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PROCESSO PENAL III

MSc. Renan Trindade


E-mail: 041000143@prof.unama.br
PLANO DE ENSINO, CONTEÚDO E
AVALIAÇÕES
 Disciplina teórica e prática.
 Nulidades, Recursos, Ações Autônomas.
 Avaliações:

1ª AV 2ª AV 2ª CHAMADA PROVA FINAL


• 10 pontos; • 10 pontos; • 10 pontos; • 10 pontos;
• Atividade extra • 100% objetiva; • Objetiva e • Objetiva e
pelo forms; • Avaliação discursiva; discursiva;
• Prova objetiva e unificada;
discursiva;

 Referência Bibliográfica: Processo Penal – Gustavo Henrique Badaró; Manual dos


Recursos Penais – Gustavo Henrique Badaró.
NULIDADES – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
 O que é nulidade?
 O que uma nulidade atinge?

SISTEMA

FORMALISTA INSTRUMENTALISTA

RÍGIDO SEM RIGIDEZ


ATIPICIDADE
NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA

 Qual sistema é adotado no Brasil?


NULIDADES – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
 Princípio da legalidade - sistema de tipicidade de formas – segurança jurídica;
 Correta prestação jurisdicional;
 Instrumentalidade das formas;
 Ato típico x Ato atípico;
 Gradação de atipicidade: mera irregularidade (ex.: denúncia fora do prazo) x ato
inexistente (ex. sentença proferida por juiz aposentado)
 Atos processuais: presunção de legalidade – produzirá efeitos (mesmo que nulos);

MERAS
NULIDADES ATOS INEXISTENTES
IRREGULARIDADES

ABSOLUTAS RELATIVAS
NULIDADES - PRINCÍPIOS
 PRINCÍPIO DO PREJUÍZO OU DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS
- Critério teleológico;
- Art. 563, CPP.
- Art. 566, CPP.
- Art. 572, II, CPP.
- Art. 563, CPP.
- Perda de uma oportunidade.
- Prejuízo presumido?
- Se aplica às nulidades absolutas?
- Toda nulidade exige prejuízo: STJ, HC 339.971/PR; HC 359.592/CE, RHC 44.871/PA,
HC 354.841/SC, RHC 62.410/MG, RHC 62.397/SC.
- As atipicidades são irrelevantes?
- Como se prova um prejuízo?
- Súmula 523, STF: No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta,
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
NULIDADES - PRINCÍPIOS
 PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE
- art. 573, §1º, CPP.
- Art. 573, §2º, CPP.
- Aplica-se tanto às nulidades absolutas quanto às relativas.

NULIDADE EM FASE O que se faz com os


POSTULATÓRIA atos instrutórios e
decisórios?

Ex.: Denúncia, queixa-


crime, citação,
recebimento da
denúncia
NULIDADES - PRINCÍPIOS
 PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE

NULIDADE EM FASE O que se faz com os


INSTRUTÓRIA atos probatórios
posteriores?

Ex.: depoimento de
testemunha,
interrogatório,
audiência de instrução.

- E o que se faz com a sentença quando um ato anterior é nulo?


NULIDADES - PRINCÍPIOS
 PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE
- Conservação dos atos processuais: art. 3º, CPP c/c art. 281, primeira parte, CPC.
- Atos complexos: art. 3º, CPP c/c art. 281, parte final, CPC

 PRINCÍPIO DO INTERESSE
- Quem praticou a nulidade pode pleitear a sua decretação?
- Art. 565, CPP.
- Aplica-se a todo tipo de nulidade?
- O Ministério Público tem interesse?
NULIDADES - PRINCÍPIOS
 PRINCÍPIO DA TIPICIDADE
- Art. 564, IV, CPP.
- Garantia para as partes.
- Segurança jurídica.
- Devida prestação jurisdicional.
- Caprichos do Juiz x Fetichismo Formalista.
NULIDADES - PRINCÍPIOS
 PRINCÍPIO DA CONVALIDAÇÃO
- Art. 572, CPP.
- Se aplica a todo tipo de nulidade?
NULIDADES
 TEORIA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA
- O que é?
- Art. 157, CPP c/c art. 5º LVI, CF/88
- Nexo de causalidade.
 Atos inexistentes
- Ato inexistente é um não ato;
- Desconformidade com o modelo legal;
- Não há previsão legal;
- Podem ser declarados a qualquer tempo;
- Ex.: sentença sem dispositivo; sentença proferida e assinada pelo escrivão.

 NULIDADES ABSOLUTAS
- Violação de forma de ordem pública;
- Violação de regra constitucional sobre processo;
- O vício atinge a correta aplicação do direito;
- Insanáveis;
- Pode ser decretada a qualquer tempo e grau de jurisdição;
- Declaração ex officio;
- Ex.: sentença proferida por juiz absolutamente incompetente.
- Ato judicial com nulidade absoluta produz efeitos?
 ATOS INEXISTENTES
- Ato inexistente é um não ato;
- Desconformidade com o modelo legal;
- Não há previsão legal;
- Podem ser declarados a qualquer tempo;
- Ex.: sentença sem dispositivo; sentença proferida e assinada pelo escrivão.

