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Alexandre Zamboni
Paulo Machado
Sandro Caldeira
PRÁTICA
PENAL
2a edição
2021
CAPÍTULO 2
2.1
DAS NULIDADES PROCESSUAIS
1. OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 11. ed. Ed. Lumen Juris.
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2.1.1
Nulidade pelo cerceamento do direito de defesa do réu
De acordo com o disposto no artigo 5°, LV da CRFB/88, a ampla defesa,
um dos Direitos Fundamentais de toda e qualquer pessoa, se traduz na li-
berdade inerente ao indivíduo de agir em defesa de seus interesses, alegando
fatos e propondo provas.
Nesta seara, mostra-se clara a correlação entre a Ampla Defesa e o Prin-
cípio do Contraditório), não sendo concebível a abordagem- de um sem
pressupor a existência do outro – daí o inciso LV, do artigo 5º Constitucio-
nal, em agrupá-los em um único dispositivo ao dispor:
“Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liber-
dade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos se-
guintes:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”
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CAPÍTULO 2 W Das questões preliminares
2.1.2
Nulidade pela ausência de defensor no interrogatório
Apresenta-se como indispensável a presença do advogado no interroga-
tório do réu, gerando, em caso de sua ausência, claro cerceamento de defesa.
De acordo com o disposto no artigo 185 do CPP:
2.1.3
Nulidade pela ausência do exame de corpo de delito
De acordo com a previsão contida no artigo 158 do CPP, o exame de
corpo de delito é obrigatório nos crimes que deixam vestígios materiais.
Assim dispõe o artigo 158 do CPP:
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CAPÍTULO 2 W Das questões preliminares
N ATENÇÃO:
» Se estivermos no rito do Tribunal do Júri (crimes dolosos contra vida), deve-
mos atentar para a fase processual. Na 1ª fase do júri, a falta de materialidade
da infração penal ensejará, além de nulidade processual, o pedido de impro-
núncia, com fulcro no artigo 414 do CPP (e não de absolvição). Já se estiver-
mos na segunda fase do júri, o pedido diante da ausência de materialidade da
infração penal será de absolvição com base no artigo 386, VII do CPP.
2.1.4
Nulidade pela não observância da cadeia de custódia
Podemos definir a cadeia de custódia como o conjunto de procedimen-
tos documentados que registram a origem, identificação, coleta, custódia,
controle, transferência, análise e eventual descarte de evidências criminais.
A necessidade de preservação da cadeia de custódia no processo penal,
possui estreita relação com a garantia de integridade, credibilidade e presta-
bilidade da prova, bem como, ao exercício do contraditório pelas partes que
devem ter acesso a uma prova perfeitamente íntegra, assim como o juízo,
como destinatário final da prova.
Com o advento da lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime), houve a introdu-
ção, no Código de Processo Penal, dos arts. 158-A a 158-F, estabelecendo a
definição legal de cadeia de custódia e o reconhecimento de sua relevância
dentro do cenário processual penal.
De acordo com o artigo 158-B do CPP, em conformidade com a men-
cionada lei, a cadeia de custódia das evidências (ou vestígios) compreende,
resumidamente, os seguintes procedimentos ou etapas:
“Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento
do vestígio nas seguintes etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
I – reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de po-
tencial interesse para a produção da prova pericial; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
II – isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas,
devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e re-
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CAPÍTULO 2 W Das questões preliminares
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2.1.6
Nulidade por ilegitimidade da parte
A ilegitimidade de parte está atrelada à titularidade da ação penal, refe-
rindo-se a quem pode promover a ação penal, bem como a quem pode ser
acusado, daí por que se fala em legitimidade ativa e passiva.
Portanto, dentro desse contexto, a defesa deve atentar para a questão da
legitimidade da parte autora (ou de quem está sendo processado), ou seja,
se a aquele que ofereceu a ação penal é ou não aquela que por lei deveria
tê-la oferecido, e se quem está sendo acusado tem capacidade para tanto,
devendo ser entendida como a pertinência subjetiva da ação.
O detentor da Legitimidade Ativa no âmbito processual penal, em se
tratando de ação penal pública (legitimidade ordinária), é do Ministério Pú-
blico/Parquet (art. 100 do CP; art. 129, inciso I, da CRFB/88). Já nas ações
de iniciativa privada, o detentor da legitimidade ativa é o ofendido ou seu
representante legal (art. 100, 2° parte e § 2ª do CP, e art. 30 do CPP).
