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Medicina Legal

Semestre: 2023.1
Docentes: Reneé Amorim e Bruno Gil

Perícia, peritos e assistentes técnicos

Perícia: conjunto de procedimentos médicos e técnico-científicos que possuem como


finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça. A finalidade da perícia é
produzir uma prova, que é diferente da testemunhal, por exemplo, por não haver como base o
critério objetivo.

CPC - Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico
ou científico.

A perícia é materializada por meio de laudo, ou seja, uma peça escrita que dispõe de todos os
elementos observados pelo perito.

CPP Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de
diploma de curso superior.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma
de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica
relacionada com a natureza do exame.

O “corpo de delito” é qualquer corpo, humano ou não, no qual ocorreu o fato ou no qual
foram deixados vestígios do fato. Podem ser periciados: pessoas, objetos, locais, alimentos,
animais…

Autoridade competente para solicitar a perícia: delegados, juízes, Ministério Público,


autoridade militar, CPIs e delegados de polícia. Os advogados apenas podem solicitar perícia
indiretamente. Ou seja, o advogado requer ao juiz que seja solicitada uma perícia, ao que o
juiz pode ou não deferir tal pedido.

Lugar e hora da perícia:


Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

Prazo do laudo pericial:

Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e
responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser
prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

O perito pode se escusar da realização da perícia, caso alegado motivo legítimo. É diferente
da recusa, situação na qual o perito escolhe não realizar a perícia sem motivo.

Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua
diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.

Cadeia de custódia: é o registro documental da movimentação dos elementos da prova


quando do seu envio, conservação e análise nos laboratórios.

Reconhecimento - isolamento - fixação - coleta - acondicionamento - transporte -


recebimento - processamento - armazenamento - descarte

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.

Honorários periciais:

Peritos:
São auxiliares nomeados pela justiça, que possuem qualificação técnica em alguma área,
sendo, portanto, especialistas para realizar a perícia.

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a
entrega do laudo.
O impedimento e a suspeição são aplicáveis aos peritos:

CPC Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, nomeará novo perito.

O perito pode ser oficial ou nomeado:

Art. 156.
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou
científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.

§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na
rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades,
a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para
a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados.

Peritos x assistentes técnicos:


O assistente técnico é um particular contratado pela parte, que emite um parecer acerca do
laudo pericial.

CPC Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de
termo de compromisso.

§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.

Documentos médico-legais

Notificação compulsória
A notificação compulsória é a comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada
pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde,
públicos ou privados, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou
evento de saúde pública, descritos no anexo, podendo ser imediata ou semanal. Pode ser
negativa para indicar a não existência das doenças indicadas.
Deve ser emitido pelo SINAN - Sistema de Informação de Agravo de Notificação.
Omissão de comunicação de doença:
Omissão de notificação de doença
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Comunicação de acidente de trabalho


O acidente de trabalho define-se na ocorrência de acidente no ambiente de trabalho, seja
durante o seu exercício ou por conta dele. A notificação ocorre para prevenir futuras vítimas
em potencial. É registrado através da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), pelo
próprio patrão. É necessária perícia médica para averiguar a gravidade do acidente, além da
relação fática/ nexo causal entre o resultado, a conduta e o ambiente de trabalho.
Incumbe ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS administrar a prestação de
benefícios, tais como auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, habilitação e reabilitação
profissional e pessoal, aposentadoria por invalidez e pensão por morte.
É uma obrigação legal que, não cumprida, pode acarretar em multa.

Prontuário médico
Requisitos: identificação do paciente; evolução médica diária (no caso de internação);
evoluções de enfermagem e de outros profissionais assistentes; exames laboratoriais,
radiológicos e outros; raciocínio médico, hipóteses diagnósticas e diagnóstico definitivo;
conduta terapêutica, prescrições médicas, descrições cirúrgicas, fichas anestésicas, resumo
de alta, fichas de atendimento ambulatorial e/ou atendimento de urgência, folhas de
observação médica e boletins médicos.

Atestado médico
O atestado ou certificado médico é uma declaração pura e simples, por escrito, de um fato
médico e suas possíveis consequências.
Tem a finalidade de resumir, de forma objetiva e singela, o que resultou do exame feito em
um paciente, sua doença ou sua sanidade, e as consequências mais imediatas. É, assim, um
documento particular, elaborado sem compromisso prévio e independente de compromisso
legal, fornecido por qualquer médico que esteja no exercício regular de sua profissão. Desta
forma, tem unicamente o propósito de sugerir um estado de sanidade ou de doença, anterior
ou atual, para fins de licença, dispensa ou justificativa de faltas ao serviço,entre outros.
Dispensa completamente a identificação do CID no atestado, tendo em vista o sigilo
médico-paciente.
Declaração de óbito/ atestado de óbito
A Declaração de Óbito (DO) é um documento oficial usado em todo o território nacional para
a atestação da morte e se constitui na base do Sistema de Informações sobre Mortalidade
(SIM/MS) do país(3).
É feito por um médico, ainda que a morte não tenha ocorrido dentro de um hospital. Além de
declarar o fim da vida de um indivíduo, no atestado o médico também deverá inserir quais
foram as causas daquela morte. A exceção ocorre apenas em locais em que não existe um
profissional médico – nestes casos, de acordo com o artigo 77 da Lei Federal 6015 de 1973, a
Lei dos registros públicos, o atestado poderá ser feito por duas testemunhas que tiverem
presenciado ou verificado a morte.
A declaração de óbito origina, posteriormente, a certidão de óbito, que é emitida em cartório,

Identificação humana
Introdução:
Identidade: conjunto de caracteres que individualizam uma pessoa ou uma coisa, fazendo-a
distinta das demais. É um elenco de atributos que torna alguém ou alguma coisa igual apenas
a si próprio.
A identificação é o processo através do qual se determina a identidade de uma pessoa ou
coisa. São os procedimentos utilizados para essa finalidade. A polícia científica ajuda na
identificação humana, a fim de permitir que essa pessoa ou seus familiares gozem dos
benefícios aos quais têm direito.
Fundamentos:
● Unicidade: caracteres que sejam específicos daquele indivíduo e diferente dos
demais;
● Imutabilidade: caracteres que não mudam e não se alteram ao longo do tempo;
● Perenidade: capacidade dos caracteres de resistirem à ação do tempo, portanto
permanecerem à vida toda, e, ainda, após a morte.
● Praticabilidade: o processo deve ser prático;
● Classificabilidade;
Os caracteres podem ser natos ou adquiridos.
Documentos que podem ser utilizados para identificação humana:
Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos:
I – carteira de identidade;
II – carteira de trabalho;
III – carteira profissional;
IV – passaporte;
V – carteira de identificação funcional;
VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado.

Reconhecimento x identificação:
O reconhecimento é uma atividade subjetiva realizada por alguém que conhece aquele
indivíduo. Já a identificação é um procedimento médico-legal que tem como finalidade se
utilizar de elementos antropológicos, antropométricos e científicos para entender se um
indivíduo é um, e não outro.

Reconhecimento no CPP:

Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte
forma:

I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser
reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela
tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou
outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará
para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa
chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.

Identificação judiciária:
Se utiliza dos dados antropométricos e antropológicos para identidade civil e caracterização
dos indivíduos.
Os métodos de identificação são independentes entre si, portanto o resultado de um é
suficiente para anular a necessidade de realizar outro.
Papiloscopia: identificação através das digitais.
● Desenho digital: conjunto de cristas e sulcos existentes nas pontas dos dedos;
● Impressões digitais: o reverso do desenho digital, deixado com tinta ou qualquer
outra substância colorante.
Sistema datiloscópico de Vucetich:
Fórmula Dactiloscópica: primeira classificação para fazer uma “peneira”

A fórmula datiloscópica é insuficiente. Deve-se pesquisar os 12 pontos característicos para


identificar uma pessoa.

