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Segurança de Voo
Básico de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos
André Braga
CEO do Portal Braga Academy
@bragaalcb @andrebraga
Segurança de Voo
Sumário
INTRODUÇÃO 04
2 ESTRUTURA DO SIPAER 09
CONSIDERAÇÕES FINAIS 37
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38
André Braga
Introdução
A Disciplina
Prezado aluno, Tecnicamente falando, o
Ciente da importância da conceito de Segurança de Voo vem sendo
disciplina Segurança de Voo na formação complementado pelo conceito de
básica de todos que almejam ingressar na Segurança Operacional. Do ponto de vista
aviação, mesmo que para recreio ou da administração pública, algumas
desporto, este texto foi elaborado no sentido modificações mostraram-se necessárias e
de contemplar todos os objetivos também impactaram no conteúdo aqui
recomendados pela ANAC, através dos praticado.
Programas de Instrução, para formação de Assim, o tratamento dado à
piloto privado, piloto comercial, comissários disciplina Segurança de Voo sofreu também
de voo, instrutor de voo e mecânicos de modificações. Alerto para o fato de que,
manutenção. não obstante às atualizações, em algum
Assim, foram reunidos aqui os momento este texto pode vir a fazer
conteúdos programáticos que embasam as referência ao passado recente ou até
videoaulas produzidas para a disciplina. Sem mesmo a situações, procedimentos ou
perder de vista os preceitos do documentos que não existam mais. De toda
reordenamento administrativo do Comando forma, o entendimento histórico do que
da Aeronáutica e seu consequente impacto ocorreu com a segurança de voo em nosso
na transformação do Sistema de Investigação país serve como base para o entendimento
e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – do novo modelo.
SIPAER.
Seja bem-vindo à disciplina e
bons estudos.
Segurança de Voo 4
Introdução
Objetivos
Ao final dos estudos, você deverá ser capaz de:
Reconhecer a evolução da prevenção de acidentes aeronáuticos;
Reconhecer a importância da atuação da OACI na padronização de procedimentos na área de
investigação e prevenção de acidentes, através do ANEXO13;
Citar a responsabilidade do Comando da Aeronáutica quanto à investigação e à prevenção de
acidentes aeronáuticos;
Caracterizar o Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER) e
seus componentes quanto à sua finalidade;
Identificar os princípios básicos da filosofia SIPAER;
Conceituar Comissão de Investigação (CI);
Conceituar acidente aeronáutico, incidente aeronáutico, incidente aeronáutico grave e
ocorrência de solo;
Definir fatores contibuintes;
Identificar as fases da Investigação de Acidentes Aeronáuticos;
Enunciar a responsabilidade do operador com relação ao Programa de Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (PPAA).
Reconhecer as responsabilidades do piloto e do proprietário na prestação de informações para
o esclarecimento dos fatores contribuintes de acidentes/incidentes aeronáuticos;
Reconhecer a importância da manutenção como prevenção de acidentes;
Reconhecer as responsabilidades do piloto em comando no controle da manutenção da
aeronave; e
Reconhecer a importância das inspeções pré-voo e pós-voo para a prevenção de acidentes.
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André Braga
Cap. I – Conceito, Responsabilidade e Histórico da Segurança de Voo
Conceito e Responsabilidade
Conceito de Segurança de Voo No Brasil, cabe ao Governo
Genericamente: é ausência de Federal a responsabilidade pela segurança
acidentes no emprego de aeronaves, ou seja, de voo. Para realizar tal tarefa o Governo
voar sem acidentes. Federal instituiu o SIPAER, Sistema de
Tecnicamente: são as atividades Investigação e Prevenção de Acidentes
de investigação e prevenção de acidentes Aeronáuticos, que através de seu órgão
aeronáuticos, realizadas com a finalidade de central, o CENIPA, Centro de Investigação
evitar perdas de vidas e de material e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos,
decorrentes de acidentes aeronáuticos. executa tais atividades.
