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Teoria Objetiva, Subjetiva e Mista

Teoria subjetiva

Na percepção de Savigny, a posse é a junção de dois elementos, copus e animus. O


copus representava a posse física da coisa, a apreensão do bem. Já o animus é a vontade
de tornar para si aquele bem. Nesse sentido, vale esclarecer que o animus representa a
vontade própria do sujeito, não permitindo possui animus alieno nomine tenendi,
intenção de possuir em nome de terceiro.
Nesse contexto, a doutrina Savigny, ao juntar a vontade de possuir o bem com a
apreensão dele, apresentava dificuldades ao justificar o porquê aqueles que não tinham a
intenção de ter a coisa não possuíam a proteção possessória. Desse modo, esclarece o
Professor Orlando Gomes:
“Ao exigir o animus domini como requisito indispensável à
configuração da posse, a doutrina subjetiva considera simples
detentores o locatário, o comodatá- rio, o depositário, o
mandatário e tantos outros que, por títulos análogos, têm poder
físico sobre determinadas coisas”
Apesar do ordenamento jurídico brasileiro não abraçar a teoria objetiva, é mister afirmar
que ela tem uma elevada relevância para as ciências jurídicas, uma vez que abriu novos
horizontes sobre o conceito de posse e desenvolveu toda ciência do direito romano.

Teoria Objetiva

Preliminarmente é necessário entender a distinção de propriedade e posse. Para Ihering,


a posse é apreensão física da coisa, é detenção do bem. Diferentemente, a propriedade é
essa apreensão “jurídica” do bem, o entendimento jurídico que o sujeito é proprietário
de determinado bem. Quando esses elementos compõem a mesma pessoa suas
definições são desnecessárias. Entretanto, vislumbradas em sujeitos diferentes, a
conceituação de posse e propriedade tomam corpo.
Dessa forma, de acordo com o Professor Orlando Gomes, a propriedade, sob o critério
da utilização econômica, pode ser destinada a dois fins. O primeiro, a utilização
imediata ou real do bem, da-se quando o proprietário faz o uso para si da coisa. A
segunda se refere à concessão da posse a um terceiro, a concessão pode ser onerosa ou
gratuita.
Ademais, o Professor Ihering faz críticas a teoria subjetiva de Savigny. Em sua
perspectiva, o aspecto psíquico era desnecessário para comprovar a titularidade da
posse. Por exemplo, em caso de esbulho de um imóvel, se faz essencial apenas a prova
de que o imóvel pertencia ao sujeito. Outra crítica feita é que distinção de posse e
detenção não da intenção de possuir a coisa, mas sim em virtude da disposição legal que
ora classifica em posse, ora classifica em detenção.
Ato contínuo, a teoria objetiva é adotada pelo código brasileito. Nesse contexto, no
primeiro momento, antes do código civil de 1916, a teoria vigente era a subjetiva.
Entretanto, ela gerava diversas divergências entre os doutrinadores, especialmente por
não conceder a tutela possessória para aqueles que tinham a simples detenção do bem.
Diante disso, no código civil de 1916 e 2002, adotaram definitivamente a teoria
objetiva. Reflexo dessas mudanças é o art. 1.196, que traduz: “ todo aquele que tem de
fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”

Teoria da função social da posse

No período hodierno, tem-se teoria cada vez teorias com um propósito de definir a
noção de posse. Uma delas que vem ganhando muito destaque no cenário internacional
é a teoria da função social. Para ela, a posse se destina a quem alcançar os fins
econômicos, sociais e existenciais. Desse modo, elucida o Enunciado n° 492 da V
Jornada de Direito Civil: “A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade
e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais,
econômicos e sociais merecedores de tutela”.

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