Você está na página 1de 31

REGULAMENTAÇÃO DA

AVIAÇÃO CIVIL – RAC

André Luiz Braga


2022
SUMÁRIO

O PAPEL DA DISCIPLINA NO CURSO ................................................... 3


OBJETIVOS DA DISCIPLINA .................................................................. 3
I Direito Aeronáutico e Autoridade Aeronáutica ................................. 4
II Aeronaves, Matrícula E Nacionalidade ............................................. 8
III Aplicação do CBA ............................................................................. 10
IV Liberdades do Ar............................................................................... 12
V Serviços Aéreos e Transporte Aéreo .............................................. 14
VI Condições de Tráfego Aéreo .......................................................... 17
VII Aeródromos ..................................................................................... 20
VIII Documentação no CBA .................................................................. 22
IX Licenças e Certificados ................................................................... 24
X Tripulações e Comandante da Aeronave ........................................ 26
XI Infrações ao CBA .............................................................................. 29
Referências Bibliográficas ................................................................... 30
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

rAC
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL

O PAPEL DA DISCIPLINA NO CURSO


A disciplina pretende proporcionar ao aluno o conhecimento dos principais
tópicos do Código Brasileiro de Aeronáutica relacionados à função, que pretende
desempenhar, fornecendo-lhe embasamento legal em aspectos que farão parte
de sua rotina profissional.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Compreender as origens do moderno Direito Aeronáutico (Cp);
Conceituar Direito Aeronáutico (Cp);
Explicar a finalidade e abrangência do Direito Aeronáutico (Cp);
Reconhecer o CBA como documento normativo do Direito Aeronáutico Brasileiro
(Cn); e
Identificar principais tópicos do CBA (Cn).

3
ANDRÉ LUIZ BRAGA

I Direito Aeronáutico e Autoridade Aeronáutica

Conceito
O Direito Aeronáutico, também referido como Direito Aéreo é a junção de normas,
preceitos e princípios do direito público e privado que regem as relações
domésticas ou internacionais, relativas ao uso de aeronaves como meio de
transporte ou lazer.

Desta forma, a legislação que regulamenta a atividade aeronáutica brasileira,


também chamada direito aeronáutico brasileiro, é composta pelos acordos,
tratados e convenções internacionais que o Brasil tenha ratificado, pelo Código
Brasileiro de Aeronáutica, disposto pela Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986,
e pela legislação complementar.

Legislação Complementar
Para além da Lei 7.565/86, determinados aspectos do direito aeronáutico terão
sua complementação baseada no seguinte arcabouço legal:
Anexo 1*/Convenção de Chicago – Licença de Pessoal;
RBAC 63 – Mecânico de Voo e Comissários de Voo;
RBAC 121 – Transporte Aéreo Regular;
RBAC 135 – Transporte Aéreo Não Regular;
CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas; e
Acordos Coletivos ou Convenções Coletivas de Trabalho.

No Brasil, os Comissários de Voo, os pilotos e os Mecânicos de Voo formam uma


categoria profissional a parte – os Aeronautas. Esta profissão é tão importante
para o Sistema de Aviação Civil brasileiro que possui uma Lei específica para
regulamentá-la, a Lei 13.475 de 28 de agosto de 2017. Entretanto, este assunto
será tratado em outro momento do curso.

O Direito Aeronáutico na Constituição Federal de 1988


A Constituição Federal de 1988 traz em seu Artigo 22 a seguinte definição para
o Direito Aeronáutico: “é o ramo do direito que regula o transporte pelo espaço
aéreo, por meio de aeronaves, de pessoas e coisas e suas relações jurídicas
decorrentes”.

O Direito aeronáutico versa sobre os atos e relações envolvendo o uso das


aeronaves, limitado a altitude de 80 Km, a partir da qual passa a operar outro tipo
de direito, o Direito Aeroespacial.

4
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

Histórico do Direito Aeronáutico

No mundo:
Um dos primeiros registros do Direito Aeronáutico está na Primeira Conferência
Internacional de Direito Aeronáutico, ocorrida em Paris em 1889, para deliberar
justamente sobre o uso dos balões e para traçar os limites sobre o espaço aéreo.

Há ainda três destaques sobre o direito aeronáutico internacional, as


Convenções e Conferências Internacionais de Aviação Civil, ocorridas em Paris -
1919, Varsóvia - 1928, Roma – 1933 e Chicago – 1944. Efetivamente, nunca
houve interrupção nas tratativas sobre o direito aeronáutico internacional. O
debate sobre o assunto acompanhou o desenvolvimento do transporte aéreo ao
longo dos anos. Cabe aqui apenas ressaltar estes pontos anteriores como mais
relevantes.

No Brasil:
Há também, no acompanhamento do histórico do direito aeronáutico no Brasil,
três destaques: A publicação da primeira lei específica para a aviação brasileira
(Código Brasileiro do Ar), em 1938; A promulgação do novo Código Brasileiro do
Ar – A Política de estímulo à fusão e associação de Empresas e Controle sobre
valores das passagens aéreas, em 1966; e a promulgação da Lei 7.565, o Código
Brasileiro de Aeronáutica, em 1986, ainda em vigor.

A Composição do Direito Aeronáutico Brasileiro


O Código Brasileiro de Aeronáutico, o qual será estudado a seguir, traz em seu
texto a composição do Direito Aeronáutico Brasileiro, vejamos:

5
ANDRÉ LUIZ BRAGA

Art. 1° O Direito Aeronáutico é regulado pelos Tratados, Convenções e Atos


Internacionais de que o Brasil seja parte, por este Código e pela legislação
complementar.
§ 3° A legislação complementar é formada pela regulamentação prevista neste
Código (Lei 7.565/86 - CBA), pelas leis especiais, decretos e normas sobre
matéria aeronáutica.
Ex.: Lei do Aeronauta 13.475/2017,
Resoluções, Portarias, Regulamentos e etc.
Regulamentação da Aviação Civil

Em síntese, o Direito Aeronáutico Brasileiro apresenta a seguinte composição:


Tratados;
Convenções e Atos Internacionais.
Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei 7.565/86) legislação complementar:
leis especiais;
Decretos; e
Normas sobre matéria aeronáutica.

