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DIREITO IMOBILIÁRIO

MÓDULO: Teoria Geral da Posse e Atividade Notarial


e Registral
TEMA: DIREITO IMOBILIÁRIO DE A-Z

1. BREVE INTRODUÇÃO

O Direito Imobiliário é um ramo do Direito brasileiro muito amplo, guardando,


assim, relação direta ou indireta com diversos outros Direitos previstos em nosso
ordenamento jurídico. Desta forma, seguindo a ordem de cada letra do nosso
alfabeto, procuraremos, a seguir, analisar determinados institutos, fatos e fenômenos
que estão relacionados a esse importante ramo do nosso Direito pátrio.

2. ANTICRESE

A anticrese é uma forma de garantia imobiliária contratual nos negócios


jurídicos. Assim como o penhor e a hipoteca, é compreendida como um direito real de
garantia.
Nessa garantia, o credor retém o imóvel do devedor e tem o direito de
explorá-lo até que seu crédito esteja totalmente pago, conforme se verifica do artigo
1.506 do Código Civil, o qual dispõe que pode o devedor ou outrem por ele, com a
entrega do imóvel ao credor, ceder-lhe o direito de perceber, em compensação da
dívida, os frutos e rendimentos.
Trata-se de um dos direitos reais de garantia, previsto no inciso X do artigo
1.225 do referido Código Civil.
No ensinamento de Carlos Roberto Gonçalves, a anticrese é direito real sobre
coisa alheia, em que o credor recebe a posse de coisa frutífera, ficando autorizado a
perceber-lhe os frutos e imputá-los no pagamento da dívida. (GONÇALVES, 2019, p.
627)1
Muito embora seja conhecida há séculos, a anticrese é pouco utilizada, por
apresentar o inconveniente de retirar do devedor a posse e gozo do imóvel,
transferindo-os para o credor, ficando esse último responsável pela colheita dos frutos

1 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Coisas - Coleção Direito Civil


Brasileiro Volume 5 – 17. Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Cit. p. 627.

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por sua conta, além de ser o responsável pela administração. Ademais, o credor
também está obrigado a realizar a apresentação anual de balanço exato e fiel de sua
administração, podendo ser impugnado pelo devedor.
Desta forma, o contrato de anticrese não é tão comum de ser celebrado na
prática jurídica, considerando que a garantia real imobiliária é deslocada para a posse
do credor, ao contrário da hipoteca, onde a garantia real imobiliária é deslocada para
a posse do devedor.

3. BENFEITORIAS

Benfeitorias são obras realizadas pelo homem na estrutura de um bem, com o


propósito de conservá-lo, melhorá-lo ou proporcionar prazer ao seu proprietário.
Alguns doutrinadores entendem que as benfeitorias de um imóvel integram o projeto
primitivo de um imóvel, sendo que outros entendem que ela só é integrada quando o
imóvel já atingiu a fase final do seu projeto.
Assim, as benfeitorias podem ser: necessárias, úteis ou voluptuárias. E cada
uma delas produz um efeito jurídico.
A definição legal das espécies de benfeitoria está disposta no Artigo 96 do
Código Civil, senão vejamos:

Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.


§ 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não
aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável
ou sejam de elevado valor.
§ 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar
que se deteriore.

Portanto, conclui-se que as benfeitorias necessárias são aquelas feitas para


conservar o imóvel ou para evitar que ele se deteriore. Como exemplo temos a
substituição do sistema elétrico, reparos no telhado.
As benfeitorias úteis são obras realizadas no imóvel que aumentam ou
facilitam o seu uso. Por exemplo, colocar grades nas janelas, construir um quarto ou
um banheiro a mais, aumentar a garagem.
As benfeitorias voluptuárias são as que tornam o imóvel mais agradável e
bonito, mas não facilitam o uso ou conservam o imóvel (exemplo: decoração,
jardinagem, etc).

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Do ponto de vista prático do mercado imobiliário, as benfeitorias são
consideradas, em princípio, como despesas, porém, dependendo da benfeitoria
realizada, ela também poderá ser considerada um investimento.

4. CONDOMÍNIO

No Direito Imobiliário atual, a expressão condomínio tornou-se gênero, visto


que existem diversas espécies de condomínio como, por exemplo, condomínio geral,
condomínio edilício, condomínio em multipropriedade, condomínio urbano simples,
entre outros.
Nos dizeres de Carlos Roberto Gonçalves:

Em regra, a propriedade de qualquer coisa pertence a uma só pessoa.


