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Francisco Rocha
AÇÃO PENAL
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Processo Penal – Francisco Rocha
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu
representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão
do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo
competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial
para que esta proceda a inquérito.
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos
que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime
de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da
denúncia.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do
mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de
diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público,
a quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o
órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado.
No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em
que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-
se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público
receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar,
prosseguindo-se nos demais termos do processo.
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou
novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que
devam ou possam fornecê-los.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público
velará pela sua indivisibilidade.
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se
estenderá.
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou
procurador com poderes especiais.
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não
privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro.
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em
relação ao que o recusar.
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou
por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.
Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem
os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear.
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52.
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais.
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50.
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova.
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro
de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo querelado, por seu
representante legal ou procurador com poderes especiais.
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
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II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir
no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva
estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo
em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a prova,
proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final.
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério
Público, declarará extinta a punibilidade.
CÓDIGO PENAL
TÍTULO VII
DA AÇÃO PENAL
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Conceito: é o instrumento processual através do qual se torna possível a aplicação da lei penal ao caso concreto.
Características:
É direito
a) Público: a ação penal é sempre movida em face do Estado. A atividade jurisdicional é pública. Ainda que que
se fale em ação penal privada, em verdade, o que se tem é uma ação penal de iniciativa privada.
b) Subjetivo: é o direito de agir por parte do titular da ação penal, que exige do Poder Judiciário uma prestação,
materializada na aplicação da lei penal ao caso concreto.
c) Autônomo: é autônomo porque não se confunde com o objetivo, existindo antes mesmo do cometimento do
crime.
d) Abstrato: o exercício do direito de ação independe do julgamento procedente ou improcedente.
e) Instrumental: tem por fim dar início ao processo.
f) Determinado: está atrelada a um fato determinado.
Condições da ação:
Genéricas:
a) Legitimidade para agir ou legitimidade ad causam: está ligada à pertinência subjetiva. O legitimado ativo será
sempre aquele que tem atribuição para promover a ação penal. Se ação penal pública, a legitimidade é do
Ministério Público; se ação penal privada, o legitimado é a vítima ou seu representante. A legitimidade passiva
será daquele a quem se atribui a prática do crime, sendo seu provável autor.
b) Interesse de agir: existirá sempre que a ação for necessária, adequada e o útil. A ação penal será sempre
necessária, tendo em vista a impossibilidade de se aplicar a lei penal sem o processo penal.
c) Possibilidade jurídica do pedido: deve haver um pedido de condenação em razão da prática de uma infração
penal.
d) Justa causa: significa que deve haver, como condição da ação penal, um lastro probatório mínimo a apontar a
autoria do acusado. Essa condição tem como finalidade evitar o início de ações penais temerárias, precipitadas.
Específicas: exigidas apenas na ação penal pública condicionada, que pode depender da representação da
vítima ou da requisição do Ministro da Justiça.
Classificação:
Classificação subjetiva das ações penais: aqui, a análise diz respeito a quem será o titular da ação penal,
sempre levando-se em conta o crime praticado.
a) Ação Penal Pública, que se divide em:
a.1) incondicionada
a.2) condicionada à representação do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça
Trata-se da ação penal promovida pelo Ministério Público, que é seu titular, sem a necessidade, para sua
promoção, de qualquer requerimento ou requisição, também sendo irrelevante a vontade da vítima. A ação penal
pública incondicionada é a regra no processo penal brasileiro, de modo que, na grande maioria dos crimes, a ação
penal deve ser promovida pelo Ministério Público sem que se precise de qualquer pedido da vítima.
Vejamos o que dispõe o art. 100 do CP:
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação
do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para
representá-lo.
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Perceba que, nesse tipo de ação, o inquérito será iniciado sem qualquer requerimento da vítima, o mesmo se
dando com o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público.
Importante lembrar:
CPP, Art. 24, § 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União,
Estado e Município, a ação penal será pública.
Princípios:
Trata-se de ação penal pública e, portanto, promovida pelo Ministério Público, mas condicionada à manifestação
da vítima.
O ofendido precisa representar para que um inquérito seja instaurado e para que o Ministério Público possa
oferecer uma denúncia.
Pode-se dizer que a representação consiste num pedido-autorização para que o estado inicie a persecução penal.
Sendo espécie de ação penal pública, incidem aqui os mesmos princípios da ação penal pública incondicionada,
com a observação de que o Ministério Público não pode oferecer a denúncia sem a representação da vítima.
