Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BYU
RELIGIOUS EDUCATION
Religious Studies Center
Sumário
1805–1819: Os Primeiros Anos
1805–1819: Os Primeiros Anos
O Mundo do Profeta
Os Primeiros Anos de Joseph
Nova York
O Segundo Grande Despertar
Um Instrumento nas Mãos do Senhor
Notas
A Expiação e a Ressurreição
A Expiação e a Ressurreição
Conclusão
Notas
A Nova Tradução e a Doutrina dos Santos dos Úlitmos Dias
A Nova Tradução e a Doutrina dos Santos dos Úlitmos Dias
Uma Fonte Primária de Doutrina
A Restauração de Verdades Doutrinárias
Um Testamento de Jesus Cristo
Anotações
Aprender e Ensinar com mais Efeito
Aprender e Ensinar com mais Efeito
Como Aprender com Mais Efeito
Como Responder aos Sussuros do Espírito
Ensinar Outros a Aprenderem do Espírito
Entesourar as Impressões Sagradas
Referências
"Aqueles que Veem": Um Século de Responsabilidades para
Educadores Religiosos
"Aqueles que Veem": Um Século de Responsabilidades para
Educadores Religiosos
A Lei do Ensino
“O Curso Traçado”: Um Lugar para se Começar para Encontrar o
Método do Senhor
Doutrina
O Poder da Doutrina
As Doutrinas a Serem Ensinadas
Advertências sobre Ensinar o Sensacionalismo
Convênios
Ensinando Truques, Manias e Jogos
Espírito
Visões Proféticas do SEI
Notas
As Leis Da Igreja De Cristo
“As Leis da Igreja de Cristo” (D&C 42): Uma Análise Textual e
Histórica
Análise Textual
Composição de Versões Existentes da Seção 42 Anteriores a 1835
“As Leis da Igreja de Cristo”
D&C 42:1-10
D&C 42:11-69
D&C 42:70-73
Unidades Textuais 4 e 5 (Não se Encontram em Doutrina e
Convênios)
D&C 42:78-93
D&C 42:74-77
Notas
"Bata de Leve": Controlando o Comportamento dos Alunos na Sala de
Aula
“Bata de Leve”: Controlando o Comportamento dos Alunos na Sala
de Aula
Notas
Buscai Conhecimento pela Fé
Buscai Conhecimento pela Fé
Princípios Companheiros: Pregar pelo Espírito e Aprender pela Fé
Um Princípio de Ação: Fé no Senhor Jesus Cristo
Aprender pela Fé: Agir e Não Receber a Ação
Significado para Nós como Professores
Buscar Entendimento pela Fé: Um Caso Recente
Anotações:
Cercando a Astronomia e os Egípcios
Cercando a Astronomia e os Egípcios: Um Método de Analizar o
Capítulo 3 de Abraão
Os Propósitos da Astronomia
Símbolos Egípcios
Pontos Governantes do Universo
Gráfico Nº 1. O coneito do cosmo de Faraó
Gráfico Nº 2. O conceito de Abraão do cosmo
Gráfico Nº 3. Universo centralizado em Faraó
Gráfico Nº 4. Universo governado por poderes mais altos
Gráfico Nº 5. A ordem patriarcal
Gráfico Nº 6. Governo da Igreja
A Relação de Deus com Abraão e conosco
A Inteligência aos Olhos de Deus
Notas
Como Estudar as Escrituras
Como Estudar as Escrituras
Que Princípios Corretos, e não Técnicas, Dirijam Nosso Estudo
Requer-se o Espírito de Revelação para Entender a Revelação
Não Há Senão um Evangelho
“Procurai Conhecimento, Sim, pelo Estudo e Também pela Fé”
Manter as Coisas no Contexto Correto
Equilibrar os Princípios Corretos
Usar comentários e Bom Senso
Conclusão
Como fazer Perguntas que Convidam a Revelação
Como fazer Perguntas que Convidam a Revelação
Jesus, o Mestre dos mestres
O Valor de Fazer Perguntas
Desenvolver o Talento de Fazer Excelentes Perguntas
Implementação
Conclusão
Notas
Descobertas do Projeto de Estudo Dos Escritos de Joseph Smith
Descobertas do Projeto de Estudo Dos Escritos de Joseph Smith: Os
Manuscritos Inciais
Método de Pesquisa Refernete ás Recelações
Compliação de um Texto Padrão
Comparação de Textos
Datas das Revelações
A Coincidência das as Revelações com Eventos Históricos
Revelações Não Publicadas
Conclusão
Notas
Doutrina e Convênios e Revelação Contínua
Ensaios Clássicos dos Simpósios Sperry:
Doutrina e Convênios e Revelação Contínua
Anotações
Elevando os Padrões
Elevando os Padrões: Preparando Futuros Missionários
“Quem me dera ...”
Saber que o Evangelho é Verdadeiro
Importante versus Interessante
Não Suponha que Eles Saibam
Conheça as Doutrinas do Evangelho
Ligando os Pontos
Ensine-os Como Estudar o Evangelho
Saiba Como Compartilhar o Evangelho
“Ensinar um ao Outro a Doutrina do Reino”
“Servir de Testemunhas de Deus em Todos os Momentos”
Conclusão
Notas:
Em Sua Própria Língua e em Seu Próprio Idioma
Em Sua Própria Língua e em Seu Próprio Idioma
Esta Geração Receberá minha Palavra por Teu Intermédio
Esta Geração Receberá minha Palavra por Teu Intermédio
A Palavra e a Dispensação
As Palavras Reveladas por Intermédio de Joseph Smith
Onde se Encontram as Palavras
Encontram-se outras tradução feitas pelo Pro
A Palavra e o Livro de Doutrina e Convênios
Como Saber que a Palavra é de Deus
As Palavras que Ainda Virão
A Afirmação da Palavra em Nosso Coração
Notas de Rodapé:
Gestão Eficaz do Tempo na Sala de Aula
Gestão Eficaz do Tempo na Sala de Aula
Nota
Grandes São as Palavras de Isaías
Grandes São as Palavras de Isaías
Isaías Capítulo 1
Os Vícios Mais Malignos
Males da Sociedade
A Vanglória das Nações
“Mãos Limpas; Coração Puro”
Isaías e a Restauração de Israel
Isaías e a Restauração de Israel
Por que será preciso que haja a restauração de Israel?
Quando ocorrerá a Restauração de Israel?
Quem participará da Restauração de Israel?
Como ocorrerá a Restauração de Israel?
Quais serão os resultados da Restauração de Israel?
Joseph Smith: O Profeta e Vidente - Introdução
Joseph Smith: O Profeta e Vidente - Introdução
Quem Foi Joseph Smith?
Reconstruindo a Vida do Profeta
Preservar e Gravar a História do Profeta
Projeto Documentos de Joseph Smith
Conhecer o Irmão Joseph
Notas
A Jornada do Eterno Aprendizado
A Jornada do Eterno Aprendizado
Caraterísticas dos que Aprendem ao longo da Vida
O Estudo das Escrituras e o Eterno Aprendizado
O Eterno Aprendizado—do Passado, do Presente e do Futuro
A Maternidade: A Oportunidade Ideal de Eterno Aprendizado
Procurem Saber que Deus Vive
Notas
Lições do Cordeiro de Deus
Lições do Cordeiro de Deus
A Influência do Espírito
Autoconsciência e Honestidade
Nossa Indentidade Eterna
O Propósito da Vida
Nosso Galardaõ Eterno
Notas
Noivar-se ou Empenhar-se? Eis a Questão
Noivar-se ou Empenhar-se? Eis a Questão
Notas
O Arbítrio e a Liberdade
O Arbítrio e a Liberdade
I. Doutrina
II. Applicação Prática
Notas
O Cosmo de Nosso Criador
O Cosmo de Nosso Criador
Notas
O Ensino da Expiação
O Ensino da Expiação
Uma Advertência Espiritual
Lançar o Alicerce
O Livro de Mórmon ao Resgate
E Ainda Mais
A Pura Doutrina da Expiação
A Expiação em uma Estufa Espiritual
Notas
O Livro de Mórmon: A Grande Resposta à Grande Pergunta
O Livro de Mórmon: A Grande Resposta à Grande Pergunta
O Papel de Cristo Como Pai na Expiação
O Papel de Cristo Como Pai na Expiação
Notas
O Prefácio do Senhor
O Prefácio do Senhor
Censura do Profeta
A Jornada Prototípica
Um Começo Agourento
Descida à Idolatria
Ascenção de Babilônia ao Céu
Notas de rodapé:
Os Profetas e o Sacerdócio No Velho Testamento
Os Propósitos Precisos do Livro de Mórmon
Os Propósitos Precisos do Livro de Mórmon
Declaração do Propósito de Morôni na Página de Rosto
Propósitos de Néfi em Escrever
Outros Propósitos do Livro de Mórmon, Conforme Descritos por
Néfi
Declaração do Propósito de Jacó
Cumprimento das Intenções dos Autores do Livro de Mórmon
Uma Declaração do Propósito de Doutrina e Convênios
Uma Declaração do Propósito do Livro de Éter
A Declaração de Propósito Final de Mórmon
Declarações de Propósito Finais de Morôni
Notas
Os Remanescentes Coligados, Convênios Cumpridos
Os Remanescentes Coligados, Convênios Cumpridos
O Elo de José
O Elo do Livro de Mórmon
O Elo da Casa de Israel
O Elo Do Êxodo
O Elo Das Verdades Eternas Do Evangelho
Resumo
Anotações
Qual é a Nossa Doutrina?
Qual é a Nossa Doutrina?
Doutrina: Seu Propósito, Poder e Pureza
Como Mantemos “A Doutrina Pura”? O que Devemos Fazer?
Parâmetros Doutrinários
Lealdade aos Homens Chamados como Profetas
Enfrentando Situações Difíceis
Outros Exemplos
Conclusão
Notas:
Rasgar o Véu da Descrença
Rasgar o Véu da Descrença
Testemunha Antiga de Cristo
O Irmão de Jarede
Romper O Véu
Uma Visão Notável
Revelação
Revelação
Anotações
Sempre Aprendendo, Sempre Ensinando
Sempre Aprendendo, Sempre Ensinando: Lições que aprendemos de
Joseph F. Smith
Background de Joseph Fielding (Joseph F.) Smith
Breve Histórico de Martha Ann
O Processo de Transcrição
A Pedagogia de Joseph F. Smith
Martha Ann
A Capacidade de Motivar e Comunicar com Eficácia
Tratar os Outros com Respeito
Ilhas Sanduíche
Conhecimento do Assunto
Conclusão
Notas
Sermos Aceitos pelo Senhor
Sermos Aceitos pelo Senhor
Conceito 1: O Que é Sucesso ou o Fracasso Verdadeiro?
Conceito 2: Como Obtém a Aceitação do Senhor?
Conveito 3: Onde Encontramos A Aceitação de Joseph Smith Pelo
Senhor?
Anotações
Todos as Coisas São do Senhor
"Todos as Coisas São do Senhor": A Lei de Consagração no Livro de
Doctrina e Convênios
A Lei de Consagração
Arbítrio, Mordomia e Prestação de Contas
A Consagração Hoje
Anotações
Um por Um, o Modelo de Serviço do Salvador
Um por Um, o Modelo de Serviço do Salvador
3 Néfi—O Quinto Evangelho
Ordenanças Uma Por Uma
O Ministéro Dos Discípulos Nefitas
Conclusão
Notas
Uma Testemunha Poderosa e Preciosa de Jesus Cristo
Uma Testemunha Poderosa e Preciosa de Jesus Cristo
Todas as Escrituras e Todos os Profetas Testificam de Cristo
Jeová foi Jesus Cristo
Só Se Recebe a Salvação por Meio de Jesus Cristo
O Velho Testamento presta Testemunho de Jesus Cristo
A Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos
A Lei de Moisés
Os Profetas
Os Salmos
Conclusão
Notas
1805–1819: Os Primeiros Anos
O Mundo do Profeta
Joseph Smith viveu em um período de transição entre o fim do mundo
Pré-moderno e o início do mundo Moderno. Em alguns lugares e
entre algumas pessoas, como nos centros urbanos da Europa, o
mundo Pré-moderno já tinha basicamente terminado, enquanto que
pessoas em outros lugares ainda tinham uma visão Pré-moderna do
mundo. De certa forma, Joseph Smith tinha um pé no mundo Pré-
moderno e outro no mundo Moderno. O mundo Pré-moderno pode
ser identificado como tendo uma abundância de três mercadorias que
hoje estão em falta.
Primeiramente, o mundo Pré-moderno tinha uma abundância de
escuridão natural. Certamente havia fogueiras, lâmpadas a óleo e,
posteriormente, velas, mas frequentemente as pessoas que viveram
no mundo Pré-moderno experimentaram a escuridão natural em sua
quase totalidade. Hoje, a humanidade, particularmente aqueles
morando em um país industrializado do mundo ocidental, dificilmente
pode escapar à luz artificial: para a maioria das pessoas, é necessário
viajar longas distâncias para se testemunhar um céu natural, escuro,
como era visto na antiguidade. A iluminação nas ruas, as luzes de
cabeceira, televisões e até mesmo luzes noturnas nos corredores têm
mudado fundamentalmente a maneira como vemos o mundo à noite.
Nós simplesmente não observamos os céus da mesma forma que
Abraão e Sarah, Jesus, Maria, Lázaro, Joseph e Emma os viram.
Além disso, é possível que nós não apreciemos os temores da
escuridão natural que existia para aqueles que viveram no passado.
Uma pessoa podia cair em um buraco. Animais selvagens poderiam
atacar. Era um mundo escuro e amedrontador.
A segunda mercadoria era o som e o silêncio naturais. No mundo
Pré-moderno havia atividades humanas que criavam sons – serras,
cinzéis, e assim por diante – mas muitas vezes as pessoas daquela
época experimentaram o som natural de seu ambiente de uma forma
diferente do que uma pessoa moderna jamais o experimentou. Hoje
é difícil escapar do barulho do mundo moderno devido ao predomínio
do tráfego de automóveis, sons de vários canais de mídia tais como o
rádio, sons de correntes elétricas em nossas casas, o onipresente
iPod, e uma variedade de outras fontes. Mesmo em alguns dos
lugares mais quietos na América, tais como parques naturais, aviões
podem perturbar tanto humanos como animais.
A terceira mercadoria era a solidão pessoal. Vivemos em um mundo
que não vê com bons olhos as pessoas que querem ficar sozinhas.
Geralmente ficamos preocupados quando um amigo ou um membro
de nossa família procura estar sozinho, e imaginamos se devemos
chamar por ajuda ao imaginarmos o risco de suicídio. Devido a
nossos patriarcas e matriarcas, apóstolos e profetas terem
experimentado a escuridão natural, sons e silêncio naturais, assim
como a solidão pessoal, é possível que as visões dos céus tenham
sido abertas mais prontamente. Hoje, muitas vezes somos distraídos
pelas vozes, pelos sons e pelas luzes de um mundo movimentado,
barulhento e moderno.
O mundo de Joseph Smith era diferente do nosso, mas de outro
modo. Por exemplo, ele não tinha produtos modernos como xampu e
desodorante. A possibilidade de se tomar uma ducha e de trocar por
uma muda de roupas limpas todos os dias não existia para a maioria
das pessoas que viveram durante o período Pré-moderno. A maioria
das pessoas daquela época não tinha atendimento odontológico nem
ortodôntico. No início do século XIX, a expectativa de vida era menos
de vinte anos e o índice de mortalidade infantil era admiravelmente
alto. Isto não é de se surpreender em uma era antes dos antibióticos.
Hoje, poucos pais esperam ter que enterrar uma de seus filhos
quando ainda criança; no passado, poucos pais escapavam deste
terrível destino. Por volta do final do século XIX, estes números
mudaram drasticamente com os avanços tecnológicos que tornaram
possível água limpa, remédios e melhor nutrição.
O mundo de Joseph Smith estava frequentemente aberto para o olhar
público. Apesar dos momentos de solidão pessoal, a vida familiar era
mais transparente, especialmente para a família Smith. Eles moravam
em pequenas casas, cheias de gente na maior parte de suas vidas e
durante muitos anos de sua vida de casados, Joseph e Emma
moraram com outras pessoas, dividindo a casa com outros. Os
vizinhos de Joseph o viram indo ao banheiro no quintal. Hoje
corredores, quartos e portas trancadas criam uma privacidade
moderna fundamentalmente desconhecida no mundo Pré-moderno.
As pessoas na época de Joseph Smith presenciaram os ritmos
naturais da vida de uma forma que as pessoas de hoje dificilmente
experimentaram. Elas viram crianças nascendo e pessoas morrendo
em suas casas. Amigos e familiares do Profeta o viram doente,
cansado, irritado e muito zangado. Eles também o viram feliz,
brincalhão, alegre, entusiasmado, solene e em espírito de oração.
Eles o viram vestido com sua roupa de domingo, mas algumas vezes
em roupas esfarrapadas. [1]
Três importantes visitantes – Josiah Quincy, futuro prefeito de Boston;
Charles Francis Adams, o filho e o avô de dois ex-presidentes dos
Estados Unidos (John Quincy Adams e John Adams); e Dr. William G.
Goforth, representantes do partido político nacional conhecido como
Whig Party que haviam ido a Nauvoo em busca de votos para o
candidato para presidente Henry Clay – pararam em Nauvoo em
1844,[2] um pouco antes do Profeta ser morto. Depois de sua visita a
Nauvoo, Quincy contou sua história sobre a visita ao Profeta Mórmon:
Pré-eminente entre os retardatários, na porta estava um homem com
uma aparência de autoridade, vestido com roupas que indicavam seu
trabalho como carpinteiro. Ele era uma pessoa amigável, atlético, com
seus olhos azuis sobressaindo sobre sua pele clara, um nariz longo e
uma testa retraída. Ele vestia calças listradas, uma jaqueta de linho, a
qual não havia sido lavada há algum tempo, e uma barba de uns três
dias. Este era o fundador da religião a qual havia sido pregada em
todo canto da terra. Conforme Dr. Goforth nos apresentou ao profeta,
ele mencionou a descendência de meu companheiro. “Deus o
abençoe, para começar!” disse Joseph Smith, levantando suas mãos
para cima e deixando-as cair sobre os ombros do Sr. Adams. [3]
Joseph não tinha a aparência daquilo que uma pessoa poderia
esperar de um profeta. Alguns Santos dos Últimos Dias que
chegaram a Nauvoo também se surpreenderam ao ver o jovem
profeta vestido em roupas rústicas cumprimentando-os nas
docas. [4] Assim era o mundo em que Joseph Smith vivia.
Algo que é ainda surpreendente para as pessoas dos dias de hoje era
quão jovem o Profeta era quando os eventos transcedentais da
Restauração ocorrerram; ele tinha apenas quatorze anos de idade
quando ele viu o Pai e o Filho em 1820; ele tinha apenas dezessete
anos quando Morôni o visitou em 1823; ele tinha apenas vinte e um
anos de idade quando recebeu em 1827 os registros da antiguidade;
e ele tinha apenas vinte e quatro anos quando se tornou Presidente
da Igreja de Jesus Cristo em 1830. Foi provavelmente para que ele
pudesse cumprir rigorosamente as tarefas que estavam à sua frente
que o Senhor chamou um profeta jovem e energético.
Joseph viveu durante um tempo extraordinário da história dos
E.U.A. [5] O país estava se expandindo não só geográfica mas
também populacionalmente. Em 1800 havia um pouco mais do que
cinco milhões de norte-americanos. Por volta de 1810, havia mais de
sete milhões e dentro de outros vinte anos, este número dobraria.
Além disso, a fronteira norte-americana estava constantemente
mudando em direção ao oeste. Joseph morava nesta fronteira – um
ambiente rústico, duro e por vezes perigoso.
É importante observar que o mundo Pré-moderno não foi um período
estático, apesar de que certos aspectos tiveram uma continuidade
longa e substancial. [6]
Notas
[1] Veja Hyrum Andrus e Helen Mae Andrus, They Knew the Prophet
[Eles Conheceram o Profeta] (Salt Lake City: Deseret Book, 1999); e
Mark L. McConkie, Remembering Joseph [Lembrando-se de Joseph]
(Salt Lake City: Deseret Book, 2003).
[2] Veja Richard Lyman Bushman, Joseph Smith: Rough Stone
Rolling [Joseph Smith: Pedra Não Lapidada Rolando] (New York:
Alfred A. Knopf, 2005), 3.
[3] Josiah Quincy, Figures of the Past from the Leaves of Old Journals
[Figuras do Passado das Páginas de Velhos Diários] Boston: Roberts
Brothers, 1883), 380–81.
[4] Andrus e Andrus, They Knew the Prophet [Eles Conheceram o
Profeta], 191–92.
[5] Para mais informações referentes ao contexto em imediato sobre a
vida de Joseph Smith nos Estados Unidos, veja Chad M. Orton e
William W. Slaughter, Joseph Smith’s America: His Life and Times [A
América de Joseph Smith: Sua Vida e Sua Época] (Salt Lake City:
Deseret Book, 2005).
[6] Para um panorama histórico da importância dessas várias
questões no século XIX nos E.U.A., veja Daniel Walker Howe, What
Hath God Wrought: The Transformation of America, 1815–1848 [O
que Deus Criou: A Transformação da América, 1815-1848], (New
York: Oxford University Press, 2007).
[7] Lucy Mack Smith, The Revised and Enhanced History of Joseph
Smith by His Mother [A História Revisada e Melhorada de Joseph
Smith escrita por sua Mãe], ed. Scot Facer Proctor e Maurine Jensen
Proctor (Salt Lake City: Deseret Book, 1996), xxxvii; e Lavina Fielding
Anderson, ed., Lucy’s Book: A Critical Edition of Lucy Mack Smith’s
Family Memoir [O Livro de Lucy: Uma Edição Crítica das Memórias
Familiares de Lucy Mack Smith] (Salt Lake City: Signature Books,
2001), 67–68.
[8] Veja, por exemplo, a história de Joseph Smith de 1832; Personal
Writings of Joseph Smith [Escritos Pessoais de Joseph Smith], ed.
Dean C. Jessee (Salt Lake City: Deseret Book, 2002), 9–20.
[9] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 42.
[10] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 51–53.
[11] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 45; e Richard Neitzel Holzapfel,
“The Church on the Early 19th-Century Frontier” [“A Igreja na
Fronteira no Início do Século XIX”], em Historical Atlas of Mormonism
[Atlas Histórico do Mormonismo], ed. S. Kent Brown, Donald Q.
Cannon, e Richard H. Jackson (New York: Simon e Schuster, 1994),
6–7.
[12] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 53.
[13] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 62.
[14] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 62.
[15] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 62.
[16] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 62; para um resumo da vida de
Samuel Harrison Smith veja Kyle R. Walker, ed., United by Faith: The
Joseph Sr. and Lucy Mack Smith Family [Unidos pela Fé: A Família
de Joseph Smith Sr. e Lucy Mack Smith] (American Fork, UT:
Covenant Communications, 2005), 204–307.
[17] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 62.
[18] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 62.
[19] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 62; para um resumo da vida de
William B. Smith, veja Walker, United by Faith [Unidos pela Fé], 247–
307.
[20] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 64.
[21] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 63–64.
[22] Bushman, Rough Stone Rolling [Pedra Não Lapidada Rolando],
20.
[23] Walker, United by Faith [Unidos pela Fé], 308–52.
[24] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 69–76.
[25] LeRoy S. Wirthlin, “Joseph Smith’s Boyhood Operation: An 1813
Surgical Success” [“A Operação de Joseph Smith quando Criança:
Um Processo Cirúrgico em 1813] BYU Studies 21, no. 2 (Primavera
1981): 131–54.
[26] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 73–74.
[27] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 75; veja também Bushman,
Rough Stone Rolling [Pedra Não Lapidada Rolando], 21–22.
[28] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 76; para um resumo da vida de
Don Carlos Smith, veja Walker, United by Faith [Unidos pela Fé],
354–97.
[29] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 76.
[30] Bushman, Rough Stone Rolling [Pedra Não Lapidada Rolando],
27–29.
[31] Veja Howe, What Hath God Wrought [O que Deus Criou], 30–31;
e John D. Post, The Last Great Subsistence Crisis in the Western
World [A Última Grande Crise de Subsistência no Mundo Ocidental],
(Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1977), 1–27.
[32] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 81.
[33] Para mais informações sobre a história da família Smith, veja
Richard Lloyd Anderson, Joseph Smith’s New England Heritage [A
Herança de Joseph Smith da Nova Inglaterra] (Salt Lake City and
Provo, UT: Deseret Book and BYU Press, 2003).
[34] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 81–82.
[35] Bushman, Rough Stone Rolling [Pedra Não Lapidada Rolando],
28.
[36] Veja Milton V. Backman, “Awakenings in the Burned-over District:
New Light on the Historical Setting of the First Vision [“Despertares no
‘Distrito em Fogo’: Um Novo Enfoque no Palco Histórico da Primeira
Visão”], BYU Studies 9, no. 3 (1969): 301–15.
[37] Veja Whitney R. Cross, The Burned-Over District: The Social and
Intellectual History of Enthusiastic Religion in Western New York,
1800–1850 [O ‘Distrito em Fogo’: A História Social e Intelectual do
Entusiasmo Religioso no Oeste de Nova York, 1800-1850], (Ithaca,
NY: Cornell University Press, 1950).
[38] Gordon S. Wood, “Evangelical America and Early Mormonism”
[“A América Evangélica e o Mormonismo do Início”], em Dean L. May
and Reid L. Neilson, The Mormon History Association Tanner
Lectures: The First Twenty Years [Os Discursos de Tanner da
Associação de História Mórmon: Os Primeiros Vinte Anos], (Urbana:
University of Illinois Press, 2006), 22.
[39] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 84–86.
[40] Personal Writings of Joseph Smith [Escritos Pessoais de Joseph
Smith], 10; com ortografia, pontuação e gramática atualizados.
[41] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 86.
[42] Andrus, They Knew the Prophet [Eles Conheceram o Profeta], 1.
[43] Personal Writings of Joseph Smith[Escritos Pessoais de Joseph
Smith], 10; com ortografia, pontuação e gramática atualizados.
[44] Para um resumo da cultura religiosa durante este período, veja
Nathan Hatch, The Democratization of American Christianity [A
Democratização do Cristianismo Americano] (New Haven, CT: Yale
University Press, 1989); e Jon Butler, Awash in a Sea of Faith:
Christianizing the American People [Encharcados em um Mar de Fé:
Cristianização do Povo Americano (Cambridge: Harvard University
Press, 1990). Para análises estatísticas do crescimento da Igreja
durante este período, veja Roger Finke e Rodney Stark, The
Churching of America, 1776–2005: Winners and Losers in Our
Religious Economy [As Igrejas da América, 1776-2005: Vencedores e
Perdedores em Nossa Economia Religiosa] (New Brunswick, NJ:
Rutgers University Press, 2005); e Edwin Gaustad e Philip Barlow,
New Historical Atlas of Religion in America [Novo Atlas Histórico da
Religião na América] (New York: Oxford University Press, 2000).