Pode-se dizer que a noção tradicional de propriedade está ligada à
ideia de assenhoreamento de um bem, com exclusão de qualquer
outro sujeito. Mas há casos em que uma coisa pertence a duas ou
mais pessoas simultaneamente. Esta situação é designada por
indivisão, compropriedade, comunhão ou condomínio. (GONÇALVES,
2019, p. 355)2

Vale destacar também que cada um dos condôminos terá assegurado uma
quota ou fração ideal da coisa.

5. DETENÇÃO

Como nos ensina Carlos Roberto Gonçalves sobre detenção:

Há, efetivamente, situações em que uma pessoa não é considerada


possuidora, mesmo exercendo poderes de fato sobre uma coisa. Isso
acontece quando a lei desqualifica a relação para mera detenção,
como o faz no art. 1.198, considerando detentor aquele que se acha
“em relação de dependência para com outro” e conserva a posse “em
nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”.
(GONÇALVES, 2019, p. 60)3

Portanto, pode-se dizer que a detenção ocorre quando uma pessoa conserva
a posse em nome de outra pessoa e cumprindo a ordem e instruções desta. O
detentor não possui a posse do bem (exemplo: o caseiro em relação ao imóvel que
trabalha e cuida).

2
Idem. Cit. p. 355.
3
Idem. Cit. p. 60.

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Em outras palavras, a pessoa detém uma relação possessória com o imóvel,
porém, de forma diferenciada, ou seja, não exatamente de posse propriamente dita,
mas sim de fâmulo da posse, pois decorre de ordens e instruções do verdadeiro
possuidor.
Vale destacar que o detentor é parte ilegítima até para ofertar contestação em
uma ação possessória.

6. ENFITEUSE

É um Instituto jurídico do Direito Civil brasileiro. É um Instituto histórico, pois


tem origem no Direito Romano e foi muito utilizado no Brasil, na época do Império.
Atualmente, a enfiteuse encontra-se em transição e extinção, conforme se verifica do
Artigo 2.038 do Código Civil:

Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses,


subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do
Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, e leis
posteriores.

A enfiteuse acontece, conforme nos ensina Carlos Roberto Gonçalves:

Dá-se a enfiteuse, aforamento ou emprazamento “quando por ato


entre vivos, ou de última vontade, o proprietário atribui a outrem o
domínio útil do imóvel, pagando a pessoa, que o adquire, e assim se
constitui enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou foro, anual,
certo e invariável” (CC/1916, art. 678). (GONÇALVES, 2019, p. 632)4

O proprietário do imóvel é chamado de senhorio direto, e o titular do direito


real sobre coisa alheia é o enfiteuta, e pode usar e desfrutar do bem de modo mais
completo.
Assim, a enfiteuse permite que dois proprietários possuam uma relação de
domínio com o imóvel, aquele chamado domínio útil e, por seu turno, o domínio
enfiteutico. Nesse sentido, existe o proprietário enfiteutico e aquele que detém a
posse direta do imóvel é o proprietário útil, de modo que todos os anos o proprietário
útil é obrigado a pagar um foro anual para o proprietário enfiteutico, sendo que todas
as vezes em que o imóvel for negociado (exemplo: doação, compra e venda, permuta,
etc.), ele também deverá pagar uma taxa ao proprietário enfiteutico.

4
Idem. Cit. p. 632.

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Convém observar que o proprietário enfiteutico mais conhecido no Brasil é a
União, a qual possui diversos terrenos da marinha, onde os proprietários úteis
daquela região devem pagar anualmente um foro à União.

7. FRANQUIA IMOBILIÁRIA – LEI Nº 13.966/2019

É uma estratégia de negócio com propósito de um sistema de licença de uma


empresa imobiliária, o franqueador cedendo ao franqueado o direito de uso da sua
marca, infraestrutura, know-how e direito de distribuição exclusiva. E o franqueado
investe e trabalha na franquia imobiliária e paga parte do faturamento ao franqueador.
Na franquia imobiliária, o franqueador vai sublocar o ponto comercial onde se
encontra instalada a franquia.
O tema possui legislação própria, a Lei nº 13.966/2019, que em seu artigo 1º
esclarece qual o seu objeto, a saber:

Art. 1º Esta Lei disciplina o sistema de franquia empresarial, pelo qual


um franqueador autoriza por meio de contrato um franqueado a usar
marcas e outros objetos de propriedade intelectual, sempre
associados ao direito de produção ou distribuição exclusiva ou não
exclusiva de produtos ou serviços e também ao direito de uso de
métodos e sistemas de implantação e administração de negócio ou
sistema operacional desenvolvido ou detido pelo franqueador,
mediante remuneração direta ou indireta, sem caracterizar relação de
consumo ou vínculo empregatício em relação ao franqueado ou a seus
empregados, ainda que durante o período de treinamento.

