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PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE:

Transparência, controle social e cidadania.1

SANTIAGO, Ednézio de Carvalho.2

RESUMO

A Constituição de 1988, a Constituição Cidadã, representa um dos mais importantes


marcos na história política e jurídica do Brasil. Além assegurar a redemocratização do
país, estabeleceu princípios fundamentais para a administração pública, em seu art.
37. Cujos princípios asseguram a segurança jurídica aos cidadãos, entre eles o
princípio da publicidade, objeto deste artigo. Cujo princípio exige a plena divulgação
dos atos praticados pela administração pública, ressalvando as hipóteses de sigilo
previstas na legislação. Como parte da análise da prática deste princípio na
administração pública, toma-se a doutrina, a legislação infraconstitucional que
positivou a publicidade e as práticas no município baiano de Conceição do Coité como
referências. Como estratégia metodológica foi utilizada revisões de literatura de livros
e artigos acerca do tema. Conclui-se que a modernização da gestão pública, a partir
da Lei de acesso a informação e da Lei de Responsabilidade Fiscal, além da facilidade
de acesso, via rede mundial de computadores, aos grandes portais oficiais, amplia as
possibilidades do controle social sobre a administração pública em todas suas esferas.

Palavras chave: Publicidade. Transparência. Acesso a informação.


Responsabilidade Fiscal. Cidadania.

1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988, entre outras formas de citação, a nossa


“Constituição Cidadã” estabeleceu princípios da Administração Pública, na
forma do seu art. 37:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:
(...)

1
Artigo Científico apresentado no Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade da Região Sisaleira –
FARESI como requisito parcial para avaliação do componente curricular Direito Administrativo I sob a
orientação da Profª. Cristina Oliveira Passos.
2
Graduando do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade da Região Sisaleira - FARESI
Mazza (2021) faz clara distinção entre princípio e regra, afirma que os
princípios estabelecidos pelo art. 37 da CF são expressos ou explícitos ao
comparar com uma regra especifica, como a estabelecida pelo art. 40, § 1º da
CF, segundo o qual os servidores são aposentados compulsoriamente aos 75
(setenta e cinco) anos de idade. Para o autor, os princípios disciplinam uma
quantidade maior de caso, do que as regras; possuem um conteúdo mais geral;
sintetizam valores fundamentais, enquanto as regras disciplinam certas
condutas; são superiores às regras; enquanto os princípios são valorativos sem
estabelecer uma ordem especifica, toda regra vai permitir, proibir ou obrigar
determinada conduta humana.
O princípio da publicidade, previsto no artigo 37 da Constituição Federal,
segundo Di Pietro (2020), exige que todos os atos praticados pela
Administração Pública sejam divulgados de forma ampla, com exceção dos
casos de sigilo previstos em lei. Diz que no art. 5º da CF existem outros
preceitos constitucionais que confirmam ou restringem este princípio. E, cita o
inciso LX, o qual estabelece que a publicidade dos atos processuais só pode
ser restringida pela lei quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem. Como a Administração Pública tutela interesses públicos, o sigilo de
seus atos processuais só é justificado quando o próprio interesse público assim
o exigir, como no caso de segurança pública, ou quando a divulgação do
assunto possa ofender a intimidade de determinada pessoa, sem qualquer
benefício para o interesse público. Como visto o princípio da publicidade não é
absoluto e admites exceções.
A publicidade é um princípio fundamental da administração pública, pois
garante a transparência, a eficiência, a moralidade e o controle social dos atos
praticados pelos agentes públicos. A publicidade permite que os cidadãos
tenham acesso às informações sobre a gestão pública, para que possam
fiscalizar e participar das decisões. Isso contribui para o fortalecimento da
democracia e a participação popular nas políticas públicas.
Além da Constituição Federal, existem leis infraconstitucionais que
tratam do princípio da publicidade na administração pública. Essas leis
estabelecem regras específicas para a divulgação de informações e atos
administrativos, com o objetivo de garantir a transparência e o controle social
da gestão pública.

