Você está na página 1de 113

1

@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
MATERIAL COMPLEMENTAR
SEMANA 1

1
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
SUMÁRIO

Segunda-feira | Direito Processual Penal......................................................................... pag. 3

Pontos do último edital – 5.16 Nulidades. 5.17 Recursos. 5.17.1 Recursos em Geral. 5.17.2
Recursos em Espécie.

Terça-feira | Direito Administrativo/Legislação Penal Especial..................................... pag. 33

Pontos do último edital – 5.21 Lei de Licitações.

Quarta-feira | Medicina Legal......................................................................................... pag. 67

Pontos do último edital – 6.4 Tanatologia Médico-legal. 6.4.1 Tanatognose e


cronotanatognose. 6.4.2 Fenômenos cadavéricos. 6.4.3 Necropsia, necroscopia. 6.4.4
Exumação. 6.4.5 "Causa mortis". 6.4.6 Morte natural e morte violenta. 6.4.7 Direitos sobre o
cadáver.

Quinta-feira | Direito Penal............................................................................................ pag. 82

Pontos do último edital – 4.14. Crimes contra a organização do trabalho. Crimes contra o
sentimento religioso e o respeito aos mortos.

Sexta-feira | Direito Penal............................................................................................... pag. 88

Pontos do último edital – 4.15. Crimes contra a dignidade sexual.

2
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
DIREITO PROCESSUAL PENAL

NULIDADES

Conceito para a doutrina majoritária: Nulidade é uma sanção processual relativa ao ato
processual que apresenta um defeito por desrespeitar a fórmula legal, cuja consequência de
sua declaração será a cessação de efeitos.

A doutrina majoritária (Grinover, Gomes Filho e Fernandes) entende que nulidade é


uma sanção processual para a parte que descumpre uma forma legal. Portanto, o desrespeito
a esta forma legal acatará a prática de um ato defeituoso, cuja sanção será a nulidade e cuja
consequência será o impedimento dos efeitos decorrentes do ato. Em razão disso é que uma
decisão judicial declarará a nulidade, retirando os efeitos até então produzidos do ato
inquinado de vício.

Uma posição minoritária sustenta que nulidade não é sanção, mas uma imperfeição
jurídica.

Vale ressaltar que há diferença entre um ato irregular e um ato nulo. Há irregularidades
que são sanáveis ou que sequer causam impactos no processo penal. O ato nulo é aquele
eivado de vício, porquanto praticado com inobservância a algum requisito indispensável.

Segundo a doutrina de Renato Brasileiro, levando-se em consideração a gravidade do


defeito do ato processual e as consequências daí decorrentes para o processo, as
irregularidades podem ser classificadas assim:

I) irregularidades ou defeitos sem consequência: apesar de o ato processual não ter ido
praticado em fiel observância do modelo legal, esta irregularidade não tem o condão de
acarretar qualquer consequência. É o que ocorre, por exemplo, com a utilização de
abreviaturas.

3
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
A despeito da vedação constante do art. 169, § 1º, do antigo CPC – não há dispositivo
semelhante a este no novo CPC – e sua utilização em peças processuais não tem força
suficiente para macular o processo;

2) irregularidades ou defeitos que acarretam tão somente sanções extraprocessuais: nesse


caso, a irregularidade não tem o condão de produzir a invalidação do ato processual, porém
pode dar ensejo à aplicação de sanções extraprocessuais. É o que ocorre com a multa aplicada

ao perito que, sem justa causa, deixar de apresentar o laudo no prazo estabelecido (CPP, art.

277, parágrafo único, “c”). Em sentido semelhante, segundo o art. 265, caput, do CPP, o
abandono injustificado do processo pelo defensor pode acarretar a aplicação de multa de 10
(dez) a 100 (cem) salários-mínimos, sem prejuízo das demais sanções disciplinares;

3) irregularidades ou defeitos que podem acarretar a invalidação do ato processual: trata-


se de hipótese em que a irregularidade atenta contra o interesse público ou contra interesse
preponderante das partes. Por isso, tais atos estão sujeitos à declaração de nulidade, espécie
de sanção aplicada ao ato processual defeituoso privando-o da aptidão para a produção de
seus efeitos regulares;

4) irregularidades ou defeitos que acarretam a inexistência jurídica: a violação ao devido


processo legal é tão absurda que acarreta a própria inexistência do ato jurídico. É o que ocorre
com uma sentença prolatada por juiz impedido, tida como inexistente, haja vista a gravidade
do prejuízo causado à imparcialidade da autoridade jurisdicional.

4
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
ESPÉCIES DE NULIDADE:

1. NULIDADE ABSOLUTA

Características:

1.1 PREJUÍZO PRESUMIDO: o princípio pas des nullités sans grief – CPP, art. 563: “Nenhum
ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a
defesa.” – impede a declaração da nulidade se não demonstrado o prejuízo concreto à parte
que suscita o vício. Em se tratando de nulidade absoluta, geralmente violadora de norma
protetiva de interesse público com status constitucional ou convencional, grande parte da
doutrina entende que o prejuízo é presumido.

Nesse sentido, segundo Ada Pellegrini Grinover (doutrina adotada pela FUMARC*), a
atipicidade constitucional, no quadro das garantias, importa sempre uma violação a preceitos
maiores, relativos à observância dos direitos fundamentais e das normas de ordem pública,
não sobrando espaço para meras irregularidades sem sanção ou nulidade relativa.

A presunção do prejuízo não tem natureza absoluta, portanto, trata-se de presunção


iuris tantum, ou seja, aquela que admite prova em contrário. Assim, a parte que alegou a
nulidade não precisa comprovar, pois cabe à parte contrária demonstrar que NÃO houve
prejuízo.

Contudo, o STF entende de forma diferente. A Suprema Corte tem diversos


precedentes no sentido de que o prejuízo deve ser comprovado pela parte interessada
inclusive nas hipóteses de nulidade absoluta. Ou seja, quem alegou TEM QUE DEMONSTRAR
O PREJUÍZO.

Logo, se acaso a defesa pleitear a declaração de uma nulidade absoluta, incumbe a ela
demonstrar o prejuízo decorrente da inobservância da forma prescrita em lei, sob pena de
não lograr êxito na invalidação do ato processual impugnado.

5
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
STF (2023) – RHC 225304 AgR

A nulidade alegada pressupõe a comprovação do prejuízo, nos termos do artigo


563 do Código de Processo Penal, sendo descabida a sua presunção, no afã de
se evitar um excessivo formalismo em prejuízo da adequada prestação
jurisdicional, bem como é vedado à defesa se valer de suposto prejuízo a que
deu causa, nos termos do artigo 565 do Código do Processo Penal.

STF (2023) – HC 215049

A disciplina normativa das nulidades no sistema jurídico brasileiro é regida pelo


postulado básico “pas de nullité sans grief”. Uma vez oportunizados o
contraditório e a ampla defesa após o aditamento à denúncia, não se vislumbra
prejuízo à defesa.

STF (2023) – HC 221838 AgR

A orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal (STF) é no sentido de


que o “princípio do pas de nullité sans grief exige, em regra, a demonstração de
prejuízo concreto à parte que suscita o vício, podendo ser ela tanto a nulidade
absoluta quanto a relativa, pois não se decreta nulidade processual por mera
presunção” (HC 132.149-AgR, Rel. Min. Luiz Fux).

STF (2023) – Rcl 57391 AgR

A parte não demonstrou a ocorrência do prejuízo alegado. Incide, portanto, a


regra segundo a qual não haverá declaração de nulidade quando não
demonstrado o efetivo prejuízo causado à parte (pas de nulitté sans grief).

1.2 ARGUIÇÃO A QUALQUER MOMENTO: ao contrário das nulidades relativas, que estão
sujeitas à preclusão temporal, a nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer momento,

6
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
pelo menos enquanto não houver o trânsito em julgado da decisão. Em regra, o vício do ato
que é absolutamente nulo não pode ser saneado ou convalidado, seja pelo decurso do tempo
(preclusão temporal), seja pelo fato de a parte, ainda que tacitamente, ter aceitado seus
efeitos (preclusão lógica).

Em caso de sentença condenatória ou absolutória imprópria, as nulidades absolutas


podem ser arguidas mesmo após o trânsito em julgado (por meio de revisão criminal ou
habeas corpus, por exemplo).

Obs.: o único limite ao reconhecimento da nulidade absoluta refere-se à coisa julgada


pro reo – ou seja, no caso do trânsito em julgado de sentença absolutória própria, entende-se
que as nulidades absolutas ocorridas no curso do processo estarão convalidadas, visto que
não se admite revisão criminal pro societate.

Hipóteses de nulidade absoluta

I) nulidades previstas no art. 564 do CPP que não estiverem sujeitas à sanção ou convalidação
(art. 572 do CPP).

II) quando houver violação de normas constantes da Constituição Federal ou de Tratados


Internacionais sobre Direitos Humanos (por exemplo: Pacto de São José da Costa Rica), ainda
que essa nulidade não esteja expressamente prevista no art. 564 do CPP (nulidade não
cominada).

III) quando, a despeito da ausência de previsão legal expressa de nulidade (nulidades não
cominadas), verificar-se que houve a violação de forma prescrita em lei que visa à proteção
de interesse de natureza pública.

STJ (2023) – Informativo 769

Por constituir um poder-dever do Ministério Público, o não oferecimento


tempestivo do acordo de não persecução penal desacompanhado de
motivação idônea constitui nulidade absoluta.

7
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
2. NULIDADE RELATIVA

Trata-se daquela que atenta contra norma infraconstitucional que tutela interesse
preponderante das partes.

Tem duas características principais:

2.1 COMPROVAÇÃO DO PREJUÍZO: segundo a doutrina, enquanto o prejuízo é presumido nas


hipóteses de nulidade absoluta, o reconhecimento de uma nulidade relativa está
condicionado à comprovação do prejuízo decorrente da inobservância da forma prescrita em
lei;

2.2 ARGUIÇÃO OPORTUNA, SOB PENA DE PRECLUSÃO E CONSEQUENTE CONVALIDAÇÃO:


diversamente da nulidade absoluta, que pode ser arguida a qualquer momento, inclusive após
o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, a nulidade relativa
deve ser arguida no momento oportuno (CPP, art. 571), sob pena de preclusão e consequente
convalidação da nulidade.

O vício pode ser removido para que o ato produza seus efeitos regulares, seja pelo decurso
do tempo (preclusão temporal), seja pelo fato de a parte, tacitamente, ter aceitado seus
efeitos (preclusão lógica).

Exemplo: incompetência relativa, que deve ser alegada na resposta à acusação, sob pena de
preclusão temporal.

STJ (2023) – Informativo 766

Havendo norma estadual que expressamente institui ressalvas à apuração de


determinados delitos pela Central de Inquéritos, afasta-se a aplicação da Teoria
do Juízo Aparente na convalidação dos atos processuais em razão da ausência
de dúvida razoável no tocante ao órgão judiciário competente.

8
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que
tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.

STJ (2022) – Informativo 757

No âmbito do Tribunal do Júri, não há nulidade na formulação de quesito a


respeito do dolo eventual, quando a defesa apresenta tese no sentido de
desclassificar o crime para lesão corporal seguida de morte, ainda que a
questão não tenha sido discutida em plenário.

Hipóteses de nulidade relativa

I) nas nulidades cominadas do art. 564 que estiverem sujeitas à sanção ou convalidação pelo
decurso do tempo (CPP, art. 572, I).

O art. 572 do CPP traz que tais nulidades considerar-se-ão sanadas se não forem arguidas em
tempo oportuno, isso significa dizer que, pelo menos em regra, as nulidades aí mencionadas
estão sujeitas à preclusão, característica básica de toda e qualquer nulidade relativa.

II) quando, a despeito da ausência de previsão legal expressa de nulidade (nulidades não
cominadas), verificar-se que houve a violação de forma prescrita em lei que visa à proteção
de interesse preponderante das partes.

Exemplo da doutrina de Renato Brasileiro: a ausência de intimação das partes acerca da


expedição de carta precatória. Considerando que recai sobre as partes o ônus de provar a
veracidade das afirmações por elas firmadas ao longo do processo, na hipótese de o juiz não
intimar as partes acerca da expedição de carta precatória, subentende-se que houve violação
à norma protetiva de interesse preponderante das partes, do que deriva a possibilidade de
reconhecimento de nulidade relativa do ato processual.

9
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Súmula nº 155 do STF

“É relativa à nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição


de precatória para inquirição de testemunha”.

Obs.: para o STF não é nula a audiência de oitiva de testemunha realizada por carta precatória
sem a presença do acusado, se este, devidamente intimado da expedição, não requer o
comparecimento.

Momento para a arguição das nulidades relativas

A nulidade relativa deve ser arguida oportunamente, sob pena de preclusão. Este momento
oportuno para a arguição da nulidade relativa consta do art. 571 do CPP.

Art. 571. As nulidades deverão ser arguidas:

I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a


que se refere o art. 406;

II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos


processos especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos
prazos a que se refere o art. 500;

III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se


verificadas depois desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas
as partes;

IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois


de aberta a audiência;

V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o


julgamento e apregoadas as partes (art. 447);

10
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo
Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art.
500;

VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso


ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;

VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal,


logo depois de ocorrerem.

STJ (2022) – Informativo 751

O entendimento de que, em processos de competência do júri, o não


oferecimento de alegações finais na fase acusatória não é causa de nulidade do
processo não se aplica na hipótese em que isso não ocorre por deliberação do
acusado.

PRINCÍPIOS | NULIDADES

- Princípio da tipicidade das formas

Em regra, todo ato processual tem sua forma prescrita em lei, cuja inobservância pode dar
ensejo à decretação de sua nulidade. Tipicidade das formas significa observância da lei no
processo penal.

Contudo, devemos lembrar que a depender do ato processual viciado e do grau do vício, o
ordenamento jurídico pode simplesmente desprezar a irregularidade cometida, impor uma
mera consequência extraprocessual, sujeitá-lo à declaração de sua ineficácia, ou considerá-lo
inexistente.

11
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
- Princípio do prejuízo

Conforme o art. 563 do CPP (que exploramos no tópico da nulidade absoluta), nenhum ato
será declarado nulo, se da nulidade não resultar nenhum prejuízo para as partes (pas de nullité
sans grief).

O princípio do prejuízo decorre da lógica de que a tipicidade dos atos processuais funciona
como uma ferramenta para a fiel aplicação do direito nos casos concretos dos processos.

Assim sendo, eventual desobediência às formas prescritas em lei só deve acarretar a


invalidação do ato processual quando a finalidade para a qual foi instituída a forma restar
comprometida pelo vício.

Segundo a doutrina de Renato Brasileiro, com a verificação do prejuízo causado pelo ato
viciado, há de se ficar atento às hipóteses em que o dano fica restrito ao próprio ato maculado
(nulidade originária) e àquelas em que todo outros atos subsequentes do processo são
contaminados (nulidade derivada).

- Princípio da instrumentalidade das formas

. sistema da legalidade das formas, formalista ou da indeclinabilidade das formas: todo e


qualquer vício acarreta o reconhecimento da nulidade do ato processual.

. sistema da legalidade das formas mitigado: o ato será considerado nulo apenas se a lei assim
expressamente o declarar, ou seja, ainda que o ato processual seja praticado em desacordo
com o modelo típico, caso não seja prescrita a nulidade, o ato será considerado válido.

. sistema da instrumentalidade das formas: as irregularidades devem ser distinguidas


conforme sua gravidade, não se declarando a nulidade do ato se sua finalidade foi atingida e
se não houve prejuízo para as partes.

*Esse é o sistema adotado e mais aceito.

12
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
- Princípio da eficácia dos atos processuais

No âmbito processual penal não há o chamado ato jurídico nulo de pleno direito, que, desde
o momento de sua prática, não gera efeitos.

Os atos viciados sempre dependem de decisão judicial a reconhecer o vício, somente deixando
de produzir efeitos após a prolação da decisão.

- Princípio da restrição processual à decretação da ineficácia

A invalidação de um ato processual viciado somente pode ser decretada se houver


instrumento processual adequado e se o momento ainda for oportuno.

Como a nulidade dos atos processuais não é automática (princípio da eficácia dos atos
processuais), ainda que o ato processual seja praticado em desacordo com o modelo típico,
causando prejuízo às partes, esse vício somente poderá ser reconhecido se houver
instrumento processual idôneo para o reconhecimento judicial e desde que o momento ainda
seja adequado, ou seja, que não tenha havido preclusão temporal.

