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UM SONHO DE LIBERDADE- THE SHAWSHANK REDEMPTION

Andy Drufresne é um homem de 35 anos bem-sucedido, inteligente e casado.


Ele acaba sendo condenado por duas prisões perpétuas pela morte da mulher
e do amante dela, é o personagem principal da história muita coisa que
acontece na prisão quando ele começa a fazer parte. Red é amigo de
Drufresne na prisão e é coadjuvante no enredo, após a condenação do de
Drufresne, Red está numa audiência após o cumprimento de 20 anos de uma
pena perpetua, nesse caso Red tenta convencer os juízes que ele é um homem
mudando que se arrependeu, e que merece uma segunda chance, e é
rejeitado. Esse tipo de julgamento é oferecido para todos condenados a partir
de um tempo de cumprimento de pena, acontece que todos os casos de todos
julgados são negados, exceto em alguns casos que vão acontecer durante o
enredo. Red é um traficante dentro da prisão, é bastante respeitado e
consegue quase tudo para os prisioneiros. Dentro da prisão cada um daqueles
homem tem um contexto e é importante para aquela comunidade, eles se
sentem respeitados e importantes para aquela comunidade.
A prisão é regida por Samuel Norton que é um diretor bastante severo, as
duas principais diretrizes dele é a bíblia e a disciplina. Todos condenados
ganham uma bíblia e passam por um ritual que é bastante humilhante, o
primeiro dia é sempre o pior, tem até morte.
Andy Drufresne não se abre no começo e está sendo perseguido, Drufresne
depois de um tempo se abre, e sempre se diz inocente pelo crime e ninguém
acredita e ainda vira piada. Além disso ele sofre bastante assédio, foram dois
anos sendo perseguido. Drufresne tem a oportunidade de ganhar respeito dos
guardas e dos outros condenados quando ajuda um dos guardas a deduzir os
impostos de um trâmite de herança. Esse ponto nos remete ao conto do livro
Em terra de cego quem tem um olho é rei. Porém diferentemente do
personagem principal do conto que acaba sendo expulso da comunidade e
sem nenhum respeito, Drufresne consegue se adaptar as situações, e alcança
um dos seus objetivos que é a segurança contra as perseguições.
Uma passagem bastante interessante do enredo é quando Drufresne é
escolhido pelo Diretor da prisão a trabalhar na biblioteca, logo os outros
guardas o procuram para fazer planejamentos financeiros. Drufresne começa
a escrever para assembleia legislativa afim de captar recursos para investir
na biblioteca com novos livros e equipamentos, foi uma carta por semana
durante 2 anos, nesse tempo Drufresne passa fazer o imposto de rende de
todos os guardas e até mesmo do diretor.
Brooks que também é um detento e trabalha da biblioteca, consegue a
liberdade condicional, o ponto é que Brooks é idoso é passou muitas décadas
preso, no enredo citam que ele ficou institucionalizado, ou seja, a instituição
faz parte dele, ele tem uma vida ali dentro, ele é alguém respeitado,
importante, culto. Fora instituição ele é só mais um, o pior, ele está
ultrapassado, velho, não conseguirá se acostumar. Red continuam falando
“que no começo os prisioneiros odeiam os muros, depois se acostuma, depois
de muito tempo eles ficam dependentes”. Essa cena nos remete novamente
ao conto em terra de cego quem tem um olho é rei, Brooks dentro da prisão
era alguém, fora dela era ninguém, não consegue se adaptar com as novas
tecnologias e acabe tirando a própria vida. Red se expressa “devia ter
morrido aqui”. Brooks encontrou ali na prisão a felicidade.
Drufresne, depois de 6 anos consegue a verba voltada para o projeto da
biblioteca. Ao ver parte da doação de livros que recebera ele em um ato não
prudente, coloca uma opera para tocar em toda prisão, esse ato faz com que
todos os prisioneiros podem ter uma boa sensação ao ouvir aquela linda
canção. Todo o enredo é narrado pelo ponto de vista de Red e ele se expressa
como se por um momento todos os prisioneiros fossem livres ao ouvir aquela
música.
Após voltar de duas semanas de solitária, Drufresne e Red conversam no
almoço junto com os demais do grupo de amigos e eles divergem de opinião,
Drufresne diz que não pode deixar que tirem a esperança e que as pequenas
coisas fazem suportar a angústia que é estar preso, e Red diz que a esperança
é algo perigoso, é algo que pode enlouquecer e que é melhor se acostumar
com a ideia de estar preso.
Red cumpre 30 anos de pena e passa novamente pela audiência de liberdade
condicional, e ele utiliza do mesmo discurso de antes dizendo que está
arrependido, que não fará mal a sociedade e novamente tem a liberdade
negada.
Lembram que Drufresne tinha conseguido uma verba da assembleia
legislativa e doação em livros por enviar uma carta por semana? Ele passou
a escrever duas cartas por semana e então conseguiu uma verba anual e uma
coleção em livros, discos e equipamentos para construção e melhoria de sua
biblioteca, em pouco tempo a biblioteca era a maior da região em presídios.
E muitos dos detentos passaram a frequentar a biblioteca, estudar e tirar o
diploma. Teve o caso em que um detento Williams Tommy recém-chegado
à prisão era analfabeto e foi lá dentro do presidio que conseguiu tirar o
diploma.
Nesse ponto do enredo Drufresne já opera todos os negócios ilícitos
