
2.2. Residência: ( x ) Não ( ) Sim Especificar:
2.3. Mestrado: ( x ) Não ( ) Sim Especificar:
2.4. Doutorado: ( x ) Não ( ) Sim Especificar:
3. Experiência em pesquisa: ( ) Não ( x ) Sim
4. Experiência em gestão na área da saúde:
4.1. Gestor: ( x ) Não ( ) Sim 4.2. Coordenador: ( x ) Não ( ) Sim
4.3. Gerente: ( x ) Não ( ) Sim 4.4 Diretor: ( x ) Não ( ) Sim
4.5 outro especificar:
5. Experiência em educação
5.1. Em docência tradicional: ( x ) Não ( ) Sim 5.2. Em Educação à Distância: ( x ) Não ( ) Sim
5.3. Com metodologias ativas: ( ) Não ( x ) Sim 5.4. Em integração ensino-serviço: ( ) Não ( x ) Sim
5.5. Em atividades de preceptoria e/ou tutoria em cenários de prática: ( ) Não ( x ) Sim
5.6. Em Gestão Acadêmica: ( x ) Não ( ) Sim
6. Experiência em atenção à saúde:
6.1. Cuidado individual: ( ) Não ( x ) Sim 6.2. Cuidado coletivo: ( ) Não ( x ) Sim
6.3. Atenção Primária ou ESF: ( ) Não ( x ) Sim 6.4. NASF: ( ) Não ( x ) Sim
6.5. Atenção Especializada: ( x ) Não ( ) Sim 6.6. Urgência e Emergência: ( ) Não (x ) Sim
6.7. Hospitalar: ( ) Não ( x ) Sim 6.8. Outro especificar: -
7. Experiência em Vigilância em Saúde:
7.1. Vigilância Epidemiológica ( x ) Não ( ) Sim 7.2. Vigilância Sanitária: ( x ) Não ( ) Sim
7.3. Saúde do Trabalhador: ( x ) Não ( ) Sim 7.4. Emergências em Saúde Pública: ( x ) Não ( ) Sim
7.5. Promoção à Saúde: ( ) Não ( x ) Sim 7.6. Outro especificar: ( x ) Não ( ) Sim
8. Experiência em Apoio Técnico à Atenção à Saúde:
8.1. Apoio Diagnóstico e Terapêutico: ( x ) Não (
8.2. Assistência Farmacêutica: ( ) Não ( x ) Sim
) Sim
8.3. Saúde Coletiva: ( ) Não ( x ) Sim 8.4. Informação: ( x ) Não ( ) Sim
8.5. Regulação: ( x ) Não ( ) Sim 8.6. Grupos/Equipes Técnicas: ( ) Não ( x ) Sim
8.7. Outro especificar: ( x ) Não ( ) Sim
9. Comentários/Observações:
6. RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso aborda o grande crescimento profissional e pessoal


que me foi proporcionado pela participação na Especialização Preceptoria em
Residência Médica no SUS (PRMSUS) do IEP/HSL, e como a reapresentação à
metodologia ativa de ensino aprendizagem contribuiu para isto. O curso de
Especialização PRMSUS durou nove meses, com encontros mensais que duraram três
dias cada, durante os quais desenvolvemos atividades em pequenos grupos, utilizando
práticas de metodologia ativa, sob orientação de um facilitador. Cada atividade tinha a
sua intencionalidade pedagógica, afim de desenvolver o perfil de competências do
preceptor e habilidades importantes para o exercício da preceptoria, como comunicação
e formas de avaliação (feedback). O trabalho descreve minha trajetória durante o curso,
através do relato reflexivo das atividades que foram mais significativas, e também a
transformação ocorrida no âmbito profissional pela participação no curso e seus
desdobramentos. Passei de médica efetiva da estratégia saúde da família para gerente
de gestão do trabalho e da educação na saúde da Secretaria Municipal de Saúde do
Jaboatão dos Guararapes, o que me levou a desenvolver principalmente o perfil de
competência de gestão, mas também compreender a importância de aprimorar os perfis
de educação e atenção à saúde para desenvolver a educação permanente em saúde
no seu sentido mais amplo. Ao final da caminhada, é fantástico perceber que assim
como os conteúdos trazidos nos encontros contribuíram para a transformação relatada
e o desenvolvimento do meu trabalho, as experiências vivenciadas no trabalho
enriqueceram sobremaneira as discussões realizadas nas atividades da especialização.
Assim, concluo o curso contabilizando algumas conquistas profissionais relatadas ao
longo do texto, que tem íntima relação com tudo o que estudamos ao longo da
programação dos encontros.

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