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Suspensão provisória do Processo

A suspensão provisória do processo pode ser aplicada quando forem recolhidos


indícios suficientes da prática de crime punível com pena de prisão não superior a 5 anos ou
com sanção diferente da prisão, e nos casos em que se indicia suficientemente um concurso de
crimes punível com pena de prisão superior a 5 anos, mas em que a pena de cada um deles
não excede esta medida.

É uma solução de resolução do conflito penal em que o Ministério Público, com o


acordo do arguido e do assistente1 e a concordância do juiz de instrução, suspende
provisoriamente o processo durante um determinado período de tempo, mediante a
imposição ao arguido de injunções ou regras de conduta previstas na lei processual penal 2.

Verificados os pressupostos legais, o Ministério Público tem o poder/dever de


proceder à aplicação da suspensão provisória do processo, desde que seja adequada à
satisfação das exigências de prevenção concretamente verificadas, e seja, no conjunto das
formas processuais de exercício da ação penal passíveis de aplicação, aquela que representa
menor intervenção, maior celeridade e maior eficácia.

A suspensão provisória do processo traduz-se, em síntese, numa forma consensual de


resolução do conflito, consubstanciando uma das formas de concretização do exercício da
ação penal pelo Ministério Público, na fase de inquérito, na fase preliminar do processo
sumário e no processo abreviado.

Resumidamente

Trata-se de uma medida pré-sentencial que visa evitar o prosseguimento do processo


penal até à fase de julgamento. É aplicada por iniciativa do Ministério Público, com a
concordância do Juiz de Instrução Criminal, verificados os seguintes pressupostos:

 Concordância do arguido e do assistente;


 Ausência de condenação anterior por crime da mesma natureza;
 Ausência de aplicação anterior de suspensão provisória de processo por crime
da mesma natureza;
 Não haver lugar a medida de segurança de internamento;

1
Com exceção do crime de violência doméstica, em que não se exige que a vítima assuma a
qualidade de assistente no processo. Nestes casos a aplicação do instituto depende de requerimento
livre e esclarecido da vítima.
2
Vd. Arts. 281º e 282º do Código de Processo Penal.
Suspensão provisória do Processo

 Ausência de um grau de culpa elevado; e


 Ser de prever que o cumprimento das injunções e regras de conduta responda
suficientemente às exigências de prevenção que no caso se façam sentir.

Para apoio e vigilância do cumprimento das injunções e regras de conduta podem o


juiz de instrução e o Ministério Público, consoante os casos, recorrer aos serviços de
reinserção social, a órgãos de polícia criminal e às autoridades administrativas.

O período de suspensão provisória do processo pode ir até aos cinco anos.

Se o arguido cumprir as injunções e regras de conduta, o Ministério Público arquiva o


processo, não podendo ser reaberto.

Caso contrário ou se o arguido cometer crime da mesma natureza pelo qual venha a
ser condenado, o processo prossegue.

Suspensão Provisória do Processo (artigos 281.º e 282.º do Código


do Processo Penal)

Trata-se de uma medida pré-sentencial que visa evitar o prosseguimento do processo


penal até à fase de julgamento.

É aplicada por iniciativa do Ministério Público, com a concordância do Juiz de


Instrução Criminal, verificados, entre outros, os seguintes pressupostos:

 O crime ser punível com pena de prisão não superior a 5 anos ou com sanção
diferente da prisão
 Ausência de condenação anterior por crime da mesma natureza
 Ausência de aplicação anterior de suspensão provisória do processo por crime
da mesma natureza
 Concordância do arguido e da vítima
 O caráter diminuto da culpa

Pode ser determinada pelo tribunal a intervenção da DGRSP para vigiar e apoiar o
arguido.
Suspensão provisória do Processo

Opinião https://smmp.pt/smmp-na-imprensa/o-trabalho-em-rede-e-a-eficacia-da-
investigacao-criminal-2/

A decisão pela suspensão provisória do processo não apela a um juízo de conveniência


do Ministério Público, mas resulta antes de uma imposição legal – a verificação de todos
pressupostos do instituto – e, nessa medida, a decisão de proceder à suspensão provisória do
processo reconduz-se ainda a uma ideia de vinculação legal.

Isto é, se o Ministério Público entender que com as provas recolhidas no inquérito


existe fundamento para acusar (indícios suficientes) e se no caso se mostrarem verificados os
pressupostos legais da suspensão provisória do processo, então existe um poder dever, uma
quase obrigação, de aplicar o referido instituto.

Os pressupostos previstos na lei, são a ausência de antecedentes criminais e não ter já


beneficiado do instituto, estando por isso destinado a delinquentes primários.

Só é aplicável a crimes de reduzida ou média gravidade (pena inferior a cinco anos de


prisão).

Constitui ainda pressuposto a existência de acordo na sua aplicação por parte do


assistente (ofendido) e do próprio arguido e a concordância do juiz de instrução criminal.

Pressupõe ainda um grau de culpa não elevado. Culpa não elevada, não é ausência de
culpa, mas culpa mitigada por um conjunto de circunstâncias, interiores e exteriores, que
inculcam uma diminuição da culpa do agente, sendo de ponderar o reconhecimento dos factos
e o arrependimento do arguido.

A suspensão consiste numa espécie de período probatório em que o arguido é


subordinado a injunções ou deveres adequados à situação em causa e designadamente a
evitarem a reiteração de condutas semelhantes e caso cumpra os mesmos e não pratique
factos da mesma natureza o processo é arquivado, caso contrário segue para julgamento.

Posto isto, cumpre prestar alguns esclarecimentos quanto à notícia tal como foi
apresentada.

O grau de culpa é aferido à data dos factos, sendo irrelevantes quaisquer funções ou
cargos políticos que o arguido venha a exercer posteriormente e, bem assim, a conduta
assumirá censurabilidade muito diversa consoante os factos tenham sido praticados no
exercício das funções ou quando nada tenham a ver com as mesmas.
Suspensão provisória do Processo

Não nos podemos esquecer ainda que o Ministério Público deve tratar todos os
arguidos de acordo com o princípio da igualdade, ou seja, se não deve favorecer um arguido
pela função ou posição que ocupa, também não o deve desfavorecer, designadamente se nas
mesmas circunstâncias teria a mesma opção em relação a qualquer outro cidadão.

Por fim, o direito penal não se confunde com a moral ou ética.

Não compete ao Ministério Público fazer uma valoração política da conduta de um


determinado arguido, mas apenas uma valoração penal.

A valoração política compete aos políticos.

A suspensão provisória do processo traduz-se, em síntese, numa forma consensual de


resolução do conflito, consubstanciando uma das formas válidas de concretização do exercício
da ação penal pelo Ministério Público, na fase de inquérito, na fase preliminar do processo
sumário e no processo abreviado.

Na aplicação do instituto, a atuação do Ministério Público deve ser uniforme (sem


desconsiderar, naturalmente, o caso concreto), de modo que não seja afetado o princípio da
igualdade dos cidadãos na aplicação do direito.

Findo o período de suspensão (regra geral até 2 anos e excecionalmente até 5 anos
para os crimes de violência doméstica e contra a liberdade e autodeterminação sexual de
menor), e desde que não tenham ocorrido anomalias, o processo judicial será definitivamente
arquivado.

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