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DIREITO CIVIL – DIREITO DAS COISAS

Aula 8 – Aquisição/Perda de Propriedade

Prof. Me. Lucirino Fernandes


DIREITO CIVIL – DIREITO DAS COISAS

Aquisição de Propriedade Imóvel Originária


1. Acessões

Conceito: Aumento de volume da coisa principal (união física)

Distinção: Acessão x Benfeitoria

Espécies: Natural ou Artificial

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1.1 Acessão Natural


1. Formação de ilhas (art. 1.249 do CC)
a. Conceito de ilha (navegável x particular)
 1.ª Regra. As ilhas que se formarem no meio do rio consideram-se
acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as
margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em
duas partes iguais.

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 2.ª Regra. As ilhas que se formarem entre a referida linha e uma das
margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos
fronteiros desse mesmo lado.

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 3.ª Regra. As ilhas que se formarem pelo desdobramento de um


novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos
terrenos à custa dos quais se constituírem.

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2. Aluvião (art. 1.250 do CC)


a. Conceito
i. aumento lento e paulatino da margem do terreno, mediante
acúmulo natural de detritos e sedimentos

b. Espécies
i. Aluvião própria (terra vem)
ii. Aluvião imprópria (água vai - retração)

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3. Avulsão (Art. 1.251)


a. Conceito
i. Por forca natural violenta, uma porção de terra se destaca de um
imóvel e se juntar a outro, o dono deste adquirira a propriedade do
acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se,
em um ano, ninguém houver reclamado (art. 1.251).
b. Indenização
i. dono prejudicado: prazo decadencial de 1 ano.
ii. Opção: indenizar ou aquiescer (remoção da parte acrescida)

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4. Abandono de álveo (art. 1.252 do CC)


a. Conceito - álveo abandonado é o rio ou a corrente de água que seca
b. Regras para ribeirinhos: 50% para cada um

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1.2 Acessão Artificial


5. Plantações e Construções de obras
a. Constituem bens por acessão física artificial (natureza acessória).
1.ª Regra: Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com
sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes;
mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e
danos, se agiu de má-fé (art. 1.254 do CC).

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2.ª Regra: Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio


perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções;
se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Se a construção ou a
plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de
boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante
pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo
(art. 1.255 do CC, caput e parágrafo único).

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3.ª Regra - Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário


as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das
acessões. Presume-se má-fé do proprietário quando o trabalho de
construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua
(art. 1.256 do CC, caput e parágrafo único).

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4.ª Regra - Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade


solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire
o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o
valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização
que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da
área remanescente (art. 1.258 , caput, do CC).

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5.ª Regra - Pagando em décuplo as perdas e danos previstos no art.


1.258, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que
invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e se o valor da
construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder
demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção (art.
1.258, parágrafo único, do CC).

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6.ª Regra - Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio


exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo
invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a
invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da
desvalorização da área remanescente. Se o construtor estiver de má-fé,
será obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e
danos apurados, que serão devidos em dobro (art. 1.259 do CC).

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2. Usucapião

Conceito: aquisição pela posse pacífica e contínua por tempo previsto em lei
Fundamento: segurança jurídica e função social
Requisitos Gerais
 Pessoais - qualificação e capacidade
 Reais (coisa hábil) – Exceção: bens públicos...
 Formais (especiais e formais)

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Quadro Analítico

Intenção de Requisitos
Posse Tempo Sentença
dono Especiais

Animus Declaração Justa (justo


Mansa Contínua
domini judicial título)

Boa-fé (justo
Pacífica Duradoura Corpus Título hábil
título)

lapso temporal
Sem
a. Extraordinário (Art. 1.241 (Art. 1.242)
contestação
b.Ordinário
c. Especial

(requisitos especiais e formais)


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Modalidades de Usucapião
i. Usucapião extraordinário (CC. art. 1.238)
1. Posse mansa e pacífica, ininterrupta, com animus domini
2. Prazo de 15 anos
a. Pode ser 10 (moradia habitual ou obras produtivas)
3. Presunção júris et jure de boa-fé/justo título
4. Sentença judicial para aquisição de seu domínio.

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ii. Usucapião ordinário (Art. 1.242)


1. Posse mansa e pacífica, ininterrupta, com animus domini
2. Decurso de 10 anos
a. pode ser 5 anos (aquisição onerosa + registro cancelado)
b. moradia ou investimentos de interesse social/econômico
3. Justo título ainda que contenha algum vício ou irregularidade e boa fé
4. Sentença judicial declaratória de domínio.