Tipos de impressão digital:


● Latente: precisa ser revelada com reveladores próprios;
● Revelada ou visível: impressão deixada por qualquer substância (tinta, sangue…) que a
deixe visível; pode ser fotografada diretamente;
● Moldada: impressão deixada em um suporte em relevo; pode ser fotografada;

Casos de polidactilia: o dedo supranumerado consta na ficha.


Impressões plantares (pé): ECA - art. 10 e art. 12

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são
obrigados a:
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital
da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

Antropologia forense
Está associada a um reconhecimento a partir da ossada encontrada.
Ossada: restos dos ossos da pessoa que foi morta. Deve-se identificar se a ossada está
completa, se é única e se é uma ossada, de fato, humana.
O osso humano é menos mineralizado, portanto é mais orgânico. É possível fazer a distinção
entre o osso humano e o animal por análise microscópica feita pelo médico legista.
Em sendo o osso humano, identifica-se:
● Sexo;
● Idade;
● Estatura;
● Etnia?
A antropologia forense busca, assim como o reconhecimento, diminuir as probabilidades.

Genética forense

O DNA humano pode ser encontrado no núcleo da célula, e, ainda, na mitocôndria.


As técnicas da biologia molecular permitem dizer, com certeza científica, a quem pertence
uma amostra biológica encontrada no lugar do crime, no suspeito ou na vítima, se existe
parentesco entre dois indivíduos e, ainda, fazer a distinção entre pessoas distintas em uma
mistura.
Marcadores moleculares: qualquer sítio do genoma onde existe variação na sequência ou no
comprimento do DNA, detectável com polimorfismos entre indivíduos de uma população.
Propriedades do DNA:
● Fidelidade: as moléculas de DNA de um indivíduo são as mesmas em qualquer tecido
do seu corpo;
● Individualidade: não há, na população humana, dois indivíduos que compartilhem o
mesmo DNA, com exceção apenas dos gêmeos monozigóticos;
● Hereditariedade: o DNA é a única molécula capaz de produzir cópias idênticas,
transmitindo os caracteres por várias gerações.

Traumatologia forense
Estuda as lesões produzidas por causas externas e violentas, suas consequências no
organismo e suas implicações jurídicas. É o ramo da Medicina Legal que estuda os traumas,
lesões e instrumentos (meios ou energias) vulnerantes.
O exame pode ser “in vivo”, como ocorre na maioria das vezes. Nessa pessoa viva, a lesão
mais comum é a corporal e a traumatologia busca classificar essa lesão.
O trauma é a ação vulnerante que possui energia capaz de produzir uma lesão. Uma lesão é
uma alteração temporária ou permanente em um indivíduo.

Quesitos do laudo cadavérico


Qual a causa da morte?

Atuação do legista
● Tipo de lesão;
● Meio ou instrumento vulnerante;
● Gravidade (qualificação) da lesão;
● Cronologia: nexo de causalidade;

Instrumento vulnerante
Instrumento x objeto;

Energias de ordem mecânica:


Energias que atuam através de movimento sobre o corpo e modificam completa ou
parcialmente o seu estado de repouso e movimento.
Alguns exemplos de meios mecânicos: punhais, soqueiras, facas, machados, pch, animais,
veículos…
Meios:
● Ativo: quando o corpo humano está parado e é atingido por objeto em movimento;
● Passivo: quando o corpo humano em movimento atinge objeto parado;
● Misto: quando ambos (corpo humano e objeto) estão em movimento e se atingem
mutuamente.

Categoria Meio perfurante Meio cortante Meio contundente

Tipo do Objeto pontiagudo, Objeto possui gume Objeto que possui


objeto delgado e alongado; afiado; superfícies rombas e
planas;

Exemplo de Estilete, sovela, Faca, punhal, Cintos, sapatos,


objeto agulha, florete, peixeira, floral, bastões, cassetetes,
furador de gelo, baioneta;
garfo;

Ação do Atua por pressão ou Atua por pressão e Atuam por pressão,
objeto percussão; deslizamento/ explosão, distensão,
deslocamento; fricção, etc.
margem regular e
borda nítida;
predominância do
comprimento sobre
a profundidade.

Característi Lesão punctória ou Lesão que atinge em Ferida sinuosa ou


cas da lesão punctiforme ângulos variáveis; estrelada, irregular.
(exteriorização em feridas incisas/ Causa rubefação,
forma de ponto); cortantes; ausência escoriação,
de vestígios equimose,
traumáticos em hematoma, edema,
volta da ferida. fratura e luxação;

Hemorragia Pouco sangramento Hemorragia quase Menos sangrantes.


externo; sempre abundante;

Lesão Pode ocasionar Pode ocasionar Geralmente causa


interna importantes lesões importantes lesões lesões internas,
internas - internas - importantes, pelo
profundidade comprimento impacto.

Entrada e A entrada e a saída, Quando a ferida vai Não possui entrada


saída geralmente, têm a se afastando da e saída, uma vez que
mesma entrada, ela vai o objeto
característica = ficando mais contundente não
transfixante superficial - cauda possui gume - ferida
de escoriação superficial.

Causa Geralmente é Geralmente é É mais imprecisa a


jurídica homicida, podendo, homicida ou análise da causa
mais raramente, ser acidental, podendo jurídica.
de origem acidental mais raramente ser
ou suicida. de origem suicida.

Exemplos Esquartejamento, Encravamento,


extras esgorjamento, empalamento.
espostejamento,
castração,
decapitação

Esquartejamento x espostejamento (lesões contundentes):


O esquartejamento divide o corpo em partes regulares, por amputação ou desarticulação, ou
seja, é corrente. Já o espostejamento fragmenta o corpo em partes irregulares, ou seja, é lesão
contundente.

Espectro equimótico

Instrumento corto contundente: peso e força de impacto do alvo pelo gume - causa lesão e
incisão - ação mista; causa lesão profunda, com bordas e formas irregulares e destruição de
tecidos;

Instrumento perfurocortante: possui ponta e gume que atuam pela perfuração e cortam
pelas suas bordas afiadas - ação por pressão e secção. Causa ferida pérfuro incisa.

Instrumento perfuro contundente: mecanismo que perfura e contunde. Quase sempre


produzidos por arma de fogo.

Balística
A balística forense é uma disciplina que estuda as armas de fogo, sua munição e os efeitos
dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação direta ou indireta com
infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência.
Classificação - balística
● Balística interna: trata do funcionamento das armas, sua estrutura e mecanismo, além
da técnica de tiro.
● Balística externa: estuda o trajeto e a trajetória do projétil, desde sua saída da arma
até seu impacto ou sua parada.
● Balística dos efeitos/ balística do ferimento: estuda os efeitos produzidos pelo projétil
disparado, incluindo os ricochetes, impactos e lesões sofridos pelos corpos atingidos
- animados ou inanimados.

Classificação - identificação da arma


● Direta: quando a identificação é feita na própria arma;
● Indireta: quando feita através do estudo comparativo de características deixadas pela
arma nos elementos de sua munição;

Arma e projétil
Pólvora = Pb + Ba + Sb;
A pólvora alcança tanto a vítima quanto o agente.