O CBA
Um Código é o conjunto sistemático de normas jurídicas sobre determinado
assunto e o “sobrenome” de aeronáutica qualifica este código nas atividades
vinculadas, direta ou indiretamente, ao uso de aeronaves. Para fins de regular a
atividade aérea brasileira, foi promulgada a Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de
1986, denominada Código Brasileiro de Aeronáutica – CBA.

Vale ainda ressaltar que o CBA trata das aeronaves civis, conforme seu artigo
107 § 5º: “Salvo disposição em contrário, os preceitos deste código não se
aplicam às aeronaves militares, reguladas por legislação especial”. Portanto faz
parte do que podemos chamar de direito aeronáutico civil.

Segundo o § 3º do Art. 1º do CBA: “A legislação complementar é formada pela


regulamentação prevista neste Código, pelas leis especiais, decretos e normas
sobre matéria aeronáutica”. Como exemplo desta tem-se a Lei 13.475/2017, que
dispõe sobre a Regulamentação da Profissão de Aeronauta – RPA.

O CBA está organizado segundo as partes a seguir:


- Uso do espaço aéreo; - infraestrutura aeronáutica e aeroportuária; - aeronaves;
- tripulação; - serviços aéreos; - contrato de transporte aéreo; - responsabilidade
civil; e - infrações e sanções.

Autoridade Aeronáutica e Autoridade de Aviação Civil


Para que não haja confusão em relação à Autoridade de Aviação no Brasil, deve-
se observar a legislação que estabelece dois tipos de autoridade, quando o
assunto é a aviação: A Autoridade Aeronáutica Brasileira e a Autoridade de
Aviação Civil Brasileira. A Autoridade Aeronáutica Brasileira cabe ao Ministério
da Defesa e é executada pelo Comando da Aeronáutica, através do DECEA
Departamento de Controle do Espaço Aéreo, órgão responsável pelo Controle do

6
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

Tráfego Aéreo, Meteorologia Aeronáutica e Auxílios à Navegação Aérea entre


outros assuntos.

A Autoridade de Aviação Civil Brasileira cabe ao Ministério da Infraestrutura e é


executada pela Secretaria de Aviação Civil através da ANAC - Agência Nacional
de Aviação Civil, órgão responsável pela Regulação do Setor Aéreo, formação de
aeronautas, Serviços Aéreos e fiscalização da aviação civil, dentre outros.

7
ANDRÉ LUIZ BRAGA

II Aeronaves, Matrícula E Nacionalidade

Definição de Aeronave
O Artigo 106 do CBA traz a seguinte definição: “Considera-se aeronave todo
aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo,
mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas”.

Classificação das Aeronaves


O Artigo 107 em seus quatro parágrafos traz uma classificação das aeronaves
em militares, civis públicas e civis privadas, que segundo seus parágrafos assim
são definidas:
§ 1º Consideram-se militares as integrantes das Forças Armadas, inclusive as
requisitadas na forma da lei, para missões militares.
§ 2º As aeronaves civis compreendem as aeronaves públicas e as aeronaves
privadas.
§ 3º As aeronaves públicas são as destinadas ao serviço do Poder Público,
inclusive as requisitadas na forma da lei; todas as demais são aeronaves
privadas.
§ 4º As aeronaves a serviço de entidades da Administração Indireta Federal,
Estadual ou Municipal são consideradas, para os efeitos deste Código,
aeronaves privadas.

Simplificando: as aeronaves se dividem em civis e militares; as aeronaves civis


se dividem em públicas e privadas públicas.

8
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

Nacionalidade e Matrícula
Em seu Art. 109, o CBA estabelece que “O Registro Aeronáutico Brasileiro, no ato
da inscrição, após a vistoria técnica, atribuirá as marcas de nacionalidade e
matrícula, identificadoras da aeronave”.

§ 1º: “A matrícula confere nacionalidade brasileira à aeronave e substitui a


matrícula anterior, sem prejuízo dos atos jurídicos realizados anteriormente.

§ 2º Serão expedidos os respectivos certificados de matrícula e nacionalidade e


de aeronavegabilidade.

Para fins de matrícula a OACI destinou ao Brasil as seguintes famílias de


matrículas: PP, PT, PR e PU, todas começando por estas iniciais seguidas de um
grupo de três letras por ordem combinatória de AAA à ZZZ. Desta forma sempre
que for observada uma aeronave com estas matrículas tratar-seá de uma
aeronave brasileira. Como por exemplo: PP-BRG; PR-WGL e; PT-AND.

Registro Aeronáutico Brasileiro, RAB


No Brasil, o registro aeronáutico é competência do Governo Federal. O registro
deve ser único e centralizado e cabia ao Departamento de Aviação Civil – DAC.
Com o advento da ANAC, a administração do RAB Registro Aeronáutico
Brasileiro ficou a cargo de sua Superintendência de Aeronavegabilidade.
Funções do RAB
De acordo com o Art. 72 do CBA são: “O Registro Aeronáutico Brasileiro será
público, único e centralizado, destinando-se a ter, em relação à aeronave, as
funções de:
a) Emitir certificados de matrícula, de aeronavegabilidade e de nacionalidade de
aeronaves sujeitas à legislação brasileira;
b) Reconhecer a aquisição do domínio na transferência por ato entre vivos e dos
direitos reais de gozo e garantia, quando se tratar de matéria regulada por este
Código;
c) Assegurar a autenticidade, inalterabilidade e conservação de documentos
inscritos e arquivados; e
d) Promover o cadastramento geral.

§ 1º É obrigatório o fornecimento de certidão do que constar do Registro;

§ 2º O Registro Aeronáutico Brasileiro será regulamentado pelo Poder


Executivo”.

9
ANDRÉ LUIZ BRAGA

III Aplicação do CBA

Jurisdição do Brasil
De acordo com o Art. 2º da Lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993, “A
soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espaço aéreo sobrejacente,
bem como ao seu leito e subsolo”.

E o Art. 1º da Lei nº 8.617, já referida define que: “O mar territorial brasileiro


compreende uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a partir da
linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas
náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente Soberania Nacional

Sobre a Soberania Nacional, o Art. 11 do CBA afirma: “O Brasil exerce completa


e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar
territorial”.