[45] Personal Writings of Joseph Smith [Escritos Pessoais de Joseph
Smith], 10; com ortografia, pontuação e gramática atualizados.
[46] E. Latimer, Three Brothers: Sketches of the Lives of Rev. Aurora
Seager, Rev. Micah Seager, Rev. Schuyler Seager [Três Irmãos:
Esboços das Vidas do Rev. Aurora Seager, Rev. Micah Seager, Rev.
Schuyler Seager], D.D. (New York: Phillips & Hunt, 1880), 12.
[47] Personal Writings of Joseph Smith [Escritos Pessoais de Joseph
Smith], 10.
[48] Smith, History of Joseph Smith by His Mother [A História de
Joseph Smith escrita por sua Mãe], 111.
[49] Personal Writings of Joseph Smith [Escritos Pessoais de Joseph
Smith], 226–39.
[50] D. Michael Quinn argumentou persuasivamente sobre esta
questão em um outro trabalho, (“Joseph Smith’s Experience at a
Methodist ‘Camp-Meeting’ in 1820,” Expanded Version [Definitive] [“A
Experiência de Joseph Smith em uma ‘Reunião de Acampamento’
Metodista em 1820”, Versão Extendida - Definitiva] Dialogue
Paperless 3 [Dezembro 2006]: 1–110, disponível online
em http://www.dialoguejournal.com/ excerpts/e3.pdf).
[51] Backman, “Awakenings in the Burned-over District” [“Despertares
no ‘Distrito em Fogo’”], 312–13.
[52] Richard Lloyd Anderson, “Circumstantial Confirmation of the First
Vision Through Reminiscences” [“Confirmação Circunstancial da
Primeira Visão através de Reminiscências”] BYU Studies 9, no. 3
(Primavera 1969): 379–84.
[53] Veja Personal Writings of Joseph Smith [Escritos Pessoais de
Joseph Smith], 229.
[54] Asael Smith, avô de Joseph Smith, organizou a sociedade
Universalista em Tunbridge, Vermont, em 1797, com Joseph Smith
Sr. listado entre os dezesseis membros. Consta que seus filhos mais
velhos tenham frequentado as reuniões com ele. Veja LaMar C.
Berrett e outros, eds.,Sacred Places, vol. 1: New England and Eastern
Canada [Nova Inglaterra e o Canadá Oriental] (Salt Lake City:
Bookcraft, 1999), 1:121–22.
[55] Diário de Alexander Neibaur, Maio 24, 1844, em The Papers of
Joseph Smith: Volume 1, Autobiographical and Historical Writings [Os
Papéis de Joseph Smith: Volume 1, Escritos Autobiográficos e
Históricos], ed. Dean C. Jessee (Salt Lake City: Deseret Book, 1989),
461.
[56] Personal Writings of Joseph Smith [Escritos Pessoais de Joseph
Smith], 11; ortografia atualizada.
[57] Pesquisadores recentemente descobriram evidências jurídicas
mostrando que Joseph havia sido uma testemunha credível em um
caso legal (evidência que a família Smith estava morando em
Palmyra em 1819). Veja “A Chronology of the Life of Joseph Smith”
[“Uma Cronologia da Vida de Joseph Smith”], BYU Studies 46, no. 4
(2007): 7.
[58] The Words of Joseph Smith: The Contemporary Accounts of the
Nauvoo Discourses of the Prophet Joseph [As Palavras de Joseph
Smith: Os Relatos Contemporâneos do Profeta Joseph dos Discursos
de Nauvoo], ed. Andrew F. Ehat e Lyndon W. Cook (Provo, UT:
Religious Studies Center, Brigham Young University, 1980), 367.
[59] Gordon B. Hinckley, “As One Who Loves the Prophet” [“Como
Alguém Ama o Profeta”] em The Prophet and His Work: Essays from
General Authorities on Joseph Smith and the Restoration [O Profeta e
suas Obras: Ensaios das Autoridades Gerais sobre Joseph Smith e a
Restauração] (Salt Lake City: Deseret Book, 1996), 13.
[60] W. W. Phelps, “Praise to the Man” [“Hoje, ao Profeta Louvemos”]
Hymns [Hinos] (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-
day Saints, 1985), no. 27 [em português, no. 14].
A Expiação e a Ressurreição
A Expiação e a Ressurreição
Élder D. Todd Christofferson
Conclusão
À medida que concluímos esta reflexão sobre a Expiação e a
Ressurreição, é apropriado considerarmos então o testemunho do
Profeta Joseph Smith. O martírio reveste o testemunho de um profeta
com uma validade especial. A raiz grega da palavra, martireo, da qual
a palavra mártir é derivada, significa “testemunha,” ou “prestar
testemunho.” O profeta Abinádi é descrito como tendo selado as
palavras, ou a verdade de suas palavras, com sua morte (veja Mosias
17:20). A própria morte de Jesus foi um testamento de Sua divindade
e de Sua missão. Ele é declarado em Hebreus ser o “Mediador dum
novo Testamento” (Hebreus 9:15), validado por Sua morte, “Porque
onde há testamento necessário é que intervenha a morte do testador.
Porque um testamento tem força onde houve morte” (Hebreus 9:16–
17).
Como a maioria dos ungidos do Senhor nos tempos antigos, Joseph
Smith selou sua missão e seus trabalhos com seu próprio sangue.
Sob uma chuva de balas na tarde de 27 de junho de 1844 em
Carthage, Joseph e seu irmão, Hyrum, foram mortos pela religião e
testemunho que professavam. E como os Apóstolos dos últimos dias
então anunciaram: “Os testadores agora estão mortos e seu
testamento está em vigor. . . . e seu sangue inocente sobre o
estandarte da liberdade e sobre a carta magna dos Estados Unidos é
um embaixador da religião de Jesus Cristo, que tocará o coração dos
homens honestos de todas as nações” (D&C 135:5, 7; ênfase no
original).
O Salvador não teve entre os mortais uma testemunha mais fiel, um
discípulo mais obediente, um defensor mais leal do que Joseph
Smith.
Termino com seu grande testemunho do Salvador, fazendo-o meu
próprio, e unindo-o aos seus:
E contemplamos a glória do Filho, à direita do Pai, e recebemos de
sua plenitude;
E [nós] vimos os santos anjos e os que são santificados diante de seu
trono, adorando a Deus e ao Cordeiro, a quem adoram para todo o
sempre.
E agora, depois dos muitos testemunhos que se prestaram dele, este
é o testemunho, último de todos, que nós damos dele: Que ele vive!
Porque o vimos, sim, à direita de Deus; e ouvimos a voz testificando
que ele é o Unigênito do Pai—
Que por ele e por meio dele e dele os mundos são e foram criados; e
seus habitantes são filhos e filhas gerados para Deus. (D&C 76:20–
24)
Este é o aspecto mais significativo de toda a nossa existência. É real.
Ele é real. “Não está aqui, mas ressuscitou” (Lucas 24:6). Em nome
de Jesus Cristo, amém.
© by Intellectual Reserve, Inc.
Notas
[1] “God Loved Us, So He Sent His Son” [“Deus tal amor por nós
mostrou”], Hymns [Hinos] (Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, 1985) no. 187 [em português no. 107].
[2] “When I Survey the Wondrous Cross” [“Quando examinei a
magnífica cruz”—tradução livre], Westminster Choir College
Library (Bryn Mawr, PA: Theodore Presser, 1970).
[3] Brigham Young, Deseret News, 10 de setembro de 1856, 212.
A Nova Tradução e a Doutrina dos Santos dos
Úlitmos Dias
Anotações
[1] Para muitas destas referências, vide Robert J. Matthews, “A
Plainer Translation”: Joseph Smith’s Translation of the Bible—A
History and commentary (Provo, Utah: Brigham Young University
Press, 1975), 21-54.
[2] William E. Berrett, The Restored Church, 13th ed. (Salt Lake City:
Deseret Book, 1965), 100.
[3] Referências bíblicas se referem às passagens bíblicas onde foram
feitas as alterações da TJS. A não ser que haja um observação ao
contrário, as referências são iguais, tanto para a Bíbia tradicional
como para a Versão Inspirada publicada pela Comunidade de Cristo
de Independence, Estado de Missouri. As referências precedidas por
Versão Inspirada e V.I. indicam o capítulo e versículo(s) conforme
designados na edição impressa da Versão Inspirada. A não ser que
haja uma observação do contrário, as passagens citadas seguem o
fraseamento conforme se encontra ou no Livro de Moisés da Pérola
de Grand Valor, ou na Versão Inspirada.
[4] V.I. João 1:19.
[5] Para maior esclarecimento a respeito da contribuião da TJS ao
nosso entendimento do ministério mortal de Jesus, vide Matthews, “A
Greater Portrayal of the Master,” Ensign, March 1983, 6–13.
[6] VT2, página 2, ortografia e pontuação atualizadas conforme os
padrões vigentes.
[7] V.I. Mateus 3:24–25.
[8] V.I. Marcos 14:36.
[9] V.I. Marcos 14:31.
[10] Vide a relação impressionante das escrituras citadas nos
sermões de Joseph Smith como consta no livro The Words of Joseph
Smith The Contemporary Accounts of the Nauvoo Discourses of the
Prophet Joseph, ed. Andrew F. Ehat and Lyndon W. Cook (Provo,
Utah: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1980),
421-25. See also Joseph Smith’s Commentary on the Bible, comp.
and ed. Kent P. Jackson (Salt Lake City: Deseret Book, 1994).
Aprender e Ensinar com mais Efeito
Traduzido de Richard G. Scott, "To Learn and to Teach More
Effectively" in The Religious Educator, vol. 9, num. 1, ed.
Richard Neitzel Holzapfel (Provo: Religious Studies Center,
2008), 1-11.
Referências
[1] Bruce R. McConkie, seminário dos representantes regionais,
2 de abril de 1982.
[2] Joseph Smith, Teachings of the Prophet Joseph Smith [Os
Ensinamentos do Profeta Joseph Smith], compilado por Joseph
Fielding Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1976), 303.
[3] Teachings of the Presidents of the Church: Spencer W.
Kimball [Os Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W.
Kimball](Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints [A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias],
2006), 76-77.
"Aqueles que Veem": Um Século de
Responsabilidades para Educadores Religiosos
A Lei do Ensino
Os discursos deste último século revelam um padrão que está em
conformidade com as diretrizes que o Senhor tem dado com relação
ao ensino. Em 1987, o Presidente Ezra Taft Benson perguntou:
“Estamos utilizando as mensagens e o método de ensino encontrados
no Livro de Mórmon e em outras escrituras da Restauração para
ensinar este grande plano do Deus Eterno?” [7]
O que ele quis dizer com “o método de ensino encontrado [nas
escrituras]”? Há um método de ensino que o Senhor nos deu e
espera que nós usemos ao ensinar Seu evangelho? No caso positivo,
onde é encontrado? Se existe um método, as Autoridades Gerais o
ensinam e o utilizam como modelo quando eles nos treinam?
O Senhor delineou elementos de um modelo de ensino na seção a
que Joseph Smith se referiu como “a lei da Igreja.” Doutrina e
Convênios descreve uma “lei de ensino” nas seguintes palavras: “E
também os élderes, sacerdotes e mestres desta igreja ensinarão os
princípios de meu evangelho que estão na Bíblia e no Livro de
Mórmon, no qual se acha a plenitude do evangelho. AnchorE
observarão os convênios e regras da igreja e cumpri-los-ão e estes
serão seus ensinamentos, conforme forem dirigidos pelo Espírito”
(D&C 42:12–13).
A lei de ensino do Senhor inclue quatro elementos: ensinamento de
princípios e doutrinas, observância aos convênios, obediência aos
artigos ou regras da Igreja, e a orientação pelo Espírito. Os discursos
dos educadores religiosos discutem e utilizam como modelo cada um
destes quatro elementos.
Doutrina
Doutrina, conforme usada em Doutrina e Convênios 42:12, refere-se
aos “princípios do evangelho, os quais estão na Bíblia e no Livro de
Mórmon.” Desde a época do Presidente Clark até os dias de hoje, a
doutrina recebeu uma forte ênfase nos discursos do SEI pelas
Autoridades Gerais, com mais de sessenta discursos se referindo ao
assunto. Élder Mark E. Petersen declarou: “Nossas autoridades são
as escrituras, as quatro obras-padrão. Joseph Smith e os outros
Presidentes e líderes são da mesma forma nossas autoridades. Eles
são nossos líderes imediatos. Devemos ensinar como eles ensinam.
Devemos evitar as doutrinas que eles evitam, devemos evitar as
práticas que eles evitam.” [14]
Presidente Clark da mesma forma declarou:
Não há razão nem justificativa para os prédios e instituições de
ensino e treinamento religioso de nossa Igreja, a menos que seja para
ensinar aos jovens os princípios do evangelho, de modo a incluir dois
ensinamentos fundamentais: que Jesus é o Cristo e que Joseph foi
um profeta de Deus. O ensino de um sistema ético aos alunos não
justifica o funcionamento de nossos seminários e institutos . . . As
doutrinas como a da vida eterna, a do sacerdócio, a da restauração e
muitas outras semelhantes contêm princípios grandiosos que vão
muito além dessas regras básicas do bom viver. Estes grandes
princípios fundamentais devem também ser ensinados aos jovens; é
isso que os jovens querem aprender primeiro. [15]
Ele continuou:
Vocês se interessam por questões puramente culturais e por
questões do conhecimento puramente secular, mas volto a repetir
para salientar, o seu principal interesse, seu dever essencial e quase
que exclusivo é ensinar o evangelho do Senhor Jesus Cristo como
revelado na época atual. Para ensinar esse evangelho vocês devem
empregar como fonte e considerar autoridades no assunto as obras-
padrão da Igreja e as palavras das pessoas chamadas por Deus para
liderar Seu povo na época atual. Vocês não podem, não importa seu
escalão, introduzir em seu trabalho sua própria filosofia peculiar, não
importa de que fonte ela venha nem quão agradável ou racional lhes
pareça. . . . Vocês não devem, seja qual for seu escalão, alterar as
doutrinas da Igreja nem fazer com que fiquem diferentes do declarado
. [16]
O Poder da Doutrina
Os profetas fazem promessas sobre o poder da doutrina no ensino.
Élder Bruce R. McConkie testificou: “Vocês não mudam a vida de
ninguém ao ensinar matemática. . . . Mas vocês mudam a vida das
pessoas quando lhes ensinam as doutrinas de salvação.” [17]
Élder Jeffrey R. Holland declarou: “A Igreja tem um grande trabalho a
fazer, e queremos fazê-lo andando retamente e bem no meio do
caminho estreito e apertado. Ensine o evangelho. Ensine a doutrina.
Eles têm todo o poder e atração que você precisa para prender seus
estudantes.” [18]
As Doutrinas a Serem Ensinadas
Se temos fé que o ensino da doutrina tem poder, então o que constitui
“doutrina” em uma sala de aula do SEI? Falando sobre os líderes do
sacerdócio, Élder Petersen observou que, “Devemos evitar as
doutrinas que eles evitam.” [19]
Quais são as doutrinas que os líderes do sacerdócio ensinam? O que
eles evitam? Eles as modelaram para o SEI? Presidente Harold B.
Lee aconselhou os professores: “Vocês, como professores, não estão
sendo enviados para ensinar doutrinas novas. Vocês devem ensinar
as doutrinas antigas, não de uma forma tão simples que eles possam
apenas entendê-las, mas vocês devem ensinar as doutrina da Igreja
de uma forma tão simples que ninguém possa ter dúvidas.” [20]
Parte do “ensino simples” inclue ensinar para uma audiência
adequada. O simples fato de que uma coisa pode ser verdade não
significa que precise ser ensinada na sala de aula. Presidente Packer
advertiu: “Existe uma tentação para o escritor ou para o professor . . .
de querer dizer tudo que seja digno ou que estimule a fé ou não.
Algumas coisas que são verdade não são muito úteis. . . . O escritor
ou o professor que possui uma lealdade exagerada à teoria de que
tudo deve ser dito, está deitando o alicerce para o seu próprio
julgamento. . . . É muito importante, não só o que estamos dizendo
mas também quando o dizemos. Tenham cuidado para que vocês
contruam a fé em vez de destrui-la.” [21]
Devido a esta advertência, os líderes do sacerdócio forneceram
poderosos recursos para ajudar os professores a determinar a
adequação da doutrina. Um auxílio é o documento “Doutrina Básica,”
publicado em Charge to Religious Educators [Responsabilidades para
os Educadores Religiosos], terceira edição. O documento de duas
páginas lista e desenvolve “doutrinas básicas e objetivos gerais . . .
aprovados pelo Conselho de Educação da Igreja.” [22]
Os discursos das Autoridades Gerais são um outro recurso. Conforme
Élder Petersen declarou, “Devemos evitar as doutrinas que eles
evitam.” [23]
Os professores podem olhar para os profetas como um modelo para
ensino da doutrina, uma vez que quase metade dos discursos
abordam o assunto. A maior parte vêm de uma época de discussão
sobre a doutrina, entre as décadas de 1950 e 1960, quando
autoridades como Joseph Fielding Smith e Harold B. Lee
estabeleceram a doutrina e modelaram o seu ensino.
Um terceiro recurso, e provavelmente o maior deles para se ensinar a
doutrina verdadeira, foi providenciado pelo Senhor mesmo. Élder
McConkie nos ensinou: “As escrituras por si próprias apresentam o
evangelho da maneira que o Senhor deseja que ele nos seja
apresentado em nossos dias. . . . Devemos ensinar da maneira como
as coisas foram registradas nas obras-padrão que temos. E se você
quiser saber qual ênfase deve ser dada aos princípios do evangelho,
simplesmente ensine as obras-padrão por inteiro e, automaticamente,
neste processo, você terá dado a ênfase que o Senhor mesmo daria
para cada doutrina e para cada princípio.” [24]
Convênios
Os profetas enfatizaram que há mais no ensino do que simplesmente
declarar a doutrina verdadeira. Presidente Eyring acrescentou um
segundo aspecto quando declarou que, “Se fizermos com que a
doutrina seja simples e clara, e se ensinarmos a partir de nossos
corações transformados, a mudança também virá para eles [os
alunos].” [29]
Élder Neal A. Maxwell, da mesma forma, recordou sua própria
experiência com o seminário: “Minhas próprias memórias de meus
professores do Seminário de Granite High . . . estão agora
basicamente reduzidas àquilo que eles eram em termos de caráter.
Esquecidos estão os cardápios específicos das lições, mas eu me
lembro dos cozinheiros-chefes! É provável que o mesmo aconteça
com vocês. Vocês serão lembrados, não somente pelo que ensinam,
mas ainda mais por aquilo que vocês são.” [30]
Presidente Romney enfatizou o poder do exemplo de um professor:
“Eu preferiria que ele [o professor] estivesse um pouco menos
preocupado com a questão se os portões celestiais abrem de dentro
para fora ou de fora para dentro, mas que preferisse viver de tal forma
que fosse capaz de passar pelos mesmos portões.” [31]
Em outro discurso, ele observou: “Nunca presto atenção às
interpretações que uma pessoa dá sobre o evangelho se sei que ela
não está guardando os mandamentos.” [32]
A lei do Senhor sobre o ensino transmitida na seção 42 continua: “E
[eles] observarão os convênios.” Observar os convênios, na
perspectiva de um professor, inclui compromissos, tanto em viver em
retidão como indivíduos, como em suas obrigações como
empregados da Igreja. Trata-se de ser digno do Espírito, fiel às
designações de ensino e obediente às instruções dadas pelas
escrituras, pelos nossos líderes imediatos e pelos servos do Senhor.
O que foi que o Presidente Clark estabeleceu em “O Curso Traçado”
como padrão para todos os professores? “A primeira coisa que o
professor precisar ter para ensinar esses princípios é um testemunho
pessoal de que são verdadeiros. . . . Nenhum professor que não
tenha um testemunho sólido da veracidade do evangelho . . . tem
lugar no sistema de ensino da Igreja. Caso haja algum professor
assim . . . ele deveria demitir-se imediatamente.” [33]
Presidente Clark enfatizou, não só a importância de se possuir um
testemunho, mas também a coragem moral e intelectual de declará-
lo.
O que os líderes do sacerdócio ensinaram com relação ao
cumprimento dos convênios no método de ensino do Senhor? A
maior ênfase dada a este assunto parece ter sido na década de 1970,
quando a obediência ao convênio e a dignidade pessoal passou a ser
atacada. Ao focalizarmos neste período, o que os ungidos do Senhor
disseram aos professores sobre a dignidade aos convênios?
Presidente Packer aconselhou os professores a “terem certeza que
vocês estão comprometidos, que não são neutros, que são
tendenciosos, que vocês optaram por um lado, e que vocês estão no
lado do Senhor.” [34]
Ele continuou: “Em algum lugar desta terra em nossos dias, os jovens
devem, definitivamente devem, ser capazes de se unir a alguém que
não esteja confuso e que esteja seguro em sua fé. . . . Alguém deverá
se levantar, enfrentar a tempestade, declarar a verdade, e deixar os
ventos soprarem, e ser sereno e calmo e firme ao fazê-lo. Essa é sua
responsabilidade e sua obrigação como professores.” [35]
Durante este mesmo período de tempo, Presidente Kimball declarou:
Espero que vocês sejam uma rocha tão sólida que eles possam
receber de vocês uma força que venha a ser uma verdadeira fortaleza
para seus problemas. . . . Seus alunos não merecem sofrer devido
aos seus problemas. . . . Seus alunos têm o direito de esperar anos
de sólida espiritualidade em seu ensino efetivo. . . . Em grande parte,
uma enorme parte, os jovens estão indo ao templo para se casar por
sua causa. . . . Eles vão ao templo porque vocês foram ao templo,
porque vocês têm falado sobre o templo. Vocês têm lhes dito sobre
as alegrias da vida do templo, e amplamente por causa da sua
influência, eles irão ao templo depois de terem servido suas
missões. [36]
Presidente Benson lembrou aos professores: “Sua primeira
responsabilidade como professor do evangelho é preparar-se a si
mesmo espiritualmente. Todos vocês foram entrevistados por uma
Autoridade Geral quando se candidataram a um emprego no Sistema
Educacional da Igreja. Presumo que foi perguntado à maioria de
vocês se possuíam um testemunho. . . . Sua responsabilidade é viver
aquilo que ensinam. Sejam consistentes em sua vida com a
mensagem que declaram aos seus alunos.” [37]
Quando lemos os discursos dados através dos anos, parece-nos que
os líderes do sacerdócio têm estado preocupados que mantenhamos
nossos convênios, particularmente em relação aos seguintes pontos:
1. Que tenhamos um testemunho sólido do Salvador e do Profeta
Joseph Smith e a coragem de prestar testemunho deles.
2. Que sejamos verdadeiros às questões feitas pelas
Autoridades Gerais durante nossas entrevistas de emprego e
àquelas estabelecidas em nossas cartas de nomeação.
3. Que nossas vidas estejam em harmonia com os convênios
que pessoalmente fizemos.
4. Que haja harmonia entre aquilo que ensinamos e a maneira
como vivemos.
5. Que sejamos defensores dos líderes do sacerdócio e que
“ensinemos aquilo que os profetas pregam.”
6. Que nossa lealdade à doutrina e aos líderes do sacerdócio
seja evidente.
O Senhor e os líderes do sacerdócio enfatizam a questão do
cumprimento dos convênios por parte do professor, devido a seu
poder de ensino. Élder Maxwell resumiu:
Cada um de vocês deverá ter se dado conta, há muito tempo, que
você ensina aquilo que você é. Será essa lição que sobreviverá, na
memória dos alunos, a todas as outras que você ensinará. Você,
como pessoa, pode ter um grande impacto na memória de seus
alunos. Suas técnicas de ensino serão secundárias àquilo que você é
como um indivíduo. Sua personalidade será mais lembrada como um
todo, do que uma verdade em particular em uma lição em particular.
Isto é como deve ser, pois o seu discipulado é sério, aparecerá, e
será lembrado. . . . Você não poderá ser um professor de sucesso em
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, nem posso ser
eu, se as coisas não estiverem certas em nossos chamados
eternos. [38]
Artigos [ou regras] da Igreja [39]
Como professores, não é suficiente ensinar a doutrina pura e manter
seus próprios convênios, não importa o quanto estes dois princípios
possam ser parte da lei do ensino. O Senhor, em Doutrina e
Convênios 42, requer algo mais ao declarar: “E observarão os
convênios e regras da igreja e cumpri-los-ão.” O que são as “regras
da igreja”? Na época que Doutrina e Convênios foi escrita, as seções
20 e 22 de hoje eram chamadas de “Artigos e Convênios da Igreja.”
Com relação a estas revelações, Joseph Smith declarou que “Desta
maneira o Senhor continuou a nos dar instruções de tempos em
tempos, com relação às obrigações que agora nos são
delegadas.” [40]
No Dicionário Noah Webster [da língua inglesa] de 1828,
encontramos a seguinte definição sobre a palavra artigo: “Uma
simples cláusula em um contrato, sistema de regulamentos, tratado,
ou algum tipo de escrita; um item ou despesa separada em particular
em uma conta, um termo, condição, ou estipulação em um
contrato.” [41]
“Os artigos da Igreja” para nossos propósitos, são as “instruções,
responsabilidades, regulamentos, encargos, e estipulações” que
constituem ser um professor além do mero cumprimento dos
convênios. Tais artigos são instruções relacionadas ao ensino. Não é
o suficiente viver como os artigos da Igreja nos instruem e ensinar a
doutrina pura. Nós devemos, como Élder Petersen observou, “ensinar
como [os profetas] fazem.” [42]
Desta forma, o que foi que os profetas disseram especificamente
sobre o ensino? Como os professores podem melhorar o ensino?
