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1ª FASE OAB

ESTUDO INTENSIVO – PROVAS IV


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ESTUDO INTENSIVO – PROVAS IV

INTERROGATÓRIO DO RÉU

Interrogatório do Réu Preso

A regra geral é que o juiz deve ir ao estabelecimento prisional para realizar o interroga-
tório lá dentro, respeitados os requisitos do § 1º do art. 185 do CPP. Apesar de ser a regra
legal, é sabido que isso não funciona, pois demandaria uma sala própria no estabelecimento
prisional, um procedimento em que fosse garantida a publicidade do ato dentro do estabele-
cimento prisional, além da segurança do advogado, do juiz, dos auxiliares, do promotor etc.
Então, aquilo que foi trazido como regra geral, na prática, não funciona.
A regra especial, entretanto, que o CPP aponta que só deve acontecer excepcionalmente,
é a realização do interrogatório por videoconferência/on-line. Ele é admitido nas hipóteses
do § 2º do art. 185 do CPP.

Art. 185. § 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento


das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja
necessária para atender a uma das seguintes finalidades:
I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre or-
ganização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
II – viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade
para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível
colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
IV – responder à gravíssima questão de ordem pública.

Cabe ao juiz deliberar sobre a realização do interrogatório por videoconferência, de ofício


ou a requerimento das partes. Quando o juiz decide, as partes devem ser intimadas com uma
antecedência mínima de 10 (dez) dias para que se preparem para o ato.
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A regra subsidiária é levar o réu preso ao fórum quando não for possível realizar a ida do
judiciário ao presídio. Também haverá a condução do réu ao fórum quando não houver tec-
nologia na comarca que permita a realização de videoconferência, sendo uma das hipóteses
previstas no § 2º do art. 185 do CPP. Essa possibilidade está devidamente prevista no § 7º
do art. 185 do CPP.
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Art. 185. § 7º Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o in-
terrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1º e 2º deste artigo.

Estrutura do Interrogatório
a. Qualificação do Réu

Objetiva colher informações que individualizam a pessoa e que permitam atestar que ela
é quem afirma ser. Exemplo: nome, sobrenome, região, CPF, endereço, filiação, nacionali-
dade, naturalidade, profissão etc.

b. Informação Sobre o Direito ao Silêncio

O direito ao silêncio é informado apenas depois da qualificação exatamente porque o


direito ao silêncio não abrange a qualificação.
Destaca-se que se o réu mentir na qualificação, poderá ser responsabilizado pelo crime
de falsa identidade.
O direito ao silêncio está previsto no art. 5º, LXIII, da Constituição Federal; e no art.
186 do CPP.
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c. Perguntas formuladas pelo juiz (CPP, art. 185).
d. Perguntas são formuladas pela acusação e pelo o advogado de defesa.

As perguntas são formuladas pela acusação e pelo o advogado de defesa, mas o juiz
poderá indeferi-las em razão de sua impertinência ou irrelevância.
e. Desfecho

Será elaborado um termo que deverá ser assinado por todos. Se o réu não sabe, não
pode ou não quer assinar, tal condição será consignada no próprio termo.

Questões Complementares

Silêncio Parcial ou Seletivo


Os tribunais superiores (STF e STJ) já entendem que o réu pode invocar o direito ao
silêncio nas perguntas formuladas pelo juiz, nas perguntas formuladas pelo promotor e res-
ponder apenas as perguntas feitas pelo seu advogado.
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Esse silêncio seletivo gerou muitos embates, inclusive nas redes sociais. Esse embate
resvalou nos tribunais superiores, que entenderam que se o réu pode “o mais”, que é ficar
calado para tudo, também pode “o menos”, que é responder apenas as perguntas de seu
defensor.
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Pluralidade de Réus
Se houver mais de um réu, eles serão interrogados separadamente. Não existe interro-
gatório conjunto, conforme dispõe o art. 191 do CPP.
Réu Estrangeiro
Se o réu é estrangeiro, ele será interrogado por intermédio de intérprete, à luz do art.
193 do CPP.
Réu Portador de Necessidades Especiais
Nesse caso, o interrogatório será adaptado à correspondente necessidade, dando-se
prevalência à oralidade (art. 192 do CPP). Exemplo: se o réu é surdo, a pergunta é feita por
escrito e ele responde verbalmente. Se o réu é mudo, as perguntas são feitas por escrito e
ele responde por escrito. Se o surdo e mudo é analfabeto, o interrogatório acontece por meio
de pessoa habilitada a entendê-lo.
Momento
O interrogatório acontece ao final da instrução, depois que todas as provas já foram pro-
duzidas (CPP, art. 400 e 411), prestigiando a ampla defesa.
20m
O Supremo já consolidou o entendimento de que mesmo quando a Lei especial prever o
interrogatório como primeiro ato da instrução (e não como último) o réu deve ser interrogado
ao final. Exemplo: Lei de Drogas, art. 57.

EXAME DE CORPO DE DELITO

Conceito
a. O corpo de delito revela os vestígios deixados pelo crime, quaisquer que sejam
esses vestígios. Exemplo: se alguém pegar o celular do professor e jogar intencional-
mente no chão, estourando seu vidro, esse celular será o corpo de delito do crime de
dano. Se esse alguém der um soco na cara do professor, o hematoma no olho será
o corpo de delito. Em uma invasão domiciliar para subtração de uma moto, o portão
arrombado será o corpo de delito. Em um homicídio, o cadáver é o corpo de delito.
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b. Exame de corpo de delito, por sua vez, é a perícia que tem por objeto os vestígios
deixados para o crime.

Prioridade
Situações em que o exame de delito será realizado com prioridade:

• Violência doméstica e familiar contra a mulher.


• Vítima criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.

Cadeia de Custódia da Prova

Retrata um conjunto de procedimentos para preservação dos vestígios do crime, dando


maior credibilidade à perícia a ser realizada. Essa cadeia de custódia passou a ser regulada,
a partir do Pacote Anticrime, nos arts. 158-A a 158-F do CPP.
30m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula prepa-
rada e ministrada pelo professor Nestor Nérton Fernandes Távora Neto.
ANOTAÇÕES

A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo


ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclusiva
deste material.

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