Lesões
No momento em que o projétil atinge a vítima, ele faz um buraco (orifício de entrada).
Identifica-se a existência de projétil que não saiu do corpo por meio de raio-x.

Tiro à distância:
O orifício de entrada de diâmetro menor que o projétil, é de bordas regulares, circular se
entrou perpendicularmente e oval se entrou em um ângulo, bordas viradas para dentro. O
projétil entra sujo no corpo da vítima, além de quente. Portanto, quando entra no corpo, essa
sujeira se fixa no corpo da pessoa atingida, deixando um halo de enxugo.
Além disso, o projétil deixa orla de escoriação (que indica reação vital), além de pólvora ao
redor do orifício.
Tiro encostado
Ferimento de forma irregular, dentada ou com entalhes, uma vez que todo e qualquer resíduo
vai se projetar para dentro do corpo da pessoa, inclusive os gases (crepitação gasosa), o que
faz com que a pele repuxe para fora (evertidas) - câmara de mina.
Por conta do efeito de mina, é possível que o diâmetro do orifício de entrada seja maior do
que o do projétil.

Tiro a curta distância (queima-roupa)


Ferimento de forma arredondada ou elíptica, com orla de escoriação (arrancamento da
epiderme), bordas invertidas, halo de enxugo, zona de queimadura, etc. São encontradas,
além da lesão em si (efeito primário), outras manifestações provocadas pela ação dos resíduos
da pólvora e partes do projétil (efeitos secundários).
A pele ao redor fica avermelhada, e os pêlos ficam crestados.

Define-se a distância do tiro através de um residuograma.

Orifício de saída
As bordas são evertidas, sem halo de enxugo, geralmente mais sangrantes, sem orla de
escoriação.

Questões extras
Projéteis de alta energia:
Novas técnicas de aprimoramento das armas de fogo trouxeram modificações na velocidade
inicial e no deslocamento do centro de gravidade do projétil.
As armas têm “stopping power”.
IBIS - Sistema de Identificação Balística Integrado - sistema que permite a identificação de
qual arma é qual;

Energias de ordem físico-química


Asfixiologia Forense
Asfixia: impedimento mecânico à penetração de ar nas vias aéreas de forma violenta com
origem externa. Portanto, não decorre de processo natural orgânico.

Anoxia: ausência ou diminuição da oxigenação do cérebro.


1. De ventilação: quando a concentração de oxigênio diminui no ar ambiente e a
hemoglobina do sangue arterial atinge baixos níveis de concentração.
2. Anêmica: quando da diminuição qualitativa e/ ou quantitativa da hemoglobina, como
nos casos de intoxicação por CO ou venenos metahemoglobinizantes, anemias
crônicas ou grandes hemorragias.
3. Tissular: queda da tensão diferencial arteriovenosa de oxigênio ou quando ocorre
inibição de enzimas oxidantes celulares. Mecanismos tóxicos impedem o
aproveitamento do oxigênio pelos tecidos.

Sinais externos para suspeita de asfixia:


● Cianose;
● Hipóstases escuras: manchas de tonalidade escura, consequência da ação da
gravidade sobre o sangue, uma vez cessada a circulação.
● Equimose das conjuntivas;
● Cogumelo de espuma;
Sinais internos para suspeita de asfixia:
● Sangue líquido e escuro;
● Congestão polivisceral;
● Equimoses viscerais;

Fases da asfixia mecânica:


1. Fase cerebral: aparecimento de enjoos, vertigens, sensação de angústia e lipotímias.
Surge bradipneia taquisfigmia.
2. Fase de excitação cortical e medular: convulsões generalizadas e contrações dos
músculos respiratórios e da face, relaxamento dos esfíncteres, bradicardia e aumento
da pressão arterial;
3. Fase respiratória: lentidão e superficialidade dos movimentos respiratórios e
insuficiência ventricular direita;
4. Fase cardíaca: sofrimento do miocárdio, batimentos arrítmicos, lentos e quase
imperceptíveis ao pulso.

Asfixia por constrição do pescoço


É uma asfixia mecânica, que causa inibição nervosa (sinal de dotto) e obstrução circulatória.
Lesões da carótida: sinal de amussat e sinal de friedberg;

Enforcamento:
É o tipo de asfixia mecânica em que ocorre compressão extrínseca cervical com bloqueio das
vias aéreas devido à constrição do pescoço por um laço fixo (geralmente apenas 1 volta)
ativado pelo peso da própria vítima. Ocorre mais em casos de suicídio.
Características:
● Sulco equimótico-escoriação;
● Cabeça voltada para o sentido contrário do nó;
● Marca única e descontínua, formato oblíquo ascendente (forma de “v” invertido);
● Marca acima da cartilagem tireóidea;
● Qualquer região cervical;
● Profundidade regular da marca;
● Protusão da língua, relaxamento dos esfíncteres, ejaculação;
● Menor rigidez cadavérica;

Estrangulamento:
Constrição do pescoço utilizando-se de laço tracionado por qualquer força que não seja o
peso do corpo da vítima (geralmente homicídio).
● Sulco equimótico-escoriativo;
● Marca contínua, com profundidade uniforme;
● Com frequência as marcas são múltiplas (sulcos secundários);
● Hiperemia e tumefações na face, além das sufusões da conjuntiva;
● Sinais de luta;
Esganadura:
Constrição do pescoço por um membro do corpo humano. Geralmente ação direta das mãos
do agressor (marcas ungueais). Sempre associado ao homicídio.
Não causa sulco e geralmente está associada a diversas escoriações, equimoses e hematomas,
e com certa frequência é notada a fratura da hióide.

Sufocação direta
Compressão ou obstrução das cavidades oral e nasal (mão, mordaça, travesseiro), obstrução
das vias aéreas por corpos estranhos.
Os sinais gerais são clássicos de asfixia mecânica.
● Sufocação por oclusão da boca e das fossas nasais (ex.: homicídio com travesseiro);
● Sufocação por oclusão das vias respiratórias (ex.: engasgo);

Sufocação indireta
Compressão do tórax e do abdome, impedindo os movimentos respiratórios e resultando na
asfixia.

Soterramento: tamponamento das vias aéreas por elemento sólido (substância pulverulenta)
ou semilíquido (gel);

Confinamento (asfixia pura): asfixia do indivíduo enclausurado em espaço limitado ou


fechado, com ausência da renovação do ar atmosférico, causando falta de oxigênio e aumento
gradual da concentração de gás carbônico.
Asfixia pelo meio em que a vítima está inserida
Meio líquido: afogamento (afogados azuis) - penetração de elemento líquido nas vias
respiratórias, impedindo a passagem de ar até os pulmões e/ou inundando os alvéolos e
impedindo a troca gasosa. Não há necessidade de imersão total do corpo.

Fisiopatologia do afogamento:
1. Defesa: apnéia voluntária cortical;
2. Resistência: perda da consciência e inspirações profundas;
3. Exaustão (morte aparente): hipóxia cerebral e parada circulatória;

Sinais externos do afogamento (azul):


● Pele anserina, erosão nos dedos, corpos estranhos sob as unhas;
● Cogumelo de espuma;
● Maceração epidérmica;
● Lesões na pele por “arrastamento” no fundo;

Sinais internos do afogamento:


● Líquido nas vias aéreas;
● Corpos estranhos nas vias aéreas;
● Alterações e lesões nos pulmões;
● Aumento do coração;
● Hemorragias intramusculares, temporal e etmoidal;
(...)
Afogados brancos de Parrot: morte na água sem sinais de afogamento, que pode decorrer de
variação térmica brusca. É um diagnóstico por exclusão, por ausência de outra causa mortis.

