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Aula 115 – curso Instrução de Julgamento (aula 04)

BOMBA DA AULA PASSADA:


1 - Durante o interrogatório, se for feita pergunta sobre fato que não consta na denúncia, o
que o advogado deverá fazer? E se for feita pergunta com informação equivocada, diferente
da constante nos autos?
O art. 41 do Código de Processo Penal traz que a Denúncia deverá narrar TODOS os fatos. O
que for perguntado pelo MP que divergir da denúncia, excedendo os fatos constantes na inicial
acusatória, o advogado deverá se manifestar indicando ao juiz que os novos fatos não estão
presentes na denúncia, solicitando que o MP tome a medida cabível (emendatio libelli/mutatio
libelli), pois o acusado só se defende do que consta na Denúncia.
Caso ocorra mudança na acusação, o advogado deverá pedir que se retorne à instrução para
que as testemunhas sejam inquiridas a partir do novo fato narrado na denúncia, devendo o
pedido constar em Ata, podendo ser ainda objeto de recurso. Caso ocorra erro material que
gere impossibilidade de defesa, em audiência o advogado deverá:
1- pedir que se emende a inicial, e que o processo retorne desde o início pois houve alteração
dos fatos;
2-se o juiz recusar, pedir para constar a arguição de nulidade do processo em Ata, desde o
recebimento da denúncia, por conta do erro que retirou a possibilidade de defesa;
3- se o juiz recusar constar em Ata, o advogado poderá se recursar a assinar.

ANÁLISE DO ART. 7º DA RESOLUÇÃO Nº 105 DO CNJ:


Art. 7º O interrogatório por videoconferência deverá ser prestado na audiência una
realizada no juízo deprecante, adotado, no que couber, o disposto nesta Resolução para a
inquirição de testemunha, asseguradas ao acusado as seguintes garantias:
I - direito de assistir, pelo sistema de videoconferência, a audiência una realizada no juízo
deprecante;
II - direito de presença de seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu
interrogatório;
III - direito de presença de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a
audiência una de instrução e julgamento;
IV - direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor, o que compreende o
acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor ou advogado
que esteja no presídio ou no local do interrogatório e o defensor ou advogado presente na
sala de audiência do fórum, e entre este e o preso.

Consta o mesmo direito do réu no art. 185, §4º do CPP, onde o réu poderá presenciar toda a
audiência.
§ 4º Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo
mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução
e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código.

ANÁLISE DO ART. 15 DA RESOLUÇÃO Nº 329 DO CNJ:


Art. 15. Nas audiências criminais por videoconferência deverá ser assegurado ao réu o
direito à assistência jurídica por seu advogado ou defensor, compreendendo, entre outras,
as garantias de:
I – direito à entrevista prévia e reservada, com o advogado ou defensor, inclusive por
meios telemáticos, pelo tempo adequado à preparação de sua defesa, para os casos de
réu preso e de réu solto patrocinado pela Defensoria Pública; e
II – o acesso a meios para comunicação, livre e reservada, entre os advogados ou
defensores que estejam eventualmente em locais distintos, bem como entre o advogado
ou defensor e o réu. – antes da audiência, o advogado deverá solicitar essa comunicação
ao juiz por meio de petição simples, inclusive dando sugestões ao juiz de como acontecerá
essa comunicação (ex.: pedir que o advogado sócio que irá até o presídio, possa entrar
com celular com internet, para estabelecer uma comunicação sigilosa com o cliente).
§ 1º Para a entrevista reservada com o réu poderá ser empregado o recurso disponível na
plataforma que estiver sendo utilizada ou qualquer outro meio disponível que garanta a
realização da entrevista na ausência dos demais participantes, inclusive do magistrado,
assegurado o sigilo. – o advogado deverá usar da sua própria plataforma para conversar
com o cliente durante a audiência.
§ 2º Antes do início dos depoimentos, o magistrado deverá esclarecer aos depoentes
acerca da proibição de acesso a documentos, informações, computadores, aparelhos
celulares, bem como o uso de qualquer equipamento eletrônico pessoal, durante sua
oitiva, conforme disposto no art. 204 do CPP.

