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SEMINÁRIO PRESBITERIANO BRASIL CENTRAL

EXTENSÃO RONDÔNIA

NILTON MOTA DE OLIVEIRA

Resumo – Capítulo 6 – Teologia do Espírito Santo – José Faustino


de Albuquerque

Ji-Paraná
2021
NILTON MOTA DE OLIVEIRA

Resumo – Capítulo 6 – Teologia do Espírito Santo – José Faustino


de Albuquerque

Trabalho apresentado à SPBCRO – Seminário


Presbiteriano Brasil Central Extensão Rondônia, como
parte dos requisitos da disciplina de TS 5 -
Pneumatologia, entregue como cumprimento parcial
para a obtenção do título de Bacharel em Teologia.

Prof. Dr. Rev. Zilmar Clezio Hotti

Ji-Paraná
2021
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O ESPÍRITO SANTO NA HISTÓRIA


Do Século I até o Movimento Pentecostalista Moderno

1 A VISÃO DO ESPÍRITO NO FIM DO SÉCULO I D.C.


O N.T. mostra-nos a atuação constante e específica do Espírito na Igreja primitiva
desde o Pentecostes (Atos 2) até próximo do final do século I d.C., quando da redação dos
últimos livros.

2 DO FINAL DO SÉCULO I D.C. ATÉ O CONCÍLIO DE


CALCEDÔNIA
O montanismo, movimento que proclamava a chegada da nova época do Espírito
Santo, como prova iminente de Cristo, surgiu com Montano, Montano e duas seguidoras,
Prisca e Maximila, proclamaram- se profetas. A época do Espírito Santo, diziam, tinha
chegado, e Ele falaria aos homens através de Montano. A descida da Jerusalém celestial
estava próxima, e estaria localizada em duas cidades da região.

Logo, o movimento se espalhava pela Ásia Menor e estendia-se para a Grécia,


para Roma e para o norte da África, onde conseguiu a conversão do notável teólogo
Tertuliano. Quando o fim, cuja iminência tinha sido anunciada, não aconteceu. A expectativa
da vinda imediata de Cristo foi substituída por um complexo de preceitos morais.

Houve uma forte reação por parte das igrejas que rejeitavam as posições do
montanismo.

De modo semelhante, alguns evangélicos ortodoxos da atualidade recusam um


aprofundamento da vida no Espírito perante os excessos emocionais característicos de certos
pentecostais.

A infiltração do Goticismo preocupava os esforços dos principais líderes da Igreja


desde as últimas décadas do século I d.C.

O movimento foi baseado numa filosofia sincrética, que achava o aspecto material
do universo essencialmente ruim, enquanto o aspecto espiritual era inerentemente bom.

Especificamente, reinterpretava Jesus Cristo quanto à sua humanidade e


divindade. Alguns ensinavam que Jesus não seria realmente o Filho de Deus encarnado (Jo
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1:14; I Jo 1:1-3; 2:22; 4:2 e 5:1-6), mas uma aparição, ou que o homem Jesus teria recebido o
“Cristo-Espírito” na ocasião de seu batismo e o perdido quando da sua crucificação sangrenta.

Constantino foi o imperador, que adotou e promoveu o cristianismo, desde a


Batalha da Ponte Milviana, em 312 d.C. Foi ele quem convocou o Concílio de Nicéia, a fim
de promover uma maior unidade dentro da Igreja.

A Igreja, nesse período, sempre ligava a fé no Espírito Santo à fé no Pai e no


Filho, mas considerava a doutrina do Espírito Santo como um complemento à doutrina do Pai
e do Filho.

Os arianos chegaram a menosprezar a “pessoa” do Espírito e a negar a sua


divindade, considerando-o como a primeira criação do Filho e, por isso, subordinado a ele.

Todavia, a doutrina da consubstanciação do Pai, do Filho e do Espírito, a saber,


que são da mesma essência, predominou nos Concílios de Alexandria (362), Roma (375) e,
parcialmente, no de Constantinopla (381).

3 DE CALCEDÔNIA ATÉ A REFORMA PROTESTANTE


A Igreja no Oriente ensinava desde 451 que o Espírito procede tão somente do
pai, enquanto a Igreja no Ocidente, desde Agostinho (380-430), ensinava a dupla procedência
do Pai e do Filho, focalizando João 15:26. Concílio de Toledo (589) adotou a perspectiva
anterior de Agostinho, e tornou patente a doutrina da divindade do Espírito.