Assim, devemos atentar para as seguintes hipóteses:
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CAPÍTULO 2 W Das questões preliminares
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2.1.8
Nulidade por ausência de intimação da parte
É indispensável que as partes da relação processual tenham ciência dos
atos que são praticados durante o processo, tais como: produção de provas,
decisões proferidas etc.
Assim, a intimação deve ser entendida como sendo o conhecimento
dado às partes do processo (acusado e seu defensor, bem como acusação),
dos atos e decisões tomadas durante a relação processual, em estrita obedi-
ência aos princípios constitucionais da Ampla defesa e Contraditório (ar-
tigo 5º, LV da CRFB/88), sob pena de acarretar nulidade processual, nos
termos do artigo 564, III, “o”, do CPP.
Ressalte-se que, para que seja declarada a nulidade em tela, apresenta-se
como necessário que a ausência de intimação tenha acarretado prejuízo efe-
tivo para a defesa, conforme previsão contida no artigo 563 do CPP.
2.1.9
Nulidade pela ausência de realização do exame de de-
pendência toxicológica
A Lei 11.343/2006, em seu artigo 45, estabelece causa de isenção de
pena quando o agente, em razão da dependência, era inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. Vejamos:
“Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependên-
cia, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior,
de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que
tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por
força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto
neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, pode-
rá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para
tratamento médico adequado.”
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CAPÍTULO 2 W Das questões preliminares
2.1.10
Nulidade no caso de ausência de defesa preliminar
nos crimes praticados por funcionário público
A defesa preliminar consiste em peça cabível quando se tratar de crime
praticado por funcionário público contra a administração pública, ou seja,
os chamados crimes funcionais, previstos nos arts. 312 a 326 do CP.
A defesa preliminar consiste em uma peça técnica de defesa, por meio
do qual o funcionário público arguirá temas que podem impedir o recebi-
mento da denúncia pelo juízo, como por exemplo: ausência de justa causa,
atipicidade do fato, etc.
Dessa forma, se nos crimes funcionais não for oferecida oportunidade
para que a defesa apresente a defesa preliminar, estará configurada afronta
ao princípio constitucional da ampla defesa, sendo causa geradora de nuli-
dade do processo.
Impende salientar que se trata de nulidade relativa, haja vista que ambas
as Cortes Superiores – STF e STJ – compreendem que a nulidade eventual-
mente configurada em razão da falta de notificação para defesa preliminar é
relativa, devendo ser arguida tempestivamente, com demonstração de pre-
juízo, sob pena de preclusão.
Cabe aqui fazermos algumas observações:
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CAPÍTULO 8
8.1
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
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CAPÍTULO 8 W Resposta à acusação, defesa prévia, defesa preliminar nos crimes funcionais
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1. PREÂMBULO 2. CORPO
3. FECHAMENTO
MODELO
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CAPÍTULO 8 W Resposta à acusação, defesa prévia, defesa preliminar nos crimes funcionais
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Com fundamento nos arts. 396 a 396-A, do Código de Processo Penal, pelos
moti-vos de fato e de direito que passa a expor:
1. DOS FATOS
Resumir as informações do enunciado com suas palavras, tentando sempre
não ultrapassar três parágrafos (média de meia página). Nunca inventar fatos.
2. DAS PRELIMINARES
Nulidades e causas de rejeição da denúncia.
*Se possível, dividir em subtópicos, explicando cada um dos seus argumentos, a
fim de que fiquem mais sistemáticos e visíveis para o examinador. Utilize subi-
tens, como abaixo:
2.1 Das causas de rejeição da denúncia
2.2 Da incompetência do juízo
2.3 Da ilegitimidade da parte
2.4 Da intempestividade
2.5 Da ausência de citação
3. DO MÉRITO
Hipóteses de absolvição sumária. Além da possibilidade de desclassificação do crime.
3.1 Da absolvição sumária
3.2 Da desclassificação
4. DOS PEDIDOS
Em face do exposto, requer a Vossa Excelência:
PRELIMINARMENTE: nulidades e causas de rejeição da denúncia.
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EXERCÍCIO
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CAPÍTULO 8 W Resposta à acusação, defesa prévia, defesa preliminar nos crimes funcionais
ESPELHO DO EXERCÍCIO
Itens:
Preliminares: Nulidade do ato da citação (art. 564, III, “e”, CPP), uma
vez que Patrick não estava se ocultando para ser citado e o oficial de
Justiça só compareceu em uma oportunidade, não preenchendo os
requisitos do art. 362, CPP.
Mérito:
Absolvição sumária: tendo em vista que a conduta narrada não cons-
Corpo
titui crime – crime impossível (art. 17, CP), uma vez que a arma de
fogo utilizada não era apta a efetuar disparos, o que caracteriza a ine-
ficácia absoluta do meio.
