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U N I V E R S I D A D E T U I U T I DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS AERONÁUTICAS


D I S C I P L I N A : DIREITO AERONÁUTICO
Prof.: FÁBIO LUÍS DE ARAÚJO RODRIGUES

AERONAVES

1. C O N C E I T O

Em nosso país o conceito legal de aeronave emerge do Código Brasileiro


de Aeronáutica, que assim dispõe:

"Art. 106 - Considera-se aeronave todo aparelho manobrável em vôo,


que possa susterrtar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações
aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas."

Vemos, pois, que a característica principal da aeronave é sua capacidade


de trafegar, ou navegar, no espaço aéreo. Tal diferenciação é fundamental para
diferenciá-la dos veículos automotores, os quais só trafegam em meio terrestre.

Um outro conceito deveras importante é o encontrado na Convenção de


Genebra, relativa ao reconhecimento internacional de direitos sobre aeronaves, de
19.06.48, promulgada no Brasil através do Decreto 33.648/53 o qual estende o termo
aeronave ao sitema complexo, abrangente da célula, os motores, as hélices, os
ÍL

aparelhos de rádio e quaisquer peças destinadas à sua operação. "

2. C A R A C T E R E S E S S E N C I A I S DA A E R O N A V E

De acordo com o conceito legal acima exposto, podemos dissecá-lo para


individualizar elementos que, essencialmente, precisam existir, sem os quais não há
aeronave. São eles:

a) ser um aparelho, isto é um conjunto de mecanismos que dão origem a


uma máquina;
b) ser manobrável em vôo, ou seja, movimentar-se, segundo o intento
de seu comandante em todas as direções do espaço aéreo,
c) ser sustentável e circulável, ou seja, poder ser mantido em vôo,
através de reações aerodinâmicas,
d) possibilitar o transporte de pessoas ou coisas;

3. N A T U R E Z A JURÍDICA DA A E R O N A V E
5. REGISTRO AERONÁUTICO BRASILEIRO

Conforme dito acima, as aeronaves, apesar de possuírem a natureza


jurídica de bens móveis, são suscetíveis de registro.

Tal registro é realizado através do REGISTRO AERONÁUTICO


BRASILEIRO, sendo que este é um dos componentes do sistema de infra-estrutura
aeronáutica, previsto no art. 25 do CBA.

A necessidade de registro, basicamente advém do interesse internacional,


manifesto na Convenção de Chicago, em que se conheça e haja publicidade a respeito
de toda e qualquer informação relevante a respeito da aeronave, sobretudo a
nacionalidade desta. <

0 artigo 17 da Convenção deixa claro que a aeronave terá a


nacionalidade do país em que está registrado, o que torna compulsório o registro da
aeronave em todo e qualquer Estado signatário da convenção.

Sobre o RAB, assim dispõe o CBA:

" Art. 72 - O Registro Aeronáutico Brasileiro será público, único e centralizado,


destinando-se a ter, em relação à aeronave, as funções de:
1 - emitir certificados de matrícula, de aeronavegabilidade e de nacionalidade
de aeronaves sujeitas à legislação brasileira;
II - reconhecer a aquisição do domínio na transferência por ato entre vivos e
dos direitos reais de gozo e garantia, quando se tratar de matéria regulada por
este Código;
III - assegurar a autenticidade, inalterabilidade e conservação de documentos
inscritos e arquivados;
IV - promover o cadastramento geral.
§ 1 - É obrigatório o fornecimento de certidão do que constar do Registro.
o

§ 2 - O Registro Aeronáutico Brasileiro será regulamentado pelo Poder


o

Executivo."

Como vemos do inciso I do artigo 72, a primordial função do RAB é a de


emitir certificado de matrícula da aeronave, certificado que funciona para aeronave,
praticamente o mesmo que uma certidão de nascimento para um ser humano,
basicamente é o registro do início de sua existência no mundo jurídico

Certifica-se, ainda, a aeronavegabilidade da aeronave. Como já dito


outrora, a aeronavegabilidade é condição essencial para que a máquina seja considerada
aeronave, já que esta precisa ser, nos termos do art 106 do CBA "manobrável em vôo".

Obedecendo ainda, a Convenção de Chicago, certifica-se a nacionalidade


da aeronave através de seu registro no RAB.

Basicamente, procede-se o registro da aeronave no RAB com a


apresentação pelo interessado dos documentos comprobatórios da aquisição da
aeronave. A partir daí ocorrem uma série de vistorias técnicas para se apurar se a
máquina submetida a registro possui as condições necessárias para a sua operação.
R A B - R E G I S T R O DE A E R O N A V E S

1- M A R C A S DE N A C I O N A L I D A D E B R A S I L E I R A PP, PR, PT, P U ( R B H A 4 5 )

2- CLASSIFICAÇÃO D E A E R O N A V E S ( R B H A 4 7 )
- PÚBLICAS: SÃO A S AERONAVES DESTINADAS A O SERVIÇO DO PODER PÚBLICO
FEDERAL, ESTADUAL O U M U N I C I P A L , I N C L U S I V E A S REQUISITADAS
N A FORMA DA LEI (47.65). ESSAS AERONAVES SÃO U T I L I Z A D A S A
SERVIÇO DE ÓRGÃOS FEDERAIS, DE ÓRGÃOS E S T A D U A I S , DE
ÓRGÃOS M U N I C I P A I S O U DE ÓRGÃOS DO DISTRITO FEDERAL, DA
ADMINISTRAÇÃO DIRETA, PARA TRANSPORTE NÃO REMUNERADO DE
AUTORIDADES, PESSOAS A SERVIÇO O U CONVIDADOS.

- P R I V A D A S : SÃO TODAS A S DEMAIS AERONAVES Q U E NÃO SE E N Q U A D R A M N A


DEFINIÇÃO DE AERONAVE PÚBLICA.

3- CATEGORIAS DE REGISTRO

AS CATEGORIAS DE REGISTRO M A I S COMUNS, DE A E R O N A V E S PRIVADAS, SÃO:

S A E - SERVIÇO AÉREO ESPECIALIZADO;

T P R - SERVIÇO DE TRANSPORTE AÉREO PÚBLICO REGULAR (REGIONAL,

DOMÉSTICO O U INTERNACIONAL);

T P N - SERVIÇO DE TRANSPORTE AÉREO PÚBLICO NÃO REGULAR -

SUPLEMENTAR;

T P X - SERVIÇO DE TRANSPORTE AÉREO PÚBLICO NÃO REGULAR - TÁXI AÉREO;

T P P - SERVIÇO AÉREO PRIVADO;

P R I - INSTRUÇÃO;

P E T - EXPERIMENTAL.