No final do século XII apareceu no catolicismo ocidental o ensino sobre uma era
do Espírito, que no seu aspecto de frisar o ressurgimento do dom de profecia e proclamar o
fim iminente da ordem pecaminosa, faz lembrar o movimento de Montano.

4 DA REFORMA AOS MOVIMENTOS PENTECOSTAIS

4.1 Os principais reformadores e seus temas


A Reforma Protestante trouxe uma nova ênfase sobre o Espírito: aceitou o ensino
já tradicional sobre sua “pessoa”, mas destacou sua obra em sentido neotestamentário.

Os três maiores temas da Reforma Protestante foram: “sola fida, sola gratia e sola
scriptura”. A salvação somente pela fé, segundo os reformadores, significava que não viria
pelo ato humano, seja individual ou qualquer ato administrado pela Igreja. A salvação viria
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unicamente pela obra do Espírito, único a transpassar o abismo existencial entre Deus e o
homem.

A salvação somente pela graça, de acordo com os reformadores, significava que


os homens são tão desesperadamente envolvidos pelo pecado que nunca poderiam alcançar, a
bondade exigida. Os homens são, ao mesmo tempo, os objetos da graça salvadora de Deus,
que é dádiva unicamente operada nas pessoas de fé pelo Espírito.

A autoridade doutrinária salvadora, embasada somente nas Escrituras, deve ser


entendida na sua conexão com a obra do Espírito que inspira os escritores e que aplica a
mensagem da Bíblia aos homens.

Calvino insistia que a Igreja deveria ser governada pela Palavra e pelo Espírito, e
assim teria de sujeitar-se às Escrituras.

Lutero ensinou que é o Espírito Santo quem tira o Cristo ressurreto das esferas de
ideia e história e faz dele uma realidade presente à percepção do crente em conexão com a fé
que justifica. Ele chama a Palavra de “a janela e a porta do Espírito” pelas quais ele penetra
no coração do cristão.

Essa regra da Reforma Protestante vai ao encontro de supostas interpretações


“espirituais” provenientes de visões ou revelações. Tais interpretações violam o ensinamento
apostólico de que “nenhuma profecia da Escritura é de particular investigação” (II Pe 1:21).

A Reforma Protestante também condenava a tendência de alegorizar e/ou


espiritualizar o texto bíblico a ponto de ignorar o seu sentido mais óbvio.

4.2 Os espiritualistas do século XVI e seus temas.


Os anabatistas começaram baseando-se nas Escrituras, ensinando que o batismo é
para os crentes, mas logo alguns começaram a se basear em experiências e deixavam de dar à
Bíblia seu devido lugar na prática. Isto resultou em exageros e radicalismo.

Os espiritualistas entre os anabatistas acharam sua certeza de fé numa revelação


imediata do Espírito Santo, revelação não vinculada nem sujeita ao conteúdo das Escrituras.
Todavia, os espiritualistas, ao reivindicarem revelações à parte da Palavra de Deus, nos dão
uma imagem do Espírito não encontrada nas Escrituras. Este espírito não é o Espírito de Deus,
mas um espírito diabólico.
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“O ofício do Espírito... a nós prometidos, não é aparentar novas revelações nunca


ouvidas, nem cunhar um novo sistema de doutrina, a qual nos seduziria da doutrina recebida
do Evangelho, mas selar em nossas mentes a mesma doutrina que o Evangelho entrega”.
Assim, o testemunho do Espírito não é nenhuma revelação em si, mas opera em conexão com
a revelação já existente. A fim de receber os benefícios do Espírito, os entusiastas têm
diligentemente que ler e atender à Escritura.

5 AS PRINCIPAIS CORRENTES DO PENTECOSTALISMO

5.1 As correntes atuais.


O Pentecostalismo tradicional salienta a atualidade de todos os dons, focalizando
línguas, profecias, curas e milagres. A maioria de seus adeptos vem das classes mais
humildes. Essas denominações deram nome ao movimento.

5.2 Os carismáticos ou os neopentecostais


Normalmente encontram-se em grupos nas igrejas evangélicas e católicas
tradicionais. Seus adeptos são formados por pessoas das classes média e alta. Aceitam a
atualidade dos dons, mas praticam primeiramente os de línguas e curas.

5.3 Os pentecostais radicais


Esses grupos têm formado novas denominações, especialmente no Brasil, onde
estão se espalhando com rapidez. Eles se associam ao “evangelho da prosperidade”, ou seja,
“a confissão positiva”, e representam radicalismo que causa estranheza aos pentecostais c aos
carismáticos tradicionais.