A morte do afogamento pode se dar tanto por anoxia quanto por conta das alterações
eletrolíticas que a água provoca ao penetrar na corrente respiratória.

Ambiente de gases e vapores irritantes e cáusticos


Asfixia x ação química;
● Pele rosada;
● Sangue fluido e rosado;
● Rigidez cadavérica
Energias de ordem química
São estudadas as substâncias que, por ação física, química ou biológica, são capazes de
causar dano à vida ou à saúde.

Cáusticos: substâncias que provocam lesões tegumentares mais ou menos graves. Seus
efeitos podem ser coagulantes ou liquefacientes.
Efeitos coagulantes desidratam os tecidos e causam escaras endurecidas de tonalidades
diversas; Já efeitos liquefaciens produzem escaras úmidas, translúcidas, moles.
O diagnóstico diferencial das escaras produzidas in vitam ou post mortem não é muito
difícil. Quando produzidas após a morte, elas não têm propriamente a forma de escara,
mostram-se apergaminhadas e de tonalidade marrom-escura. E, sob o ponto de vista
histológico, não apresentam reação vital através dos exames histoquímicos e histológicos.

Vitriolagem: jogar uma substância corrosiva em alguém.


As queimaduras por álcalis tendem a ser mais perigosas que por ácidos, pois os álcalis são
capazes de penetrar mais camadas da pele. Queimaduras por agentes ácidos apresentam
lesões com necrose de coagulação seca. Por outro lado, queimaduras por agentes álcalis
apresentam lesões com necrose úmida devido à liquefação protéica, a qual favorece a maior
penetração do agente nocivo nas camadas da pele.

Venenos: quaisquer substâncias que. introduzidas pelas mais diversas vias do organismo,
danificam a vida ou a saúde.
- Penetração: vias oral, gástrica, retal, inalatória, cutânea, subcutânea, intramuscular,
intraperitoneal, intravenosa, intra-arterial e intratecal.
- Absorção: processo pelo qual o veneno chega à intimidade dos tecidos. As mucosas
são, em sua maioria, aquelas que mais prontamente absorvem os tóxicos. A absorção
gastrintestinal é a mais comum e a pulmonar, a mais grave pelo fato de os gases
venenosos caírem diretamente na circulação, estendendo-se pelos mais diversos
tecidos do corpo.
- Fixação: É a etapa do envenenamento em que a substância tóxica se localiza em
certos órgãos de acordo com o seu grau de afinidade.
- Transformação: é o processo pelo qual o organismo tenta se defender da ação tóxica
do veneno, facilitando sua eliminação e diminuindo seus efeitos nocivos, através de
reações cujos resultados são derivados mais solúveis, menos agressivos e mais fáceis
de serem eliminados.
- Distribuição: é a fase em que o veneno, penetrando na circulação, estende-se pelos
mais diversos tecidos, graças ao sangue e aos líquidos intersticial, celular e
transcelular e dependendo da menor ou maior afinidade do veneno por determinados
tecidos.
- Eliminação: é a etapa na qual o veneno é expelido seguindo as vias naturais. As vias
de eliminação mais importantes são: sistema urinário (o mais fundamental), sistema
digestivo (vômitos e evacuações), ar expirado, suor, saliva, bile e, até mesmo, pelos
cabelos, unhas, placenta e leite.

Envenenamento: conjunto de elementos caracterizadores da morte violenta ou do dano à


saúde ocorridos pela ação de determinadas substâncias de forma acidental, criminosa ou
voluntária.

Síndrome do body packer: aqueles que conduzem no interior do seu organismo (estômago e
intestinos) drogas ilícitas do tipo cocaína, anfetaminas e heroína, sempre com a finalidade de
contrabando. É diferente da chamada body pusher, pois esta se dá aos que transportam
pequenas quantidades de droga nos orifícios naturais (ânus e vagina).

Energias de ordem física


Estudam-se as lesões produzidas por uma modalidade de ação capaz de modificar o estado
físico dos corpos e cujo resultado pode resultar em ofensa corporal, dano à saúde ou morte.

Temperatura
Calor direto - queimaduras
São lesões produzidas geralmente por agentes físicos de temperatura elevada por ações:
● da chama;
● do calor irradiante;
● dos gases superaquecidos;
● dos líquidos escaldantes;
● dos sólidos quentes;
● dos raios solares;
Esses agentes produzem alterações locais e gerais, via contato direto, cuja gravidade depende
de sua extensão e profundidade.

1º grau - eritema (sinal de christenson):


● Apenas a epiderme é afetada;
● Vermelho vivo, devido à simples congestão da pele;
● Não produzem cicatrizes;
● No cadáver: a coagulação fixa o eritema após a morte;
2º grau - flictena (sinal de Chambert):
● Formação de vesículas que suspendem a epiderme;
● Líquido amarelo-claro ou transparente;
● No cadáver: placas apergaminhadas;
3º grau - escaras:
● Formação de manchas de cor castanha, ou cinza-amarelada, indicativas da morte da
derme;
● Deixam cicatrizes proeminentes;
4º grau - carbonização:
● Se particulariza pela carbonização do plano ósseo;
● Pode ser total ou parcial;
● Ocorre redução do volume do cadáver por condensação dos tecidos;
● Posição do lutador ou boxer: semi-flexão dos braços e dedos em garra;
● Fratura dos ossos do crânio e outros;
● Pelos e cabelos tostados;

No corpo carbonizado, para descobrir se o indivíduo estava vivo ou morto no momento da


queimadura, analisa-se a reação vital. Se houver fuligem nas vias respiratórias, bem como
hiperemia e edema da laringe, faringe e parte superior do esôfago, são sinais de que o
indivíduo inalou fumaça, vivo, até morrer devido ao fogo ou à intoxicação.
No caso das flictenas, se ocorre ausência de leucócitos (nas bolhas) entende-se pela ausência
de sinal vital, portanto a queimadura teria sido produzida após a morte.
A gravidade das queimaduras é avaliada em função de sua extensão e intensidade, além da
sobrevivência da vítima.

Calor difuso - insolação e intermação


A insolação é a exposição aos raios solares - ação da temperatura do calor ambiental em
locais abertos. Já na intermação o calor age sobre o corpo em espaços fechados sem
arejamento.

Contribuintes: temperatura, raios solares, ausência de renovação do ar, fadiga, excesso de


vapor d’água, entre outros.
Além disso, há de se considerar: estado de repouso ou atividade, patologias preexistentes,
metabolismo basal, hipofunção paratireoidiana e suprarrenal do indivíduo. Também o
alcoolismo, falta de ambientação climática e vestes inadequadas.

Sintomas: secreção espumosa e sanguinolenta nas vias respiratórias, precocidade da rigidez


cadavérica, putrefação antecipada, congestão e hemorragia das vísceras.

Frio - contato direto


São chamadas de geladuras e produzem lesões muito parecidas com as das queimaduras.

Efeitos: necroses periféricas imediatas ou tardias (infarto).


Grau das geladuras:
- 1º grau: palidez - pele anserina;
- 2º grau: eritema e formação de bolhas ou flictenas;
- 3º grau: necrose com crostas enegrecidas;
- 4º grau: gangrena - pés de trincheira;

Frio - ambiental
A ação geral do frio leva à alteração do sistema nervoso, sonolência, convulsões, delírios,
perturbações dos movimentos, anestesias, congestão ou isquemia das vísceras, podendo advir
a morte quando tais alterações assumem maior gravidade.

Natureza jurídica
Acidente (mais comum), homicídio ou suicídio (mais raro); o caráter doloso pode se dar em
casos de abandono de recém-nascidos.