Élder Holland observou que há alguma coisa além do cumprimento
dos convênios e que constitue o ensino valioso:
Para um grupo de professores profissionais certamente não é preciso
explicar que, depois de termos nos preparado e purificado para
receber a companhia do Espírito do Senhor, é necessário então que
desenvolvamos um genuíno domínio de nossa profissão, utilizando e
aplicando as melhores técnicas educativas e aperfeiçoando nossas
habilidades enquanto tivermos o privilégio de entrar nessa sala de
aula. Precisamos dedicar o mesmo tipo de esforço para melhorar
nossas habilidades de ensino que um homem ou mulher em qualquer
outra profissão, sejam médicos, advogados, peritos em informática ou
microbilogistas. No Sistema Educacional da Igreja é essencial, mas
não suficiente, que sejamos bons homens ou mulheres—devemos
também ser bons naquilo que fazemos. Devemos ser muito bons. A
matéria que ensinamos e as vidas de nossos alunos exigem que cada
um de nós dê o melhor de si em nosso ensino. [43]
Élder Maxwell da mesma forma observou a importância do ensino
efetivo:
Evidentemente há indivíduos que estão mantendo seus convênios
mas que lhes falta o carisma no ensino. Certamente há aqueles cujas
vidas estão em ordem mas que não são estimulantes como
professores. Entretanto, o Espírito abençoa os esforços de todos
aqueles que vivem dignamente. Ele confirma aquilo que eles dizem
ou fazem. Há uma autenticidade de testemunha, que fala por si
mesma, a qual provém daqueles que mantêm os mandamentos.
Portanto, prefiro a precisão da doutrina e a convicção espiritual
(mesmo que com uma certa dose de monotonia) do que o carisma
com esperteza infundada.
Entretanto, algumas vezes, parte daquilo que possa estar faltando em
um professor decente, é um estímulo pessoal refrescante sobre o
evangelho, o qual poderia se provar altamente contagioso. Uma vez
que podemos falar apenas sobre uma pequena parte daquilo que
sentimos, não deveríamos permitir que “a menor parte” encolha ainda
mais de tamanho. [44]
Presidente Clark estabeleceu o padrão para se melhorar as
habilidades de ensino e magnificar “a menor parte”: “Mas antes de
experimentar as mais novas ideias de qualquer linha de pensamento,
ensino, atividades, etc., os especialistas deveriam parar para pensar
que, por mais que nos achem atrasados, e por mais atrasados que de
fato sejamos em algumas coisas, em outras, estamos bem à frente
dos demais e, portanto, esses novos métodos podem ser velhos, ou
pior, ultrapassados para nós.” [45]
Ele continuou comentando sobre os métodos de ensino: “Vocês não
precisam chegar de mansinho, por trás desses jovens espiritualmente
experientes e sussurrar religião aos seus ouvidos. Podem ser diretos
e falar com eles face a face. . . . Não há necessidade alguma de uma
abordagem gradual, de ‘historinhas de ninar’, como para crianças,
não é preciso o ‘banho maria’, condescendência, ou qualquer das
outras técnicas pueris, usadas nos esforços para se atingir os que
são espiritualmente inexperientes, e só não estão espiritualmente
mortos.” [46]
Ensinar no SEI, portanto, é diferente do que qualquer outro ambiente
de ensino, público ou privado. Aqueles métodos que funcionam em
qualquer outro lugar podem “ser velhos, ou pior, ultrapassados para
nós.” O ensino é diferente porque os alunos e o assunto são
diferentes.
Espírito
Tão importante como o currículo direcionado pela Igreja possa ser na
lei do ensino, o Senhor incluiu uma quarta e última fase—o Espírito.
Élder Holland, citando Doutrina e Convênios 42:14, declarou que “‘E o
Espírito ser-vos-á dado pela oração da fé; e se não receberdes o
Espírito, [vós] não ensinareis.’ . . . Não apenas que vocês não
ensinarão ou que vocês não poderão ensinar ou que será um ensino
pobre. Não, é muito mais do que isto. É a forma imperativa do verbo.
‘[Vós] não ensinareis.’ Coloque um tu no lugar de vós e vocês terão a
linguagem do Monte Sinai. Este é um mandamento. Estes são alunos
de Deus, não seus.” [63]
Élder Maxwell observou:
Espero que vocês encontrem novas maneiras de envolver os jovens
na leitura pessoal das escrituras. Imagino que a melhor analogia que
vem à mente é de que é como um hinário. Há muitas melodias que
precisam ser cantadas e ouvidas, e as minhas favoritas e as suas
favoritas não são necessariamente aquelas que irão atrair ou ser
relevantes para os jovens. Somente por meio de algum envolvimento
pessoal com as escrituras que eles poderão achar a canção que lhes
ajudará em suas necessidades. Vocês não podem contar com o
currículo—com qualquer currículo—para atender a suas
preocupações tão habilmente e tão precisamente. Eles devem abrir o
hinário e ouvir a canção. Está lá. Ela falará com eles; ela cantará para
eles, mas algumas vezes deverá ser na privacidade de seu próprio
estudo. Não há como eu e você anteciparmos todas essas
necessidades tão precisamente. [64]
Os conselhos dados pelas Autoridades Gerais nos últimos anos que
lidam com o ensino pelo Espírito incluem tanto o aprendizado como a
preparação pelo Espírito. Em pelo menos doze discursos lidando
diretamente com este assunto, os líderes do sacerdócio enfatizaram
que todo ensino é feito pelo Espírito: “Portanto eu, o Senhor, faço-vos
esta pergunta: Para que fostes ordenados? AnchorPara pregar meu
evangelho pelo Espírito, sim, o Consolador que foi enviado para
ensinar a verdade” (D&C 50:13-14; ênfase acrescentada).
O Senhor declarou a mesma verdade na Última Ceia: “Mas aquele
Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse
vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu
vos tenho dito” (João14:26).
Este aspecto do ensino tem recebido crescente ênfase desde 1980.
No final dos anos 70 e início dos anos 80, parece ter ocorrido uma
mudança na Igreja e no SEI, dando-se grande ênfase ao fato de
sermos guiados pelo Espírito. O ensino mudou para o estudo
sequencial das escrituras, manuais e materiais de auxílio foram
reduzidos, lições nas reuniões de sacerdócio e Sociedade de Socorro
foram reescritas, e uma ênfase ainda maior foi colocada no ensino
pelos pais no lar. Em outras palavras, membros, líderes e professores
foram encorajados a aprender a seguir a influência do Espírito em
suas vidas em vez de confiar em diretrizes escritas detalhadas,
manuais e guias provindos da sede da Igreja.
Presidente Eyring ilustrou esta mudança: “Vocês verão uma
simplificação e um despojamento das coisas que não são essenciais,
assim como uma impaciência com a ineficiência. . . . Há uma
tremenda fé na maneira como eles estão revisando o currículo. A fé é
que os jovens podem ser guiados e podem amar as escrituras.” [65]
Esta mudança já ocorreu, trazendo consigo uma grande ênfase nas
escrituras e no ensino pelo Espírito e menos ênfase nos materiais em
si. A previsão do Presidente Eyring de mais jovens ponderando,
falando a respeito, ensinando, amando e acreditando nas escrituras
tem sido confirmada. [66]
O que foi que os líderes do sacerdócio compartilharam conosco sobre
ensinar com menos recursos e mais com o Espírito? Élder McConkie
declarou: “Eu não me importo com aquilo que eu falo a respeito. Tudo
que me importa é estar em sintonia com o Espírito e expressar os
pensamentos, na melhor linguagem e maneira possíveis, que são
colocados lá pelo poder do Espírito. O Senhor sabe o que uma
congregação necessita ouvir, e Ele providenciou uma maneira para
dar essa revelação para cada pregador e para cada professor.” [67]
Élder L. Tom Perry aconselhou: “Primeiro, e mais importante,
evidentemente, é ensinar como o Espírito. Ensinar com inspiração
significa ver e tirar vantagem de cada momento especial de ensino
que surge ou que possa ser propositalmente criado. Ensinar com o
Espírito permitirá os alunos saber de seu amor e especialmente do
amor e preocupação de Deus por eles. . . . Seria impossível ficar
diante de uma classe ‘pegando fogo’ com o Espírito do Senhor sem
ter as vibrações de sua alma ressonando no coração de seus
alunos.” [68]
Élder Richard G. Scott declarou:
O maior impacto de todos é o que eles sentem em sua presença na
sala de aula e em qualquer outro lugar. . . . É o compromisso
constante de uma vida a qual é propositalmente vivida de acordo com
os ensinamentos e exemplos do Salvador e de seus servos. É um
compromisso para constante motivação para ser mais e mais
espiritual, devotado, merecedor de ser o instrumento pelo qual o
Espírito do Senhor possa tocar os corações daqueles que lhes foram
confiados para levar a um maior conhecimento de Seus
ensinamentos. . . . As impressões mais marcantes, o maior ensino, e
os efeitos mais duradouros para se praticar o bem resultarão da sua
habilidade de convidar o Espírito do Senhor a tocar os corações e as
mentes daqueles que vocês ensinam. [69]
Élder Maxwell nos deu instruções detalhadas, incluindo uma lista do
que fazer e do que não fazer para ensinar com o Espírito. Ele
declarou:
Ensinar não tira a responsabilidade do professor de preparação por
meio de oração e ponderação. Ensinar pelo Espírito não é o
equivalente a ir com “piloto automático.” . . . A melhor forma de se
obter o Espírito é pedir ao Senhor para que Ele tome conta de uma
mente já informada e na qual a matéria foi estudada de antemão.
Além disso, se nós já nos preocupamos profundamente com aqueles
a serem ensinados, é muito mais fácil para o Senhor nos inspirar,
dando conselho individualizado e ênfase àqueles que ensinamos.
Portanto, nós não podemos clinicamente estar separados quando
ensinamos pelo Espírito. [70]
Presidente Eyring compartilhou os efeitos de ensinar pelo Espírito no
Simpósio do SEI de 1999:
Eu teria mais cuidado ao convidar a companhia do Espírito Santo. Os
alunos não veriam o tanto que eu veria, uma vez que muito
aconteceria a nível pessoal. Mas eles sentiriam a mudança em mim,
conforme o Espírito suavizasse minha natureza. Eles perceberiam ao
me ver um pouco mais paciente, um pouco mais interessado neles,
um pouco menos propenso a argumentar ou menosprezar, um pouco
mais propenso a sorrir. Eles perceberiam, não só que eu pareceria
mais feliz, mas que eles estavam mais felizes em nossa sala. . . . Se
eles decidirem copiar aquilo que eles viram e que me fazia feliz, eles
poderão escolher o certo porque o certo traz a felicidade e a paz da
companhia do Espírito Santo. E então o Espírito Santo irá ensiná-los
todas as coisas que eles devem fazer para fazer a vontade a Deus e
assim, levar a felicidade com eles, por muitos anos depois deles
terem deixado as nossas salas de aula. [71]
Notas
[1] Esta história é contada por Scott C. Esplin.
[2] J. Reuben Clark Jr., “The Charted Course of the Church in
Education” [“O Curso Traçado pela Igreja nos Assuntos
Educacionais”], Charge to Religious Educators[Responsabilidades
para os Educadores Religiosos], 3a. ed. (Salt Lake City: The Church
of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1994), 4.
[3] Boyd K. Packer, “The Mantle Is Far, Far Greater Than the Intellect”
[“O Chamado é Muito, Muito Maior que o Intelecto”], em Charge to
Religious Educators [Responsabilidades para os Educadores
Religiosos], 3a. ed., 64; ênfase acrescentada.
[4] Boyd K. Packer, “The Ideal Teacher” [“O Professor Ideal”], em
Charge to Religious Educators [Responsabilidades para os
Educadores Religiosos], 3a. ed., 18.
[5] Boyd K. Packer, “Teach the Scriptures” [“Ensine as Escrituras”],
em Charge to Religious Educators [Responsabilidades para os
Educadores Religiosos], 3rd ed., 88.
[6] Packer, “Teach the Scriptures,” [“Ensine as Escrituras”] 88.
[7] Ezra Taft Benson, in Conference Report [Relatórido da
Conferência], abril de 1987, 106.
[8] Henry B. Eyring, “The Lord Will Multiply the Harvest” [“O Senhor Irá
Multiplicar a Colheita”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1998), 1–2; todas as
referências citadas como “discurso para o SEI” tiveram sua
distribuição limitada a professores e líderes do SEI.
[9] Boyd K. Packer, “Seek Learning Even by Study and Also by Faith”
[“Procure Aprender tanto pelo Estudo como pela Fé”], em That All
May Be Edified [Que Todos Sejam Edificados] (Salt Lake City:
Bookcraft, 1982), 44.
[10] Henry B. Eyring, “‘And Thus We See’: Helping a Student in a
Moment of Doubt” [‘E Portanto Vemos’: Ajudando um Estudante em
um Momento de Dúvida”], em Charge to Religious Educators
[Responsabilidades para os Educadores Religiosos], 3a. ed., 107.
[11] Marion G. Romney, “The Charted Course Reaffirmed” [“O Curso
Traçado Reafirmado”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1980), 1.
[12] Eyring, “‘And Thus We See’: Helping a Student in a Moment of
Doubt” [‘E Portanto Vemos’: Ajudando um Estudante em um Momento
de Dúvida”], 107.
[13] Romney, “The Charted Course Reaffirmed” [“O Curso Traçado
Reafirmado”], 1.
[14] Mark E. Petersen, “Avoiding Sectarianism” [“Evitando
Sectarismo”] em Charge to Religious Educators [Responsabilidades
para os Educadores Religiosos], 2a. ed. (Salt Lake City: The Church
of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1982), 118; ênfase acrescentada.
[15] Clark, “The Charted Course” [“O Curso Traçado”], 6; ênfase
acrescentada.
[16] Clark, “The Charted Course” [“O Curso Traçado”], 7; ênfase
acrescentada.
[17] Bruce R. McConkie, “The Foolishness of Teaching” [“A Tolice do
Ensino”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The Church of Jesus
Christ of Latter-day Saints, 1981), 13.
[18] Jeffrey R. Holland, “Our Consuming Mission” [“Nossa Missão
Consumidora”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints, 1999), 6.
[19] Petersen, “Avoiding Sectarianism” [“Evitando Sectarismo”], 118.
[20] Harold B. Lee, “Loyalty” [“Lealdade”], em Charge to Religious
Educators [Responsabilidades para os Educadores Religiosos], 2a.
ed., 64.
[21] Packer, “The Mantle Is Far, Far Greater Than the Intellect” [“O
Chamado é Muito, Muito Maior que o Intelecto”], 65.
[22] “Basic Doctrine” [“Doutrina Básica], em Charge to Religious
Educators [Responsabilidades para os Educadores Religiosos], 3a.
ed., 85.
[23] Petersen, “Avoiding Sectarianism” [“Evitando Sectarismo”], 118.
[24] McConkie, “The Foolishness of Teaching” [“A tolice do Ensino”],
6.
[25] Spencer W. Kimball, “The Ordinances of the Gospel” [“As
Ordenanças do Evangelho”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1962), 24.
[26] James E. Faust, “A Legacy of the New Testament” [“Um Legado
do Novo Testamento”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1988), 2.
[27] Jeffrey R. Holland, “Our Consuming Mission” [“Nossa Missão
Consumidora”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints, 1999), 3.
[28] Clark, “The Charted Course” [“O Curso Traçado”], 8.
[29] Henry B. Eyring, “We Must Raise Our Sights”[“Devemos Erguer
Nossa Visão”], Conferência de 2001 do SEI, 14 de agosto de 2001, 3.
[30] Neal A. Maxwell, “Glorify Christ” [“Glorifiquem a Cristo”]. Uma
noite com uma Autoridade Geral discurso para o SEI, 2 de fevereiro
de 2001, 1.
[31] Marion G. Romney, discurso sem título dado na convenção dos
coordenadores do SEI, 13 de abril de 1973, 8.
[32] Marion G. Romney, “The Value of a Well-Informed Faith” [“O
Valor de Uma Fé Bem Informada”], discurso para o SEI (Salt Lake
City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1975), 10.
[33] Clark, “The Charted Course” [“O Curso Traçado”], 6.
[34] Boyd K. Packer, “To Those Who Teach in Troubled Times” [“Para
Aqueles que Ensinam em Tempos Difíceis”], em Charge to Religious
Educators [Responsabilidades para os Educadores Religiosos], 3a.
ed.,100–1.
[35] Packer, “To Those Who Teach” [“Para Aqueles que Ensinam”],
101–2.
[36] Spencer W. Kimball, “Men of Example” [“Homens de Exemplo”],
em Charge to Religious Educators [Responsabilidades para os
Educadores Religiosos], 3a. ed., 25–27.
[37] Ezra Taft Benson, “The Gospel Teacher and His Message” [“O
Professor do Evangelho e Sua Mensagem”], em Charge to Religious
Educators [Responsabilidades para os Educadores Religiosos], 3a.
ed., 11, 15.
[38] Neal A. Maxwell, “But a Few Days” [“Mas uns Poucos Dias”],
discurso para o SEI (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints, 1983), 2.
[39] Nota do Tradutor - A palavra original no inglês para “regras”
refere-se à palavra“artigos”, como por exemplo “Artigos de Fé”, ao
invés da expressão do português “Regras de Fé.” Portanto, para
mantermos a fidelidade ao texto original e à sua mensagem,
estaremos utilizando a palavra “artigo.”
[40] Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints [História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias], ed. B. H. Roberts (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints, 1932–51), 1:64; ênfase acrescentada.
[41] Noah Webster, An American Dictionary of the English Language
[Dicionário Americano da Língua Inglesa] (New York: S. Converse,
1828), s.v. “article” [“artigo’]; ênfase acrescentada.
[42] Petersen, “Avoiding Sectarianism” [“Evitando Sectarismo”], 118.
[43] Jeffrey R. Holland, “Teaching Skills” [“Habilidades de Ensino”],
discurso para o SEI (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints, 1992), 1–2; ênfase acrescentada.
[44] Neal A. Maxwell, “Teaching by the Spirit—The Language of
Inspiration” [“Ensinando pelo Espírito—A Linguagem da Inspiração”],
em Charge to Religious Educators [Responsabilidades para os
Educadores Religiosos], 3a. ed., 61.
[45] Clark, “The Charted Course” [“O Curso Traçado”], 7.
[46] Clark, “The Charted Course” [“O Curso Traçado”], 7.
[47] McConkie, “The Foolishness of Teaching” [“A Tolice do Ensino”],
10.
[48] Richard G. Scott, “Helping Others to Be Spiritually Led”
[“Ajudando Outros a Serem Guiados Pelo Espírito”], discurso para o
SEI (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints,
1998), 3.
[49] Benson, “The Gospel Teacher and His Message” [“O Professor
do Evangelho e Sua Mensagem”], 14.
[50] Henry B. Eyring, “Teaching the Old Testament” [“Ensinando o
Velho Testamento’], discursos para o SEI (Salt Lake City: The Church
of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1999), 1.
[51] Henry B. Eyring, “A Miracle Required” [“Um Milagre Necessário”],
discurso para os administradores do SEI (Salt Lake City: The Church
of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1981), 12–13.
[52] Eyring, “We Must Raise Our Sights” [“Devemos Erguer Nossa
Visão”], 1.
[53] Eyring, “We Must Raise Our Sights” [“Devemos Erguer Nossa
Visão”], 1.
[54] Benson, “The Gospel Teacher and His Message” [“O Professor
do Evangelho e Sua Mensagem”], 13.
[55] Eyring, “The Lord Will Multiply the Harvest” [“O Senhor Irá
Multiplicar a Colheita”], 4.
[56] Eyring, “The Lord Will Multiply the Harvest” [“O Senhor Irá
Multiplicar a Colheita”], 6.
[57] Harold B. Lee, “The Mission of Church Schools” [“A Missão das
Escolas da Igreja”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The Church
of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1953), 5.
[58] Howard W. Hunter, “Eternal Investments” [“Investimentos
Eternos”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The Church of Jesus
Christ of Latter-day Saints, 1989), 2.
[59] Veja Kimball, “The Ordinances of the Gospel” [“As Ordenanças
do Evangelho”],6; e Thomas S. Monson, “True Shepherds after the
Way of the Lord” [“Verdadeiros Pastores no Caminho do Senhor”] em
Charge to Religious Educators [Responsabilidades para os
Educadores Religiosos], 2a. ed., 78.
[60] A. Theodore Tuttle, “Men with a Message” [“Homens com Uma
Mensagem”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints, 1958), 83–84; ênfase acrescentada.
[61] Spencer W. Kimball, “What I Hope You Will Teach My
Grandchildren” [“O que Eu Espero que Vocês Ensinem a Meus
Netos”], discurso para o SEI (Salt Lake City: The Church of Jesus
Christ of Latter-day Saints, 1966), 11.
[62] A. Theodore Tuttle, “Teaching the Word to the Rising Generation”
[“Ensinando a Palavra para a Geração que Surge”], em Charge to
Religious Educators [Responsabilidades para os Educadores
Religiosos], 2a. ed., 130.
[63] Holland, “Therefore, What?” [“Portanto, o Quê?”], 7.
[64] Neal A. Maxwell, “The Gospel Gives Answers to Life’s Problems”
[“O Evangelho Tem as Respostas aos Problemas da Vida”], em
Charge to Religious Educators [Responsabilidade para os
Educadores Religiosos], 2ª. ed., 93.
[65] Eyring, “A Miracle Required” [“Um Milagre Necessário”], 7, 12.
[66] Eyring, “A Miracle Required” [“Um Milagre Necessário”], 13.
[67] McConkie, “The Foolishness of Teaching” [“A Tolice do Ensino”],
8.
[68] L. Tom Perry, “If Ye Receive Not the Spirit Ye Shall Not Teach”
[“Se Não Receberdes o Espírito, Não Ensinareis”] em Book of
Mormon Symposium Speeches [Discursos do Simpósio sobre o Livro
de Mórmon] (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints, 1986), 34.
[69] Richard G. Scott, “Four Fundamentals for Those Who Teach and
Inspire Youth” [“Quatro Fundamentos para Aqueles que Ensinam e
Inspiram os Jovens”], em Old Testament Symposium Speeches
[Discursos do Simpósio sobre o Velho Testamento] (Salt Lake City:
The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1987), 1–2.
[70] Maxwell, “Teaching by the Spirit—The Language of Inspiration”
[“Ensinando pelo Espírito—A Linguagem da Inspiração”], 58–59.
[71] Eyring, “Teaching the Old Testament” [“Ensinando o Velho
Testamento”], 6.
[72] Henry B. Eyring, “Love and Loyalty” [“Amor e Lealdade”],
introdução do discurso dado para o SEI por Jeffrey R. Holland, “Our
Consuming Mission” [“Nossa Missão Consumidora”] (Salt Lake City:
The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1999).
[73] Neal A. Maxwell, “Those Seedling Saints Who Sit before You”
[“Aqueles Santos Desabrochando, Sentados à Sua Frente’] in Charge
to Religious Educators [Responsabilidades para os Educadores
Religiosos], 3a. ed., 31.
[74] Hunter, “Eternal Investments” [“Investimentos Eternos”], 1; ênfase
no original.
[75] Eyring, “‘And Thus We See’: Helping a Student in a Moment of
Doubt” [“E Portanto Nós Vemos: Ajudando um Aluno em um Momento
de Dúvida”], 104.
[76] Richard G. Scott, script de um discurso em vídeo e sem título
para o SEI, 4 de fevereiro de 1994.
[77] Packer, “Teach the Scriptures” [“Ensine as Escrituras”] 91–92;
ênfase acrescendata.
As Leis Da Igreja De Cristo
Análise Textual
Embora quase nenhum dos manuscritos originais das
revelações ditadas por Joseph Smith tenham sobrevivido, ainda
há em muitos casos manuscritos copiados antes da publicação
inicial em forma impressa. No presente momento existem cinco
cópias da Lei que sabemos que foram escritas antes de julho de
1832, quando os impressores em Missouri publicaram o
primeiro extrato no jornal The Evening and the Morning Star [A
Estrela do Crepúsculo e Alvorecer] (conhecido simplesmente
como "theStar" [a Estrela] pelos Santos dos Últimos Dias
pioneiros). [6] Somente um dos cinco manuscritos inclui todos
os textos dados tanto em 9 de fevereiro como em 23 de
fevereiro (vide a tabela anexa), mas cada um contém as
passagens do material de 9 de fevereiro que se considera ser o
âmago da Lei, os versículos 11-69 do livro de Doutrina e
Convênios de hoje. Dos cinco manuscritos, três contêm textos
revelados nos dois dias, indicando que os escrivões percebiam
uma relação orgânica entre a articulação inicial da Lei em 9 de
fevereiro e as instruções de como "atuar," registradas em 23 de
fevereiro. Embora os impressores de Missouri tivessem optado
por publicar separadamente o material de cada dia no Livro de
Mandamentos (que não foi o caso quando publicaram as duas
partes no ano anterior no jornal o Star), a Primeira Presidência,
encarregada de compilar o livro de Doutrina e Convênios em
1835, encarava as revelações dos dois dias como sendo
vinculadas e as publicou em uma só seção. Não se faz menção
de sua natureza composta na introdução da seção nem naquela
época nem nas ediões posteriores e a data de recebimento se
consta simplesmente como fevereiro de 1831. [7]
D&C 42:1-10
Adquirimos elucidação expressiva da primeira parcela de
versículos através de voltar aos dois parágrafos únicos do
manuscrito Ryder, especificamente o segundo parágrafo, que
nos oferece uma visão rara do entendimento dos primeiros
santos através de um estudo e reiteração dos versículos:
O primeiro mandamento da lei ensina que todos os élderes,
menos Joseph [Smith], Sidney [Rigdon] e Edward [Partridge] e os
que o Bispo designar para ajudá-lo nos seu deveres, irão às
regiões do Oeste e obrarão para edificar igrejas para Cristo
onde acharem quem os receber e obedecer ao evangelho de
Cristo, segundo a Lei que recebemos. Este mandamento no
que diz respeito a estes élderes a serem enviados ao Oeste é
um mandamento especial incumbindo os presentes élderes que
voltarão quando forem dirigidos pelo Espírito Santo!
Declarações resumidas como esta, por sua natureza distilante,
proporcionam uma janela útil e interpretativa para apreciar os
textos. Assim como foi registrado inicialmente o "primeiro
mandamento" da Lei mandou os élderes "saírdes em meu nome
cada um de vós a não ser meu servo Joseph e Sidney e dou-lhes
um mandamento que vão por uma temporada breve e ser-lhes-
á dado pelo espírito quando voltarão" (versículo 4). [15] Quem
são o "lhes" a quem foi dado sair por uma temporada breve e
voltar quando o Espírito ordenasse? O antecedente imediato é
Joseph e Sidney, mas o parágrafo de resumo do manuscrito
Ryder interpreta "eles" como os élderes e isenta totalmente
Joseph e Sidney desta missão de proselitismo específica. Se o
parágrafo reflete o entendimento correto deste texto ambíguo
ou se houve uma alteração nos planos para o Profeta e Sidney
Rigdon nas duas semanas seguintes não está claro. Não há,
porém evidência histórica de que Joseph e Sidney fizeram
missão nesta ocasião, nem mesmo por uma temporada breve.