- Princípio da causalidade (efeito expansivo)

Também chamado de princípio da extensão, da sequencialidade, da contaminação ou da


consequencialidade, pelo qual se compreende que a nulidade de um ato provoca a invalidação
dos atos que lhe forem consequência ou decorrência. Art. 573, § 1º, do CPP, dispõe que “a
nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam
ou sejam consequência”.

- Princípio do interesse

Nenhuma das partes pode arguir nulidade relativa referente à formalidade cuja observância
só interesse à parte contrária (CPP, art. 565, in fine). Esse princípio também pode ser extraído
do art. 572, III, do CPP, que prevê que as nulidades previstas no art. 564, III, “d” e “e”, segunda

13
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
parte, “g” e “h”, e IV, do CPP, considerar-se-ão sanadas se a parte, ainda que tacitamente,
tiver aceitado os seus efeitos.

Esse princípio somente é aplicável às nulidades relativas.

Nulidades absolutas violam normas de interesse público (constitucionais), portanto, em regra,


qualquer parte pode arguir.

- Princípio da lealdade (ou da boa-fé)

Nenhuma das partes pode arguir nulidade a que haja dado causa, ou para a qual tenha
concorrido (CPP, art. 565, 1ª parte).

- Princípio da convalidação

Convalidação significa remover o defeito, remediar a falha, sanear o vício, a fim de que um
ato processual inicialmente imperfeito possa ser considerado válido, apto a produzir os efeitos
legais inerentes ao ato perfeito. Portanto, em virtude do princípio da convalidação, também
conhecido como princípio do aproveitamento ou da proteção, não se declara a nulidade
quando for possível suprir o defeito.

Pelo menos em regra, esse princípio é aplicável apenas às nulidades relativas.

NULIDADES EM ESPÉCIE

Rol exemplificativo - art. 564 do CPP

. Incompetência;

. Suspeição;

. Suborno do juiz;

. Ilegitimidade de parte;

. Falta da denúncia, da queixa, da representação e da requisição do Ministro da Justiça;

14
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
. Ausência do exame de corpo de delito;

. Falta de nomeação de defensor ao acusado presente, que não o tiver, ou ao ausente, e

de curador ao menor de 21 anos;

. Não intervenção do Ministério Público;

. Ausência de citação (circundução), do interrogatório do acusado e de concessão dos

prazos à acusação e à defesa;

. Nulidades cominadas no procedimento bifásico do Tribunal do Júri: art. 564, III, “f”, “g”, “h”,
“i”, “j”, “k”, “l”, e parágrafo único;

. Falta da sentença;

. Falta do recurso de ofício, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;

. Falta de intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência das sentenças e
despachos de que caiba recurso;

. Falta do quorum legal para o julgamento nos Tribunais Superiores e nos Tribunais de Justiça
e Tribunais Regionais Federais;

. Omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato;

. Nulidade decorrente da carência de fundamentação - Lei 13.964/19.

JURISPRUDÊNCIAS RELEVANTES PARA CONCURSOS DE DELEGADO DE POLÍCIA

STJ (2021) – Informativo 704

A ausência de afirmação da autoridade policial de sua própria suspeição não eiva de


nulidade o processo judicial por si só, sendo necessária a demonstração do prejuízo
suportado pelo réu.

Caso concreto: após a condenação, a defesa do réu descobriu que um dos Delegados
que participou das investigações – conduzidas pelo Ministério Público – seria suspeito
já que seu pai também teria envolvimento com a organização criminosa.

15
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Logo, o Delegado deveria ter se declarado suspeito, nos termos do art. 107 do CPP:
“Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas
deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.”

Para o STJ, contudo, o descumprimento do art. 107 do CPP - quando a autoridade


policial deixa de afirmar sua própria suspeição - não gera, por si só, a nulidade do
processo judicial, sendo necessária a demonstração do prejuízo suportado pelo réu.

O inquérito é uma peça de informação, destinada a auxiliar a construção da opinio


delicti do MP. Vale ressaltar, inclusive, que o inquérito é uma peça facultativa. Logo,
possíveis irregularidades ocorridas no inquérito policial não afetam a ação penal.

No caso concreto, dentre as provas que fundamentaram a condenação do réu, apenas


a interceptação telefônica foi realizada com a participação do Delegado suspeito. A
defesa, contudo, não se insurgiu contra o conteúdo material das conversas gravadas
nem indicou que seriam falsas. Assim, como não foi demonstrado qualquer prejuízo
causado pela suspeição, é inviável decretação de nulidade da condenação.

STF (2016) – Informativo 824

É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada


em inquérito policial.

A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o


inquérito é mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início
da ação penal.

Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito,


pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão
relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos
praticados ao longo da ação penal condenatória.

16
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
STF (2019) – Informativo 944

É nulo o interrogatório travestido de entrevista realizado pela autoridade policial com


o investigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem assistência de
advogado e sem a comunicação de seus direitos. #IMPORTANTE

É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o investigado, durante a


busca e apreensão em sua residência, sem que tenha sido assegurado ao investigado
o direito à prévia consulta a seu advogado e sem que ele tenha sido comunicado sobre
seu direito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo.

Trata-se de um “interrogatório travestido de entrevista”, havendo violação do direito


ao silêncio e à não autoincriminação.

STF (2019) – Informativo 964

Não viola a SV 14 quando se nega que o investigado tenha acesso a peças que digam
respeito a dados sigilosos de terceiros e que não estejam relacionados com o seu
direito de defesa.

Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça será possível que o
investigado tenha acesso amplo aos autos, inclusive a eventual relatório de inteligência
financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que se negue o acesso a peças que
digam respeito a dados de terceiros protegidos pelo segredo de justiça.

Essa restrição parcial não viola a súmula vinculante 14. Isso porque é excessivo o
acesso de um dos investigados a informações, de caráter privado de diversas pessoas,
que não dizem respeito ao direito de defesa dele.

STF (2020) – Informativo 980

A nulidade processual pela não abertura de prazo na fase de diligências configura


nulidade relativa, devendo ser arguida no momento oportuno e com a demonstração
de efetivo prejuízo.

17
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
A falta de abertura de prazo, após o encerramento da instrução, para manifestação
das partes acerca do interesse na feitura de diligências complementares constitui
nulidade relativa, cujo reconhecimento pressupõe que o inconformismo seja veiculado
em momento oportuno, ou seja, quando da apresentação de alegações finais.

RECURSOS

O recurso é um instrumento do processo penal por meio do qual a parte,


voluntariamente e em seu próprio interesse, dentro de um prazo legal, combate uma decisão
judicial, valendo-se da mesma relação processual e objetivando o esclarecimento, a
integração, a invalidação ou a reforma da decisão. Nos passos da melhor doutrina, “recurso é
o pedido de nova decisão judicial, com alteração de decisão anterior, previsto em lei, dirigido,
em regra, a outro órgão jurisdicional, dentro do mesmo processo”.

Prevalece a orientação de que o recurso é um prolongamento, uma etapa, uma fase,


um desdobramento de uma relação processual anterior, que é justamente o traço
diferenciador em relação às ações autônomas de impugnação, que são uma nova ação. Os
recursos, assim, estão dentro da mesma ação.

Segundo a doutrina de Fábio Roque, os recursos possuem duplo fundamento: para a


sociedade, o recurso é uma garantia de que a decisão judicial poderá ser controlada
internamente pelo Poder Judiciário, o que é reforçado pela publicidade dos atos. Já para a
parte processual, o recurso é um mecanismo apto a combater, dentro do processo, decisões
injustas, incorretas ou contrárias ao seu interesse.

Ademais, o sistema processual se torna mais seguro porque o juiz sabe que a sua
decisão poderá ser submetida a reexame pelos seus pares, podendo ser corroborada ou
reformada.

18
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Características:

1. Voluntariedade;

2. Previsão legal;

3. Anterioridade à preclusão ou à coisa julgada;

4. Desenvolvimento dentro da mesma relação jurídica processual de que emana a


decisão impugnada.

PRINCÍPIOS

- Duplo grau de jurisdição

Trata-se da possibilidade de um reexame integral (matéria de fato e de direito) da


decisão do juízo a quo, a ser confiado a órgão jurisdicional diverso do que a proferiu e, em
regra, de hierarquia superior na ordem judiciária.

- Taxatividade dos recursos

Cada impugnação possui um instrumento correto para ser manejada. Os recursos


dependem, portanto, de previsão legal, do que se conclui que o rol dos recursos e as hipóteses
de cabimento configuram um rol taxativo.

- Unirrecorribilidade das decisões

Unicidade ou singularidade.

Segundo Renato Brasileiro, a cada decisão recorrível corresponde um único recurso. A


título de exemplo de aplicação desse princípio, o art. 593, § 4º, do CPP, prevê que, quando
cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de
parte da decisão se recorra. Portanto, se, no bojo de uma sentença, houver a condenação do
acusado em relação a um delito e a extinção da punibilidade quanto a outro, tem-se que o

19
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
recurso cabível será o de apelação, ainda que o Ministério Público pretenda se insurgir apenas
contra a extinção da punibilidade.

A doutrina traz exemplos de exceções ao princípio da unirrecorribilidade: recurso


extraordinário e recurso especial.

- Fungibilidade

O princípio da fungibilidade está previsto expressamente no art. 579, caput, do CPP,


segundo o qual “salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de
um recurso por outro”.

Exceções ao Princípio da Fungibilidade - Má-fé;


- Erro grosseiro.

- Voluntariedade dos recursos

A existência de um recurso está condicionada à manifestação da vontade da parte, que


demonstra seu interesse de recorrer com a interposição do recurso.

STF (2023) – HC 223587 AgR

A ausência de interposição de recurso, por si só, não caracteriza nulidade,


mercê do princípio da voluntariedade recursal.

- Disponibilidade dos recursos

Permite que a parte recorrente desista do recurso.

No processo penal, isso não se aplica ao MP. Ou seja, não se trata de princípio de
natureza absoluta, pois o art. 576 do CPP estabelece que o Ministério Público não poderá
desistir de recurso que haja interposto.

20
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
- Princípio da non reformatio in pejus (efeito prodrômico da sentença)

Segundo a doutrina de Renato Brasileiro:

"Quanto ao efeito devolutivo dos recursos, há dois sistemas passíveis de utilização: a)


sistema da proibição da reformatio in pejus: não se admite que a situação do recorrente seja
piorada em virtude do julgamento do seu próprio recurso; b) sistema do benefício comum
(communio remedii): o recurso interposto por uma das partes beneficia a ambas, de forma
que é aceitável que a situação do recorrente piore em razão do julgamento de seu próprio
recurso. Em sede processual penal, pode-se dizer que, em se tratando de recurso da defesa,
aplica-se o sistema da proibição da reformatio in pejus. Por outro lado, na hipótese de recurso
da acusação, aplica-se o sistema do benefício comum, haja vista a possibilidade de reformatio
in mellius.

Por conta do princípio da ne reformatio in pejus, pode-se dizer que, em sede


processual penal, no caso de recurso exclusivo da defesa – ou em virtude de habeas corpus
impetrado em favor do acusado –, não se admite a reforma do julgado impugnado para piorar
sua situação, quer do ponto de vista quantitativo, quer sob o ângulo qualitativo, nem mesmo
para corrigir eventual erro material."

A expressão ne reformatio in pejus direta refere-se à proibição de o Tribunal proferir


decisão mais desfavorável ao acusado, em cotejo com a decisão impugnada, no caso de
recurso exclusivo da defesa. Lado outro, por força do princípio da ne reformatio in pejus
indireta, se a sentença impugnada for anulada em recurso exclusivo da defesa (ou em habeas
corpus), o juiz que vier a proferir nova decisão em substituição à anulada também ficará
vinculado ao máximo da pena imposta no primeiro decisum, não podendo agravar a situação
do acusado.

- Reformatio in mellius

Em síntese, pode-se dizer que o efeito devolutivo dos recursos no processo penal sofre
certa mitigação em face do princípio da reformatio in mellius. Por conta dele, é possível que
a instância superior melhore a situação do acusado em duas situações:

21
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
a) no recurso exclusivo da acusação;

b) no recurso da defesa, ainda que tal matéria não tenha sido expressamente
impugnada pela defesa (a defesa recorre apenas para diminuir a pena, mas o Tribunal concede
ao acusado regime prisional mais favorável).

- Dialeticidade

A petição de um recurso deve conter os fundamentos de fato e de direito que


embasam o inconformismo do recorrente. Significa que cabe ao recorrente discorrer sobre os
fundamentos do pedido de reexame da decisão impugnada, pois somente assim poderá a
parte contrária apresentar suas contrarrazões, respeitando-se o contraditório em matéria
recursal.

- Complementariedade

No processo penal, há situações em que a parte pode interpor o recurso e,


posteriormente, apresentar as respectivas razões.

- Variabilidade

Significa que o recorrente pode variar de recurso, trata-se da possibilidade de interpor


novo recurso em substituição a outro anteriormente interposto, desde que o faça dentro do
prazo legal.

- Colegialidade

A parte tem o direito de, recorrendo a uma instância superior ao primeiro grau de
jurisdição, obter um julgamento proferido por órgão colegiado.

22
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL

- Cabimento

- Adequação

- Tempestividade

Inexistência de fato impeditivo – Para que um recurso possa ser conhecido, há de se verificar
se estão presentes (ou não) determinados fatos que impedem seu conhecimento.

Preclusão

I) preclusão temporal: decorre do não exercício da faculdade, poder ou direito processual

no prazo determinado. Em sede de recursos, a preclusão temporal ocorre quando transcorre


in albis o prazo para recorrer, ou quando a impugnação apresentada pela parte é
intempestiva;

II) preclusão lógica: decorre da incompatibilidade da prática de um ato processual com relação
a outro já praticado. Com relação aos recursos, a preclusão lógica ocorre, por exemplo, com a
renúncia.

III) preclusão consumativa: ocorre quando a faculdade já foi validamente exercida. Em relação
aos recursos, a preclusão consumativa está relacionada aos princípios da unirrecorribilidade
e da variabilidade dos recursos, anteriormente estudados.

Deserção: só há uma única hipótese de deserção no CPP - a deserção por falta de preparo do
recurso do querelante em crimes de ação penal exclusivamente privada.

23
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL

Os pressupostos subjetivos de admissibilidade recursal subdividem-se em:

1) legitimidade para recorrer; e

2) interesse recursal.

EFEITOS DOS RECURSOS

1. Efeito obstativo

A interposição de um recurso impede da preclusão temporal e o trânsito em julgado,


que somente irá se verificar após o julgamento da referida impugnação.

2. Efeito devolutivo

Consiste na transferência do conhecimento da matéria impugnada ao órgão


jurisdicional, objetivando a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento da
decisão impugnada.

Em regra, a devolução do conhecimento da matéria impugnada é feita para órgão


jurisdicional de hierarquia superior distinto daquele que prolatou a decisão impugnada. No
entanto, o efeito devolutivo também estará presente nas hipóteses em que a devolução da
matéria impugnada for feita para o mesmo órgão jurisdicional prolator da decisão.

STJ: O efeito devolutivo amplo da apelação criminal autoriza o Tribunal de origem a


conhecer de matéria não ventilada nas razões recursais, desde que não agrave a situação do
condenado.

3. Efeito suspensivo

Consiste na impossibilidade de a decisão impugnada produzir seus efeitos regulares


enquanto não houver a apreciação do recurso interposto.

24
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
4. Efeito regressivo, iterativo ou diferido

Juízo de Retratação – esse efeito regressivo dá ensejo ao denominado juízo de


retratação (ou de confirmação) de alguns recursos, presente, a título de exemplo, no recurso
em sentido estrito (CPP, art. 589, caput), na carta testemunhável (CPP, art. 643) e no agravo
em execução, que segue o mesmo procedimento do RESE, segundo posição majoritária da
jurisprudência.

Consiste na devolução da matéria impugnada para fins de reexame ao mesmo órgão


jurisdicional que prolatou a decisão recorrida, isto é, ao próprio juízo a quo.

5. Efeito extensivo

Trata-se de extensão de efeitos em caso de concurso de agentes.

Os acusados da prática de um mesmo crime devem ser tratados de maneira


semelhante, caso se encontrem em idêntica situação jurídica, o efeito extensivo consiste na
possibilidade de se estender o resultado favorável do recurso interposto por um dos acusados
aos outros que não tenham recorrido.

