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Caros amigos, coube a mim a tarefa de comunicar-lhes algo que lhes possa
apresentar a Antroposofia e permitir seu reconhecimento como um tesouro
capaz de oferecer insights e respostas para muitas das graves e urgentes
questões de nosso tempo. E eu me pergunto, o que posso dizer-lhes para
que se sintam convidados a acolher em seus pensamentos e sentimentos
esta cosmovisão antroposófica, e como?
Steiner costumava dizer que aquele que quisesse falar sobre Antroposofia
devia supor que, em última análise, o que ele quer dizer não é senão o que
cada um de seus ouvintes já diz em seu coração. Que o tom fundamental
de uma exposição antroposófica deve ser de tal forma que chegue a tocar o
anseio mais profundo do coração dos seres humanos que necessitam da
Antroposofia.
Talvez dentre as perguntas que vocês trazem consigo para este encontro, a
primeira seja: Afinal, o que é Antroposofia? Para tentar responder a ela
devo tecer algumas considerações.
Houve no passado uma ciência que falava sobre esse mundo desconhecido.
Mas a consciência moderna deixou essa ciência antiga se perder. Ela não
vale mais; foi transmitida, mas não é mais válida.
(Trad. de V.W.Setzer)
O Caminho Cognitivo da Antroposofia
(…) Contudo, somente com tais pensamentos não se pode expor o que se
revela à visão suprassensível como mundo do espírito – pois essa revelação
não cabe num mero conteúdo intelectual. (…) Pensamentos da consciência
habitual são apropriados apenas para comunicar as percepções sensoriais, e
não para revelar o que se observa espiritualmente.
Ele deve preencher a consciência atual com aquilo que uma outra
consciência, ao contemplar o mundo espiritual, é capaz de conhecer.
Então seurelato terá por conteúdo esse mundo espiritual; porém tal
conteúdo se apresenta sob forma de pensamentos aos quais ele tem
acesso, tornando-se plenamente compreensível à consciência
comum – que pensa conforme a atualidade mas ainda não tem visão
do mundo espiritual. (…) Para realmente possibilitar um
entendimento, quem expõe visões espirituais deve vertê-las
corretamente em pensamentos, sem que elas percam seu caráter
imaginativo.
Ele mesmo se refere a isto nas seguintes palavras: “Naquela época (1909)
a publicação do livro pareceu-me uma façanha, pois eu sabia que não
podiam ter isenção de ânimo aqueles que se dedicavam profissionalmente à
Ciência Natural, nem tampouco aqueles que, em seus juízos, dependiam
deles.
Ele mesmo prossegue dizendo: “Quando alguém deixa seu juízo ser
invadido pela afirmativa de que a visão espiritual não pode ser
compreendida pela consciência comum, ainda não vidente – por causa de
seus limites – esse juízo baseado em sensação se antepõe ao entendimento
como uma nuvem escurecedora e a pessoa realmente nada pode entender.”
Steiner admitia que a atividade cognitiva humana, tal como atua na vida
cotidiana e na ciência comum é realmente constituída de forma a não poder
penetrar nosmundos superiores. Entretanto, assim afirmava ele, ela pode
ser fortalecida, revigorada. Apenas que os meios para seu fortalecimento
são de natureza inteiramente espiritual; trata-se de procedimentos
anímicos, puramente interiores. Eles consistem naquilo que a própria
Ciência Oculta descreve como meditação, concentração, contemplação. A
vida anímica comum está ligada aos instrumentos corpóreos. A vida anímica
fortalecida se liberta deles. Por isso mesmo é que trabalhou
conscientemente para não fazer uma exposição popular, mas uma que
exigisse um autêntico esforço mental para se penetrar no conteúdo, de
forma que a leitura, por si mesma, já constituísse o início de uma disciplina
espiritual.
Por outro lado, “embora o livro se ocupe com pesquisas não verificáveis
pelo intelecto ligado ao mundo sensório, nada se expõe que não possa
ser comprovado pela razão imparcial e pelo sentido sadio da
verdade de qualquer pessoa disposta a fazer uso de tais
faculdades”.
Assim, ele também desejava que seus leitores não aceitassem tais
conteúdos com uma fé cega, mas que se esforçassem para comprová-lo
valendo-se dos conhecimentos da alma e das experiências da própria vida.
Não lhe interessavam a fé cega, nem a insensatez ou a superstição, mas
uma observação conscienciosa a partir de uma abertura ou ausência de
preconceitos e o uso do juízo são.
