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O dia a dia no presídio mostra muitos conflitos entre os próprios presos, pois existe
um grupo de homossexuais que assediam e até espancam os colegas em troca de
sexo. O Andy foi violentado sexualmente e fisicamente por este grupo algumas
vezes, mesmo assim ele não falava, se mantinha calmo e com um comportamento
muito diferente do comum naquele lugar.
Quem narra a história é o Red, que após algum tempo se tornou o melhor amigo do
Andy dentro do presídio. O Red era o cara responsável pelo mercado ilegal dentro
da prisão e tinha um papel importante no local. Muitos achavam que o Andy era
esnobe, mas o Red pensava que ele era diferente e que caminhava como “alguém
que não tinha problemas”.
A chegada de um martelo pequeno que o Andy encomendou com o Red, mostra
exatamente como é necessária uma cadeia de pessoas trabalhando para que esse
comércio aconteça nos presídios de forma geral. Há necessidade do envolvimento
de pessoas livres que possam comprar e entregar aos prestadores de serviços ou
aos agentes penitenciários, e estes possibilitam que as encomendas cheguem até
as pessoas que estão pressas.
Com o tempo, Andy percebe algo ainda pior, que é a corrupção dentro dos
presídios, um fato que parece ter sido potencializado quando o diretor, Norton, viu
em Dufresne a pessoa certa para que seus esquemas de propina e lavagem de
dinheiro fossem uma forma de enriquecer facilmente.
Essas ações do Andy traz uma reflexão importante, pois o encarceramento tira o
simples direito de uma pessoa ouvir uma música, e o marginaliza ainda mais. Sendo
que neste filme, os piores vilões da história são o diretor Norton e o carcereiro Byron.
A estrutura da prisão não era muito ruim, havia um quarto com cama, sanitário e pia
para cada detento. Os estudos e a leitura ganharam uma estrutura e um suporte
melhor para os presos, após o Andy passar a prestar serviços na biblioteca. A
realidade brasileira consegue ser ainda pior, visto que a estrutura dos presídios é de
superlotação, violências e até racionamento de água, o que tem sido motivo de luta
pelos defensores públicos e pelas Comissões de Direitos Humanos. Porém muitas
vezes os detentos são ignorados pela sociedade e julgados como se não merecessem
um tratamento digno.
Outro fato marcante entre os presos se deu com o Brooks, um idoso que
desempenhava a função de bibliotecário na prisão. Ele recebeu a condicional após
50 anos de encarceramento, e não conseguiu se ressocializar, mesmo tendo saído
da prisão com moradia e emprego garantido, ele se suicidou. Esse fato gerou muita
comoção entre os presos.
Após 19 anos de prisão Andy descobre que realmente foi condenado por um crime
que ele não cometeu, porém como prestava serviços escusos para o diretor, o
próprio retirou a única chance do Andy ser ouvido e julgado novamente, matando a
testemunha. E para que ele continuasse a prestar os serviços, foi ameaçado pelo
diretor de que ele seria entregue as “bichas”, perderia as regalias e não teria mais a
sua proteção. Esse fato só reafirma a corrupção dentro do sistema carcerário e
mostra dupla injustiça cometida pelos representantes do Poder Judiciário contra a
vida de Dufrese. A primeira cometida no julgamento, visto que ele foi condenado
mesmo sendo inocente, e a segunda pelo diretor, por ter negado o direito do caso
ser reaberto para nova investigação e julgamento.
Nunca presenciei situação de tamanha injustiça contra uma pessoa inocente, mas
as lições retiradas do filme são muitas. A capacidade de resiliência do Andy frente
ao ambiente que estava, sem perder a esperança pela liberdade, sem perder o foco
diante das dificuldades. E principalmente, compreender que um jurista precisa
realmente investigar os casos de cada cliente com muita técnica, analisar os fatos
com atenção, buscar as provas com afinco e de forma criteriosa aplicar as leis, pois
uma decisão errada pode comprometer a vida de um indivíduo para sempre.