Segundo o Art. 87 da Lei nº
Responsabilidade 7.565, de 19 de dezembro 1986 – CBA: “A
No mundo, as normas e práticas prevenção de acidentes aeronáuticos é da
recomendadas para Investigação de responsabilidade de todas as pessoas,
Acidentes Aeronáuticos foram adotadas pelo naturais ou jurídicas, envolvidas com a
Conselho da OACI em 11 de abril de 1951 e fabricação, manutenção, operação e
são designadas pelo Anexo 13 da Convenção circulação de aeronaves, bem assim com
de Chicago, que estabeleceu as bases para as atividades de apoio da infraestrutura
as investigações dos acidentes e incidentes aeronáutica no território brasileiro”
aeronáuticos a nível mundial. (BRASIL, 1986).
Os países que participaram da
Convenção de Chicago, signatários da OACI,
têm a responsabilidade de cumprir o texto da
Convenção, no que tange aos aspectos de
eliminação das deficiências quanto à
segurança, incorporação dos progressos
técnicos e revisão continuada dos
regulamentos.
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Cap. I – Conceito, Responsabilidade e Histórico da Segurança de Voo
Histórico
Histórico da Segurança de Voo Com a criação do Ministério
No Brasil, a primeira atividade da Aeronáutica, em 1941, essas
de segurança de voo registrada data de 10 de investigações foram unificadas sob a
maio de 1908. Quando um acidente ocorrido jurisdição da antiga Inspetoria Geral da
com o balão de ar quente pilotado pelo então Aeronáutica, e passaram a sofrer um
tenente do Exército Juventino, nas processo de constante evolução. Da
imediações do Campo dos Afonsos no RJ, foi aviação civil brasileira, então incipiente, não
motivo de uma investigação que concluiu que se têm muitas notícias. Sabe- se que até o
a válvula de ar quente havia emperrado por início dos anos 30 não existia forma alguma
corrosão. Isto motivou a vistoria em outras de controle ou registro das ocorrências.
válvulas, e foi constatado o adiantado estado Em 1951, nasce a sigla
de corrosão em algumas, o que provocaria SIPAER para identificar o Serviço de
problema semelhante. O Exército determinou Investigação e Prevenção de Acidentes
a parada de todos os balões e a troca de Aeronáuticos. Este serviço, embrião do
suas válvulas, inaugurando desta forma as atual CENIPA, realizava um trabalho
primeiras recomendações de segurança estatístico e também de instauração de
adotadas após uma investigação de inquéritos na busca de culpados pela
acidentes em território brasileiro. ocorrência do acidente.
As atividades mais formais de
investigação e prevenção de acidentes
aeronáuticos, no Brasil, remontam à década
de 20. Com o advento da aviação militar,
tanto na Marinha quanto no Exército, as
investigações dos acidentes ou incidentes
aeronáuticos buscavam, sempre, a apuração
de responsabilidade, através da instauração
de inquérito na busca por culpados.
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André Braga
Cap. I – Conceito, Responsabilidade e Histórico da Segurança de Voo
nova filosofia no tratamento dos acidentes por culpados substituída pela pesquisa dos
acidente seria tratado sob o ponto de vista Serviço, torna-se o CENIPA e este passa a
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Cap. II – Estrutura do SIPAER
O SIPAER
Conceito de Sistema Competências do SIPAER
Sistema é um conjunto de O Art. 86 do CBA traz que
órgãos e elementos relacionados entre si por “compete ao sistema de investigação e
finalidade específica, ou por interesse de prevenção de acidentes aeronáuticos
coordenação, orientação técnica e normativa, planejar, orientar, coordenar, controlar e
não implicando em subordinação hierárquica. executar as atividades de investigação e de
prevenção de acidentes aeronáuticos”.
O SIPAER De acordo com o Art. 87 do
O Sistema de Investigação e CBA, “a prevenção de acidentes aeronáuticos
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – é da responsabilidade de todas as pessoas,
SIPAER foi instituído pelo Decreto nº 69.565 naturais ou jurídicas, envolvidas com a
de 19 de novembro de 1971, e acolhido pelo fabricação, manutenção, operação e
Código Brasileiro de Aeronáutica, Lei nº circulação de aeronaves, bem assim com as
7.565, de 19 de dezembro de 1986, exerce atividades de apoio da infraestrutura
uma atividade única, que é a de prevenir e aeronáutica no território brasileiro”.
investigar acidentes aeronáuticos.