4- R E G I S T R O E INSCRIÇÃO

O REGISTRO DEVE SER PRECEDIDO DE REQUERIMENTO DO INTERESSADO, AO


RAB, DEVENDO CONSTAR, ESPECIFICADAMENTE, O TEOR DO PEDIDO E SEUS
ACESSÓRIOS E DEVE SER DEVIDAMENTE INSTRUÍDO COM TODOS OS
DOCUMENTOS EXIGIDOS E COMPROVANTE DE PAGAMENTO DE E M O L U M E N T O S
(TFAC).
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS AERONÁUTICAS
DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO AERONÁUTICA E SISTEMA DE AVIAÇÃO C I V I L
PROF FÁBIO LUÍS DE ARAÚJO RODRIGUES

AERONAVES - C O N T I N U A Ç Ã O

1. PROPRIEDADE DE AERONAVES - AQUISIÇÃO E PERDA

1 1 - D A AQUISIÇÃO

Conforme dito na aula passada, as aeronaves são bens móveis suscetíveis


de registro, sendo de responsabilidade do proprietário, ou procurador por ele
constituído, levar a aeronave a registro.

Nosso Código Brasileiro de Aeronáutica estipula as formas de aquisição


de uma aeronave em seu art. 115. Todas estas hipóteses, são classificadas,
doutrinariamente, como modos de aquisição originária ou modo de aquisição derivada.

Diz-se que o modo de aquisição é originário, quando se estabelece o


primeiro vínculo de propriedade com a aeronave, ou seja, quando aquele proprietário
será o primeiro dono da mesma.

O modo de aquisição originário, por excelência, é a construção. Tanto o


construtor, como aquele que encomenda a construção pode ser considerado o adquirente
originário da aeronave, lembrando que, a propriedade só vai se constituir no momento
em que a aeronave for levada a registro.

Já a usucapião é considerado modo de aquisição derivado. Basicamente,


adquire-se a propriedade por usucapião aquele que tem aeronave sob sua posse, com
base em justo título e boa-fé, sem interrupção, conforme previsto no art. 116, I I I do
CBA. Naturalmente, para que a usucapião se constitua é necessário que o interessado
mova um processo, denominado ação declaratória de usucapião e que, depois de haver
sentença favorável, esta sentença seja levada a registro no RAB

Outro modo de aquisição derivado é aquele decorrente de direito


hereditário ou sucessório. Constitui-se quando o proprietário da aeronave morre e é
aberta a sucessão hereditária. Seu herdeiro, ou herdeiros, nominados no testamento ou
mesmo os herdeiros legais, segundo a ordem de sucessão prevista no código civil
averbam no RAB esta condição e passam a ser proprietários da aeronave.

Existe ainda a possibilidade de aquisição da propriedade por


transferência inter-vivos, sobretudo através do contrato de compra e venda, sempre
lembrando que a propriedade só vai ser efetívamente transferida e, consequentemente,
adquirida pelo comprador, depois da inscrição do contrato no RAB.
2. EXPLORAÇÃO D E AERONAVES

Explorar uma aeronave significa nada mais que a utilização da aeronave,


por pessoa física ou jurídica que pode ser proprietária ou não, com ou sem fins
lucrativos.

Para os fins previstos no Código Brasileiro de Aeronáutica, as palavras


operador e explorador possuem o mesmo significado., como se depreende do art. 123,
transcrito abaixo:

Art. 123 - Considera-se operador ou explorador de aeronave:


I - a pessoa jurídica que tem a concessão dos serviços de transporte
público regular ou a autorização dos serviços de transporte público
não-regular, de serviços especializados ou de táxi-aéreo;
II - o proprietário da aeronave ou quem a use diretamente ou através
de seus prepostos, quando se tratar de serviços aéreos privados;
III - o fretador que reservou a condução técnica da aeronave, a direção
e a autoridade sobre a tripulação;
IV - o arrendatário que adquiriu a condução técnica da aeronave
arrendada e a autoridade sobre a tripulação.

Da leitura do artigo acima transcrito fica bem claro que não


necessariamente o proprietário da aeronave será seu operador ou explorador, como nas
hipóteses de fretamento e arrendamento.

Os contratos que fundamentam a exploração de uma aeronave por


alguém que não seja proprietário devem ser levados a registro. Quando isso ocorre, nos
termos do art. 124 do CBA, o explorador passa a ser responsável pela aeronave,
excluindo-se, automaticamente a responsabilidade do proprietário.

Há que se deixar claro que o proprietário, até prova em contrário inscrita


no RAB, será considerado o explorador da aeronave, e por conseguinte será o
responsável pela mesma.

3 - D A RESPONSABILIDADE CIVIL PELA EXPLORAÇÃO D A AERONAVE

3.1 - NOÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Responsabilidade, dentro da ciência jurídica, é em linhas gerais o dever


imposto a determinada pessoa física ou jurídica, de responder perante terceiros por
ações ou omissões que impliquem em danos, cometimento de infrações, de crimes, ou
mesmo o dever de arcar com ónus tributários.

Assim, verificamos que no Brasil, a responsabilidade pode ser de quatro


espécies:

Responsabilidade Civil;
Responsabilidade Penal;
Responsabilidade Administrativa;
Responsabilidade Tributária.
No que se refere à responsabilidade civil em caso de operação ou
exploração da aeronave, conforme consta do art. 124, § I do CBA, a regra é que o
o

responsável por qualquer prejuízo decorrente do uso da aeronave é o seu proprietário, a


menos que, nos termos do art. 124, cuput, haja no RAB o registro de que a aeronave
está sendo explorada por um terceiro, razão pela qual caberá ao explorador, ou
operador, a responsabilidade civil por qualquer dano causado a terceiro pelo uso da
aeronave, ou ausência de uso quando este deveria ocorrer.

A responsabilidade civil pelo uso de uma aeronave pode ocorrer


independente de culpa (responsabilidade objetiva) na hipótese de existência de contrato
de transporte de pessoas ou coisas, como se depreende dos arts. 734 e 735 do CCB.

Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas


transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo
nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade.

Art, 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente


com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem
ação regressiva.

Assim, se o operador da aeronave a explora comercialmente na prestação


do serviço público de transporte de passageiros, seja através de aviação comercial, seja
de táxi aéreo, qualquer prejuízo sofrido pelo passageiro deverá ser indenizado pelo
operador, independente da existência de culpa, ou mesmo que seja claro que a culpa é
de terceiro.