 IRREGULARIDADES
- Vício que não tem repercussão no processo.
- É apenas uma exigência formal.
- Ex.: sentença proferida em prazo superior ao determinado pela lei;
oferecimento de denúncia fora do prazo.
 NULIDADES ABSOLUTAS
- Violação de forma de ordem pública;
- Violação de regra constitucional sobre processo;
- O vício atinge a correta aplicação do direito;
- Insanáveis;
- Pode ser decretada a qualquer tempo e grau de jurisdição;
- Declaração ex officio;
- Aplica-se o princípio do interesse?
- Quais são? Art. 564, I, II, III, a, b, c, d, primeira parte, e, primeira e terceira
partes, f, i, j, k, l, m, n, o, p.
- Ex.: sentença proferida por juiz absolutamente incompetente.
- Ato judicial com nulidade absoluta produz efeitos?
 NULIDADES RELATIVAS
- Violação à lei infraconstitucional.
- Ação judicial deve declarar a sua ocorrência.
- Interesse das partes.
- É uma nulidade sanável.
- Aplica-se o princípio do interesse?
- Pode ser decretada de ofício?
- Ocorre a preclusão (art. 571 c/c art. 572, I, CPP).
- Quais são? Art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, IV.
 NULIDADES RELATIVAS
- Violação à lei infraconstitucional.
- Ação judicial deve declarar a sua ocorrência.
- Interesse das partes.
- É uma nulidade sanável.
- Aplica-se o princípio do interesse?
- Pode ser decretada de ofício?
- Ocorre a preclusão (art. 571 c/c art. 572, I, CPP).
- Quais são? Art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, IV.
NULIDADES PREVISTAS NO CPP
 Art. 564, I: por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
- Absoluta ou relativa;
- Prorrogação de competência, art. 108, CPP.
- E se for violação de regra constitucional (art. 5º, LIII)? -> art. 567, CPP.
- E o impedimento (art. 252, CPP) e incompatibilidade (art. 253, CPP)? Nulidade absoluta
ou inexistência dos atos?
- Suborno (art. 317, art. 316 e art. 319, CP).

 II: por ilegitimidade de parte;


- Extinção do processo sem julgamento de mérito;
- Rejeição liminar da denúncia ou queixa (art. 395, II, CPP);
- É possível propor nova ação?
 III: por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções
penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante;
- Ausência de denúncia ou queixa: inexistência do processo ou nulidade?
- Art. 538 e ss. do CPP: não recepcionados pela CF – art. 129, I, CF.

b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o


disposto no Art. 167;
- Art. 158, CPP;

c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de


curador ao menor de 21 anos;
- Ampla defesa e contraditório;
- O Código Civil reduziu a capacidade plena para os 18 anos. como resolver o
conflito? Art. 194 (curador para interrogatório de menor de idade) – Revogação
tácita ou Regimes independentes (art. 2043 do CC)?
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de
ação pública;
- Contraditório impossibilitado;
- Na ação penal privada subsidiária da pública: nulidade relativa (art. 572, I);
- Na ação penal pública: nulidade absoluta.

e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando


presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
(1) Citação do réu para ver-se processar – nulidade absoluta;
(2) O interrogatório do acusado quando estiver presente – nulidade relativa (art.
572, I)
(3) Prazos concedidos á acusação e à defesa: nulidade absoluta;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol
de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;
- A lei nº 11.689/2008- excluiu o libelo crime (peça apresentada pelo assistente
do Ministério Público, admitida nos autos como complemento e reforço do
libelo do promotor nas ações públicas)
- Sem pronúncia => nulidade da segunda fase do júri.
- Se não houver pronúncia, este ato é inexistente. O que fazer? -> pronúncia,
impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação.

g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri,


quando a lei não permitir o julgamento à revelia;
- Reforma de 2008 – art. 457, caput: a sessão de julgamento será realizada;
- Art. 457, §2º - réu preso.
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos
termos estabelecidos pela lei;
- Novo procedimento de acordo com a reforma de 2008 prevista no art. 422,
CPP.

i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;


- Art. 463, caput, CPP.
- Nulidade absoluta.

j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua


incomunicabilidade;
- Art. 467, CPP;
- Nulidade absoluta.
k) os quesitos e as respectivas respostas;
- Nulidade absoluta;
- Art. 484, caput, CPP.

l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;


- Art. 455 e art. 456 – a sessão não será instalada sem a presença de acusador
ou defensor.

m) a sentença;
- Ato inexistente;

n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;


- Art. 574, I.
- Art. 746.
- Súmula 423, STF: Não transita em julgado a sentença por haver omitido o
recurso "ex officio", que se considera interposto "ex lege"
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças
e despachos de que caiba recurso;
- Ciência de ato recorrível e inicio de prazo recursal;
- Art. 484, caput, CPP.
- E se não houver intimação e a parte tomar ciência?

