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Breve Histórico
No dia 20/12/2018, foi promulgada a Lei 13.777 que veio regulamentar a
multipropriedade imobiliária introduzindo os artigos 1.358 B a 1.358 U no Código
Civil, e os artigos 176 e 178 da Lei 6.015/73 Lei de Registros Públicos.
No entanto, esse sistema de uso de bens surgiu na França no ano de 1967,
avançando por toda a Europa e Estados Unidos, por intermédio dos
empreendedores.
Importante ressaltar, que tanto na Europa como nos Estados Unidos, o instituto
alcançou também os bens móveis mais especificamente aviões, helicópteros e
barcos.
Desta forma, com a divisão da utilização do bem imóvel por temporada, diversos
proprietários vão fazendo uso de maneira alternada, cada qual no seu turno.
Sendo assim, o sistema de multipropriedade imobiliária, abriu oportunidade as
pessoas que pretendiam adquirir uma casa de veraneio apenas em período de férias
a preços mais acessíveis, diminuindo consideravelmente as despesas e demais
infortúnios com a conservação de um imóvel adquirido de forma convencional.
Conceito
A lei 13.777, de 20 de dezembro de 2018, veio regular a multipropriedade,
introduzindo os arts. 1.358-B a 1.358-U no Código Civil.
O art. 1.358-C assim define o instituto:
"Multipropriedade é o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de
um mesmo imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade
de uso e gozo, com exclusividade, da propriedade imóvel, a ser exercida pelos
proprietários de forma alternada".
Assim, em termos práticos, a multipropriedade nada mais é do que uma forma
diferente de se aproveitar determinada coisa móvel ou imóvel. Essa forma considera
que os sujeitos acordem entre si frações ou unidades fixas de tempo. A lógica
jurídica por trás do instituto é de que, durante esse período temporal que o
multiproprietário possui, ele poderia gozar de forma exclusiva de sua propriedade e
do mobiliário que ela possui.
Instituição da Multipropriedade
A multipropriedade pode ser instituída de duas maneiras, ambas trazidos pelo
Código Civil em seu art. 1.358-F: por ato entre vivos ou fruto de testamento.
Independentemente de como tenha sido, este ato necessariamente será registrado
no cartório de Registro de Imóveis competente, e nele deverá conter algumas das
características essenciais para a existência e funcionamento da multipropriedade,
como a pormenorização de cada fração de tempo, com suas respectivas durações.
O art. 1.358-G aponta quais as cláusulas que devem constar da convenção da
multipropriedade, obrigatoriamente, além de outras que aos interessados forem
convenientes. Dentre essas, destacamos a necessidade de especificar direitos sobre
as instalações, equipamentos e mobiliário, bem como forma de pagamento de
conservação e limpeza (inciso I). O inciso II desse artigo é fundamental: a
convenção deve estipular "o número máximo de pessoas que podem ocupar
simultaneamente o imóvel no período a cada fração de tempo".
Caberá ao administrador fiscalizar essa ocupação, sob pena de sua desobediência
desvirtuar a finalidade do empreendimento e tumultuar a vida condominial. As
unidades devem ser predeterminadas para utilização, por exemplo, de duas, quatro
ou seis pessoas. A desobediência do titular o sujeitará a multa e outras punições do
regulamento e da convenção.
O art. 1.358-H dispõe que o instrumento de instituição ou convenção de condomínio
poderá estabelecer o limite máximo de frações de tempo no mesmo imóvel, que
poderão ser detidas pela mesma pessoa natural ou jurídica. A matéria é de
conveniência e oportunidade do instituidor, pois se levará em conta a finalidade do
empreendimento. Unidades concentradas em poucas pessoas tendem a absorver as
decisões, prejudicando minoritários.
Administração
A multipropriedade, como já se viu, não é tão simples como muitos pensam ser.
Uma figura apta a administrar é necessária, principalmente para mediar tantos
interesses, muitas vezes exercidos por diversas pessoas. Assim, o instrumento de
instituição ou a convenção do condomínio em multipropriedade (ou, na falta disto,
assembleia geral dos condôminos) deve indicar um administrador. Não há, contudo,
vedação para que o condomínio em multipropriedade adote, em conjunto com o
administrador, um síndico, desde que suas funções sejam repartidas.
O art. 1.358-M do Código Civil trata das principais funções do administrador, que
giram em torno da gestão e coordenação das unidades periódicas, de seus usuários
e de seus mobiliários, como a coordenação da utilização do imóvel pelos
multiproprietários durante o período correspondente a suas respectivas frações de
tempo; determinação, no caso dos sistemas flutuante ou misto, dos períodos
concretos de uso e gozo exclusivos de cada multiproprietário em cada ano; troca ou
substituição de instalações, equipamentos ou mobiliário; cobrança das quotas de
custeio de responsabilidade dos multiproprietários; pagamento, por conta do
condomínio edilício ou voluntário, com os fundos comuns arrecadados, de todas as
despesas comuns.
Caso o condomínio em multipropriedade tenha existência no âmbito de condomínio
edilício, o art. 1.358-R do CC faz exigência expressa de que haja, necessariamente,
um administrador profissional, que cuidará de todas as disposições internas e
administrativas referentes às unidades em multipropriedade, tendo o poder,
inclusive, de fazer pequenas alterações regimentais.