6. Efeito substitutivo

Entende-se que o julgamento proferido pelo juízo ad quem substituirá a decisão


impugnada no que tiver sido objeto de recurso, ainda que seja negado provimento à
impugnação.

7. Efeito translativo

Consiste na devolução ao juízo ad quem de toda a matéria não atingida pela preclusão.
Diz-se dotado de efeito translativo o recurso que, uma vez interposto, tem o condão de
devolver ao Tribunal o poder de apreciar qualquer matéria, em favor ou contra qualquer das
partes.

25
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
8. Efeito dilatório-procedimental

Cuida-se de efeito natural de todo recurso, que consiste na sucessão de atos que
decorrem da sua interposição.

RECURSOS EM ESPÉCIE

Nesse tema, para provas de carreiras policiais, o mais indicado é a leitura da lei seca (indicadas
no caderno de sugestões) e jurisprudências, faremos apenas um resumo com dicas.

CAPÍTULO II

DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO → RESE

Art. 581. Caberá RECURSO, NO SENTIDO ESTRITO, da decisão, despacho ou sentença: (...)

- Prazos:

• Interposição: 5 dias

RECURSO • Razões: 2 dias


EM SENTIDO
- Rol taxativo (hipóteses legais exaustivas);
ESTRITO
- Admitem interpretação extensiva;

- Não admitem interpretação analógica;

- Cabe juízo de retratação.

26
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
CAPÍTULO III

DA APELAÇÃO

Art. 593. Caberá APELAÇÃO no prazo de 5 (cinco) dias (...)

- Prazos:

• Interposição: 5 dias

• Razões: 8 dias | Contravenções: 3 dias


APELAÇÃO
• Assistente técnico:

1. Habilitado – 5 dias
2. Não habilitado – 15 dias
3. Razões: 3 dias, APÓS o Ministério Público.

• JeCRIM: 10 dias total

- Efeitos: devolutivo e suspensivo (exceção art. 597)

CAPÍTULO V

DO PROCESSO E DO JULGA MENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO

E DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO

Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras
ou turmas criminais, de acordo com a competência estabelecida nas leis de organização
judiciária.

Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de SEGUNDA INSTÂNCIA, desfavorável ao
réu, admitem-se EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE, que poderão ser opostos dentro
de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for
parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de divergência.

27
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Prazo 10 dias

EMBARGOS Quando NÃO FOR UNÂNIME a


INFRINGENTES E DE decisão de segunda instância,
NULIDADE DESFAVORÁVEL AO RÉU.
Cabimento Obs.: Recursos exclusivos da
defesa. Contudo, parte da doutrina
defende que o MP pode interpor o
recurso, desde que em benefício
do acusado.

CAPÍTULO VI

DOS EMBARGOS

Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão
ser opostos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, no prazo de dois dias contados da sua publicação,
quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.

Prazo 2 dias

EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO • Ambiguidade
Cabimento • Obscuridade
• Contradição
• Omissão

Jecrim:

Prazo – 5 dias

Cabimento:

Obscuridade

Contradição

Omissão

28
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
CAPÍTULO VII

DA REVISÃO

Art. 621. A REVISÃO dos processos findos será admitida:

I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência
dos autos;

STJ (2019) – Informativo 656

A violação a normas processuais não escritas, como é o caso da proibição da


supressão de instância, pode ensejar o ajuizamento de revisão criminal, com
base no art. 621, I, do CPP.

O art. 621, I, do CPP prevê que cabe revisão criminal “quando a sentença
condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal”.

É admissível a revisão criminal fundada no art. 621, I, do CPP ainda que, sem
indicar nenhum dispositivo de lei penal violado, suas razões apontem tanto a
supressão de instância quanto a ausência de esgotamento da prestação
jurisdicional. Isso porque a expressão “texto expresso da lei penal” prevista no
art. 621, I, do CPP é ampla e abrange também as normas processuais não estão
escritas.

II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos


comprovadamente falsos;

III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de


circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

Súmula nº 393 do STF

“Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se a


prisão.”

29
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Efeitos da PROCEDÊNCIA da revisão criminal:

- alterar a classificação da infração;

- absolver o réu;

- modificar a pena; ou

- anular o processo.

NÃO PODERÁ SER AGRAVADA A PENA IMPOSTA PELA DECISÃO REVISTA.

- Não se admite reiteração do pedido revisional, SALVO se fundado em novas

provas;

- Cabe revisão de sentença absolutória imprópria;

- A fuga não impede a revisão criminal;

- Cabe indenização, exceto:

a) condenação advier de queixa-crime;

b) se o erro ou a injustiça proceder de ato ou falta imputável ao próprio impetrante,


como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;

- Cabe revisão criminal baseada em nulidade absoluta;

- Cabe revisão criminal nas decisões do Júri;

- Nunca admitirá reforma para piorar a situação do condenado;

- Cabe revisão no JECRIM → Turmas Recursais.

STJ (2021)

A liminar em Revisão Criminal com base em violação a texto expresso de lei constitui
medida excepcional.

A liminar em revisão criminal com base em violação a texto expresso de lei constitui
medida excepcional, somente se justificando quando a ofensa se mostre aberrante,
cristalina, em respeito à segurança jurídica decorrente da coisa julgada.

30
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
CAPÍTULO VIII

DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Art. 637. O RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO TEM EFEITO SUSPENSIVO, e uma vez arrazoados
pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução
da sentença.

Antes do Pacote Anticrime:

Art. 638. O recurso extraordinário será processado e julgado no Supremo Tribunal Federal na
forma estabelecida pelo respectivo regimento interno.

Depois do Pacote Anticrime:

Art. 638 O recurso extraordinário e o recurso especial serão processados e julgados no


Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça na forma estabelecida por leis
especiais, pela lei processual civil e pelos respectivos regimentos internos.

CAPÍTULO IX

DA CARTA TESTEMUNHÁVEL

Art. 639. Dar-se-á CARTA TESTEMUNHÁVEL:

I - da decisão que denegar o recurso;

II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad
quem.

. Prazo → 48 horas

. Cabimento:

- decisão que denegar o recurso;

31
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
- decisão que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo
ad quem.

. Não terá efeito suspensivo (apenas devolutivo e regressivo);

. Admite juízo de retratação.

32
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
DIREITO ADMINISTRATIVO | LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

LEI DE LICITAÇÕES – Lei 14.133/21

INTRODUÇÃO E CONCEITO

Após 27 anos de vigência da lei 8.666/93, foi publicada a Lei n. 14.133/2021 que regulamenta
as licitações e contratos administrativos; além de incorporar as inovações tecnológicas e as
inovações decorrentes do desenvolvimento natural das contratações públicas, também
reuniu, em um único diploma legislativo, institutos já previstos nas leis do pregão e do RDC,
de forma que, passado o prazo de transição, serão revogadas as leis 8.666/93, 10.520/2002 e
12.462/2011.

A competência para legislar sobre licitação está prevista no art. 22, XXVII, da Constituição
Federal, o qual estabelece que compete privativamente à União legislar sobre normas gerais
de licitação e contratos administrativos, em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
observando o art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista,
observando o art. 173, § 1º, III, todos da CF.

• CONCEITO

Formas de conceituar licitação, trazidas por doutrinas:

1. A licitação é um processo administrativo, disciplinado por lei e por um ato administrativo


prévio, que determina critérios objetivos para a seleção da proposta mais vantajosa e a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável, pautado na isonomia e conduzido por
um órgão de competência exclusiva.

2. Licitação é o procedimento administrativo, utilizado pela Administração Pública e pelas


demais pessoas indicadas pela lei, por meio do qual é selecionada a “proposta apta a gerar
o resultado de contratação mais vantajoso para a Administração Pública”, mediante

33
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
critérios que garantam a isonomia e a competição entre os interessados, para a celebração
de um contrato ou obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico.

3. Licitação é um procedimento administrativo destinado à seleção da melhor proposta


dentre as apresentadas por aqueles que desejam contratar com a Administração Pública.
Esse instrumento estriba-se na ideia de competição a ser travada, isonomicamente, entre
os que preenchem os atributos e as aptidões necessários ao bom cumprimento das
obrigações que se propõem assumir.

ETAPAS

1. Preparatória (planejamento da licitação);

2. Divulgação do Edital (início da fase externa);

3. Apresentação de documentação (atendimento ao Edital);

4. Julgamento (verificação da melhor proposta);

5. Habilitação (verificação de conformidade);

6. Recursos (análise da documentação);

7. Homologação e Adjudicação (finalização da licitação);

8. Contratação (estabelecimento de posição contratual).

Observações relevantes sobre o conceito – trata-se de um processo administrativo, ou seja,


é um conjunto de atos concatenamos, preordenados, destinados a um fim específico.

Lei 14.133/2021 – Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos

REGIME DE TRANSIÇÃO

• E a Lei 8.666/93? Lei 10.520/02? Lei 13.303?

34
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
A Lei 8.666/93 e a Lei 10.520 serão revogadas quando completarem 2 anos da publicação da
Lei 14.133/2021, exceto o art. 89 e 108 da Lei 8.666/93 (disposições penais), que foram
revogados na data da publicação.

Isso significa que não houve VACATIO LEGIS, mas sim um REGIME SIMULTÂNEO de leis de
licitações, contados a partir de 1º de abril de 2021, conforme o art. 193:

Art. 193. Revogam-se:

I - os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na data de


publicação desta Lei;

II - a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei nº 10.520, de 17 de julho


de 2002, e os arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011,
após decorridos 2 (dois) anos da publicação oficial desta Lei.

Art. 191. Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do caput do art.
193, a Administração poderá optar por licitar ou contratar diretamente
de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis citadas no referido
inciso, e a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no edital
ou no aviso ou instrumento de contratação direta, vedada a aplicação
combinada desta Lei com as citadas no referido inciso.

• Ato administrativo prévio – com o advento da Nova Lei, é o EDITAL! Acaba a


modalidade convite.

• Portanto, devido ao regime simultâneo de aplicação da leis nesse período de 2 anos,


os editais publicados a partir de 1º de abril de 2021 devem trazer expressamente qual é a Lei
que está sendo aplicada naquela licitação.

Dessa forma, durante o período indicado, a Administração Pública terá três opções:
I) Utilizar apenas o novo regime;
II) Utilizar apenas o antigo regime;

35
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
III) Alternar entre os regimes, utilizando o regime antigo ou o regime novo a depender
da conveniência e oportunidade do administrador.

Se adotada a lei anterior, vai seguir a lei anterior, inclusive quanto ao contrato.
Se seguida a nova lei, será seguida a legislação nova legislação, inclusive quanto ao contrato.
Ressalta-se que os contratos e licitações anteriores a nova lei, são regidos pela lei antiga:

Art. 190. O contrato cujo instrumento tenha sido assinado antes


da entrada em vigor desta Lei continuará a ser regido de acordo
com as regras previstas na legislação revogada.

ATENÇÃO: A LEI 8.666 FOI PRORROGADA!

OBJETIVOS

Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos:

I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais vantajoso


para a Administração Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto;

II - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como a justa competição;

III - evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e


superfaturamento na execução dos contratos;

IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável.

Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é responsável pela governança


das contratações e deve implementar processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e
controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios e os
respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos no caput deste
artigo, promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das contratações
ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e
eficácia em suas contratações.

36
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
• FINALIDADES

Trata-se de dispositivo que corresponde ao art. 3º da lei 8.666/93 que definia os fins da
existência do procedimento licitatório.

A nova legislação mantém o entendimento de que a Licitação tem como finalidade viabilizar
a melhor contratação possível para o poder público, sempre buscando a proposta mais
vantajosa ao Estado. A proposta mais vantajosa, portanto, não é necessariamente a mais
barata, sendo admitidos outros critérios de escolha, conforme se analisará nos dispositivos
específicos. Os objetivos estabelecidos para a licitação devem ser cumpridos.

A interpretação teleológica da norma não autoriza a consideração de qualquer hierarquia


entre as finalidades a serem perseguidas com o processo licitatório. Com efeito, todos os
propósitos indicados no art. 11 da Lei 14.133/2021 devem ser cumpridos na medida do caso
concreto. Trata-se de obrigação e não faculdade das autoridades.

✓ Qual é a diferença de sobrepreço e superfaturamento?

Art. 6º, LVI – sobrepreço: preço orçado para licitação ou contratado em valor
expressivamente superior aos preços referenciais de mercado, seja de apenas 1 (um) item,
se a licitação ou a contratação for por preços unitários de serviço, seja do valor global do
objeto, se a licitação ou a contratação for por tarefa, empreitada por preço global ou
empreitada integral, semi-integrada ou integrada;

Art. 6º, LVII – superfaturamento: dano provocado ao patrimônio da Administração,


caracterizado, entre outras situações, por:

a) medição de quantidades superiores às efetivamente executadas ou fornecidas;

b) deficiência na execução de obras e de serviços de engenharia que resulte em diminuição


da sua qualidade, vida útil ou segurança;

37
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
c) alterações no orçamento de obras e de serviços de engenharia que causem desequilíbrio
econômico-financeiro do contrato em favor do contratado;

d) outras alterações de cláusulas financeiras que gerem recebimentos contratuais


antecipados, distorção do cronograma físico-financeiro, prorrogação injustificada do prazo
contratual com custos adicionais para a Administração ou reajuste irregular de preços;

Essa lista de situações é exemplificativa.

ABRANGÊNCIA DA LEI

Aplica-se:

• Administração Direta, Autárquica e Fundacional;


• Todos os entes (U, E, DF, M);
• Função Administrativa (legislativo, judiciário);
• Fundos especiais;
• Entidades controladas.

Casos especiais:

• Repartições sediadas no exterior (regulamento próprio / peculiaridades);


• Recursos de agências e organismos internacionais (podem ter regras próprias);
• Reservas internacionais (ato normativo do Banco Central).

Não se aplica (em regra):

• Empresas Estatais. Exceto as disposições penais; critérios de desempate; pregão.

38
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Art. 1º Esta Lei estabelece NORMAS GERAIS de licitação e contratação para as
Administrações Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e abrange:

I – os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito


Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho de
função administrativa;

II – os fundos especiais e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela


Administração Pública.

§ 1º NÃO SÃO ABRANGIDAS por esta Lei as empresas públicas, as sociedades de economia
mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, ressalvado
o disposto no art. 178 desta Lei.

§ 2º As contratações realizadas no âmbito das repartições públicas sediadas no exterior


obedecerão às peculiaridades locais e aos princípios básicos estabelecidos nesta Lei, na
forma de regulamentação específica a ser editada por ministro de Estado.

§ 3º Nas licitações e contratações que envolvam recursos provenientes de empréstimo ou


doação oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira ou de organismo financeiro
de que o Brasil seja parte, podem ser admitidas:

I - condições decorrentes de acordos internacionais aprovados pelo Congresso Nacional e


ratificados pelo Presidente da República;

II - condições peculiares à seleção e à contratação constantes de normas e procedimentos


das agências ou dos organismos, desde que:

a) sejam exigidas para a obtenção do empréstimo ou doação;

b) não conflitem com os princípios constitucionais em vigor;

c) sejam indicadas no respectivo contrato de empréstimo ou doação e tenham sido objeto


de parecer favorável do órgão jurídico do contratante do financiamento previamente à
celebração do referido contrato

39
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
APLICAÇÃO DA LEI

Aplicação primária:

• alienação e concessão de direito real de uso de bens;


• compra, inclusive por encomenda;
• locação;
• concessão e permissão de uso de bens públicos;
• prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais especializados;
• obras e serviços de arquitetura e engenharia; - contratações de tecnologia da
informação e de comunicação.

Aplicação subsidiária:

• concessão e permissão de serviços públicos;


• PPPs;
• serviços de publicidades com agências de propaganda.

Não se aplica:

• contratos que tenham por objeto operação de crédito, interno ou externo, e gestão
de dívida pública, incluídas as contratações de agente financeiro e a concessão de
garantia relacionadas a esses contratos;
• contratações sujeitas a normas previstas em legislação própria.

PRINCÍPIOS

Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os PRINCÍPIOS da legalidade,


da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse
público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da
transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da
vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da

40
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da
economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as
disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro).