p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para


o julgamento;
- Art. 455 e art. 456 – a sessão não será instalada sem a presença de acusador
ou defensor.
 IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
- Vs. Inciso III (inexistência de ato);
- Inciso IV – o ato existe!
CONVALIDAÇÃO
- O ato não será resolvido;
- Perpetuação do ato viciado;
- A convalidação gera preclusão (art. 572, I, CPP);
MEIOS PARA ALEGAR NULIDADES
- Regra: petição simples durante todo o processo ou mesmo de forma oral;
- Art. 571, CPP.
- Mandado de segurança, revisão criminal, habeas corpus.
SÚMULAS – STF - NULIDADES
 SÚMULA 155: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
expedição de precatória para inquirição de testemunha.
 SÚMULA 156: É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito
obrigatório.
 SÚMULA 162: É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, quando os quesitos da
defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes.
 SÚMULA 160: É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não
argüida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
 SÚMULA Nº 206 - É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de
jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo.
 SÚMULA Nº 351 - É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
 SÚMULA Nº 366 - Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei
penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em
que se baseia.
 SÚMULA Nº 431 - É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda
instância, sem prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas-
corpus.
 SÚMULA Nº 523 - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade
absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para
o réu.
 SÚMULA Nº 564 - A ausência de fundamentação do despacho de recebimento
de denúncia por crime falimentar enseja nulidade processual, salvo se já
houver sentença condenatória.
 SÚMULA Nº 706 - É relativa a nulidade decorrente da inobservância da
competência penal por prevenção.
 SÚMULA Nº 707 - Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para
oferecer contrarrrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a
suprindo a nomeação de defensor dativo.
 SÚMULA Nº 712 - É nula a decisão que determina o desaforamento de
processo da competência do júri sem audiência da defesa.
 SÚMULA VINCULANTE 11: Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e
de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia,
por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito,
sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado
ENTENDIMENTO DO STJ

 A decretação da nulidade de ato processual requer prova inequívoca do


prejuízo suportado pela parte (art. 563, STJ).
 As nulidades surgidas no curso da investigação preliminar não atingem a ação
penal dela decorrente.
 A ausência de intimação pessoal da Defensoria Pública ou do defensor dativo
sobre os atos do processo gera, via de regra, a sua nulidade.
 A nulidade decorrente da ausência de intimação - seja a pessoal ou por diário
oficial - da data de julgamento do recurso não pode ser arguida a qualquer
tempo, sujeitando-se à preclusão temporal.
 O defensor dativo que declinar expressamente da prerrogativa referente à
intimação pessoal dos atos processuais não pode arguir nulidade quando a
comunicação ocorrer por meio da imprensa oficial.
 A ausência de intimação da defesa sobre a expedição de precatória para
oitiva de testemunha é causa de nulidade relativa.
ENTENDIMENTO DO STJ

 A falta de intimação do defensor acerca da data da audiência de oitiva de


testemunha no juízo deprecado não enseja nulidade processual, desde que a
defesa tenha sido cientificada da expedição da carta precatória.
 A inversão da ordem prevista no art. 400 do CPP, que trata do interrogatório e
da oitiva de testemunhas de acusação e de defesa, não configura nulidade
quando o ato for realizado por carta precatória, cuja expedição não suspende o
processo criminal.
 O falecimento do único advogado, ainda que não comunicado o fato ao
tribunal, poderá dar ensejo à nulidade das intimações realizadas em seu nome.
 Na intimação pessoal do réu acerca de sentença de pronúncia ou condenatória,
a ausência de apresentação do termo de recurso ou a não indagação sobre sua
intenção de recorrer não gera nulidade do ato.
 A inquirição das testemunhas pelo Juiz antes que seja oportunizada às partes a
formulação das perguntas, com a inversão da ordem prevista no art. 212 do
Código de Processo Penal, constitui nulidade relativa.
ENTENDIMENTO DO STJ

 A falta de comunicação ao acusado sobre o direito de permanecer em silêncio


é causa de nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da comprovação do
prejuízo.
 A ausência do oferecimento das alegações finais em processos de competência
do Tribunal do Júri não acarreta nulidade, uma vez que a decisão de pronúncia
encerra juízo provisório acerca da culpa.
 As nulidades existentes na decisão de pronúncia devem ser arguidas no
momento oportuno e por meio do recurso próprio, sob pena de preclusão.
 A instauração de inquérito policial em momento anterior à constituição
definitiva do crédito tributário não é causa de nulidade da ação penal, se
evidenciado que o tributo foi constituído antes de sua propositura.
 É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por
prevenção (Súmula n. 706/STF).
ENTENDIMENTO DO STJ

 A utilização da técnica de motivação per relationem não enseja a nulidade do


ato decisório, desde que o julgador se reporte a outra decisão ou manifestação
dos autos e as adote como razão de decidir.
 São nulas as provas obtidas por meio da extração de dados e de conversas
privadas registradas em correio eletrônico e redes sociais (v.g. whatsapp e
facebook) sem a prévia autorização judicial.
 O compartilhamento de dados obtidos pela Receita Federal com fundamento
no art. 6º da Lei Complementar n. 105/2001, mediante requisição direta às
instituições bancárias no âmbito de processo administrativo fiscal, é
considerado nulo, para fins penais, se não decorrer de expressa determinação
judicial.

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