Temos prédios mais altos, e pavios mais curtos. Estradas mais largas, mas
pontos de vista mais estreitos. Fomos e voltamos da Lua, mas temos
dificuldade em atravessar a rua para conversar com o vizinho ao lado.
Desintegramos o átomo, mas não o nosso preconceito. Estamos sempre
apressados e não sabemos esperar. Temos mais quantidade e menos
qualidade. Mais mensagens, mais informação, menos comunicação.
Esse ato, que nos parece natural, mostra que diante da proximidade da
morte, os dois apelos humanos mais fortes não são nem a riqueza nem o
poder, mas o sentido da vida ( ou o conhecimento ) e o amor ( ou o
reconhecimento).
O tempo, esse bem tão raro que o homem mais rico da Terra não pode
comprá-lo, além de um certo limite. Porque o tempo, a morte não vende.
Sempre me fascinaram as reações dos que correram perigo de vida e
renascem dispostos a mudar seus destinos radicalmente. O tempo é então
sua primeira conquista. De certa maneira, estamos todos correndo perigo
de vida, de perder a vida,na medida em que nos submetemos às injunções
de uma sociedade que desordenou-se, invertendo o sentido original das
coisas. Antes ganhávamos a vida no trabalho. Hoje é o trabalho que ganha
nossas vidas.
De acordo com Steiner, com a virada do século XIX para XX, uma nova era
de luz principiou. Esta nova era estava associada por um lado,ao fim da
assim chamada Idade das Trevas- ou KaliYuga – caracterizada pelo
desaparecimento progressivo de uma clarividência semiconsciente, outrora
natural, e com ela o apartar-se mais e mais do espírito. Por outro lado, esta
nova era estava também vinculada ao aparecimento de novas capacidades
anímicas, novos poderes de alma que surgiriam como disposições nos seres
humanos na época presente. Estas novas faculdades, se adequadamente
desenvolvidas, poderiam oferecer à humanidade a possibilidade de atingir o
espírito através do pensamento – através de um pensamento mais elevado,
capaz de transpor o abismo entre a experiência sensorial e a
suprassensível, fazendo alcançar a experiência espiritual direta.
Hoje, parece que, o próprio mundo nos confronta com a pergunta:. “Que é
Ser humano?” E por trás desta grande pergunta, as questões, os conflitos
que vivenciamos desde situações cotidianas até aquelas que encontramos
nos noticiários com proporções que nos fazem parecer totalmente
impotentes, são somente as várias possibilidades, mais ou menos intensas,
de desvio e esquecimento de nossa essência humana e ao mesmo tempo, a
oportunidade de reencontrá-la. Esta essência humana, este Eu que temos
de conquistar, confirmar e reafirmar em atos realizados a partir de uma
nascente consciência da genuína responsabilidade que nos cabe por cada
pensamento, palavra, ato e omissão – que não é outra coisa senão, amor
pela verdade a serviço de outros. E na medida em que pudermos responder
por nossos atos, isto é, na medida em que formos responsáveis por amor,
não apenas por necessidade, nos tornaremos livres.
2 – Terceirização da infância
Por causa da falta de tempo dos pais, que têm que trabalhar para sustentar
a família, as crianças estão sendo deixadas em creches ou com babás.
“Perdemos o que é mais precioso na infância: o convívio com os filhos.
Convívio é aquilo que nos dá a intimidade, a capacidade de estar junto, o
amor, a sensação de estar cuidando de alguém, a sensação de conhecer
profundamente alguém”.
3 – Intoxicação da infância
“Existe uma erotização que usa a criança de 7, 8 anos para vender produtos
de moda, uma erotização baseada no machismo, na objetificação das
meninas e das mulheres, na valorização excessiva da aparência.”
Como forma de enfrentar estes pecados, Daniel propõe uma solução que
passa por mudanças em apenas dois fatores: tempo e espaço. No caso do
tempo, o médico sugere que os pais estejam presentes na vida do filho em
pelo menos 10% do tempo em que estão acordados. Em uma conta geral,
isso representa 1h40 por dia de dedicação aos filhos. Em relação ao espaço,
a orientação é estar perto da natureza. “O convívio com o espaço aberto vai
afastar a gente das telas, vai reduzir o consumismo e o materialismo
excessivos, vai promover o livre brincar (que, por sua vez, vai gerar
inteligência, humor e criatividade), vai gerar convívio entre as famílias, vai
promover o contato com o ar, o sol e o verde e vai reduzir todos os
problemas da infância.”
E a maioria de nós pais acredita e tenta fazer isso. O que não nos impede
de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou
quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.
Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se
expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo
corretamente e do medo de perder algo tão amado.