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Cap. II – Estrutura do SIPAER
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Cap. II – Estrutura do SIPAER
Elementos do SIPAER
DIPAA – Divisão de Investigação Acompanhar, analisar e emitir pareceres
e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos. sobre relatórios de acidentes aeronáuticos
Órgão que pertencia à estrutura do ocorridos no exterior, envolvendo
Departamento de Aviação Civil, e hoje está na operadores ou fabricantes brasileiros, em
estrutura do CENIPA. conformidade com o Anexo 13 à
À Divisão de Investigação e Convenção de Aviação Civil Internacional;
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Emitir e distribuir os relatórios finais, “Final
compete: Report”, em conformidade com os
Realizar investigações de acidentes dispositivos previstos no Anexo 13 à
aeronáuticos, de incidentes aeronáuticos e de Convenção de Aviação Civil Internacional e
ocorrências de solo, de acordo com a com a regulamentação estabelecida pelo
regulamentação estabelecida pelo SIPAER; SIPAER;
Supervisionar e analisar as atividades de Propor, quando cabível, o estabelecimento
investigação realizadas pelos elos do SIPAER; de programas específicos e de projetos de
Orientar, coordenar e controlar as atividades acordo com as necessidades ditadas pela
de natureza técnica, ligadas às investigações segurança de voo;
desenvolvidas pelo SIPAER; Propor, no que lhe couber, a atualização da
Elaborar os Relatórios Finais de acidentes regulamentação relativa ao SIPAER.
aeronáuticos, de incidentes aeronáuticos e de
ocorrências de solo de responsabilidade do DPAA – Divisão de
SIPAER; Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.
Propor a indicação de representantes Órgão pertencente à estrutura dos
acreditados para o acompanhamento das Comandos-Gerais e Departamentos do
investigações de interesse do SIPAER Comando da Aeronáutica, exceto o antigo
ocorridas no exterior, em conformidade com o DAC.
Anexo 13 à Convenção de Aviação Civil
Internacional;
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Cap. II – Estrutura do SIPAER
Organizações Militares, que tenham aeronave Espaço Aéreo (SEGCEA) prevista nas
orgânica ou unidade aérea sediada, dos normas por ele (DECEA) emitidas para o
dos grupos de aviação e esquadrões aéreos OSV, os ASV e os EC, mas este assunto
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Cap. III – CENIPA: Funções e Estrutura Órgão Central do SIPAER
O CENIPA
Órgão Central do SIPAER
O CENIPA - Centro de
Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos é o órgão central do SIPAER e,
como tal, tem como atribuições a supervisão,
o planejamento, o controle e a coordenação de
atividades afins, em perfeita consonância com
todos os elos SIPAER. Ao CENIPA estão
subordinados todos os Elos-SIPAER. O Observe que um sistema é um
CENIPA, com sede em Brasília – DF, é a conjunto de relações entre suas diversas
instituição responsável pelas investigações de partes e, como tal, trata-se de um corpo
acidentes aeronáuticos no espaço aéreo etéreo, sem massa. Cabe, portanto, a uma
brasileiro; destas partes a realização das principais
tarefas do sistema para que ele funcione. No
Comando da Aeronáutica
caso do Sistema SIPAER esta parte
importante é o CENIPA. O CENIPA coordena,
CENIPA normatiza, fiscaliza e orienta as demais partes
ou elos do sistema.
SERIPA I
SERIPA II
SERIPA III
SERIPA IV
SERIPA V
SERIPA VI
SERIPA VII
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Cap. III – CENIPA: Funções e Estrutura Órgão Central do SIPAER
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Cap. III – CENIPA: Funções e Estrutura Órgão Central do SIPAER
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Cap. IV – Normas, Filosofia e Pessoal do SIPAER
Normas do SIPAER
O CENIPA regulamenta o NSCA 3-10 - Formação e capacitação dos
funcionamento do SIPAER através de recursos humanos do SIPAER.
documentos por ele publicados denominados
atualmente NSCA, Normas de Sistema do NSCA - 3-12 - Código de Ética do SIPAER.
Comando da Aeronáutica, antigas NSMA,
Normas de Sistema do Ministério da NSCA 3-13 - Protocolos de Investigação de
Aeronáutica. Ocorrências Aeronáuticas da Aviação Civil
Conduzidas pelo Estado Brasileiro.
