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Abstract: The work "Dating contract and its validity before the Brazilian legal order" aims to
study the concept of contract before Brazilian civil law, well as the instrument of the dating
contract as a legal business, finally reaching the question of its validity in the legal sphere. For
that purpose, the work begins conceptualizing the contract as a legal business and presenting
the requirements for the legal act to be considered legally valid. Equally, the study aims
conceptualize the loving relationship, identifying the assumptions that individualize dating in
contemporaneity, presenting, consequently, the liquidity recognized in the affective
relationships of today and the term "qualified dating", whose meaning is not confused with the
institute of stable union. In this context, the study points out the peculiar characteristics of
qualified dating, which do not allow confusing it with the institute of stable union, especially
with regard to the objective of formation of a family entity and with respect to the patrimony
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Graduada no curso de Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade da Região da Campanha/Bagé/RS. Pós-
graduada em Direito Contratual pela UNIAMÉRICA. Pós-graduada em Direito de Família e Sucessões pela
Faculdade Damásio de Jesus. Mediadora privada de conflitos. Advogada, OAB/RS n.º 94.143.
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reflexes of this model that may or may not be converted into marriage. It also analyzes the
dating contract from the perspective of the minimum family law, built on the basis that private
autonomy must preponder and govern family and/or affective relationships. At this point, due
to its legal relevance, the dating contract motivated the choice of the theme of this article, since
its validity before the Brazilian legal order, besides generating doctrinal discussions regarding
the legal possibility of its object, inevitably focuses on family law, exalting private autonomy
in affective relationships.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo científico tem por escopo estudar o contrato de namoro e a sua
validade perante o ordenamento jurídico brasileiro. Para isso, no primeiro item, analisar-se-á o
conceito de contrato como negócio jurídico à luz do direito civil, bem como os pressupostos
que permitem conferir validade jurídica ao referido instrumento. No segundo item,
conceituaremos o namoro, relação afetiva que, atualmente, pode ser analisada sob a perspectiva
do amor líquido, bem como delinearemos as características que não permitem confundir o
namoro qualificado com o instituto da união estável. Por fim, no terceiro item, adentrar-se-á no
tema núcleo do presente trabalho, o contrato de namoro e sua validade perante o ordenamento
jurídico brasileiro, momento em que será apresentado o seu conceito; a relação com o direito
de família mínimo, o qual entende que a autonomia privada deve reger as relações familiares;
e, por derradeiro, a análise sobre a sua existência no plano da validade jurídica.
A relevância jurídica do tema revela-se na contemporaneidade das relações afetivas, as
quais encontram, no direito contratual, subsídio suficiente para materializar a autonomia
privada e o direito de família mínimo, validadas pelo ordenamento jurídico desde que
observados os pressupostos legais, mas rechaçadas pontualmente pela doutrina majoritária,
discussão que justifica o presente estudo.
Em razão disso, o trabalho em tela objetiva levantar o questionamento acerca da
validade jurídica do contrato de namoro, em especial quando confrontado com o instituto da
união estável, somente possível diante do estudo pontual do conceito de amor líquido, do olhar
preponderante do direito de família mínimo e da análise da legislação vigente no país e do
entendimento doutrinário.
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2 DO CONTRATO
2.1 Conceito
Uma vez conceituado o contrato, torna-se imprescindível a análise dos pressupostos que
irão conferir a validade desse negócio jurídico. Tais pressupostos estão previstos no artigo 104
do Código Civil de 2002, quais sejam: agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou
determinável; e forma prescrita ou não defesa em lei. Ou seja, não basta que seja firmado um
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contrato entre dois ou mais agentes, é necessário que o instrumento contratual obedeça aos
requisitos de validade para que o negócio jurídico possa produzir seus efeitos.
Pois bem, antes de verificarmos os pressupostos de validade propriamente ditos,
imperioso ponderarmos que eles compõem o segundo degrau da renomada Escada Ponteana,
elaborada pelo reconhecido jurista brasileiro Pontes de Miranda, o qual, em sua obra Tratado
de Direito Privado, datada em 1974, observou que, para o negócio jurídico ser considerado
perfeito, ele deve passar por três planos distintos, os quais são esquematizados pelo doutrinador
clássico em degraus: plano da existência, plano da validade e plano da eficácia (BRASIL, 2020).
