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Nome: Anthony Luiggy Cachatori Galvani – RGM: 12508918

Trabalho de Processo Penal e Prática Jurídica III – Praia dos Ossos Doca
Street x Angela Diniz.

Teses da Defesa

 Ao minuto 15:17 do podcast, o Dr. Evandro versa sobre o passional, em suas


palavras “O passional tem um talento especial para o trágico”, se referindo ao
Doca Street, fazendo alusão a escola positivista italiana, onde o criminoso
passional é um cidadão de bem, onde nunca havia de cometer algum delito
anteriormente e age de forma impulsiva, incontrolável e imprevisível, seguindo
esse raciocínio não seria necessária nenhuma medida restritiva de liberdade,
pois, por ser passional se trataria de algo isolado, já que nunca aconteceu antes,
não aconteceria novamente por se tratar de ações impulsivas e não continuadas.
Porem, da mesma forma o raciocínio é falho, já que o agir por impulso pode
acontecer diversas vezes e gerar resultados semelhantes. (Essa parte se trata de
entrevista, realizada antes do julgamento, onde a defesa já instaurava de forma
midiática, pensamentos e possíveis motivos para inocentar o réu).
 O ex-ministro Evandro Lins e Silva, em sua sustentação, foi incisivo,
descreveu o réu como uma pessoa de extrema hombridade, trabalhador e zeloso
com suas ex-mulheres. De boa índole, porem, que arrependido agora por
cometer um “deslize”. Como se o mesmo já tivesse sofrido o suficiente, ou que
nada poderia piorar sua situação já que o mesmo se considera imperdoável, algo
do tipo. Evandro, também busca exteriorizar a origem do réu, apelando para a
influência que sua família tinha, para confirmar sua boa índole naquele momento,
dizendo que tem um passado ilibado e é primário.
 Evandro Lins e Silva, após dizer tudo que era possível, para limpar a
mancha que seu cliente havia criado em sua imagem de bom homem, começa a
“atacar” a vítima, de maneira quase que injusta, como se o passado da mesma
fosse criar motivos “justos” para o cometimento do assassinato em questão. Sua
desculpa aos jurados, era que os jurados precisavam conhecer o perfil dos
envolvidos ajudava a julgar melhor o caso. Em suas palavras:
“A sua vida, os seus antecedentes, a sua formação, para
então se poder tomar uma decisão justa, para verificar até
que ponto a participação da vítima contribuiu mais ou menos
fortemente para a deflagração da tragédia”.
 Um de seus argumentos, era de que a vítima se trataria de uma mãe
irresponsável, que abandonou os três filhos, pois, havia se separado e o ex-
marido havia ficado com a guarda, julga Ângela como uma mulher depravada,
libertina, que não possui princípios, dizendo entre linhas que a mesma buscou o
resultado em que a ela foi imposto por Doca Street, dentre outros argumentos,
frisou o uso de entorpecentes e tóxicos por Ângela, o que hoje se sabe ser uma
pequena quantidade de maconha apreendida com a mesma em outra passagem.
 Após todo o exposto, se chega na tese impossível utilizada pelo
Evandro Lins e Silva no julgamento, a LEGITIMA DEFESA DA HONRA, a tese
tem fundamento nas ordenações filipinas, assim como foi descoberto pela
pesquisadora parceira do podcast Praia dos Ossos, essa era a lei que estava em
vigor no Brasil colônia e versa exatamente o exposto:
“"Achando o homem casado sua mulher em adultério, licitamente
poderá matar assim a ela assim como o adúltero, salvo se o marido
for peão e o adúltero fidalgo ou nosso desembargador, ou pessoa de

maior qualidade."

 A tese de defesa, era que o comportamento da vítima era uma ameaça


para a honra do réu, por ela ter dado em cima de uma mulher na frente de todo
mundo, ter terminado com ele e por ofender ele e chamado de “corno”. A
reputação dela de “pantera” era de conhecimento geral e devido a isso, ele não
teve culpa de nada.
 Inexigibilidade de outra conduta, a defesa queria convencer os jurados
de que a única atitude que ele poderia ter, era a de assassinar a Ângela,
demonstrando que o autor do crime estava desesperado, fora de si, inventando
motivos palpáveis para que a ação fosse “perdoada” e o mesmo absolvido.
 Evandro Lins e Silva, de forma perversa, utiliza do passado da vítima,
onde a mesma utilizou maconha devido a uma possível depressão, para afirmar
categoricamente que a mesma queria morrer, devido a uma tentativa de suicídio
nesse período de sua vida. Um extremo absurdo, onde diz que o que aconteceu
com a vítima foi de um suicídio assistido, onde o Doca seria a arma do crime,
mas não o autor. Sendo assim, Ângela ameaçava a honra do Doca, e também
queria que o mesmo a matasse.
 Após a réplica de acusação, Evandro Lins e Silva, elenca a
possibilidade do juri, de que caso não queiram absolver o réu, considerem o
excesso culposo da legítima defesa, se tratando então de uma pena de
advertência como o mesmo nomeou. Assim da mesma forma, confirmando que a
defesa da honra era legitima e que a atitude que o réu tomou, foi apenas um
excesso.