Representação: trata-se de um instrumento através do qual a vítima comunica a um órgão oficial (Juiz, MP,
Delegado de Polícia) acerca do crime de que foi vítima, pedindo para que se inicie a persecução penal, que
depende dessa manifestação da vítima, sem a qual nem mesmo pode haver a instauração de um inquérito policial.
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
Do art. 24 do CPP podemos concluir que a ação penal pública só será condicionada à representação quando a lei
assim determinar. Deve ser, portanto, expressa a exigência da representação. No mesmo sentido, diz o art. 100, §
1º, do CP.
CPP, Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de
quem tiver qualidade para representá-lo.
CP, Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
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§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação
do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
Vejamos o que diz o parágrafo único do artigo 147 do CP, que tipifica o crime de ameaça:
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
A representação é condição de procedibilidade, ou seja, sem ela não se pode proceder a inquérito nem à ação
penal. Mas frise-se que, oferecida a representação, o Ministério Público não estará obrigado a promover a ação
penal. Em suma, a representação é condição sem a qual o MP não pode oferecer a denúncia, mas ela não vincula
o parquet.
Sobre sua forma, a representação pode ser apresentada por escrito ou de forma oral. É o que diz o art. 39 do
CPP:
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais,
mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
A regra é que não se exija formalidade para a sua apresentação, bastando que fique claro a manifestação de
vontade da vítima.
Embora não se exija formalidade, deve conter todas as informações que possam servir à apuração do fato e da
autoria, como se pode conferir no art. 39, § 2º, do CPP.
A representação pode ser oferecida pessoalmente (pelo ofendido) ou por procurador com poderes especiais.
Se a vítima tiver menos de 18 anos, a representação deve ser apresentada por seu representante legal.
No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação
passará, nessa ordem, ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI). Majoritariamente, entende-se que
o companheiro também pode representar.
Se entre esses sucessores, houver divergência, prevalece a vontade do que deseja representar.
Prazo: o prazo é de 6 meses, contados do dia em que o ofendido teve ciência da autoria do crime. É o que diz o
art. 38 do CPP. Esse prazo é decadencial, não havendo suspensão ou interrupção.
Importante anotar que, em se tratando de crime que envolve violência doméstica contra a mulher, nos termos da
Lei Maria da Penha, a retratação – chamada pela Lei n. 11.340/2006 de renúncia – só será admitida perante o
juiz, em audiência especialmente designada com essa finalidade, antes do recebimento de denúncia.
Assim, lembre-se: pela regra geral, a retratação da representação pode ser feita desde que antes do
oferecimento da denúncia; nos casos enquadrados pela Lei Maria da Penha, até o recebimento da denúncia, em
audiência agendada especificamente para esse fim.
Enquanto na ação penal pública condicionada à representação, o início da persecução penal está vinculado à
manifestação de vontade da vítima, privilegiando-se o interesse particular ante o público, no caso da ação penal
pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça, a apuração de determinados crimes está vinculada à
conveniência política. Nesse caso, sem a requisição do MJ não se inicia a persecução penal
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Casos: a exigência da requisição do MJ é rara. Mas se dará sempre a) no caso de crime cometido por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil; b) no caso de crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da República,
contra Chefe de Governo estrangeiro e seus representantes legais.
Vejamos o que diz o art. 145 do CP:
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do
art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do
art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como
no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
A requisição, aqui, não tem natureza jurídica de ordem, mas de mera autorização, condição de procedibilidade,
para o início da persecução penal. Não vincula, portanto, o Ministério Público, que pode entender por não
promover a ação penal.
Prazo (importante): diferentemente do que ocorre com a representação, não há prazo para a requisição do MJ
nas ações penais públicas condicionadas. Ela pode ser dada até o limite do prazo prescricional do crime.
Retratação: não há consenso. Parte da doutrina entende que é possível e parte, pela impossibilidade. O fato é
que não existe regra expressa para a retratação da requisição do MJ como existe para a retratação da
representação (art. 25 do CPP).
O direito de punir será sempre do estado, mas é possível que o direito de iniciar a persecução penal seja deferido
ao ofendido (ou seu representante legal). Quando isso acontece, temos a chamada ação penal de iniciativa
privada, quando o interesse privado do ofendido se revela mais importante que o interesse público na apuração do
delito.
Em se tratando de exceção – lembremos que a regra é que a ação penal seja pública incondicionada -, deve vir
expressa em lei, que, como regra, usa a expressão “somente se procede mediante queixa”.
A legitimidade para iniciar a persecução penal será do ofendido ou de seu representante legal, nos termos do ar.
30 do CPP, passando-se, no caso de morte da vítima e da declaração judicial de sua ausência, às mesmas
pessoas que podem suceder no direito de apresentar a representação, na ação penal pública condicionada.