Caso seja comprovada que a culpa é de um terceiro, o operador, depois


de indenizar o seu passageiro, poderá cobrar do terceiro, culpado pelo dano, o mesmo
valor que se viu obrigado a indenizar.

Fora o caso de transporte de passageiros e suas bagagens, nas demais


hipóteses existe a necessidade de configuração de culpa ou dolo do explorador/operador
da aeronave para a ocorrência do dano.

3.3- DA RESPONSABILIDADE E ATRIBUIÇÕES DO


C O M A N D A N T E DA AERONAVE

O disciplinamento jurídico do comandante da aeronave, no CBA, está


previsto nos artigos 165 a 173.

A função primordial do comandante é agir como um preposto do


proprietário ou operador da aeronave, exercendo autoridade máxima no interior da
aeronave enquanto durar a viagem.

Na realidade, de acordo com a sistemática do CBA, estas seriam as


atribuições do comandante:

a) servir como preposto do explorador ou do proprietário da aeronave;


C O N T R A T O S R E L A C I O N A D O S ÀS A E R O N A V E S - 1

- A R R E N D A M E N T O - QUANDO U M A DAS PARTES SE OBRIGA A

C E D E R À O U T R A , P O R T E M P O D E T E R M I N A D O , O U S O E G O Z O DE

AERONAVE OU DE SEUS MOTORES, MEDIANTE CERTA

REMUNERAÇÃO.

- FRETAMENTO - QUANDO UMA DAS PARTES, CHAMADA

FRETADOR, OBRIGA-SE PARA COM A OUTRA, CHAMADA

AFRETADOR, M E D I A N T E P A G A M E N T O POR ESTE, DO FRETE, A

REALIZAR UMA OU MAIS VIAGENS PREESTABELECIDAS OU

DURANTE CERTO PERÍODO DE T E M P O , RESERVANDO-SE AO

F R E T A D O R O C O N T R O L E S O B R E A TRIPULAÇÃO E A CONDUÇÃO

TÉCNICA D A A E R O N A V E .

- ARRENDAMENTO MERCANTIL - OCORRE O ARRENDAMENTO

MERCANTIL (LEASING) DA AERONAVE QUANDO A MESMA É

A R R E N D A D A ( A L U G A D A ) , C O M O U S E M CLÁUSULA D E OPÇÃO DE

C O M P R A O U DE RENOVAÇÃO C O N T R A T U A L .
C O N T R A T O S R E L A C I O N A D O S ÀS A E R O N A V E S - 2

- H I P O T E C A - É U M T I P O DE ÓNUS Q U E R E C A I S O B R E A AERONAVE

P A R A G A R A N T I A DE DÍVIDA. P O D E M S E R O B J E T O D E H I P O T E C A A S

AERONAVES, MOTORES, PARTES E ACESSÓRIOS DE AERONAVES,

I N C L U S I V E A Q U E L A S E M CONTRUÇAO. N O C O N T R A T O D E H I P O T E C A

DE A E R O N A V E D E V E C O N S T A R O N O M E E DOMICÍLIO D A S P A R T E S

C O N T R A T A N T E S , A IMPORTÂNCIA D A DÍVIDA G A R A N T I D A , O S J U R O S

E D E M A I S OBRIGAÇÕES L E G A I S , O P R A Z O E O L O C A L DE P A G A M E N T O .

- H I P O T E C A L E G A L - SERÁ D A D A E M F A V O R D A UNIÃO A HIPOTECA

L E G A L D A S A E R O N A V E S , PEÇAS E E Q U I P A M E N T O S A D Q U I R I D O S N O

E X T E R I O R C O M A V A L , FIANÇA O U Q U A L Q U E R O U T R A G A R A N T I A DO

T E S O U R O N A C I O N A L O U DE S E U S A G E N T E S F I N A N C E I R O S .

- ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - A ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA E M G A R A N T I A

T R A N S F E R E A O C R E D O R O DOMÍNIO RESOLÚVEL E A P O S S E I N D I R E T A

D A A E R O N A V E E/OU S E U S E Q U I P A M E N T O S , I N D E P E N D E N T E M E N T E D A

RESPECTIVA TRADIÇÃO, T O R N A N D O - S E O DEVEDOR O POSSUIDOR

DIRETO E DEPOSITÁRIO COM TODAS AS RESPONSABILIDADES E

E N C A R G O S Q U E L H E I N C U B E M DE A C O R D O C O M A L E I C I V I L E P E N A L .
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Resumos

Tratados internacionais I
T r a t a d o é t o d o a c o r d o f o r m a l e e s c r i t o , c e l e b r a d o e n t r e E s t a d o s e / o u organizações
i n t e r n a c i o n a i s , q u e b u s c a p r o d u z i r e f e i t o s n u m a o r d e m jurídica d e d i r e i t o i n t e r n a c i o n a l .
R e s u m o genérico.

Conceito

Tratado é todo acordo formal e escrito, celebrado entre Estados e/ou organizações internacionais, que busca
produzir efeitos numa ordem jurídica de direito internacional.

Sendo acordo, pressupõe manifestação de vontade bilateral ou multilateral.

Características

Formal, pois tem procedimento específico na sua elaboração., o qual pode decorrer de uma conferência
internacional ou de u m quadro normativo de uma organização internacional.

Quadro normativo de uma organização internacional, que tem as suas regras, apresenta u m processo legislativo
já previsto, que vai estabelecer como se elabora uma convenção. Ex.: convenção da O N U sobre determinado
assunto.

Conferência é termo usado para indicar qualquer reunião. Mas, no caso, tem caráter ad hoc (tem u m sentido
determinado no tempo; é elaborado para aquele momento). Ex.: conferência para elaborar convenção sobre lixo
atómico. Uma vez aprovada a convenção, extingue-se a conferência.

Uma conferência pode durar anos. Engloba todo o processo de elaboração: a reunião de embaixadores, troca de
notas diplomáticas, reuniões de funcionários/diplomatas. São negociações feitas no decorrer dos anos, até se
chegar a u m projeto de convenção. Nesse ponto já existe u m texto elaborado, o qual, em uma "conferência" de
três dias, como se noticia nos jornais, os representantes se reúnem apenas para assiná-lo o u para acertar uma
emenda ou outra. É escrito, pois u m tratado só é valido se dessa forma for.