Teses da Acusação

 Ao minuto 19:00 do podcast, se ouve o já falecido Promotor Sebastião


Fador Sampaio, esse que de certa forma “acusa” o réu de ser sustentado pelas
ex mulheres, sendo que, antes da finada Ângela Diniz, o mesmo era sustentado
de igual maneira pela Adelita Scarpa, mulher que Doca abandonou com o filho
de 3 anos para viver com Ângela Diniz. O mesmo promotor, acusou o réu de ser
traficante e matou a vítima para ficar com o seu dinheiro, tudo sem prova alguma
de que essas suposições fossem verdadeiras. Também tentou apelar mostrando
fotos da vítima morta aos jurados, impedido pelo advogado de defesa
rapidamente, esse que entrou na frente.
 Sucessivamente, o próximo foi o advogado da região de cabo frio,
Éden Teixeira de Mello, no minuto 21:50 do episódio, onde o mesmo lê uma
carta da filha de Ângela, Cristiana. O mesmo foi rechaçado pela plateia aos risos,
o que talvez demonstrasse o sentimento desses a respeito da vítima, essa que a
esse ponto já praticamente perderia o posto de vítima, e na cabeça dos que
estavam presentes deveria ser o próprio réu.
 O próximo, foi o assistente de acusação, George Tavares, esse
argumentava de forma á desqualificar o depoimento da Gabriele, a alemã que
seria supostamente o pivô da briga entre o casal. O tempo da acusação se
esgotou e o Evaristo a principal peça na acusação não conseguiu exteriorizar sua
tese. A defesa tomou a palavra.
 Agora na réplica da acusação, Evaristo de Moraes Filhos inicia com a
sustentação. Sua defesa buscou alimentar as pessoas com os acontecimentos
ocorridos naquele dia, explicitou passo a passo da maneira em que foi possível,
devido ao tempo, e explicitou a real intenção do réu de executar a vítima,
inclusive manipulando a arma de tal forma a resolver a falha em que a mesma
apresentou em um dos disparos, efetuando a manobra no ferrolho para efetuar
os próximos disparos com ela já atingida em área não fatal, Ângela ainda estava
viva depois do primeiro disparo, e antes da falha na arma, o que demonstra que
tudo isso levou tempo e que o mesmo poderia ter mudado de ideia, mas toda a
argumentação não foi suficiente, e infelizmente o juri teve o desfecho que já
conhecemos.

Decisão do Juri

O Réu foi condenado pelo excesso culposo dos limites da legitima defesa,
tendo o réu fugido da cena do crime, evitando a prisão em flagrante, foi estipulado
pena de um ano e seis meses, aumentada para dois anos de detenção, condenado
também ao pagamento dos custos do processo, em resumo, pena de dezoito meses
pelo crime e seis meses pela fuga da justiça.

O Réu ao cumprir 1/3 da pena, saiu livre e respondeu o resto da pena em


liberdade.

Breve conclusão

As teses utilizadas pela defesa de Doca Street retratam fielmente como era o
pensamento da população da época, noções de direitos humanos e princípios
constitucionais eram inexistentes, até porque até a data, a constituição vigente era a
de 1967, caracterizada pelos atos e normativas criadas pelo regime militar da época,
que não abrangiam nem de longe os direitos individuais e igualitários garantidos na
magna carta de 1988. Sendo assim, a noção e até empatia com o próximo dependia
exclusivamente da moral e das atitudes do mesmo, deturpando ações condenáveis
cometidas por pessoas “idôneas” e os transformando em verdadeiros “heróis”, como
se o mesmo tivesse o cometido o crime á favor da sociedade da época, é isso que
se vê no caso em questão, esse sendo o responsável por propagar teses como a
legítima defesa da honra, que pairou pelos juris até o ano de 2021, quando foi
necessário que o STF proibisse tal argumento desprezível.

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