Normas em vigor atualmente:
NSCA 3-2 Estrutura e atribuições dos NSCA 3-14 - Certificações e Credenciais do
elementos constitutivos do SIPAER. Sistema de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (SIPAER).
NSCA 3-3 - Gestão da Segurança de Voo na
Aviação Brasileira.
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Cap. IV – Normas, Filosofia e Pessoal do SIPAER
Filosofia do SIPAER
A ATIVIDADE DE PREVENÇÃO Filosofia SIPAER
A prevenção de acidentes As atividades da prevenção de
aeronáuticos, de incidentes aeronáuticos e acidentes aeronáuticos devem ser planejadas
ocorrência de solo é o conjunto de atividades e executadas com base nos oito princípios do
destinadas a impedir essas ocorrências, SIPAER, transcritos a seguir:
evitando assim custos adicionais Todo acidente aeronáutico pode e deve ser
desnecessários à operação através da evitado;
preservação dos recursos humanos e Todo acidente aeronáutico resulta de uma
materiais. sequência de eventos, e nunca de uma causa
Os elementos que constituem a isolada;
base e o objeto de toda a atividade de Todo acidente aeronáutico tem um
prevenção de acidentes aeronáuticos são precedente;
definidos no trinômio “homem-meio-máquina”. Prevenção de acidentes aeronáuticos é uma
Caso uma análise efetiva desses três tarefa que requer mobilização geral;
elementos não seja levada a efeito, para que O propósito da prevenção de acidentes
as medidas corretivas eficazes sejam aeronáuticos não é restringir a atividade aérea,
implementadas, os acidentes continuarão a mas estimular o seu desenvolvimento com
ocorrer. segurança;
Em prevenção de acidentes Os comandantes, diretores e chefes são os
aeronáuticos não se deve descuidar de principais responsáveis pelas medidas de
aspectos considerados irrelevantes, tornando- segurança;
se necessária a disseminação de uma real Em prevenção de acidentes aeronáuticos não
mentalidade de segurança de voo no seio da há segredos nem bandeiras; e
coletividade, com especial atenção para as Acusações e punições agem contra os
áreas de motivação, educação e supervisão. interesses da prevenção de acidentes
aeronáuticos.
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Cap. IV – Normas, Filosofia e Pessoal do SIPAER
Pessoal do SIPAER
Os diversos órgãos que O Militar da Reserva que realiza o curso de
compõem o SIPAER têm em sua estrutura Prevenção e Investigação de Acidentes
uma equipe de pessoas altamente Aeronáuticos do CENIPA será nomeado
qualificadas, formadas pelo CENIPA para atuar ASV – Agente de Segurança de Voo.
nas diversas áreas de prevenção e
investigação de acidentes aeronáuticos. Quais Elemento credenciado – EC.
sejam: Pessoa, civil ou militar, que concluiu um dos
Oficial de segurança de voo - OSV. estágios de Segurança de Voo ou o Módulo
Oficial da ativa de Força Armada ou Força de Prevenção do Curso de Segurança de
Auxiliar brasileira que concluiu o módulo de Voo (CSV). É habilitado para uma área
investigação do Curso de Segurança de Voo. específica de atuação. Como por exemplo
para a prevenção, sendo denominado EC-
Agente de segurança de voo – ASV. Prev.
Pessoa, civil ou militar da reserva de Força
Armada ou Força Auxiliar brasileira, que
concluiu o módulo de Investigação do Curso
de Segurança de Voo (CSV).
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Cap. V – Investigação de Acidentes e Incidentes Aeronáuticos
Ciclo da Prevenção
Passemos agora a aplicação Comunicação de Ocorrência
dos conceitos vistos até então. Quando Aeronáutica
ocorre um acidente, permitam tratar assim de Toda pessoa que tiver
modo genérico, pois ainda não explicamos as conhecimento de qualquer ocorrência
diferenças entre este e um incidente, ocorre envolvendo aeronave, ou da existência de
um encadeamento de ações que visam à destroços de aeronave, tem o dever de
celeridade no processo de investigação para comunicá-la, pelo meio mais rápido, à
que outros acidentes similares sejam autoridade pública mais próxima.
evitados. Este encadeamento é chamado de A esta caberá informar a
Ciclo da Prevenção. ocorrência, imediatamente, a alguma
organização do Comando da Aeronáutica, a
qual deverá informar, imediatamente, ao
CENIPA ou ao SERIPA da região
correspondente. (NSCA 3-13/2017).