D a Celebração dos T r a t a d o s

Arualmente, não se admitem acordos orais, o que há trinta anos era admissível. Por exemplo.: as declarações
conjuntas (diplomatas e presidentes) poderiam, eventualmente, serem consideradas como tratados, pois quando
se faz uma declaração conjunta, ocorre uma manifestação de vontade dos declarantes, como se de acordo com
uma posição.

Todavia, em 1969, foi aprovada a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, com o objetivo de ser u m
código mínimo de elaboração de tratados, prevendo, expressamente, que só serão válidos os tratados escritos.

Dentro da definição de tratado, teoricamente falando, podem celebrar tratados os sujeitos de Direito
Internacional (Estados, organizações, indivíduo e coletividade humana). Mas, arualmente, só se reconhece para
dois: Estados e organizações, e com relação a essa última somente aquelas criadas por tratado.

Quanto à coletividade humana, não seria plausível que toda ela (bilhões de pessoas) celebrasse u m tratado. E,
tratando-se do indivíduo/ser humano, não é considerado legítimo representante para elaboração de tratado. Não

http ://www.direitonet.com. br/resumos/exibir/13 8/Tratados-internacionai s-I 31/8/2009


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celebram, m a s são destinatários/beneficiários de normas.

Termos similares

E x i s t e m alguns t e r m o s que p o s s u e m significados parecidos c o m tratado, porém não são exatamente a m e s m a


coisa, possuindo c a d a qual, s u a s particularidades, alguns exemplos desses termos são: convenção, protocolo,
pacto, carta e declaração.

E s s a s expressões são consideradas, e m l i n h a s gerais, sinónimas d a expressão tratado. São utilizadas


indistintamente. F u n d a m e n t a l não é o nome, e s i m o conteúdo, o u seja, se se trata de u m a c o r d o celebrado entre
E s t a d o s e organizações, escrito, formal, é u m tratado. Sendo tratado, produz certos efeitos jurídicos, possui
certas condições de validade, d e legitimidade e de licitude.

Convenção, historicamente, também e r a destinado a o s tratados multilaterais. U m grande tratado multilateral,


e m que participava toda a comunidade internacional, e r a considerado como convenção. A s s i m c o m o a ideia d a s
Convenções Coletivas e m Direito do Trabalho.

Prot€>colo, historicamente, e r a u m documento escrito, m a s s e m o caráter obrigatório d o tratado. T e m u m


sentido m a i s "principiológjco". C o m o se d i r i a no âmbito d o Direito Interno, está m a i s próximo d a s n o r m a s
programáticas: "os E s t a d o s se c o m p r o m e t e m a t o m a r todas a s m e d i d a s p a r a conter a proliferação d e a r m a s
nucleares".

Tratado é u m instrumento que efetivamente vincula as partes, obrigando-as, já q u e c r i a direitos e obrigações.

Tão importante é a ideia de vontade de a s s u m i r direitos e obrigações (animus contraendí), q u e o p r i m e i r o


princípio que vigora nos tratados modernos (desde o s séculos X V e X V I ) é o d a "santidade d o s tratados".

Pela teoria do poder divino, o rei e r a escolhido por Deus. A palavra de u m rei e r a sacra, vigorando, daí,
mencionado princípio. U m tratado não podia s e r revogado, revisado, u m a vez q u e a "palavra de rei não volta
atrás" - questão de honra. O princípio que s e t e m n o s contratos referente a e s s a relevância d a s palavras é o do
pacta surtt servanda e o d o rebus sic stantíbus.

A declaração, historicamente, no entanto, não é considerada u m tratado. T r a d i c i o n a l m e n t e , q u a n d o se dá


conotação de declaração ao u m texto, pretende-se diferenciá-lo de u m tratado.

Nessa época, u m a conferência entre certo número de países, e m q u e não se obtinha u m acordo final, e r a
m a r c a d a pelo fracasso. A s s i m , e m troca d o tratado o u d a convenção frustrada, o s E s t a d o s , p a r a oferecer u m a
resposta à opinião pública o u à sociedade internacional, faziam u m a declaração conjunta, p o r escrito, n a qual
d e t e r m i n a v a m alguns princípios básicos sobre o tema, o u se comprometiam, p o r exemplo, a t o m a r determinadas
medidas a respeito.

A declaração e r a u m substitutivo de u m a convenção, s e m ter caráter obrigatório. E r a u m a declaração de


princípios.

E s s a explanação histórica é importante, pois c o m o tempo, alguns E s t a d o s exigiam q u e u m outro E s t a d o se


obrigasse pelos termos de u m a declaração. P a r a se evitar argumentação de q u e a declaração não teria e s s a
validade, u m a vez que se tratava de comprometimento apenas moral e que eventualmente m e d i d a s s e r i a m
tomadas sobre o assunto, não sendo obrigado a isso, a Convenção de V i e n a / 6 9 , art. 2 , dispôs q u e o

independentemente d o termo, palavra o u nomenclatura, tratado é todo acordo formal, escrito, celebrado entre
E s t a d o s e / o u organizações internacionais e t c

Havendo o conteúdo de u m tratado (acordo formal entre Estados, busca efeitos jurídicos, há manifestação de
vontade), tratado é, possuindo a s s i m , u m caráter obrigatório.

O tratado é efetivamente u m acordo q u e gera a obrigação, o direito, a vontade efetiva de se a s s u m i r u m


compromisso. A declaração e o protocolo, historicamente, não são considerados documentos e m q u e s e t e m
vontade efetiva de se a s s u m i r u m compromisso, m a s eventualmente cumpri-lo. Daí é que p a r a d i r i m i r as

http://www.direitonet.com.br/resum 31/8/2009?

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controvérsias que surgiam dessas terminologias, nasce a Convenção de Viena/69, unificando-as.

Exemplo: Mercosul - tratados que o criaram: Tratado de Assunção, Protocolo de Ouro Preto e Protocolo de
Brasília, documentos esses sem qualquer distinção entre si e sem que justifiquem tratamento jurídico
diferenciado de u m ou de outro.

Em suma, atualmente, considera-se o conteúdo,

Manifestação da vontade

Existem alguns meios mais conhecidos de manifestação da vontade, necessária para a existência de u m tratado.
Alguns exemplos desses termos são: aceitação, aprovação, assinatura, ratificação, adesão, reserva e
denúncia.

Aceitação e aprovação são formas positivas de manifestação. Entretanto, aprovação indica, em geral, que o
tratado resultou de uma deliberação ou votação. Quando se diz que u m tratado foi aprovado, provavelmente
deliberou-se ou votou-se favoravelmente à sua adoção.