ORIENTAÇÕES PRÁTICAS:
 É possível um advogado na sala de audiência, e outro (sócio) com o cliente no presídio,
durante a audiência. É possível manter o contato com o cliente o tempo todo durante
a audiência. É possível usar canais telefônicos reservados para contato sigiloso com o
cliente durante a audiência.
 Caso o juiz negue todos os pedidos acima, o advogado deverá solicitar um
interrogatório presencial, o qual é a regra. Por isso, na petição simples feita antes da
audiência, o advogado deverá formular pedido subsidiário requerendo a presença
física do réu em seu interrogatório. Caso o juiz indefira também esse pedido, fazer
para constar em ata para que seja arguida nulidade do processo posteriormente,
provando-se o prejuízo.
 Fundamentos para interrogatório presencial: Resolução nº 105 do CNJ, art. 5º, c/c art.
185, §2º do CPP.
 As hipóteses para que o magistrado realize o interrogatório por videoconferência:
incisos I a IV do art. 185, §2º, CPP, os quais deverão ser devidamente fundamentados.
 Ficar atento para que a intimação para a audiência seja feita com 10 (dez) dias de
antecedência, como o CPP define:
Art. 185, § 3º: Da decisão que determinar a realização de interrogatório por
videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.
 O advogado deverá mostrar ao juiz o prejuízo por indeferir provas, durante o
interrogatório do cliente, fazendo a ele perguntas específicas com esse fim.

INTERROGATÓRIO DO RÉU FORAGIDO


Resolução nº 105 do CNJ, c/c art. 185, §2º, II, do CPP:
Art. 6º Na hipótese em que o acusado, estando solto, quiser prestar o interrogatório, mas
haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra
circunstância pessoal, o ato deverá, se possível, para fins de preservação da identidade
física do juiz, ser realizado pelo sistema de videoconferência, mediante a expedição de
carta precatória.
Parágrafo único. Não deve ser expedida carta precatória para o interrogatório do acusado
pelo juízo deprecado, salvo no caso do caput.

art. 185, §2º, II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja
relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra
circunstância pessoal; - o advogado pode encaminhar o link (quando for audiência on line)
ao cliente, para que este, mesmo foragido, participe da audiência.

A audiência/interrogatório não pode ser uma “arapuca processual” criada para prender o réu
quando comparecer pessoalmente.
PRESENÇA DO RÉU DURANTE INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHA OU VÍTIMA
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou
sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade
do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade
dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença
do seu defensor.
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo
deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram.

O juiz deverá fundamentar o motivo da impossibilidade de ser feita a inquirição da testemunha


ou da vítima por vídeo conferência, podendo ainda que o réu acompanhe a inquirição.
Art. 185, §2º, III, CPP- impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima,
desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos
do art. 217 deste Código;

ORIENTAÇÕES PRÁTICAS:
 O réu tem o direito de acompanhar todo o seu processo. Apenas existindo fundado
temor ou sério constrangimento, suficiente para influir o depoente em dizer a
verdade (art. 14, III, “d”, Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos da ONU).
Alternativas práticas para resolver isso, de modo que o réu escute o depoimento:
1º pedir ao juiz que ouça a vítima/testemunha por vídeo conferência, para que o réu não saia;
2º pedir ao juiz que estabeleça um canal de comunicação entre o advogado em audiência e o
cliente, em outro local;
3º pedir ao juiz que o cliente fique em outra sala com porta entreaberta para que o réu ouça a
testemunha/vítima;
4º pedir ao juiz que o réu possa assistir ao depoimento da vítima/testemunha após a fala
dessa, para que tenha condições de formular sua autodefesa, bem como pedir que a
testemunha fique reservada e que possa ser inquirida pelo advogado, após conversar com o
réu sobre o referido depoimento.
 ARGUIÇÃO DE NULIDADE: se o réu for retirado da sala de audiência, fundamentar no
HC 111.728 STF, com nulidade absoluta.
 O advogado poderá criar ligação paralela para que o cliente ouça todos os
depoimentos, sendo a audiência virtual ou presencial.
 Resolução nº 329 do CNJ, art. 9º, III – caberá ao ofendido informar, tão logo receba a
intimação, se a visualização da imagem do réu lhe causa humilhação, temor, ou sério
constrangimento, a fim de que possa ser ouvido na forma prevista no art. 217 do CPP.
 O advogado poderá fundamentar que cabe à vítima informar que deseja fazer uso de
seu direito e ser ouvida por vídeo conferência, conforme o art. 217 do CPP.
 No caso de medida protetiva, o réu não pode ser tolhido do seu direito de acompanhar
as provas produzidas por conta da medida protetiva, podendo o advogado fazer uma
ligação paralela para que o cliente escute os depoimentos.

BOMBA DA PRÓXIMA AULA:


Reconhecimento durante a audiência. Pode ocorrer a requerimento do MP? Como o cliente irá
fazer uso de seu direito de não autoincriminação nesse caso? Qual fundamento legal para se
negar isso?

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