✓ Princípios expressos:
1. Legalidade;
2. Impessoalidade;
3. Moralidade;
4. Publicidade;
5. Eficiência;
6. Interesse público;
7. Probidade administrativa;
8. Igualdade;
9. Planejamento;
10. Transparência;
11. Eficácia;
12. Segregação de funções;
13. Motivação;
14. Vinculação ao edital;
15. Julgamento objetivo;
16. Segurança jurídica;
17. Razoabilidade;
18. Competitividade;
19. Proporcionalidade;
20. Celeridade;
21. Economicidade;
22. Desenvolvimento nacional sustentável;
23. + LINDB.

41
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Comentários:

a) Princípio da PUBLICIDADE:

– Art. 13. Os atos praticados no processo licitatório são PÚBLICOS, ressalvadas as hipóteses
de informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, na
forma da lei.

– Publicidade postergada

Parágrafo único. A publicidade será diferida:

I - quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura;

II - quanto ao orçamento da Administração, nos termos do art. 24 desta


Lei.

Art. 24. Desde que justificado, o orçamento estimado da contratação


PODERÁ ter caráter sigiloso, sem prejuízo da divulgação do
detalhamento dos quantitativos e das demais informações necessárias
para a elaboração das propostas, e, nesse caso:

I - o sigilo não prevalecerá para os órgãos de controle interno e


externo;

Art. 18, XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento


da licitação, observado o art. 24 desta Lei.

Trata-se da publicidade que acontece em momento posterior, nessas situações trazidas pelo
dispositivo.

Quanto ao conteúdo, não é novidade. Os licitantes chegam com as propostas em conteúdo


restrito, e somente torna-se público quando da abertura.

42
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
O orçamento sigiloso não é a regra (diferente da Lei 13.303/16) e é uma FACULDADE
(“poderá”).

Sigilo do orçamento:

• Desde que justificado;


• Tem que divulgar os quantitativos e demais informações;
• O sigilo não prevalecerá sobre o controle interno e externo;
• Se for maior desconto (preço máximo constará no edital – obrigatoriamente).

– A publicação do PNCP (portal nacional de contratações públicas) é obrigatória. Mas também


será obrigatória a publicação do extrato do edital nos diários oficiais e em jornal diário de
grande circulação (dispositivo que foi vetado e depois teve o veto derrubado pelo CN).

Art. 53, § 3º Encerrada a instrução do processo sob os aspectos técnico


e jurídico, a autoridade determinará a divulgação do edital de licitação
conforme disposto no art. 54.

1º Sem prejuízo do disposto no caput, é obrigatória a publicação de


extrato do edital no Diário Oficial da União, do Estado, do Distrito
Federal ou do Município, ou, no caso de consórcio público, do ente de
maior nível entre eles, bem como em jornal diário de grande
circulação. (Promulgação partes vetadas)

§ 2º É facultada a divulgação adicional e a manutenção do inteiro teor


do edital e de seus anexos em sítio eletrônico oficial do ente federativo
do órgão ou entidade responsável pela licitação ou, no caso de
consórcio público, do ente de maior nível entre eles, admitida, ainda, a
divulgação direta a interessados devidamente cadastrados para esse
fim.

Obs.: a criação do Portal Nacional de Contratações Públicas, visa conferir maior planejamento
às contratações dos entes, que devem informar, em especial, previsões de quantitativos de
aquisições de produtos e contratações de serviços (exemplo do Ministério da saúde abaixo);

43
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
elaboração de um Plano Anual de Contratações; preocupação com o princípio da publicidade
amplo acesso aos editais e anexos, sem exigência de registro cadastral para acesso; regulação
da fase interna da licitação, também ligada ao reforço ao planejamento e à transparência,
para reforçar a motivação do gestor quanto à necessidade da contratação.

b) Princípio da SEGREGAÇÃO DAS FUNÇÕES:

Trata-se da divisão das diversas funções da licitação, dentre os agentes públicos envolvidos.

Assim, evita-se a concentração de atos; poderes e decisões na mão de uma ou poucas pessoas.

Art. 7, §1º A autoridade referida no caput deste artigo deverá observar


o princípio da segregação de funções, vedada a designação do mesmo
agente público para atuação simultânea em funções mais suscetíveis
a riscos, de modo a reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de
ocorrência de fraudes na respectiva contratação.

c) Princípio da ISONOMIA

A isonomia também é uma finalidade da licitação, assim como valor intrínseco do processo
licitatório, sendo colocada como princípio pela lei 14.133/2021, em decorrência de
determinação contida no art. 37 da Constituição Federal.

Essa finalidade também se encontrava prevista na lei anterior. A nova lei acresce importante
determinação. Não apenas a isonomia deve ser considerada, mas também uma justa
competição. Quanto maior a competitividade, mais amplas serão as chances de se ter a
melhor proposta possível, visando impedir cartel ou conluio fraudulento.

A aplicação do princípio tem dois objetivos: a) garantir que a administração possa


efetivamente ter à sua disposição a melhor proposta dentre as apresentadas; b) fornecer ao
mercado uma garantia de credibilidade no sistema, de forma a não afastar competidores, que
não se sentiriam atraídos a participar de uma disputa com cartas marcadas.

44
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
d) DESENVOLVIMENTO NACIONAL SUSTENTÁVEL – Novidade Legislativa

O desenvolvimento nacional sustentável passou a ser uma das finalidades da licitação


com a publicação da Lei 12.349/2010, que alterou o art. 3˚ da Lei 8.666/93. O incentivo à
inovação, por outro lado, era objetivo do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), na forma
do art. 1, § 1˚, da Lei 12.462/2011. Tanto a inovação quanto o desenvolvimento nacional
sustentável possuem o propósito de respeito às gerações presentes e futuras, tanto com o
respeito à proteção do meio ambiente quanto através do incentivo da inovação tecnológica.

FUNÇÃO REGULATÓRIA

Função regulatória do Estado:

(CF) Lei n. 13.874, de 2019 – Art. 174. Como agente normativo e


regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei,
as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

A atuação do Estado não pode ser pautada apenas na economicidade. Portanto, a licitação
deve ser um dos instrumentos de desenvolvimento social, ambiental, implementação de
políticas públicas, dentre outros elementos que se inclinem ao desenvolvimento nacional
sustentável.

Artigos importantes da Lei 14.113/21 (inclusão social)

Art. 115. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de


acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, e cada parte
responderá pelas consequências de sua inexecução total ou parcial.

Art. 25, § 9º O edital poderá, na forma disposta em regulamento, exigir


que percentual mínimo da mão de obra responsável pela execução do
objeto da contratação seja constituído por:

45
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
I - mulheres vítimas de violência doméstica;

II - oriundos ou egressos do sistema prisional.

PROCEDIMENTO DA LICITAÇÃO

O art. 12 (No processo licitatório, observar-se-á o seguinte...) traz as regras procedimentais,


necessárias à lisura do certame. Nesse sentido, cabe lembrar que o certame licitatório ostenta
a qualidade de processo administrativo e, em razão disso, segue o princípio do formalismo
moderado, não devendo ser exigida formalidade que não seja necessária a resguardar sua
licitude

Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência:

I - preparatória;

II - de divulgação do edital de licitação;

III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;

IV - de julgamento;

V - de habilitação;

VI - recursal;

VII - de homologação.

Obs.: fase recursal é única – ainda que haja inversão de fases (art. 17, §2º).

• Na Lei 8.666/93 havia 2 grandes fases:

1. Interna – acontece dentro das estruturas da Administração (equipararia aos incisos I e


II)
2. Externa – composta por 5 atos

46
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
. Forma eletrônica – Preferencial:

Para atender ao princípio da eficiência, a lei determina que os procedimentos licitatórios


serão preferencialmente digitais.

. Forma presencial – Ato motivado; registro em ata; gravada em áudio e vídeo.

Art. 18 – A FASE PREPARATÓRIA do processo licitatório é caracterizada pelo


planejamento e deve compatibilizar-se com o plano de contratações anual de
que trata o inciso VII do caput do art. 12 desta Lei, sempre que elaborado, e
com as leis orçamentárias, bem como abordar todas as considerações
técnicas, mercadológicas e de gestão que podem interferir na contratação,
compreendidos: (...)

• Administração CONSENSUAL – Audiência Pública e Consulta Pública:

Art. 21. A Administração poderá convocar, com antecedência mínima de 8


(oito) dias úteis, AUDIÊNCIA PÚBLICA, presencial ou a distância, na forma
eletrônica, sobre licitação que pretenda realizar, com disponibilização prévia de
informações pertinentes, inclusive de estudo técnico preliminar e elementos
do edital de licitação, e com possibilidade de manifestação de todos os
interessados. Parágrafo único. A Administração também poderá submeter a
licitação a prévia CONSULTA PÚBLICA, mediante a disponibilização de seus
elementos a todos os interessados, que poderão formular sugestões no prazo
fixado.

Confere legitimidade democrática para os atos. É uma faculdade.

47
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Audiência pública:

. Presencial ou à distância (eletrônica);

. Divulgação: mínimo oito dias úteis de antecedência;

. Disponibilização prévia das informações;

. Manifestação de todos os interessados.

Consulta pública:

. Disponibilização das informações;

. Sugestões no prazo fixado.

MODALIDADES

Art. 28. São MODALIDADES de licitação:

I - pregão;

II - concorrência;

III - concurso;

IV - leilão;

V - diálogo competitivo.

Como era antes: pregão; concorrência; concurso; leilão; tomada de preço; convite.

A escolha da modalidade é de acordo com a natureza do objeto.

O § 1º traz que além das modalidades referidas no caput deste artigo, a Administração pode
servir-se dos procedimentos auxiliares previstos no art. 78 desta Lei.

48
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Já o §2º Veda expressamente a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a
combinação daquelas referidas no caput deste artigo.

Concorrência:

• bens e serviços especiais

• obras

• serviços de engenharia (comuns e especiais)

Critérios: todos, exceto maior lance.

Rito: comum.

Pregão:

• bens e serviços comuns

Critérios: menor preço; maior lance.

Rito: comum.

O pregão é a modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens e serviços comuns,


cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou de maior desconto.

Também será cabível para a formação do Sistema de Registro de Preços, nos termos do art.
6º XLV.

Art. 29; parágrafo único – o pregão NÃO se aplica.

Atenção: ele pode ser aplicado aos serviços comuns de engenharia.

Art. 29. A concorrência e o pregão seguem o rito procedimental comum


a que se refere o art. 17 desta Lei, adotando-se o pregão sempre que o

49
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
objeto possuir padrões de desempenho e qualidade que possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais
de mercado.

Parágrafo único. O pregão não se aplica às contratações de serviços


técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual e
de obras e serviços de engenharia, exceto os serviços de engenharia de
que trata a alínea “a” do inciso XXI do caput do art. 6º desta Lei.

Concurso:

• trabalho técnico, científico e artístico

Critérios: melhor técnica ou conteúdo artístico.

Rito: especial.

Leilão:

• alienação de bens móveis e imóveis

Critérios: maior lance.

Rito: especial.

Diálogo competitivo – Novidade Legislativa:

Surge no direito europeu. É uma exceção à regra, uma vez que, em regra, a licitação é
conduzida por agente de contratação.

Modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a


administração pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante
critérios objetivos.

Tem o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às necessidades


da administração pública.

50
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Os licitantes devem apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos.

2 fases: I) Fase de Diálogo (pode haver fases sucessivas); II) Fase Competitiva.

Etapas:

1. Divulgação do edital de pré-seleção: prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para
manifestação de interesse de participação na licitação.
2. Pré-seleção dos licitantes: verificar quem atende aos requisitos objetivos para os
diálogos.
3. Diálogo com os licitantes pré-selecionados para a escolha de uma solução: ▪ propósito
de identificar uma ou mais soluções.
4. Divulgação do edital da fase competitiva: divulgação da(s) solução(ões) escolhidas;
definição dos critérios de julgamento; 60 dias úteis para a apresentação das propostas.
5. Apresentação das propostas finais, a partir da solução elaborada, e julgamento das
propostas.

Hipóteses de utilização:

1. Condições da contratação: inovação tecnológica ou técnica; impossibilidade de o


órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções
disponíveis no mercado; e impossibilidade de as especificações técnicas serem
definidas com precisão suficiente pela administração.
2. A administração verificar a necessidade de identificar as alternativas, definindo: a
solução técnica mais adequada; os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já
definida; a estrutura jurídica ou financeira do contrato.

Comissão de contratação:

1. É obrigatória;
2. Mínimo três membros (servidores efetivos ou empregados públicos pertencentes aos
quadros permanentes)
3. Admite-se a contratação de profissionais para assessoramento técnico da comissão.

51
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Atenção – atualmente, a regra é o AGENTE de contratação, nas outras modalidades; somente
aqui a comissão é obrigatória.

CRITÉRIOS DE JULGAMENTO

Art. 33. O julgamento das propostas será realizado de acordo com os seguintes critérios:

I - menor preço;

II - maior desconto;

III - melhor técnica ou conteúdo artístico;

IV - técnica e preço;

V - maior lance, no caso de leilão;

VI - maior retorno econômico.

O Art. 34 trata do MENOR DISPÊNDIO (pagar menos):

• Menor preço;
• Maior desconto;
• Técnica e preço (quando couber).

MENOR PREÇO OU MAIOR DESCONTO

• Considera o menor dispêndio.


• A proposta deverá atender aos padrões mínimos de qualidade.
• Menor preço – valor nominal, literal, expresso.
• Maior desconto – I) Valor obtido indiretamente; II) Desconto sobre uma referência; III)
Preço global; IV) Aplica o desconto aos aditivos.
• Modalidades – I) Pregão; II) Concorrência.

52
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
• Custos Indiretos – exemplos: manutenção, reposição, depreciação; podem ser
considerados se objetivamente definidos.

MELHOR TÉCNICA OU CONTEÚDO ARTÍSTICO

• Considera exclusivamente as propostas técnicas ou artísticas.


• Edital definirá prêmio ou remuneração.
• Serve para projetos; trabalhos técnicos e científicos ou artísticos
• Modalidades: I) Concurso; II) Concorrência.

TÉCNICA E PREÇO

• Ponderação das notas atribuídas aos aspectos: I) De técnica; II) De preço.


• Uso justificado – I) Estudo técnico preliminar; II) Indique que a ponderação da
qualidade técnica é relevante.
• Fator máximo de ponderação – I) Para a técnica: 70%; II) Para o preço: não há limite
expresso
• Modalidade – Concorrência.

Art. 37. O julgamento por melhor técnica ou por técnica e preço deverá
ser realizado por: I - verificação da capacitação e da experiência do
licitante, comprovadas por meio da apresentação de atestados de
obras, produtos ou serviços previamente realizados; II - atribuição de
notas a quesitos de natureza qualitativa por banca designada para esse
fim, de acordo com orientações e limites definidos em edital,
considerados a demonstração de conhecimento do objeto, a
metodologia e o programa de trabalho, a qualificação das equipes
técnicas e a relação dos produtos que serão entregues; III - atribuição
de notas por desempenho do licitante em contratações anteriores
aferida nos documentos comprobatórios de que trata o § 3º do art. 88

53
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
desta Lei e em registro cadastral unificado disponível no Portal Nacional
de Contratações Públicas (PNCP).

MAIOR RETORNO ECONÔMICO

• Melhor proposta é aquela que gerar maior economia.


• Somente aplicável aos contratos de eficiência.
• Contrato de eficiência: I) Prestação de serviços (pode ser obra e bens); II) Objetivo de
proporcionar economia; III) Redução de despesas correntes; IV) Remuneração do
contratado em percentual sobre a economia.
• Proposta: I) De trabalho Obras, serviços e bens / prazos Economia estimada; II) De
preço Percentual sobre a economia.
• Se não gerar a economia – desconta da remuneração do contratado.
• Acima do limite – sanções.
• Modalidade – Concorrência.

DIVULGAÇÃO DO EDITAL DE LICITAÇÃO

Parecer jurídico

• Final da fase preparatória;


• Controle prévio de legalidade;
• Análise jurídica;
• Aplica-se, no que couber a: Contratações diretas; Acordos, termos de cooperação,
convênios e afins; Adesões a atas de registro de preços; Termos aditivos
• Pode dispensar parecer – Ato da autoridade jurídica máxima; Baixo valor, baixa
complexidade, padronização etc.

APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS E LANCES

Art. 55. Os PRAZOS MÍNIMOS para apresentação de propostas e lances, contados a partir da
data de divulgação do edital de licitação, são de:

54
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
I - para aquisição de bens:

a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de maior
desconto;

b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela alínea “a” deste inciso;

II - no caso de serviços e obras;

a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de maior
desconto, no caso de serviços comuns e de obras e serviços comuns de engenharia;

b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço
ou de maior desconto, no caso de serviços especiais e de obras e serviços especiais de
engenharia;

c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de contratação integrada;

d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for o de contratação semi-
integrada ou nas hipóteses não abrangidas pelas alíneas “a”, “b” e “c” deste inciso;

III - para licitação em que se adote o critério de julgamento de maior lance, 15 (quinze) dias
úteis;

IV - para licitação em que se adote o critério de julgamento de técnica e preço ou de melhor


técnica ou conteúdo artístico, 35 (trinta e cinco) dias úteis.

§ 1º Eventuais modificações no edital implicarão nova divulgação na mesma forma de sua


divulgação inicial, além do cumprimento dos mesmos prazos dos atos e procedimentos
originais, EXCETO quando a alteração não comprometer a formulação das propostas.

Prazos / Modalidades:

55
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Pregão – 8 dias úteis para bens; 10 dias úteis para serviços.

Leilão – 15 dias úteis.

Concurso – 35 dias úteis.

Concorrência – prazos variados.

Diálogo competitivo – prazos especiais: 25 dias úteis para manifestação de interesse; 60 dias
úteis para propostas.

MODOS DE DISPUTA

ISOLADA OU CONJUNTAMENTE

Art. 56. O modo de disputa poderá ser isolada ou conjuntamente:

I - aberto, hipótese em que os licitantes apresentarão suas propostas


por meio de lances públicos e sucessivos, crescentes ou decrescentes;

II - fechado, hipótese em que as propostas permanecerão em sigilo até


a data e hora designadas para sua divulgação

Aberto:

• lances públicos e sucessivos;

• crescentes ou decrescentes;

• não pode ser utilizado, isolada ou conjuntamente, em tratando de técnica e preço.

Fechado:

• sigilo até a divulgação;

• não pode ser utilizado de forma isolada em se tratando menor preço ou maior desconto.

56
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
ENCERRAMENTO DA LICITAÇÃO

Art. 71. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os


recursos administrativos, o processo licitatório será encaminhado à autoridade
superior, que poderá:

I - determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades;

II - revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade;

III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de


terceiros, sempre que presente ilegalidade insanável;

IV - adjudicar o objeto e homologar a licitação.

§ 1º Ao pronunciar a NULIDADE, a autoridade indicará expressamente os atos


com vícios insanáveis, tornando sem efeito todos os subsequentes que deles
dependam, e dará ensejo à apuração de responsabilidade de quem lhes tenha
dado causa.

§ 2º O motivo determinante para a REVOGAÇÃO do processo licitatório deverá


ser resultante de fato superveniente devidamente comprovado.

§ 3º Nos casos de anulação e revogação, deverá ser assegurada a prévia


manifestação dos interessados.

CONTRATAÇÃO DIRETA

Inexigibilidade e dispensa de licitação – inviabilidade de competição;

Rol: exemplificativo.

Art. 72. O processo de contratação direta, que compreende os casos de


INEXIGIBILIDADE e de DISPENSA de licitação, deverá ser instruído com os
seguintes documentos:

I - documento de formalização de demanda e, se for o caso, estudo técnico


preliminar, análise de riscos, termo de referência, projeto básico ou projeto

57
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
executivo; II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma
estabelecida no art. 23 desta Lei; III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se
for o caso, que demonstrem o atendimento dos requisitos exigidos; IV -
demonstração da compatibilidade da previsão de recursos orçamentários com
o compromisso a ser assumido; V - comprovação de que o contratado preenche
os requisitos de habilitação e qualificação mínima necessária; VI - razão da
escolha do contratado; VII - justificativa de preço; VIII - autorização da
autoridade competente. Parágrafo único. O ato que autoriza a contratação
direta ou o extrato decorrente do contrato deverá ser divulgado e mantido à
disposição do público em sítio eletrônico oficial.

Art. 73. Na hipótese de contratação direta indevida ocorrida com dolo, fraude
ou erro grosseiro, o contratado e o agente público responsável responderão
solidariamente pelo dano causado ao erário, sem prejuízo de outras sanções
legais cabíveis.

Art. 74. É INEXIGÍVEL a licitação quando inviável a competição, em especial nos


casos de: I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou
contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa
ou representante comercial exclusivos; II - contratação de profissional do setor
artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública; III - contratação
dos seguintes serviços técnicos especializados de natureza
predominantemente intelectual com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação (...)

Art. 75. É DISPENSÁVEL a licitação (...)

58
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS - SANÇÕES

A infração administrativa é o comportamento ou a omissão que viola alguma norma


de natureza administrativa, podendo ou não causar prejuízos ao órgão. O artigo 155 da Lei
14.133/2021, define as sanções administrativas valendo-se de metodologia diferente daquela
utilizada na Lei 8.666/1993, mas de maneira bastante semelhante à das Leis 10520/2002 e
12.462/2011, prevendo as condutas infracionais praticadas no âmbito dos certames
licitatórios e nos contratos administrativos. Além disso, o inciso XII promoveu a importação
das sanções previstas no artigo 5º da Lei 12.846/2013, sobrepondo, de certa forma, os regimes
de sanções da lei geral de licitações e da Lei Anticorrupção.

O artigo 155 traz um rol extenso de infrações, revelando a intenção do legislador de


reduzir a discricionariedade do gestor e propiciar mais coerência e uniformidade aos
julgamentos das condutas lesivas ao interesse público. Além disso, buscou-se uma redução do
nível de abstração do regime jurídico das infrações administrativas, em comparação com o
regime previsto na Lei 8.666/1993. Portanto, a novidade fica por conta da incorporação à lei
geral, da metodologia utilizada no regime jurídico das infrações típico do pregão e do RDC,
além da incorporação do rol de infrações da Lei Anticorrupção. Passamos, agora, à análise
agrupada dos incisos que compõem o rol de infrações administrativas praticadas no âmbito
das licitações e dos contratos administrativos.

ADVERTÊNCIA

I - dar causa à inexecução parcial do contrato;

(se não justificar pena mais grave)

MULTA

por qualquer das infrações administrativas.

59
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
IMPEDIMENTO DE LICITAR E CONTRATAR

II - dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave dano à Administração,
ao funcionamento dos serviços públicos ou ao interesse coletivo; III - dar causa à
inexecução total do contrato; IV - deixar de entregar a documentação exigida para o
certame; V - não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente
devidamente justificado; VI - não celebrar o contrato ou não entregar a
documentação exigida para a contratação, quando convocado dentro do prazo de
validade de sua proposta; VII - ensejar o retardamento da execução ou da entrega do
objeto da licitação sem motivo justificado;

(quando não se justificar a imposição de pena mais grave)

DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE PARA LICITAR E CONTRATAR

VIII - apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar


declaração falsa durante a licitação ou a execução do contrato; IX - fraudar a licitação
ou praticar ato fraudulento na execução do contrato; X - comportar-se de modo
inidôneo ou cometer fraude de qualquer natureza; XI - praticar atos ilícitos com vistas
a frustrar os objetivos da licitação; XII - praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº
12.846, de 1º de agosto de 2013.

também nos casos dos incisos II a VII, quando for o caso de impor pena mais grave.

POR ATRASO INJUSTIFICADO

Multa de mora

não impede que a administração:

. converta em multa compensatória;

. promova a extinção unilateral do contrato;

60
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
com a aplicação cumulada de outras sanções.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES

• Impugnação de edital de licitação ou solicitação de esclarecimento

Art. 164. Qualquer pessoa é parte legítima para impugnar edital de licitação por
irregularidade na aplicação desta Lei ou para solicitar esclarecimento sobre os
seus termos, devendo protocolar o pedido até 3 (três) dias úteis antes da data
de abertura do certame.

Parágrafo único. A resposta à impugnação ou ao pedido de esclarecimento será


divulgada em sítio eletrônico oficial no prazo de até 3 (três) dias úteis, limitado
ao último dia útil anterior à data da abertura do certame.

• Recursos:
. Hierárquico;
. Pedido de reconsideração.

Art. 168. O recurso e o pedido de reconsideração terão efeito suspensivo do


ato ou da decisão recorrida até que sobrevenha decisão final da autoridade
competente. Parágrafo único. Na elaboração de suas decisões, a autoridade
competente será auxiliada pelo órgão de assessoramento jurídico, que deverá
dirimir dúvidas e subsidiá-la com as informações necessárias.

ALTERAÇÕES NO CÓDIGO PENAL

CAPÍTULO II-B – DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Contratação direta ilegal

61
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação direta fora das hipóteses
previstas em lei:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Frustração do caráter competitivo de licitação

Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou para outrem vantagem
decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o caráter competitivo do processo
licitatório:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

Patrocínio de contratação indevida

Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração


Pública, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato cuja invalidação
vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

Modificação ou pagamento irregular em contrato administrativo

Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive
prorrogação contratual, em favor do contratado, durante a execução dos contratos
celebrados com a Administração Pública, sem autorização em lei, no edital da licitação ou
nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem
cronológica de sua exigibilidade:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

62
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Perturbação de processo licitatório

Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de processo licitatório:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

Violação de sigilo em licitação

Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em processo licitatório ou


proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:

Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa.

Afastamento de licitante

Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude
ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo:

Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além da pena correspondente à
violência.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar em razão de
vantagem oferecida.

Fraude em licitação ou contrato

Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, licitação ou contrato dela


decorrente, mediante:

I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com qualidade ou em quantidade


diversas das previstas no edital ou nos instrumentos contratuais;

63
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria falsificada, deteriorada,
inservível para consumo ou com prazo de validade vencido;

III - entrega de uma mercadoria por outra;

IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade da mercadoria ou do serviço


fornecido;

V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais onerosa para a Administração
Pública a proposta ou a execução do contrato:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

Contratação inidônea

Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional declarado inidôneo:

Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa.

§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo:

Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa.

§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele que, declarado inidôneo, venha a
participar de licitação e, na mesma pena do § 1º deste artigo, aquele que, declarado
inidôneo, venha a contratar com a Administração Pública.

Impedimento indevido

Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a inscrição de qualquer interessado


nos registros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, a suspensão ou o
cancelamento de registro do inscrito:

64
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Omissão grave de dado ou de informação por projetista

Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Administração Pública levantamento cadastral


ou condição de contorno em relevante dissonância com a realidade, em frustração ao
caráter competitivo da licitação ou em detrimento da seleção da proposta mais vantajosa
para a Administração Pública, em contratação para a elaboração de projeto básico, projeto
executivo ou anteprojeto, em diálogo competitivo ou em procedimento de manifestação de
interesse:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

§ 1º Consideram-se condição de contorno as informações e os levantamentos suficientes e


necessários para a definição da solução de projeto e dos respectivos preços pelo licitante,
incluídos sondagens, topografia, estudos de demanda, condições ambientais e demais
elementos ambientais impactantes, considerados requisitos mínimos ou obrigatórios em
normas técnicas que orientam a elaboração de projetos.

§ 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto ou indireto, próprio ou de


outrem, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.

Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes previstos neste Capítulo seguirá a
metodologia de cálculo prevista neste Código e não poderá ser inferior a 2% (dois por cento)
do valor do contrato licitado ou celebrado com contratação direta.”

Art. 179. Os incisos II e III do caput do art. 2º da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995,
passam a vigorar com a seguinte redação:

65
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
“Art. 2º

II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica
ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta
e risco e por prazo determinado;

III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total
ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de
interesse público, delegados pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade
concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o
investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do
serviço ou da obra por prazo determinado;

..................................................................................................................” (NR)

Art. 180. O caput do art. 10 da Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, passa a vigorar
com a seguinte redação:

“Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na


modalidade concorrência ou diálogo competitivo, estando a abertura do processo licitatório
condicionada a:

.................................................................................................................” (NR)

66
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
MEDICINA LEGAL

TANATOLOGIA FORENSE

✓ A Tanatologia é o estudo da morte.

MORTE PARA A MEDICINA LEGAL

OMS: Cessação dos sinais vitais a qualquer tempo após o nascimento sem possibilidade de
ressuscitação.

Conceito moderno: Conceitua-se morte como a cessação dos fenômenos vitais com a parada
das funções cerebrais (morte encefálica). Esse é o conceito utilizado pela Lei nº 9.434/97.

Por morte, entende-se, sinteticamente, como a cessão dos fenômenos vitais pela parada das
funções cerebral, respiratória e circulatória.

Pode ser classificada em (Croce; Croce Jr., 2012):

1. Anatômica: cessação completa e permanente de todas as grandes funções do organismo


entre si e o meio ambiente;

2. Histológica: é o processo decorrente da morte anatômica, em que os tecidos se as células


do organismo morrem paulatinamente;

67
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
3. Aparente: o indivíduo assemelha-se ao morto, mas está vivo por débil persistência da
circulação, podendo durar horas, como nos casos de morte súbita, mas pode haver
sobrevivência após pronta e rápida intervenção médica;

4. Relativa: o indivíduo jaz como morto, vitimado por parada cardíaca diagnosticada pela
ausência de pulso em artéria calibrosa;

5. Intermédia: modalidade admitida somente por alguns autores, é explicada como a que
precede a absoluta e sucede a relativa, como estágio da morte definitiva; e

6. Real: é o ato de cessar a personalidade e fisicamente a conexão orgânica por inibição da


força de coesão intermolecular e o de formar-se paulatinamente a decomposição do cadáver.

CLASSIFICAÇÃO DA MORTE

- Natural: É a que resulta da alteração orgânica ou perturbação funcional provocada por


agentes naturais. Decorrente de doença ou envelhecimento.

- Súbita: Morte imprevista, que sobrevém instantaneamente e sem causa manifesta,


atingindo pessoas em aparente estado de boa saúde. Não há tempo para atendimento efetivo.

- Violenta: É a que resulta de crime, suicídio ou acidente, havendo nexo causal do evento
morte e a violência.

68
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
- Fetal: Morte de um produto da concepção antes da expulsão ou da extração completa do
corpo da mãe independente da duração da gravidez.

- Presumida: É a morte que se verifica pela ausência ou desaparecimento de uma pessoa,


depois de transcorrido um prazo determinado pela Lei.

- Agônica: é a que se arrasta por dias ou semanas.

- Por inibição: é a parada súbita das funções vitais de um indivíduo sadio, sem causa médica
e jurídica identificáveis, talvez em decorrência de traumatismo leve, que não deixa vestígios,
atingindo certas regiões e desencadeando reflexos nervosos inibidores do funcionamento de
órgãos vitais, como o coração (Neusa Bittar).

COMORIÊNCIA E PREMORIÊNCIA

✓ Comoriência: se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo


prever quem morreu primeiro, presumir-se-ão simultaneamente mortos (art. 8º do
Código Civil).

✓ Premoriência: quando dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião e, pela


análise dos sinais de sobrevida ou dos fenômenos cadavéricos, é possível determinar
qual deles morreu primeiro.

✓ Cronotanatognose (do grego, kronos = tempo, thanatos = morte e gnosis =


conhecimento) é o capítulo da Tanatologia que estuda os meios de determinação do
tempo transcorrido entre a morte e o exame necroscópico.

69
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Vários fatores e sinais podem ser analisados para uma estimativa mais aproximada da hora do
óbito, como aferição da temperatura hepática, análise da fauna cadavérica (se houver) e
análise de sinais de morte, como os livores cadavéricos, midríase bilateral e o próprio
enrijecimento do cadáver, que se instala no sentido craniocaudal e desaparece no sentido
contrário.

SINAIS ABIÓTICOS

1. Putrefação;
2. Autólise;
3. Maceração;
4. Fauna cadavérica;
5. Mumificação;
6. Saponificação.

Fonte: GALLI, Lorena Bognar. Sinais abióticos:: putrefação, autólise, maceração, fauna cadavérica, mumificação e saponificação. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 19,
n. 4169, 30 nov. 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/33919. Acesso em: 26 dez. 2022.

