Você está na página 1de 16

PROCESSO PENAL III – AULA 08

NULIDADES
NULIDADES – ARTS. 564/573 CPP
• Sanção aplicada pelo ordenamento jurídico ao ato praticado em
desrespeito às formalidades legais..
• O ato deve estar adequado à forma prevista em lei (princípio de
legalidade dos atos processuais).
• A observância das regras é uma garantia às partes, permitindo que
possam saber com antecedência como um ato será praticado.
• De nada aproveita indicar a forma se o desrespeito não gerar
consequências.
• Por tal razão o ato viciado será nulo.
nulo
SISTEMAS
Conjunto de elementos que interagindo com teorias e normas
determina como se deva aplicar um instituto.

3 sistemas sobre nulidades:

• Certeza legal
• Instrumentalidade das formas
• Misto
• Certeza legal: a lei estabelece em quais casos haverá nulidade. O juiz
não tem margem de discricionariedade – Art. 564 CPP.

• Instrumentalidade das formas: o ato é um meio para se atingir um fim


(prestação jurisdicional). Portanto, deve verificar antes de declarar a
nulidade se o ato atingiu sua finalidade.
finalidade Art. 566 CPP.
Sistema adotado Brasil – STJ RHC 73.322/SP.
73

• Misto: posição doutrinária. Soma dos outros dois sistemas.


ESPÉCIES DE IRREGULARIDADE
O ato deve ser perfeito, ou seja, existir, ser válido e produzir efeitos. Porém o ato que não
preencher tais requisitos será considerado irregular em maior ou menor grau.

• Irregularidade: defeito de pequena monta que não traz prejuízo ao processo. Pode ser:
• Sem consequência jurídica. Ex. denúncia fora do prazo.
prazo
• Com consequência extraprocessual: ato válido no feito, com consequência à parte. Ex. perícia fora do prazo,
multa pelo atraso – Art. 277 CPP.

• Nulidades: defeitos graves. Pode ser:


• Absoluta
• Relativa

• Ato inexistente: é a sanção mais grave que pode ser cominada a um ato processual. Trata-se de
ato processual atípico por não se enquadrar no modelo legal e, pois, não produz efeitos,
independentemente de declaração judicial.
NULIDADES
ABSOLUTA:

• Interessa a ordem pública.


• Independe de provocação. Pode ser de ofício.
• A qualquer tempo e grau de jurisdição.
jurisdição
• Geralmente violação de norma constitucional.
constitucional
• Prejuízo presumido (STJ: aqui também precisa ser demonstrado).
OBS: Súmula 160 STF: Nula decisão do Tribunal que acolhe contra o
réu nulidade não argüida em recurso da acusação.
RELATIVA:

• Interesse privado.
• Demonstração prejuízo.
• Gerará preclusão – art. 571 CPP.
• Juiz em primeiro grau pode reconhecer de ofício.
• Tribunal: restrições. Parte deve recorrer deste ponto.
• Momento: tempo oportuno sob pena de preclusão.
PRINCÍPIOS
• Tipicidade: os atos processuais possuem no ordenamento jurídico
uma fórmula de como serão praticados.
praticados
• Instrumentalidade das formas: não se declara a nulidade do ato que
não influiu na apuração da verdade e na decisão da causa (art. 566
CPP) ou quando realizado de forma diversa atingiu sua finalidade (art.
572,II, CPP).
• Prejuízo: não haverá nulidade se não houver prejuízo (art. 563 CPP).
Demonstração prejuízo tanto para nulidade absoluta como para
relativa (STJ/STF).
• Interesse: nenhuma parte poderá alegar nulidade a que tenha dado
causa ou que só interessa à parte contrária. Veda-se o abuso de
direito – art. 656 CPP.
• Eficácia: enquanto não declarado inválido continua a gerar efeitos.
• Causalidade: a nulidade de um ato, uma vez declarado, causará a dos
atos que dele diretamente dependam ou seja conseqüência (art. 573,
§ 1º, CPP). Juiz deve indicar os atos que foram contaminados.
Regra: nulidade de atos postulatórios anulam os atos posteriores.
• Conservação: não contaminação dos atos que não dependam do ato
viciado.
Regra: vício na fase instrutória só anula o ato, aproveitando-se os
demais realizados.
• Convalidação: possibilidade do ato imperfeito não ser declarado
inválido caso surja evento de caráter sanatório.

Hipóteses de convalidação:
1. Preclusão: quando a parte perde a oportunidade de alegar o vício.
Aplicável as nulidades relativas – STJ.
STJ

Preclusão lógica – aquela que se opera em razão da prática de


conduta incompatível com o desejo de ver reconhecido o ato como
nulo, também pode ensejar a convalidação (art. 572, III, CPP).
Preclusão temporal: art. 571, CPP relaciona a oportunidade
processual em que devem ser argüidas as nulidades, sob pena de
convalescimento:
• as da instrução criminal dos processos da competência do júri, na fase do artigo 406 (alegações finais);
• as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos processos especiais na fase
do artigo 411(alegações finais);
• as do processo sumário, entre inicial e citação, no prazo da resposta escrita, ou, se ocorridas após esse
prazo, nas alegações finais;
pronúncia logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as
• as ocorridas posteriormente à pronúncia,
partes;
• as ocorridas após a sentença, nas razões de recurso (em preliminar), ou logo depois de anunciado o
julgamento do recurso e apregoadas as partes;
partes
• as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.
2. Prolação sentença: quando puder decidir o mérito da causa em
favor de que aproveita a nulidade ela não será declarada. Primazia da
decisão de mérito.

3. Coisa julgada: imutabilidade dos efeitos da sentença da qual não


caiba mais recurso. Com o trânsito não cabe nada mais à acusação,
nem ao menos revisão criminal. Em relação a defesa, contudo, é
possível com o trânsito se valer da revisão criminal, preenchidos os
requisitos legais.
4. Ratificação: é uma maneira de se convalidar a nulidade decorrente
de ilegitimidade de parte (art. 568,, CPP).

A ilegitimidade pode ser:


• Ad Causam ou causae – Ex: MP oferece denúncia em crime de ação penal
privada.
• Ad Processum – Ex: A queixa na ação penal privada é apresentada pela vítima
menor de 18 anos ou por um terceiro que não é o representante legal da
vítima.
• A ratificação só é possível na ilegitimidade ad processum.
5. Suprimento: é a maneira de se convalidar possíveis omissões
constantes na denúncia ou na queixa (art. 569, CPP).

6. Substituição: é a maneira de convalidar nulidades da citação,


intimação ou notificação (art. 570,, CPP):

• Ex: réu processado é procurado em um dos seus endereços, mas não é encontrado. Ao
invés de procurá-lo nos demais endereços, o juiz ordena a citação por edital. No dia do
interrogatório, o réu comparece para argüir a nulidade da citação. Convalesce o vício,
abre-se novo prazo para apresentação da defesa. Deve o juiz, no entanto, ordenar a
suspensão ou adiamento do ato se verificar que a irregularidade pode prejudicar direito
da parte (espécie de nulidade absoluta que comporta convalidação).
7. Quando o ato atingir o seu fim (art. 572, II, CPP).

Você também pode gostar