Como saber que u m tratado precisa ser deliberado para obter aprovação? Ou que precisaria apenas de uma
simples assinatura de representantes para sua aprovação, ou não?

A resposta encontra-se no próprio procedimento de elaboração, nas regras de procedimento, que determinam as
formas pelas quais as partes adotarão ou estabelecerão as maneiras de aprovar u m tratado.

A p r o v a ç ã o : presume deliberação.

Assinatura: a simples assinatura do representante do Estado considera u m tratado aprovado/adotado.

Ratificação: pressupõe, para aprovação de u m tratado, uma deliberação favorável do legislativo.

Adesão: indica manifestação de vontade posterior à celebração. Ex.: três Estados discutem e elaboram u m
tratado. Posteriormente, u m quarto Estado pretende fazer parte desse tratado, o que se dará por meio da adesão
(manifestação da vontade em período posterior à celebração, à manifestação original). Ex.: União Europeia,
ONU, Mercosul etc.

Como saber quando cabe, ou não, a adesão a u m tratado?

O próprio tratado disporá sobre a questão. Ex.: o Mercosul [1] prevê a adesão de mais países, além dos quatro
originais.

Reserva: é a manifestação da vontade parcial, uma vez que o Estado não se obriga a todas as disposições, mas
apenas por uma parte delas, como, por exemplo, em u m tratado que contivesse vinte regras, u m Estado se
dispusesse a aceitar e cumprir apenas dezenove delas.

Como não há uma regra universal, uma lei que disponha sobre a elaboração de u m tratado, muitas das respostas
serão encontradas no próprio tratado, no próprio procedimento de elaboração deste. Assim, n u m tratado, as
partes convencionarão se cabe, ou não, reserva e quais as cláusulas objeto de reserva.

Havendo dúvida de aplicação de reserva, haverá uma regra geral que dirá: a reserva não pode atingir o objeto e a
finalidade do tratado. Isso também é encontrado na Convenção de Viena, já mencionada.

Em tratados bilaterais, em geral, não cabe reserva, pois estaria alterando o equilíbrio. Reserva, então, cabe para
tratados multilaterais.

Denúncia: é a forma pela qual a parte manifesta vontade com o f i m de obter a extinção dos efeitos do tratado
sobre a parte requerente. É forma de cessação dos efeitos jurídicos de u m tratado. É arbitrário porque é uma

http://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/l 38/Tratados-intemacionais-I 31/8/2009


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decisão de vontade.

Também está prevista no tratado, mas, tecnicamente falando, é permitido denúncia sem que esteja prevista no
mesmo, já que é manifestação da vontade. O que pode u m tratado estabelecer de mais especifico é uma denúncia
no tempo. Ex.: a denúncia do Estado requerente só produzirá efeito a partir de u m ano da sua manifestação de
vontade. Isso, sim, pode ser feito, pois u m tratado pode envolver temas muito complexos, que demandam u m
certo tempo para estabelecer u m desprendimento, ou para dar uma garantia para as outras partes. A denúncia
pode produzir efeitos imediatos ou depois de u m certo lapso de tempo.

Ratificação (em linhas gerais): u m representante [2] de listado participa de uma Conferência para elaboração
de um tratado. As partes estabelecerão quando esse tratado entrará e m vigor. Isso pode se dar a partir da
assinatura, de uma ratificação etc

O que geralmente se faz é uma espécie de "operação casada", ou seja, o representante do executivo assina e tenta
obter uma ratificação pelo legislativo, dentro do Estado, e é a partir desta que o tratado entrará em vigor para os
demais.

São duas manifestações da vontade, casadas: assinatura e ratificação. A partir da ratificação é que o tratado
entrará em vigor para os demais. O u seja, é como se o representante fosse para o seu país buscar o certificado,
retornasse à Conferência para manifestar o comprometimento de seu país para, então, fazer vigorar o tratado
para os demais Estados.

São, portanto, dois atos:

ato do executivo, assinando; e


. ato do legislativo, ratificando.

Isso não significa simplesmente a ratificação, mediante obtenção de certificado do Congresso Nacional, por
exemplo, declarando que determinado tratado foi aprovado e m determinadas condições. É necessário o depósito
do instrumento de ratificação.

Depósito é smônimo de comunicado (aos demais países), registro (perante alguma instituição) do comprovante
de que o tratado foi ratificado.

Um tratado ligado ao Mercosul, por exemplo, entrará em vigor para os quatro países participantes quando for
depositado na Secretaria Administrativa do Mercosul (instituição que cuida das questões administrativas do
Mercosul e estabelecida no Uruguai) o comprovante de ratificação.

Toda organização internacional tem uma espécie de secretaria administrativa, uma espécie de sede, onde se
registram os certificados de ratificação, assim como toda Conferência possui u m pais escolhido para ser uma
espécie de secretaria. Ex.: uma Conferência de vinte Estados, não é uma organização internacional, pois não tem
sede. Alguém deverá funcionar como uma espécie de "cartório". U m Estado seria escolhido como receptor dos
depósitos (das comunicações, dos registros, das notificações).

À medida que os países depositam seus certificados de ratificação, o tratado passa a vigorar para aquele que
efetuou o depósito. Nem sempre será exigida essa operação casada. As partes podem estabelecer que u m tratado
entre em vigor a partir da simples assinatura. A tendência atual é a da operação casada (assinatura / ratificação).

U m problema: E se não obtiver a ratificação?

Ex.: O Brasil se comprometeu a não emitir poluentes no ar a partir de 2005. Para que isso seja possível, há que
se adorar medidas legais (aprovação de leis que estabeleçam proibição da emissão de poluentes, que estabeleçam
aplicação de multas, que dêem incentivos às empresas para que utilizem determinado produto e deixem de usar
outros etc.). O país precisa adorar uma série de medidas internas para dar implementação ao Tratado, que tem
regra mais genérica. Se o Congresso não ratificar, nem inserir essa norma no plano interno e sequer estabelecer
medidas para sua complementação, o Executivo, que se comprometeu com u m acordo, não poderá cumpri-lo.

http://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/138/Tratados-intemac 31/8/2009
DireitoNet - Resumos - Tratados internacionais 1

No Direito, não c u m p r i d o u m acordo, gera-se a responsabilidade. O s d e m a i s E s t a d o s poderão exigir u m a sanção


contra o E s t a d o que a s s i m se comporta.

U m a saída para u m país q u e não pode c u m p r i r u m acordo é a denúncia, já q u e não se trata d e nulidade. A
denúncia não acarreta sanção e deve s e r expressa.