CONDIÇÕES DA EVOLUÇÃO DA PUTREFAÇÃO

A putrefação é o processo de decomposição da matéria orgânica de bactérias e pela


fauna macroscópica, que acaba por devolvê-la à condição de matéria inorgânica. A putrefação
do corpo não é um processo resultante do evento morte, apenas. É necessária a participação
ativa de bactérias cujas enzimas, em condições favoráveis, produzem a desintegração do
material orgânico. Daí, que nas condições térmica que impeçam a proliferação bacteriana, ou
pela ação de substancias antissépticas, o cadáver não se putrefaz. As bactérias encarregadas
da putrefação do cadáver, na sua maioria, são as mesmas que, em vida, formam a flora
intestinal do indivíduo. Algumas das substancias intermediárias formadas durante o processo
de decomposição das proteínas são altamente fétidas, tornando-se as responsáveis pelo

70
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
cheiro característico dos corpos em putrefação. A decomposição catalítica dos glúcides e dos
lípides, praticamente não exala odores nauseabundos. Esse processo de decomposição
paulatina é bastante lento. As larvas de insetos todas com atividade necrofagica, se deixadas
agir livremente, podem destruir o cadáver em um tempo bem menor, de quatro a oito
semanas.

Com efeito, em um cadáver exposto à intempérie, a putrefação se ve acelerada,


sendo certo que os corpos enterrados têm a sua decomposição retardada em até oito vezes
com relação aos primeiros.

A putrefação se desenvolve em quatro fases ou períodos distintos e consecutivos, a


saber:

Primeira fase – Período cromático (Período de coloração, período das manchas):


início, em geral, de dezoito a vinte e quatro horas após o óbito, com uma duração aproximada
de sete a doze dias, dependendo das condições climáticas. Inicia-se pelo aparecimento de uma
mancha esverdeada na pele da fossa ilíaca direita (mancha verde abdominal), cuja cor é devida
à presença de sulfometahemoglobina. Nos recém-nascidos e nos afogados, a mancha verde é
torácica e não abdominal, com cheiro característico (transformação da hemoglobina).

Segunda fase – Período enfisematoso (Período gasoso, período deformativo): inicia-


se durante a primeira semana e se estende, aproximadamente, por trinta dias. Os gases
produzidos pela putrefação (notadamente gás sulfídrico, hidrogênio fosforado e amônia),
infiltram o tecido celular subcutâneo modificando, progressivamente, a fisionomia e a forma
externa do corpo. Esta distensão gasosa é mais evidente no abdome e nas regiões dotadas de
tecidos areolares como face, pescoço, mamas e genitais externos. Os próprios gases destacam
a epiderme do córion, formando extensas flictenas putrefativas, cheias de liquido transudado
(posição de lutador).

Terceira fase – Período coliquativo (Período de redução dos tecidos): inicia-se no fim
do primeiro mês e pode estender-se por meses ou até dois ou três anos. Caracteriza-se pelo

71
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
amolecimento e desintegração dos tecidos, que se transformam em uma massa pastosa,
semilíquida, escura e de intensa fetidez, que recebe o nome de putrilagem.

A atividade das larvas da fauna cadavérica auxilia grandemente na destruição total


dos restos de matéria. Como mencionado, os insetos e suas larvas podem destruir a matéria
orgânica do cadáver com extrema rapidez (quatro a oito semanas).

Quarta fase – Período de esqueletização: no final do período coliquativo, a putrilagem


acaba por secar, desfazendo-se em pó. Desta maneira, surge o esqueleto ósseo, que fica
descoberto e poderá conservar-se por muito tempo. Pela ação da fauna e do meio ambiente
com a destruição dos tecidos, restando apenas o esqueleto, cabelos e dentes (três anos).
Quando o cadáver permanece insepulto e abandonado sobre o solo por razoável tempo, nele
se instalam pequenos animais (principalmente insetos) denominados como fauna cadavérica,
que seguem certa ordem de instalação: moscas comuns, moscas verdes, coleópteros e
lepidópteros.

O estudo da fauna cadavérica pode ser importante para a cronotanatognose, pois o


aparecimento de determinados insetos está relacionado ao tempo de morte. Trata-se da parte
da Medicina Legal que trata da investigação da data ou do momento da morte, levando em
conta o esfriamento, o enrijecimento, a putrefação do cadáver e outros elementos.

A maceração é o processo de transformação destrutiva em que ocorre o


amolecimento dos tecidos e órgãos quando eles ficam submersos em um meio liquido e nele
se embebem. Ou mais frequente é que aconteça com a água e o líquido amniótico. Na
maceração, a pele se torna esbranquiçada, friável, corruga-se e faz com que a epiderme se
solte da derme e possa até se rasgar em grandes fragmentos. Isto é bastante evidente nas
mãos onde a pele se desprende a modo de “luvas” em ambientes úmidos e quentes,
destruição em meio liquido, comum nos fetos e nos afogados com formação de bolhas de
conteúdo liquido e pardacento, o corpo perde a consistência inicial, o ventre se achata e os
ossos se livram dos tecidos, ficando como se estivessem soltos. Externamente, a derme, pelas

72
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
razões acima apontadas, fica exposta, mostrando-se vermelha brilhante, luzidia por causa do
próprio edema que a embebe e a torna túrgida.

FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS DESTRUTIVOS

PROCESSO DESTRUTIVO

Processo de destruição dos tecidos que ocorre após a morte com a transição dos
restos biológicos até sua fossilização. Os fatores que influem para a ocorrência destes
fenômenos são, principalmente, a temperatura, a aeração, a higroscopia do ar, o peso do
corpo, as condições físicas, a idade do morto e a causa da morte. Podemos observar também
a atividade de bactérias e insetos necrófagos.

AUTÓLISE

Caracteriza-se por uma série de fenômenos fermentativos anaeróbicos que ocorrem


no interior das células do indivíduo após sua morte, ocorrem independentemente de qualquer
ação de outros microrganismos. É o primeiro dos fenômenos cadavéricos.

Na fase latente as mudanças ocorrem apenas no citoplasma da célula, já na fase


necrótica o núcleo celular desaparece. As células deixam de receber nutrientes passando por
um processo de acidificação devido as fermentações que ocorrem. Assim que o aumento do
PH das células de um corpo evidenciam a morte dele.

Os diferentes tecidos do corpo sofrem a autólise em diferentes momentos,


dependendo de suas capacidades enzimáticas. A córnea, por exemplo, por não ter vasos
sanguíneos, pode ser transplantada sem problemas mesmo horas depois da morte clínica.

73
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
PUTREFAÇÃO

Consiste na decomposição fermentativa dos tecidos pela ação de diversos seres


microscópicos, em seguida da autólise. O abdômen é onde se inicia este processo, com uma
mancha verde característica, fato que só não ocorre nos recém-nascidos.

A velocidade da decomposição varia de acordo com diversos fatores particulares bem


como a condição do cadáver, uma ferida aberta, por exemplo, pode servir de porta de entrada
para larvar, acelerando a decomposição.

O período cromático ou de coloração inicia-se pela mancha verde abdominal, que vai
se espalhando pelo corpo e deixando o cadáver com um aspecto azul esverdeado e vai
escurecendo até o verde-enegrecido. Tal tonalidade é causada pela formação de hidrogênio
sulfurado.

No período gasoso ou enfisematoso é aquele em que do interior do corpo os gases


da putrefação vão formando bolhas na epiderme, o cadáver incha. Há projeção dos olhos e da
língua, bem como a distensão do abdômen.

O período coliquativo ou de liquefação é aquele em que as partes moles se


decompõem, a derme se descola da epiderme e o corpo perde sua forma. Nesta fase há a
presença de larvas e insetos necrófagos em grande número.

Por fim, no período de esqueletização, os ossos se apresentam quase livres, unidos


por algumas articulações. O crânio se destaca do restante do corpo e ainda resta uma massa
denominada putrilagem, resto decomposto das vísceras. Este período dura de 3 a 5 anos, os
ossos resistem muito tempo, porém vão perdendo sua estrutura e peso com o passar do
tempo.

Quando de uma exumação ou perícia em um corpo já morto há algum tempo a fase


da putrefação bem como o estudo da fauna de insetos, bactérias e fungos encontrada pode
dar importantes pistas acerca da causa da morte bem como do tempo em que se sucedeu.

74
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
RESUMO → Fases da putrefação:

1º – Cromático ou de Coloração

Inicia-se pela mancha verde abdominal e vai difundindo-se por todo o abdome, tórax,
cabeça e membros. O aparecimento dessa mancha surge entre 20 e 24h depois da
morte.

2º – Gasoso ou Enfisematoso

São os gases de putrefação que vão surgindo do interior do corpo humano, com bolhas
na epiderme, de conteúdo líquido hemoglobínico.

3º – Coliquativo ou de Liquefação

O corpo perde sua forma, a epiderme se desprega da derme, o esqueleto fica


recoberto por uma massa de putrilagem, os gases se evolam e surgem muitas larvas
de insetos.

4º – Esqueletização

A atuação do meio ambiente e dos elementos que surgem no trabalho da


desintegração do corpo faz com que o cadáver se apresente com os ossos quase livres,
presos apenas por alguns ligamentos articulares.

A cabeça se destaca do tronco, a mandíbula se desprende dos ossos da face e os ossos


longos dos membros superiores e inferiores se solta.

MACERAÇÃO

A maceração é um fenômeno de transformação que ocorre no cadáver quando em


meio aquoso como nos afogados (maceração séptica), ou pode ocorrer no feto quando morre
no útero da mãe do sexto ao nono mês de gestação (maceração asséptica).

75
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Há o destacamento de amplos segmentos cutâneos, devido ao fenômeno da
embebição da hemoglobina, fazendo com que a epiderme se solte facilmente, além dos
órgãos soltarem-se dentro do ventre.

Apresenta diversos sinais, como o de Spalding (cavalgamento dos ossos da abóboda


craniana), Harley (perda da configuração da coluna vertebral), Damel (halo pericraniano
translucido), Spangler (achatamento da abóboda craniana), entre outros.

Pode se apresentar em graus: a) no primeiro grau há presença de flictenas na


epiderme contendo líquido serosanguinolento (primeira semana de morte); b) no segundo
grau há ainda as flictenas, líquido amniótico sanguinolento e epiderme arroxeada (segunda
semana de morte); c) no terceiro grau há a deformação craniana, infiltração hemoglobínica
das vísceras e córion de tonalidade marrom escura.

FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS CONSERVADORES

MUMIFICAÇÃO

A mumificação é um processo transformativo conservador do cadáver, que pode ser


natural, artificial ou misto; tem relevante importância médico-legal porque possibilita, mais
facilmente do que nos demais processos, o diagnóstico da causa da morte e a identificação do
cadáver.

Os processos naturais exigem condições ambientais – clima quente e seco – que


garantam a desidratação rápida do cadáver, de modo a impedir a ação microbiana responsável
pela putrefação; e pode ser condicionado a fatores como idade, sexo e causa da morte.

Os processos artificiais cuidam da submissão do cadáver a técnicas especiais de


conservação. Entre essas técnicas especiais, destaca-se o embalsamamento, há muito
praticados pelos egípcios, pelos nativos das Ilhas Canárias e pelos incas no Peru. Os processos

76
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
artificiais serão sempre realizados a pedido dos familiares, justificado por motivações piedosas
ou por fins didáticos. As duas hipóteses estão disciplinadas por legislação específica.

Os processos mistos resultam do favorecimento de um processo artificial por fatores


ambientais na conservação do corpo.

O cadáver mumificado apresenta peso reduzido; pele dura, seca, enrugada e de


tonalidade enegrecida; cabeça diminuída de volume; traços fisionômicos da face vagamente
conservados: os músculos, tendões e vísceras destroem-se pela pressão leve, transformando-
se em pó, e os dentes e as unhas permanecem bem conservados.

SAPONIFICAÇÃO

A saponificação é um processo transformativo conservador do cadáver que ocorre de


forma espontânea; tem relevante importância médico-legal porque permite realizar uma série
de exames algum tempo depois da morte.

Assim, será possível estudar melhor certas lesões pela conservação maior do tecido
celular subcutâneo, como nas feridas produzidas por ação de projéteis de arma de fogo ou de
arma branca. A mesma opção acerca da possibilidade de se estudarem lesões do pescoço
quando produzidas por laços os estrangulamentos e enforcamentos. E, por fim, levando em
conta a razoável conservação das vísceras, podem-se ter contribuições valiosas através de
exames toxicológicos e histopatológicos.

Genival Veloso de França explica que a saponificação não é um processo inicial:


“surge depois de um estágio mais ou menos avançado de putrefação quando certas enzimas
bacterianas hidrolisam as gorduras neutras, dando origem aos ácidos graxos, os quais em
contato com elementos minerais da argila se transformam em ésteres”.

O processo inicia-se após a sexta semana depois da morte, em meio onde haja água
estagnada e pouco corrente, e solo argiloso, úmido e de difícil acesso ao ar atmosférico.

77
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Também está sujeito a fatores como idade, sexo, obesidade e doenças que originam
degeneração de gordura.

O cadáver saponificado apresenta consistência untuosa, mole e quebradiça, de


tonalidade amarelo-escura, que dão aparência de cera ou sabão. Além disso, exala odor de
queijo rançoso.

A doutrina diverge sobre quais são os tecidos passíveis de saponificação: somente a


gordura normal ou todos os demais tecidos. A primeira tese explica que a putrefação ocorre
antes da saponificação, o que justificaria o desaparecimento dos músculos; contudo, há casos
em que a saponificação compromete apenas a superfície do cadáver.

✓ CONCLUSÃO

A palavra morte vem do grego tanatus e do latim mors, que significam a “extinção da
vida” ou “a cessação definitiva de todas as funções de um organismo vivo”.

Na medicina legal, a morte é caracterizada pela presença dos sinais abióticos que,
apresentados em conjunto, indicam ausência de vida. Logo após dos sinais abióticos
imediatos, onde ocorre a morte encefálica, temos a presença dos sinais abióticos mediatos,
causados a partir da parada da função metabólica do cadáver.

Referida matéria possui interesses nas áreas médicas, sociais, religiosas, jurídicas,
filosóficas e sanitárias. Com relação à área jurídica, podemos afirmar que a morte é um
fenômeno que possui ligação íntima com a matéria, pois a partir do momento da morte de
um ser humano, abre-se um leque de consequências jurídicas como a cessação da
personalidade civil adquirida com o nascimento, término da capacidade jurídica do “de cujus”,
extinção de direitos e de punibilidade.

Ainda, por ter sido o Código Penal criado como um dos instrumentos de controle da
conduta humana, é imprescindível que se esclareça, através da Medicina Forense, todos os

78
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
atos de violência ou agressões que possam ter sido cometidos contra o cadáver, uma vez que
o laudo médico será imprescindível para auxiliar os magistrados do Poder Judiciário que tem
como dever aplicar de forma adequada as Normas Legais do Direito ao causador do dano.

Concluímos, então, que a Medicina Forense é uma matéria de suma importância no


mundo jurídico, sendo imprescindível ao jurista seu estudo, a fim de que este esteja apto a
avaliar os laudos que recebe, suas limitações, bem como saber o momento correto de solicitá-
los. É necessário que este jurista possua noções sobre como ocorrem as lesões corporais e as
consequências delas decorrentes, os sinais que aparecem logo após a morte e as alterações
relacionadas a esta, como os fenômenos cadavéricos e os conceitos diferenciais ocasionados
por embriaguez e uso de entorpecentes, a fim de excluir as mortes ocasionadas por causas
naturais ou uso indevido de substâncias pelo próprio morto e fazer jus ao direito daquele que
um dia habitou o mundo dos vivos.

Como o tema já foi cobrado em prova

CEBRASPE (Médico-Legista) Assinale a opção correta sobre fenômenos cadavéricos.

(A) A mancha verde abdominal é resultado da reação entre hidrogênio sulfurado e


sulfoxiemoglobina.

(B) No Brasil, comumente, o resfriamento cadavérico é de 1º C nas três primeiras horas


e, posteriormente, de 2º C por hora até o restabelecimento do equilíbrio térmico com
o meio ambiente.

(C) O Teste Icard permite verificar se os gases presentes no cadáver originaram-se do


processo de putrefação, já que, quando o gás reage com papel impregnado de
acetato de chumbo, ele fica com a cor negra.

(D) A cabeça de negro de Lecha-Marzo ocorre frequentemente nos indivíduos


carbonizados.

E No processo de putrefação, a temperatura entre 5º C e 10º C tendem a conservar o


cadáver por cerca de 48 horas.