O parágrafo de Ryder contém mais duas interpretaçoes que
merecem atenção. Em 9 de fevereiro foi dito aos élderes: "Vós
ireis às regiões do oeste e no que acharem meus discípulos
edificareis minha igreja." Um Santo dos Últimos Dias moderno
pode entender a última parte da passagem como ordem de
procurar conversos em lugares isolados e organizá-los num
ramo da Igreja. Na verdade, "meus discípulos" se refere a
cristãos que Jesus conhecia como discípulos verdadeiros e que,
portanto, iriam abraçar o evangelho restaurado quando lhes
fosse apresentado. Esta forma incomum de denominar tais
indivíduos é semelhante à referência a "minha igreja" na seção
10. Nesta seção "minha igreja," como "meus discípulos," parece
indentificar os seguidores devotos de Cristo de qualquer (ou
nenhuma) organização religiosa. A revelação promete que "se
esta geração não endurecer o coração, estabelecerei minha
igreja entre eles" (D&C 10:53). Entaõ aparece um trecho fora do
comum: "Ora, não digo isto para destruir minha igreja, mas
digo isto para edificar minha igreja; Portanto todos os que
pertencem a minha igreja não precisam temer, porque herderão
o reino dos céus" (D&C 10:54-55). Na época que isto foi
pronunciado ainda não havia uma igreja restaurada na terra e
não haveria por mais um ano. Assun "minha igreja" parece
referir-se a uma irmandade espiritual conhecida somente a
Deus e consistindo em pessoas, independentes de sua
instituição, cujos comportamento e crença particulares as
qualificavam para ser membros dela e que, como "meus
discípulos," receberiam a plenitude do evangelho e herdariam o
reino do céu.
Mais tarde, quando a Lei estava sendo preparada para
publicação no Livro de Mandamentos, a frase, "meus discípulos"
foi substituída por "aqueles que vos receberem." Este
esclarecimento transfere a ênfase de um nome, que pode ter
muitas interpretações, para uma ação, a de receber, que é
inconfundível.
É de interesse que um esclarecimento semelhante apareceu
primeiramente no parágrafo do manuscrito de Ryder em que os
élderes iriam "edificar Igrejas a Cristo onde quer que achassem
alguém que os recebesse." O parágrafo de Ryder também
declara mais claramente que o original que a missão designada
para os élderes os incumbiam somente "por enquanto." John
Whitmer escreveu que "depois que a Lei acima mencionada, ou
revelação, foi recebida, os élderes saíram para proclamar
arrependimento segundo o mandamento e que muitos se
uniram à Igreja." [16] Um dos élderes, John Corrill, relatou que
ele e seu companheiro de pregação "fomos a New London,
cerca de cem milhas (150 quilômetros) de Kirtland, onde
estabelecemos uma Igreja de trinta e seis membros em
aproximadamente três semanas. . . . Outros élderes ergueram
igrejas em vários lugares e a obra cresceu muito depressa." [17]
D&C 42:11-69
Esta unidade de texto constitui a parte central da Lei. Em
verdade, alguns manuscritos e publicações designam esta parte
só como "a Lei." A introdução do capítulo do Livro de
Mandamentos que contém as primeiras duas unidades chama-
as "uma revelação dada a doze élderes reunidos em Kirtland,
Ohio; e também a lei para o governo da igreja recebida na
presença dos mesmos." [18] A pergunta que lançou esta porção
de texto se refere à Lei que regulamenta a Igreja nas suas
condições atuais," e vários manuscritos abreviam o cabeçalho
para simplesmente "A Lei" ou "As Leis." Assim, não é de se
admirar que dos textos revelados em 9 de fevereiro somente
esta unidade, versículos 11-69, se inclui em todos os cinco
manuscritos.
Além de expor o código moral de Igreja, esta undidade de texto
se dirige a vários assuntos irritantes que haviam preocupado a
congregação nova em Ohio. Primeiro, num esforço de controlar
o caos carismático que Joseph Smith encontrou ao chegar, a Lei
esclarece que ninguém pode funcionar no ministério de ensino
na Igreja sem ser devidamente ordenado por autoridade
eclesiástica reconhecida (versículo 11). Nem um chamado
pessoal nem dons espirituais eram suficientes para designar
alguém para o ministério, e mesmo assim, os ministros
devidamente ordenados somente seriam eficazes à medida que
o Espírito Santo os auxiliasse: "Vós sereis dirigidos pelo espírito
. . . e se não receberdes o espírito, não eninareis" (versículos
13-14).
Alguns meses depois que esta revelação foi recebida, o recém
convertido William E. McLellin deixou uma descrição típica do
que era tentar ensinar sem o Espírito: "Levantei-me e tentei
pregar mas não pude; não tinha nem ânimo nem memória e em
verdade eu havia perdido o espírito de Deus. Portanto estava
confuso. Sentei-me e disse ao irmão H. que pregasse porque eu
não pude." [19] A necessidade de ajuda do Espírito Santo era
essencial numa igreja leiga que rejeitava o treinamento
ministerial formal e dependia de indivíduos comuns para fazer
o trabalho de evangelização. Como observou o historiador
Richard Bushman, Joseph Smith mesmo era um "homem
simples," sem experiência de pregação, e ele confiava em
homens comuns para levar adiante a mensagem. Numa era
democrática, os Mórmons surgiram como a mais democrática
das igrejas, rivalizados somente pelos Quákeres." [20]
Depois de discutir as qualificações para o ministério, a
revelação se dirige dos élderes aos membros: "Eis que agora
falo à igreja" (versículo 18). Reafirma-se a visão ética dos Dez
Mandamentos ao incluir proibições contra o assassínio, o furto,
a mentira, o adultério e injuriar ao próximo. A revelação então
resume tal código moral: "Tu conheces minhas leis, elas foram
dadas em minhas escrituras. . . . Se me amares, servir-me-ás e
guardarás todos os meus mandamentos" (versículos 28-29).
A próxima lei trata da organização econômica da Igreja, em
parte para corrigir os esforços bem-intencionados porém
errôneos de alguns dos conversos de Ohio que haviam formado
grupos comunais chamados "famílias" para imitar os primeiros
cristãos que tinham "todas as coisas em comum" (Atos
2:44). [21]
Em vez do comunismo praticado por esses conversos,
princípios foram revelados na Lei que, conforme se entendiam,
formavam a base de como o Enoque bíblico levou seu povo a
ser "de um coração e de uma só mente" e não haver "pobres
entre eles" (Moisés 7:18). Estes princípios incluíam a
"socialização de rendas restantes, formação de
emprendimentos livres e a auto-suficiência econômica do
grupo." [22] A chave para aplicar estes princípios era "a
consagração," uma palavra que significava, na terminologia
religiosa daquela época,"colocar à parte, dedicar or ou
consignar ao serviço e adoração de Deus" a vida e as
posses. [23] A visão do Profeta de consagração coincidia com o
florescimento de experimentos utopianos na história dos
Estados Unidos. Nesta era, grupos tão diversos como os
Shakers e a Harmony Society procuravam melhorar a vida
econômica e social das pessoas por meio de associação
comunitária. [24] A consagração provia uma base teológica
para o compartilhamento necessário dos recursos para efetuar
a migração e radicação em Ohio dos Santos vindos de Nova
York e para lançar os aliceres de sua tentativa de replicar o Sião
de Enoque na fronteira ocidental dos Estados Unidos.
Por fim, devido a motivos internos e externos, a implantação
não atingiu o resultado ideal esperado. O historiador da Igreja,
John Whitmer, relatou que quando o "Bispo Edward Partridge
visitou a Igreja nos seus vários ramos, havia alguns que não
receberiam a Lei. O tempo ainda não chegou," ele opinou, "em
que a lei pode ser plenamente estabelecida pois os discípulos
moram espalhados por todos os lados e não estão organizados;
nossos membros são poucos e os discípulos não foram
instruídos, de forma que não entendem, por conseguinte não
compreendem, as coisas do reino." Entre os problemas que
Whitmer identificou eram membros "que se atraíram à Igreja
porque ouviram falar que os Santos tinham tudo em comum e
portanto achavam que poderiam fartar-se do trabalho dos
outros." [25] Conforme aconteceu a consagração total de
propriedades só foi praticada durante o período de 1831-33 e
somente por alguns Santos em certos lugares. [26]
Assim para a publicação em 1835 do livro de Doutrina e
Convênios, a declaração "consagrarás todas as suas
propriedades" foi redigida e ficou "E eis que te lembrarás dos
pobres e consagrarás de tuas propriedades, para sustento
deles" (D&C 42:30; revisões das revelações aparecerão em letra
itálica daqui em diante). [27] A Lei declarou que tal consagração
seria feita "com um convênio e promessa que não poderão ser
violados" (D&C 42:30). A necessidade de uma promessa
(documento, escritura) foi reiterada alguns meses depois
quando os Santos de Colesville (Nova York) receberam o
"privilégio de organizarem-se segundo minhas leis" (D&C
51:15). O Bispo Edward Partridge foi instruído a "organizar este
povo" (D&C 51:1), e que "quando designar a um homem sua
porção, dê-lhe um documento que lhe assegure sua porção"
(D&C 51:4). Esta tentativa inicial de viver a lei de consagração
se desfez antes que Partridge pudesse implantar as instruções
mas ele o fez no ano seguinte em Missouri. Uns tempos depois
que a Igreja fundou a gráfica em 1832, o Bispo Partridge criou e
começou a utilizar documentos impressos para certificar o
recebimento e transferência das propriedades consagradas.
Estas escrituras mostram como os vários princípios de
consagração realmente foram praticados. Documentos
referentes à mordomia, por exemplo, mostraram de maneira
uniforme que quem consagrava "se fez mordomo de suas
próprias propriedades" (D&C 42:32) e não das propriedades
consagradas por terceiros. Embora seja óbvio que esta prática
não pode ter sido universal (porque alguns Santos pobres
teriam necessitado de mais propriedade para suprir suas
necessidades) mostra que a parte fundamental do que se
"emprestava" ao mordomo era justamente a mesma
propriedade que se havia consagrado em primeiro lugar.
A escritura também conserva a intenção original da Lei de que
as propriedades consagradas "não possam ser tomadas de
vós[mais tarde se esclareceu que "vós" era a igreja]"
(versículo 32) e que "o que pecar e não se arrepender será
expulso da igreja e não receberá de volta o que houver
consagrado aos pobres e necessitados" (versículo 37). As cópias
do documento de escritura declaram que se o mordomo fosse
excomungado, perderia seu direito às propriedades imóveis e
pessoais e se comprometeria a devolver o imóvel, mesmo que
pertencesse a ele antes de consagrá-la ao Senhor, e quitar
qualquer dívida referente a ele. [28]
Não é de se admirar que estas condições tenham sido
contestadas em tribunais por membros desafetos, de modo que
a natureza das mordomias foi modificada. [29] Em maio de
1833 Joseph Smith escreveu ao Bispo Partridge, instruindo-lhe
que desse uma escritura assegurando àquele que recebe uma
herança que a herança é uma herança sempiterna, ou em outras
palavras, será sua própria propriedade, sua mordomia
particular, e se ele pecar e for expulso da Igreja, sua herança
ainda lhe pertence. . . . Mas as propriedades que ele consagrou
aos pobres para seu benefício e herança e mordomia
[significando "o resíduo" ou excesso que ficou no armazém
(vide versículo 34)], não podia reaver segundo a lei do Senhor.
Assim se pode ver a sabedoria desta lei: que o rico não pode ter
poder de deserdar os pobres para tomar de volta aquilo que
havia consagrado" [30]
Confirmou-se este novo entendimento, quando a seção 51
mais tarde foi redigida para publicação em Doutrina e
Convênios, acrescentando-se uma nova declaração (o atual
versículo 5: "E se transgredir e não for considerado digno de
pertencer à igreja, não terá poder para reclamar (reaver) a
porção que consagrou ao bispo para os pobres e necessitados
da igreja; portanto ele não conservará a dádiva, mas terá direito
somente à porção que tenha recebido por documento." Devido
ao fato das doações caridosas serem protegidas e os recursos
de compartilhamento comunal não, em algumas partes da Lei,
acrescentou-se linguagem para esclarecer que os pobres eram
os beneficiados das consagrações. Em vez de "consagrarás a
mim todas as suas propriedades que possuis," que pode ser
interpretado de forma negativa, a declaração foi redigida desta
forma: "Lembrar-te-ás dos pobres e necessitados e
consagrarás de tuas propriedades para seu sustento aquilo que
tiveres para lhes dar" (D&C 42:30). De igual modo, no trecho
"aquilo que consagrou a mim" foi revisado, ficando: "Aquilo que
ele consagrou aos pobres e necessitados de minha igreja, ou
em outra palavras a mim, porque quando o fazeis ao menor
destes, a mim o fazeis" (versículos 37-38).
Em sua carta ao Bispo Partridge, o Profeta esclareceu o
processo e os procedimentos de consagração e mordomia não
só com a intenção de proteger as doações do armazém
destinadas aos pobres como também para "assegurar a [cada
mordomo] sua porção." Depois que esta carta chegou em
Missouri, um comentário editorial apareceu no próximo
exemplar do Star, enfatizando que quando os Santos "forem
reunidos, em vez de se tornar uma família comunal, como foi
dito . . . cada homem receberá uma escritura, assegurando a
ele e a seus herdeiros sua herança como patrimônio eterno sem
restrições." [31] Em julho de 1833 houve uma briga anti-
Mórmon em Indepenência, Estado de Missouri, colocando os
Santos numa posição precária. Até o fim do ano haviam sido
expulsos de suas casas no Condado de Jackson. Sob tais
condições inquietas parece que os documentos revisados de
propriedade nunca foram preparados nem emitidos (pelos
menos nenhum destes documentos sobreviveu). Além disso é
notável que somente meia dúzia dos documentos originais
ainda existem e daqueles somente o de Joseph Knight Jr. foi
assinado. Os outros, que parecem ser rascunhos, só existem
porque o Bispo Partridge os guardou para escrever cartas
pessoais no verso. O fato de nem o bispo responsável para
administrar o programa de consagração e mordomia nem os
mordomos, a não ser Knight, não terem retido a escritura
oficial e "legal" levanta questões quanto ao sistema e o nível de
formalidade das consagrações e a extensão da prática deste
princípio. [32]
Imbutida na contemplação de consagração que se encontra na
Lei, está esta passagem curiosa: "Pois acontecerá que o que eu
disse pela boca de meus profetas será cumprido; pois
consagrarei das riquezas daqueles que abraçam meu evangelho
dentre os gentios aos pobres de meu povo, que são da casa de
Israel" (versículo 39). Isto alude à profecia de Isaías que Israel
um dia "comereis as riquezas do gentios e na sua glória vos
gloriareis" Isaías 61:6). O fato desta passagem ser reiterada na
Lei serviu de desculpa para alguns Santos dos Últimos Dias
terem visões grandiosas porém distorcidas sobre o
cumprimento da profecia. Um membro desafeto, Ezra Booth,
apresentou aos Santos este resumo de sua percepção das
expectativas escatológicas: Sião "será uma cidade de refúgio e
um abrigo seguro quando as tempestades de vingança
cobrirem a Terra e aqueles que rejeitarem o Livro de Mórmon
serão desvanecidos da face da terra pela vassoura da
destruição. Então as riquezas dos gentios serão consagradas
aos 'Mormonitas,' os quais terão terras e gado em abundância e
possuirão ouro e prata e todos os tesouros de seus
inimigos." [33] Em face de tais mal-entendidos, o Profeta sentiu
impressiondado a fazer um esclarecimento crucial quando
publicou esta passagem de Doutrina e Convênios: "Pois
consagrarei das riquezas daqueles que abraçam meu evangelho
dentre os gentios aos pobres de meu povo que são da casa de
Israel" (D&C 42:39).
Apesar disso o sonho apocalíptico de uma grande contraversão
das fortunas e das relações entre os santos e seus antagonistas
não foi fácil de se extinguir. No outono de 1838, no auge das
contendas entre os mórmons e os missourianos, certos zelotes
dos Santos dos Últimos Dias se lembraram da citação original
na Lei da profecia de Isaías e usaram-na como justificativa de
saquear os inimigos. Morris Phelps se lembra da seguinte
ordem do líder danita Sampson Avard a seus liderados: "Não
sabem, irmãos, que logo será seu privilégio levar suas
companhias respectivas afora para patrulhar nos arredores das
povoaçoes e tomar para si a pilhagem dos bens dos gentios
iníquos? Pois está escrito que as riquezas dos gentios serão
consagradas para meu povo, a casa de Israel e assim os irmãos
rechaçarão os gentios por meio de roubar e pilhar suas
propriedades; e deste jeito edificaremos o reino de
Deus." [34] Mais tarde John Whitmer, desafeto na época, acusou
os Santos de Nauvoo de fazer igual sob o mesmo pretexto na
Guerra Mórmon do Condado de Hancock, Estado de Illinois, em
meados dos anos 1840. [35]
A palestra de consagração conclui nesta parte da Lei com a
admoestação de vestir-se com simplicidade, cultivar o asseio e
evitar a ociosidade (vide D&C 42:40-42). Tais ideais eram
comuns entre as sociedades comunitárias contemporâneas. A
ociosidade especificamente teria que ser evitado a todo custo.
Desde o começo os Santos de Missouri pareciam ter encontrado
dificuldades com este preceito. Uma revelação de novembro de
1831 declara: "Eu, o Senhor, não estou satisfeito com os
habitantes de Sião, porque há ociosos entre eles" (D&C 68:31).
Alguns meses depois a admoestação foi colocada mais
diretamente ainda: "O ocioso não terá lugar na igreja" (D&C
75:29). Até os pobres, que raramente são condenados nas
escrituras, não eram isentos da admoestação: "Ai de vós,
homens pobres . . . que não trabalhais com as próprias mãos"
(D&C 56:17).
A esta altura a revelação volta aos assuntos de enfermidades e
curas. Reitera a ordem do Novo Testamento no livro de Tiago
de "chamar os élderes da igreja" quando alguém está doente
para "ungir" com óleo e oferecer "uma oração de fé" a seu favor
(Tiago 5:14-15). Os anos pioneiros da história dos Santos dos
Últimos Dias estavam repletos de exemplos de curas
milagrosas. [36] Cito aqui somente um dos exemplos mais
notáveis: Pouco tempo depois que a revelação foi recebida,
Joseph Smith foi o intrumento da cura do braço manco de Elsa
Johnson, uma cura que levou à conversão de vários colegas
dela. [37]
Por outro lado, os fiéis cuja fé não era suficiente para serem
divinamente curados deviam ser "nutridos com toda a ternura
de hervas e alimentos amenos" (D&C 42:43). Nos Estados
Unidos antes da guerra civil, a prática de medicina herbal servia
de alternativa relativamente bem-sucedida de tais práticas
medicinais 'ortodoxas' como 'o sangramento terapêutico' e
engerir calomelano. Os Santos dos Úlitmos Dias participaram da
rebelião crescente contra estas práticas médicas e preferiam a
cura por fé e a medicina botânica. [38] Diz-se que Joseph Smith
opinou que "os médico não devem curar as pessoas, que a
medicina não tinha efeito. Os gentios estudavam medicina em
vão." [39] A medicina botânica recebeu um grande embalo das
atividades de Samuel Thomson que publicou um livro muito
popular, Nova Guia para Saúde; ou, o Médico Familiar Botânico.
Comprava-se o livro por dois dólares e a franquia, ou "direito"
de praticar os métodos de Thomson dentro da família se
conseguia por vinte dólares. Até 1835 os que praticavam os
métodos de Thomson alegavam de a metade da população do
Estado de Ohio praticava a medicina botânica. Vários Santos
proeminentes, tais como Frederick G. Williams e os irmãos
Richards, Levi e Willard, eram médicos praticantes do
Thomsonismo. [40]
Em questões de saúde e curas, a vontade de Deus tinha
prioridade. Apesar da fé da pessoa, somente aqueles que "não
estiverem designados para morrer serão curados" (D&C 42:48).
A inclusão da frase bíblica "estar designado para morrer"
(Salmos 102:20; 1 Coríntios 4:9) é importante. Como outros
cristãos, os Santos dos Últimos Dias reconheciam que a
vontade de Deus supercedia em todos os aspectos da vida. Por
exemplo, ao chegar a certo ponto no declínio da saúde de
Joseph Smith Sênior devido à doença conhecida como
"consumpção," sua esposa, Lucy Mack Smith, "concluiu que
estava designado para morrer." [41]
O ministério sagrado do Santos dos Últimos Dias para os
enfermos, inclusive os cenários delineados na Lei, foi resumido
por Wilford Woodruff: "Às vezes impomos as mãos nos
enfermos e são curados no momento, outras vezes, mesmo
com toda a fé e medicina, levam tempo para sarar e outros
morrem." [42] Além disso, dava-se ênfase que para aqueles que
não tinham fé suficiente para serem curados de enfermidades
graves como a cegueira, mudez ou deficiências físicas, "E
aqueles que não têm fé para fazer estas coisas, mas acreditam
em mim, têm poder para tornarem-se meus filhos; e, se não
desobedecerem a minhas leis, tu suportarás suas
enfermidades" (D&C 42:52).
Então a Lei volta a uma breve discussão de ainda mais uns
aspectos da vida de uma comunidade consagrada: "Não
tomarás a vestimenta de teu irmão; pagarás pelo que receberes
de teu irmão" (versículo 54). Aqui a Lei condena explicitamente
o tipo de compartilhamento de propriedades encontrado na
várias organizações comunais em que alguns conversos de
Ohio haviam vivido. John Whitmer, que visitou a comunidade
Morley, relatou:
"Os discípulos tinham todas as coisas em comum e já estavam
a caminho da destruição quanto às coisas temporais porque
consideravam que o que pertencia a um irmão, pertencia a
qualquer dos irmãos, portanto tomavam e usavam até as
roupas e outras propriedades do outro sem licença, o que
trouxe confusão e desapontamentos pois não entendiam as
escrituras." [43]
A correção dada pela Lei foi repetida nas instruções dadas ao
Bispo Partridge acerca de como organizar os Santos de
Colesville de acordo com a lei de consagração: "E que aquilo
que pertencer a este povo não seja dele tirado e dado ao povo
de outra igreja portanto, se outra igreja receber dinheiro desta
igreja, que eles paguem de volta a esta igreja conforme
combinado" (D&C 51:10-11).
A seção 42 deixou claro que a mordomia devia funcionar
dentro dos parâmetros normais de uma economia de
mercado. [44] Assim, esperava-se que no decorrer normal de
"permanecer firme no local de tua mordomia" (D&C 42:53), um
excesso seria criado "e se receberes mais do que o necessário
para teu sustento, entragá-lo-ás a meu armazém " (v. 55). O
Bispo Partridge se esforçou por instituir este requisito anual.
Nos documentos impressos que ele preparou, o acordo
obrigava o mordomo a "pagar o valor anual, que consiste no
que for realizado ou acumulado mais do que é necessário para
seu sustento e conforto e os da família, ao dito Edward
Partridge, bispo da dita igreja ou a seu sucessor no ofício para
o benefício da igreja." [45] Identificar o excesso, naturalmente,
era uma decisão subjetiva e o Profeta aconselhou o Bispo
Partridge a fazer uma decisão em conjunto, ou seja entre o
mordomo e o bispo:
"Todo homem deve ser seu próprio juiz quanto à quantidade
que recebe de volta e o que permanece nas mãos do Bispo. Falo
daqueles que consagram o que for mais do que o necessário
para seu sustento e o da família. O princípio de consagração
deve ser seguido pela permissão de ambas as partes pois dar
ao Bispo o poder de ditar quanto cada homem consagrará
e obrigá-lo a cumprir com o julgamento dos bispos equivale a
dar mais poder ao bispo do que tem um rei. Por outro lado,
deixar que cada um faça sua própria decisão e obrigar o bispo
a aceitá-la criará muita confusão em Sião e escravizará o
bispo. O fato é que deve haver um equilíbrio entre o poder do
bispo e do povo e assim a harmonia e boa vontade serão
preservadas entre os irmãos." [46]
A esta altura a Lei muda de súbito da discussão de como lidar
com as propriedades restantes para o assunto da nova tradução
de Joseph Smith da Bíblia: "Pedirás e minhas escrituras serão
dadas como determinei e para tua salvação convém que
guardes silêncio a respeito delas até que as tenhas recebido"
(versículos 56-57). A redação posterior desta passagem
proporciona uma visão rara das camadas múltiplas da revisão.
A primeria revisão foi feita em novembro de 1831 como parte
das conferências realizadas para planejar a publicação do Livro
de Mandamentos. Numa reunião em 8 de novembro os élderes
resolveram que "o Irmão Joseph Smith Jr. corrigisse os erros
que descobrisse pelo santo Espírito." [47] Entre as revisões
feitas nesta ocasião havia uma sobre esta passagem referente à
Nova Tradução. A forma original desta revisão, que não tinha
pontuação, dá um sentido de que "para a tua salvação as
escrituras serão dadas" em vez de "para a tua salvação
[segurança] convém que guardes silêncio." Joseph, porém,
revisou a passagem para esclarecer que o vínculo era entre a
salvação temporária e o guardar silêncio sobre a nova tradução:
"Para tua segurança convém que guarde silêncio a respeito
delas." [48]
Aparentemente não satisfeito com esta rendição, o Profeta (ou
os que trabalhavam sob sua direção) revisou de novo a
passagem três anos depois ao preparar esta revelação para sua
publicação em Doutrina e Convênios. A versão posterior muda
de ênfase da segurança dos Santos à segurança das escriturras.
Na sua forma final a passagem completa ficou: "Minhas
escrituras serão dadas como determinei e serão preservadas em
segurança; e convém que guardes silêncio a respeito delas e
não as ensines até que as tenhas recebido em sua totalidadel"
(versículos 56-57).
Outro exemplo de revisões múltiplas aparece nas linhas depois
do fim da segunda pergunta em que procuravam conhecer "a lei
que regula a Igreja em suas condições atuais até o tempo da
coligação." Aqui se faz um resumo: "E estas leis que recebestes
são suficientes tanto para aqui como na Nova Jerusalém mas
àquele que faltar conhecimento que a peça a mim." Nas
revisões de novembro de 1831, deixou-se a porta aberta um
pouquinho para esclarecimentos futuros da Lei ou até
acréscimos a ela mas logo a porta se abriu por completo e a
possibilidade se tornou certeza quando se declarou: "Estas leis
que recebestes erecebereis daqui em diante serão suficinetes
para vós tanto aqui como na Nova Jerusalém portanto àquele
que faltar conhecimento peça-a a mim." Em 1835 o texto foi
revisado mais uma vez para esclarecer que viriam "convênios"
em vez de "leis" e que se tinha que observar as leis já recebidas
e seriam estes convênios específicos que estabeleceriam os
Santos tanto em Ohio como em Missouri: "Vós observareis as
leis que já recebestes e sereis fiéis. E daqui em diante
recebereis convênios da Igreja, os quais serão suficientes para
vos estabelecerdes tanto aqui como na Nova Jesusalém.
