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Nulidades no Processo Penal

Aula ministrada pela prof.ª Alexandra Rodrigues na disciplina de Processo Penal III,
no curso de Bacharelado em Direito da UNAMA – 2024.1
Bibliografia
 Renato Brasileiro de Lima

 Aury Lopes Junior

 Gustavo Badaró

 Guilherme de Souza Nucci


Noções Gerais
 Conceito: São vícios que contaminam determinados atos
processuais, praticados sem observância das formas legais ou de
maneira contrária a estas.

 Consequência: se tornam inúteis ou exigem renovação.

 A nulidade não é automática, precisa sempre ser declarada em


decisão judicial.
Atos inexistentes X irregulares X nulos
 Gradação de vícios: Inexistente > Nulo > irregular
 A) inexistente : falta algum dos elementos exigidos por lei; não-atos; impassíveis
de convalidação.
Ex: audiência presidida pelo advogado; denúncia apócrifa.
- STF: (RT 843/499 e RT 853/495) – atos praticados por advogado suspenso ou
sem habilitação – inexistentes.
 B) nulos: inadequação ao tipo legal; sanção processual; comportam gradação.
 C) irregulares: infrações superficiais; não precisam de renovação; questões
meramente formais que não afetam a essência do ato.
Ex: oferecimento de denúncia pelo MP fora do prazo.
Nulidades absolutas X relativas
Absolutas Relativas

Violam normas constitucionais Violam normas procedimentais

Decretadas de ofício pelo juiz ou a Não decretadas de ofício


requerimento das partes
Reconhecidas a qualquer tempo e em Arguidas pelas partes no momento oportuno
qualquer grau
Não precluem nem convalidam Precluem e convalidam

Independem da demonstração de prejuízo – Demonstração de prejuízo.


doutrina.
STF – prejuízo sempre deve ser demonstrado
Nulidades absolutas nas sentenças
 ≠ recurso e de revisão criminal

 Condenatórias: anuláveis a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado.

 Absolutórias: Doutrina – Faz coisa soberanamente julgada, não podendo ser revisada,
ainda que o processo seja nulo. ( Aury Lopes).

 Previsão legal: arts. 564 e 572 - exemplificativo


Princípios regentes das nulidades
 A) não há nulidades sem prejuízo (art.563 CPP)
- Economia processual e celeridade
- Principio da instrumentalidade das formas
- Crítica: No processo penal, a forma é garantia
- “Prejuízo” é um conceito indeterminado.

 B) Não há nulidade provocada pela parte (art.565 CPP) – princípio do interesse.


- Ninguém pode se valer da sua própria torpeza
- Aury Lopes: “ O sistema de nulidades está a serviço do réu”

 C) Não há nulidade por omissão de formalidade que só interesse à parte contrária


Ex: o promotor arguir nulidade porque a defesa não foi intimada da expedição de carta
precatória.
 D) Não há nulidade de ato irrelevante para o deslinde da causa (art.566)
- Somente ocorrerá uma nulidade quando tivermos um ato defeituoso insanável
e que será, por essa razão, decretado nulo. Com a decretação da nulidade, deve-
se, conforme o caso, decidir pela:
• privação dos efeitos;
• ou a proibição de valoração probatória.

 E) causalidade (art.573,§1º)
- Frutos da árvore envenenada – atos diretamente dependentes ou
consequentes
- O juiz deve declarar expressamente os atos aos quais se estende a nulidade
Convalidação das nulidades relativas
 Art.572:
a) Ultrapassados os prazos do art.571 CPP – preclusão;
b) Se o ato processual for praticado de outra forma e atingir seu fim;
c) Se a parte, ainda que tacitamente, aceitar seus efeitos.

 Consequências: retificação ou renovação.


Vícios do IP contaminam a ação penal?
 Eventuais vícios existentes no IP não contaminam a ação penal – Jurisprudência majoritária.

 Doutrina: O fato de o inquérito ter natureza administrativa, não o blinda contra as garantias
processuais e constitucionais. Afinal, procedimentos administrativos também se pautam pela
estrita legalidade dos atos da administração e o devido processo legal.
-Também não se pode esquecer que, com base nos atos do inquérito, e possível retirar a liberdade
(prisões cautelares) e os bens de uma pessoa (medida assecuratória), ou seja, com base nessa peça
"meramente informativa“.

 E tudo isso já deve ser feito no momento do recebimento da denúncia, mas se não ocorrer, o vício
permanece vivo no curso do processo e pode/ deve ser reconhecido a qualquer tempo (como toda
e qualquer nulidade absoluta ou prova ilícita).

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