Eletricidade
A morte por eletricidade natural ou artificial pode ser causada por morte cardíaca (fibrilação
produzida pela corrente, de tensão abaixo de 120V), pela morte pulmonar/ asfixia
(tetanização dos músculos, tensão entre 120 e 1.200V) ou por morte cerebral (hemorragia das
meninges e demais estruturas cerebrais - acima de 1.200V).
Fatores que determinam a natureza, a intensidade e a gravidade das lesões:
- Corrente contínua da eletricidade atmosférica;
- Resistência de corpo atingido.
- Tensão elétrica (voltagem);
- Intensidade da corrente;
- Duração do contato da vítima com a corrente;
- Trajeto da corrente através do corpo da vítima;

Eletricidade natural:
Pode causar fulminação (morte) ou fulguração (lesão corporal).
Gera sinal de Lichtenberg (lesão vascular com aspecto arbóreo).

Eletricidade artificial:
Os efeitos deletérios da corrente elétrica se devem à intensidade da corrente (amperagem).
Eletrocussão: proposital e geralmente letal;
Eletroplessão: geralmente acidental, com ou sem efeito letal. Forma marca elétrica de
Jellineck (lesão de forma circular).

Lesões produzidas pelo som


A intensidade de som considerada segura para o ouvido humano é de até 85 dB. A exposição
contínua e permanente ao ruído (pair). Trata-se de uma perda auditiva geralmente bilateral,
irreversível e progressiva com o tempo de exposição ao ruído.
Situação muito vista em perícias de direito do trabalho.

Lesões produzidas pela luz


Intensidade: pode causar perda de visão.
Ação psicológica: holofote para ofuscar visão em interrogatório.
Epilepsia fotossensível: variação intermitente da luz.
Raio laser

Lesões corporais
Há Animus Laedendi pela parte do Autor, e o bem jurídico protegido é a saúde e integridade

física e psíquica.

Admite dolo e culpa.

● Art. 147 - B: violência doméstica e familiar contra a mulher -> dano emocional

Lesão corporal leve

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem


Pena - detenção, de três meses a um ano.

O entendimento pela lesão corporal leve ocorre por exclusão.


§1º - Lesão corporal grave

§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.

Análise das hipóteses legais:

Inciso I:

Incapacidade física, fisiológica ou psicológica.

Ocupações habituais = rotina da vítima, independentemente de atividade remunerada.

Comprovação do lapso temporal de 30 dias: 2 laudos periciais = 1 inicial e, ultrapassados os

30 dias, é feito um laudo complementar; começa a contar os 30 dias a partir do dia em que se

sofre a lesão.

CPP art. 168 § 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do
Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.

Inciso II:

Perigo de vida: ocorre de forma preterdolosa, uma vez que o dolo inicial não é o de resultar o

perigo de vida para a pessoa (que configura uma tentativa de homicídio).

Inciso III:

Membros: braços, pernas, mãos e pés;

Sentidos: paladar, olfato, tato, audição e visão;

Função: exercida por um conjunto de órgãos. Por exemplo, função respiratória, função

digestiva…

Debilidade: mau funcionamento, porém permanece a funcionalidade; o limite teórico para

a debilidade permanente não deve ultrapassar 70%.


Permanente: a debilidade é permanente no momento atual da medicina;

Diferente do §2º inciso III, que fala em perda ou inutilização de membro, sentido ou

função, que se refere à extirpação do membro ou a inutilização da função, seja

cirurgicamente ou no próprio ato da lesão;

Inciso IV:

É preterintencional; se o agente quisesse matar o feto, responderia por aborto;

Quando o bebê nasce prematuro, mas com vida.

§2º inciso V: se o bebê não sobrevive, a lesão é gravíssima;

Deve haver conhecimento de que a mulher está gestante;

§2º - Lesão corporal “gravíssima”

A lesão corporal gravíssima está prevista no §2º, não com essa nomenclatura, que foi

concebida pela jurisprudência.

§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Análise das hipóteses legais:

Inciso I:

Por permanente entende-se o período do desenrolar do processo penal. Caso o laudo

médico indique lesão corporal permanente, mas com o tempo e o desenvolvimento de

técnicas e tecnologias que possibilitem a regressão do quadro, essa lesão continua sendo

considerada permanente. Permanente, no caso da lesão corporal, não é sinônimo de perene.

Por trabalho entende-se qualquer atividade de subsistência, seja ela formal ou informal.
Inciso II:

Versa sobre questões motoras, mas também sobre doenças, a exemplo da transmissão dolosa

de HIV (jurisprudência). Cabe dizer que a transmissão dolosa de HIV não se encaixa no tipo

penal do artigo 130.

Inciso III:

Utilizando os mesmos parâmetros para membro, sentido e função descritos na lesão corporal

grave, dessa vez ocorre a inutilização.

Transgenitalização: vide resolução 2265/2019 do CFM.

Inciso IV:

Considera-se deformidade a lesão significativa, aparente e socialmente vexatória.

Inciso V:

Quando o feto é natimorto ou, em decorrência da lesão corporal, não sobrevive em momento

posterior próximo ao parto (verificação de nexo causal);

OBS.:

O aborto que provoca uma lesão é regido pelo art. 127 (dolo de abortar); já a lesão que

provoca um aborto é regido pelo art. 129 §2º, V (dolo de lesionar). Quando há dolo de abortar

o feto e dolo de lesionar a gestante em uma única conduta, trata-se de concurso formal

impróprio de crimes, devendo o agente responder por ambos os artigos 127 e 129.

§ 3º - Lesão seguida de morte

§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o


resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
É um exemplo de preterdolo. Há o momento doloso, cuja intenção do agente é de lesionar, e

o resultado morte, que ocorre de maneira culposa.

A lesão corporal seguida de morte é um delito cujo processo é distribuído para a vara

comum, não vai a júri, vez que não se configura crime doloso contra a vida, e sim crime

doloso contra a integridade física com consequência morte.

A medicina legal e os crimes de lesão corporal


Uma vez que as lesões corporais deixam vestígios, faz-se necessário o exame de corpo de
delito.

Sexologia forense
A sexologia forense é a parte da medicina legal que estuda os problemas médico-legais
ligados ao sexo (liberdade e dignidade sexuais).
O objeto de estudo da sexologia forense são todos os fenômenos ligados ao sexo e suas
implicações no âmbito jurídico.

Para a OMS, violência sexual é o uso intencional da força ou o poder físico, de fato ou como
ameaça, contra uma pessoa ou um grupo ou comunidade, que cause ou tenha possibilidade
de causar lesões, morte, danos psicológicos, transtornos do desenvolvimento ou privações”.

Estudo dos tipos penais - crimes contra a dignidade sexual.

Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter


conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso:

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

Laudo de exame de constatação de conjunção carnal e/ou atos libidinosos


Quesitos:
1. Há sinais de conjunção carnal recente e/ou prática de ato libidinoso?
2. (em caso afirmativo ao 1º quesito) Há sinal de violência da qual tenha resultado lesão
corporal?
3. Trata-se de periciando que, por enfermidade ou deficiência mental não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por outra causa, não pode
oferecer resistência? Em caso afirmativo, especificar.

Perícia médico-legal
Exame subjetivo: sinais e sintomas que podem ser anotados quanto ao desenvolvimento
mental da vítima, a fim de poder caracterizar possíveis agravantes ou tipificações penais.