Portanto, o franqueador autoriza ao franqueado o direito de uso exclusivo da


marca e patente, associado ao direito de distribuição ou produção exclusiva ou não
exclusiva de serviços ou produtos.
Esse instituto é muito utilizado por grandes empresas de “fast food”, as quais
adquirem determinados terrenos, constroem prédios e repassam aos franqueados,
estabelecendo a eles duas relações básicas: a relação de franquia e a relação de
locação.

8. GARANTIAS NO DIREITO LOCATÍCIO – LEI Nº 8.245/91

A Lei nº 8.245/91 (também conhecida como Lei de Locações) tem como


objetivo dispor sobre locações de imóveis urbanos, e dentre as disposições que
regerão a matéria, estão as garantias que o locador poderá exigir do locatário, que
traz no seu artigo 37 as seguintes modalidades:

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a) Caução (que pode ser de bens móveis ou imóveis)
b) Fiança (que pode até mesmo afastar a questão da impenhorabilidade do bem de
família)
c) Seguro fiança (que é um contrato de seguro tendo como objeto da apólice a
garantia da locação imobiliária)
d) Cessão fiduciária de quotas de investimento (quotas de investimento que o
locatário possui com determinada instituição financeira e que servirá como garantia
para a celebração da locação).
É preciso ressaltar que não poderá se exigir mais de uma das modalidades de
garantia, sob pena de nulidade da garantia e também penalidade criminal do inciso II
do artigo 43 da aludida lei, senão vejamos:

Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de


cinco dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do
último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário:
(...)
II - exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais de uma
modalidade de garantia num mesmo contrato de locação

9. HOLDING IMOBILIÁRIA

Consiste em pessoa jurídica de direito privado, com o propósito específico de


ser proprietária de bens imóveis, podendo utilizar esses imóveis para diversas
atividades imobiliárias, como compra e venda de imóveis e locação.
Numa holding imobiliária há, inclusive, uma tributação menos onerosa do que
comparada a uma pessoa física que possui diversos imóveis para locação, por
exemplo.
Também é comumente adotada como forma de celebração de um
planejamento familiar e sucessório, pois nela, os descendentes do falecido não o
sucederão sob as regras do direito de família, mas sim sob as regras próprias do
direito societário. Por exemplo, antes a regra era passar a propriedade para os filhos,
de modo que os pais ficavam como usufrutuários, sendo que a holding imobiliária vem
justamente para preencher essas lacunas deixadas pelo instituto do usufruto.

10. IMISSÃO NA POSSE

É o sétimo interdito proibitório, pelo qual o proprietário que não tem a posse a
reivindica, pela ação reivindicatória, do possuidor que não é proprietário.

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Como bem ensina Carlos Roberto Gonçalves:

O Código de Processo Civil de 1973, bem como o de 2015, não


trataram da ação de imissão na posse. Nem por isso ela deixou de
existir, pois poderá ser ajuizada sempre que houver uma pretensão à
imissão na posse de algum bem. A cada pretensão deve existir uma
ação que a garanta (CC, art. 189). Nas aquisições de bens ocorrem,
com frequência, situações que ensejam a imissão: o vendedor
simplesmente se recusa a entregar o imóvel, ou nele reside um
terceiro, que não aceita a ocupação. Suprimido foi apenas o
procedimento especial previsto no diploma de 1939, mas não o direito
subjetivo. O mesmo se pode dizer em relação ao Código de Processo
Civil de 2015. A ação obedecerá ao procedimento comum, à execução
de acordo com os arts. 806 e s.369. A referida ação não se confunde
com as ações possessórias típicas, embora se revista de caráter
possessório. (GONÇALVES, 2019, p. 162-163)5

A imissão na posse é um ato judicial que possibilita a posse do bem para o


sujeito que tem esse direito, mas que está privado de exercê-lo. Nesse contexto, tal
instituto visa solucionar uma situação na qual um proprietário adquire o imóvel,
porém, sem automaticamente adquirir a posse dele, mas sim e tão somente o domínio
(exemplo: empresa que adquire um determinado imóvel em leilão, porém, sem
automaticamente adquirir a posse dele, mas apenas a aquisição do domínio, de modo
que ele necessitará ingressar em juízo para poder adjudicar tal imóvel e,
consequentemente, obter também a posse dele).