Lei 7.565/86 – CBA


O Código Brasileiro do Ar se aplica a nacionais e estrangeiros, em todo o
Território Nacional, assim como, no exterior, até onde for admitida a sua
extraterritorialidade.

Extraterritorialidade
Cabe, então, uma explicação sobre o conceito de extraterritorialidade: pelo
instituto da extraterritorialidade reconhece-se a eficácia da legislação, jurisdição
e administração de um estado, além das fronteiras de seu território e águas
territoriais, ou seja, estar na extraterritorialidade significa ser considerado em
território de seu país onde quer que se encontre como no exemplo das
embaixadas oficiais.
Estão enquadradas neste caso, segundo o CBA:

Consideram-se situadas no território do Estado de sua nacionalidade:


a) As aeronaves militares, bem como as civis de propriedade ou a serviço do
Estado, por este diretamente utilizadas;
b) As aeronaves de outra espécie, quando em alto-mar ou região que não
pertença a qualquer Estado; Salvo na hipótese de estar a serviço do Estado,

Atenção: não prevalece extraterritorialidade em relação à aeronave privada, que


se considera sujeita à lei do Estado onde se encontre.

Aplicação de Leis sobre aeronaves


Nenhuma aeronave governamental, a serviço de um estado ou militar, poderá
sobrevoar o território de outro Estado e suas águas territoriais, sem autorização.

Em voo no espaço aéreo brasileiro ou em pouso no território de nosso país, a


aeronave civil privada estrangeira se sujeita às leis, à jurisdição e às autoridades
administrativas brasileiras.

10
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

Não há que se falar em extraterritorialidade. Entretanto, se estiver em alto mar


ou região que não pertença a qualquer Estado, considerar-se-á sujeita à
legislação e jurisdição do estado de sua nacionalidade.

11
ANDRÉ LUIZ BRAGA

IV Liberdades do Ar

As Liberdades do Ar
Para possibilitar o comércio aéreo internacional, os Estados celebram acordos
bilaterais ou multilaterais e realizam ações de cooperação entre si. Dentre estas
ações estão as chamadas liberdades do ar, que são direitos de tráfego,
negociados entre os Estados, que permitem às empresas aéreas de um país
operar no território do outro país ou além deste. As liberdades do ar surgem,
formalmente, a partir da Conferência de Chicago como aprimoramento das
parcerias comerciais, em matéria de serviços aéreos.

As duas primeiras liberdades são consideradas como básicas ou elementares,


sem as quais o transporte aéreo internacional seria inviável. São elas:

1ª Liberdade - a de sobrevoo dentro do território, tendo o Estado subjacente o


direito de proibir certas áreas em nome da segurança, mas em bases não
discriminatórias;

2ª Liberdade - direito de pouso técnico para reabastecimento e reparação de


pane verificada na aeronave.

As demais liberdades são classificadas como Marecantis ou Comerciais, uma


vez que envolvem tráfego entre os Estados com movimentação comercial
relativa ao transporte de passageiros, mala postal e carga. São elas:

3ª Liberdade - desembarcar passageiros, mercadorias e mala postal


provenientes do Estado de matrícula da aeronave;
4ª Liberdade - embarcar passageiros, mercadorias e mala postal com destino ao
Estado de matrícula da aeronave;
Estas duas liberdades se completam e são tecnicamente o que é reconhecido
como direito ao comério direto entre dois estados.

5ª Liberdade - permitir que as aeronaves do outro Estado embarquem e


desembarquem, em seu território, passageiros e mercadorias, com destino a –
ou provenientes de – outros países membros da OACI.

6ª Liberdade - direito de transportar passageiros e carga, através do território do


País de matrícula da aeronave, entre o território de um terceiro Estado e o
território do outro Estado contratante.
Tomando como exemplo uma empresa brasileira, seria: direito de a empresa
brasileira designada transportar passageiros, mala postal e carga entre dois
outros países, com pouso intermediário no Brasil.

7ª Liberdade - direito de transportar passageiros, mala postal ou carga comercial


de um Estado para outro sem passar pelo Estado de bandeira da aeronave;

12
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

8ª Liberdade - direito de transportar passageiros, mala postal ou carga comercial


entre dois pontos do território de um Estado diferente daquele do da bandeira da
aeronave;

9ª Liberdade - direito de transportar passageiros, mala postal ou carga comercial


entre dois pontos no território do outro Estado. Esta ação é denominada
Navegação de Cabotagem e raramente é permitida.

13
ANDRÉ LUIZ BRAGA

V Serviços Aéreos e Transporte Aéreo

Conceito de Serviços Aéreos


“Serviço aéreo é a prestação de determinado serviço utilizando como
elemento essencial uma aeronave”.

Classificação dos Serviços Aéreos:


Os serviços aéreos abrangem os serviços aéreos privados e os serviços aéreos
públicos. Quando a utilização de aeronave privada é feita para satisfação restrita
do proprietário, quer para recreio, turismo ou desporto, transporte ou operação
de interesse próprio, a atividade aérea é particular, privada. A operação de
aeronave privada para serviço público ou de utilidade pública caracteriza o
serviço público aéreo.

Observe que na definição de serviço aéreo público e privado em momento algum


deve ser levada em consideração a remuneração sobre o serviço prestado, ou
seja, o que define se o serviço aéreo é público ou privado não é se paga-se ou
não por ele e sim a quem cabe a obrigação primeira na prestação deste serviço.

Como a aviação representa um importante modal de transporte e o transporte,


seja ele terrestre, marítimo ou aéreo é responsabilidade dos governos (municipal,
estadual e federal), este serviço de transporte de passageiros e cargas é público.
E o governo cederá concessões para exploração do transporte regular e
autorizações para exploração do transporte não regular. Desta forma, o que
temos hoje no mercado de transporte aéreo são empresas privadas com
autorização ou concessão para explorar um serviço aéreo público.

Serviços aéreos privados


O CBA em seu Art. 177 define: Os serviços aéreos privados são os
realizados, sem remuneração, em benefício do próprio operador compreendendo
as atividades aéreas:
a) de recreio ou desportivas;
b) de transporte reservado ao proprietário ou operador da aeronave; e
c) de serviços aéreos especializados, realizados em benefício exclusivo do
proprietário ou operador da aeronave.