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Cap. V – Investigação de Acidentes e Incidentes Aeronáuticos
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Cap. V – Investigação de Acidentes e Incidentes Aeronáuticos
Comissão de Investigação
Equipe de pessoas designadas
em caráter temporário, com atuação
multidisciplinar, lideradas e supervisionadas
pelo Investigador-Encarregado, de acordo
com suas qualificações técnico-profissionais,
para cumprir tarefas técnicas de interesse
exclusivo da investigação para fins de
prevenção, devendo ser adequada às
características de cada ocorrência.
Antiga CIAA – Comissão de Investigação de
Acidentes Aeronáuticos.
Ciclo da Prevenção
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Cap. VI – Publicações, Fatores Contribuintes e Recomendações de Segurança
Publicações de Informações
Processo de Investigação O trabalho da CI durante o
pessoal qualificado para determinar os fatos e testemunhas dos fatos, toda documentação
propósito desta atividade não é determinar das publicações (ou Relatórios) é difundir
contribuintes de cada acidente para prevenir Reporte Preliminar – até 30 dias da data
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Cap. VI – Publicações, Fatores Contribuintes e Recomendações de Segurança
Fatores Contribuintes
Um acidente nunca ocorre de Fator humano – FH
causa isolada. Não há culpados ou fato Área de abordagem da segurança de voo que
determinante em acidentes, estes são se refere ao complexo biológico do ser
sempre o encadeamento de ocorrências, por humano, em dois aspectos:
vezes tidas como irrelevantes, que, ao se Aspecto fisiológico: é a
acumularem, contribuem para o desfecho participação de variáveis fiscais ou
trágico da situação. Estes fatores, objetos das fisiológicas no desempenho da pessoa
pesquisas durante os processos de envolvida;
investigação e prevenção são denominados Aspecto psicológico: é a
fatores contribuintes. participação de variáveis psicológicas
individuais, psicossociais ou organizacionais
Conceito no desempenho da pessoa envolvida.
É a condição, ato, fato ou
combinação deles, que, aliada a outras, em Fator material – FM
sequência ou como consequência, conduz à Área de abordagem da
ocorrência de um acidente, incidente segurança de voo que se refere à aeronave,
aeronáutico ou de uma ocorrência de solo, ou incluindo seus componentes, nos seus
que contribui para o agravamento de suas aspectos de projeto, de fabricação e de
consequências. manuseio do material.
Deficiência de projeto:
Classificação dos Fatores Contribuintes participação do projeto da aeronave ou
Os fatores contribuintes componente, por inadequação do material
classificam-se de acordo com a área de estabelecido; dos controles, luzes ou
abordagem da segurança de voo, quais instrumentos devido à interferência induzida
sejam na área do fator humano, do fator pela sua forma, tamanho, instalação ou
material ou do fator operacional. posicionamento; ou do estabelecimento
inadequado de parâmetros de operação ou
de manutenção preventiva;
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Cap. VI – Publicações, Fatores Contribuintes e Recomendações de Segurança
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Cap. VI – Publicações, Fatores Contribuintes e Recomendações de Segurança
Recomendações de Segurança
Recomendações de Segurança
são medidas que visam a evitar
outras ocorrências por fatores contribuintes
similares, ou mitigar as suas consequências.
A Recomendação de Segurança
será emitida pelo CENIPA por meio de Relatório
Final, de Relatório Final Simplificado ou de outro
documento específico, e terá como destinatário
a organização com competência para adotar as
ações recomendadas.
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Cap. VII – Conceitos de Acidente e Incidente Aeronáutico
Acidente Aeronáutico
Conceito ** FALHA ESTRUTURAL OU DANO QUE:
Toda ocorrência aeronáutica afete a resistência, o desempenho ou as
relacionada à operação de uma aeronave características de voo;
tripulada, havida entre o momento em que exija a realização de grande reparo ou a
uma pessoa nela embarca com a intenção de substituição do componente;
realizar um voo até o momento em que todas Exceções:
as pessoas tenham dela desembarcado e, Um único motor, carenagens, hélices,
durante os quais, pelo menos uma das pontas de asa, antenas, aletas, pneus,
situações abaixo ocorra: freios, rodas, carenagens do trem, painéis,
uma pessoa sofra lesão grave ou venha a portas do trem de pouso, para-brisas,
falecer *; amassamentos leves e pequenas
a aeronave tenha falha estrutural ou dano que perfurações no revestimento da aeronave e
exija substituição **; aqueles danos resultantes de colisão com
a aeronave seja considerada desaparecida*** granizo ou ave (incluindo perfurações).
ou esteja em local inacessível.