Exame objetivo genérico: leva-se em consideração o aspecto geral da vítima, além de, em
casos sugestivos, pesquisar sinais de presunção e de probabilidade de gravidez. Procura-se,
também, provas de violência ou de luta:
● Equimose em face interna das coxas ou áreas de defesa;
● Surgilações;
● Escoriações nas pernas;
● Escoriações de constrições no pescoço;

Exame objetivo específico: coloca-se a paciente em posição ginecológica, examinando


cuidadosamente o aspecto e a disposição dos elementos da genitália externa.

É considerado uma urgência médico-legal.


Há procedimentos realizados pela vítima que prejudicam o exame:
- Múltiplos banhos - desaparecimento dos vestígios;
Sobre o atendimento da vítima, este deve ser humanizado, a fim de evitar graves
consequências psicológicas nas vítimas.

O decreto-lei 7.958/2013 estabelece diretrizes para o atendimento às vítimas de violência


sexual pelos profissionais de segurança pública e da rede de atendimento do SUS.
- Permite que os hospitais realizem exames (descrições das lesões, registro de
informações e coleta de vestígios, etc.);
- Serviços de Referência para Atenção Integral às Pessoas em Situação de Violência
Sexual;

Conjunção carnal
Conceito legal: refere-se ao ato de penetração do pênis na vagina (restritivo);
Indícios:
- Ruptura himenal;
- Presença de esperma;
- Gravidez;

Hímen
Diagnóstico
Avaliação de integridade/ruptura;
Interpretação das rupturas: tempo;
- Recente: bordas com sangramento, equimose, edema e hiperemia;
- Antiga/cicatrizada: cor uniforme;

Extensão: completa e incompleta.


Ruptura x entalhe:
- O entalhe tem bordas regulares, simétricas e pouco profundas (não alcançando a
borda de inserção);
- Já a ruptura possui bordas irregulares, assimétricas e os sinais específicos de ruptura;

Complacência himenal: depende da elasticidade da membrana, pode ocorrer que o óstio não
se rompa durante a conjunção carnal. o óstio é amplo, com orla estreita e consistência
elástica. Outros fatores, como a lubrificação da mulher, as dimensões dos órgãos sexuais,
bem como a proporção entre eles, podem fazer com que o hímen não se rompa durante a
relação.

Conclusão da conjunção carnal


Penetração total ou parcial do pênis na vagina.
● Ruptura himenal;
● Presença de espermatozóides na cavidade vaginal;
● Presença de PSA (antígeno específico da próstata);
● Pesquisa de fosfatase ácida na cavidade vaginal;
● Gravidez;

Atos libidinosos
Perícia:
● Cópula ectópica:
○ Coito anal - sinais clínicos de lesões na região anal e coleta de material.
● Sexo oral: é difícil estabelecer prova pericial;
● Manipulações na região genital e paragenital;

Exame de verificação de ato libidinoso:


Exame da região anal e peri-anal: importante para distinção de lesão traumática (interesse
médico-legal).
Diferença entre fissuras e rágades.
Etiologia das fissuras:
● Diarréias;
● Constipações;
● Parasitoses - prurido (oxiuríase);
● Doenças dermatológicas;

Violação sexual mediante fraude

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça
ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.


Estupro de vulnerável

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

Gravidez, puerpério e aborto


A gravidez deixa marcas no corpo da mulher:
Sinais de suspeição: atraso da menstruação (amenorréia), enjoo (êmese gravídica).
Sinais de probabilidade: aumento da barriga (fundo uterino), linha nigra (pigmentação da
linha alba, no abdômen), aumento das mamas, rede de haller, aumento dos tubérculos de
montgomery, rechaço uterino.
Sinais de certeza: ausculta de sinais vitais do feto (frequência autônoma), exame do
Beta-HCG positivo.

Crime de aborto

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:


Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Crime de infanticídio

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Tanatologia forense
É a parte da Medicina Legal que estuda a morte e o morto e suas repercussões na esfera
jurídico-social.

Objetivos:
- Identificação do cadáver;
- Mecanismo da morte - tanatognose;
- Tempo da morte - cronotanatognose;
- Causa da morte;

Morte
Evolução histórica do conceito.
Morte clínica: cessação total e irreversível das funções vitais.
Morte circulatória: cessação dos batimentos cardíacos e, consequentemente, da circulação.
Morte encefálica: cessação da atividade cerebral, fazendo com que o indivíduo não mais
interaja com o meio.

Resolução 2.173 do CFM


CONSIDERANDO que a perda completa e irreversível das funções encefálicas, definida pela
cessação das atividades corticais e de tronco encefálico, caracteriza a morte encefálica e, portanto, a
morte da pessoa;

Repercussões da morte:

Tipos de mortes:
● Morte natural;
● Morte suspeita;
● Morte por causa externa (do ponto de vista jurídico: acidental, suicida, criminosa);
● Morte indeterminada: é aquela que, mesmo após investigação, não é possível
identificar qual foi a sua causa.

Fenômenos cadavéricos
Fenômenos abióticos
Imediatos: perda da consciência, parada cardíaca, respiratória, perda da sensibilidade, da
mobilidade e do tônus muscular. Não são sinais de certeza de morte, apenas presuntivos.
Consecutivos:
Rigidez cadavérica (início - 3 a 5 horas; completa - 8 a 12 horas; permanente - 12 a 24 horas).
Livor mortis: hipóstase e livores cadavéricos; algidez cadavérica (algor mortis);

Transformativos
Destrutivos:
● Autólise: ruptura dos lisossomos, com a liberação das enzimas digestivas no
citoplasma e destruindo todo o conteúdo celular.
● Putrefação:
○ Fase de coloração: mancha verde abdominal - 20 a 24 horas após a
morte.
○ Fase gasosa: distensão (liberação dos gases produzidos pelas bactérias).
Ocorre, também, a circulação póstuma de Brouardel.
○ Fase de coliquação ou liquefação: as bactérias e os elementos externos,
além de outros predadores, começam a se apossar do corpo.
○ Fase de esqueletização:

● Maceração: fenômeno destrutivo quando a morte ocorre dentro do útero. A pele se


destaca do corpo.

Conservadores:
● Mumificação:
○ Natural: ocorre mais nos climas quentes e secos e com solo arenoso (rápida
desidratação do corpo).
○ Saponificação ou adipocera: ocorre em clima úmido, com solo argiloso e local
impermeável ao ar atmosférico.

Destino do cadáver
● Inumação;
● Imersão;
● Cremação;

LRP Art. 77 § 2º A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a
vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido
firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista e, no caso de morte violenta, depois de
autorizada pela autoridade judiciária.
● Ensino e pesquisa;

Exumação
É o ato de desenterrar o cadáver.

Perícia na exumação:

Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.

Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de
desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não
destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.

Laudo cadavérico

Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos
quesitos formulados.

Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em
casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

Quesitos:
● Qual foi a causa da morte?
● Qual foi o instrumento ou meio empregado na produção da lesão ou lesões mortais?
● Houve emprego de veneno, fogo, explosão, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que tenha resultado perigo comum?

Necropsia/ autópsia
Necropsia: necros = morto; opsis = ação de ver, observar; ver o morto.
Autopsia: autos = próprio. opsis = ação de ver, observar; ver a si mesmo.
Ambos os conceitos são utilizados na prática médica e jurídica.

CPP art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais
de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.

Tipos:
● Necrópsia médico-legal ou forense: ocorre com mortes por violência ou duvidosos.
● Verificação de óbito: quando a morte não foi violenta, porém sem acompanhamento
médico.
● Necropsia hospitalar ou clínica: morte de pacientes internados em decorrência de
doenças.