Nessa senda, conforme aduz Brasil (2020), uma vez preenchidos os requisitos do plano
da existência (agente, objeto, forma e vontade), o negócio jurídico passará ao segundo degrau
da Escada Ponteana, no qual serão observados os pressupostos do plano da validade (agente
capaz; objeto lícito possível, determinado ou determinável; e forma prescrita ou não defesa em
lei). O autor esclarece, todavia, que os requisitos do plano da eficácia, terceiro degrau da Escada
Ponteana, são chamados de acidentais, pois, ao contrário dos demais, podem ser dispensáveis,
quais sejam: condição, termo ou encargo (TARTUCE, 2018 apud BRASIL, 2020).
Isto posto, oportuno o estudo dos pressupostos de validade do negócio jurídico
individualmente, considerando que o instrumento contratual, por se tratar conceitualmente de
um negócio jurídico, obedece, de uma forma geral, aos requisitos expostos a seguir:
a) Agente capaz: a capacidade dos agentes se apresenta como o primeiro
pressuposto subjetivo de validade do negócio jurídico. Segundo ela, a incapacidade absoluta ou
relativa, previstas nos artigos 3º e 4º do Código Civil de 2002, devem ser supridas pela
representação ou pela assistência, a fim de que o negócio jurídico seja considerado válido
(NOGUEIRA, 2014).
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: Nogueira (2014)
destaca a impossibilidade de um objeto ilícito compor um negócio jurídico, bem como sinaliza
a importância dos requisitos possibilidade e determinação do objeto, uma vez que o
cumprimento e o conhecimento do conteúdo contratual devem estar disponíveis aos
contratantes.
c) Forma prescrita ou não defesa em lei: o professor Christiano Cassettari
elucida que (2013), via de regra, os negócios jurídicos não são solenes, exceto quando a lei
expressamente determinar que seja obedecida determinada solenidade, como é o caso da
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exigência de escritura pública em negócios jurídicos que versem acerca de direitos reais sobre
bens imóveis avaliados acima de trinta salários mínimos.
Superada a apreciação individual dos pressupostos de validade do negócio jurídico e,
consequentemente, do instrumento contratual, analisaremos o instituto do namoro, sua relação
atual com o conceito de amor líquido e as características que o diferem da constituição de uma
união estável.
3 DO NAMORO
3.1 Conceito
O conceito de namoro tem sofrido modificações com o passar dos anos, assemelhando-
se ao instituto de união estável, uma vez que os casais contemporâneos cada vez mais almejam
uma relação duradoura, contínua e pública. Esse é o entendimento da autora Pinto (2020), a
qual conceitua o namoro da seguinte forma:
Sobre o tema, a autora Marília Pedroso Xavier (2020) esclarece a divisão de opiniões
acerca das mudanças enfrentadas no namoro com o passar dos tempos. Primeiramente, a
doutora em Direito Civil apresenta o posicionamento do professor Felipe Aquino, doutrinador
católico que defende o namoro como sendo um assunto sério, encarado atualmente de forma
inconsequente, e que deveria possuir como finalidade exclusiva o casamento (AQUINO, 2009
apud XAVIER, 2020, p. 93). Por outro lado, a autora apresenta a opinião do médico psicanalista
Francisco Daudt Veiga, o qual não apenas celebra o atual conceito de namoro, como também
incentiva seus pacientes a viverem experiências que permitam a eles decidir sobre a
possibilidade ou não de contraírem o casamento (XAVIER, 2020, p. 93).
Habituando-se ao novo conceito de namoro, o qual considera o instituto não mais como
uma fase preparatória ao casamento, mas como uma relação duradoura por si só, o Superior
Tribunal de Justiça firmou importante precedente abordando o tema e utilizando o termo
“namoro qualificado” para contextualizar a nova realidade, como podemos ver:
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De qualquer forma, o namoro traz ínsita a ideia de respeito mútuo e de fidelidade entre
as pessoas envolvidas. Não significa estarem elas obrigadas a manter o caso, muito
menos a caminho seguro do altar. Pode haver rompimento, é comum a desistência de
namoro e a sua volta lacrimosa, sempre na busca de um acerto na relação, que pode
ou não acontecer nessa fase. (OLIVEIRA, 2005, p. 14)
Como vimos, a doutrina majoritária aponta para um novo conceito de namoro, segundo
o qual o casal mantém o relacionamento sem necessariamente visar a constituição de uma
entidade familiar. Com base nessa perspectiva, analisaremos o conceito de amor líquido,
intrinsecamente pertinente no que diz respeito aos relacionamentos afetivos contemporâneos.
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A tradicional noção romantizada de amor, como uma parceria exclusiva regida pelo
lema “até que a morte nos separe”, é suplantada por uma concepção individualista em
que a relação perdura cada vez menos. Em outras palavras, enquanto for estritamente
conveniente. (BAUMAN, 2005 apud XAVIER, 2020, p. 57)
Em suma, de acordo com o estudo realizado por Xavier (2020), o namoro é encarado na
sociedade moderna como um relacionamento que não anseia, essencialmente, por produzir
efeitos jurídicos, razão pela qual tem sido a escolha de casais que preferem e escolhem viver o
amor líquido.
