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De acordo com o inciso I do art. 4º do CDC, o consumidor é vulnerável.

Isso significa “que o consumidor é a parte


fraca da relação jurídica de consumo”. Segundo Claudia Lima Marques, vulnerabilidade significa “uma situação
permanente ou provisória, individual ou coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos, desequilibrando a
relação de consumo. Vulnerabilidade é uma característica, um estado do sujeito mais fraco, um sinal de necessidade
de proteção”.

Todo consumidor é vulnerável, mas nem sempre hipossuficiente.

Hipossuficiente é aquele que, no caso concreto, comprova estar em situação desprivilegiada, carecendo de
benefícios, tendo então o amparo da lei que concede os benefícios – como a justiça gratuita e a inversão do ônus da
prova. É a lei que define quem é hipossuficiente, e é no caso concreto que se verifica se a hipossuficiência existe.

Conforme ensina Felipe Peixoto Braga Netto, “a hipossuficiência diz respeito (...) ao direito processual, ao passo que
a vulnerabilidade diz respeito ao direito material”.

Tanto vulnerabilidade quanto hipossuficiência são atributos fáticos dos quais algumas pessoas são dotadas. A grande
consequência da vulnerabilidade, na seara consumerista, é a qualificação da pessoa como consumidora, na forma do
art. 2º do CDC, e a aplicabilidade do CDC. Já da hipossuficiência, no Direito do Consumidor, decorre a inversão do
ônus da prova em favor do consumidor – incontestável o caráter processual desta consequência, afinal, ônus da
prova é tema de Direito Processual.

Desta forma, o que difere a hipossuficiência da vulnerabilidade é que, enquanto aquela só tem consequências
processuais, esta atrai dispositivos protetivos, em especial a aplicabilidade de normas protetivas (como também é o
caso do Estatuto da Criança e do Adolescente ou do Estatuto do Idoso, cada um com as suas peculiaridades).

Portanto, Hipossuficiência é uma característica fática que traz consequências de cunho processual, notadamente a
inversão do ônus da prova em favor do consumidor. Já a vulnerabilidade, no Direito do Consumidor, é noção central,
consistindo em uma característica que implica na aplicabilidade (ou não) do CDC.

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