Efeitos jurídicos n a o r d e m i n t e r n a c i o n a l

U m acordo e n t r a e m vigor p a r a os sujeitos (de E s t a d o p a r a os demais E s t a d o s o u de E s t a d o p a r a a s organizações


internacionais) a partir d a manifestação de vontade d o Executivo, q u e pode s e d a r mediante a s s i n a t u r a ,
aceitação, aprovação etc., gerando efeitos para o s d e m a i s pactuantes. E s s e é o efeito jurídico n a o r d e m
internacional, gerando efeitos entre u m E s t a d o e os demais.

U m exemplo, no caso brasileiro, seria: o Brasil a s s i n a acordo e m que todos os brasileiros têm direito ao 1 5 o

salário. E s s e acordo não dá direito ao trabalhador que reivindique perante a Justiça o pagamento desse
beneficio, pois o acordo não foi ratificado.
O tratado só v a i produzir efeitos n a o r d e m interna depois de aprovado pelo Legislativo, o u seja, a s i m p l e s
assinatura do E x e c u t i v o não gera direitos p a r a o cidadão, pois aquela convenção não foi i n s e r i d a n o Direito
brasileiro. E s s a inserção e s e u s consequentes efeitos somente o c o r r e m depois da aprovação d o tratado pelo
Legislativo.

No caso brasileiro, 90% dos tratados exigem aprovação pelo Legislativo.

A ratificação é a aprovação pelo Congresso Nacional, sendo que o art- 4 9 , inciso I d a C F prevê que "é d a
competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos o u atos
internacionais q u e acarretem encargos o u c o m p r o m i s s o s gravosos ao patrimônio nacional".

Espécie normativa d a ratificação

A ratificação se materializa por decreto legislativo o u resolução. Se é de competência e x c l u s i v a do Congresso


Nacional, não há manifestação do Legislativo, portanto, não é lei (que exige manifestação de vontade d o
Legislativo). Não pode ser decreto executivo regulamentar, pois isso é matéria do Executivo. Somente poderia
ser, então, resolução o u decreto legislativo. Porém, resolução, tecnicamente falando, provoca efeitos internos,
pois é ato normativo p a r a operar efeitos apenas entre o s m e m b r o s d a C a s a . P o r isso é q u e regimento interno
(opera-se p a r a Deputados e Senadores), geralmente, é matéria d e resolução.

O decreto-legislativo é ato exclusivo, m a s para produzir efeitos além-casa, o u seja, além dos m e m b r o s do
Congresso.

E t a p a s do processo legislativo:

• Decreto legislativo;
,< Decreto d e promulgação.

Aprovado o decreto legislativo, a i n d a é necessária a promulgação.

Promulgação é o atestado d a s condições de validade, através dele o Executivo o u M e s a do Legislativo


promulga o u atesta q u e o processo legislativo foi válido, o u seja, o procedimento d e elaboração foi valido; que
todos os atos foram legais; que o procedimento foi lícito.

Sanção e veto são manifestações d a vontade d o Executivo, pela aprovação, o u não, d o ato.

Hipóteses de veto, segundo o art. 4 7 d a C F , "salvo disposição constitucional e m contrario, as deliberações de


cada C a s a e d e s u a s Comissões serão tomadas p o r m a i o r i a d o s votos, presente a m a i o r i a absoluta d e s e u s
membros".

1. I nconstitucionalidade o u ilegalidade;

31/8/2009
U N I V E R S I D A D E T U I U T I DO P A R A N Á
F A C U L D A D E D E CIÊNCIAS A E R O N Á U T I C A S
DISCIPLINA: DIREITO AERONÁUTICO
Prof.: FÁBIO LUÍS D E A R A Ú J O R O D R I G U E S

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

I - Introdução

Ao mencionarmos as espécies de Lei, ficou devidamente esclarecido que a Constituição


Federal é a que possui maior importância em nosso país, advindo dela os fundamentos para todas
as demais existentes em nosso Direito.

Dentro do arcabouço legal que a Constituição nos apresenta, existe um artigo deveras
significativo para o estudo do Direito Aeronáutico, qual seja o art. 2 1 , inciso X I I , alínea "c". 0
mencionado artigo enumera todas as atividades que são de competência da União e no inciso e
alínea aqui tratados encontramos as seguintes atividades: "navegação aérea, aeroes^acia^e infra-

Tais atividades configuram-se no principal tripé de estudo do Direito Aeronáutico e por


serem, na nossa sistemática constitucional, atividades de competência da União, acabam, por
consequência, atrelando de forma quase que inseparável o Direito Aeronáutico ao Direito
Administrativo, chegando ao ponto de alguns doutrinadores se manifestarem no sentido de que o
Direito Aeronáutica não seria uma ciência autónoma, e sim um ramo do Direito Administrativo.

Para o nosso estudo não há qualquer motivo para adentrarmos nesta tormentosa
discussão, contudo, torna-se fundamental conhecermos algumas noções do Direito Administrativo,
bem como alguns de seus institutos básicos.

II - D i r e i t o A d m i n i s t r a t i v o - C o n c e i t o

O Direito Administrativo ganhou status de ciência autónoma apenas com a


configuração comtemporânea da organização estatal, particularmente no fim do Sec. X V m e início
do Sec. XIX.

O que colaborou para isto foi a criação daquilo que se convencionou chamar de Estado
Moderno, surgindo como principais fatos históricos para este fim a Revolução Francesa e o
surgimento dos Estados Unidos da América, já que a partir daí acabou-se definitivamente com os
regimes absolutistas que vinham da Idade Média.

A partir daí começaram a se estruturar de forma mais ordenada uma série de normas
delimitadoras da atividade do Estado, que fariam com que este cumprisse seu verdadeiro fim que
era atuar em prol dos cidadãos que o constituíram e não oprimi-los.

O Direito Francês possui enorme influência nesse processo sendo, inclusive, unânimes
todos os doutrinadores da matéria em colocar um processo em especial, o ramoso Caso Blanco,
como a grande quebra de paradigma que demonstrou a existência de um direito próprio para
regular a atividade Estatal.
Nos idos de 1873 uma menina chamada Agnes Blanco, ao atravessar uma rua da
cidade de Bordeaux acabou sendo atropelada por uma viatura da Companhia Nacional de
Manufatura de Fumo (uma empresa estatal). Naquela oportunidade o Conselheiro Davi, do Tribunal
de Conflitos apontou sua solução entendendo que caberia ao Estado indenizar o cidadão pelo
prejuízo que sofrera em decorrência da atividade de um ente estatal. Além disso, a decisão acabou
inovando à medida que atribuía a competência para julgar a um tribunal ligado a questões
administrativas do Estado. Convém lembrar que, sobretudo na Idade Média a possibilidade de
alguém receber uma indenização do ente estatal era nula, à medida que a orientação doutrinária
era no sentido de que o estado não cometia falhas.

