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DIREITO

EMPRESARIAL I
Professor Diêgo Domiciano Cabral
@diegodomicianocabral
FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO EMPRESARIAL *

• LIBERDADE DE INICIATIVA (princípio fundamental do direito empresarial)


art. 170 da CF/1988: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios”.

 Direito concedido pelo Estado aos particulares para o livre empreendimento em qualquer atividade
econômica legal.

Segundo Fábio Ulhoa, existem 04 DESDOBRAMENTOS deste princípio:


(i) imprescindibilidade da empresa privada para que a sociedade tenha acesso aos bens e serviços de que
necessita para sobreviver;
(ii) busca do lucro como principal motivação dos empresários;
(iii) necessidade jurídica de proteção do investimento privado;
(iv) reconhecimento da empresa privada como polo gerador de empregos e de riquezas para a sociedade.
Interpretações conflituosas sobre o princípio da liberdade de iniciativa
Carteira de estudante X Gratuidade em estacionamentos de shoppings (TJPB)
Ação direta de inconstitucionalidade. Lei n. 7.844/92, do Estado de São Paulo. Meia entrada assegurada aos estudantes
regularmente matriculados em estabelecimentos de ensino. Ingresso em casas de diversão, esporte, cultura e lazer. Competência
concorrente entre a União, Estados-Membros e o Distrito Federal para legislar sobre direito econômico. Constitucionalidade. Livre-
iniciativa e ordem econômica. Mercado. Intervenção do Estado na economia. Artigos 1.º, 3.º, 170, 205, 208, 215 e 217, § 3.º, da
Constituição do Brasil. 1. É certo que a ordem econômica na Constituição de 1988 define opção por um sistema no qual joga um
papel primordial a livre-iniciativa. Essa circunstância não legitima, no entanto, a assertiva de que o Estado só intervirá na
economia em situações excepcionais. 2. Mais do que simples instrumento de governo, a nossa Constituição enuncia diretrizes,
programas e fins a serem realizados pelo Estado e pela sociedade. Postula um plano de ação global normativo para o Estado e para a
sociedade, informado pelos preceitos veiculados pelos seus artigos 1.º, 3.º e 170. 3. A livre-iniciativa é expressão de liberdade
titulada não apenas pela empresa, mas também pelo trabalho. Por isso a Constituição, ao contemplá-la, cogita também da
“iniciativa do Estado”; não a privilegia, portanto, como bem pertinente apenas à empresa. 4. Se de um lado a Constituição
assegura a livre-iniciativa, de outro determina ao Estado a adoção de todas as providências tendentes a garantir o efetivo
exercício do direito à educação, à cultura e ao desporto [artigos 23, inciso V, 205, 208, 215 e 217 § 3.º, da Constituição]. Na
composição entre esses princípios e regras há de ser preservado o interesse da coletividade, interesse público primário. 5. O
direito ao acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, são meios de complementar a formação dos estudantes. 6. Ação direta de
inconstitucionalidade julgada improcedente (ADI 1.950, Rel. Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, j. 03.11.2005, DJ 02.06.2006, p. 4,
Ement. vol-02235-01, p. 52, LEXSTF v. 28, n. 331, 2006, p. 56-72, RT v. 95, n. 852, 2006, p. 146-153).
• Liberdade de concorrência *
• art. 170 da CF/1988: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na
livre-iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios: (...) IV – livre concorrência; (...)””.

A regra de ouro da livre concorrência é a seguinte: quem acerta, ganha (obtém lucros);
quem erra, perde (sofre prejuízos).
O Estado não pode interferir nessa equação, sob pena de desvirtuar toda a lógica do
mercado.