5.4 O movimento sinais e prodígios


É carismático, mas não salienta o batismo com o Espírito Santo, dando
preferência a curas e a discernimentos especiais - chamados de “a palavra de conhecimento”.
Recebeu aceitação na América do Norte, inicialmente entre as classes média e alta, em igrejas
pouco representadas no Brasil.
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A “teologia” de Valnice parece uma coletânea de elementos do Pentecostalismo


tradicional, do Evangelho da Prosperidade e do Movimento de Sinais e Prodígios e não se
mostra bem fixa, sendo capaz de acolher outras ênfases que podem surgir no mundo
pentecostal.

6 AS ÊNFASES MAIORES

6.1 O batismo com o Espírito Santo


A primeira recepção desse batismo é registrada em Atos 2, referente ao dia de
Pentecostes. Esse batismo é entendido como uma experiência subsequente à da salvação, isto
é, à do novo nascimento. Nota-se que alguns grupos salientam três obras do Espírito:
regeneração, santificação e batismo no Espírito Santo.

Da mesma perspectiva, frisam a necessidade da experiência, enquanto, como


norma, relegam ao segundo plano ou, em certos casos, até desprezam totalmente a questão da
doutrina derivada de um estudo rigoroso da Bíblia.

6.2 A fala em línguas


Quase todos insistem que o sinal de ter recebido o batismo é a fala em línguas,
embora haja pentecostais que não tomem tal posição.

6.3 A prática dos outros dons espirituais


Secundariamente ao dom de línguas, vem a prática dos outros dons espirituais
mencionados em I Co 12:14.

É importante notar que o Pentecostalismo moderno, com a exceção de alguns


carismáticos, insiste que todos os dons espirituais descritos no N.T., especialmente em I Co
12:8-10 e 28:31, são válidos para os cristãos atualmente.

6.4 O direito a prosperidade física e financeira


Os pentecostais radicais vêm exercendo uma força extraordinária nas maiores
cidades do Brasil, através de seu poder de conquistar a simpatia da classe social mais sofrida e
abandonada política e economicamente. Oferecem-lhes cura físicas, a dignidade de fazer parte
de um grupo de “irmãos” - rejeitados pela sociedade estabelecida -, calor humano e um
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veículo religioso para a expressão de suas emoções mais profundas e até reprimidas. Em
outras palavras, as pregações chegam a oferecer para a vida presente a maior parte das
bênçãos da vida além-túmulo.

Um movimento recém-criado, a Igreja Universal do Reino de Deus, do princípio


da década de 90, tornou- se proprietária da Rede Record de Rádio e Televisão, de alcance
nacional.

Essa corrente às vezes fanática, fala na “nova unção” do Espírito Santo, e vai além
do Pentecostalismo tradicional, à busca de prosperidade financeira, liberdade de doenças, um
gozo maior e um arrebatamento espiritual - semelhante àquele reportado por Kenneth E.
Hagin, o pai do movimento nascido na América do Norte, em que Jesus lhe apareceu e
ensinou-lhe uma nova verdade.

A ideia é que os crentes devem manter elevada a sua fé, a fim de receber
prosperidade material e viver livres das enfermidades. Paulo Romeiro lista os astros do
movimento no Brasil como sendo R.R. Soares, Valnice Milhomens e JorgeTadue.

6.5 Algumas das perspectivas principais do movimento


A maioria dos seus participantes pensa que tem uma missão divina para
pentecostalizar o mundo, especialmente os cristãos não batizados no Espírito Santo. Portanto,
sentem que têm o dever de discipular os crentes não pentecostais para a sua causa e de se
infiltrarem em igrejas fracas com suas doutrinas

6.5.1 Oferecem uma interpretação tendenciosa da história:


O movimento pentecostalista é apresentado como a nova reforma da Igreja, a
terceira grande força do cristianismo histórico: houve a primeira força no período apostólico,
a segunda força no período da Reforma Protestante, e a terceira força, considerada superior à
Reforma, está se realizando no Pentecostalismo moderno.

6.5.2 Fazem interpretação alegórica das profecias do Antigo Testamento:


Além de alegorizar trechos proféticos do Antigo Testamento, eles tomam quase
todas as predições da Bíblia, com exceção daquelas cumpridas à época da encarnação de
Jesus, como tendo um cumprimento ligado à volta de Cristo.
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7 AS RAÍZES HISTÓRICAS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL


A doutrina desenvolvida por John Wesley (1703-1791), tinha como tema
dominante uma subsequente experiência do crente com o Espírito Santo. Essa doutrina é de
grande importância no desenvolvimento das bases teológicas do Pentecostalismo.