11. JOINT VENTURE IMOBILIÁRIA

Trata-se de um contrato de parceria comercial em que duas entidades se


unem para tirar proveito da atividade imobiliária, por um tempo limitado, sem que cada
uma delas perca a identidade própria.
A joint venture imobiliária é um contrato de parceria comercial muito utilizado
no setor do agronegócio. Por exemplo, uma determinada empresa ingressa com uma
tecnologia no imóvel e o proprietário daquele bem autoriza que a empresa explore tal
imóvel para utilizar essa tecnologia.

5
Idem. Cit. p. 162-163.

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12. KUBITSCHEK

Juscelino Kubitschek foi presidente do Brasil entre os anos de 1956 e 1960,


promovendo desenvolvimento da indústria e transferindo a capital federal para
Brasília.
Governou o Brasil entre 1956 e 1960, e nesse período promoveu grandes
transformações, como a construção de Brasília, a nova capital federal.
Portanto, vale recordarmos desse ex-presidente neste conteúdo por dois
motivos: o primeiro por ele ter sido o responsável pela transferência da capital do país
de uma cidade praiana para uma cidade localizada numa região compreendida como
interior do país, com a finalidade de fomentar ainda mais a defesa da capital,
especialmente do ponto de vista aéreo. O segundo motivo é ter fomentado bastante o
agronegócio no país, sobretudo com essa conduta de transferir a capital para uma
região mais localizada no interior do Brasil, impactando, assim, no avanço do Direito
Imobiliário em nosso país, por via de consequência.

13. LAJE

É o décimo terceiro direito real previsto no Código Civil Brasileiro, no inciso


XIII do artigo 1.225, ao passo que sua definição está prevista no artigo 1.510-A do
Código Civil, senão vejamos:

Art. 1.510-A. O direito real de laje consiste na possibilidade de


coexistência de unidades imobiliárias autônomas de titularidades
distintas situadas em uma mesma área, de maneira a permitir que o
proprietário ceda a superfície de sua construção a fim de que terceiro
edifique unidade distinta daquela originalmente construída sobre o
solo.

O direito real de laje é um instituto sui generis, com efeitos e requisitos


próprios. O titular do direito de laje se torna proprietário da unidade autônoma, da
nova construção e não da propriedade já existente ou do terreno. Estes continuam
sendo de propriedade do proprietário da primeira construção.
Tal direito está sendo implementado não só nos prédios antigos, como
também nos novos. Para os antigos prédios, ela vem no sentido de regularizá-los,
possibilitando, ainda, a abertura de 01 matrícula para cada laje. Por outro lado, para
os novos, ela vem como uma alternativa para quem não deseja construir imóveis com
unidades na forma de um condomínio edilício, podendo, ainda, vender as lajes de
forma separada e com matrícula própria para cada uma delas.

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14. MULTIPROPRIEDADE

Em linhas gerais, é a possibilidade de vários proprietários possuírem,


conjuntamente, um mesmo bem imóvel, utilizando-o total e exclusivamente numa
parcela de tempo determinada.
O Código Civil foi incluído pela Lei nº 13.777/2018, que acrescentou o Artigo
1.358-C:

Art. 1.358-C. Multipropriedade é o regime de condomínio em que cada


um dos proprietários de um mesmo imóvel é titular de uma fração de
tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com
exclusividade, da totalidade do imóvel, a ser exercida pelos
proprietários de forma alternada.

Portanto, na multipropriedade, um único imóvel é dividido entre vários


proprietários e, ao invés de ser dividida em fração ideal, como ocorre nos
condomínios edilícios é dividida em fração de tempo, ou seja, cada proprietário terá
direito a um tempo/período sobre o bem (exemplo: é possível comprar o mês de julho
de uma casa de campo e os outros meses serão dos outros coproprietários).
A multipropriedade é uma interessante alternativa de negócio imobiliário,
principalmente em virtude da fração de tempo, tornando-se, então, uma ótima
oportunidade de investimento.

15. NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA

Trata-se da ação que visa impedir a continuação de obras no terreno vizinho


que esteja causando prejuízos ao possuidor ou o proprietário, ou que estejam em
desacordo com os regulamentos civis e administrativos. Tal ação visa, portanto,
anunciar ao réu, mediante interrupção judicial, que a obra está sendo construída de
forma irregular.
Deixou de ser reproduzido no novo Código de Processo Civil, mas não
significa que uma ação não poderá ser ajuizada, apenas que não será um
procedimento especial, e sim, comum.

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16. ORIENTAÇÃO POSSESSÓRIA

A posse, por ser um Direito Natural, nunca foi desprezada pelo Direito e,
inclusive, ganha muito destaque de forma positivada no Código Civil.

17. PANDEMIA DA COVID 19 NO CONTEXTO IMOBILIÁRIO

A pandemia da Covid-19 trouxe alterações em todas as áreas do Direito,


alterando a visão dos profissionais e a forma da prestação de serviços.
No Direito Imobiliário, muitos locatários, após tentativas de redução amigável
do valor do aluguel, optaram em ingressar com ação judicial de revisão de aluguel
com pedido liminar; do outro lado, locadores buscaram o judiciário para solicitar o
despejo; entre muitas outras situações.
Instado a se manifestar sobre as situações emergenciais, o Supremo Tribunal
Federal – STF, em Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF nº
828 de 2021 em sede de liminar proibiu-se despejos e desocupações durante a
pandemia, sendo estendido pelo Ministro Luís Roberto Barroso os efeitos da referida
decisão até o dia 31 de outubro de 2022.
Vale ressaltar que tal pandemia aumentou consideravelmente o Índice Geral
de Preços de Mercado (IGPM), calculado mensalmente pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV), o que trouxe reflexos diretos no aumento dos preços do mercado
imobiliário.

18. “QUI DOMINUS EST SOLI DOMINUS EST USQUE AD


COELOS ET US AD ÍNFEROS”

Antiga expressão romana que significava que quem era dono do solo era
dono até o céu e até o inferno. Tal expressão foi criada no contexto do Direito
Romano, onde a propriedade como um todo possuía uma compreensão de ser direito
absoluto, ao contrário do nosso ordenamento jurídico atual, que permite sua
relativização em determinados contextos como, por exemplo, com o instituto da
usucapião.

19. REURB – LEI Nº 13.465/17

A Lei n° 13.465/2017 estabelece que a Regularização Fundiária Urbana –


REURB, que é o conjunto de medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais

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destinadas à incorporação dos núcleos urbanos informais ao ordenamento territorial
urbano e à titulação de seus ocupantes.
Nesse contexto, o artigo 1º da lei supracitada assim dispõe:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a regularização fundiária rural e urbana,


sobre a liquidação de créditos concedidos aos assentados da reforma
agrária e sobre a regularização fundiária no âmbito da Amazônia
Legal; institui mecanismos para aprimorar a eficiência dos
procedimentos de alienação de imóveis da União; e dá outras
providências.

A Regularização Fundiária Urbana - REURB tem como fim incorporar os


núcleos urbanos e rurais informais à formalidade. É o conjunto de medidas que visa a
regularização civil do imóvel e a adequação à lei do parcelamento e uso do solo.
Foi, assim, um notório avanço legislativo para fins de regularização de
imóveis que se encontravam em uma situação de absoluta informalidade jurídica.

20. SUPERFÍCIE

É um direito real previsto pelo Artigo 1.225, II do Código Civil Brasileiro, e


encontra sua definição no Artigo 1.369 do mesmo diploma, o qual dispõe que o
proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu
terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada
no Cartório de Registro de Imóveis.
Assim, para que o imóvel possa ter o direito de superfície, é necessário que
haja a construção ou plantação de algo nele por parte do superficiário, de modo que o
proprietário não perderá essa condição jurídica. Lembrando que a superfície pode ser
remunerada ou não.
É importante ressaltar que o superficiário fica com o dever de pagar todos os
encargos e tributos do imóvel como se fosse o proprietário.
Para que haja o direito de superfície, é necessário que seja feita escritura
pública e que esta seja registrada no Cartório de Registro de imóveis.

21. TRESPASSE

Trata-se do nome dado pela doutrina para o contrato de compra e venda do


estabelecimento comercial com a consequente transferência da titularidade do
estabelecimento.

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Em outras palavras, é a alienação total do estabelecimento comercial,
juntamente com o ponto, bem como da clientela, dos móveis que o integram, entre
outros bens contidos nele.