Os proprietários ou operadores de aeronaves destinadas a serviços aéreos


privados, sem fins comerciais, não necessitam de autorização para suas
atividades aéreas, segundo o Art. 178 do CBA.

Serviços aéreos públicos


Art. 175 CBA: Os serviços aéreos públicos abrangem os serviços aéreos
especializados públicos e os serviços de transporte aéreo público de passageiro,
carga ou mala postal, regular ou não regular, doméstico ou internacional.

Art. 180. A exploração de serviços aéreos públicos dependerá sempre de prévia


concessão, quando se tratar de transporte aéreo regular, ou de autorização no
caso de transporte aéreo não regular ou de serviços especializados.

14
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

Serviços aéreos especializados.


Os serviços aéreos especializados abrangem as atividades aéreas de:
a) Aerofotografia, aerofotogrametria, aerocinematografia, aerotopografia;
b) Prospecção, exploração ou detecção de elementos do solo ou subsolo, do
mar, da plataforma submarina, da superfície das águas ou de suas profundezas;
c) Publicidade aérea de qualquer natureza;
d) Fomento ou proteção da agricultura em geral;
e) Saneamento, investigação ou experimentação técnica ou científica;
f) Ensino e adestramento de pessoal de voo;
g) Provocação artificial de chuvas ou modificação de clima; e
h) Qualquer modalidade remunerada, distinta do transporte público.

Transporte Aéreo
Os Serviço de transporte aéreo de passageiros, carga ou mala postal serão
classificados como: regular ou não regular, doméstico ou internacional.

Transporte Aéreo Regular: aquele que tem periodicidade. As empresas


receberão da Autoridade Aeronáutica Concessão para explorar o serviço.

Transporte Aéreo Não regular: aquele que ocorre por fretamento. As empresas
receberão da Autoridade Aeronáutica Autorização para explorar o serviço.

Classificação dos transportes


Os Serviço de transporte aéreo de passageiros, carga ou mala postal serão
classificados como: regular ou não regular, doméstico ou internacional.

Transporte Aéreo Internacional: Aeródromos de partida e destino situados em


países diferentes;

Transporte Aéreo Doméstico: Aeródromos de partida e destino situados em um


mesmo país;

O Transporte aéreo doméstico pode ser classificado como:


a) Transporte Doméstico Nacional: opera em Capitais de estados e cidades com
mais que 1 milhão de habitantes; e
b) Transporte Doméstico Regional: opera nas demais cidades.

Transporte Aéreo Doméstico


Segundo o CBA, em seu Art. 215. considera-se doméstico e é regido por este
Código, todo transporte em que os pontos de partida, intermediários e de destino
estejam situados em Território Nacional.

Parágrafo único. O transporte não perderá esse caráter se, por motivo de força
maior, a aeronave fizer escala em território estrangeiro, estando, porém, em
território brasileiro os seus pontos de partida e destino.

15
ANDRÉ LUIZ BRAGA

Exploração do Transporte Aéreo Doméstico:


O Art. 216 do CBA afirma: Os serviços aéreos de transporte público doméstico
são reservados às pessoas jurídicas brasileiras. Então conclui-se que “Somente
empresas nacionais podem realizar o transporte aéreo público doméstico”

Segundo o Art.181: A Concessão será dada à empresa aérea que comprovar ter:
a) sede no Brasil;
b) pelo menos 4/5 (quatro quintos) do capital com direito a voto, pertencente a
brasileiros, prevalecendo essa limitação nos eventuais aumentos do capital
social; III e
c) direção confiada exclusivamente a brasileiros.

Recentemente, uma alteração no CBA passou a permitir que o capital de uma


empresa brasileira aérea tenha até 100% de sua origem no exterior. Permancem
entratanto, as outras obrigações.

Transporte Aéreo Internacional


“Aquele que é realizado tendo como pontos de partida e de destino pertencentes
a Estados diferentes”.

Art. 203. Os serviços de transporte aéreo público internacional podem ser


realizados por empresas nacionais ou estrangeiras.

Parágrafo único. A exploração desses serviços sujeitar-se-á:


às disposições dos tratados ou acordos bilaterais vigentes com os
respectivos Estados e o Brasil; e na falta desses, ao disposto no CBA.

Exploração:
Art. 204. O Governo brasileiro designará as empresas para os serviços de
transporte aéreo internacional.
§ 1° Cabe à empresa ou empresas designadas providenciarem a autorização de
funcionamento, junto aos países onde pretendem operar.

Art. 205. Para operar no Brasil, a empresa estrangeira de transporte aéreo deverá:
- Ser designada pelo Governo do respectivo país;
- Obter autorização de funcionamento no Brasil.
- Obter autorização para operar os serviços aéreos.

16
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

VI Condições de Tráfego Aéreo

Tráfego Aéreo no Brasil


Art. 14. No tráfego de aeronaves no espaço aéreo brasileiro, observam-se as
disposições estabelecidas nos Tratados, Convenções e Atos Internacionais de
que o Brasil seja parte, neste Código e na legislação complementar.

A autoridade para assuntos de tráfego aéreo no Brasil é o Comando da


Aeronáutica, que as atividades do setor através do Departamento de Controle de
Espaço Aéreo – DECEA. (Autoridade Aeronáutica).

Entrada No Espaço Aéreo Brasileiro


É livre o tráfego de aeronave dedicada a serviços aéreos privados, mediante
informações prévias sobre o voo planejado.

A entrada e o tráfego, no espaço aéreo brasileiro, da aeronave dedicada a


serviços aéreos públicos, dependem de autorização, ainda que previstos em
acordo bilateral.

Uso do Espaço Aéreo Brasileiro


Art. 20. Salvo permissão especial, nenhuma aeronave poderá voar no espaço
aéreo brasileiro, aterrissar no território subjacente ou dele decolar, a não ser que
tenha:
- Marcas de nacionalidade e matrícula, e esteja munida dos respectivos
certificados de matrícula e aeronavegabilidade;
- Equipamentos de navegação, de comunicações e de salvamento, instrumentos,
cartas e manuais necessários à segurança do voo, pouso e decolagem;
- Tripulação habilitada, licenciada e portadora dos respectivos certificados, do
Diário de Bordo (artigo 84, parágrafo único) da lista de passageiros, manifesto
de carga ou relação de mala postal que, eventualmente, transportar.