Entre outras, as leis infraconstitucionais que tratam do princípio da


publicidade na administração pública são:
- Lei nº 8.666/1993: estabelece normas para licitações e contratos da
administração pública e determina a publicação dos editais, dos resultados e
dos contratos celebrados;
- Lei nº 9.784/1999: regula o processo administrativo no âmbito da
administração pública federal e dispõe sobre a motivação, a divulgação e a
comunicação dos atos administrativos;
- Lei nº 12.527/2011: regula o acesso à informação previsto no artigo 5º,
XXXIII, da Constituição Federal e cria mecanismos para garantir o direito de
acesso dos cidadãos às informações públicas;
- Lei nº 13.460/2017: dispõe sobre a participação, a proteção e a defesa
dos direitos do usuário dos serviços públicos da administração pública e prevê
a publicidade e a transparência na prestação dos serviços públicos.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 O Princípio da Publicidade na Lei nº 8.666/1993

Para Di Pietro (2020), o princípio da publicidade é um dos princípios


basilares da licitação pública, previsto no artigo 3º da Lei nº 8.666/1993. Este
princípio consiste na divulgação de todos os atos do processo licitatório, desde
o seu início até o seu encerramento, para que todos os interessados possam
participar e fiscalizar sua legalidade. A autora afirma que a publicidade deve
ser ampla, irrestrita, de forma a garantir o acesso de todos os interessados às
informações sobre a licitação. Podendo o grau de publicidade variar de acordo
com a modalidade de licitação. Na concorrência, a modalidade mais ampla, a
publicidade deve ser máxima, para que o maior número possível de licitantes
possa participar. Já na modalidade convite, que é mais restrita, a publicidade
pode ser menor, pois o valor do contrato é menor em relação à concorrência e,
portanto, há menos risco de irregularidades.
2.2 O Princípio da Publicidade na Lei nº 9.784/1999

Com relação ao princípio da publicidade na Lei nº 9.784/1999, Di Piedro


(2020) diz que:
Por ser pública a atividade da Administração, os
processos que ela desenvolve devem estar abertos ao
acesso dos interessados. Esse direito de acesso ao
processo administrativo é mais amplo do que o de
acesso ao processo judicial; neste, em regra, apenas as
partes e seus defensores podem exercer o direito;
naquele, qualquer pessoa é titular desse direito, desde
que tenha algum interesse atingido por ato constante do
processo ou que atue na defesa do interesse coletivo ou
geral, no exercício do direito à informação assegurado
pelo artigo 5º, inciso XXXIII, da Constituição.

Afirma a autora, que o direito de acesso não pode ser exercido de forma
abusiva, sob pena de criar tumulto na execução dos serviços públicos. E, alerta
para a diferença entre o direito de acesso e o direito de “vista”. Este somente é
assegurado às pessoas diretamente atingidas pelo ato para assegurar o direito
de defesa, enquanto aquele decorre do interesse individual ou coletivo.
Di Piedro (2020) diz ainda que:
A Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo,
estabelece, no parágrafo único do artigo 2º, a exigência
de “divulgação oficial dos atos administrativos,
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na
Constituição” (inciso V) e a “garantia dos direitos à
comunicação, à apresentação de alegações finais, à
produção de provas e à interposição de recursos, nos
processos de que possam resultar sanções e nas
situações de litígio” (inciso X). Além disso, o artigo 3º,
inciso II, inclui entre os direitos do administrado o de “ter
ciência da tramitação dos processos administrativos em
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos,
obter cópias de documentos neles contidos e conhecer
as decisões proferidas”.

Assim como Di Piedro (2020), Mazza (2021) vincula o inciso V, do


parágrafo único, do art. 2º da Lei nº 9.784/1999: “V - divulgação oficial dos atos
administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;”
ao princípio da publicidade.

2.3 O Princípio da Publicidade na Lei nº 12.527/2011

Segundo Di Pietro (2020), a LAI - Lei de Acesso a Informações - Lei nº


12.517/2011, no seu art. 8º, impõe aos órgãos e entidades públicas o dever de
promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil
acesso, isto é, de maneira proativa, no âmbito de suas competências, de
informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.
Já o § 1º estabelece que, na divulgação das informações deverão constar, no
mínimo, entre outras, as “informações concernentes a procedimentos
licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os
contratos celebrados”, cujas informações são importantes para garantir a
transparência e o controle social.
Para Mazza (2021) a LAI é uma lei nacional que deve ser aplicada por
todos os entes da federação, cujo objetivo principal é estabelecer requisitos
mínimos para a divulgação das informações públicas. O autor destaca as
diretrizes da Lei contida no seu art. 3º:
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se
a assegurar o direito fundamental de acesso à
informação e devem ser executados em conformidade
com os princípios básicos da administração pública e
com as seguintes diretrizes:
I - observância da publicidade como preceito geral e do
sigilo como exceção;
II - divulgação de informações de interesse público,
independentemente de solicitações;
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela
tecnologia da informação;
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de
transparência na administração pública;
V - desenvolvimento do controle social da administração
pública.