22. USUCAPIÃO

Como nos ensina o Professor Carlos Roberto Gonçalves:

A usucapião é também chamada de prescrição aquisitiva, em


confronto com a prescrição extintiva, que é disciplinada nos arts. 205 e
206 do Código Civil. Em ambas, aparece o elemento tempo influindo
na aquisição e na extinção de direitos. A primeira, regulada no direito
das coisas, é modo originário de aquisição da propriedade e de outros
direitos reais suscetíveis de exercício continuado (entre eles, as
servidões e o usufruto) pela posse prolongada no tempo,
acompanhada de certos requisitos exigidos pela lei; a segunda,
tratada na Parte Geral do Código, é a perda da pretensão e, por
conseguinte, da ação atribuída a um direito, e de toda a sua
capacidade defensiva, em consequência do não uso dela durante
determinado espaço de tempo. (GONÇALVES, 2019, p. 234)6

É uma possibilidade de transformar a posse em propriedade pelo transcurso


de um prazo determinado. Em nosso ordenamento jurídico, temos a usucapião judicial
e a extrajudicial.
Muitos consideram um instituto que visa estimular ainda mais a “justiça social
imobiliária”.

23. VIZINHANÇA

O direito de vizinhança pode ser entendido nos dizeres do Professor Carlos


Roberto Gonçalves:

O direito de propriedade, malgrado seja o mais amplo dos direitos


subjetivos concedidos ao homem no campo patrimonial, sofre
inúmeras restrições ao seu exercício, impostas não só no interesse
coletivo, senão também no interesse individual. Dentre as últimas
destacam-se as determinadas pelas relações de vizinhança.
As regras que constituem o direito de vizinhança destinam-se a evitar
conflitos de interesses entre proprietários de prédios contíguos. Têm
sempre em mira a necessidade de conciliar o exercício do direito de
propriedade com as relações de vizinhança, uma vez que sempre é
possível o advento de conflitos entre os confinantes. (GONÇALVES,
2019, p. 325)7

E assim é possível ver no Artigo 1.277 do Código Civil:

6
Idem. Cit. p. 234.
7
Idem. Cit. p. 325.

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Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de
fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à
saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade
vizinha.

Portanto, o direito de vizinhança, nada mais é que do que regras que limitam
o direito de propriedade para evitar conflitos entre proprietários contíguos e fazer com
que haja respeito e um convívio social harmônico.
Logo, no direito de vizinhança, 03 aspectos devem ser observados: saúde,
segurança e sossego. Nesse diapasão, o proprietário ou o possuidor de um imóvel
deve viver uma relação com o vizinho com base no respeito e na fiel observância
desses 03 aspectos supracitados.

24. Y – TEMA LIVRE: “QUO VADIS”

É uma frase latina com o significado "para onde vais?" ou "aonde vais?".
Modernamente refere-se ao relato do evangelho apócrifo conhecido como “Atos de
Pedro”.
No direito imobiliário é possível pensar para onde vai esse direito. Qual o
futuro no direito imobiliário com as novas formas de propriedade e negócios?
Um dos pontos mais discutidos nos últimos tempos em imóveis urbanos é que
com o contínuo desenvolvimento do home office no início da pandemia em diante,
muitos imóveis comerciais passaram a perder sua verdadeira finalidade, tornando-se,
assim, espaços ociosos e, consequentemente, perdendo valor. Logo, muito vem se
debatendo na transformação desses imóveis comerciais em imóveis residenciais,
visando suprir o déficit habitacional que rodeia não somente o nosso país, mas o
mundo como um todo.
Por outro lado, um ponto de constante discussão na seara dos imóveis rurais
é o constante fomento de diversos modelos de joint ventures imobiliárias que estão
sendo utilizados neles.

25. ZONA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL IMOBILIÁRIA

Definida como uma extensa área natural, que objetiva a conservação da


natureza com o uso sustentável dos recursos naturais, onde determinadas atividades
são permitidas desde que não representem uma ameaça para os recursos ambientais
renováveis e processos ecológicos.

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É importante explorarmos pontos do Direito Ambiental no estudo do Direito
Imobiliário, visto que, em nosso país, existem áreas de proteção ambiental que
impedem construções/incorporações de propriedades nelas, sendo que a proteção
ambiental ali será permanente. Além disso, existem áreas que carecem da realização
de estudos ou relatórios de impacto ambiental, bem como licenciamentos ambientais,
antes mesmo de se consumarem construções naqueles determinados locais.

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BIBLIOGRAFIA

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Coisas - Coleção Direito Civil


Brasileiro Volume 5 – 17. Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

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