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À ATIVIDADE EMPRESARIAL
NA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL
CONFORME A
CONSTITUIÇÃO DE 1988
PRINCÍPIO JURÍDICO:
O QUE É?
A palavra “princípio” pode ter muitos usos (significados).
Tem uma função evocativa dos valores fundantes de um
ordenamento jurídico,
também alude ao início de algo, às noções básicas de uma
ciência (princípios de ética ou de matemática), às
características essenciais de um ordenamento que
representa seu “espírito”.
Na jurisprudência o princípio é concebido como um a regra
geral e abstrata que se obtém indutivamente, extraindo o
essencial de normas particulares, ou como uma regra geral
preexistente.
Para alguns são normas jurídicas, para outros regras de
pensamento, para alguns são anteriores ao ordenamento,
enquanto para outros são anteriores ou superiores ao
sistema legal. (LORENZETTI, 1998, p. 312).
PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA
A dignidade da pessoa humana é adotada pelo
texto constitucional concomitantemente como
fundamento da República Federativa do Brasil
(art. 1º, III) e com o fim da ordem econômica
(mundo do ser) (art. 170, caput – “a ordem
Econômica .. . tem por fim assegurar a todos
existência digna”).
Embora assuma concreção como direito individual,
a dignidade da pessoa humana, enquanto
princípio, constitui, ao lado do direito à vida, o
núcleo essencial dos direitos humanos. (EROS
GRAU, A ordem econômica na Constituição de
1988. 2008, p. 1 96).
PRINCÍPIO DA LIVRE INICIATIVA
A liberdade de iniciativa envolve a liberdade de
indústria e comércio ou liberdade de empresa e
a liberdade de contrato.
Consta do art. 170, como um dos esteios da ordem
econômica, assim como de seu parágrafo único,
que assegura a todos o livre exercício de
qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos
públicos, salvo casos previstos em lei. (SILVA, José
Afonso. 2007, p.793)
LIMITES DA LIVRE INICIATIVA
Assim, a liberdade de iniciativa econômica privada,
num contexto de uma Constituição preocupada
com a realização da justiça social (o fim condiciona
os meios), não pode significar mais do que
liberdade de desenvolvimento da empresa no
quadro estabelecido pelo poder público, e,
portanto, possibilidade de gozar das facilidades e
necessidade de submeter-se às limitações postas
pelo mesmo. É legítima, enquanto exercida no
interesse da justiça social. Será ilegítima, quando
exercida com objetivo de puro lucro e realização
pessoal do empresário. (SILVA, José Afonso. Curso
de Direito Constitucional Positivo. 2007, p. 794).
PRINCÍPIO DA VALORIZAÇÃO DO
TRABALHO HUMANO
A Constituição declara que a ordem econômica é fundada na
valorização do trabalho humano e na iniciativa privada.
Que significa isso? Em primeiro lugar quer dizer
precisamente que a Constituição consagra uma economia
de mercado, de natureza capitalista, pois a iniciativa
privada é um princípio básico da ordem capitalista. Em
segundo lugar significa que, embora capitalista, a ordem
econômica dá prioridade aos valores do trabalho humano
sobre todos os demais valores da economia de mercado.
Conquanto se trate duma declaração de princípio, essa
prioridade tem o sentido de orientar a intervenção do
Estado na economia a afim de fazer valer os valores sociais
do trabalho que, ao lado da iniciativa privada, constituem
o fundamento não só da ordem econômica, mas da
própria República Federativa do Brasil (art.1º,IV). (SILVA,
José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo,
2007, p.7 88).
O TRABALHO É FONTE DE PRAZER OU DE
PARA OBTER RECURSOS MATERIAIS?
O trabalho existe antes da empresa, e esta foi criada para
racionalizar a forma com que ele era até então realizado,
de maneira que ele tivesse o melhor resultado possível,
mediante o emprego da menor força física e do menor
consumo de matérias-primas, com menor custo final.
Isso mostra, pois, que a empresa é uma instituição
nitidamente humana, profundamente humana, porque é
profundamente humano procurar a otimização.
Contudo, esse processo de otimização deve privilegiar o
desenvolvimento pessoal do homem, para que o trabalho
seja realizado com prazer, e não como fonte geradora de
recursos materiais para a satisfação das necessidades
pessoais do empregado e de sua família. (p.190). Luiz
Antônio Ramalho Zanoti. Empresa na ordem econômica: princípios e função social.
Curitiba: Juruá, 2009.
A ORDEM CONSTITUCIONAL E A VALORIZAÇÃO DO TRABALHO
O texto do art. 170 CF não afirma que a ordem econômica
está fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa e tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, senão que ela deve
estar – vale dizer, tem de necessariamente estar – fundada
na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, e
deve ter – vale dizer, tem de necessariamente ter – por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social. A perfeita compreensão dessa obviedade
é essencial, na medida em que informará a plena
compreensão de que qualquer prática econômica (mundo
do ser) incompatível com a valorização do trabalho
humano e com a livre iniciativa, ou que conflite com a
existência digna de todos, conforme os ditames da justiça
social, será adversa à ordem constitucional. Será, pois,
institucionalmente inconstitucional. (p. 195-196) GRAU, Eros
Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988. 13ª edição, revista e atualizada.
São Paulo: Malheiros Editores, 2008.
PRINCÍPIO DA SOBERANIA NACIONAL
ARTs. 1º, I e 170 CF
A Constituição criou as condições jurídicas fundamentais para
a adoção do desenvolvimento autocentrado, nacional e
popular, que, não sendo sinônimo de isolamento ou
autarquização econômica, possibilita marchar para um
sistema econômico desenvolvido, em que a burguesia local e
seu Estado tenham o domínio da reprodução da força de
trabalho, da centralização do excedente da produção, do
mercado e a capacidade de competir no mercado mundial,
dos recursos naturais e, enfim, da tecnologia. É claro que essa
formação capitalista da Constituição de 1988 tem que levar
em conta a construção do Estado Democrático de Direito, em
que, como vimos, se envolvem direitos fundamentais do
homem que não aceitam a permanência de profundas
desigualdades, antes, pelo contrário, reclamam uma situação
de convivência em que a dignidade da pessoa humana seja o
centro das considerações da vida social. (p. 793). SILVA. José Afonso da.
Curso de Direito Constitucional Positivo. 28ª edição, revista e atualizada até a Emenda Constitucional n. 53, de
19/12/2006. São Paulo: Malheiros, 2007.
SOBERANIA – EXISTÊNCIA DIGNA - MERCADO