Portanto, aquele que tem falta de sabedoria, peça-a a mim"
(versículos 66-68; revisões em letra itálica).
Esta segunda undidade de textos, a essência da Lei, conclui
com este pedido: "Alegrai-vos e regozijai-vos, porque a vós foi
dado o reino, assim seja. Amém." A passagem foi revisada em
1835 para incluir um conhecimento amplificatório que Joseph
às vezes sentia inspirado a acrescentar ao redigir as revelações:
"Alegrai-vos e regozijai-vos, porque a vós foi dado o reino, ou,
em outras palavras, as chaves da Igreja. Assim seja. Amém"
(versículo 69; revisão em letra itálica).
D&C 42:70-73
A terceira unidade de textos da Lei responde à pergunta "qual
será a disposição de suas famílias quando os élderes estiverem
proclamando arrependimento ou estiverem de outra forma
atuando a serviço da Igreja." A reposta é que "os élderes devem
ajudar o bispo em todas as coisas e este assegurará que as
famílias sejam sustentadas das propriedades consagradas ao
Senhor como mordomia ou de outro modo conforme acharem
melhor o bispo e os élderes." Até o fim do ano o bispo recém
chamado, Newel K. Whitney, foi ordenando a "receber o
relatório dos élderes como antes foi mandado e prover as suas
necessidades; eles pagarão o que receberem, se tiverem com o
que pagar" (D&C 72:11). "E aquele que não puder pagar
apresentará uma conta ao bispo de Sião, que pagará a dívida
com aquilo que o Senhor lhe puser nas mãos. E as obras dos
fiéis que trabalham em coisas espirituais, na administração do
evangelho e das coisas do reino na igreja e no mundo,
responderão pela dívida junto ao bispo de Sião" (D&C 72:13-
14).
No mês seguinte, a idéia da Igreja dar sustento aos élderes se
ampliou de um foco monetário, com o potencial de esgotar os
recursos escaços do armazém, para um que dependeia da
generosidade dos membros em geral. De início os élderes é que
tinham que tomar a iniciativa em buscar sustento. Uma
revelação lembrava os Santos de que "é dever na igreja ajudar e
sustent[á-los], e também sustentar as famílias dos que são
chamados e precisam ser enviados pelo mundo para proclamar
o evangelho ao mundo" (D&C 75:24). Era para os élderes
necessitados arranjar o alojamento de suas famílias durante sua
ausência com membros dispostos (D&C 75:25), mas caso o
élder não pudesse fazer acomodações satisfatórias e fosse
"obrigado a prover o próprio sustento da família," era-lhe dito:
"Que a mantenha; e de modo algum perderá sua coroa; e que
trabalhe na igreja" [em casa] (D&C 75:28). Assim, dentro de um
ano após o recebimento da Lei, considerações práticas
inspiraram alterações da declaração inicial que as famílias dos
élderes seriam "sustentadas das propriedades consagradas ao
Senhor."
Não é de admirar-se de que as revisões de 1835 refletissem
essa realidade. Para efetuar a publicação de Doutrina e
Convênios, o texto foi redigido para restringir o "sustento" para
os élderes (e mais tarde, sumos sacerdotes) designados
conselheiros do bispo [neste caso, o Bispo Presidente]: "Dos
élderes ou dos sumos sacerdotes designados para ajudar o
bispo como conselheiros, em todas as coisas receberão
sustento para sua família da propriedade consagrada ao bispo
para benefício dos pobres e para outros propósitos, como
mencionado antes; ou receberão uma justa remuneração por
todos os seus serviços,seja uma mordomia ou outra coisa-
conforme o que os conselheiros e o bispo considerem melhor
ou decidam" (D&C 42:71-72).
Sem a desingação no prefácio dos élderes envolvidos no
trabalho missionário ou outras atividades de serviço na Igreja, a
restrição de sustento somente para os conselheiros do bispo
era uma interpretação razoável do enunciado original que "os
élderes devem ajudar o Bispo em todas as coisas." A revisão de
1835 também acrescentou um período incluindo
especificamente o bispo como merecedor e assistência
temporal: "E o bispo também receberá seu sustento ou uma
justa remuneração por todos os seus serviços na igreja" (D&C
42:73). [49]
D&C 42:78-93
Esta unidade e a que segue foram registradas duas semanas
depois das primeiras cinco unidades da Lei. Como explica o
manuscrito Ryder, estes segmentos finais, "aprovados por sete
élderes em 23 de fevereiro de 1831, segundo o mandamento
de Deus, consistiam em regras e regulamento de "como os
élderes da igreja de Cristo deviam agir em relação aos preceitos
da Lei." A primeira metade da sexta unidade descreve as
medidas a serem tomadas em casos de assassínio, adultério,
furto e mentira, cada uma das quais já tendo sido proibida pela
própria Lei. Era para entregar os assassinos "às leis do país para
serem julgados, lembrando-nos de que para eles não há
perdão" (v. 79). A justificativa para entregar o assassino às
autoridades civis baseia-se na declaração anterior da Lei que
"para aquele que mata não há perdão nem neste mundo nem
no mundo vindouro" (v. 18). Por outro lado, a Igreja trata dos
casos de adultério. A lei decreta que um adúltero que não se
arrepende ou repete o pecado será expulso" (versículos 24, 26),
e a sexta unidade apresenta os procedimentos para implantar
tal política, ordenando que o acusado seja julgado por dois ou
mais élderes com a presença também do bispo, se
possível [57]. Também requer que o ato de adultério "seja
comprovado contra ele" (a frase "ou ela" foi acrescida mais
tarde) por pelos menos duas testemunhas que são membros. Já
que naquela altura a Lei estipulava que a excomunhão requeria
um voto de apoio da Igreja, "os élderes apresentarão o caso
diante da igreja e a igeja levantará a mão contra ela para que
seja julgada conforme a lei de Deus. 81 Este processo serviria
de modelo para a disciplina em geral na Igreja: "E assim fareis
em todos os casos que vos forem apresentados" (v. 83).
Algumas linhas depois a revelação declara que se os Santos
"cometerem qualquer iniqüidade, serão entregues à lei, sim à
lei de Deus" (v. 87). Entre estas duas declarações se encontram
instruções, ordenando que aqueles que roubam, furtam ou
mentem serão "entregues à lei" (versículos 84-86). Se esta
passagem se referia à lei de Deus ou à lei do país não estava
claro até que a frase "do país" foi adicionada em 1835.
Na mesma versão de 1835 do livro de Doutrina e Convênios, a
declaração sobre "Governos e Leis em Geral" (a atual seção 134
de D&C) explicou a posição da Igreja a respeito de ofensas
civis: "Cremos que a perpetuação de um crime deve ser punida
de acordo com a natureza do delito; que o homicídio, a traição,
o roubo, o furto e a violação da paz geral, em todos os
aspectos, devem ser punidos de acordo com sua criminalidade
e sua má influência entre os homens, pelas leis do governo sob
o qual o delito tiver sido cometido; e para a paz e tranqüilidade
públicas, todos os homens devem usar sua habilidade para
entregar os transgressores das boas leis ao castigo." E ainda se
afirmou: "Cremos que todas as sociedades religiosas têm o
direito de lidar com seus membros, em caso de conduta
inadequada, de acordo com as regras e os regulamentos dessas
sociedades; desde que tal ação se limite à participação e
posição da pessoa na sociedade a que pertença; mas não
cremos ter qualquer sociedade religiosa autoridade para julgar
os homens quanto a seu direito a propriedade ou à vida; para
confiscar-lhes os bens deste mundo, ou para pô-los em perigo
de vida ou de danos físicos ou para infligir-lhes qualquer
castigo físico. Podem apenas excomungá-los de sua sociedade
e negar-lhes a participação" (D&C 134:8, 10).
A Lei então expõe o que só havia sido impícito nos "Artigos e
Convênios" da Igreja (D&C 20) referente à disciplina na Igreja.
"Qualquer membro da igreja de Cristo que transgredir ou for
surpreendido em alguma ofensa [58]será tratado como indicam
as escrituras" (D&C 20:80). Durante uns mil e oitocentos anos o
texto clássico sobre disciplina havia sido São Mateus 18:15-
17. [59] Não é de surpreender que o processo de três etapas
esboçado em Mateus seja reiterado aqui na Lei. Se um membro
é ofendido por outro, ele ou ela pode procurar o ofensor e
apresentar a queixa em particular. Se o pecador confessar, as
duas partes se reconciliarão. Se o ofensor não confessar a
ofensa, instrui-se que o ofendido leve outro (testemunha)
consigo, e se o pecador ainda não confessar, entregar-se-á o
caso aos élderes (vide D&C 42:88-89). [60] A única variação
expressiva na Lei em relação a Mateus 18:15-17 é que
esclarece que "dize-o à igreja" significa "não aos membros e
sim aos élderes (D&C 42:89). [61] O "Far West Record [Registro
de Far West]" e o "Kirtland Council Minute Book [Livro de Atas
do Conselho de Kirtland]" contêm muitos relatos de conduta
transgressiva relativamente moderada que se apresentou
perante os élderes da Igreja. A disciplina dos Santos dos
Últimos Dia daquela época era semelhante à que as outras
igrejas cristãs praticavam tanto no seu compromisso de seguir
a política de Mateus 18:15-17 para resolver dificuldades
interpessoais e pecados graves como na manutenção da pureza
e santidade do corpo de adeptos. [62] Hoje os conselhos
disciplinários só se realizam para tratar dos assuntos mais
graves.
A parte final desta unidade textual da Lei proporciona diretrizes
para a confissão pública e até a repreensão pública, aspectos
da disciplina da Igreja que raramente se praticam hoje em dia.
Mesmo que a Bíblia ensine: "Aos que pecarem, repreende-os na
presença de todos, para que também os outros tenham temor"
(1 Timóteo 5:20), a revelação da Lei limita a repreensão pública
somente àqueles que "ofenderam muitos" ou que "ofenderam
abertamente" (D&C 42:90-91).
Numa época anterior a nossa, pensava-se que a humilhação
pública facilitava o arrependimento: "Se alguém ofender
publicamente, será repreendido publicamente, para que se
envergonhe. E se não confessar, será entregue à lei de Deus" (v.
91). [63] Porém para os que pecavam em segredo, uma
admoestação confidencial parecia melhor. Tal prática possibilita
que o pecador confesse em segredo a quem quer que tenha
ofendido e a Deus para que a igreja (os irmãos) não fale com
reprovação a seu respeito" (v. 92). "E assim," como conclui esta
unidade textual, "agireis em todas as coisas" (v. 93).
D&C 42:74-77
Embora este segmento estivesse colocado em frente da unidade
anterior (unidade 6) quando se publicou na primeira versão de
Doutrina e Convênios, antes disso sempre seguia a unidade 6
nas fontes que continham estas duas últimas unidades (vide
tabela). Em dois outros casos, só ela (unidade 7) foi anexa à Lei
e num caso apareceu sozinha. Em algumas fontes esta unidade
recebeu seu próprio título-"Como agir em casos de adultério"
ou " Um Mandamento concernente a como agir em casos de
adultério." Nas fontes em que aparece uma data, consta-se 23
de fevereiro de 1831.
O título deste segmento pode confundir um pouco pois na
realidade o assunto é a relação entre o adultério e o divórcio ou
separação em vez de adultério em si. O texto expõe quatro
situações específicas e fornece instruções a respeito de como
agir nestes casos. A primeira situação trata-se do caso em que
um membro se divoricia do cônjuge devido a imoralidade
sexual: "Quaisquer pessoas entre vós que tenham repudiado o
cônjuge por causa de fornicação, ou em outras palavras, se
com toda a humildade testificarem diante de vós ser este o
caso, não as expulsareis de vosso meio" (v. 74). A linguagem
desta declarção dá a entender que o divórcio punha a risco a
sociedade do indivíduo na Igreja e o cônjuge inocente somente
permaneceria membro da Igreja mediante provas de que o
divórcio havia sido resultado de infidelidade por parte do outo
cônjuge. Apesar das atitudes sobre o divórcio terem relaxadas
na América antes da guerra civil, [64] a da revelação lembra o
rigor do Sermão da Montanha: "Qualquer que repudiar sua
mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa
adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete
adultério" (Matthew 5:32).
O segundo caso está claro. A pessoa (membro) que abandona o
cônjuge "por causa do adultério e é ela mesma a culpada e seu
cônjuge vive, essa pessoa será expulsa de vosso meio" (D&C
42:75). O tercerio caso e quarto caso se relacionam ao segundo
porque tratam do adúltero que abandona seu cônjuge fiel mas
que não é membro mas quer filiar-se à Igreja. Nestes casos os
élderes devem "ser diligentes e cuidadosos em vossas
investigações, para que não recebais tais pessoas entre vós, se
[caso 3] forem casadas; e se [caso 4] não forem casadas,
deverão arrepender-se de todos os pecados; caso contrário,
não as recebereis" (versículos 76-77).
Observa-se no terceiro caso, não como no quarto caso, que
não há condição explícita para o arrependimento e aceitação no
meio do Santos. Foi esta uma omissão sem importância porque
se subentendia que o arrependimento era sempre possível
nestes casos? Ou, foi a rejeição sem condições da validade
espiritual do recasamento de um adúltero esporádico ou
habitual do qual se fala em Mateus 19:9: "Qualquer que
repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e
casar com outra, comete adultério"? É a seriedade do caso
aumenta pelo fato de sua [seu] companheira[o] (aflita) ainda
estar viva[o]"? A escassez de outras fontes da época referentes
ao divórcio torna difícil determinar com confiança quais eram
as atitudes dos Santos neste sentido. Porém um relato breve do
diário de Hyrum Smith mostra que o recasamento após o
divórcio era suspeito a não ser que a causa do divórcio fosse
infidelidade por parte de um dos cônjuges:
"Fui à casa do Irmão Rounday onde nos reunimos com o Irmão
Morse. Indagamos a respeito do assunto da situção de sua vida,
sendo ele um homem que teve duas esposas e que vive com a
segunda enquanto a primeira ainda vive. Mas esta foi repudiada
por causa de fornicação, sendo ele inocente. Ele testificou com
toda a humildade que a que foi liberada foi a pecadora." [65]
A linguagem desta passagem do diário lembra muitas frases da
unidade textual que estamos analizando e mostra a seriedade
com que os élderes seguiam suas diretrizes.
A Lei foi, é claro, um dos documentos mais importantes dos
anos iniciais da história dos Santos dos Últimos Dias.
Sobreviveram mais cópias de manuscritos desta revelação feitas
antes de publicação do que de qualquer outra revelação. Fica
do lado dos Artigos e Convênios em termos de sua utilidade
para os líderes da Igreja da era pioneira.
A principal contribuição deste estudo foi a análise de
revis&otidle;es significativas do texto da Lei e prover uma visão
parcial de como se entendiam as passagens na época. A análise
quantativa e classificação das alteraç&otidle;es textuais
possibilitaram uma avaliação mais precisa do que outrora se
podia fazer da quantia e espécie de revis&otidle;es inspiradas
feitas sob a direção profética.
O que se destaca é que apesar do fato das revelaç&otidle;es
serem dadas "ao meus servos na sua fraqueza segundo a sua
maneira de falar" (D&C 1:24), o Profeta se esforçou muito por
compensar a fraqueza linguística e aprimorar o texto conforme
a inspiração que sentia. Ele também se esforçou para que a Lei
refletisse as práticas da época da mesma forma que a Igreja
hoje em dia faz atualizaçoes do Manual de Instruçoes usado
por líderes de todos os níveis para administrar corretamente os
assuntos da Igreja.
Por final, a composição geral da Lei agora pode ser vista com
uma nova perspectiva. Mesmo que alguns historiadores tenham
notado previamente que a Lei foi recebida em dois dias
diferentes, este estudo ilumina as diferenças da natureza das
duas partes e o propósito destes materiais revelaods naqueles
dias. Além disso, uma análise detalhada revelou que a revelação
consistia em sete unidades textuais distintas, uma das quais (a
maior, contendo 58 por cento do documento interio) contém a
Lei, propriamente dito. De um modo geral, esta avaliação
apurada oferece ilucidação a respeito do processo revelatório
que produziu os textos canônicos do livro de Doutrina e
Convênios e a influência profunda que exerceram na
comunidade inicial do Santos dos Últimos Dias.
[Nota dos tradutores: Traduzimos somente certas notas, e
partes de certas notas, de rodapéque para dar-lhes uma idéia
do que se tratam. Não nos conveio traduzir tudo já que a
maioria das referências são de documentos originais em língua
inglesa e de livros, dissertaç&otidle;es, ensaios, discursos e
outras publicaç&otidle;es somente disponíveis em inglês em
bibliotecas nos Estados Unidos. Por isso, por necessidade e
pelo fato da elaboração deste estudo ser extremamente técnica,
um estudo mais apurado do assunto só é possível a quem
tenha um conhecimento relativamente profundo da língua
inglesa. Sugerimos àqueles que quiserem se aprofundar mais
neste assunto que leiam o documento original do Professor
Underwood, uma cópia do qual se encontra em inglês no site
do Religious Studies Center da Universidade Brigham
Young: http://rsc.byu.edu]
Notas
[1] John Whitmer, "Book of John Whitmer," 6, Community of
Christ Library-Archives, Independence, Missouri.
[2] Whitmer, "Book of John Whitmer," 12.
[3] A versão inglesa deste estudo conserva a ortografia da
época das revelações, aparecendo a palavra Lei com letra
maiúscula ao longo da redação que se refere à revelação
contida na seção 42 de Doutrina e Convênios.
[4] Carta de Joseph Smith a Martin Harris, February 22, 1831,
Joseph Smith Collection, box 2, folder 3, Church History
Library, The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, Salt
Lake City.
[5] Esta citação de um parágrafo de transição na cópia
manuscrita feita por Symonds Ryder (vide Revelations
Collection, box 1, folder 13, Church History Library).
[6] Outra cópia manuscrita é mencionada numa carta de Oliver
Cowdery a Newel K. Whitney em 4 de fevereiro de 1835: "Bishop
Whitney, Will you have the kindness to send us by the bearer
the original copy of the Revelation given to 12 elders Feb. 1831
called 'The Law of the Church'? We are preparing the old Star for
re-printing, and have no copy from which to correct, and
kno[w] of no other beside yours. Your Ob't Serv't. Oliver
Cowdery" (Newel K. Whitney Papers, L. Tom Perry Special
Collections, Harold B. Lee Library, Brigham Young University,
Provo, Utah).
[7] A versão atual fornece datas específicas quando são
conhecidas, mas só consta a de 9 de fevereiro para a seção 42.
[8] As respostas às primeiras duas perguntas terminam em
"Assim seja. Amém," reforçando a idéia de que são unidades
distintas.
[9] Versícsulo 73 não fazia parte da resposta original mas foi
acrescido depois, quando a unidade foi revisada na redação de
Doutrina e Convênios.
[10] Seguem-se comentários sobre o manuscrito de Symonds
Ryder: 'It has been suggested that Symonds Ryder illicitly
obtained this and the other manuscript copies of the
revelations that were in his descendants' possession at the time
they were acquired by the Church (see Scott Faulring, "Symonds
Ryder," Mormon History Association Newsletter [Fall 1996], 4-5;
and Faulring, "An Examination of the 1829 'Articles of the
Church of Christ' in Relation to Section 20 of the Doctrine and
Covenants," BYU Studies 43, no. 4 [2004]: 75-76). This now
appears to be incorrect. It is true that in September 1831,
Ryder, along with Ezra Booth, renounced his membership in the
Church at a camp meeting in Shalersville, Ohio. It is also true
that Ryder loaned his copy (or a copy of his copy) of the Law to
the editor of the Western Courier in nearby Ravenna, Ohio, who
printed a portion of it in his newspaper, along with a derisive
editorial introduction. What is not substantiated by evidence,
however, is that Ryder purloined his copies of the revelations
while the Prophet was away in Missouri that summer. The best
reading of the evidence is that Ryder made his copies sometime
before mid-June 1831, when Joseph Smith left for Missouri, and
that he did so, like other early elders, with the permission of
the Prophet for his personal use. This seems likely for several
reasons. First, such a practice was common and accounts for
many of the manuscript copies of the revelations in existence
today. Second, there is no reason to believe that Ryder was
dishonest. The Prophet never accused him of such behavior,
and long after ceasing his association with the Church, Ryder
continued as a highly regarded, upstanding member of the
Hiram, Ohio, community in which he resided. Third, and most
important, he probably made his copy of the Law in May 1831
(see Painesville Telegraph, September 13, 1831) when he clearly
was in good standing in the Church (he is mentioned positively
in D&C 52:37, given in early June 1831). However he acquired
his copy, it is clear that he did not tamper with the text. Its
wording is very close to that found in other early manuscripts.
[11] Comentários sobre correções ortográficas nos manuscritos
em inglês (vide estudo em inglês).
[12] Livro de Mandamentos, 97 (capítulo 45, versículos 8-9).
This wording was later revised for publication in the Doctrine
and Covenants (vide D&C 43:8-9).
[13] Section 42 contains almost the same number of words in
the current edition of the Doctrine and Covenants. Although
there are dozens of punctuation, grammar, and spelling
variations between the two versions, there are no conceptually
significant differences. Indeed, textual analysis of the entire
Doctrine and Covenants shows that this is true of almost all the
revelations. Once they were published in 1835 in the Doctrine
and Covenants, their wording seems to have been considered
final, and no further updates or other significant revisions
appear in subsequent editions.
[14] Of similar changes in the Book of Mormon, President Boyd
K. Packer remarked years ago, "Of course there have been
changes and corrections. Anyone who has done even limited
research knows that. When properly reviewed, such corrections
become a testimony for, not against, the truth of the books"
("We Believe All That God Has Revealed," Ensign, May 1974, 94).
[15] Unless it does not agree with the CEW, the Ryder
manuscript will be quoted throughout this study.
[16] Whitmer, "Book of John Whitmer," 17.
[17] John Corrill, A Brief History of the Church of Christ of Latter
Day Saints (St. Louis: printed for the author, 1839), 17.
Notas
Anotações:
[1] Joseph Smith, comp., Lectures on Faith [Lições sobre a Fé]
(Salt Lake City: Deseret Book, 1985), 1.
[2] Vide Boyd K. Packer, “The Candle of the Lord,” Ensign,
janeiro de 1983, 54.
[3] Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints [História da Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias], ed. B. H. Roberts, 2nd ed. rev. (Salt Lake City:
Deseret Book, 1957), 4:425.
[4] Smith, History of the Church, 6:50.
[5] James E. Talmage, The Articles of Faith [As Regras de Fé],
12th ed. (Salt Lake City: Deseret Book, 1924), 162.
[6] Brigham Young, in Junius F. Wells, “Historic Sketch of the
YMMIA,” Improve ment Era, June 1925, 715.
[7] Boyd K. Packer, “The Candle of the Lord,” Ensign, janeiro de
1983, 54–55.
[8] Gordon B. Hinckley, “A Testimony Vibrant and True,”
Ensign, agosto de 2005, 6
Cercando a Astronomia e os Egípcios
Os Propósitos da Astronomia
Para compreendermos os símbolos que o Senhor usa nesta
revelação para Abraão, devemos nos perguntar: “Por que o Senhor
está conversando com Abraão acerca das estrelas?” O Senhor muitas
vezes ensina seus profetas a respeito dos céus, porém ele nem
sempre lhes ensina a mesma coisa nestes encontros. Por exemplo,
quando Moisés aprende que Deus tem muitas criações, é para ajudá-
lo a compreender a vastidão da grande obra de Deus e o papel
central do homem nesta obra (vide Moisés 1:32–39). Mesmo não
sabendo o que Joseph Smith aprendeu de Deus sobre os céus, é
claro que ele aprendeu algo que o ajudou a entender os graus de
glória para os quais a humanidade se destina (vide D&C 76:70–71,
96–98). Mas por que foi revelada a Abraão uma visão das estrelas e
dos planetas? Qual foi o motivo disso?
O próprio Senhor nos dá uma resposta parcial a esta pergunta:
“Abraão, mostro-te estas coisas antes de ires ao Egito para que
declares todas estas palavras” (Abraão 3:15). Quais são as palavras
que o Senhor queria que Abraão declarasse? Se é que o Senhor se
referiu às palavras utilizadas para descrever a rotação de Colobe, a
Terra, a lua e os outros corpos celestes, é possível que o Senhor
simplesmente quisesse que Abraão ensinasse astronomia aos
egípcios. O relato da viagem de Abraão ao Egito que se encontra em
Gênesis enfatiza que Abraão se enriqueceu lá (vide Gênesis 13:2).
Talvez o Senhor tenha usado dos conhecimentos astronômicos de
Abraão para apresentá-lo na corte de Faraó, onde se tornaria rico e
assim voltaria à terra da promissão com riquezas e poder. Porém a
frase “todas estas palavras” indica que era para Abraão ensinar não
somente a astronomia e sim os princípios do evangelho que o Senhor
lhe havia explicado por meio da astronomia.
Símbolos Egípcios
Se este for o caso, por que o Senhor escolheu a astronomia como
meio simbólico de transmitir sua mensagem? Para que utilizar este
conjunto de símbolos? Naturalmente, o Senhor não nos deu uma
resposta direta a esta pergunta; mesmo assim há certas conclusões
que podemos deduzir com um grau elevado de confiança.
Obviamente este não é o lugar certo para fazer um análise detalhado
da astronomia egípcia, mas vale destacar certas ideias para que
entendamos a magnitude da linguagem simbólica que Abraão iria
empregar no Egito.
É indiscutível que os egípcios davam muita importância aos
movimentos e domínios dos corpos celestes. Por exemplo, depois do
desaparecimento anual de Sírius (Sopdet), os egípcios sabiam que o
resurgimento da Estrela do Cão geralmente coincidia com a
inundação anual do Nilo. A inundação se tratava de uma espécie de
renascimento e assim o renascimento da estrela era presságio do
renascimento pelo qual o Egito passaria todos os anos. Também se
acreditava que Sírius era guia dos falecidos ao fazerem sua jornada
pelas estrelas. [10]
Os egípcios destacavam Sírius entre mais trinta e cinco estrelas
conhecidas como decanatos devido a seu papel no sistema complexo
de calendário usado pelos egípcios em que um decanato substituia
outro de dez em dez dias. Nosso conhecimento deste sistema provém
de uma série de desenhos astronômicos pintados em caixões
provindos da época logo antes da chegada ao Egito de Abraão. Estes
desenhos deixam claro que na época de Abraão, os egípcios davam
muita importância ao movimento das estrelas. [11] Isso se comprova
ainda mais por meio de um dos títulos antigos do sacerdote principal
de Heliópolis (On, na Bíblia), que era conhecido como chefe dos
observadores astrais.