Transporte de Artigos Perigosos


Art. 21. Salvo com autorização especial de órgão competente, nenhuma
aeronave poderá transportar explosivos, munições, arma de fogo, material
bélico, equipamento destinado a levantamento aerofotogramétrico ou de
prospecção, ou ainda quaisquer outros objetos ou substâncias consideradas
perigosas para a segurança pública, da própria aeronave ou de seus ocupantes.

Porte de Aparelhos Fotográficos


O porte de aparelhos fotográficos, cinematográficos, eletrônicos ou nucleares, a
bordo de aeronave, poderá ser impedido quando a segurança da navegação
aérea ou o interesse público assim o exigir.

Tarifação
A utilização do espaço aéreo brasileiro, por qualquer aeronave, fica sujeita às
normas e condições estabelecidas, assim como às tarifas de uso das
comunicações e dos auxílios à navegação aérea em rota.

17
ANDRÉ LUIZ BRAGA

Estão isentas das tarifas previstas no parágrafo anterior as aeronaves:


pertencentes aos aeroclubes; Aeronaves militares;
Aeronaves que retornam em razão de emergência ou condições meteorológicas;
e
Voo de experiência do produtor.

Aeroclubes e Escolas de Aviação (CIAC)


Sociedade civil cujos objetivos principais são:
formação de pessoal para a aviação civil; o ensino e a prática da aviação civil;
recreio e desportos.

Os aeroclubes e as demais entidades afins, uma vez autorizadas a funcionar, são


considerados como de utilidade pública.

Espaços Aéreos Condicionados


Art. 15. Por questão de segurança da navegação aérea ou por interesse público,
é facultado fixar zonas em que se proíbe ou restringe o tráfego aéreo, estabelecer
rotas de entrada ou saída, suspender total ou parcialmente o tráfego, assim
como o uso de determinada aeronave, ou a realização de certos serviços aéreos.
A Autoridade Aeronáutica para estes assuntos é o DECEA.

Aerodesporto
A prática de esportes aéreos tais como balonismo, volovelismo, asas voadoras
e similares, assim como os voos de treinamento, far-se-ão em áreas
delimitadas pela autoridade aeronáutica;

A utilização de veículos aéreos desportivos para fins econômicos, tais como a


publicidade, submete-se às normas dos serviços aéreos públicos
especializados.

Sobrevoo de Propriedades
Art. 16 Ninguém poderá opor-se, em razão de direito de propriedade na
superfície, ao sobrevoo de aeronave, sempre que este se realize de acordo com
as normas vigentes.

§ 1° No caso de pouso de emergência ou forçado, o proprietário ou possuidor do


solo não poderá opor-se à retirada ou partida da aeronave, desde que lhe seja
dada garantia de reparação do dano.

§ 2° A falta de garantia autoriza o sequestro da aeronave e a sua retenção até


que aquela se efetive.

Lançamento de Objetos de Bordo


O lançamento de coisas, de bordo de aeronave, dependerá de permissão
prévia de autoridade aeronáutica, salvo caso de emergência, devendo o
Comandante proceder de acordo com o disposto no artigo 171 do CBA.

18
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

Acrobacia e Evoluções
Art. 17. É proibido efetuar, com qualquer aeronave, voos de acrobacia ou
evolução que possam constituir perigo para os ocupantes do aparelho, para o
tráfego aéreo, para instalações ou pessoas na superfície.
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição, os voos de prova, produção e
demonstração quando realizados pelo fabricante ou por unidades especiais,
com a observância das normas fixadas pela autoridade aeronáutica.

Ordem Para Pouso


Art. 18. O Comandante de aeronave que receber de órgão controlador de voo
ordem para pousar deverá dirigir-se, imediatamente, para o aeródromo que lhe
for indicado e nele efetuar o pouso.

§ 1° Se razões técnicas, a critério do Comandante, impedirem de fazê-lo no


aeródromo indicado, deverá ser solicitada ao órgão controlador a
determinação de aeródromo alternativo que ofereça melhores condições de
segurança;

§ 2° No caso de manifesta inobservância da ordem recebida, a autoridade


aeronáutica poderá requisitar os meios necessários para interceptar ou deter a
aeronave;

§ 3° Na hipótese do parágrafo anterior, efetuado o pouso, será autuada a


tripulação e apreendida a aeronave.

Operações de Pouso e Decolagem


Art. 19. Salvo motivo de força maior, as aeronaves só poderão decolar ou pousar
em aeródromo cujas características comportarem suas operações.

Entrada e Saída do Espaço Aéreo Brasileiro


Art. 22. Toda aeronave proveniente do exterior fará, respectivamente, o primeiro
pouso ou a última decolagem em aeroporto internacional.

19
ANDRÉ LUIZ BRAGA

VII Aeródromos

Definição de Aeródromo
Segundo o Art. 27.do CBA, Aeródromo é toda área destinada a pouso, decolagem
e movimentação de aeronaves. Há pistas de variados pisos e pavimentos, desde
asfalto até água, passando por grama, areia, brita (pedras) e barro.

Para a OACI: determinada área de terra ou de água (que inclui todas as


edificações, instalações e equipamentos) destinada a chegada, partida e
movimento de aeronaves.

Classificação e cadastro de Aeródromos


Os aeródromos, assim como as aeronaves, são classificados em civis e
militares. Aeródromo civil é o destinado ao uso de todas as aeronaves, já um
aeródromo militar é o destinado apenas ao uso de aeronaves militares.
Os aeródromos militares poderão ser utilizados por aeronaves civis, se
previamente permitido pela autoridade militar responsável pelo aeródromo.

Os aeródromos civis são classificados em públicos e privados.


Nenhum aeródromo civil poderá ser utilizado sem estar devidamente
cadastrado.
Os aeródromos públicos e privados serão abertos ao tráfego através de
processo, respectivamente, de homologação e registro.

Os aeródromos privados só poderão ser utilizados com permissão de seu


proprietário, vedada sua exploração comercial.

Nos aeródromos públicos que forem sede de Unidade Aérea Militar, também
denominados aeródromos mistos, as esferas de competência das autoridades
civis e militares, quanto à respectiva administração, serão definidas em
regulamentação especial.