executados pelo diretor Norton, ele cita: “que lá fora ele era um homem
honesto e integro, precisou ir para uma prisão para ser um bandido”.
Tommy conta ao Drufresne que conheceu um homem em uma outra prisão
que foi companheiro de cela, e que esse homem contou um muitos de seus
crimes e um deles era o mesmo caso de Drufresne. Então Drufresne conta
para o diretor ocaso e pediu ajuda para tentar encontrar o verdadeiro
criminoso. O direto nessa situação arma uma emboscada para Tommy e o
mata, ameaça fechar a biblioteca e a queimar os livros no pátio para
Drufresne e o deixa na solitária por 2 meses.
Drufresne consegue fugir da prisão após sair da solitária e a morte de Tommy
numa fuga espetacular por um buraco na parede que ele demorou 19 anos
para fazer, ele assume a identidade que fez para desviar o dinheiro do diretor
Norton. Norton que sempre demonstrou agir pelas palavras da bíblia, sempre
foi uma pessoa desonesta, injusto e frio. Agir com ética e respeito nunca foi
uma opção para ele, e acabou tendo um fim implacável.
Red passa por mais uma audiência de liberdade condicional, ele já cumpriu
40 anos, o interessante que dessa vez ele muda totalmente seu discurso,
quando perguntam para ele se ele se considera reabilitado, ele respira, pensa
e diz que não faz ideia do que isso significa. O júri pergunta se ele está pronto
para se reentregar a sociedade, e ele dar uma resposta sincera e bastante
poética e assim ele consegue finalmente a liberdade condicional e sai da
prisão pela mesma porta que entrou.
Ponto importante, a comunidade em que vivemos nos condiciona a termos
hábitos e ações para seguir nessa comunidade e quando somos expostos a
outra realidade chega a ser cruel esses condicionamentos e hábitos.
O protagonista Andy Dufresne possui altas habilidades intelectuais e sociais,
consegue se adaptar a situações por mais difíceis que podem sejam e pensa
de modo amplo que pode beneficiar ele e outras pessoas no enredo. Dufresne
por conta das situações e do perigo eminente se ser violentado e perseguido
frequentemente por um determinado grupo na prisão, toma a decisão de fazer
favores para os guardas e consequentemente acaba se envolvendo em crimes
que o diretor Norton fazia, Dufresne esquematiza, desvia e faz todas fraudes
necessárias para que os crimes de Norton passem despercebidos, e depois de
19 anos, após a morte arquitetada por Norton, Dufresne decide concluir a
fuga, se apossar de todos recursos desviados no esquema de corrupção e
revelar para imprensa todos esquemas de corrupção e outros crimes que
Norton e os demais guardas cometera. O fato é que Dufresne antes de ser
preso, jamais cometeu crimes, e depois de ser condenado e preso passou a
cometer crimes e depois fugiu da prisão, o que ele fez foi certo? Ou foi
errado?. Nas aulas de Ética e lógica vimos que o certo e o errado podem
variar dependendo de diversos contextos. No caso de Dufresne julgamos o
que ele fez na prisão foi errado sim, porém foi necessário justamente para se
manter e vivo e poder sair daquela situação, já que ele foi condenado
injustamente, e o diretor jamais faria a coisa certa para que ele pudesse
provar sua inocência.
No enredo temos a perspectiva do diretor Norton, que é bastante severo e
hipócrita em sua forma de administrar o presidio e as relações com os
detentos, ele segue a lógica religioso e da disciplina, porém ele tem diversas
atitudes que mostram que tudo isso é um meio para que todos ali façam o
que ele quer. Norton inclusive mata Tommy para que o Dufrasne não consiga
provar sua inocência e continue preso executando os crimes de corrupção.
Nesse ponto ressaltamos os valores de agir com honestidade e ética que
vimos em temas nas aulas, o quanto é importante agir com responsabilidade
e honestidade sem pensar necessariamente em si próprio, na situação de
Norton ele era responsável diretamente por centenas de pessoas e ele
simplesmente fazia as coisas erradas, foram tantas coisas erradas que ele
cometeu durante sua gestão que após ser desmascarado, ele cometeu
suicídio, algo que no nosso ponto de vista foi bastante errado, tendo em vista
que ele não deu a oportunidade de ser condenado e pagar por seus crimes.
“A ética é adquirida com o hábito, não nascemos com ela, mas nossa
natureza é capaz de adquiri-la e aperfeiçoá-la” Aristóteles
1- Diretor do presídio mata testemunha;
Policiais cometendo crimes (o diretor da prisão que mata um detento que tem
informações que pode tirar o personagem principal de dentro da cadeia) e detentos
presos injustamente subvertem a ordem das coisas e colocam em xeque questões
morais e éticas.
O ambiente da prisão tem um conjunto de valores, e aqui coletivos (por isso
chamado por moral e não ética, dado que ética é individual) que é bastante
controverso e vai de encontro aos valores morais da sociedade livre, não encarcerada.
Mas não necessariamente a pessoa vai sucumbir sua própria ética a esse coletivo.
O Diretor, com medo de perder seu esquema de lavagem de dinheiro, mata a
única forma possível do Andy conseguir sair da prisão dentro da legalidade, e o
manda para a “solitária”. Andy, por sua vez, participa da lavagem de dinheiro como
uma forma de sobrevivência.