Muitos planetas e estrelas desempenharam um papel especialmente
importante na cultura dos egípcios. Acreditavam que seus deuses
haviam saído da Terra para residir nos céus; [12] assim a lua se
relacionava com o deus Thoth, o sol com Rá e Orion com o deus
Osíris. Os planetas de Júpiter, Saturno e Marte eram de importância
especial para o rei e todos eles se associavam com o deus Hórus.
Ademais, o rei teria prestado atenção especial àquilo que Abraão
dizia acerca da “luz maior, que foi posta para governar o dia” (Abraão
3:6) porque o rei se vinculava integralmente a Rá, o sol, e a sua
jornada. [13]
As informações sobre as estrelas também eram importantes para o
rei. As estrelas tais como Gemini e Denebe eram tidas como
marcadores da órbita do sol pelas estrelas. Uma das imagens iniciais
mais comuns se referia à crença que o rei se destinava a se tornar
uma das estrelas circumpolares ( ỉḫmw-sk, ou seja, as estrelas “que
não eram sujeitas à destruição” porque não desapareciam). [14] Na
vida após esta o rei poderia também se tornar Sírius. [15] Além disso,
via-se Sírius como sendo sua irmã, [16] que talvez se explique pelas
referências em que Sírius também se relaciona com Isis [17] (ao
passo que o rei morto se torna Osíris). Ademais, Sírius se relacionava
com a filha do rei como também com seu pai. [18] Os egípcios
descreviam Orion tanto como o rei [19] como o irmão do rei [20] e
Vênus era sua filha [21] e guia. [22] Amenemhet III, provavelmenete
um contemporâneo de Abraão, gravou no topo de seu pirâmide que
ele era “mais elavado que as alturas de Orion.” [23]
Estas referências amplamente ilustram este ponto: o rei dos egípcios
e sua corte estavam cientes e extremamente interessados nos
movimentos do sol, a lua, os planetas e as estrelas. Em nossa era, a
de grandes cidades e iluminação elétrica, é difícil entender o quanto
que estes corpos celestes faziam parte da vida dos egípcios. A
maioria dos estudantes de hoje não veem com frequência as noites
cheias de estrelas devido à poluição luminosa. As luminárias noturnas
naturais eram muito deslumbrantes no Egíto onde a maioria das
noites estavam bem claras e passavam sem nuvens. As luminárias do
céu noturno eram grandes e dominavam o cenário da noite e
penetravam a mente e visão de toda alma egípcia. A sua presença
imediata era maior para estes habitantes antigos do que a maioria de
nós imaginaríamos. Devido a esta visão poderosa e intrusiva, queira
ou não, as estrelas falavam com força aos egípcios. Seus
movimentos e poder constituiam uma força inescapável para a mente
dos antigos.
Ao meu ver, é por isso que Abraão descobriria que a linguagem
astronômica seria uma forma significativa de se comunicar com os
egípcios. A astronomia providenciou a Abraão um fundamento de
interesse comum sobre o qual ele edificaria um relacionamento com
eles de confiança e respeito, assim como os missionários fazem hoje
em dia. Se o Senhor quisesse encontrar uma forma já conhecida e
persuasiva como meio de ensinar o evangelho a Faraó e seu povo, a
astronomia seria a escolha certa porque era um assunto em que os
egípcios se interessavam, porque estavam acostumados ao fato dos
corpos celestes transmitirem ensinamentos simbólicos e também
porque os movimentos e princípios das estrelas representavam uma
forma poderosa de transmitir a mensagem.
Afinal das contas, o Senhor ensinou a Abraão e aos egípcios pelo
simbolismo, como ele geralmente costuma fazer. Ao reconhecermos
e entendermos estes símbolos, conseguimos desvendar informações
específicas com relação a esta revelação de Abraão e ao mesmo
tempo nos tornamos cada vez mais acostumados à linguagem
simbólica do evangelho. O estudar destes símbolos ajuda nossos
estudantes a estudar outros por si mesmos e ajuda-os a desenvolver
maior capacidade e confiança ao analizarem as escrituras.
Há outra lição para aprendermos. Quando observamos o trabalho
minucioso que o Senhor fez para ajudar um de seus maiores profetas
a preparar-se para pregar o evangelho entre um povo estrangeiro,
entendemos o quão importante é esta obra para ele. Ao gravar esta
experiência para sua posteridade, Abraão nos enfatiza que o Senhor
quer tanto que nos preparemos para cumprirmos com nosso dever
dentro do convênio abraâmico, o de tornar o nome do Senhor
conhecido pelo mundo inteiro. De certa forma, vemos Abraão passar
pelo centro de treinamento missionário do Senhor, pois nota-se que
Abraão se arma com a mensagem e com o conhecimento (o
entendimento de um assunto de importância para os ouvintes em
perspectiva) para pregar o evangelho.
Notas
[1] Orson F. Whitney, “Latter-day Saint Ideals and Institutions” [Ideais
e instituições dos Santos dos Últimos Dias], Improvement Era, August
1927, 851, 861.
[2] Um resumo sucinto disso se encontra em Richard D. Draper, S.
Kent Brown, e Michael D. Rhodes, The Pearl of Great Price: A Verse-
by-Verse Commentary (Salt Lake City: Deseret Book, 2005), 273.
[3] Sinuhe B 212–13, conforme Friedrich Vogelsang e Alan H.
Gardiner, Literarische Texte des Mittleren Reiches (Leipzig, Germany:
H.C. Hinrichs’sche Buchhandlung, 1908), table 7a. Este texto tem
origem na era abraâmica.
[4] Um excelente ensaio sobre este ponto de vista se encontra em
John Gee, William J. Hamblin, e Daniel C. Peterson, “‘And I Saw the
Stars,’ The Book of Abraham and Ancient Geocentric Astonomy,” in
Astronomy, Papyrus, and Covenant, ed. John Gee and Brian M.
Hauglid (Provo, UT: FARMS, 2005), 1–16.
[5] Michael D. Rhodes e J. Ward Moody, “Astronomy and the Creation
in the Book of Abraham,” em Astronomy, Papyrus, and Covenant, ed.
John Gee and Brian M. Hauglid (Provo, UT: FARMS, 2005), 17–35.
Uma dissertação excelente de como os dois sistemas funcionama em
conjunto se encontra em Richard Lyman Bushman, Joseph Smith:
Rough Stone Rolling (New York: Alfred A. Knopf, 2005), 454–55.
[6] Kerry Muhlestein, “Approaching Understandings in the Book of
Abraham,” em The FARMS Review of Books 18, no. 2 (2006): 231.
[7] Dan Vogel e Brent Lee Metcalfe, “Joseph Smith’s Scriptural
Cosmology,” em The Word of God, ed. Dan Vogel (Salt Lake City:
Signature Books, 1990), 218n78.
[8] Gee, “I Saw the Stars,” 4.
[9] Sobre a eficacia do ensino apreceptivo, vide Boyd K. Packer,
Teach Ye Diligently (Salt Lake City: Deseret Book, 1975), 20–27.
[10] Pyramid Text [Texto do Pirâmide], 442.
[11] Otto Neugebauer e Richard A. Parker, Egyptian Astronomical
Texts, Vol. 1: The Early Decans (Providence, RI: Brown University
Press, 1960); Otto Neugebauer e Richard A. Parker, Egyptian
Astronomical Texts, Vol. 2: The Ramesside Star Clocks (Providence,
RI: Brown University Press, 1964), 3–7.
[12] Pyramid Text [Texto do Pirâmide], 519.
[13] Pyramid Text [Idem], 214, 570.
[14] Pyramid Text [Idem], 503, 509, 570.
[15] Pyramid Text [Idem], 412, 504.
[16] Pyramid Text [Idem], 263, 265, 266, 473, 609.
[17] Pyramid Text [Idem], 366, 609.
[18] Pyramid Text [Idem], 302.
[19] Pyramid Text [Idem], 412, 442.
[20] Pyramid Text [Idem], 691.
[21] Pyramid Text [Idem], 473, 609.
[22] Pyramid Text [Idem], 509.
[23] Stephen Quirke, The Cult of Ra: Sun-Worship in Ancient Egypt
(New York: Thames & Hudson, 2001), 116.
[24] Michael Zeilik, Stephen A. Gregory e Elske V. P. Smith,
Introductory Astronomy and Astrophysics, 3rd ed. (New York:
Saunders College Publishing, 1992), 446–47, 451.
[25] Pyramid Text, 274; vide também Robert K. Ritner, “The
Mechanics of Ancient Egyptian Magical Practice,” Studies in Ancient
Oriental Civilizations, no. 54 (Chicago: University of Chicago, 1993),
61–62. Agradeço ao Dr. John Gee por ter me relembrado desta
referência. Vide também Coffin Text [Texto do Caixão], 16.
[26] Pyramid Text, 454.
[27] Michael D. Rhodes, “The Joseph Smith Hypocephalus . . .
Seventeen Years Later,” (Provo, UT: FARMS, 1994), 8.
[28] Boyd K. Packer, em Conference Report, May 1977 [Relatório da
conferência geral, maio de 1977], 80.
[29] Thomas B. Griffith, “The Root of Christian Doctrine,” BYU
Magazine, Fall 2006, 46.
[30] John Van Seters, Abraham in History and Tradition (New Haven,
CT: Yale University Press, 1975), 288.
[31] A oitava regra de fé (bem como a própria existência da Tradução
de Joseph Smith) esclarece que existem erros na Bíblia conforme ela
ficou hoje em dia. É por isso que Joseph Smith disse: “Creio na Bíblia
da forma que ela saiu da caneta dos escritores originais” (Discourses
of Joseph Smith, comp. Alma P. Burton [Salt Lake City: Deseret Book,
1977], 245). Naturalmente muitos dos que reuniram e redigiram os
sagrados textos tinham boa vontade (vide 2 Néfi 29:4–5).
[32] Ao passo que as imagens do versículo 12, em que o Senhor “pôs
a mão sobre meus olhos e eu vi aquelas coisas que suas mãos
haviam feito; e eram muitas. E elas multiplicaram-se ante meus olhos
e não consegui ver seu fim,” indica que isso tudo é muito mais do que
os homens podem ver com os olhos naturais; no versículo 14 Abraão
disse que era noite quando viu estas coisas, como se pudesse ver
porque era noite. Contudo a natureza da visão conforme a linguagem
do versículo 12 claramente mostra que era uma visão de vidente.
[33] Bushman, Rough Stone Rolling, 537.
[34] Joseph Smith, citado em Bushman, Rough Stone Rolling, 436.
[35] Dallin H. Oaks, no Conference Report, October 2000 [Relatório
da conferência geral de outubro de 2000], 40–41.
[36] Joseph Smith, Lectures on Faith [As palestras sobre a fé], comp.
N. B. Lundwall (Salt Lake City: Bookcraft), 33–37.
Como Estudar as Escrituras
Conclusão
Completamos o cíclo. Vamos unir agora os sete princípios.
Iniciamos com o preceito de que as escrituras, ou seja
revelação, só são revelações quando são acompanhadas do
espírito de revelação.
Joseph Smith e Oliver Cowdrey nos ilustram este princípio de
forma notável. Depois que João Batista havia restaurado o
sacerdócio aarônico a eles e depois que se batizaram um ao
outro e o Espírito Santo havia caído sobre eles, Joseph Smith
disse: “Estando agora com nossa mente iluminada, as escrituras
começaram a abrir-se ao nosso entendimento e o significado e
intenção verdadeiros das passagens mais misteriosas se
revelaram a nós de uma maneira que antes não havíamos
atingido nem pensado” (História de Joseph Smith 1:74).
Acrescentamos o segundo princípio, a idéia de que os
princípios do evangelho são imutáveis. Toda escritura vem da
mesma fonte, tem o mesmo propósito e ensina a mesma
doutrina. O evangelho de Jesus Cristo não evoluiu e não
está evoluindo. É imutável, absoluto e eterno. A doutrina na
qual Adão e Eva achou a salvação é exatamente a mesma pela
qual cada um de seus filhos em todas as gerações se salvarão.
Esta doutrina sempre estará focalizada no mesmo Salvador, na
mesma Expiação, na obediência às mesmas leis e ordenanças e
requererá o mesmo sacerdócio.
Há somente um Salvador e um só evangelho. Quando o Cristo
já ressurrecto visitou o povo do Novo Mundo, Ele fez o que fez
no Velho Mundo. Foi ao templo, chamou e ordenou doze
homens como testemunhas especiais de seu nome e ensinou o
mesmo evangelho que ensinara àqueles de sua própria nação.
O evangelho e seus convênios e promessas permanecem
sempre os mesmos. Não havia um evangelho para os pioneiros
e outro para nós, nem um para os apóstolos e profetas e outro
para o restante da Igreja. Temos um só evangelho do mesmo
modo que só há um Salvador. Cada um de nós faz os mesmos
convênios e cada um recebe a mesma promessa de bênçãos.
Neste contexto, as promessas das revelações são nossas;
foram-nos dadas; podemos colocar nossos próprios nomes
nelas.
O terceiro princípio é o de procurar aprender tanto pelo estudo
como pela fé. Deve ser óbvio que a única forma de aprender o
princípio da fé é por meio de exercê-la. A noção de que
devemos buscar conhecimento tanto pela fé como pelo estudo
significa que a fé não requer que deixemos nossa mente à
porta quando entramos na aula da Escola Dominical ou em
qualquer outra ocasião em que procuramos aprender o
evangelho. Quer dizer, porém, que seria um evangelho fraco se
não nos proporcionasse revelação que fosse além dos limites
de nosso entendimento e do conhecimento comum. A mesma
revelação nos diz que Deus, e não a natureza, é o autor de
todas as leis. Esta revelação declara que todas as leis, luz e vida
vêm de Deus e que Ele está acima de tudo. Deus é o criador de
tudo isso e não um simples observador.
O quarto princípio observa que tudo tem seu contexto
apropriado. Todos os princípios do evangelho têm um contexto
imediato e um contexto geral, este último sendo o contexto da
plenitude do evangelho. Nenhum princípio do evangelho existe
na solidão. Isolar qualquer princípio do conjunto de princípios
que constituem o evangelho é corromper o princípio. O
evangelho não consiste somente na graça, somente no amor,
somente na fé, nem somente em qualquer princípio. Os
princípios evangélicos se sustentam um ao outro.
O quinto princípio consiste no devido equilíbrio que deve haver
entre os princípios do evangelho. A ignorância não pode nutrir
a fé e a inteligência dos homens não pode substituí-la. A Bíblia
permanece sendo um livro selado para aqueles que a estudam
unicamente com sua própria mente. O significado e propósito
da Bíblia desaparecem para aqueles que reduzem sua
mensagem a algumas frases que sempre citam para justificar
seu entendimento superficial e sua crença naquilo que não
pertence ao corpus da fé.
O sexto princípio nos incentiva a buscar sabedoria e ajuda de
todas as fontes que nos conduzem a um entendimento maior.
Nenhuma fonte pode exceder a voz de um profeta vivente, sim,
a voz unida de todos os profetas do passado nos diz que
devemos escutar o profeta atual.
Observamos no sétimo princípio que buscamos o mesmo
destino que buscavam os fiéis do passado, portanto os
ensinamentos de que escreveram são de grande valor para nós.
Para que isso nos ajude, devemos orientar o mapa que nos
deixaram conforme os princípios corretos e lê-lo pela luz do
mesmo espírito conhecido por eles.
Sempre que alguém interpreta um trecho das escrituras,
podemos medir o nível de bom senso e integridade espiritual
que ele possui. O que fazemos com as escrituras, inclusive
negligenciá-las, proporciona ao Senhor uma forma de avaliar
nossa alma. Que todos nós possamos apresentar-Lhe uma boa
avaliação é minha oração.
Como fazer Perguntas que Convidam a
Revelação
Implementação
Devido ao fato do ensino ser tão habitual, às vezes parece que nós
professores entramos em “piloto automático” quando estamos à frente
da classe. Os professores praticam todos os dias, várias vezes ao
dia. As habilidades, pontos fortes e os talentos que têm sido
desenvolvidos ao longo dos anos tornam-se muito evidentes. As
deficiências dos professores também são facilmente observadas.
Portanto, é preciso um grande esforço, juntamente com um plano de
ação, para mudar e melhorar. Essas mudanças devem ser
sustentadas por um período de tempo suficientemente longo para que
os velhos hábitos e práticas ineficients sejam eliminados. Muitas
vezes é incômodo quando se prova uma nova ideia. Muitos jogam
suas mãos ao ar e dizem: "Não cabe a minha personalidade" ou "Isso
não funcionou para mim." Uma apreciação e compreensão do poder
que têm os hábitos em nossa vida podem dar uma força para o
professor ao escolher melhorar e crescer e se desenvolver na
aquisição de competências pedagógicas novas.
Como melhorar. Quanto mais uma pessoa anda por um caminho,
mais firme se torna o pisar. Uma chave para mudar o nosso estilo de
ensino é preparar um plano de aula com perguntas eficazes. Se um
professor não puder escrever uma boa pergunta, no silêncio do
escritório, será pouco provável que saia uma boa pergunta quando
ele estiver em frente de uma classe. O processo de pensar e escrever
facilita a melhoria e transformação dos métodos. Três perguntas bem
escritas para cada lição podem fazer maravilhas. Na verdade, o
processo de escrever grandes perguntas pode afetar a lógica e o
pensamento do professor tão profundamente que com tempo a
qualidade as perguntas melhorará.
Como ensinar utilizando perguntas. O professor não apenas se
levanta, fazendo uma pergunta após a outra. Trata-se de uma
experiência completa de pesquisar, discutir, descobrir, compartilhar e
ensinar. É muito edificante. O professor tem de decidir coisas como:
Discutimos juntos como uma classe, em grupos, em duplas ou
sozinhos? Devo contar a história ou o background, ou deixo que os
alunos contem, ou descobrimos juntos?
Nós todos sabemos que os amigos e colegas têm um poderoso efeito
na vida dos alunos. Devido a este elevado nível de influência de
colegas, é muito eficaz os estudantes darem as respostas às
perguntas e ensinarem-se uns aos outros. Uma das melhores
maneiras de ajudar os alunos a compartilhar e ensinar-se uns aos
outros é fazer uma pergunta que eles têm que responder para a
classe, para um grupo, ou para um colega. Por exemplo, as respostas
às perguntas: "Qual é a parte do plano que, ao seu ver, mais afetou
Zeezrom?” “Por quê?" Podem ser compartilhadas e discutidas em
classe, em pequenos grupos, ou em duplas. A pergunta também pode
ser solicitada da seguinte forma: "Que parte do plano você acha que a
juventude da Igreja precisa entender hoje em dia?" Ao
compartilharem suas respostas, os alunos estão se influenciando uns
aos outros, estão se ensinando uns aos outros. O Presidente Packer
ensinou que "se pode encontrar seu testemunho ao prestá-
lo!" [19] Por causa da participação dos alunos, o Espírito pode
testemunhar ao indivíduo que aquilo que ele está dizendo é verdade.
Pode também testemunhar a seu colega, a seu grupo, ou à classe
inteira. Isso faz com que os alunos se sintam de forma mais profunda
a importância do que aprenderam e chegaram a acreditar. Eles
sabem que sabem e sentem que sabem. Portanto, eles percebem
que têm um testemunho e isso é muito bom.
Conclusão
Aumentar a participação dos alunos tem alguns desafios. A maneira
em que os comentários são recebidos pelo aluno afeta o sucesso de
cada pergunta que se faz. Um professor precisa ter alta estima para
com os alunos. Os alunos precisam sentir que seus comentários são
valorizados e apreciados. Da mesma forma, um professor não pode
aceitar todas as opiniões como verdade, mas deve orientar a classe
para as conclusões adequadas. É preciso alguma prática e muito
amor para os alunos, recebendo graciosamente as suas resposta,
mas mantendo a pureza doutrinária. Quando o Espírito estiver
presente e as perguntas forem discutidas de forma eficaz, elas
inspirarão pensamentos, ideias e perguntas elevados por parte dos
alunos. Um professor não deve ser demasiadamente rígida, mas deve
estar aberto para que o Espírito dirija o ensino e aprendizado.
Considerem o seguinte comentário do Élder Cecil O. Samuelson:
"Admira-me cada vez que eu considero a maneira maravilhosa de que
o Profeta Joseph Smith usou perguntas adequadas, não só para
aumentar o seu conhecimento, mas também para aumentar a sua fé.
. . . A questão não é se devemos fazer perguntas e sim, quais são as
perguntas que devemos fazer? A minha experiência na ciência e na
medicina me leva a crer que o progresso real é quase sempre o
resultado de fazer as perguntas certas.” [20] Minha experiência
também me levou a acreditar que se quisermos fazer progresso real
em levar o evangelho ao coração e mente dos alunos, precisamos
estar fazendo as perguntas certas, sim as que convidam a revelação.
Se estamos cumprindo o encargo de "elevar nossas metas" e ajudar
nossos estudantes a"tornarem-se verdadeiramente convertidos ao
evangelho restaurado de Jesus Cristo enquanto estiverem
conosco," [21] devemos criar um clima em que o Espírito Santo possa
vir e ensinar com grande poder e transformar nosso coração. As
grandes perguntas são vitais para levar isto a efeito. Eu sei que essa
habilidade pode ser adquirida ao longo do tempo, através de um
esforço diligente e de muita prática. Assim como uma luz maravilhosa
sobreveio o Profeta Joseph Smith ao passo que ele fazia grandes
perguntas, esta mesma luz pode iluminar o coração e mente dos
professores do evangelho e os estudantes em toda parte, se
buscarmos a ajuda do Senhor para melhorar nossa capacidade de
fazer perguntas que convidam a revelação.
Notas
[1] Henry B. Eyring, “The Lord Will Multiply the Harvest,” discurso para
os educadores religiosos, 6 de fevereiro de 1998 (Salt Lake City: The
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1998) 5.
[2] Eyring, “The Lord Will Multiply the Harvest,” 5.
[3] Vide Ensinai o Evangelho, 13.
[4] Hales, “Teaching by Faith,” 6.
[5] Gene R. Cook, Teaching by the Spirit (Salt Lake City: Deseret
Book, 2000), 192.
[6] Richard G. Scott, “Helping Others to Be Spiritually Led,” discurso
no Simpósio do Sistema Educacional da Igreja, 11 de agosto de 1998
(Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints,
1998), 2–3.
[7] Henry B. Eyring, transmissão via satélite de treinamento para o
SEI, 10 de agosto de 2003
[8] J. Reuben Clark Jr., “The Charted Course of the Church in
Education,” in Charge to Religious Educators, 3rd ed. (Salt Lake City:
The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1994), 7.
[9] Jeffrey R. Holland, “We Are Teachers of the Gospel,” introdução a
“An Evening with Gordon B. Hinckley,” 15 de setembro de 1978.
[10] Eyring, CES transmissão via satélite de treinamento para o SEI,
10 de agosto de 2003.
[11] Jeffrey R. Holland, Relatório da Conferência Geral, abril de 1998,
32.
[12] Bruce R. McConkie, “Finding Answers to Gospel Questions,” in
Charge to Religious Educators, 79.
[13] Boyd K. Packer, Conferência Geral de outubro de 1986, 20.
[14] Holland, Conferência Geral de abril de 1998, 32.
[15] Jeffrey R. Holland, “Therefore, What?”discurso para a Vigésima
quarta Conferência Annual dos Educadores Religiosos do Sistema
Educacional da Igreja, 8 de agosto de 2000 (Salt Lake City: The
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 2000), 2.
[16] Holland, “Therefore, What?” 2.
[17] Eyring, CES transmissão via satélite de treinamento do SEI, 10
de agosto de 2003.
[18] A Current Teaching Emphasis for the Church Educational
System, carta de 4 de abril de 2003.
[19] Boyd K. Packer, “The Candle of the Lord,” Ensign , janeiro de
1983, 51–56.
[20] Cecil O. Samuelson Jr., “The Importance of Asking Questions,”
Brigham Young University 2001-2002 Speeches (Provo, UT: Brigham
Young University Press, 2002), 149–57.
[21] Henry B. Eyring, “We Must Raise Our Sights,” discurso para a
Conferência do Sistema Educacional da Igreja de 14 de agosto de
2001 (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints,
2001), 2.
Descobertas do Projeto de Estudo Dos Escritos
de Joseph Smith
Robert J. Woodford
Comparação de Textos
Desenvolvemos um método interessante de comparar os vários
textos de uma só revelação que passamos a chamar "lineups
[tirado da expressão inglêsa usada pelos policias para
descrever uma fileira de vários suspeitos que se faz para que a
vítima indentifique o culpado]." Colocávamos primeiro no início
de uma página uma linha de texto da versão mais antiga e
debaixo dela colocávamos, por ordem cronológica, as linhas
correspondentes de todos os outros documentos, repetindo o
processo para cada linha até o fim da revelação.
O exemplo 1 é da última parte da seção 4 de Doutrina e
Convênios e contém um manuscrito e três versões publicadas:
o Livro de Mandamentos e as versões das edições de 1835 e de
1844 de Doutrina e Convênios. As principais variações
ocorreram entre o Livro de Mandamentos e a edição de 1835 de
Doutrina e Convênios. Joseph Smith liderou o grupo que redigiu
a edição de 1835 e as alterações foram feitas sob a direção
dele. Então os membros da Igreja apoiaram a edição de 1835
como a palavra do Senhor para eles.
Exemplo 1
Manuscrito 1133
layeth up his store that he perish not but bringeth salvation to
his own soul & faith
[faz sua reserva de modo que não parece mas traz salvação a
sua alma & fé]
Livro de Mandamentos
layeth up in store that he perish not, but bringeth salvation to
his soul, and faith,
[faz sua reserva de modo que não parece, mas traz salvação a
sua alma, e fé,]
D&C 1835
layeth up in store that he perish not, but bringeth salvation to
his soul, and faith,
[faz sua reserva de modo que não perece, mas traz salvação a
sua alma, e fé]
D&C 1844
layeth up in store that he perish not, but bringeth salvation to
his soul, and faith,
[faz sua reserva de modo que não parece, mas traz salvação a
sua alma, e fé]
Manuscrito 1133
hope charity & love with an eye single to the glory of God
constitutes him for the work
[esperança caridade & amor com os olhos fitos na glória de
Deus constitui-o para o trabalho]
Livro de Mandamentos
hope, charity, and love, with an eye single to the glory of God,
qualifies him for the work.
[esperança, caridade e amor, com os olhos fitos na glória de
Deus, qualificam-no para o trabalho.]
D&C 1835
hope, charity, and love, with an eye single to the glory of God,
qualifies him for the work.
[esperança, caridade e amor, com os olhos fitos na glória de
Deus, qualificam-no para o trabalho.]