20
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

Homologação e Registro de Aeródromo


Art. 30. Nenhum aeródromo civil poderá ser utilizado sem estar devidamente
cadastrado.
§ 1° Os aeródromos públicos e privados serão abertos ao tráfego através de
processo, respectivamente, de homologação e registro.
§ 2° Os aeródromos privados só poderão ser utilizados com permissão de seu
proprietário, vedada a exploração comercial.

Homologação de Aeródromos Públicos:


A homologação é o ato administrativo (expedido pela ANAC) que autoriza a
abertura de aeródromo público ao tráfego.

Registro de Aeródromos Privados:


Os aeródromos privados são registrados e abertos ao tráfego aéreo também
pela ANAC.

Aeroportos
Aeroportos são aeródromos públicos dotados de instalações e facilidades para
apoio de operações de aeronaves e de embarque e desembarque de pessoas e
cargas.

Os aeroportos destinados às aeronaves nacionais ou estrangeiras na realização


de serviços internacionais, regulares ou não regulares, serão classificados como
aeroportos internacionais.
O Aeroporto Internacional conta com os seguintes serviços:
a) Alfândega - entrada e saída de mercadorias;
b) Vigilância Sanitária;
c) Polícia Federal; e
d) Controle de Fronteiras – Visto.

Helipontos e Heliportos
Helipontos são aeródromos destinados exclusivamente a helicópteros.
Heliportos são helipontos públicos, dotados de instalações e facilidades para
apoio de operações de helicópteros e de embarque e desembarque de pessoas
e cargas.
Públicos

Civis

Privados
Helipontos

Militares

21
ANDRÉ LUIZ BRAGA

VIII Documentação no CBA

Contrato de Transporte Aéreo


Art. 222. Pelo contrato de transporte aéreo, obriga-se o empresário a transportar
passageiro, bagagem, carga, encomenda ou mala postal, por meio de
aeronave, mediante pagamento;
São três tipos de contrato:
Contrato de transporte de passageiros;
Contrato de carga; e
Contrato de bagagem.

Art. 233. A execução do contrato de transporte aéreo de passageiro compreende


as operações de embarque e desembarque, além das efetuadas a bordo da
aeronave.

Operações de Embarque e Desembarque


Considera-se operação de embarque a que se realiza desde quando o
passageiro, já despachado no aeroporto, transpõe o limite da área destinada ao
público em geral e entra na respectiva aeronave, abrangendo o percurso feito a
pé, por meios mecânicos ou com a utilização de viaturas. A operação de
desembarque inicia-se com a saída de bordo da aeronave e termina no ponto de
intersecção da área interna do aeroporto e da área aberta ao público em geral.

Bilhete de Passagem
Art. 227. No transporte de pessoas, o transportador é obrigado a entregar o
respectivo bilhete individual ou coletivo de passagem, que deverá indicar o lugar
e a data da emissão, os pontos de partida e destino, assim como o nome dos
transportados.

Bilhete de passagem é prova de existência de contrato e deve conter:


Lugar e data de emissão
Pontos de partida e destino;
Os nomes dos transportados.

A falta, irregularidade ou perda do bilhete de passagem, nota de bagagem ou


conhecimento de carga não prejudica a existência e eficácia do respectivo
contrato;

Art. 228. O bilhete de passagem terá a validade de 1 (um) ano, a partir da data de
sua emissão.

Art. 229. O passageiro tem direito ao reembolso do valor já pago do bilhete se o


transportador vier a cancelar a viagem.

Art. 230. Em caso de atraso da partida por mais de 4 (quatro) horas, o


transportador providenciará o embarque do passageiro, em voo que ofereça
serviço equivalente para o mesmo destino, se houver, ou restituirá, de imediato,
se o passageiro o preferir, o valor do bilhete de passagem.

22
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

Art. 231. Quando o transporte sofrer interrupção ou atraso em aeroporto de


escala por período superior a 4 (quatro) horas, qualquer que seja o motivo, o
passageiro poderá optar pelo endosso do bilhete de passagem ou pela imediata
devolução do preço.

Parágrafo único. Todas as despesas decorrentes da interrupção ou atraso da


viagem, inclusive transporte de qualquer espécie, alimentação e hospedagem,
correrão por conta do transportador contratual, sem prejuízo da
responsabilidade civil.

Obrigações dos Passageiros


Art. 232. A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas legais constantes do
bilhete ou afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de ato que cause incômodo
ou prejuízo aos passageiros, danifique a aeronave, impeça ou dificulte a
execução normal do serviço.

Contrato de Transporte de Bagagem


Nota de bagagem: Documento que comprova contrato de transporte de
bagagem.

Art. 234. No contrato de transporte de bagagem, o transportador é obrigado a


entregar ao passageiro a nota individual ou coletiva correspondente, em 2 (duas)
vias, com a indicação do lugar e data de emissão, pontos de partida e destino,
número do bilhete de passagem, quantidade, peso e valor declarado dos
volumes.

Execução do contrato de bagagem


Inicia-se com a entrega ao passageiro da respectiva nota e termina com o
recebimento da bagagem.

Poderá o transportador verificar o conteúdo dos volumes sempre que haja valor
declarado pelo passageiro.

Além da bagagem registrada, é facultado ao passageiro conduzir objetos de uso


pessoal, como bagagem de mão.

O recebimento da bagagem, sem protesto, faz presumir o seu bom estado. O


protesto se fará mediante ressalva lançada no documento de transporte ou
mediante qualquer comunicação escrita, encaminhada ao transportador.

Protesto por avaria - será feito dentro do prazo de sete dias a contar do
recebimento.

Protesto por atraso - será feito dentro do prazo de quinze dias a contar da data
em que a carga haja sido posta à disposição do destinatário.

23
ANDRÉ LUIZ BRAGA

IX Licenças e Certificados

Licenças e Certificados
Art. 160. A licença de tripulantes e os certificados de habilitação técnica e o
certificado médico aeronáutico serão concedidos pela autoridade de aviação
civil, na forma de regulamentação específica.

Parágrafo único. A licença terá caráter permanente e os certificados vigorarão


pelo período neles estabelecido, podendo ser revalidados. A Autoridade de
Aviação Civil para questões de licenças e certificados é a ANAC.