2- Fuga da prisão do Andy


Não necessariamente os valores morais destacados em um ambiente prisional
representam a soma dos valores éticos dos indivíduos quando estes estavam fora da
prisão. Isso porque, além da luta pela sobrevivência testar a ética todo o tempo, a
própria marginalização dos indivíduos e o tratamento brutalizado faz com que valores
sejam revistos, ou até ignorados em muitas situações
Por isso, uma vez que o Andy foge, ele está fazendo algo de errado? Algum
mau? Ele começa seu plano de fuga pouco tempo depois de estar na prisão. Ele já
tinha a ideia de não ficar lá por ser inocente, ou ele foi corrompido ou sentiu medo
uma vez que conheceu como era aquele ambiente?

3- A forma de como eles eram felizes no presídio e quando são soltos se sentem inútil
A liberdade é um princípio muito importante para o exercício dos valores
éticos individuais. Será o cerceamento da liberdade um remédio efetivo para a
reinserção dos indivíduos na sociedade?
Depois de uma pessoa ficar tanto tempo enclausurado em um ambiente hostil
como a prisão, lutando todo dia para sobreviver, como será que ele encara a sociedade
novamente?
Brooks Hatlen gostava de pássaros, e criou um corvo até o dia em que recebeu
sua condicional, ocasião que também soltou o animal à sua liberdade. Isso pode
simbolizar que a sua liberdade foi também sua morte, pois não sabia mais viver no
mundo externo a prisão.
4- Prisão perpétua (você é a favor ou contra?)
São sobretudo dois os objetivos do encarceramento: O primeiro, é de alguma
forma “reformar” o indivíduo para reinseri-lo à sociedade. O segundo, afastar o mal
individual dos efeitos que se pode ter por sobre a sociedade.
Da primeira leitura, a prisão perpétua é inócua, uma vez que não haveria reintegração
à sociedade. Não haveria melhora, evolução, mudança, da sociedade como um todo.
Da segunda perspectiva, fica a dúvida: é realmente necessário cercear a liberdade de
um indivíduo por toda a sua vida? Se não há nenhuma crença de que a prisão melhora
o indivíduo qual a razão de mantê-lo encarcerado por toda a sua vida?
Não podemos nos esquecer que ao Estado cabe o monopólio da violência nas
sociedades modernas. Ou seja, se cabe ao Estado o papel de zelar pela segurança das
pessoas, podemos restringir esse papel apenas àqueles que se dizem cidadãos de bem?
Aqueles que cometem crimes também não deveriam ser cuidados pelo Estado?
Discussão russoniana: Se o homem é mau ou a sociedade que o corrompe? “O
ser humano nasce bom, a sociedade o corrompe” Se a sociedade que o corrompe,
afastá-lo da sociedade resolveria algo? Quando uma pessoa é condenada à prisão
perpétua, a sociedade não está julgando-a?

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