2.4 O Princípio da Publicidade na Lei nº 13.460/2017

A Lei n. 13.460/2017 instituiu o Código de Defesa do Usuário de Serviços


Públicos, estabelecendo normas básicas para participação, proteção e defesa
dos direitos do usuário dos serviços públicos prestados direta ou indiretamente
pela administração pública. Para Mazza (2021), quanto ao princípio da
publicidade, desta legislação, merece destaque a publicidade e observância de
horários e normas compatíveis com o bom atendimento ai usuário; obtenção de
informações precisas e de fácil acesso nos locais de prestação do serviço,
assim como sua disponibilização na internet, especialmente sobre: a) horário
de funcionamento das unidades administrativas; b) serviços prestados pelo
órgão ou entidade, sua localização exata e a indicação do setor responsável
pelo atendimento ao público; c) acesso ao agente público ou ao órgão
encarregado de receber manifestações; d) situação da tramitação dos
processos administrativos em que figure como interessado; e e) valor das taxas
e tarifas cobradas pela prestação dos serviços, contendo informações para a
compreensão exata da extensão do serviço prestado.

2.5 O Princípio da Publicidade na Lei Complementar nº 101/2000

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), segundo Di Pietro (2020),


estabelece, no artigo 1º, § 1º, que a responsabilidade na gestão fiscal
pressupõe a ação planejada e transparente. No artigo 48, com a redação dada
pela Lei Complementar nº 131/2009, a LRF estabelece normas sobre a
transparência da gestão fiscal. O parágrafo único desse artigo determina que
os entes públicos devem: Incentivar a participação popular e realizar
audiências públicas durante os processos de elaboração e discussão dos
planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; Liberar ao pleno
conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, informações
pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios
eletrônicos de acesso público; Adotar um sistema integrado de administração
financeira e controle, que atenda a um padrão mínimo de qualidade
estabelecido pelo Poder Executivo da União. A autora diz ainda que, além
disso, a Lei Complementar nº 131/2009 inseriu os seguintes dispositivos: A
exigência de disponibilização de informações pertinentes à despesa e à receita
a qualquer pessoa física ou jurídica (art. 48-A); A legitimidade de qualquer
cidadão, partido político, associação ou sindicato para denunciar
irregularidades ao Tribunal de Contas e ao órgão do Ministério Público sobre o
descumprimento das normas da LRF (art. 73-A); A observância de prazos
fixados na lei para cumprimento das medidas previstas nos artigos 48 e 48-A,
sob pena de sujeição à sanção prevista no artigo 23, § 3º, I, ou seja, proibição
de recebimento de transferências voluntárias (arts. 73-B e 73-C). Por fim, ela
afirma que a disponibilização de informações em tempo real permite que a
sociedade acompanhe a execução orçamentária e financeira e identifique
eventuais irregularidades.
As disposições da LRF estão vinculadas para todas as esferas de
governo União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para todos os poderes,
tribunais de contas e ministério público. Além das administrações diretas,
fundos, autarquias e fundações, bem como empresas estatais dependentes.
A LRF ampliou o leque de demonstrativos e anexos que integram as
diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais, dando mais clareza ao
planejamento governamental, facilitando o controle externo pelas Cortes de
Contas e o controle sociedade, com a ampliação dos dados que devem ser
publicados pra conhecimento de todos, além de determinar a disponibilidade
das contas públicas para o controle social e a fiscalização da gestão fiscal.
Segundo Ostroski (2010) a Lei de Responsabilidade Fiscal:
pode ser entendida como uma introdução à modernidade
da gestão da coisa pública, através da inserção de um
código de conduta, que faz com que passemos a
obedecer a um conjunto maior de normas e limites para
administrar as finanças, prestando contas de quanto e
como são gastos os recursos da sociedade. A
responsabilidade na gestão fiscal pressupõe ação
planejada e transparente, em que se previnem riscos e
se corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das
contas públicas. Isso ocorre mediante o cumprimento de
metas de resultados entre receitas e despesas e a
obediência a limites.

