Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
do Projeto PL 54/2021
ASSESSORIA JURÍDICA
Dispõe o artigo 30, inciso I, da Constituição Federal, que compete ao Município legislar sobre
assunto de interesse local.
E, de fato, essas pessoas merecem maior atenção por parte do Poder Público. Fato notado na
existência de leis nessa esteira, eis como o Estatuto do Idoso (Lei n.° 10.741/03), o Estatuto das
Pessoas com Deficiência (Lei n.° 7.853/89). Também novos diplomas com escopo a auxiliar são
de bom alvitre, desde que cumpram a constitucionalidade formal e material.
Nesse quadro, a proposição em comento, sem embargo ser de extrema inteligência a iniciativa e
O projeto em questão colide com princípio expresso tanto na Constituição Federal quanto na
Constituição Estadual. A ofensa, destarte, é ao princípio da livre iniciativa.
A Constituição Federal declara, em seu art. 1º, inciso IV, a livre iniciativa como princípio
fundamental da República Federativa do Brasil. Em seu art. 170, caput, expressa que a ordem
econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa.
A Constituição Estadual também aponta a livre iniciativa como um dos fundamentos do Estado
de Santa Catarina (art. 1º, inciso V) e como um dos Princípios Gerais da Economia Catarinense
(Título VIII, Capítulo I, art. 135, § 4º).
Como fundamento da ordem econômica, o princípio da livre iniciativa atribui à iniciativa privada o
papel central na produção e na circulação de bens e de serviços, por meio do que se edificam os
pilares da ordem econômica. A função do Estado é a de assegurar a livre iniciativa, e pode
explorar diretamente a atividade econômica apenas quando tal for necessário à segurança
nacional ou diante de relevante interesse econômico (art. 173, CF). Este documento é assinado digitalmente
“A ordem econômica é calcada na livre iniciativa e na liberdade de concorrência, por isso que é
assegurado a todos o exercício de qualquer atividade econômica (art. 170, § único da
Constituição Federal).
"'É vedado ao Poder Público e ao intérprete do ordenamento antever exegese que transponha a
intangibilidade da livre iniciativa que a todos é assegurada em relação a qualquer atividade.
"'O Princípio da Legalidade impõe que se permita o que a lei não proíbe, no campo da 'livre
iniciativa" (Resp n. 740508/SP, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/08/2006).
Estado, que somente pode ingerir-se na exploração das atividades econômicas nos estreitos
limites que a Constituição assim permitir.
Ao contrário do que se poderia supor, não há no projeto em tela nenhum fator que pudesse
legitimar essa intervenção e fazê-la compatível com as disposições constitucionais.
A garantia da liberdade de iniciativa ao setor privado é tão expressiva que prejuízos causados a
empresários pela intervenção do Poder Público no domínio econômico são passíveis de ser
indenizados em determinadas situações, com fundamento no art. 37, §6º, da CF, que consagra a
responsabilidade objetiva do Estado. O STF, inclusive, já entendeu que "a intervenção estatal na
economia possui limites no princípio constitucional da liberdade de iniciativa e a responsabilidade
objetiva do Estado é decorrente da existência de dano atribuível à atuação deste" (CARVALHO
FILHO, José dos Santos. Manual de direito Administrativo. 28. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo:
Atlas, 2015. p. 947-948).
Desta feita, o presente projeto não pode desrespeitar os princípios gerais da atividade econômica
e da isonomia. Dessa forma, prevalece o direito à livre iniciativa, haja vista ser irrazoável a
intromissão pretendida no PL em análise.
Gerado por Leo Cassetari Filho na repartição Assessoria Jurídica dia 29/07/2021 às 15:57