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desenvolvimento da memória
[ Extraído e adaptado da palestra proferida por Rudolf Steiner em 24 de dezembro de 1923,
contida no livro “A História Universal à Luz da Antroposofia” ]
1- Introdução
Toda pessoa que pense com mais profundidade deveria formular a seguinte
pergunta: “Como a configuração atual, a disposição atual da alma humana surgiu de
uma evolução de tão longa duração ?”.
Hoje, tudo isso pode surgir como uma imagem diante dos senhores. Trata-se
de uma imagem anímica interior do acontecimento de 10 anos atrás, que existe
dentro dos senhores. Dizemos então a nós mesmos que aquilo que existe
como recordação de um evento está localizado na cabeça.
Entretanto, por mais grotesco que isso possa parecer, eles vivenciavam a
cabeça inteira, eles simplesmente percebiam, vivenciavam suas cabeças. [...]
Não sabiam o que era vivenciar ideias dentro da cabeça, mas eram capazes de
vivenciar a própria cabeça.
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Portanto, quando um antigo oriental que vivesse, por exemplo, na Índia, tivesse
considerado esse solo indiano como particularmente importante para ele, o
restante que havia na Terra, a Oeste, a Leste, ao Sul, desaparecia para ele em
algo de caráter genérico. [...]
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O ser humano considerava a Terra inteira como aquilo que vive em sua
cabeça. Ora, a cabeça está fechada por paredes ósseas duras na parte
superior, nos lados e atrás. No entanto, ela possui algumas saídas, ela se abre
livremente para baixo, em direção ao tórax.
Isso era extremamente importante para o ser humano antigo; sentir como a
cabeça se abre de modo relativamente livre em direção ao tórax. Essa pessoa
sentia a configuração interior da cabeça como imagem da Terra.
Se ela tinha que relacionar a Terra com sua cabeça, ela tinha de sentir o
entorno, aquilo que se encontra acima da Terra, com o que nela própria se
abre para baixo. Essa abertura para baixo, voltar-se em direção ao coração, o
ser humano sentia como associado ao entorno, como imagem, como abertura
da Terra em direção ao Cosmo.
Para ele, era uma vivência poderosa quando afirmava: “Em minha cabeça eu
sinto a Terra inteira, essa cabeça é uma pequena Terra. Mas essa Terra inteira
abre-se em direção ao meu tórax, que sustenta o meu coração. O que se
passa entre minha cabeça e o meu tórax e meu coração é uma imagem daquilo
que de minha vida se dirige ao Cosmo, ao entorno voltado para o Sol.”
Eles sentiam, porém, que se esticavam para dentro dos membros, eles
percebiam sua própria humanidade quando moviam as pernas e os pés, os
braços e as mãos. Eles estavam dentro de seus membros.
Quando esticavam com sua essência íntima para dentro de seus membros,
eles não sentiam apenas uma imagem do entorno da Terra, porém sentiam de
modo imediato uma imagem da relação do ser humano com o mundo dos
astros.
Diziam: “Na minha cabeça tenho uma imagem da Terra. Naquilo que se
estende livremente da cabeça para baixo, até o tórax e o coração, eu tenho
uma imagem do que existe no entorno da Terra. Nas forças dos braços e das
mãos, das pernas e dos pés, tenho a imagem da relação que a Terra tem com
os astros distantes do Universo.”
* Caminhar para frente era a sensação dos Impulsos de Marte nas pernas.
* Pegar algum objeto, sentir com as mãos, era expresso por: “Vênus atua em
mim”.
* Apontar para algo, dar uma indicação, mesmo que uma pessoa grosseira
quisesse indicar algo para dando-lhe um chute, qualquer indicação era
expressa dizendo que Mercúrio estava atuando nessa pessoa.
4 – O desenvolvimento da memória
A memória não era interiorizada, ela estava lá fora, em toda parte havia
“anotações”, havia marcos em pedras. Esta era a memória localizada, a
recordação localizada.
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Em outras palavras, ele encadeava o que tinha percebido de tal maneira, que
disso resultasse um ritmo. Isso ainda pode ser encontrado hoje em algumas
formações de palavras, como por exemplo “titia” ou “bombom”. Ou, então,
quando as formações de palavras não estão diretamente encadeadas, os
senhores podem notar como, ao menos nas crianças, ainda se evidencia essa
necessidade de fazer essas repetições.
Somente numa terceira fase surgiu o que conhecemos ainda hoje: a memória
temporal. Nela, não temos o ponto de referência da recordação no espaço do
mundo exterior, nem dependemos mais do ritmo, mas podemos tornar
presente, posteriormente, o que se coloca no tempo. Essa nossa memória
totalmente abstrata é apenas o terceiro passo na evolução da capacidade de
recordar.
7 - Como insistissem na pergunta, ele se endireitou e disse: Aquele que dentre vós está
sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.
8 - Inclinando-se novamente, escrevia na terra.
9 - Quando ouviram isto, foram-se retirando um a um, a começar pelos mais velhos,
até que ficou só Jesus e a mulher no meio onde estava.
10 - Jesus endireitou-se, e disse: Mulher, onde estão eles ? Ninguém te condenou ?
11 - Respondeu ela: Ninguém, Senhor. Disse Jesus: Nem eu te também te condeno. Vai,
e não peques mais.
Somente quando observarmos algo desse modo, lança-se uma luz sobre a
história. Eu queria mostrar, primeiramente, por meio de um exemplo, como se
passa a história anímica da humanidade em sua relação com a capacidade de
lembrar.
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