2.6 O Princípio da Publicidade Orçamentária

De modo específico, a Carta de 1988 determinou a publicação bimestral


do Relatório Resumido da Execução Orçamentária – RREO, conforme art. 165,
§ 3º. Ostroski (2010) cita a importância desta transparência para o legislativo e
para os cidadãos, na fase de elaboração, discussão, bem como para o seu
controle:
O orçamento, como instrumento do planejamento que qualifica e
quantifica as ações futuras, deve ser de conhecimento do legislativo,
mas também das demais pessoas, tanto quanto do Projeto de Lei
(quando da preparação) como em sua discussão legislativa e durante
sua execução para o exercício do controle.

A publicidade orçamentária traz como conseqüência a transparência


orçamentária é um princípio decorrente § 6º do art. 165 da CF que permite ao
cidadão no exercício do controle social e às Cortes de Contas, mediante
controle externo, acesso aos demonstrativos indicados pelo dispositivo
constitucional. Como confirma Harada (2016):
Na forma do § 6o do art. 165 da CF, o projeto de lei orçamentária
será acompanhado de demonstrativos regionalizados do efeito, sobre
as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões,
subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

2.7 O Princípio da Publicidade na Lei nº 13.303/2016

A Lei nº 13.303/2016, que instituiu o estatuto jurídico das empresas


estatais, reforçou a importância da publicidade e da transparência nos atos
praticados por essas empresas. O seu art. 48 determina que as empresas
estatais devem divulgar, com periodicidade mínima semestral, em seu site
oficial, a relação das aquisições de bens efetivadas. Essa divulgação deve ser
feita de forma aberta e acessível a todos.
Por sua vez, o art. 8º da lei, estabelece requisitos mínimos de
transparência para as empresas estatais. Entre esses requisitos, estão a
elaboração de uma carta anual com explicação dos compromissos assumidos
para atender às finalidades para as quais foram criadas, a publicação de
demonstrações financeiras e a divulgação de uma carta anual de governança
corporativa. Esses documentos também devem ser publicados no site oficial da
empresa, de forma permanente e cumulativa.

2.8 A Publicidade no Município de Conceição do Coité - Bahia

O Município de Conceição do Coité – Bahia abandonou o tradicional


“Mural na Sede da Prefeitura” pelo qual tornava públicos seus atos
administrativos quando adotou o Diário Oficial do Município de Conceição do
Coité, criado pela Lei Municipal n. 458/2007. Assim, seguiu a iniciativa da
Câmara Municipal, a qual criou seu próprio Diário do Legislativo, pelo Decreto
Legislativo n. 68/2007, com o objetivo de atender o principio da publicidade
com diz seu art. 1º:
Art. 1º É criado o Diário Oficial do Poder Legislativo do
Município de Conceição do Coité – Diário do Legislativo,
órgão de imprensa oficial municipal, com o objetivo de
atender o principio constitucional da publicidade e a
publicação dos atos oficiais do Poder Legislativo que
dela dependam para que tenham vigência e eficácia.

Art. 2º O Diário do Legislativo será publicado em sitio


eletrônico na rede mundial de computadores mediante
domínio de amplo conhecimento público e impresso em
papel.

§ 1º A versão eletrônica será disponibilizada ao público


gratuitamente.

Além do diário oficial o Poder Executivo e Legislativo do Município de


Conceição do Coité adotaram Sítios Oficial na Rede Mundial de Computadores
pelos quais disponibilizam ao controle social as mais diversas informações,
dados e relatórios exigidos pela legislação vigente na observância do princípio
da publicidade, cujos portais estão respectivamente nos seguintes endereços
eletrônicos na internet: http://www.conceicaodocoite.ba.gov.br e
http://www.conceicaodocoite.ba.leg.br

2.9 As exceções ao Princípio da Publicidade

Entre outras exceções ao principio da publicidade, podemos citar o rol


detalhado estabelecido pelo art. 23 da Lei nº 12.527/2011, por serem
considerados imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado, como
estabelecido no art. 5º, XXXII, da CF:
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança
da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de
classificação as informações cuja divulgação ou acesso
irrestrito possam:
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a
integridade do território nacional;
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de
negociações ou as relações internacionais do País, ou as
que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por
outros Estados e organismos internacionais;
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da
população;
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira,
econômica ou monetária do País;
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações
estratégicos das Forças Armadas;
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a
sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse
estratégico nacional;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares;
ou
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como
de investigação ou fiscalização em andamento,
relacionadas com a prevenção ou repressão de
infrações.
2.10 A Improbidade Administrativa pela falta de Publicidade

