O documento discute a posse e a detenção no direito civil brasileiro. A posse é caracterizada pela teoria objetiva de ter poder físico sobre a coisa, enquanto a detenção desqualifica a posse em certas situações como no caso de empregados ou posse precária. A posse é autônoma em relação à propriedade e só bens corpóreos podem ser objeto de posse.
O documento discute a posse e a detenção no direito civil brasileiro. A posse é caracterizada pela teoria objetiva de ter poder físico sobre a coisa, enquanto a detenção desqualifica a posse em certas situações como no caso de empregados ou posse precária. A posse é autônoma em relação à propriedade e só bens corpóreos podem ser objeto de posse.
O documento discute a posse e a detenção no direito civil brasileiro. A posse é caracterizada pela teoria objetiva de ter poder físico sobre a coisa, enquanto a detenção desqualifica a posse em certas situações como no caso de empregados ou posse precária. A posse é autônoma em relação à propriedade e só bens corpóreos podem ser objeto de posse.
Remonta a uma grande discussão acerca da natureza da posse.
Antigamente era entendida como mero apêndice da propriedade, assim, a posse pertencia ao proprietário.
Até que Savigny criou a denominada teoria da posse, pela qual
esta é autônoma em relação à propriedade, possuindo natureza jurídica própria, sendo que a posse é formada pela soma de dois elementos:
Corpus: contato físico, apreensão;
Animus rem sibi habendi: vontade de ter a coisa como sua.
Esta foi denominada de teoria subjetiva, pois concentrava sua
força em um elemento subjetivo, qual seja a vontade de ter a coisa. A crítica disparada foi imediata, pois, se de um lado, merecia elogios, em virtude da autonomia conferida à posse, por outro concentrava toda importância em um elemento subjetivo, que nem sempre era necessário, ou estava presente. Dois exemplos marcavam a crítica: locação e comodato.
Assim, Rudolf Von Ihering, discípulo de Savigny, criou a
denominada teoria objetiva, ou simplificada da posse. Aqui é apontado um elemento único para caracterizar a posse:
corpus
O art. 1196 do código civil consagra a teoria objetiva de
Ihering, afirmando que considera-se possuidor quem pode exercitar qualquer prerrogativa da propriedade, conforme art. 1.228. Contudo, nosso código faz concessões à teoria subjetiva, como ocorre no caso de usucapião.
Em decorrência da teoria objetiva, qualquer pessoa e até ente
despersonalizado podem exercer posse, que também pode ser adquirida por ato de terceiro.
O STJ vem lapidando o conceito de posse para dizer que a posse
não é necessariamente apreensão física, mas poder físico sobre a coisa (REsp 1.158.992/MG) Importante: a posse é autônoma e independente em relação à propriedade. Nesse sentido, o enunciado 492, CJF.
O CPC de 2015, inclusive, determina que a ação possessória será
julgada a favor do melhor possuidor, independentemente da propriedade.
A posse será sempre relacionada a poder físico, enquanto a
propriedade pode ser até imaterial.
A DETENÇÃO
Aqui a teoria objetiva de Ihering é desqualificada, pois quem
exerce poder físico sobre a coisa não é possuidor. Assim a detenção é uma desqualificação da posse.
Em certas hipóteses, o ordenamento (lei) tira a qualidade de
possuidor de quem exerce poder físico sobre a coisa, e a trata como mera detentora, o que impede a usucapião e aos direitos decorrentes da realização de benfeitorias ou acessões. (REsp 1.183.266/PR)
Os detentores para o Código Civil são:
Fâmulo da posse (caseiro, capataz, veterinário, adestrador,
gestor da posse): art. 1.198; Atos de tolerância ou permissão: (art. 1.208) é a “posse precária”, assim a posse precária não se convalesce; Posse clandestina ou violenta, antes do convalescimento: art. 1.208, segunda parte.
Obs.: enunciado 301 do CJF (interversão da posse). Ocorre a
alteração da posse precária quando ela deixa de ser precária e passa a ser violenta ou clandestina. Mutação da natureza.
O direito administrativo acrescenta mais duas hipóteses:
Permissão ou concessão de bem público de uso comum ou
especial. (REsp 1.003.708/PR); Ocupação irregular de áreas públicas. (REsp 556.721/DF).
Conforme o CPC anterior, o mero detentor demandado em
ação possessória era obrigado a nomear à autoria; o atual CPC eliminou a nomeação à autoria das intervenções de terceiros. Agora, conforme disposto no art. 337, XI do NCPC, o mero detentor deverá alegar, em sede preliminar de contestação, sua ilegitimidade passiva, abrindo -se prazo de 15 dias para o autor indicar o réu, na forma do art. 338. Contudo, o art. 339 impõe que o réu indique o sujeito passivo, quando souber quem vem a sê-lo, sobe pena de perdas e danos.
ATENÇÃO: e quando a ação for possessória, ou que discuta seus
efeitos, e for dirigida ao possuidor? Aí este é parte legítima, resguardado a este o direito de regresso quanto ao proprietário, cabendo, inclusive a denunciação da lide.
OBJETO DA POSSE
Somente bens corpóreos podem ser objeto de posse, pois somente
estes são materializáveis. Nesse passo, os incorpóreos são insuscetíveis de posse.
Não cabe tutela possessória em defesa de bens incorpóreos,
portanto. Nesse sentido a súmula 228 do STJ. A defesa de bens incorpóreos, conforme artigos 497 e 500 do NCPC, se dará por meio de tutela específica e ação indenizatória.
Desse modo, os bens incorpóreos não podem ser usucapidos.
COMPOSSE (coposse/compossessão)
A composse no NCPC vem tratada no art. 73, § 2º.
É o exercício simultâneo da posse por duas ou mais pessoas.
Os requisitos da composse são:
Indivisibilidade/unicidade da coisa; Pluralidade de sujeitos.
Sob o ponto de vista material, cada um dos co-possuidores
exercem direito sobre o todo e podem defender a coisa como um todo, independentemente de sua cota/fração ideal, inclusive, uns contra os outros. (REsp 537.363/RS)
Ordinariamente, não pode haver usucapião entre os co-
possuidores. O STJ abriu exceção no REsp 10.978/RJ (leading case), quando um dos co-possuidores exercer posse com exclusividade, alijando os demais.
O efeito processual da composse vem do art. 73 do CPC, que exige
o consentimento do outro consorte somente para ações reais imobiliárias, sendo certo que posse não é direito real, o que dispensa o consentimento do consorte, bem como a citação deste para formar litisconsórcio passivo. O § 2º exige a participação do cônjuge ou companheiro (§ 3º) do réu, somente em caso de composse.