* LESÃO GRAVE OU FALECIMENTO *** AERONAVE DESAPARECIDA:
Por estar ou ter contato com peças ou partes Uma aeronave será considerada
da aeronave; desaparecida quando as buscas oficiais
Ser submetida à exposição direta do sopro de forem encerradas e os destroços não forem
hélice, de rotor ou de escapamento de jato, ou encontrados.
às suas consequências.
Exceção: causas naturais, auto infligidas ou
infligidas por terceiros, ou causadas a pessoas
que embarcaram clandestinamente.
As lesões decorrentes de um Acidente
Aeronáutico que resultem óbito em até 30 dias
após a data da ocorrência são consideradas
lesões Fatais.
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Cap. VII – Conceitos de Acidente e Incidente Aeronáutico
Incidente Aeronáutico
Conceito Proximidade das aeronaves (AIRPROX):
Toda ocorrência, inclusive de situação em que, na opinião do piloto ou do
tráfego aéreo, associada à operação de uma órgão ATS, a distância entre aeronaves
aeronave, havendo intenção de voo, que não bem como suas posições relativas e
chegue a se caracterizar como um acidente, velocidades forma tais que a segurança
mas que afete ou possa afetar a segurança da tenha sido comprometida.
operação.
Ocorrência de solo
Incidente aeronáutico grave Toda ocorrência envolvendo aeronave e
Incidente ocorrido sob não havendo intenção de voo, da qual
circunstâncias em que um acidente quase resulte dano ou lesão.
ocorreu. A diferença entre o incidente grave e
o acidente está apenas nas consequências. Intenção de Voo
“Considera-se presente a
Incidente de tráfego aéreo intenção de realizar voo: desde o momento
Toda ocorrência envolvendo o em que se dá a partida do(s) motor(es) ou
tráfego aéreo, que constitua risco para as o fechamento da(s) porta(s) da aeronave, o
aeronaves, relacionada com: que ocorrer primeiro, até o corte do(s)
Facilidades: dificuldades causadas pela falha motor(es), a parada total das pás do rotor
de alguma instalação de infraestrutura de ou a abertura da(s) porta(s) da aeronave, o
navegação aérea; que ocorrer por último.” (NSCA 3-1/2008)
Procedimentos: dificuldades ocasionadas por
procedimentos falhos, ou não cumprimento
dos procedimentos aplicáveis;
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André Braga
Cap. VII – Conceitos de Acidente e Incidente Aeronáutico
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Cap. VIII – Ações Iniciais e Responsabilidade do Explorador
Ações Iniciais
Ações Iniciais Caso não haja sobreviventes a remoção de
São um conjunto de medidas cadáveres não se torna urgente;
preliminares adotadas no local do acidente Auxiliar na elaboração e listagem das
aeronáutico, de acordo com técnicas testemunhas do evento;
especificas e por pessoal habilitado, visando a Apresentar-se na hora e local indicados
preservação de indícios, a desinterdição da pela Comissão de Investigação;
pista e ao levantamento inicial de danos Afastar de imediatamente os envolvidos da
causados a terceiros e de outras informações escala de voo;
necessárias ao processo de investigação. Colaborar com a CI na coleta de materiais e
informações;
Responsabilidade do Explorador Prover treinamento aos tripulantes quanto a
Comunicar a ocorrência do acidente/incidente; ação pós acidente;
Prestar todas as informações dentro do prazo Transporte de sobreviventes e Destinação
estabelecido; de restos mortais;
Manter ou providenciar quem mantenha a Divulgação de ensinamentos;
guarda da aeronave e seus destroços; Ressarcimento de danos; e
Comunicar diretamente aos familiares das Remoção da aeronave.
vítimas e o público em geral a ocorrência do
acidente; Autoridade do Comandante
Notificar as famílias, providenciar a remoção e A autoridade do Comandate da aeronave
tarefas funerárias; permanece após o acidente aeronáutico até
Não alterar o cenário do acidente a menos que que cheguem ao local as equipes de
seja para salvar vidas; resgate.