Depois desse peculiar fato, o Direito Administrativo passou a definitivamente


estruturar-se como ciência, sobretudo com a definição daquilo que seria o seu Objeto de Estudo.

MARIA S Y L V I A D I P I E T R O assim define o Direito Administrativo:


1

" O ramo d o direito público q u e tem por objeto o s órgãos, agentes e


pessoas jurídicas administrativas q u e integram a Administração
Pública, a atividade jurídica não contenciosa q u e e x e r c e e o s bens de
que s e utiliza para a consecução de s e u s fins, d e n a t u r e z a pública."

Já H E L Y L O P E S M E I R E U J E S 2 coloca seu conceito na seguinte forma:

"O conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para nós, síntetiza-


s e no conjunto harmónico de princípios jurídicos q u e regem os
órgãos, o s agentes e a s atividades públicas tendentes a realizar
concreta, direta e i m e d i a t a m e n t e o s f i n s d e s e j a d o s pelo Estado."

De forma sintética, o Direito Administrativo seria o conjunto de princípios e normas


reguladoras da atividade administrativa do Estado, mesmo quando estas atividades, próprias do
Estado, não são por ele realizados diretamente, e compreendendo o funcionamento de todas as
entidades que compreendem a estrutura administrativa estatal, com seus respectivos servidores.

Assim, toda a atividade atribuída por nossa Constituição ao Estado, que não seja
atividade legislativa e judiciária acaba sendo objeto de estudo do Direito Administrativo, inclusive a
"navegação aérea, aeroespacial e infra-estrutura aeroportuária".

Ill - P r i n c í p i o s d e D i r e i t o A d m i n i s t r a t i v o

Uma das características fundamentais para que um ramo de conhecimento seja


considerado uma ciência é a existência de princípios fundamentais próprios. Lembrando o conceito
de M E I R E L L E S acima exposto, verifica-se que ele chama o Direito Administrativo de um conjunto
de princípios.

Tais princípios, reguladores da atividade administrativa do Estado estão explicitamente


previstos em nossa Constituição Federal em seu art. 37, abaixo transcrito:

1 In "Direito Administrativo" E d . Jurídico Atlas, pag. 52


" In "Direito Administrativo Brasileiro" Ed. Malheiros, pag. 29
Art. 3 7 . A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

Estes seriam os princípios explícitos em nossa CF, contudo, além destes, cumpre
conhecermos alguns outros implícitos, mas também de extrema importância.

- P R I N C Í P I O DA LEGALIDADE

Uma das principais, se não a principal criação do Estado Democrático de Direito.


Quando se submete toda e qualquer relação ao primado da lei, possibilita-se que esta, além de
definir direitos, estabelece limites para o seu exercício, bem como limitar a atuação do ente estatal
quando este pretende restringir de alguma forma os direitos do cidadão.

É com base neste princípio que se diz que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar
d^jazerajqo, se não em virtude deJeLl'

No caso da Administração Pública, foco maior do Direito Administrativo, surge a ideia


de que a vontade do ente estatal está expressa na lei, já que não mais o Estado pode se comportar
de acordo com o livre arbítrio de seu dirigente. Assim, se o cidadão pode fazer tudo aquilo que a lei
não lhe proíbe, o Estado ao contrário, pode fazer única e exclusivamente aquilo que está previsto
na lei.
- P R I N C Í P I O DA S U P R E M A C I A DO I N T E R E S S E PÚBLICO

Partindo-se da ideia que o Estado foi criado com a finalidade de se cuidar do bem
comum, evitando-se que um ou outro interesse individual prevaleça, o interesse do Estado, ou
interesse PÚBLICO, acaba sempre tendo supremacia sobre o interesse individual.

Decorrem deste princípio uma séré de atrvidades primordialmente estatais, bem como
os poderes de desapropriar, punir, policiar, intervir, requisitar, ou seja, interferir na esfera privada
dos interesses dos cidadãos a bem de um interesse maior, qual seja o interesse estatal.

- P R I N C Í P I O DA IMPESSOALIDADE

Este princípio acaba tendo basicamente duas facetas:

Uma delas, e sua principal, afirma que como detentora do poder-dever de bem gerir o
interesse público, a Administração estatal não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar
indiscriminadamente uma ou outra pessoa, ou seja, o administrador público não pode se deixar
levar por suas preferências acerca de pessoas jurídicas ou físicas.

Por esta razão, quando a administração pública pretende fazer a aquisição de um


produto não lhe cabe escolher o fornecedor que seja do seu agrado, deve haver uma licitação
pública para que seja selecionado o fornecedor.

A outra faceta diz respeito à atuação estatal propriamente dita. O agente público,
devidamente investido de autoridade, atua em nome do Estado, e não em seu nome próprio, razão
pela qual os atos podem ser realizados ininterruptamente, mesmo no afastamento temporário do
titular do cargo. Exemplificando: Fulano de Tal é presidente do Banco Central e, como tal, possui
uma série de atribuições; caso ele saia de férias um outro servidor assume seu papel, executando
estas atribuições já que estas não são pessoais e sim orgânicas, são atribuições de um órgão, a
Presidência do Banco Central.
- P R I N C Í P I O DA M O R A L I D A D E

Este princípio, sobretudo em função da imprecisão do que seria moral, é o que


apresenta maior dificuldade de ser analisado. Na realidade, uma forma prespicaz de buscar uma
definição da moralidade seria lembrar do princípio de direito que deiz que nem tudo o que é lícito é
honesto, e colocar a moralidade justamente dentro daquilo que, por mais que não seja contrário à
lei, acaba sendo de certa forma ofensivo à honestidade.

Nos dizeres de D I P I E T R O "sempre que, em matéria administrativa se verificar que


3

o comportamento da Administração ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente,


embora em consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa
administração, os princípios de justiça e equidade, a ideia comum de honestidade, estará havendo
ofensa ao princípio de moralidade."