79
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Comentário da questão:

A) INCORRETA.
A mancha verde abdominal é resultado da reação entre hidrogênio sulfurado e
sulfoxiemoglobina.
A mancha verde abdominal é o sinal encontrado durante a primeira fase do
processo de putrefação (coloração ou cromática). Encontra-se na fossa ilíaca
direita em decorrência da ação bacteriana e concentração de gases,
principalmente o sulfídrico. A mancha verde abdominal é a combinação entre
hidrogênio sulfurado com a hemoglobina formando a sulfometemoglobina (entre
18 e 24 horas após a morte).
B) INCORRETA.
No Brasil, comumente, o resfriamento cadavérico é de 1º C nas três primeiras horas
e, posteriormente, de 2º C por hora até o restabelecimento do equilíbrio térmico
com o meio ambiente.
Admite-se em nosso meio o abaixamento da temperatura em 1/2 grau nas três
primeiras horas, depois 1ºC por hora, e que o equilíbrio térmico com o meio
ambiente se faz em torno de 20 horas nas crianças, e de 24 a 26 horas nos adultos.
Estes resfriam, portanto, mais demoradamente do que os velhos e as crianças. A
diferença de temperatura retoaxilar no cadáver varia de 2ºC a 5ºC entre 2 e 12
horas após a morte.
C) CORRETA!
O Teste Icard permite verificar se os gases presentes no cadáver foram causados
pelo processo de putrefação, porque quando o gás reage com papel impregnado
de acetato de chumbo, ele fica com a cor negra.
D) INCORRETA.
A cabeça de negro de Lecha-Marzo ocorre frequentemente nos indivíduos
carbonizados.

80
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
A chamada “cabeça de negro de Lecha-Marzo” é comum em afogados e dificulta o
reconhecimento visual do cadáver.
E) INCORRETA.
No processo de putrefação, a temperatura entre 5º C e 10º C tendem a conservar
o cadáver por cerca de 48 horas.
Abaixo de 5ºC a putrefação por ação bacteriana ocorreria, porém mais lentamente.
A temperatura abaixo de 0ºC tende a conservar corpo de forma indefinida. Com a
temperatura entre 5 e 10ºC ocorrerá a putrefação. A temperatura acima de 25ºC
aceleraria a putrefação e a temperatura entre 5 e 10ºC não seria suficiente para
conservar o corpo da putrefação no prazo de 48 horas.

81
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
DIREITO PENAL

TÍTULO IV

DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Segundo entende o STJ, os “crimes contra a organização do trabalho” (arts. 197 a 207 do CP)
somente serão de competência da Justiça Federal quando ficar demonstrado, no caso
concreto, que o delito provocou lesão à:

- direito dos trabalhadores coletivamente considerados; ou

- organização geral do trabalho.

Resumo:

→ Todos os crimes são dolosos.

→ Meios de Execução:

Mediante violência ou grave ameaça

• Atentado contra a liberdade de trabalho (art. 197)

• Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta (art. 198)

• Atentado contra a liberdade de associação (art. 199)

Mediante violência ou fraude

• Frustração de direito assegurado por lei trabalhista (art. 203);

• Frustração de lei sobre nacionalização do trabalho (art. 204);

Mediante fraude

• Aliciamento para o fim de emigração (art. 206);

82
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
• Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional na forma
qualificada (art. 207, § 1º);

Obs.: Não há previsão de crime com os três meios de execução juntos (violência, grave ameaça
e fraude).

Atentado contra a liberdade de trabalho

Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:

I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar
durante certo período ou em determinados dias:

Pena - detenção, de um mês a um ano, E multa, além da pena correspondente à violência;

II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou


paralisação de atividade econômica:

Pena - detenção, de três meses a um ano, E multa, além da pena correspondente à violência.

Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta

Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de
trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto
industrial ou agrícola:

Pena - detenção, de um mês a um ano, E multa, além da pena correspondente à violência.

Atentado contra a liberdade de associação

Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de
participar de determinado sindicato ou associação profissional:

Pena - detenção, de um mês a um ano, E multa, além da pena correspondente à violência.

83
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem

Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência


contra pessoa ou contra coisa:

Pena - detenção, de um mês a um ano, E multa, além da pena correspondente à violência.

Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o


concurso de, pelo menos, três empregados.

Paralisação de trabalho de interesse coletivo

Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a


interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, E multa.

Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem

Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito
de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o
estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor:

Pena - reclusão, de um a três anos, E multa.

Frustração de direito assegurado por lei trabalhista

Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do
trabalho:

Pena - detenção de um ano a dois anos, E multa, além da pena correspondente à violência.

§ 1º Na mesma pena incorre quem:

I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para


impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida;

84
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por
meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais.

§ 2º A pena é AUMENTADA de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos,


idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.

Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho

Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do
trabalho:

Pena - detenção, de um mês a um ano, E multa, além da pena correspondente à violência.

Exercício de atividade com infração de decisão administrativa

Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa:

Pena - detenção, de três meses a dois anos, OU multa.

Aliciamento para o fim de emigração

Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território
estrangeiro.

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos E multa.

Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional

Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do
território nacional:

Pena - detenção de um a três anos, E multa.

85
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do
trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do
trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno ao local de origem.

§ 2º A pena é AUMENTADA de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos,


idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.

TÍTULO V

DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS

CAPÍTULO I

DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO

Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo

Art. 208 - ESCARNECER de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa;
IMPEDIR ou PERTURBAR cerimônia ou prática de culto religioso; VILIPENDIAR publicamente
ato ou objeto de culto religioso:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é AUMENTADA de um terço, sem


prejuízo da correspondente à violência.

CAPÍTULO II

DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS

Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária

Art. 209 - IMPEDIR ou PERTURBAR enterro ou cerimônia funerária:

Pena - detenção, de um mês a um ano, OU multa.

Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é AUMENTADA de um terço, sem


prejuízo da correspondente à violência.

86
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Violação de sepultura

Art. 210 - VIOLAR ou PROFANAR sepultura ou urna funerária:

Pena - reclusão, de um a três anos, E multa.

Destruição, subtração ou ocultação de cadáver

Art. 211 - DESTRUIR, SUBTRAIR ou OCULTAR cadáver ou parte dele:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Vilipêndio a cadáver

Art. 212 - VILIPENDIAR cadáver ou suas cinzas:

Pena - detenção, de um a três anos, E multa.

DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final

Art. 111, V – nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência
contra a criança e o adolescente, previstos neste Código ou em legislação
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a
esse tempo já houver sido proposta a ação penal.

(Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)

87
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Estrutura do Título VI – Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual

Capítulo I – Dos crimes contra a liberdade sexual

Capítulo I-A – Da exposição da intimidade sexual (Lei. 13.772/2018)

Capítulo II – Dos crimes sexuais contra vulnerável

Capítulo III REVOGADO – Do Rapto

Capítulo IV – Disposições gerais

Capítulo V – Do lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de prostituição ou outra forma de


exploração sexual

Capítulo VI – Do ultraje público ao pudor

Capítulo VII – Disposições gerais

Segundo o STJ, as normas penais que tutelam a dignidade sexual de crianças e


adolescentes devem ser interpretadas à luz das obrigações internacionais assumidas pelo
Brasil quanto à proteção da pessoa humana em desenvolvimento contra todas as formas de
exploração sexual e das disposições constitucionais que impõem o paradigma da proteção
integral.

De fato, ao ratificar a Convenção sobre os Direitos da Criança (Decreto n.


99.710/1990), o Brasil se comprometeu a adotar todas as medidas necessárias para proteger
pessoas com idade inferior a 18 (dezoito) anos contra todas as formas de violência física ou
mental, abuso ou tratamento negligente, maus tratos ou exploração, inclusive abuso sexual
(arts. 19 e 34 da Convenção). Este compromisso internacional está em consonância com a
norma constitucional que confere absoluta prioridade à proteção dos direitos da criança e do
adolescente, determinando que a lei deve punir severamente o abuso, a violência e a
exploração sexual contra elas praticado (art. 227, caput e § 4.º, da CF).

88
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Capítulo I

Dos crimes contra a liberdade sexual

Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal
ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:

Pena – reclusão, de 6 a 10 anos.

§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é MENOR de 18 ou


MAIOR de 14 anos:

Pena - reclusão, de 8 a 12 anos.

Segundo o STJ, reconhecida a existência de crime único entre as condutas descritas


nos art. 213 e art. 214 do CP, unificadas pela Lei n. 12.015/2009 na redação do novo art. 213,
compete ao Juízo das Execuções o redimensionamento de pena imposta ao condenado,
conforme a Súmula n. 611 do Supremo Tribunal Federal.

➢ O crime de estupro é tipo misto alternativo

O estupro (art. 213 do CP), com redação dada pela Lei 12.015/09, é tipo penal misto
alternativo. Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato
libidinoso contra uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 do CP. A Lei 12.015/09, ao
revogar o art. 214 do CP, não promoveu a descriminalização do atentado violento ao puder
(não houve abolitio criminis).

Ocorreu, no caso, a continuidade normativo-típica, considerando que a nova Lei inseriu


a mesma conduta no art. 213. Houve, então, apenas uma mudança no local onde o delito era
previsto, mantendo-se, contudo, a previsão de que essa conduta se trata de crime. É possível

89
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
aplicar retroativamente a Lei 12.015/09 para o agente que praticou estupro e atentado
violento ao pudor, no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima, e que havia sido
condenado pelos dois crimes (arts. 213 e 214) em concurso.

Segundo entende o STJ, como a Lei 12.015/09 unificou os crimes de estupro e atentado
violento ao pudor em um mesmo tipo penal, deve ser reconhecida a existência de crime único
na conduta do agente, caso as condutas tenham sido praticadas contra a mesma vítima e no
mesmo contexto fático, devendo-se aplicar essa orientação aos delitos cometidos antes da
vigência da Lei 12.015/2009, em face do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica.

STJ (2015) – 559

Aumento de pena no máximo pela continuidade delitiva em crime


sexual. No caso de crime continuado, o art. 71 do CP prevê que o juiz
deverá aplicar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave,
se diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3. O STJ entende
que, em regra, a escolha da quantidade de aumento de pena deve levar
em consideração o número de infrações praticadas pelo agente com
base na seguinte tabela:

O critério para o aumento no crime continuado é o número de crimes


praticados:

2 crimes - aumenta 1/6

3 crimes - aumenta 1/5

4 crimes - aumenta 1/4

5 crimes - aumenta 1/3

6 crimes - aumenta 1/2

7 ou mais - aumenta 2/3

Porém, nem sempre será fácil trazer para os autos o número exato de
crimes que foram praticados, especialmente quando se trata de delitos

90
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
sexuais. É o caso, por exemplo, de um padrasto que mora há meses ou
anos com a sua enteada e contra ela pratica constantemente estupro
de vulnerável. Nessas hipóteses, mesmo não havendo a informação do
número exato de crimes que foram cometidos, o juiz poderá aumentar
a pena acima de 1/6 e, dependendo do período, até chegar ao patamar
máximo. Assim, constatando-se a ocorrência de diversos crimes sexuais
durante longo período, é possível o aumento da pena pela continuidade
delitiva no patamar máximo de 2/3 (art. 71 do CP), ainda que sem a
quantificação exata do número de eventos criminosos.

STJ (2021) – Informativo 711

A simulação de arma de fogo pode, sim, configurar a “grave ameaça”,


para os fins do tipo do art. 213 do Código Penal.

Violação sexual mediante fraude – Estelionato Sexual

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude
ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:

Pena – reclusão, de 2 a 6 anos.

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se
também multa.

Importunação Sexual

Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:

Pena – reclusão, de 1 a 5 anos, se o ato não constitui crime mais grave.

91
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
➢ Crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado;
➢ O sujeito passivo é determinado (uma pessoa determinada ou um grupo de pessoas
determinado);
➢ Ato libidinoso engloba qualquer ato com conotação sexual;
➢ Subsidiariedade expressa “se o ato não constitui crime mais grave”;
➢ Exige-se um elemento subjetivo especial. O agente pratica a conduta “com o objetivo
de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”;
➢ A conduta não precisa ter sido praticada em lugar público, ou aberto ou exposto a
público;
➢ Para que o crime se configure, é indispensável que o ato libidinoso tenha sido
praticado contra alguém que não concordou com isso. A análise da anuência ou não
da pessoa atingida é fundamental.

STJ (2021) – Tema Repetitivo 1121

Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de


terceiros, a prática de ato libidinoso com menor de 14 anos configura o
crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), independentemente
da ligeireza ou da superficialidade da conduta, não sendo possível a
desclassificação para o delito de importunação sexual (art. 215-A do CP).

Assédio sexual

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes
ao exercício de emprego, cargo ou função.

Pena – detenção, de 1 a 2 anos.

§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 anos.

STJ (2019) – Informativo 658

92
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
O crime de assédio sexual pode ser caracterizado entre professor e
aluno.

O crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) é geralmente associado à


superioridade hierárquica em relações de emprego, no entanto pode
também ser caracterizado no caso de constrangimento cometido por
professores contra alunos. Caso concreto: o réu, ao conversar com uma
aluna adolescente em sala de aula sobre suas notas, teria afirmado que
ela precisava de dois pontos para alcançar a média necessária e, nesse
momento, teria se aproximado dela e tocado sua barriga e seus seios.

Capítulo I-A

Da exposição da intimidade sexual

Registro não autorizado da intimidade sexual

Novatio Legis Incriminadora → não retroage.

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos
participantes:

Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano, E multa

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio
ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou
libidinoso de caráter íntimo.

Capítulo II

93
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Dos crimes sexuais contra vulnerável

Estupro de vulnerável

➢ Objeto material: pessoa vulnerável;


➢ Crime simples;
➢ Crime material ou causal;
➢ Crime comissivo (em regra, atenção ao julgado colocado a seguir);
➢ Crime instantâneo;
➢ Crime unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual;
➢ Crime hediondo;
➢ Não há necessidade de violência ou grave ameaça (elementos do tipo de estupro);
➢ Crime plurissubsistente → admite tentativa;
➢ Ação penal pública incondicionada.

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos:

Pena – reclusão, de 8 a 15 anos.

✓ Tema quente para carreiras policiais:

Súmula 593 do STJ

O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal


ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante
eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência
sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

Até recentemente, entendia-se que essa súmula não poderia ser, de forma alguma,
excepcionada. Ou seja, tratava-se de entendimento absoluto.

Aliás, a súmula foi reforçada pelo Tema repetitivo 1121, que firmou a seguinte tese:

Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de terceiro, a


prática de ato libidinoso com menor de 14 anos configura o crime de estupro

94
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
de vulnerável (art. 217-A do CP), independentemente da ligeireza ou da
superficialidade da conduta, não sendo possível a desclassificação para o delito
de importunação sexual (art. 215-A do CP).

Nessa linha de intelecção, a jurisprudência deste Tribunal Superior tem


sistematicamente rejeitado a tese de que a presunção de violência - termo que nem é mais
utilizado na atual redação do CP - no estupro de vulnerável pode ser relativizada à luz do caso
concreto (AgRg no REsp 1.934.812-TO, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado
em 14/9/2021, DJe de 20/9/2021).

Entretanto, em distinguishing realizado no julgamento do AgRg no REsp 1.919.722/SP,


o STJ relativizou essa súmula e o entendimento, diante de um peculiar caso concreto: havia
formação de núcleo familiar sólido, filhos e apoio familiar.

A despeito disso, evidenciou que a mera existência de relacionamento amoroso


precedente entre autor e vítima não seria hábil a afastar a incidência do artigo 217-A do
Código Penal; contudo essas circunstâncias específicas seriam merecedoras de tratamento

distinto frente ao que já consolidado (distinguishing), nesse julgamento, levou-se em

consideração que a aplicação fria do Direito Penal ocasionaria desestruturação familiar e


ofensa ainda maior à dignidade da vítima e imensos prejuízos que poderiam ser impostos ao
filho do casal – AgRg no REsp 20119664, dezembro de 2022.

Vale ressaltar que esse distinguishing (distinção – demonstra uma excepcional


mudança de entendimento em face do caso concreto) não foi aplicado em julgado mais
recente (de abril de 2023):

STJ (2023) – Informativo

Não se admite o distinguishing realizado no julgamento do AgRg no REsp


1.919.722/SP - caso de dois jovens namorados, cujo relacionamento foi
aprovado pelos pais da vítima, sobrevindo um filho e a efetiva constituição de
núcleo familiar - nas hipóteses em que não há consentimento dos responsáveis

95
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
legais somado ao fato do acusado possuir gritante diferença de idade da vítima
- o que invalida qualquer relativização da presunção de vulnerabilidade do
menor de 14 anos no crime de estupro de vulnerável.