Licença
Documento emitido pela autoridade de aviação civil, que certifica o detentor,
aeronauta ou aeroviário, o cumprimento de certos requisitos de idade,
conhecimentos, experiência, instrução de voo, perícia e aptidão psicofísica, bem
como estabelece suas prerrogativas.

Certificado de Habilitação Técnica – CHT


Documento emitido pela Autoridade de Aviação Civil, averbado à respectiva
Licença, no qual estão contidas habilitações técnicas de classe, de tipo e de
operações que especificam as qualificações, condições especiais, atribuições
ou restrições ao exercício das prerrogativas da referida Licença.

Obtenção da Licença e dos Certificados


Certificado de Habilitação Técnica: Após Curso da Aeronave e Estágio em
Voo (15h).
Licença: será emitida após o cumprimento das etapas de para obtenção do CHT.

Prazos da Licença e Certificados


A licença tem caráter permanente e os certificados são temporários e vigorarão
pelo período neles estabelecidos, podendo ser revalidados.

Cessada a validade do certificado de habilitação técnica ou de capacidade física,


o titular ficará impedido do exercício da função nela especificada.

Sempre que o titular de licença apresentar indício comprometedor de sua


aptidão técnica ou das condições físicas estabelecidas na regulamentação
específica, poderá ser submetido a novos exames técnicos ou de capacidade
física, ainda que válidos estejam os respectivos certificados.

Qualquer dos certificados poderá ser cassado pela autoridade aeronáutica se


comprovado, em processo administrativo ou em exame de saúde, que o
respectivo titular não possui idoneidade profissional ou não está capacitado
para o exercício das funções especificadas em sua licença.

Segundo o Art. 72. da Lei 13.475/17 é de responsabilidade do empregador o


custeio do certificado médico e de habilitação técnica de seus tripulantes, sendo

24
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

responsabilidade do tripulante manter em dia seu certificado médico, como


estabelecido na legislação em vigor.

§ 1º Cabe ao empregador o controle de validade do certificado médico e da


habilitação técnica para que sejam programadas, na escala de serviço do
tripulante, as datas e, quando necessárias, as dispensas para realização dos
exames necessários para a revalidação.

§ 2º É dever do empregador o pagamento ou o reembolso dos valores pagos


pelo tripulante para a revalidação do certificado médico e de habilitação técnica,
tendo como limite os valores definidos pelos órgãos públicos, bem como dos
valores referentes a exames de proficiência linguística e a eventuais taxas
relativas a documentos necessários ao exercício de suas funções contratuais.

É vedado à empresa escalar tripulante com certificado vencido, ainda que esteja
aguardando resultado de exames de revalidação.

É vedada a expedição de certificados provisórios, bem como revalidação ou


prorrogação aos aeronautas, sem que o resultado da realização dos exames seja
publicado pela ANAC.

25
ANDRÉ LUIZ BRAGA

X Tripulações e Comandante da Aeronave

Tripulantes
Art. 156. São tripulantes as pessoas devidamente habilitadas que exercem
função a bordo de aeronaves.

§ 1o A função remunerada a bordo de aeronaves, nacionais ou estrangeiras,


quando operadas por empresa brasileira no formato de intercâmbio, é privativa
de titulares de licenças específicas emitidas pela autoridade de aviação civil
brasileira e reservada a brasileiros natos ou naturalizados.

§ 2° A função não remunerada, a bordo de aeronave de serviço aéreo privado


pode ser exercida por tripulantes habilitados, independentemente de sua
nacionalidade.

§ 3° No serviço aéreo internacional poderão ser empregados comissários


estrangeiros, contanto que o número não exceda 1/3 (um terço) dos
comissários a bordo da mesma aeronave.

Art. 157. Desde que assegurada a admissão de tripulantes brasileiros em


serviços aéreos públicos de determinado país, deve-se promover acordo
bilateral de reciprocidade.

Na falta de tripulantes de voo brasileiros, instrutores estrangeiros poderão ser


admitidos em caráter provisório, por período restrito ao da instrução, de acordo
com regulamento exarado pela autoridade de aviação civil brasileira

Conceito
Art. 165. Toda aeronave terá a bordo um Comandante, membro da tripulação,
designado pelo proprietário ou explorador e que será seu preposto durante a
viagem.

Art. 166. O Comandante é responsável pela operação e segurança da aeronave.


O Comandante será também responsável pela guarda de valores, mercadorias,
bagagens despachadas e mala postal, desde que lhe sejam asseguradas pelo
proprietário ou explorador condições de verificar a quantidade e estado das
mesmas.
Autoridade do Comandante
Art. 167. O Comandante exerce autoridade inerente à função desde o momento
em que se apresenta para o voo até o momento em que entrega a aeronave,
concluída a viagem.

No caso de pouso forçado, a autoridade do Comandante persiste até que as


autoridades competentes assumam a responsabilidade pela aeronave, pessoas
e coisas transportadas.

Os demais membros da tripulação ficam subordinados, técnica e


disciplinarmente, ao Comandante da aeronave.

26
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

Durante a viagem, o Comandante é o responsável, no que se refere à tripulação,


pelo cumprimento da regulamentação profissional no tocante a: limite da
jornada de trabalho; limites de voo; intervalos de repouso; fornecimento de
alimentos.

Art. 168 Durante o período previsto no artigo 167, o Comandante exerce


autoridade sobre as pessoas e coisas que se encontrem a bordo da aeronave e
poderá:
- Desembarcar qualquer delas, desde que comprometa a boa ordem, a disciplina,
ponha em risco a segurança da aeronave ou das pessoas e bens a bordo;
- Tomar as medidas necessárias à proteção da aeronave e das pessoas ou
bens transportados;
- Alijar a carga ou parte dela, quando indispensável à segurança de voo.

Adiamento e Suspensão da Partida


Art. 169. Poderá o Comandante, sob sua responsabilidade, adiar ou suspender a
partida da aeronave, quando julgar indispensável à segurança do voo.

Delegação de Atribuições
Art. 170. O Comandante poderá delegar a outro membro da tripulação as
atribuições que lhe competem, menos as que se relacionem com a segurança
do voo.

Diário de Bordo
É o livro de registro de voo, jornada e ocorrências da aeronave e de seus
tripulantes, em conformidade com estabelecido no CBA, confeccionado de
acordo com as instruções contidas na Portaria N°128-2019/SPO/SAR.