Vejamos:
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer
queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Para o oferecimento de uma queixa-crime, peça inicial acusatória da ação privada, necessário que a vítima
constitua advogado através de procuração específica com poderes especiais, fazendo referência ao querelante e
ao fato criminoso, nos termos do art. 44 do CPP:
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do
mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de
diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
Princípios:
a) Disponibilidade: é possível ao querelante desistir da ação penal privada até o trânsito em julgado da sentença
condenatória. Pode desistir inclusive antes da sua proposição, quando renuncia ao direito de queixa-crime. Desse
modo, fica claro que, diferentemente do que sucede nas ações penais públicas, nas quais se incide o princípio da
indisponibilidade, na ação penal privada, o ofendido tem a possibilidade de desistir. Tal desistência pode se dar
através da renúncia ao direito de queixa; do perdão do ofendido; da perempção ou da decadência.
b) Oportunidade ou conveniência: a vítima tem liberdade para decidir se vai dar início à ação penal ou não.
Difere, assim, do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública.
c) Indivisibilidade: não pode o ofendido, aqui chamado de querelante, escolher contra quem deseja oferecer a
queixa-crime. Se foram vários os autores do delito, a vítima deve acionar a todas, sob pena de ver extinta a
punibilidade de todos. A indivisibilidade está prevista expressamente no art. 48 do CPP:
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Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público
velará pela sua indivisibilidade.
Importante observar que, se o ofendido esquecer de incluir algum autor do crime no polo passivo, isso só gerará a
extinção da punibilidade dele e dos outros, se sua tiver sido feita de forma intencional, deliberada, pela vítima.
Caso contrário, o MP deverá requerer a intimação do querelante para que inclua o outro agente na condição de
querelado.
a) Exclusivamente privada: também chamada de propriamente dita, permite que tanto o ofendido quanto o seu
representante legal ofereça a queixa-crime e, no caso de morte ou ausência, permite-se a sucessão pelo cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
b) Personalíssima: nessa, a legitimidade é exclusiva da vítima, não havendo possibilidade de início da
persecução penal pelo representante legal. Também não há possibilidade de a vítima ser sucedida (CADI). Aqui,
com a morte da vítima, opera-se a extinção da punibilidade do autor do crime. Hoje, somente o crime de
induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento ao casamento, previsto no art. 236 do CP).
c) Privada subsidiária da pública: prevista no art. 5º, LIX, da CF e no art. 29 do CPP, permite ao ofendido,
mesmo diante de um crime de ação penal pública, dar início à ação penal, através de uma queixa-crime
subsidiária, se o Ministério Público ficar inerte no prazo legal.
CF, Art. 5º, LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
CPP, Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Assim, após receber o inquérito policial, se o membro do Ministério Público nada faz no prazo previsto no art. 46
do CPP, inicia-se um prazo decadencial de 6 meses para que o próprio ofendido possa oferecer uma queixa
crime, promovendo a ação penal.
Somente tem cabimento no caso de o membro do MP ficar absolutamente inerte. Caso requisite novas diligências
à polícia (diligências internas não servem) ou requeira o arquivamento do inquérito, não caberá a ação subsidiária.
Interessante anotar que a ação penal privada subsidiária da pública só tem cabimento quando o crime tiver uma
vítima determinada, que sofra diretamente as consequências do crime, como no caso do roubo, tentativa de
homicídio, sequestro.
Se o delito tiver a sociedade como sujeito passivo, não caberá essa espécie de ação.
Prazo: 6 meses, contados do dia em que se encerra o prazo legal que dispõe o MP para o oferecimento da
denúncia, de acordo com o art. 46 do CPP.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o
órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado.
No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em
que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
Se a vítima perder o prazo de seis meses, ocorrerá a chamada decadência imprópria, que não gera a extinção da
punibilidade do autor do crime, que pode ser denunciado pelo MP até a prescrição da pretensão punitiva.
OBS: não incidem, aqui, os princípios da ação penal privada propriamente dita. Isso porque, em verdade, o crime
é de ação penal pública, somente sendo, em razão da inércia do MP, iniciada pela vítima.
Assim, se a vítima desistir da ação, não ocorrerá extinção da punibilidade. O MP reassumirá a ação. Aplicam-se,
portanto, nesse caso, os princípios da indisponibilidade e da obrigatoriedade.
Poderes do Ministério Público: aqui, o MP é parte secundária, e não mero fiscal da lei. Tem, por isso, poderes
mais amplos, podendo aditar a queixa, até mesmo para incluir corréu, repudiá-la, propor meios de prova, interpor
recursos e assumir a ação se o querelante agir de forma desidiosa.