• Exemplo da manifestação do princípio da livre concorrência aparece com muita clareza são
os CONTRATOS EMPRESARIAIS, os quais não DEVEM sofrer intervenção estatal nem
prévia (dirigismo contratual) nem posterior (revisão judicial). Mas o Estado pode intervir?
Sim! Quando o Estado se propõe a garantir a livre-concorrência, ele o deveria
fazer de duas maneiras:

1. Coibindo práticas de concorrência desleal = as sanções estão previstas nos


arts. 183 e seguintes da Lei 9.279/1996, e o objeto da punição estatal são
condutas que atingem um concorrente in concreto (exemplo: contrafação de
marca, venda de produto “pirata”, divulgação de informação falsa sobre
concorrente etc.).
2. Coibindo práticas que configurem infração contra a ordem econômica = as
sanções estão previstas na Lei 12.529/2011, e o objeto da punição estatal são
condutas que atingem a concorrência in abstrato, isto é, o próprio ambiente
concorrencial (exemplo: cartéis).
• GARANTIA E DEFESA DA PROPRIEDADE PRIVADA
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre-
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios: (...) II – propriedade privada; (...)”.

 Garantir e defender a propriedade privada dos meios de produção é pressuposto


fundamental do regime capitalista de livre mercado. Ausente a propriedade privada, não
há também mercado. Não havendo mercado, não há como precificar os bens e serviços
em produção e circulação de forma legítima e eficiente e tem-se, como decorrência, o
planejamento central da economia, situação na qual os preços são arbitrariamente
fixados por burocratas.

PROPRIEDADE PRIVADA x FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA (PRINCÍPIO AUTÔNOMO)


• PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA

 Inspirando em alterações legislativas recentes, como a Lei 11.101/2005 (Lei de Falência e


Recuperação de Empresas), e fundamentando inúmeras decisões judiciais.

Processual civil. Agravo regimental. Medida cautelar. Penhora sobre o faturamento bruto
da empresa. Ausência de outros bens passíveis de constrição eficaz. Possibilidade.
Percentual elevado. Comprometimento das atividades empresariais. Redução. I.
Conquanto possível a penhora sobre o faturamento bruto da devedora, quando
inexistentes bens disponíveis de fácil liquidação, deve ela observar percentual que NÃO
COMPROMETA A HIGIDEZ FINANCEIRA, AMEAÇANDO O PROSSEGUIMENTO DAS
ATIVIDADES EMPRESARIAIS. (...) (AgRg na MC 14.919/RS, Rel. Min. Aldir Passarinho
Junior, 4.ª Turma, j. 09.12.2008, DJe 02.02.2009).
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
(CESPE/DP DF) Até os dias atuais, remanesce a dificuldade em se distinguir os
atos comerciais dos atos civis. Em virtude dessa dificuldade, alguns autores
chegaram até mesmo a propalar a inexistência de objeto próprio para o direito
comercial, sustentando que tal direito não consistia uma disciplina autônoma.
Tendo em vista essa circunstância, julgue os itens subsequentes como CERTOS
ou ERRADOS.

A) No Brasil, ante a dificuldade de um conceito doutrinário e científico para os atos


de comércio, passaram a ser adotados critérios de direito positivo, de modo
que são considerados atos de comércio aqueles que a lei designar como tais.
B) Tanto o Código Comercial quanto o antigo Regulamento 737, de 1850,
enumeram, exemplificativamente, os atos considerados comerciais pelo direito
brasileiro.
(TJ SP) O Código Comercial de 1850:

A) Foi parcialmente revogado, mantendo-se vigentes os dispositivos


que tratam da compra e venda mercantil.

B) Foi totalmente revogado.

C) Não foi revogado.

D) Foi parcialmente revogado, mantendo-se vigentes os dispositivos


referentes ao comércio marítimo.
(MAGISTRATURA/MG – VUNESP) Com a vigência do Novo
Código Civil, à luz do art. 966, é correto afirmar que o Direito
brasileiro concluiu a transição para a:

A) “teoria da empresa”, de matriz francesa.

B) “teoria da empresa”, de matriz italiana.

C) “teoria dos atos de comércio”, de matriz francesa.

D) “teoria dos atos de comércio”, de matriz italiana.

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