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Cap. IX – Ferramentas, Programas e Atividades de Prevenção
Ferramentas e PPAA
O SIPAER prevê a utilização de O PPAA é uma orientação
ferramentas e determina a adoção de básica da atividade de prevenção de
programas visando à prevenção, dentre os acidentes aeronáuticos, caracterizando-se
quais os mais destacados são: num esforço conjunto entre os
PPAA – Programa de Prevenção de Acidentes comandantes, presidentes ou congêneres,
Aeronáuticos; proprietários e todos os envolvidos direta
Incentivo ao RELPREV e ao RCSV; ou indiretamente na atividade aérea,
Vistoria de Segurança de Voo; visando a eliminar os acidentes e incidentes
Programa de Preservação de Áudio; aeronáuticos. Baseia-se em experiências e
Programa de Prevenção contra Danos conhecimentos, com a intenção de
Causados por Objeto Estranho - FOD; identificar, de forma organizada, as
Atividades Educativas: Jornadas de ameaças que põem em risco a segurança
Segurança de Voo, Divulgação Operacional e de voo.
etc. O PPAA tem por objetivos:
Estabelecer a política de prevenção de
Programa de prevenção de acidentes acidentes aeronáuticos da organização;
aeronáuticos Orientar os envolvidos quanto à realização
O PPAA é o documento que da atividade de prevenção de acidentes
estabelece ações e responsabilidades aeronáuticos, de modo a tornar a operação
dirigidas à segurança da atividade aérea, aérea mais segura e com a consequente
referindo-se ao período de um ano. preservação dos meios humanos e
materiais;
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Cap. IX – Ferramentas, Programas e Atividades de Prevenção
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Cap. IX – Ferramentas, Programas e Atividades de Prevenção
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Cap. IX – Ferramentas, Programas e Atividades de Prevenção
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Cap. IX – Ferramentas, Programas e Atividades de Prevenção
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Cap. X – A Manutenção e a Segurança de Voo
Manutenção
Conceito de Manutenção:
A manutenção de aeronaves é
uma série de ações executadas para
conservá-las em condição de uso ou restaurá-
las a essa condição.
A manutenção compreende
assistência técnica, inspeções, testes,
medidas de conservação e classificação
quanto ao estado, ao reparo, ao
acondicionamento, à recuperação e ao
salvamento, das aeronaves e seus
componentes. Revisões
Revisões de 50, 100, 500,
Tipos de Manutenção 1000 horas de voo - A cada 50 (cinquenta)
Preventiva; horas de voo, a aeronave é submetida a
Preditiva; uma revisão, conforme o manual de
Modificadora; e manutenção do fabricante, sendo que
Corretiva. existe um aumento da complexidade nos
itens a serem verificados nas revisões
Inspeção Pré-Voo seguintes de 100, 500, 1000 horas.
Inspeção externa executada
visualmente do exterior da aeronave, que
compreende as seguintes partes: trem-de-
pouso, superfícies de comando, rodas,
coberturas do motor etc.
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Cap. X – A Manutenção e a Segurança de Voo
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Considerações Finais
Prezado aluno,
Bons estudos!
André Braga
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Referências Bibliográficas
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Volume I. Editora Bianch Pilot Training – São Paulo: 2014.
BRASIL, Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - NSCA 3-2 Estrutura
e atribuições dos elementos constitutivos do SIPAER.2017.
_____, Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - NSCA 3-3 - Gestão
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TAVEIRA, Nelson. Além dos Manuais, São Paulo. Somos Editorial, 2013.
RODEGUERO, Miguel Angelo e BRANCO, Humberto. Gerenciando o Risco na Aviação Geral.
São Paulo: Editora Bianch Pilot Training, 2013.
CALAZANS, Daniel Celso. Acidentes Aéreos. São Paulo. Ed. Bianch, 2013
CALAZANS, Daniel Celso. Desvendando a caixa preta. São Paulo: All Print Editora, 2011.
QUARANTA, Marcelo. Comandante...na Integra da Palavra. São Paulo: Editora Bianch Pilot
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