Objetivos:
Identificar a causa do óbito:
● Natural: doença ou envelhecimento;
● Causa externa;

Funções da necropsia clínica:


● Esclarecimento de casos sem diagnóstico;
● Controle de qualidade do diagnóstico e do tratamento;
● Reconhecimento do efeito do tratamento na evolução da doença;
● Reconhecimento de novas doenças e de novos padrões de lesão;
● Fonte de informação para a Secretaria de Saúde;
● Material para ensino;
● Material para pesquisa científica.

Funções da necropsia SVO:


● Esclarecimento de casos sem diagnóstico;
● Fonte de informação para a Secretaria de Saúde;
● Reconhecimento de epidemia ou de novas doenças.

Função da Necropsia Forense - IML:


● Esclarecimento de morte considerada suspeita de violência.
● Morte de causa externa.

A necropsia deve sempre ser completa, com abertura das cavidades craniana, torácica e
abdominal.

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de
morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.

Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver
infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver
necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do
possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.

Técnica de necrópsia
● Exame externo:
○ Peso, estatura, impressões digitais;
○ Deformidades, cicatrizes, tatuagens;
○ Vestes;
○ Estado de conservação dos dentes (odontologia forense).
○ Condições do corpo;
○ Fenômenos cadavéricos;
● Incisão:
○ Mento Pubiana;
○ Incisão em Y.
● Exame interno:
○ Abertura da cavidade craniana;
■ Exame da calota craniana - meninges - encéfalo;
○ Abertura das cavidades torácica e abdominal:
■ Exame dos órgãos;
○ Pode haver necessidade de dissecção do pescoço e de outras regiões mais
específicas.

Medidas de segurança:
● Instrumental adequado;
● Roupa adequada;
● Seguir a técnica;
● Cuidado com o osso e com o instrumental;
● Equipe treinada;
● Não ter pressa.

Perícia previdenciária
Existem dois tipos de benefício:
● Por incapacidade: precisa de perícia;
● Não é por incapacidade: não precisa de perícia. Exemplo: aquele benefício que nasce,
para os filhos, quando morre um dos genitores - pensão por morte. Apenas é
necessária a constatação da parentalidade.
Todo benefício do INSS se relaciona ao fato de que o beneficiário (ou seus dependentes/
cônjuge) sofreu um sinistro.
Alguns exemplos de benefício: aposentadoria por tempo de contribuição, pensão por morte…
A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) deve ser emitida pelo empregador.

Benefício por incapacidade


Ocorrência de sinistro.
No caso da pensão por morte:
● Até 21 anos - presunção de dependência financeira.
● Depois da maioridade previdenciária: a partir dos 21, caso haja invalidez, o maior
passa a ser dependente por essa condição (neste caso, há perícia para averiguar a
incapacidade para os atos da vida civil).
○ Caso faça 21 depois da invalidez: o INSS cobre o benefício;
○ Caso a invalidez ocorra depois dos 21 anos, há presunção de independência/
economia própria. Nesse caso, há a desproteção, não há benefício.
■ Pontos importantes: data de início da doença e da incapacidade.

Benefício por incapacidade temporária


Quesitos:
● Existe incapacidade laborativa?
○ Se não houver, o INSS vai indeferir o pedido. Pode haver doenças, mas não
incapacidade.
○ Caso positivo:
■ Parcial: quando a doença incapacita de realizar alguma das atividades
laborativas habituais. O INSS vai indeferir o pedido e realizar a
readaptação funcional - recicla o que você ainda pode fazer, e retira o
que você não pode.
■ Total: Permanente?
● Se não for, concede-se o benefício por invalidez temporária e o
D.C.B.
● Se não sabem se é permanente, ocorre revisão em dois anos,
por falta de condições técnicas para realizar o prognóstico.
● Caso a incapacidade seja permanente:
○ É oniprofissional, ou seja, ocorre para todos os
trabalhos?
■ Sim: aposentadoria por invalidez;
■ Não: reabilitação profissional. Não pode reduzir
o salário (princípio da irredutibilidade salarial).
Se a reabilitação for impossível, ocorre a
aposentadoria por invalidez.

Readaptação funcional é direito trabalhista, de responsabilidade do empregador. Já a


reabilitação profissional é direito previdenciário garantido pelo INSS.

Auxílio-acidente
Ocorre quando há sequelas da doença, resultando no benefício de 50% da renda para
compensar pelo esforço a mais feito para acompanhar a atividade laborativa por conta dessa
sequela.
Condições que dão direito ao auxílio: del. 3.048/99 anexo III

Adicional de 25% para quem vai cuidar do inválido - anexo I do Decreto. Esse adicional
ultrapassa o teto do INSS.
O acréscimo de 25% não é incorporado na Pensão por Morte.

Psiquiatria forense
A psicologia forense estuda a personalidade “normal” e os fatores que nela influem de
natureza biológica ou social, enquanto a psiquiatria forense estuda os transtornos anormais
de personalidade. A psiquiatria forense é a única perícia que não pode ser determinada pela
autoridade policial, mas apenas pelo juízo, de ofício ou a requerimento das partes.

Conceito
É um ramo da medicina legal que se propõe a esclarecer quais os casos em que alguma
pessoa, pelo estado especial da sua saúde mental, necessita de consideração particular
perante a lei.
Áreas de atuação para o Direito: civil, penal, trabalho e administrativo.

Responsabilidade
Para que alguém possa ter capacidade penal e civil e, consequentemente, responder por seus
atos, é necessário que este apresente saúde mental e maturidade psíquica.
Imputabilidade penal
Implica em o agente ter pleno discernimento dos seus atos e determinar-se de acordo com
esse entendimento. O agente tem consciência (da ilicitude do fato) e vontade (possibilidade
de escolher entre praticar ou não o ato).

Critérios biológicos da imputabilidade:


● Idade - menor de 18 anos;
● Doença mental - estado normal do agente;
● Independentemente se tinha, ao tempo da conduta, capacidade de entendimento e
autodeterminação (vontade do agente);
● Em suma: basta ser portador de anomalia psíquica ou menor de 18 anos para ser
inimputável.

CC Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial.

Esses critérios não excluem o portador de doença mental com discernimento e capacidade de
determinação.

Critérios biopsicológicos da imputabilidade


Misto ou híbrido.
Da presença ou não de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Do nexo de causalidade e a capacidade de entender o caráter ilícito e de determinação
(comportar-se conforme esta compreensão).

CPP Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do
acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
CPP Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em manicômio judiciário, onde
houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos, em estabelecimento adequado que o juiz designar.

§ 1o O exame não durará mais de quarenta e cinco dias, salvo se os peritos demonstrarem a necessidade de maior
prazo.
§ 2o Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar sejam os autos entregues aos peritos,
para facilitar o exame.

Exames da personalidade do agente


Utilizados para entender a periculosidade do agente e a progressão de regime penal.
● Avaliação da capacidade civil:
○ Perícia nas ações de interdição de direitos;
○ Perícia nas ações de anulação dos atos jurídicos;
● Avaliação da capacidade de testar;
● Avaliação da capacidade de receber citação judicial.

Capacidade civil
Aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações por conta própria, sem necessidade de
representação legal.

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;


II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.

Tutela e curatela

Tutela Curatela

Menores de 18 anos Maiores de 18 anos

Testamentária ou judicial Sempre judicial

Poderes: proteção da criança e do patrimônio Pode ser restrito ao ser definido pelo juiz -
administrar bens
Poderes amplos

CC Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:

I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
V - os pródigos.

CC Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2
(duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na
tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa
exercer sua capacidade.