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Finalmente, Veloso (2016) explica a distinção na seara patrimonial, afirmando que, “ao
contrário da união estável, tratando-se de namoro - mesmo do tal namoro qualificado -, não há
direitos e deveres jurídicos, mormente de ordem patrimonial entre os namorados”. Além disso,
o jurista esclarece que, por conseguinte, “não há, então, que falar-se de regime de bens,
alimentos, pensão, partilhas, direitos sucessórios, por exemplo”.
Sendo assim, traçado o paralelo entre o namoro e a união estável, bem como delineadas
suas características e distinções, abordaremos o tema núcleo do presente trabalho, conceituando
o contrato de namoro, sua relação com o direito de família mínimo e, por fim, delimitando sua
validade perante o ordenamento jurídico brasileiro.
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4 DO CONTRATO DE NAMORO
4.1 Conceito
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artigo 425 do Código Civil Brasileiro, o qual autoriza às partes estipularem contratos atípicos,
ou seja, não previstos em lei, como é o caso do contrato de namoro.
Seguindo nessa esteira, percebe-se que o contrato de namoro, negócio jurídico atípico,
busca reger a vontade privada de um casal, que não nutre a intenção de formar um núcleo
familiar. Essa premissa está intimamente ligada não só ao princípio da autonomia privada, como
também zela pelo direito de família mínimo.
Para Moraes (2010 apud XAVIER, 2020, p. 79), o princípio da autonomia privada pode
ser conceituado da seguinte maneira:
A expressão “autonomia privada” deve ser entendida não mais apenas como liberdade
contratual, sob uma acepção patrimonialista, mas no seu sentido mis amplo: como a
manifestação do poder da vontade individual, ou melhor, como a manifestação da
vontade do sujeito de direitos em relação a todos os atos da vida civil, sejam
patrimoniais ou não patrimoniais. (MORAES, 2010 apud XAVIER, 2020, p. 79)
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Muito embora o contrato de namoro seja um negócio jurídico cuja existência é amparada
pela legislação vigente, persistem divergências doutrinárias em relação a sua validade jurídica,
como aponta Pinto (2020). Consoante entendimento da autora, “a maioria esmagadora da
doutrina entende que essa declaração de vontade representa apenas um ‘nada jurídico’, pelo
fato da impossibilidade jurídica do objeto”.
Nesse diapasão, Dias (2013) comenta que o objetivo central da celebração do contrato
de namoro, de prevenir responsabilidades e incomunicabilidade de patrimônios, não possui
valor jurídico, vez que o instrumento assegurará tão somente a existência de uma relação
afetiva, razão pela qual o contrato de namoro “é algo inexistente e desprovido de eficácia no
seio do ordenamento jurídico”.
Em consonância, Coelho explica o posicionamento majoritário da doutrina, defendendo
que “o contrato de namoro não prevalecerá, evidentemente, quando provado o preenchimento
dos requisitos legais da união estável ou mesmo se demonstrando que aquela intenção originária
alterou-se com o tempo (2012, p.142)”
Tartuce (2017, p. 16), por sua vez, concorda com os autores supracitados, declarando
que o contrato de namoro “é nulo nos casos em que existe entre as partes envolvidas uma união
estável, por ser nulo o objeto do contrato e também é nulo por fraude à lei imperativa”.
Todavia, segundo matéria publicada pelo IBDFAM (2020b), a doutrina minoritária
defende a validade do contrato de namoro desde que preenchidos os pressupostos de validade
do negócio jurídico, estudados no item 2.2, e no que diz respeito à produção de efeitos para que
o relacionamento não seja confundido com o instituto da união estável.
Adepto ao entendimento doutrinário minoritário acerca da validade jurídica do contrato
de namoro, o advogado Leonardo Amaral, entrevistado pelo IBDFAM, pontuou:
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Diante do exposto, conclui-se que o contrato de namoro, muito embora tenha sua
existência assegurada perante o direito civil brasileiro, não encontra respaldo frente a doutrina
majoritária, que não atribui ao instrumento validade jurídica para produzir efeitos no
ordenamento jurídico, em especial quando reconhecidos os pressupostos que caracterizam a
constituição de uma união estável e não de um namoro qualificado.
5 CONCLUSÃO
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validade perante o ordenamento jurídico, sendo considerado nulo, em especial quando o namoro
constitui, de fato, união estável.
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