Na hipótese, conforme fundamentadamente apontado pela Corte local, o caso


não se amolda ao distinguishing realizado no julgamento do AgRg no REsp
1.919.722-SP, de minha relatoria - caso de dois jovens namorados, cujo
relacionamento foi aprovado pelos pais da vítima, sobrevindo um filho e a
efetiva constituição de núcleo familiar - tendo em vista que a relação amorosa
não foi consentida pela genitora da vítima, tanto que, ao tomar conhecimento
de que sua filha estava se relacionando com o paciente, acionou o Conselho
Tutelar e registrou os fatos na Delegacia de Polícia.

Ademais, a genitora da menor relatou que sua filha, após se relacionar com o
acusado, apresentou comportamento agressivo, além de reprovar de ano na
escola, tendo de ser submetida a tratamento psicológico. Somado a isso,
conforme foi consignado pelo magistrado de primeiro grau, que se encontra
mais próximo dos fatos, a vítima e o acusado tinham a gritante diferença de 36
(trinta e seis) anos. Apontou que a própria vítima e a sua genitora mencionaram
espontaneamente que as relações aconteciam na chácara do acusado,
localizada em área rural. Assim, mesmo ciente da tenra idade da vítima e do
não consentimento de sua responsável legal, o acusado manteve relação sexual
com a menor.

São, portanto, plenamente válidas a Súmula n. 593 do Superior Tribunal de


Justiça e a tese do REsp repetitivo 1.480.881/PI (Tema 1121) sobre a
impossibilidade de relativização da presunção de vulnerabilidade da vítima.

STJ – Jurisprudências em Teses (Edição 152)

96
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
3) O delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) se consuma com a prática de
qualquer ato de libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima.

4) A contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos art. 213
e art. 217-A do CP, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato
físico entre ofensor e vítima.

8) No estupro de vulnerável (art. 217-A, caput, do CP), a condição de a vítima ser


criança é elemento ínsito ao tipo penal, tornando impossível a aplicação da agravante
genérica prevista no art. 61, II, h, do Código Penal Brasileiro, sob pena de bis in idem.

10) No estupro de vulnerável, o trauma psicológico que justifica a valoração negativa


das consequências do crime (art. 59 do CP) é aquele cuja intensidade for superior à
inerente ao tipo penal.

11) No estupro de vulnerável, a tenra idade da vítima pode ser utilizada como
circunstância judicial do art. 59 do CP e, portanto, incidir sobre a pena-base do réu.

§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

STJ – Jurisprudências em Teses (Edição 153)

97
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
5) A prática de conjunção carnal ou de atos libidinosos diversos contra vítima
imobilizada configura o crime de estupro de vulnerável do art. 217-A, § 1º, do CP, ante
a impossibilidade de oferecer resistência ao emprego de violência sexual.

6) O avançado estado de embriaguez da vítima, que lhe retire a capacidade de oferecer


resistência, é circunstância apta a revelar sua vulnerabilidade e, assim, configurar a
prática do crime de estupro previsto no § 1º do art. 217-A do Código Penal.

11) O Juizado Especial de Violência Doméstica é competente para julgar e processar o


delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) quando estiver presente a motivação
de gênero ou quando a vulnerabilidade da vítima for decorrente da sua condição de
mulher.

STJ – Jurisprudências em Teses (Edição 151)

9) O estado de sono, que diminua a capacidade da vítima de oferecer resistência,


caracteriza a vulnerabilidade prevista no art. 217-A, § 1º, do Código Penal - CP.

10) No crime de estupro em que a vulnerabilidade é decorrente de enfermidade ou


deficiência mental (art. 217-A, § 1º, do CP), o magistrado não está vinculado à
existência de laudo pericial para aferir a existência de discernimento ou a possibilidade
de oferecer resistência à prática sexual, desde que a decisão esteja devidamente
fundamentada, em virtude do princípio do livre convencimento motivado.

QUALIFICADORAS:

98
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena – reclusão, de 10 a 20 anos.

§ 4º Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 a 30 anos.

§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se


independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações
sexuais anteriormente ao crime.

STJ (2021) – Informativo 685

O mentor intelectual dos atos libidinosos responde pelo crime de


estupro de vulnerável.

O estupro de vulnerável se consuma com a prática de qualquer ato de


libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima. Para que se configure
ato libidinoso, não se exige contato físico entre ofensor e vítima. Assim,
doutrina e jurisprudência sustentam a prescindibilidade do contato
físico direto do réu com a vítima, a fim de priorizar o nexo causal entre
o ato praticado pelo acusado, destinado à satisfação da sua lascívia, e o
efetivo dano à dignidade sexual sofrido pela ofendida.

STJ (2020) – Informativo 681

A irmã de vítima do crime de estupro de vulnerável responde por


conduta omissiva imprópria se assume o papel de garantidora.

99
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Caso concreto: “J” (30 anos) era casado com “M” (20 anos). “J” praticou,
durante anos, estupro de vulnerável contra a sua cunhada “L” (criança
de 6 anos de idade). “L” era irmã de “M”. Os abusos ocorriam nas vezes
em que “L” ia visitar sua irmã. Certo dia, “M” descobriu que os estupros
estavam ocorrendo, mas, apesar disso, não tomou qualquer atitude
para impedir que as condutas criminosas continuassem. Ao contrário,
continuou permitindo que a irmã fosse até a sua casa e que ficasse
sozinha na residência com o marido. “M”, a irmã da vítima, deve
responder pelo delito de estupro de vulnerável por omissão imprópria.

Para que uma pessoa responda por um crime omissivo impróprio é


preciso que, na situação concreta, ela tivesse o dever legal de agir e,
mesmo assim, deixou de atuar, o que acabou auxiliando na produção do
resultado delituoso. Existem três hipóteses legais nas quais há esse
dever de agir. Essas situações estão previstas nas alíneas do § 2º do art.
13 do CP: Art. 13 (...) § 2º A omissão é penalmente relevante quando o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado. Muito embora uma irmã mais velha não possa
ser enquadrada na alínea “a” do art. 13, §2º, do CP, pois o mero
parentesco não torna penalmente responsável um irmão para com o
outro, ela pode, de acordo com o caso concreto, se amoldar à figura do
“garantidor”, nos termos previstos nas duas alíneas seguintes “b” e “c”.
No caso concreto, a acusada omitiu-se, durante anos, quanto aos
abusos sexuais praticados pelo seu marido, na residência do casal,
contra sua irmã menor. Vale ressaltar que ela assumiu a
responsabilidade ao levar a criança para a sua casa sem a companhia da
genitora e criou risco da ocorrência do resultado ao não denunciar o

100
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
agressor, mesmo ciente de suas condutas, bem como ao continuar
deixando a menina sozinha em casa.

STJ (2020) – AgRg nos EDcl no RHC 127.089

Condenação por crime de estupro de vulnerável mediante laudo pericial


não esclarecedor e o princípio do "livre convencimento motivado". Não
há nenhuma nulidade quando o Juiz refuta o exame pericial não
esclarecedor nos crimes de estupro de vulnerável sem conjunção carnal,
para, acolhendo as demais provas, principalmente o depoimento da
vítima e das testemunhas, concluir pela condenação do réu, porque no
sistema jurídico penal brasileiro vigora o princípio do “livre
convencimento motivado” do julgador.

STJ (2017) – Resp 1.602.771

Em caso de estupro de vulnerável com violência presumida praticado


contra vítimas diferentes, a continuidade delitiva é simples (e não
específica). Em caso de estupro de vulnerável praticado contra duas ou
mais vítimas, mediante violência presumida, não há continuidade
delitiva específica (art. 71, parágrafo único, do CP). Isso porque a
violência de que trata a continuidade delitiva especial é a real, não
abarcando a violência presumida. STJ. 5ª Turma. HC 232709/SP, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2016. Poderá ser aplicada a
regra do concurso material, então? Aplica-se o concurso material em
caso de estupro de vulnerável com violência presumida praticado
contra vítimas diferentes? Também não. A jurisprudência do STJ
entende que, nas hipóteses de estupro praticado com violência
presumida, não incide a regra do concurso material nem da
continuidade delitiva específica. Neste caso, deverá ser aplicada a

101
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
continuidade delitiva simples (art. 71, caput, do CP), desde que estejam
preenchidos, cumulativamente, os requisitos de ordem objetiva
(pluralidade de ações, mesmas condições de tempo, lugar e modo de
execução) e o de ordem subjetiva, assim entendido como a unidade de
desígnios ou o vínculo subjetivo havido entre os eventos delituosos.

STJ (2015) – Informativo 563

Meios de comprovação da menoridade da vítima nos crimes sexuais.

Nos crimes sexuais contra vulnerável, quando inexiste certidão de


nascimento atestando ser a vítima menor de 14 anos na data do fato
criminoso, o STJ tem admitido a verificação etária a partir de outros
elementos de prova presentes nos autos. Em suma, a certidão de
nascimento não é o único meio idôneo para se comprovar a idade da
vítima, podendo o juiz valer-se de outros elementos. No caso concreto,
mesmo não havendo certidão de nascimento da vítima, o STJ
considerou que esta poderia ser provada por meio das informações
presentes no laudo pericial, das declarações das testemunhas, da
compleição física da vítima e das declarações do próprio acusado.

Corrupção de menores

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de OUTREM:

Pena – reclusão, de 2 a 5 anos.

➢ Não se confunde com o delito de corrupção de menores do ECA.


➢ Não cabe sursis processual.

102
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a


presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de
outrem:

Pena – reclusão, de 2 a 4 anos.

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou


adolescente ou de vulnerável.

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual
alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a
abandone:

Pena - reclusão, de 4 a 10 anos.

§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.

§ 2º Incorre nas mesmas penas:

I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito)
e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;

II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas


referidas no caput deste artigo.

§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação


da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento

STJ (2022) – Informativo 754

O delito de favorecimento à exploração sexual de adolescente não exige


habitualidade. Trata-se de crime instantâneo, que se consuma no

103
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
momento em que o agente obtém a anuência para práticas sexuais com
a vítima menor de idade, mediante artifícios como a oferta de dinheiro
ou outra vantagem, ainda que o ato libidinoso não seja efetivamente
praticado.

STJ (2021) – Informativo 690

O “cliente” da exploração sexual (art. 218-B do CP) pode ser punido


sozinho, ou seja, mesmo que não haja um proxeneta.

O delito previsto no art. 218-B, § 2°, inciso I, do Código Penal, na


situação de exploração sexual, não exige a figura do terceiro
intermediador. A configuração do crime do art. 218-B do CP não
pressupõe a existência de terceira pessoa, bastando que o agente, por
meio de pagamento, convença a vítima, maior de 14 e menor de 18
anos, a praticar com ele conjunção carnal ou outro ato libidinoso, de
modo a satisfazer a sua própria lascívia.

STJ (2019) – Informativo 645

A vulnerabilidade no caso do art. 218-B do CP é relativa.

No art. 218-B do Código Penal não basta aferir a idade da vítima,


devendo-se averiguar se o menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa
enferma ou doente mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer resistência

Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de


pornografia

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir,
publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou

104
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que
contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua
prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. Aumento
de pena

§ 1º A pena é AUMENTADA de 1/3 a 2/3 se o crime é praticado por agente que mantém ou
tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima OU com o fim de vingança ou humilhação.

Exclusão de ilicitude

§ 2º NÃO HÁ CRIME quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em
publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de
recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso
seja maior de 18 anos.

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA

Aplicáveis aos crimes dos capítulos I e II (art. 226)

Quarta parte – se o crime for cometido com o concurso de 2 ou mais pessoas.

1/2 – agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade
sobre ela.

1/3 a 2/3 – I) estupro coletivo (concurso de 2 ou mais agentes); II) estupro corretivo (controlar
o comportamento social ou sexual da vítima).

105
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Capítulo V

Do lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de

prostituição ou outra forma de exploração sexual

Mediação para servir a lascívia de outrem

➢ Crime material ou causal;


➢ Crime plurissubsistente, em regra;
➢ Lenocínio questuário ou mercenário → §3º;
➢ Elemento subjetivo: dolo / específico: satisfazer a lascívia de outrem;
➢ A conduta deve se voltar à pessoa ou pessoas determinadas;
➢ Tentativa → cabível.

Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 1º Se a vítima é maior de 14 e menor de 18 anos, ou se o agente é seu ascendente,


descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja
confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: Pena - reclusão, de dois a cinco
anos.

§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.

§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

106
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual

➢ Elemento normativo do tipo: “exploração sexual” → sem violência ou grave ameaça;


➢ Lenocínio questuário ou mercenário → §3º;
➢ Não admite a forma culposa;
➢ Crime instantâneo nas modalidades – induzir; atrair e facilitar;
➢ Crime permanente – impedir e dificultar.

Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-
la, impedir ou dificultar que alguém a abandone:

Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, E multa.

§ 1º Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro,


tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma,
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:

Pena - reclusão, de 3 a 8 anos.

§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena -


reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.

§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Casa de prostituição

Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração
sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

➢ Crime habitual – não cabe tentativa.

107
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
STJ (2018) – Informativo 631

Somente ocorre o delito do art. 229 do CP se houver exploração sexual, ou seja,


violação à dignidade sexual.

O estabelecimento que não se volta exclusivamente à prática de mercancia


sexual, tampouco envolve menores de idade ou do qual se comprove retirada
de proveito, auferindo lucros da atividade sexual alheia mediante ameaça,
coerção, violência ou qualquer outra forma de violação ou tolhimento à
liberdade das pessoas, não dá origem a fato típico a ser punido na seara penal.

Rufianismo

Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou
fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:

Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, E multa.

§ 1º Se a vítima é menor de 18 e maior de 14 anos ou se o crime é cometido por ascendente,


padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou
empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado,
proteção ou vigilância:

Pena - reclusão, de 3 a 6 anos, E multa.

§ 2º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que
impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima:

Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência.

108
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a
ENTRADA ILEGAL de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro:
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, E multa.

§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter
vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente
em país estrangeiro.

§ 2º A pena é AUMENTADA de 1/6 a 1/3 se:

I - o crime é cometido com violência; ou

II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante.

§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às infrações
conexas.

Ato obsceno

Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:

Pena - detenção, de 3 meses a 1ano, OU multa.

Escrito ou objeto obsceno

Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de
distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto
OBSCENO: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, OU multa. Parágrafo único - Incorre na
mesma pena quem: I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos
referidos neste artigo; II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação
teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que

109
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
tenha o mesmo caráter; III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio,
audição ou recitação de caráter obsceno

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ESPECÍFICAS

• Assédio Sexual (art. 216-A)

Aumento de até 1/3 → vítima menor de 18 anos

• Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo


ou de pornografia (art. 218-C)
Aumento de 1/3 a 2/3

I) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto
com a vítima; ou

II) se o crime é praticado com o fim de vingança ou humilhação

• Promoção de migração ilegal (art. 232-A)


Aumento de 1/6 a 1/3

I) crime cometido com violência; ou

II) vítima é submetida a condição desumana ou degradante.

DISPOSIÇÕES GERAIS – (aplica-se a todos os crimes do TÍTULO)

Causas de aumento de pena

1/2 a 2/3

• Se do crime resulta gravidez.

110
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
1/3 a 2/3

• Se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou


deveria saber ser portador;
• Se a vítima é idosa;
• Se a vítima é pessoa com deficiência.

Segredo de justiça

STJ – O segredo de justiça previsto no art. 234-B do Código Penal abrange o autor e a vítima
de crimes sexuais, devendo constar da autuação apenas as iniciais de seus nomes.

Ação penal pública incondicionada

Conforme entendimento do STJ, nos crimes sexuais praticados contra criança e


adolescente, admite-se a oitiva da vítima por profissional preparado e em ambiente
diferenciado na modalidade do "depoimento sem dano", prevista na Lei n. 13.431/2017,
medida excepcional que respeita sua condição especial de pessoa em desenvolvimento.

Na apuração de suposta prática de crime sexual, é lícita a utilização de prova extraída


de gravação telefônica efetivada pelo ofendido, ou por terceiro com a sua anuência, sem o
conhecimento do agressor.

Crimes hediondos

• Estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º);


• Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º);
• Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).

111
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U
112
@CURSOEMDELTA

Licenciado para: Joyce Carvalho Oliveira | jcarvalhooliveira7@gmail.com | 13129850627 | Protegido por AlpaClass.com #oNK7U

Você também pode gostar