Estatuto da PCD Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Ações de interdição de direitos:


A interdição trata-se de uma medida judicial que tem por finalidade alegar a incapacidade,
absoluta ou relativa, de um indivíduo. Isso diz respeito, por exemplo, ao discernimento
necessário para atuar sozinho em questões sociais ou exprimir a própria vontade. Um
curador, portanto, é designado para a segurança da pessoa e dos bens do interditado.

Art. 753. Decorrido o prazo previsto no art. 752 , o juiz determinará a produção de prova pericial para avaliação da
capacidade do interditando para praticar atos da vida civil.

Psiquiatria forense no Direito Civil


● Perícia em ações de modificação de guarda de filhos;
● Avaliação de transtornos mentais em ações de indenização;

Laudo da perícia psiquiátrica


● Prazo de 45 dias;
● Identificação;
● História criminal:
○ Denúncia;
○ Elementos colhidos nos autos;
○ Versão do acusado aos peritos;
● Anamnese:
○ Antecedentes pessoais, hereditários e psicossociais;
● Exame somático;
● Exames complementares (se necessário);
● Discussão e conclusões:
○ Considerações psiquiátrico-forenses;
○ Diagnósticos;
○ Enquadramento jurídico;
● Resposta aos quesitos.
● O laudo psiquiátrico não possui quesitação oficial, devendo o perito avaliar o que será
perguntado caso a caso.

Infortunística - perícia trabalhista


Lei 8.213:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

Art. 21 - equiparação.

● Tecnopatia: é a doença que só existe se o trabalho existir. O único jeito de ter essa
doença é se expondo no trabalho. Exemplo: intoxicação por agentes químicos
(saturnismo, silicose).
● Mesopatia: é a doença cuja existência do trabalho é causa suficiente para que ela
ocorra, apesar de não ser necessário. Exemplo: o digitador que adquire tendinite por
conta do trabalho - sendo que poderia ter sido por conta da faculdade ou por conta de
hobby.
Art. 20 § 1º Não são consideradas como doença do trabalho:

a) a doença degenerativa;

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que
é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo
resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência
Social deve considerá-la acidente do trabalho.

O conceito de doença do trabalho foca na consequência, e não na ação.


Benefício por incapacidade temporária (BIT):
● B31 - comum - acidente não relacionado ao trabalho;
● B91 - acidentário - acidente relacionado ao trabalho.

No caso do benefício acidentário, gera FGTS tanto para o trabalhador afastado quanto para o
substituto. Além disso, há estabilidade no emprego durante 12 meses.
O benefício acidentário está atrelado ao preenchimento da comunicação de acidente de
trabalho (CAT): quem deve preencher a CAT é o patrão, porém, subsidiariamente, caso isso
não ocorra, pode ser preenchido por outros (ex.: sindicato da categoria, médicos,
autoridades,...). Ao preencher a CAT, o empregador automaticamente se vincula à obrigação
do pagamento do FGTS.

Saúde e segurança do trabalho


O local de trabalho está eivado por agentes físicos (frio, calor, pressão desregulada), químicos
e biológicos (agentes patológicos, etc.). Essas pessoas, sem obstar uma possível indenização
futura, devem receber um valor para fins de monetização dos riscos.

Adicional de insalubridade

Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou
métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
A identificação do agente nocivo, a indicação da natureza, das condições e dos métodos
nocivos e o estabelecimento dos limites de tolerância cabem ao MPT (art. 155,I, CLT).

O limite de tolerância é a concentração máxima ou mínima de exposição à qual o trabalhador


pode se submeter, sem que seja comprometida a sua saúde.

Graus:
● 10%
● 20%
● 40%
O adicional é calculado com base no salário-mínimo ou na remuneração-base da categoria.

Adicional de periculosidade
O trabalho com periculosidade é aquele que se encaixa no seguinte previsto na CLT:

Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: inflamáveis, explosivos, energia elétrica e
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou
patrimonial

A exposição permanente é aquela não ocasional, sendo a exposição do agente indissociável


da produção do bem ou prestação do serviço.

364, I, do TST, “tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que,
de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma
eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido”.

A Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego n. 518, de 7-4-2003 prevê outros tipos:


radiação ionizante/radioatividade e, ainda, no art. 6º, III, da Lei n. 11.901/2009 (que assegurou
o pagamento do adicional de periculosidade em favor do bombeiro civil).

Não é possível a cumulação dos adicionais, sendo facultado ao trabalhador escolher aquele
mais vantajoso.
Aposentadoria especial
É aquela que ocorre com 15, 20 ou 25 anos de trabalho, em virtude da possibilidade de dano
permanente por conta do trabalho.
A lista está no anexo IV do DEL 3.048/99.

Violência contra grupos vulneráveis


A violência pode se operar sob diversos espectros (física, sexual, psicológica, patrimonial),
em diversos locais (escolas, hospitais, trabalho em casa) e sobre diversos sujeitos e por
diversos sujeitos (homens, mulheres, idosos, adultos, adolescentes e crianças).

Os grupos considerados vulneráveis:

Crianças e adolescentes ECA

Idosos Estatuto da pessoa idosa

Pessoas com deficiência Estatuto da PCD

Mulheres Lei Maria da Penha

Violência contra o idoso


Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra a pessoa idosa são
passíveis de notificação compulsória. A violência contra o idoso é toda e qualquer ação ou
omissão que cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico contra o idoso.

Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de saúde ou instituição de longa
permanência de comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra pessoa idosa de que tiver conhecimento:
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência.

Crimes em espécie na violência contra o idoso:


Arts. 99-107 do EI.

● Manifestações clínicas:
○ Abuso físico:
■ Contusões, queimaduras ou ferimentos inexplicáveis, de vários
formatos e diferentes estágios;
■ Alopécia traumática ou edema de couro cabeludo;
○ Negligência:
■ Desidratação ou desnutrição;
■ Higiene precária;
■ Vestuário inapropriado ao clima/ambiente;
■ Escaras, assaduras ou escoriações;
■ Impactação fecal;
○ Abuso financeiro:
■ Necessidades e direitos não atendidos (compra de medicamentos,
alimentação especial, contratação de ajudantes, livre utilização dos
proventos) em consequência do uso de recursos financeiros
(aposentadoria, pensão) pela família;
○ Abusos gerais:
■ Abandono ou ausência de cuidador durante longos períodos;
■ Presença de lesões sem explicações compatíveis;
■ Divergência entre a história contada pelo paciente e o relato dos
responsáveis ou cuidadores;
○ Apresentadas pelo responsável ou cuidador:
■ Pouco conhecimento sobre a situação de saúde do paciente;
■ Excessiva preocupação com os custos do tratamento;
■ Preocupação em evitar maior aproximação do paciente com a equipe
de saúde;
■ Comportamento defensivo e contraditório;
■ Dependência da renda do paciente;
■ Respostas vagas e imprecisas;
■ Relutância para responder perguntas;

Violência contra crianças e adolescentes

Perícia na assistência social


Lei 8.743/93 - Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)
“Benefício assistencial” ou “benefício de prestação continuada”: percebido pelo idoso ou pela
PCD, com renda per capita do grupo familiar menor do que 25% do S.M.
A previdência (prevenir) é diferente da assistência (assistir).
Bolsa-família: também é benefício da assistência social (mas não está na LOAS)

Expedição de laudos
Elementos
● Preâmbulo: dia, hora, e identificação do avaliado;
● Exposição: os fatos que levaram à perícia; descrição da perícia;
● Resposta aos quesitos;

Laudo de exame de lesões corporais

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