Absolvição sumária: manifesta causa de exclusão de ilicitude, pois
Patrick agiu amparado na legítima defesa (art. 25, CP e art. 23, II, CP),
uma vez que sua conduta visava resguardar o direito de sua sobrinha.
Pedido: Absolvição Sumária, com base no art. 397 I, CPP e art. 397,
III, CPP
Local e Data/Advogado/OAB
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8.2
DEFESA PRÉVIA
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C A P Í T U L O 13
PEÇA
OAB PRINCIPAIS TESES DE MÉRITO
PROCESSUAL
• Princípio da legalidade
• Art. 127, LEP: falta grave pode gerar perda de no
Agravo em máximo 1/3 dos dias remidos
XXIX
Execução • Súmula 533, STJ
• Súmula 441, STJ
• Súmula 535, STJ
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PEÇA
OAB PRINCIPAIS TESES DE MÉRITO
PROCESSUAL
• Prescrição
• Nulidades: Violação ao princípio da ampla defesa
e contraditório; não oferecimento da Suspensão
Recurso Condicional do Processo (art. 89, Lei 9.099/99)
XXVIII em Sentido
Estrito • Absolvição sumária por atipicidade da conduta (Art.
415, CPP)
• Crime impossível/ impropriedade do objeto (Art.
17, CP)
• Nulidades:
• Cerceamento de defesa (ausência de intimação do
réu para AIJ – Art. 5º, LV, CRFB/88 OU Art. 564, IV, do
CPP)
• Mérito:
• Absolvição (Art. 386, III, CPP)
Alegações • Afastar qualificadoras (Art. 213, § 1º, do CP)
XXVI finais • Aplicar pena base no mínimo legal (art. 59, CP)
(memoriais) • Afastar agravantes (art. 61, CP)
• Reconhecer atenuante (art. 65, CP)
• Causa de diminuição de pena no máximo (iter crimi-
nis percorrido)
• Regime aberto (Art. 33, §2º, alíneas b ou c, do CP)
ou;
• Suspensão condicional da Pena (Art. 77, CP)
296
CAPÍTULO 13 W Principais teses de mérito – exames anteriores
PEÇA
OAB PRINCIPAIS TESES DE MÉRITO
PROCESSUAL
• Nulidade:
• Cerceamento de defesa, violação à ampla defesa
(Art. 5º, LV, CF)
• Mérito:
XXV Recurso de • Princípio da consunção
(Reap) Apelação • Pena base no mínimo legal
• Reconhecimento atenuante (Art. 65, I, CP)
• Reconhecimento da tentativa
• Substituição por restritivas de direito
• Suspensão condicional da pena
• Nulidades:
• Não oferecimento da proposta de suspensão condi-
cional do processo (Art. 89, Lei 9.099/95)
• Mérito:
• Erro de tipo (Art. 20, CP)
Alegações
• Pena base no mínimo legal
XXIII finais (me-
moriais) • Atenuantes (Art. 65, I e III, CP)
• Causa de diminuição – arrependimento posterior
(Art. 16, CP)
• Aplicação do regime aberto (Art. 33, §2º, alínea c,
CP)
• Substituição por restritivas de direito (Art. 44, CP)
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PRÁTICA PENAL OAB
PEÇA
OAB PRINCIPAIS TESES DE MÉRITO
PROCESSUAL
• Nulidades:
• Prejuízo na ampla defesa: ausência de intimação do
réu para manifestar sobre novo advogado
• Mérito:
• Absolvição
• Desistência voluntária (Art. 15, CP): Desclassificação
para delito de ameaça, com decadência
Recurso de
XXII • Pena base no mínimo legal
Apelação
• Atenuantes (Art. 65, I e III, CP)
• Afastamento da causa de aumento (Art. 157, § 2º,
VII, e §2º-A, I, ambos do CP)
• Redução da tentativa ao patamar mínimo e suspen-
são condicional da pena
• Regime Inicial aberto ou semiaberto (Súmula 718/
STF OU 719/STF OU 440/STJ)
• Princípio da insignificância
• Pena base no mínimo legal
• Atenuantes (Art. 65, I e III, CP)
XX Alegações • Causa de diminuição (Art. 155, §2º, do CP)
finais (me- • Substituição da pena por restritivas de direitos (Art.
(Reap.) moriais) 44, CP)
• Aplicação de regime inicialmente aberto (Art. 33,
§2º, “c”, CP)
• Suspensão Condicional da Pena (Art. 77, CP)
298