D&C 1844 hope, charity, and love, with an eye single to the
glory of God, qualifies him for the work. [esperança,
caridade e amor, com os olhos fitos na glória de Deus,
qualificam-no para o trabalho.]
Manuscrito 1133
remember temperance patience
[lembrai-vos da temperança da paciência]
Livro de Mandamentos
Remember temperance, patience,
[Lembrai-vos da temperança, da paciência]
D&C 1835
Remember faith, virtue, knowledge, temperance, patience,
brotherly kindness,
[Lembrai-vos da fé, da virtude, do conhecimento, da
temperança, da paciência, da bondade fraternal,]
D&C 1844
Remember faith, virtue, knowledge, temperance, patience,
brotherly kindness,
[Lembrai-vos da fé, da virtude, do conhecimento, da
temperança, da paciência, da bondade fraternal,]
Manuscrito 1133
humility diligence & C. Ask & ye shall receive knock & it shall be
[da humildade da diligência & da C. Pedi & recebereis batei e
ser-vos-á
Livro de Mandamentos
humility, diligence, &c., ask and ye shall receive, knock and it
shall be
[da humildade, da diligência &c., pedi e recebereis, batei e ser-
vos-á]
D&C 1835
godliness, charity, humility, diligence. Ask and ye shall receive,
knock and it shall be
[da piedade, da caridade, da humildade, da diligência. Pedi e
recebereis, batei e ser-vos-á]
D&C 1844
godliness, charity, humility, diligence. Ask and ye shall receive,
knock and it shall be
[da piedade, da caridade, da humildade, da diligência. Pedi e
recebereis, batei e ser-vos-á]
Manuscrito 1133
opened unto you amen
[aberto amém]
Livro de Mandamentos
opened to you: Amen.
[aberto: Amém]
D&C 1835
opened unto you. Amen.
[aberto. Amém.]
D&C 1844
opened unto you: Amen.
[aaberto: Amém]
Exemplo 2
No seguinte exemplo bem mais complexo de uma linha da
seção 42 de Doutrina e Convênios, seis cópias de manuscritos
são comparadas com cinco edições publicadas: PT (Painesville
Telegraph [jornal], setembro de 1831), EMS (Evening and
Morning Star[outro jornal], julho de 1832), BC (Livro de
Mandamentos de julho de 1833), e as edições de 1835 e de
1844 de Doutrina e Convênios. Os documentos se apresentam
em ordem cronológica, começando pelo mais antigo. (As
abreviaturas usadas para identificar os manuscritos são para
uso interno e não serão elaboradas aqui. Nos volumes
publicados constarão todos os detalhes.)
O texto da edição atual de Doutrina e Convênios apareceu pela
primeira vez no manuscrito BkA, com data de outono de 1831.
Os manuscritos ZC e JW obviamente foram copiados uma da
outra ou tinham uma fonte em comum que pode refletir um
texto anterior e menos refinado. O manuscrito denominado BCR
serviu de fonte para as versões impressas. EMS e BC mostam
uma redação posterior que conforma com as versões
impressas. Porém é interessante notar que embora o texto BCR
fosse identificado como sendo o mais antigo, usamos RWD
como o texto principal porque inclui uns trechos que não se
encontram nos outros manuscritos.
Exemplo 2
BCR
hath [has] authority & it is known to the Church that he hath
[has] authority & has
[tenha autoridade & que a Igreja saiba que tem autoridade &
foi]
RWD
hath authority & it is known to the church that he hath authority
& have
[tenha autoridade & que a Igreja saiba que tem autoridade &
foi]
PT
hath authority, and it is known to the church that he hath
authority, and have
[tenha autoridade, e que a Igreja saiba que tem autoridade e
foi]
BkB
hath authority & it be known to the Church that he hath
authority & has
[tenha autoridade & que a Igreja saiba que tem autoridade &
foi]
BkA
has authority & it is known to the Church that he has authority
& has
[tenha autoridade & que a Igreja saiba que tem autoridade &
foi]
ZC
has authority & has
[tenha autoridade & tenha sido]
EMS
has authority, and it is known to the church that he has
authority, and has
[tenha autoridade, que a Igreja saiba que tem autoridade e foi]
BC
has authority, and it is known to the church that he has
authority, and has
[tenha autoridade, e que a igreja saiba que tem autoridade e
foi]
JW
has authority, and has
[tenha autoridade e tenha sido]
D&C 1835
has authority, and it is known to the church that he has
authority, and has
[tenha autoridade, e que a igreja saiba que tem autoridade e
foi]
D&C 1844
hath authority, and it is known to the church that he has
authority, and has
[tenha autoridade, e que a igreja saiba que tem autoridade e
foi]
Seção 20.
Pergunta: Como pode uma revelação escrita durante o mesmo
mês em que a Igreja foi organizada ter informações
concernentes aos élderes presidentes, bispos viajantes, sumo
conselheiros, sumo sacerdotes, presidentes, sumo conselho e
bispos (versículos 66-67) visto que estes ofícios não foram
revelados até anos depois?
Resposta: Nas edições de 1876 até 1920 havia um asterisco
que precedia o versículo 65 referente a uma nota de rodapé
que dizia: "Os versículos 65, 66 e 67 foram acrescidos algum
tempo depois dos outros." Não há nenhum manuscrito da seção
20 que inclua estes versículos e a primeira versão de Doutrina e
Convênios em que aparecem é a de 1835.
Seção 45.
Pergunta: Qual é a relação entre a seção 45 de Doutrina e
Convênios e o capítulo 24 de Mateus que agora aparece na
Pérola de Grande Valor? Até uma leitura superficial revela que a
seção 45 se relata À profecia do Monte das Oliveiras em Mateus
24
Resposta: A seção 45 foi recebida no dia 7 de março de 1831 e
não tinha vínculo com o trabalho de tradução da Bíblia que
Joseph Smith fazia mas foi dada como defesa contra "falsos
relatos e histórias tolas" (vide a introdução de D&C 45). Naquela
época Joseph Smith estava traduzindo o texto do Velho
Testamento e não do Novo Testamento. Muitos dos conversos
À Igreja de Ohio dos anos 1830 a 1831 haviam previamente
seguido Alexander Campbell o qual rejeitava os credos das
Igrejas cristãs e procurava restaurar a antiga ordem das coisas.
Conhecidos como "Discípulos," acreditavam que a reformação
lançado por Campbell daria início ao Milênio. Segundo Amos S.
Hayden, um dos pregadores e historiadores do movimento:
"Encarava-se a restauração do antigo evangelho como o
movimento inicial que, conforme pensavam, se espalharia tão
rapidamente que as igrejas existentes seriam desorganizadas
quase de imediato para que o povo verdadeiro, um
remanescente de Cristo entre as seitas, de acordo com esta
crença, abraçasse de imediato estas opiniões de Campbell que
era "evidentes" pelas escrituras e formasse a união dos cristãos
pela qual se tinha orado tanto e que estabeleceria o
Milênio. [3] Os Discípulos que se tornaram Santos dos últimos
Dias se fortaleceram na sua esperança do Milênio porque agora
acreditavam que Deus havia intervindo e restaurado por meio
de Joseph Smith a verdadeira "ordem antiga."
Muitas das revelações iniciais recebidas por Joseph Smith,
inclusive esta, tratavam de assuntos escatológicos [referentes
ao destino humano e consumação do séculos]. A escatologia
dos Santos dos últimos Dias com sua visão da destruição
iminente dos iníquos e o triunfo milenar dos justos oferecia
uma segurança poderosa em face da oposição que
enfrentavam. Os jornais locais e daqueles dias de vez em
quando publicavam "relatos falsos, mentiras e histórias tolas" e
os membros da Igreja "tinham que lutar contra tudo que o
preconceito e a inqüidade pudessem inventar," mas Joseph
Smith relatou que esta revelação foi recebida "para a felicidade
dos santos," com enfoque temático no fim dos tempos. [4]
O que torna esta revelação significativa é o fato dela
representar outro relato da mensagem do Salvador a seus
discípulos no Monte das Oliveiras (Mateus 24) em que se
resolve a velha controvérsia entre os cristãos quanto À
cronologia destes eventos. Uma opinião era que os eventos
previstos já haviam se cumprido durante a geração do Novo
Testamento; outra interpretação colocava todos os eventos no
fim da história do mundo. Esta revelação deixa claro que alguns
acontecimentos passaram logo após a morte do Salvador e
outros aconteceriam um pouco antes do Milêmio. A clareza e
especifidade da revelaçao também serviam para confirmar o
sentimento que os conversos tinham de que realmente viviam
nos últimos dias.
Contudo, nos versículos 60 e 61 de seção 45 revela-se o
seguinte:
"E agora, eis que vos digo que nada mais vos será dado a saber
concernente a este capítulo, até que o Novo Testamento seja
traduzido; e nele todas estas coisas serão dadas a conhecer;
Portanto agora vos permito traduzi-lo, para que estejais
preparados para as coisas que hão de vir." No dia seguinte, dia
8 de março, Joseph Smith e Sidney Rigdon deram início ao
trabalho do Novo Testamento e dentro de poucos dias
chegaram ao capítulo 24 de Mateus. Obviamente sentiam
urgência de comunicar esta parte da Tradução de Joseph Smith
aos Santos logo que fosse possível de maneira que uma folha
grande foi publicada e distrubuída. Os missionários da época
levavam cópias À Inglaterra onde Franklin D. Richards publicou
a primeira edição da Pérola de Grande Valor em 1851. A folha
foi incluída e continua naquele livro até hoje.
Seções 48 e 68.
Pergunta: Como podem estas duas revelações de 1831 conter
trechos referentes À Presidência da Igreja quando a Presidência
do Sumo Sacerdócio só foi formada um ano depois em março
de 1832 e a Primeira Presidência da Igreja em março de 1833?
Resposta: Antes de 1835, a seção 48 dizia: "E então começareis
a reunir-vos com vossa família, cada homem de acordo com
sua família, de acordo com suas condições e conforme lhe for
designado pelo bispo e pelos élderes da igreja, segundo as leis
e mandamentos que recebestes e que recebereis daqui em
diante; assim seja: Amém" (versículo 6). [5]
De modo semelhante a seção 68 dizia: "Portanto será um sumo
sacerdote digno e será designado pela conferência de sumo
sacerdotes" (versículo 15). [6] Os versículos 16 a 21 também
mencionam a presidência mas somente a partir da edição de
março de 1835. Na versão anterior os versículos 22 e 23
diziam: "E também nenhum bispo ou juiz que for designado
para este ministério será julgado ou condenado por qualquer
crime, a menos que seja diante da conferência de sumos
sacerdotes; e se for considerado culpado diante da conferência
de sumos sacerdotes e por testemumho que não possa ser
refutado, ele será ou condenado ou perdoado de acordo com as
leis da igreja." [7] As alterações, tais como a colocação de
"Primeira Presidência" no lugar de "conferência de sumos
sacerdotes," refletem uma organização em pleno crescimento e
expansão em números e em muitos territórios.
Seção 64, versículo 27. O versículo 27 diz: "Eis que minhas leis
dizem, ou seja, proíbem contrair dívidas com vossos inimigos."
Pergunta: Onde é que se encontram estes conselhos nas
revelações?
Resposta: Previamente faziam parte da seção 42 mas foram
trirados. Dizia: "Até que ponto devemos fazer comércio com o
mundo e como devemos conduzir nossos negócios com eles?
Não contrairás dívidas com eles e os élderes e bispos se
reunirão em conselho e farão o que for necessário conforme
guiados pelo Espírito." [8]
Seção 77.
Pergunta: Por que a seção 77 só apresenta a interpretação dos
primeiros onze capítulos do livro de Apocalipse?
Resposta: No dia 16 de fevereiro de 1832, enquanto trabalhava
com a Tradução de Joseph Smith da Bíblia, o Profeta e Sidney
Rigdon receberam "A Visão" (vide D&C 76). Esta revelação foi
dada quando revisavam o capítulo 5 de São João devido ao fato
da mensagem do versículo vinte e nove tê-los "maravilhado."
Desde o começo do projeto haviam escrito por extenso cada
versículo. Por algum motivo desconhecido alteraram este
processo trabalhoso no próximo capítulo e daquele ponto em
diante o manuscrito da Traduão de Joseph Smith só contém
textos novos, emendados ou imbutidos. Esta mudança de
metodologia possibilitou que acelerassem a revisão da Bíblia e
nas próximas cinco semanas conseguiram completar a revisão
do Novo Testamento. No dia 20 de março completaram os
primeiros onze capítulos de Apocalipse. Também nesta data
Joseph Smith recebeu uma revelação nunca publicada em
Doutrina e Convênios. Uma parte dela diz: Completaremos a
tradução do Novo Testamento antes de irmos a Sião ou
esperaremos para completá-la depois da nossa volta? Convém,
diz o Senhor, que não haja demora em irmos e isso, diz o
Senhor, é de grande proveito e benefício para a igreja, portanto
deixa a tradução no presente momento (20 de março de 1832
em Hyrum, Estado de Ohio). [9] Joseph Smith escreveu: "'Com
referência À tradução das escrituras recebi a seguinte
explicação da revelação, Apocalipse, de São João'" (vide a
introdução da seção 77 de D&C). Já que a seção 77 tem data de
março de 1832, deve ter sido recebido alguns dias antes do dia
20 de março enquanto os dois homens labutavam para
entender e corrigir este livro muito simbólico. Inclui uma
interpretação dos primeiros onzes capítulos só porque o
restante do livro foi corrigido depois da volta do Profeta de
Missouri em junho do mesmo ano. Saliento que não existe hoje
o manuscrito das interpretações dos capítulos que seguem o
capítulo onze.
Conclusão
Os volumes do Projeto Escritos de Joseph Smith serão
publicados ao longo de uma década, ou mais. Felizmente os
primeiros dois volumes da série Documentos, os quais contêm
a maioria das revelações, serão entre os primeiros a serem
publicados. As evidências bem documentadas e
pormenorizadas nestes volumes verificarão o panorama que
apresentei aqui bem como muito mais assuntos além do
alcance deste trabalho. Futuros estudantes e pesquisadores
terão a sua disposição os recursos mais completos que existem
sobre o recebimento, registro e edição das revelações. Embora
a apresentação dos materiais seja erudita, aqueles que
reconhecem que Joseph Smith foi um profeta de Deus também
acharão nestes volume muitas evidências para confirmar a sua
fé.
Notas
[1] Comunicação pessoal, Royal Skousen. Para mais
informações, vide History of the Text of the Book of Mormon,
volume 3 de texto crítido do Livro de Mórmon (logo será
publicado pelo Instituto Maxwell Institute da BYU).
[2] Doutrina e Conênsio, edião de 1835, 256.
[3] Amos S. Hayden, Early History of the Disciples in the
Western Reserve (Cincinnati: Chase & Hall, 1876), 183.
[4] Dean C. Jessee, ed., Papers of Joseph Smith (Salt Lake City:
Deseret Book, 1989), 1:350.
[5] Book of Commandments [Livro de Mandamentos] 51:6.
[6] Evening and Morning Star(jornal), outubro de 1832, 35.
[7] Evening and Morning Star, outubro de 1832, 35.
[8] Manuscrito de Symonds Ryder, MS 4583, box 1, folder 13,
1831, Church History Library, Salt Lake City.
[9] Manuscrito de uma página na letra de Sidney Rigdon, Newel
K. Whitney Papers, L. Tom Perry Special Collections, Harold B.
Lee Library, Brigham Young University.
[10] Kirtland Revelation Book [Livro de Revelações de Kirtland],
10-11.
[11] Para mais informações, vide Frederick G. Williams,
"Frederick Granger Williams of the First Presidency of the
Church," BYU Studies 12, no. 3 (Spring 1972): 243-60.
[12] MS 1829, Church History Library.
Doutrina e Convênios e Revelação Contínua
Ligando os Pontos
Depois de alguns poucos dias após ter chegado no campo
missionário, fui a uma série de reuniões de distrito onde observei
nossos missionários ensinando as lições um ao outro. Havia algumas
coisas que ouvi que eram encorajadouras e impressionantes, mas
havia também muitas outras coisas que me desencorajaram. Um dos
defeitos mais comuns que observei era que os élderes e as sísteres
podiam recitar os princípios básicos das lições missionárias, mas lhes
faltava profundidade no entendimento para explicarem
adequadamente tais princípios ou responder perguntas a eles
relacionadas. Era como se eles estivessem dando aos investigadores
um quebra-cabeças de mil peças, mas com poucas instruções de
como colocar as peças juntas para se formar uma bela imagem.
Compreendi que esses missionários não eram totalmente diferentes
de nossos alunos (e talvez de uma grande parte dos membros da
Igreja em geral). É comum nós colocarmos na nossa bagagem de
conhecimento doutrinário, muitos pedaços de informação – fatos,
referências de escrituras, histórias inspiradoras, citações,
ensinamentos básicos, coisas que ouvimos em aulas e em quóruns
através dos anos. O que é muito menos comum (pelo menos com os
missionários com quem servi), é a habilidade de ligar os pontos.
Vocês se lembram quando eram pequenos e faziam um desenho,
ligando os pontos numerados? Os pontos, por si mesmos, não nos
revelam muito. Entretanto, quando conectados, surge uma imagem
encantadora. As doutrinas do evangelho funcionam da mesma forma.
Os missionários prestam um desserviço aos seus pesquisadores
quando eles ensinam apenas os pontos – isolados, desconectados,
ensinamentos independentes. O entendimento real e a conversão
final vêm quando eles ligam os pontos e veem o quadro completo – a
visão panorâmica do grande plano de felicidade. Pregar Meu
Evangelho ajuda os missionários a ver estas conexões – os
relacionamentos entre os princípios e ordenanças do evangelho e
como cada um deles se encaixa no plano do evangelho como um
todo. Além disso, ao ensinarmos o que acreditamos, nos dá um
motivo para explicarmos o porquê que acreditamos nisso. Por
exemplo, podemos ensinar o que foi a Restauração, mas entender
por que foi necessária, requer uma conexão à Grande Apostasia.
Um outro exemplo ilustrativo seria ensinar os primeiros princípios e
ordenanças do evangelho. Muito pode ser ensinado sobre os o quês
da fé, arrependimento, batismo e o dom do Espírito Santo. Mas o
verdadeiro poder – o poder da conversão – destas doutrinas é
encontrado no relacionamento de um com o outro e sua conexão
absoluta à Expiação de Jesus Cristo. Vocês não poderão realmente
entender o arrependimento sem conectá-lo à fé. Curiosamente,
Amuleque demonstrou este método de ensino quando nos ensinou
sobre “fé para o arrependimento” e não simplesmente fé e
arrependimento como doutrinas separadas (Alma 34:15; veja também
v. 16-17). O modelo de ensino do evangelho de Pregar Meu
Evangelho dos missionários para investigadores (e outros) pode, da
mesma forma, aumentar nosso ensino como educadores religiosos e
ajudar nossos alunos a ligar os pontos doutrinários.
Em nossa missão, toda conferência de zona envolvia uma porção
significativa de instrução doutrinária. Utilizando as doutrinas
ensinadas nas lições missionárias (encontradas no capítulo 3 de
Pregar Meu Evangelho), minha esposa e eu procuramos ajudar os
missionários a obter um melhor conhecimento, não só de todas as
diferentes dimensões de uma doutrina específica, mas também de
como aquela doutrina se conectava e logicamente conduzia a outras
doutrinas que ensinamos. Era emocionante e gratificante ver as
reações de nossos missionários. As “luzes” em suas mentes se
acendiam – quase como se fosse pela primeira vez que eles
realmente as tivessem. Quando os missionários conectavam os
pontos, seus testemunhos eram fortalecidos, seu conhecimento do
evangelho se aprofundava, e sua capacidade de ensinar a outros com
clareza e convicção melhorava. Devido a estas experiências,
compreendi mais do que nunca que ajudar missionários em
perspectiva a ver o quadro completo do plano de salvação e ligar os
pontos das doutrinas do evangelho irá capacitá-los a chegar ao
campo preparados como missionários de tempo integral e irá
abençoar suas vidas para sempre.
Conclusão
Ser um presidente de missão foi, para mim, a coisa mais intensa,
mais trabalhosa, mais exigente, mais difícil, mais cansativa – tanto
física como emocionalmente – e mais gratificante, com exceção à
minha família, que eu jamais fiz em minha vida. Que privilégio foi
servir! Não sei se ajudei a alguém, mas sei o que a missão fez por
mim. Sou diferente devido a ela e sempre serei grato por essa
transformação. Sempre me perguntam: “Do que você mais sente falta
da sua missão?” Assim como qualquer missionário retornado, jovem
ou velho, há muitas coisas que eu sinto muito a falta. (Há também
muitas outras que não sinto falta nenhuma!) Eu sinto a falta do
constante envolvimento com os missionários de tempo integral – o
ensino, o treinamento, o encorajamento e o estímulo. Sinto a falta de
ver os milagres que ocorriam com eles e os milagres que eles
realizaram ao seu redor.
Quando voltei para minha posição de professor na BYU, devo admitir
que fiquei desapontado que não designaram para ensinar o curso de
Religião 130, “Compartilhar o Evangelho.” Mas agora compreendo
que tudo que ensino – seja qual for o curso ou conceito – é
verdadeiramente preparação missionária e compartilhamento do
evangelho. Todos os nossos alunos – e todos nós também – somos
parte desta visão profética “[d]a melhor de todas as gerações de
missionários na história da Igreja.” Para que esta visão se realize,
devemos ser a melhor de todas as gerações de educadores religiosos
– preparadores de missionários, fortalecedores de testemunhos,
fomentadores de estudiosos do evangelho, ligadores de pontos de
doutrinas e, certamente, construtores da fé. Isso é muito para se
fazer. Essa é uma responsabilidade séria e sagrada. Então, como
meus missionários frequentemente diziam, “Mãos à obra. Há um
padrão que precisa ser elevado.”
Notas:
[1] M. Russell Ballard, em Conference Report [Relatório da
Conferência], outubro de 2002, 50.
[2] Ballard, em Conference Report [Relatório da Conferência], outubro
de 2002, 52; ênfase acrescentada.
[3] Ballard, em Conference Report [Relatório da Conferência], outubro
de 2002, 57.
[4] James E. Faust, em Conference Report [Relatório da Conferência],
abril de 1996, 59.
[5] Neal A. Maxwell, “The Inexhaustible Gospel” [“O Evangelho
Inexaurível”], em 1991–92 Speeches [Discursos] (Provo, UT: Brigham
Young University), 141.
[6] William R. Bradford, em Conference Report [Relatório da
Conferência], outubro de 1987, 90.
[7] Harold B. Lee, “President Harold B. Lee Directs Church; Led by the
Spirit” [“O Presidente Harold B. Lee Dirige a Igreja; Guiados pelo
Espírito”] Church News, julho de 15, 1972, 4.
[8] Boyd K. Packer, in Conference Report [Relatório da Conferência],
outubro de 1986, 20.
[9] “Statement on Missionary Work” [“Declaração sobre o trabalho
missionário”] Carta da Primeira Presidência, 11 de dezembro de
2002.
[10] Pregar Meu Evangelho (Salt Lake City: The Church of Jesus
Christ of Latter-day Saints, 2004), 21.
[11] Pregar Meu Evangelho, 29.
[12] Estas sugestões de estudo foram adaptadas de Pregar Meu
Evangelho, 22-24.
[13] Neal A. Maxwell, em Conference Report [Relatório da
Conferência], abril de 1986, 45.
[14] David A. Bednar, em Conference Report [Relatório da
Conferência], outubro de 2005, 47–48.
[15] Veja M. Russell Ballard, em Conference Report [Relatório da
Conferência], abril de 2006, 88.
[16] Howard W. Hunter, “The Atonement and Missionary Work” [“A
Expiação e o trabalho missionário”] seminário para novos presidentes
de missão, junho de 1994, citado em Pregar Meu Evangelho, 13.
[17] Henry B. Eyring, em Conference Report [Relatório da
Conferência], abril de 2003, 30–31.
Em Sua Própria Língua e em Seu Próprio
Idioma
A Palavra e a Dispensação
Um pouco de background é essencial para que entendamos do
que se trata este assunto. Todos nós sabemos que a salvação é
de Cristo. Ele é o Primogênito do Pai. Ele era semelhante a Deus
na vida pré-mortal e se tornou, sob o Pai, o Criador de todas as
coisas. Dependemos dele e dependemos do Pai por meio Dele.
Abaixo de Cristo está o grande personagem espiritual Miguel
que liderou os exércitos e as hostes do céu quando houve
guerra e rebelião nos céus e que, através da pré-ordenação,
veio à Terra como o primeiro de todos os homens e se tornou o
sumo sacerdote presidente da Terra. A próxima pessoa na
hierarquia é Gabriel, o qual veio a esta vida como Noé. Depois
disso não sabemos a prioridade, só que certos homens foram
escolhidos das hostes celestiais e pré-ordenados para serem o
cabeça das dispensação.
As dispensação são as épocas em que o plano de salvação, sim,
a palavra, a palavra eterna, se dispensa ou é concedida aos
homens na Terra. Quantas dispensação já houve, nós não
sabemos. Suponho que houve dez, talvez houvesse vinte. Pode
ser que tenha havido mais. Não estou falando do que às vezes
se chamam dispensação, ou sejam, as pregação e designação
especiais de certos profetas como João Batista, Paulo e outros.
Refiro-me àquelas grandes eras e épocas da história do mundo
quando o Senhor, por intermédio de um homem, dá sua palavra
ao mundo e torna todos os profetas, videntes,
administradores, apóstolos e exponentes daquela época
sujeitos às revelação que nos vieram por meio daquele
indivíduo. O que significa isso é que o cabeça de uma
dispensação do evangelho está entre as dez a vinte maiores
espíritos que já nasceram neste planeta.
Pouco sabemos do gabarito dos homens que nascerão durante
o Milênio. Muitos grandes espíritos virão, porém parece
razoável supor que o Senhor separou certas pessoas com
talentos e capacidade espirituais para virem à Terra em tempos
de inquietação, iniqêidade, rebelião e maldade para serem
luzes e guias para o mundo. Isto nos dá um pouco de
perspectiva do que diz respeito a vida, estado e colocação de
Joseph Smith.
Em primeiro lugar está o Senhor Jesus, depois Adão e Noé.
Após eles seguem os cabeças das dispensação, depois os
profetas, apóstolos, élderes de Israel e homens perspicazes,
bons e sábios que têm o espírito de luz e entendimento. Todo
cabeça de dispensação é o revelador de Cristo para os seus
dias; todo profeta é uma testemunha de Cristo e todos os
outros profetas e apóstolos que seguem são uma reflexção, eco
e expoente do cabeça da dispensação. Todos eles vêm para
ecoar, expor e desdobrar o que Deus revelou através do
homem designado para dar sua palavra eterna ao mundo
naquela época. Assim é o conceito de dispensação.