7.1 As contribuições da metodologia e da nomenclatura do reavivamento americano


O Grande Despertamento, era antecessor e contemporâneo do metodismo. Esses
dois movimentos em conjunto “transformam radicalmente o modo de os Estados Unidos
compreenderem, apropriarem-se de, e aplicarem a fé cristã”. Dois homens que mais
contribuíram para o duplo movimento foram Charles G. Finney e Dwight L. Moody.

O movimento nas fronteiras, contando principalmente com pregadores pouco


cultos, provocava um emocionalismo, levando às vezes ao extremo, resultando em certas
manifestações, como choro profuso, gritos, pulos, espasmos musculares, desmaios, transes e
êxtases. Inclusive em igrejas cultas do Leste, os pregadores do movimento muitas vezes
empregavam enfoques, ilustrações e apelos - especialmente ligados à morte, ao juízo final e
ao inferno.

O perigo reside na falta de equilíbrio ao salientar demais o papel das emoções,


diminuindo os papéis da razão e da vontade do ser humano.

Observamos que tanto Jesus como os apóstolos eram equilibrados, que


respeitavam o papel das emoções e dos sentimentos na religião e na vida. Uma fé baseada
principalmente no aspecto emocional se comprovará inconstante, abalável, enganosa e
insatisfatória.

Em suma, a herança que o Pentecostalismo recebeu do reavivamento foi uma


metodologia que focaliza o indivíduo e a emoção, e a nomenclatura de “batismo no Espírito
Santo”, criada e popularizada por Charles G. Finney.

8 O SURGIMENTO DO PENTECOSTALISMO MODERNO

8.1 A sua história inicial no Estados Unidos


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Do solo já preparado nasceu o Pentecostalismo moderno, nos Estados Unidos,


bem no final do século XIX e no início do século XX, numa época de grandes mudanças
sociais, sede emocional e insegurança espiritual. O algo mais lhes veio na forma de uma fala
extática, a qual julgaram ser línguas estranhas, como evidência do batismo no Espírito Santo,
termo já popularizado pelo Movimento de Santidade.

Isso se deu espontaneamente em vários lugares e foi pouco noticiado como no


Estado da Carolina do Norte, em 1896, e na cidade deTopeka, no Kansas, em 1901.

A ocorrência de línguas mais acentuada ocorreu a 9 de abril de 1906, em Los


Angeles, na Califórnia, em uma ex igreja metodista na rua Azuza, onde um pregador de
santidade liderava conferências pentecostais, um homem negro chamado William Seymour, o
principal catalisador do fenómeno. Os pentecostais, de modo geral, veem esse acontecimento
como sendo a origem do seu movimento.

8.2 A sua história subsequente no Brasil


Em 1909, Luigi Francescon, imigrante italiano, uma vez convertido ao
movimento pentecostal em Chicago, achou-se sob a forte compulsão de ir para a América do
Sul, desembarcando em Buenos Aires. Tinha recebido seu batismo no Espírito Santo, falou
línguas em Chicago, 1907, onde fundou umas igrejas entre italianos. A denominação atual é
chamada de Igreja Cristã da América do Norte.

Francescon visitou Buenos Aires por pouco tempo, e em 1910 veio para São
Paulo, onde havia uma colônia italiana desconhecida dele, com cerca de 1.300.000 pessoa.

Saiu com ele um pequeno grupo que se tornou a igreja-mãe da Congregação


Cristã no Brasil, com um número de membros que excedia três milhões atualmente.

Também em 1909, dois imigrantes suecos, Já batizados no Espírito Santo, Gunnar


Vingren, em Chicago, e Daniel Berg, na Suécia, receberam a notícia, por um irmão na fé, de
um lugar chamado Pará, revelado em sonho.

Em 19 de novembro de 1910, chegaram a Belém do Pará, onde conseguiram


abrigo nas dependências da igreja batista. Essa data é celebrada pelas Assembleias de Deus
como “o dia marcado por Deus para o início do Movimento Pentecostal no Brasil”.
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9 Avaliação Crítica
Levando em consideração a análise histórica feita pelo autor, apesar de resumida,
não há discordância quanto a mesma. José Faustino se atém a relatar os fatos que levaram a
interpretação da doutrina do Espírito Santo desde o século I d. C., passando pela reforma
protestante até as interpretações feitas pelos movimentos pentecostais modernos.
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Bibliografia

ALBUQUERQUE, J. F. D. Teologia do Espírito Santo ao Alcance de Todos: Um Guia


Sistemático Sobre a Doutrina do Espírito Santo. 1ª. ed. São Paulo: Beth Shalom, 2006.

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