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Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em
todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Perceba que, no caso de ação penal privada exclusiva, o MP também intervém na ação, mas não com tantos
poderes. Sua previsão está no art. 45 do CPP:
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público,
a quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo.
Em suma: na ação penal privada propriamente dita, o MP pode aditar a queixa (mas não para incluir corréu ou
outro crime) e intervirá no processo; na ação penal privada subsidiária da pública, seus poderes são mais amplos,
já que pode aditar a queixa, repudiá-la, propor meios de prova, interpor recurso e retomar, no caso de desídia, a
ação. penal.
Extinção da punibilidade nos casos de ação penal privada (exceto na subsidiária da pública:
a) Decadência: que significa a perda do direito de promover a ação penal, tem previsão no art.38 do CPP. Frise-
se que a instauração do IP não interrompe ou suspende esse prazo.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o
autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
b) Renúncia ao direito de queixa: manifestada de forma expressa ou tácita, dá-se quando a vítima abre mão do
seu direito de oferecer a queixa crime. Estende-se a todos os réus. É ato unilateral. Tanto a renúncia ao direito de
queixa como a decadência são extraprocessuais, ocorrendo sempre antes da ação penal.
CPP, Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se
estenderá.
CPP, Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal
ou procurador com poderes especiais.
CPP, Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova.
Perceba que tais institutos também são regulados pelo Código Penal, que assim dispõe em seu art. 104.
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade
de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
OBS: esse parágrafo único foi relativizado no caso de infração de menor potencial ofensivo, quando houver a
composição civil dos danos, já que, nesse caso, o recebimento da indenização acarretará a extinção da
punibilidade.
Vejamos:
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
c) Perdão do ofendido: manifestação do ofendido no sentido de perdoar o querelado. É ato bilateral, que
depende da aceitação do destinatário. Pode se processual ou extraprocessual. Mesmo quando extraprocessual,
só tem cabimento quando iniciada a ação penal. caso contrário consistiria em renúncia ao direito de queixa. Pode
ser também oferecido de forma expressa ou tácita.
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Vejamos:
CPP, Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer,
dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará
aceitação.
d) Perempção: cuida-se de uma espécie de sanção aplicada ao querelante e traduz-se na perda do direito de
prosseguir na ação penal privada em razão de sua negligência. É uma punição ao querelante desidioso. Só pode
ocorrer depois de iniciada a ação penal. tem previsão no art. 60 do CPP:
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias
seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para
prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo,
ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva
estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
a) Crimes contra a dignidade sexual: desde a Lei n. 13.718/2018, todos os crimes sexuais são processados por
meio de ação penal pública incondicionada. Não há exceção.
b) Lesão corporal em situação de violência doméstica contra a mulher: o crime de lesão corporal leve e o de
lesão corporal culposa, como regra, são de ação penal pública condicionada à representação, em razão do
disposto no art. 88 da Lei n. 9.099/95.
Ou seja, as ações penais relacionadas a esses crimes passaram a depender de representação não por previsão
do Código Penal, mas por força de dispositivo da Lei n. 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais).
Ocorre que o art 41 da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006) veda a aplicação da Lei dos Juizados no âmbito
da violência doméstica contra a mulher, dispositivo que o STF julgou constitucional. Assim, tais crimes, quando
cometidos contra mulher, em situação de violência doméstica, são de ação pública incondicionada.
Esse entendimento está hoje escrito na súmula 542 do STJ: “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.”
c) Crimes contra a honra de funcionários públicos: segundo o art. 145, parágrafo único, do CP, nesses
casos, a ação penal seria pública condicionada à representação, apenas.
No entanto, o STF firmou o entendimento de que a legitimidade seria concorrente entre o ofendido, que poderia
oferecer uma queixa crime, e o MP, após o funcionário oferecer uma representação.
Súmula 714, STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público,
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em
razão do exercício de suas funções.
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Processo Penal – Francisco Rocha
QUESTÕES
3. Sobre os institutos do perdão, da renúncia ao direito de queixa e sobre a indivisibilidade da ação penal
privada, marque a alternativa correta, com base no CPP:
a) A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, somente a esse produzirá
efeitos.
b) A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, mas nunca por seu representante legal
ou procurador com poderes especiais.
c) A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, mas não cabe ao Ministério
Público fiscalizar essa indivisibilidade.
d) O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao
que o recusar.
6. Por se tratar de procedimento preparatório ao exercício da ação penal, o inquérito policial não pode ser
dispensado pelo membro do Ministério Público.
( ) certo ( ) errado
7. Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e
Município, a ação penal será pública.
( ) certo ( ) errado.
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