Um exemplo concreto de ato que, se verdadeiro, poderia estar ofendendo o princípio


da moralidade é a acusação de que o Presidente do Senado estaria usando dinheiro vindo de
empreiteiros para pagara pensão alimentícia por ele devida. Não há nada ilegal nesta postura, mas
acaba ferindo a moral à medida qua fica praticamente impossível crer que ta! ajuda é
desinteressada, que não há qualquer favorecimento da "patrocinadora" quando realiza este ato.

A tendência, no que se refere à moralidade, ou probidade administrativa, é que


situações que não são ilegais, mas acabam sendo imorais, passem a ser previstas em leis novas
como atos ilícitos, como por exemplo práticas de nepotismo ou outras práticas discriminatórias.

- P R I N C Í P I O DA P U B L I C I D A D E

Basicamente este princípio determina que seja levado a conhecimento público, através
da mais ampla divulgação todos os atos praticados pela Administração Pública, salvo raras
exceções de atitudes sigilosas devidamente previstas na Lei.

A publicidade dos atos é uma forma de submetê-los ao crivo da opinião pública, a


qual, conhecedora das ações relevantes do ente estatal pode, em determinadas situações exercer
certo controle da atividade do estado através dos caminhos legais competentes.

- P R I N C Í P I O DA EFICIÊNCIA

Este é o mais recente princípio explícito da administração pública em nosso pais, à


medida que passou a existir no texto constitucional 10 anos após a promulgação da Constituição,
tendo sido incluído em seu texto através da Emenda Constitucional n° 19 de 1998.

Por esse princípio se impõe ao agente público_o_dever de reali7^r suas atribuições com
presteza, c o m j j s j r j a j s altos índices d^qjjajidadee com resultados^ satisfatórios no atendimento das
necessidades dos administrados. " " — —

Um grande exemplo desse princípio é o Plano de Mestas de Qualidade que foi


instituído quando da privatização do setor de telecomunicações. Por meio destes se estabeleceram
metas de cobertura e padrão de atendimento que, caso não fossem cumpridas, poderiam gerar
diversas penalidades às operadoras de serviço telefónico, inclusive a perda da concessão.

- P R I N C Í P I O DA MOTIVAÇÃO

3 Op. C i t , pag. 79
É um princípio que acaba se somando aos princípios da legalidade e da supremacia
do interesse público.

Corno dito há pouco o Eâtauo, enquanto administrador, não possui vontade, devendo
limitar-se ao previsto na Lei, de mesma forma que sempre há que buscar, no exercício de suas
atividades o interesse primordial que é o interesse público.

Assim, exige-se do administrador público, quando da tomada de suas decisões, que


ele explane devidamente as razões que motivaram a tomada de tal é qual atitude. Assim, poder-
se-á verificar se os motivos apresentados estão condizentes com a Lei e com o Interesse Público e
não são fontes de qualquer desvio de finalidade ou abuso de autoridade.

Normalmente as principais exigências de motivação surgem nos atos que de alguma


forma atentem contra interesses individuais. Assim, por exemplo: a interdição de uma obra deve
estar devidamente motivada, a aplicação de uma multa, a desapropriação de um terreno, a
requisição de um bem ou equipamento, entre outros exemplos de situações onde a atividade
estatal interferir na vida privada de um cidadão.
SERVIÇOS PÚBLICOS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
ART 21-X, XI, XII, XV, XXIII, ART 24 §22
SERVIÇOS PÚBLICOS E ATIVIDADES ECONÓMICAS

CONCEITOS DE SERVIÇO PÚBLICO

1) É TODO AQUELE SERVIÇO PRESTADO PELA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA OU POR SEUS DELEGADOS,
SOB NORMAS E CONTROLES ESTATAIS, PARA SATISFAZER
AS NECESSIDADES ESSENCIAIS OU SECUNDÁRIAS DA
COLETIVIDADE OU SIMPLES CONVENIÊNCIA DO ESTADO
(HELY L. MEIRELLES)

2) É TODA ATIVIDADE MATERIAL QUE A LEI ATRIBUI AO


ESTADO PARA QUE A EXERÇA DIRETAMENTE OU POR
MEIO DE SEUS DELEGADOS, COM O OBJETIVO DE
SATISFAZER CONCRETAMENTE AS NECESSIDADES
COLETIVAS SOB REGIME JURÍDICO TOTAL OU
PARCIALMENTE PÚBLICO (MARIA S. Z. Dl PIETRO).

A TITULARIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO É SEMPRE DO ESTADO

SUA CRIAÇÃO É FEITA POR LEI E CORRESPONDE A UMA OPÇÃO


DO ESTADO

SUA GESTÃO TAMBÉM INCUMBE AO ESTADO, DIRETA OU


INDIRETAMENTE (CONCESSÃO OU AUTORIZAÇÃO)

NA EXECUÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO, A RESPONSABILIDADE É


OBJETIVA (CF ART 37 § 6)
CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS

QUANTO À ESSENCIALIDADE
- PÚBLICOS (PROPRIAMENTE DITOS). EX: DEFESA NACIONAL,
POLÍCIA, SAÚDE PÚBLICA
- DE UTILIDADE PÚBLICA. EX: TRANSPORTE COLETIVO, ENERGIA
ELÉTRICA, GÁS, TELEFONE

QUANTO À ADEQUAÇÃO
- PRÓPRIOS DO ESTADO. EX: SEGURANÇA, POLÍCIA, SAÚDE
PÚBLICA
- IMPRÓPRIOS DO ESTADO. EX: PRESTADOS POR AUTARQUIAS,
EMPRESA PÚBLICA, FUNDAÇÕES, SOCIEDADE
DE ECONOMIA MISTA

QUANTO À FINALIDADE
-ADMINISTRATIVOS. EX: IMPRENSA OFICIAL, ESTAÇÕES
EXPERIMENTAIS

- INDUSTRIAIS - AQUELES QUE PRODUZEM RENDA PARA QUEM


OS PRESTA, MEDIANTE TARIFA OU PREÇO
PÚBLICO, FIXADO PELO ESTADO MESMO
QUANDO NÃO PRESTADO PELO ESTADO

QUANTO AOS DESTINATÁRIOS


- GERAIS: AQUELES QUE NÃO TÊM USUÁRIOS DETERMINADOS:
EX: POLÍCIA, ILUMINAÇÃO PÚBLICA,
PAVIMENTAÇÃO DE RUA (PAGOS COM
IMPOSTOS)
- INDIVIDUAIS: AQUELES QUE TÊM USUÁRIOS DETERMINADOS.
EX: TELEFONE, ÁGUA, ENERGIA ELÉTRICA

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