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Modalidade Especial
iii. Usucapião especial rural (art. 191 da CF; Art. 1.239)
1. O ocupante não seja proprietário de imóvel urbano ou rural;
2. Animus domini sem oposição por 5 anos ininterruptos;
3. Área não seja superior a 50 hectares;
4. Moradia habitual;
5. Tornado a terra produtiva com seu trabalho e de sua família
6. Não seja terra pública
7. Sentença judicial declaratória de domínio.

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iv. Usucapião especial urbano (art. 183, CF; Art. 1.240; art. 9°, EC
1. Imóvel urbano (usucapião urbana ou pro habitatione):
2. Imóvel público com área até 250 m²
3. Posse por 5 anos sem oposição
4. Utilização para moradia, não sendo proprietário de outro imóvel
5. Presume-se boa-fé (júris et jure) - não se exige prova de justo título
6. exigência do Plano Diretor não impede o reconhecimento
7. Sentença judicial declaratória de domínio.

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v. Usucapião especial urbana coletiva (art. 10 do Estatuto da Cidade)


1. posse coletiva em área urbana
2. Animus domini sem oposição por 5 anos ininterruptos;
3. Imóvel com área até 250 m²/possuidor
4. Utilização para moradia, não sendo proprietário de outro imóvel
5. Sentença judicial declaratória de domínio.
6. É possível a criação, por ato judicial, de um condomínio

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vi. Usucapião rural coletiva (art. 1.228, §§ 4° e 5°, do CC)


1. imóvel reivindicado consistir em extensa área
2. posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos
3. considerável número de pessoas
4. obras e serviços de interesse social e econômico relevante
5. Crítica: uma nova forma de “desapropriação”?

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vii. Usucapião familiar


Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição,
posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta
metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio
integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela
Lei nº 12.424, de 2011)
§1° O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez.

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Aquisição de Propriedade Imóvel Derivada

1. Negócios jurídicos
i. Transmissão por ato intervivos (alienação, doação)

2. Sucessão hereditária
i. Transmissão por causa mortis (princípio da saisine)
ii. Prescinde de transcrição no registro de imóveis (Art. 1.784)

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Aquisição de Propriedade Móvel Originária

i. Usucapião
1. Extraordinário - Art. 1.261
a. possuir coisa móvel como sua + durante cinco anos
b. Prescinde justo título ou a boa-fé.
2. Ordinário - Art. 1.260
a. possuir coisa móvel como sua + durante três anos
b. justo título e boa-fé
c. Caso - usucapir o automóvel em três anos

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ii. Ocupação - Art. 1.263


1. Assenhorear de coisa sem dono de forma legal
2. Difere da coisa perdida (res desperdicta)
Obs: Estudo da Descoberta da Propriedade - Art. 1.233 ss
a. Afinal: “achado não é roubado”?
b. Quem acha coisa perdida tem o dever legal de devolver
c. Descobridor tem direito a uma recompensa
d. venda de coisa alheia perdida
iii. Achado do tesouro - Art. 1.264 ss
1. Caso - "A botija de ouro"

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Aquisição de Propriedade Derivada

iv. Tradição - Art. 1.267


1. Válida (agentes capazes, transferência e justa causa)
2. Espécies
a. real
b. ficta - proprietário vira locatário
c. simbólica - das chaves do imóvel
Obs.: vedação da alienação a “non domino” - teoria da aparência

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v. Especificação - Art. 1.269 ss


1. transformação da matéria-prima em obra final
2. compensação para o dono da matéria-prima (especificador)
Obs: Caso - artesã premiada
vi. Formas incomuns - Art. 1.272 ss
1. Confusão
a. aquisição da propriedade móvel de coisas liquidas que se misturam
2. Comistão
a. mistura de sólidos (areia e sal mineral, por exemplo)
3. Adjunção
a. justaposição de uma coisa à outra
Obs.: Forma de Resolução de Conflitos? critérios de boa-fé ou má-fé
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Perda da Propriedade
1. Espécies - Art. 1.275
i. Alienação
ii. Renúncia
iii. Abandono (imóvel urbano - Art. 1.276)
iv. Perecimento da coisa
v. Desapropriação/Requisição
1. Interesse público (art. 1.228, § 3.º)
2. Interesse privado (art. 1.228, §§ 4.º e 5.º)

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