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No Brasil foi instituído, a partir da edição da lei federal nº. 13.465/2017, em 11 de julho de 2017, um novo
direito real, a laje (art. 1225, XIII, do Código Civil) assim disposto:
‘Art. 1.510-C. Sem prejuízo, no que couber, das normas aplicáveis aos
condomínios edilícios, para fins do direito real de laje, as despesas
necessárias à conservação e fruição das partes que sirvam a todo o
edifício e ao pagamento de serviços de interesse comum serão
partilhadas entre o proprietário da construção-base e o titular da laje, na
proporção que venha a ser estipulada em contrato.
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28/04/2019 O direito real de laje no Código Civil - Empório do Direito
O direito real de laje instituído pela lei federal nº. 13.465/2017 representou uma mudança acentuada daquele que
vinha previsto na Medida Provisória nº. 759/2016.
Na MP nº. 759/2016 havia toda uma lógica que aproximava o direito real de laje da noção de direito de
superfície: ali se falava no direito real de laje como “consistindo na possibilidade de coexistência (sic) de
unidades imobiliárias autônomas de titularidades distintas situadas em uma mesma área, de maneira a permitir
que o proprietário ceda a superfície de sua construção”; ao mesmo tempo em que discorria sobre o “acesso
independente qualquer que seja o seu uso” (art. 1510-A, § 3º); e “proibindo-se o adquirente de instituir
sobrelevações sucessivas” (art. 1510-A, § 5º), tudo isso levando a se configurar uma “superfície de uma
construção”, isto é, uma modalidade de direito de superfície que é, na dicção do art. 1524 do Código Civil
português, “a faculdade de construir ou manter, perpétua ou temporariamente, uma obra em terreno alheio, ou
de nele fazer ou manter plantações”, um direito real sobre coisa alheia, que teria sempre uma ligação
peremptória com a construção “ceder a superfície de sua construção” e que não configuraria direito autônomo
porque proibida de maneira expressa a instituição de sobrelevações sucessivas.
Na nova lei federal nº. 13.465/2017, que alterou o art. 1510-A do Código Civil, criando o novo direito real de
laje, ocorre uma mudança de orientação no Brasil quanto à forma de se conceber a regularização fundiária
urbana.
O modelo tradicional de regularização fundiária, aquele derivado da lei federal nº. 11.977/2009, importa na
forma de garantir a moradia para os que dela precisam com todos os substratos necessários à plena consecução
desta (materiais, urbanísticos, creditícios, de infraestrutura, etc..), pensada a solução da moradia como uma
solução ampla, de plena habitabilidade em uma determinada área urbana[1].
A lei federal nº. 13.465/2017 rompe com essa lógica. Ela tem como espírito o entendimento de que esse modelo
de regularização fundiária urbana totalizante, que atende todos os anseios da moradia, é inviável, que é
impossível de ser implementado com todas essas condições.
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