Registro no Diário de Bordo


Art. 171. As decisões tomadas pelo Comandante na forma dos artigos parágrafo
único, inclusive em caso de alijamento, serão registradas no Diário de Bordo e,
concluída a viagem, imediatamente comunicadas à autoridade aeronáutica.

Art. 172. O Diário de Bordo, além de mencionar as marcas de nacionalidade e


matrícula, os nomes do proprietário e do explorador, deverá indicar para cada
voo a data, natureza do voo (privado aéreo, transporte aéreo regular ou não
regular), os nomes dos tripulantes, lugar e hora da saída e da chegada, incidentes
e observações, inclusive sobre infraestrutura de proteção ao voo que forem de
interesse da segurança em geral.
O Diário de Bordo deverá estar assinado pelo piloto Comandante, que é o
responsável pelas anotações, aí também incluídos os totais de tempos de voo e
de jornada.

Art. 173. O Comandante procederá ao assento, no Diário de Bordo, dos


nascimentos e óbitos que ocorrerem durante a viagem, e dele extrairá cópia para
os fins de direito.

27
ANDRÉ LUIZ BRAGA

Parágrafo único. Ocorrendo mal súbito ou óbito de pessoas, o Comandante


providenciará, na primeira escala, o comparecimento de médicos ou da
autoridade policial local, para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

28
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

XI Infrações ao CBA

Infrações
Art. 289. Na infração aos preceitos deste Código ou da legislação complementar,
a autoridade aeronáutica poderá tomar as seguintes providências
administrativas:
a) multa;
b) suspensão de certificados, licenças, concessões ou autorizações;
c) cassação de certificados, licenças, concessões ou autorizações;
d) detenção, interdição ou apreensão de aeronave, ou do material transportado;
e) intervenção nas empresas concessionárias ou autorizadas.

Art. 295. A multa será imposta de acordo com a gravidade da infração, podendo
ser acrescida da suspensão de qualquer dos certificados ou da autorização ou
permissão.

Art. 296. A suspensão será aplicada para período não superior a 180 (cento e
oitenta) dias, podendo ser prorrogada uma vez por igual período.
Multas

Art. 299. Será aplicada multa de ate 1.000 (mil) valores de referência, ou de
suspensão ou cassação de quaisquer certificados de matrícula, habilitação,
concessão, autorização, permissão ou homologação expedidos segundo as
regras deste Código, nos seguintes casos:
a) procedimento ou prática, no exercício das funções, que revelem falta de
idoneidade profissional para o exercício das prerrogativas dos certificados de
habilitação técnica;
b) fornecimento de dados, informações ou estatísticas inexatas ou adulteradas;
c) preencher com dados inexatos documentos exigidos pela fiscalização;
d) impedir ou dificultar a ação dos agentes públicos, devidamente credenciados,
no exercício de missão oficial;
e) tripular aeronave com certificado de habilitação técnica ou de capacidade
física vencidos, ou exercer a bordo função para a qual não esteja devidamente
licenciado ou cuja licença esteja expirada;
f) participar da composição de tripulação em desacordo com o que estabelece
este Código e suas regulamentações;
g) desobedecer às determinações da autoridade do aeroporto ou prestar-lhe
falsas informações;
h) inobservar os preceitos da regulamentação sobre o exercício da profissão;
i) inobservar as normas sobre assistência e salvamento;
j) infringir regras, normas ou cláusulas de Convenções ou atos internacionais;
k) infringir as normas e regulamentos que afetem a disciplina a bordo de
aeronave ou a segurança de voo;
l) exceder, fora dos casos previstos em lei, os limites de horas de trabalho ou de
voo;
m) operar a aeronave em estado de embriaguez;
n) ministrar instruções de voo sem estar habilitado.

29
ANDRÉ LUIZ BRAGA

Referências Bibliográficas

BRASIL, Agência Nacional de Aviação Civil – RBAC 63.

_____, Lei nº 13.475, de 28/08/2017 – dispõe sobre a Regulamentação da


Profissão do Aeronauta.

_____, Lei nº 7.565, de 19/12/86 – dispõe sobre o Código Brasileiro de


Aeronáutica.

_____, Agência Nacional de Aviação Civil - Regulamentos Brasileiros de


Homologação Aeronáutica (RBHA) 63 (“Mecânico de Voo e Comissário de
Voo”).

_____, Agência Nacional de Aviação Civil - Regulamentos Brasileiros de Aviação


Civil (RBAC) 121 (“Requisitos Operacionais: Operações Domésticas, de
Bandeira e Suplementares”)

_____, Agência Nacional de Aviação Civil - Regulamentos Brasileiros de Aviação


Civil (RBAC) 135 (“Requisitos Operacionais: Operações Complementares e por
Demanda”).

BRAGA, André Luiz da Cunha. Regulamentação da Aviação Civil – Comissários


de Voo Volume I. Editora Bianch Pilot Training – São Paulo: 2013.

BRASIL. Instituto Histórico-cultural da Aeronáutica. História Geral da


Aeronáutica Brasileira vol 1. Editora Itatiaia Ltda.

OLIVEIRA, Fortunato Câmara. Santos-Dumont. Rio de Janeiro: Adler, 2006.

BARROS, M.L.; CLARO JÚNIOR, Oswaldo. Acervo Histórico – Museu


Aeroespacial. ISBN: 9788589015233. Rio de Janeiro: Adler, 2005.

RODEGUERO, Miguel Ângelo e BRANCO, Humberto. Gerenciando o Risco na


Aviação Geral. São Paulo: Editora Bianch Pilot Training, 2013.

30
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC

VEJO VOCÊ NA PRÓXIMA DISCIPLINA...

Caro aluno, encerramos aqui mais uma disciplina do curso. Mais uma
etapa foi vencida e demos mais um passo na construção do seu
conhecimento profissional.
Espero sinceramente que este livro texto tenha auxíliado na absorção
dos assuntos das disciplinas aqui referenciadas.
Aproveitem, revisem, assistam as videoaulas e procurem-nos para
resolver suas dúvidas persistentes.
Forte abraço, bons estudos e vejo você na próxima disciplina...

Prof.André Braga

31

Você também pode gostar