Os administradores públicos têm o dever de agir com honestidade e boa


fé no exercício de suas funções. A transparência é um dos pilares da
administração pública, pois permite que a sociedade acompanhe as ações do
governo e exerça o controle social.
Nesse sentido, a Lei 8.429/92, que define os atos de improbidade
administrativa, estabelece que é considerado ato de improbidade administrativa
"negar publicidade aos atos oficiais", como estabelecido no art. 11, inciso IV:

V - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão


de sua imprescindibilidade para a segurança da
sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituídas
em lei;

3 Considerações Finais

O Princípio da Publicidade garante que os atos e ações do poder público


sejam públicos, ressalvadas as exceções previstas em lei. A publicidade é um
meio de garantir a transparência e o controle social sobre a administração
pública.
A disponibilização de informações a qualquer pessoa física ou jurídica
visa garantir que todos tenham acesso às informações sobre a Administração
Púbica, de modo especial às finanças públicas.
A Lei de responsabilidade fiscal, por seu lado, moderniza a gestão
pública, abre as portas para a sociedade poder participar e exercer o controle
social sobre a administração pública em todas suas esferas, cuja participação
social foi potencialmente ampliada no âmbito municipal com a exigência legal
de publicidade das informações e relatórios da gestão fiscal.
Na nossa primeira Constituição, a de 1824, o único registro quanto a
publicidade foi encontrado no art. 70:
Art. 70. Assignada a Lei pelo Imperador, referendada
pelo Secretario de Estado competente, e sellada com o
Sello do Imperio, se guardará o original no Archivo
Publico, e se remetterão os Exemplares della impressos
a todas as Camaras do Imperio, Tribunaes, e mais
Logares, aonde convenha fazer-se publica.
Se levarmos em conta o registro histórico da publicidade no Brasil
Império, podemos afirmar que houve uma evolução na aplicação do princípio
da publicidade após a Carta de 88. A legislação infraconstitucional ampliou
bastante a aplicação do princípio da publicidade, de modo especial com a Lei
de Responsabilidade Fiscal e Lei de Acesso à Informação.
E, por força do arcabouço legislativo decorrente do princípio da
publicidade, a Administração Pública direta e indireta, em todas as esferas de
governo, se tornou mais transparente e deste modo facilita o controle social
sobre a execução dos programas governamentais e das políticas públicas,
possibilitando, por conseqüência, potencializar o exercício da cidadania e
estado democrático de direito.

Referencial Teórico

BRASIL. Constituição (1824). Constituição Política do Império do Brasil: de 25


de março de 1824.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil:


promulgada em 05 de outubro de 1988.

BRASIL. Lei 8.429, de 2 de junho de 1992, Dispõe sobre as sanções


aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade administrativa, de que
trata o § 4º do art. 37 da Constituição Federal; e dá outras providências.

BRASIL. Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, Regulamenta o art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências.

BRASIL. Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999, Regula o processo administrativo


no âmbito da Administração Pública Federal.

BRASIL. Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011, Regula o acesso a


informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e
no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e
dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências.

BRASIL. Lei 13.460, de 25 de junho de 2017, Dispõe sobre participação,


proteção e defesa dos direitos do usuário dos serviços públicos da
administração pública.
BRASIL. Lei Complementar n° 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas
de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá
outras providências.

CONCEIÇÃO DO COITÉ. Lei n. 458/2007. Disponível em


https://sapl.conceicaodocoite.ba.leg.br/norma/244, acessado em 20 de
setembro de 2023.
CONCEIÇÃO DO COITÉ. Decreto Legislativo n. 68/2007. Disponível em
https://sapl.conceicaodocoite.ba.leg.br/norma/245, acessado em 20 de
setembro de 2023.
HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 25. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Atlas, 2016.

MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. 11. ed. São Paulo:


Saraiva Educação, 2021.

OSTROSKI, Sinésio Stéfano Dubiela. Orçamento público. 2ª ed. Florianópolis:


Publicações do IF-SC, 2010.
FERREIRA, Anna Luiza Aghina. O princípio da publicidade na Administração
Pública e seus efeitos práticos: Alterações trazidas pela Lei 12.527/2011.
Disponível em https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/21169/21169.PDF

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