Notas de Rodapé:
[1] Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints [A História da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos últimos Dias], redação de B. H. Roberts, 2a revisão.
(Salt Lake City: Deseret Book, 1957), 1:235.
[2] Joseph Smith, Teachings of the Prophet Joseph Smith [Os
ensinamentos do Profeta Joseph Smith], compilado por Joseph
Fielding Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1976), 194).
[3] Smith, History of the Church, 3:380.
[4] Smith, History of the Church, 3:380.
[5] Vide Smith, History of the Church, 3:381.
Gestão Eficaz do Tempo na Sala de Aula
Nota
[1] Jeffrey R. Holland, “Teaching and Learning in the Church,” Ensign,
June 2007, 91.
Grandes São as Palavras de Isaías
Hugh W. Nibley
Cheguei ao ponto de não ter mais nada que dizer. Quanto a
mim, as escrituras dizem tudo. “E agora eis que vos digo que
deveis examinar estas coisas. Sim, ordeno-vos que examineis
estas coisas diligentemente, porque grandes são as palavras de
Isaías. Porque ele certamente falou sobre todas as coisas
relativas a meu povo, que é da casa de Israel; portanto é
preciso que ele fale também aos gentios. E todas as coisas que
ele disse foram e serão cumpridas de acordo com as palavras
que ele disse” (3 Néfi 23:1-3). Apenas esta citação nos poupa a
inconveniência de fazer apologia por Isaías. O livro de Isaías é
um tratado para os nossos dias; a nossa própria aversão a ele é
testemunho de seu grande valor. É necessário nos lembrar de
sua importância, porém, pois a mensagem de Isaías não é
popular, e ele nos diz por que. Os iníquos não gostam de ouvir
a acusação de suas culpas. Toda sociedade, por corrupta que
seja, tem algumas coisas de bom—senão não conseguiria
sobreviver de um ano para outro. Convenhamos, não é mas
agradável falar do bem do que do mal? O povo de Zaraenla,
conforme disse Samuel, o lamanita, queria que os profetas
falassem do que havia de bom em Zaraenla, e não do que havia
de errado. Aqui há um grande perigo: o que há de certo numa
sociedade mal pode prejudicá-la, mas somente uma falha séria
pode destruí-la. Não se vai ao médico para saber o que
está funcionando bem, e sim a causa da doença e as ameaças à
saúde.
Porém, Isaías diz que o povo de Israel quer ouvir coisas bonitas:
“Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas
aprazíveis” (Isaías 30:10). Desde então o processo de
interpretar Isaías tem sido o de fazê-lo aprazível. Considerem
alguns exemplos conspícuos disso dos doutores e eruditos:
A noçaõ de que Isaías só moraliza em vez de ensinar a
doutrina. Porém, ele começa por chamar Israel os filhos de
Deus (Isaías 1:2); ele insiste nisso ao longo do livro—Deus é
seu Pai. É a primeira Regra de Fé. Mas os israelitas não querem
enxergar (Isaías 1:3); não querem saber de doutrina (Isaías 1:4).
Não enxergam nada que não queiram ver, diz Isaías. São
funcionalmente cegos. Já de propósito cortaram as linhas de
comumicação, mas se queixam de não receber nenhuma
mensagem. O livro de Isaías está repleto de coisas óbvias,
especialmente para os Santos dos Últimos Dias, que os outros
não vêem. Os rabinos fazem escárnio da sugestão que Isaías
realmente se refere a Cristo. Mas nós vamos muito além disso.
Vemos nele o Livro de Mórmon e o chamado específico de
Joseph Smith. E quem dirá que não temos razão?
A idéia de que o Deus de Isaías é o Deus de ira, selvagem e
vingativo, do Velho Testamento, o Deus tribal. Se é verdade,
não precisamos levá-lo a sério. Estamos dispensados. Mas na
realidade o Deus de Isaías é a própria bondade. “Vinde então, e
argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam
como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve” (Isaías
1:18). Nisto não há nada de autoritário; Ele está sempre
disposto a palestrar e esclarecer. Suas declarações mais
ameaçadoras são logo seguidas de mostras de que Ele
está sempre disposto e preparado, esperando, incentivando e
implorando com paciência. É Israel que não quer ouvir; eles é
que cortam o diálogo e saem, virando as costas diante dele,
pedindo-Lhe que se cale.
A noção de Isaías se dirige somente a grupos especiais. Na
verdade ele fala a pessoas boas e más—mas são as mesmas! Ai
de Israel! Boas novas a Israel! É o mesmo Israel. E não fala
somente a Israel, mas a toda a humanidade; ele se dirige às
nações e a seus líderes, mas não fala somente à sua geração
mas a todas. Néfi aplicou as palavras de Isaías a seu próprio
povo no deserto “para nosso proveito e instrução” (1 Néfi
19:23). Seissentos anos depois, Jesus Cristo adverteu aos
nefitas que fizessem igual, e o anjo Morôni entregou a
mesmíssima mensagem à nossa geração. Isaías só tem uma
audiência porque que só tem uma mensagem. Ele se dirige a
quaisquer mortais na face da terra que precisem do
arrependimento. Isto nos leva ao próximo ponto.
A idéia de que há mais de um Isaías e que todos eles nos dizem
coisas diferentes. Já que há somente uma mensagem e uma
audiência, este argumento se torna trivial. A mensagem é a de
alegria: “Arrependei-vos, e tudo será bem—melhor do que se
pode imaginar!” A mensagem somente é cruel para aqueles que
não pretendem arrepender-se. Isaías não faz distinção entre os
bons e os maus, somente entre aqueles que se arrependem e
aqueles que não. Ele não pergunta onde estamos—ele já sabe—
só pergunta em que direção vamos. Naturalmente apenas
aqueles que precisam arrepender-se podem-se arrepender,
mas isso se aplica a todos, de igual modo. Será que uma
pessoa precisa mais do arrependimento do que outra? Esdras e
Baruque protestaram a Deus que, embora Israel tivesse pecado,
os gentios agiram pior ainda. Por que, perguntaram eles, os
gentios levaram uma pena mais suave? Mas Deus não aceitou o
argumento deles. Sempre se pode achar alguém mais pecador
que nós para sentirmo-nos mais virtuosos: aqueles terroristas,
os perversos, os comunistas. São estes que precisam-se
arrepender! Sim, com certeza precisam, e será um trabalho de
tempo integral, exatamente como o é para todos nós.
Os doutores de religião, tanto judeus como cristãos, gostam de
elaborar a noção de que para Isaías o pecado supremo e
imperdoável era a adoração de ídolos. Pois bem, o profeta diz
que a idolatria é tola e contrária à razão, mas nunca diz que é o
pecado imperdoável. A grande ilusão destes eruditos é que
como pensadores modernos, iluminados e racionais fizeram
uma descoberta maravilhosa: que bonecos de metal e madeira,
bem como imagens de escultura realmente não podem ver,
ouvir, etc. Labutam com afinco para salientar este ponto. No
entanto os antigos eram tão cientes deste fato que nós. Era
justamente por causa dos ídolos não poderem agir que os
adoravam. Há uma história célebre do Paisano Eloqüente do
Reino Médio do Egito que conta que o mordomo malicioso de
uma grande propriedade, ao ver um camponês passar
carregando mercadorias para o mercado, clamou: “Quisera que
eu tivesse algum ídolo que me permitisse roubar as
mercadorias daquele homem.” Uma imagem muda não se
oporia a qualquer ação por parte dele. Eis a beleza dos ídolos:
São tão impessoais e amorais como o dinheiro no banco, que,
aliás, é o que equivale a um ídolo eficaz, tanto nos dias de hoje
como nos tempos antigos.
Isto se junta à idéia de que a maior virtude moral e intelectual
era reconhecer que há um único Deus. Mais uma vez se trata de
uma noção comum entre os antigos. Isaías não denuncia o
politeísmo como o pior dos pecados. Na verdade, há vários
pesquisadores que já mostraram que o politeísmo em si não é
condenado em lugar algum na Bíblia. Certamente Isaías
dá grande ênfase à unicidade. Não há meio termo. Há somente
um caminho para o homem seguir, um Deus para Israel, e uma
raça humana para servir. Para diluir este ensinamento
desconfortável, os doutores o transformaram em exercício
escolar.
A idéia de que Isaías denuncia sobretudo as práticas pagãs.
Mas eram os ritos e ordenanças que Deus havia dado a Moisés
e que o povo praticava religiosamente que Isaías descreve como
sendo exercício de futilidade desesperada.
Isaías Capítulo 1
A forma mais rápida de adquirir uma visão geral do imenso
livro de Isaías é simplesmente ler o primeiro capítulo. Os
eruditos acreditam há muito tempo que este capítulo não faz
parte do livro original, mas que é um resumo feito por um
discípulo. Mesmo que seja assim, é muito valioso, ademais, é
notável que este, o capítulo mais famoso de Isaías, não é citado
no Livro de Mórmon. Vamos examiná-lo versículo por versículo.
1:2. O povo de Israel são os filhos de Deus—Ele é seu Pai. Esta
é a doutrina de que se esqueceram, mas não terão condições
de recebê-la de novo até passarem por uma regeneração moral,
a qual é a carga da pregação de Isaías.
1:3. Rejeitaram aquela doutrina. Recusam-se a ouvi-la.
1:4. Já que não conseguem suportar a doutrina no seu estado
de iniqüidade, fogem dela. Isto é imperdoável; Deus não encara
isso com tolerância. Ele sabe que são bem capazes de entender
e viver o evangelho, de forma que Ele se tornou mais do que
descontente; Ele se irou.
1:5. Porém não é ele quem tem-lhes dificultado as coisas. Eles
mesmos se decidiram a seguir seu próprio caminho, fazendo
abertamente rebelião contra Ele. E o sistema deles
simplesmente não funciona. Não conseguem arcar
mentalmente com a situação, nem têm espírito suficiente para
vencer. O homem sem Deus é um pobre coitado.
1:6. Tudo está nojento, nojento, nojento. Todas as tentativas de
se indireitarem fracassam. Nada funciona.
1:7. Isto resulta em depressão nacional e disastre internacional.
1:8. O povo escolhido de Deus está cercado, confiando no seu
exército fracassado, presos dentro do muros de sua própria
cidade.
1:9. A única razão pela qual sobreviveram até aí é porque ainda
havia entre eles alguns justos, um remanescente de pessoas
honestas.
1:10. É hora de considerar a alternativa que aqui Isaías lhes
oferece.
1:11. Vós, com piedade fingida, não podereis contentar a Deus
pela vã observância de ritos religiosos, ou seja, reuniões e
sessões no templo.
1:12. Não é para vós decidirdes o que fazer para agradar a
Deus—resta para Ele decidir, e Ele não vos exigiu toda esta
mostra falsa de piedade.
1:13. Suas observâncias mais dedicadas, até as que seguem as
ordens antigas de Deus, na verdade são iniqüidade quando
feitas de espírito contrário ao amor a Deus.
1:14. Deus não está impressionado, e sim, revoltado por causa
disso.
1:15. Mesmo quando orais, Deus não vos ouvirá. Por que não?
Resposta: Porque há sangue nas vossas mãos erguidas.
1:16. O sangue e os pecados desta geração estão sobre vós no
templo. Que sangue e pecados? Vossa iniqüidade.
1:17. Que iniqüidade? O que deveremos fazer? Resposta: Tratar
as pessoas com justiça, aliviar aqueles que estão oprimidos
pela dívida em vez de exigir-lhes pagamento, fazer justiça ao
órfão e ajudar as viúvas; em outras palavras, mostrar respeito
àqueles que não têm dinheiro.
1:18. Deus não é nem impulsivo nem arbitrário. É grandemente
imparcial. Será o caminho dele o único caminho? Permitem-O a
dizer-lhes o por quê, e vejam se concordam: “Vinde, então, e
argüi-me, diz o Senhor.” Aí segue uma declaração
surpreendente: “Ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve.” É óbvio que
Deus não se compraz nas admoestações; Ele não exulta da
punição reservada para os iníquos assim como os homens às
vezes exultam (Tomás de Aquino, por exemplo). Ele ama a
todos e oferece-lhes promessas maravilhosas. Há uma saída, e
é por isso que Isaías prega--não por ser repreendedor
puritano.
1:19. Os judeus já ouviram o suficiente? Basta ouvir e seguir os
conselhos, e tudo estará bem.
1:20. Mas não podereis proceder como dantes. Se continuardes
do mesmo jeito, sereis arrasados pela guerra. “Pois a boca do
Senhor o disse.” A “destruição decretada” de Doutrina e
Convênios 87:6 é outra citação de Isaías.
1:21. Vós podeis vencer, porque de outrora já o fizestes. Mas
daí perdestes tudo—cedendo a assassínios e concupicência
desenfreados.
1:22. E para quê? Pertences e prazeres, prata que agora não
tem valor e vinho estragado.
1:23. Os líderes é que dão o pior exemplo. Lidam com ladrões;
todo o mundo recebe suborno: “Cada um deles ama as peitas, e
anda atrás das recompensas.,” enquanto os pobres não
recebem justiça e a causa da viúva não chega perante eles.
1:24. Deus não quer saber de tais patifes. Vai eliminá-los, pois
se tornaram inimigos Dele.
1:25. Tudo isso exige uma limpeza geral. Todas as escórias
serão purgadas.
1:26. Restaurar-se-á a antiga ordem para “restituir os teus
juízes como foram dantes.” Ainda será possível, e Deus o
fará acontecer. Ainda haverá “a cidade de retidão, a cidade fiel.”
1:27. Sião, com muitos conversos de fora, será redimida, ainda
que algumas das mesmas pessoas iníquas continuem a viver lá.
1:28. O restante terá que sair, não porque Deus resolveu
expulsá-lo, e sim porque eles próprios caminharão do lugar
seguro para a destruição, e com olhos abertos rejeitarão o
Senhor e serão consumidos.
1:29-31. Estes versículos são as únicas referências ao
paganismo—seitas populares que se secarão e se queimarão.
Elas não serão destruídas, porém, por seguir os ritos do
paganismo, como os doutores, ministros e comentaristas
gostam de dizer-nos, mas porque elas se ultilizam disso para
encobrir suas práticas imorais, cruéis e gananciosas.
Notas
[1] Charles Mackay, The Mormons: Or Latter-day Saints [Os
Mórmons: Ou Santos dos Últimos Dias] (London: Office of the
National Illustrated Library, 1851), vi.
[2] Há lacunas nas fontes utilizadas ao escrever a história de Joseph
Smith bem como existem lacunas significantes nas fontes usadas na
reconstrução da vida do Salvador (veja F. E. D. Schleiermacher, “The
Public Life of Christ to the Time of His Arrest [A Vida Pública de Cristo
até a Hora de sua Prisão],” em The Historical Jesus: Critical Concepts
in Religious Studies [O Jesus Histórico: Conceitos Essenciais de
Estudos Religiosos], redação de Craig A. Evans [London: Routledge,
2004], 4:34).
[3] The Words of Joseph Smith: The Contemporary Accounts of the
Nauvoo Discourses of the Prophet Joseph [As Palavras de Joseph
Smith: Relatos Contemporâneos do Discursos do Profeta Joseph
Smith em Nauvoo], redação de Andrew F. Ehat e Lyndon W. Cook,
eds. (Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, 1980), 355; ortografia
e pontuação padronizadas.
[4] Orson F. Whitney, The Life of Heber C. Kimball [A Vida de Heber
C. Kimball] (Salt Lake City: Deseret Book, 2001), 322–23.
[5] Mary Elizabeth Lightner, discurso na Universidade Brigham Young,
14 de abril de 1905, datilografado, L. Tom Perry Special Collections,
Harold B. Lee Library, Universidade Brigham Young, Provo, Utah.
[6] Para a identidade de Adão, veja Doutrina e Covênios 27:11;
107:54; Words of Joseph Smith [Palavras de Joseph Smith], 8. Para a
identidade de Noé, veja Words of Joseph Smith [Palavras de Joseph
Smith], 8.
[7] Words of Joseph Smith [Palavras de Joseph Smith], 367; ortografia
e pontuação padronizadas. Embora este ensinamento muitas vezes
se aplique a cada homem e mulher, o contexto original se refere ao
chamado dos cabeças de cada dispensação; veja o relato de Samuel
A. Richards do discurso de 12 de maio de 1844: “No conselho geral e
grande conselho do céu, todos a quem se concedeu uma
dispensação foram designados e ordenados para tal chamado
naquela ocasião” (Words of Joseph Smith [Palavras de Joseph
Smith], 371).
[8] Veja Ronald K. Esplin, “Joseph Smith’s Mission and Timetable:
‘God Will Protect Me until My Work Is Done [A Missão e Cronograma
de Joseph Smith: Deus me Protegerá até que meu Trabalho seja
Completo],’” em The Prophet Joseph: Essays on the Life and Mission
of Joseph Smith [O Profeta Joseph: Ensaios sobre a Vida e Missão de
Joseph Smith], redação de Larry C. Porter e Susan Easton Black
(Salt Lake City: Deseret Book, 1988), 280–319.
[9] Words of Joseph Smith [Palavras de Joseph Smith], 116.
[10] Veja Richard Lloyd Anderson, “Joseph Smith’s Prophecies of
Martyrdom [As Profecias de Joseph Smith sobre o Martírio],” em The
Eighth Annual Sidney B. Sperry Symposium: A Sesquicentennial Look
at Church History (Brigham Young University, Provo, UT, January 26,
1980), 1–14.
[11] Dallin H. Oaks, “Joseph Smith in a Personal World [Joseph Smith
num Mundo Pessoal[,” em The Worlds of Joseph Smith: A
Bicentennial Conference at the Library of Congress (Provo, UT:
Brigham Young University Press, 2006), 159.
[12] James Hanney, em Household Words: A Weekly Journal
[Palavras Caseiras: uma Revista Semanal] 3 (1851): 385.
[13] Deseret News, 26 de outubro de 1859, 266.
[14] Richard Neitzel Holzapfel, “The ‘Hidden’ Messiah [O Messias
Oculto],” em A Witness of Jesus Christ: The 1989 Sperry Symposium
on the Old Testament (Salt Lake City: Deseret Book, 1990), 81.
[15] Citado em Joseph Fielding Smith, Church History and Modern
Revelation [História da Igreja e Revelação Moderna] (Salt Lake City:
The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1953), 1:4; veja
também Richard Lloyd Anderson, Joseph Smith’s New England
Heritage [Joseph Smith: Sua Herança da Nova Inglaterra] (Salt Lake
City: Deseret Book, 1971), 112.
[16] Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of Latterday
Saints [História da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias] redação de B. H. Roberts, 2nd ed. rev. (Salt Lake City: Deseret
Book, 1957), 2:443.
[17] Joseph F. Smith, “Shall We Record Testimony? [Devemos Gravar
o Testemunho?]” Improvement Era, March 1898, 372.
[18] Smith, History of the Church [História da Igreja], 5:265.
[19] 1833 Book of Commandments [O Livro de Mandamentos], 1835 e
1844 Doctrine and Covenants [Doutrina e Convênios].
[20] Veja “History of Joseph Smith [História de Joseph Smith],” Times
and Seasons, 15 de março de 1842, 726–28.
[21] Veja Jessee, “The Writing of Joseph Smith’s History [A
Composição da História de Joseph Smith],” BYU Studies 11, no. 4
(Verão de 1971): 439–73.
[22] Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints [História da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias], redação de B. H. Roberts (Salt Lake City: Deseret News, 1902–
12). Um sétimo volume contando os eventos depois da morte de
Joseph Smith foi publicado em 1932.
[23] Joseph Smith, Teachings of the Prophet Joseph Smith
[Ensinamentos do Profeta Joseph Smith], comp. Joseph Fielding
Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1938).
[24] Teachings of Presidents of the Church: Joseph Smith [Os
Ensinamentos do Presidenetes da Igreja: Joseph Smith] (Salt Lake
City: Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 2007).
[25] Veja Paul H. Peterson, “Understanding Joseph: A Review of
Published Documentary Sources [Entendeno Joseph: um Panorama
de Fontes Documentárias Publicadas],” em Joseph Smith: The
Prophet, the Man [Joseph Smith, o Profeta e Homem], readação de
Susan Easton Black e Charles D. Tate Jr. (Provo, UT: Religious
Studies Center, Brigham Young University, 1993), 101–16.
[26] The Personal Writings of Joseph Smith [Os Escritos Pessoais de
Joseph Smith], redação de Dean C. Jessee, edição revisada. (Salt
Lake City: Deseret Book, 2002).
[27] The Papers of Joseph Smith [Os Documentos de Joseph Smith],
vol. 1: Autobiographical and Historical Writings [Escritos
Autobiográficos e Históricos], readção de Dean C. Jessee (Salt Lake
City: Deseret Book, 1989); vol. 2: Journal, 1832–42 [Diário, 1832-
1842], redação de Dean C. Jessee (Salt Lake City: Deseret Book,
1992).
[28] Richard Lyman Bushman, Joseph Smith: Rough Stone Rolling
[Joseph Smith, Pedra Bruta a Rolar] (New York: Knopf, 2005).
[29] Royal Skousen, ed., The Original Manuscript of the Book of
Mormon: Typographical Facsimile of the Extant Text [O Manuscrito
Original do Livro de Mórmon: Fac-símile Tipográfico do Texto
Existente] (Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon
Studies, Brigham Young University, 2001); The Printer’s Manuscript of
the Book of Mormon: Typographical Facsimile of the Entire Text in
Two Parts [O Manuscrito da Tipografia do Livro de Mórmon: Fac-
símile Tipográfico em Duas Partes] (Provo, UT: Foundation for
Ancient Research and Mormon Studies, introduction xxv Brigham
Young University, 2001); M. Gerald Bradford e Alison V. P. Coutts,
redatores, Uncovering the Original Text of the Book of Mormon:
History and Findings of the Critical Text Project [Descobrindo o Texto
Original do Livro de Mórmon: História dos Resultados do Projeto de
Análise Crítica do Texto] (Provo, UT: Foundation for Ancient
Research and Mormon Studies, Brigham Young University, 2002).
[30] Scott H. Faulring, Kent P. Jackson, e Robert J. Matthews,
redatores, Joseph Smith’s New Translation of the Bible: Original
Manuscripts [A Nova Tradução de Joseph Smith da Bíblia:
Manuscritos Originais] (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham
Young University, 2004); Kent P. Jackson, The Book of Moses and
the Joseph Smith Translation Manuscripts [O Livro de Moisés e os
Manuscritos da Tradução de Joseph Smith] (Provo, UT: Religious
Studies Center, Brigham Young University, 2005).
[31] Veja Bushman, Rough Stone Rolling, 8–39, uma biografia de
Joseph Smith desta época.
[32] Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin, e Richard Lyman Bushman
são os principais redatores de The Joseph Smith Papers [Os
Documentos de Joseph Smith]. Os primeiros dois volumes são:
Journals, Volume 1: 1832–1839 [Diários, Volume I: 1832-1839],
redatores Dean C. Jessee, Mark Ashurst-McGee e Richard L. Jensen
(Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2008); e Revelations and
Translations, Volume 1: Manuscript Revelation Books [Revelações e
Traduções, Volume I: Manuscritos dos Livros de Revelações],
redação de Robin Scott Jensen, Stephen C. Harper e Robert J.
Woodford (Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2009).
[33] Veja Wilford Woodruff’s Journal, 1833–1898, Typescript [O Diário
de Wilfrod Woodruff, 1833-1898], redação de Scott G. Kenney, 9 vols.
(Midvale, UT: Signature Books, 1983).
[34] Ronald K. Esplin, e-mail para o autor, 27 de agosto de 2008.
[35] Idem.
[36] Wilford Woodruff’s Journal [Diário de Wilford Woodruff], 2:297.
Parece que a citação é de um sermão de Heber C. Kimball. Richard
Bushman, porém, atribui a citação a Brigham Young (veja Rough
Stone Rolling, vii). Joseph Smith se caracterizou como uma “pedra
bruta rolando para baixo de uma colina” (“Diário de Joseph Smith ,”
21 de maio de 1843; citado em Words of Joseph Smith [As Palavras
de Joseph Smith], 205; veja também a citação de 11 de junho de
1843 no mesmo diário (Words of Joseph Smith, 209).
A Jornada do Eterno Aprendizado
Notas
[1] Brigham Young, em Journal of Discourses (London: Latter-day
Saints’ Book Depot, 1854–86), 9:292.
[2] Brigham Young, em Journal of Discourses, 12:124.
[3] Ezra Taft Benson, “A New Witness for Christ [Uma Nova
Testemunha de Cristo],” Ensign, novembro de 1984, 6–7; citando
Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints, ed. B. H. Roberts, 2nd ed. rev. (Salt Lake City: Deseret News,
1957), 4:461.
Lições do Cordeiro de Deus
A Influência do Espírito
Logo após eu me tornar membro, eu pertencia a um ramo
pequenininho da Igreja. Depois de pouco tempo fui chamado
para ser presidente do ramo. Do meu ponto de vista atual,
posso ver que naquela época eu era um pouco ingênuo, sem
muito entendimento e talvez até um pouco orgulhoso. Eu
pensava que, devido às minhas experiências no mundo de
negócios e a meu nível de educação, seria fácil transformar
aquele raminho fraco.
Passei muitas e muitas horas—às vezes todo o tempo livre de
que me dispunha fora do trabalho—para reativar muitos que
não estavam ativos e para criar um ambiente para muitas
conversões. Durante semanas após semanas eu ficava
decepcionado quando nas reuniões sacramentais os poucos
membros ativos eram os únicos a assistirem e muitas pessoas
que haviam-se comprometido não compareciam.
Certo domingo eu de novo estava profundamente desapontado.
Ao preparar-me para dar início à reunião, algo aconteceu que
se tornou um momento decisivo na minha vida. Os missionários
haviam levado um casal jovem com seu filhinho de cinco anos à
reunião. Estavam sentados no primeiro banco bem em frente de
mim. De repente o menino, que tinha a inocência que só as
criancinhas têm, falou em voz suficientemente alta para todos
na sala ouvirem: “Mãe, o que aquele cara dura está fazendo aí?”
Ele apontou para mim. Fiquei completamente chocado.
Apesar de todos os esforços e todo o meu trabalho duro e
dedicado, para aquele menino eu era apenas um homem de
cara cruel. Aprendi que eu precisava avaliar o que fazia de
outro ponto de vista e que eu nunca seria bem-sucedido se
fizesse as coisas do jeito que eu queria, mesmo utilizando
meus talentos e implanatando um plano estratégico. Eu,
obviamente, tinha-me esquecido de que o mais importante—
querer converter uma alma—não tem nada a ver com
programas, organizações e trabalho esforçado. Nada podemos
fazer sem a influência do Espírito que faz irradiar alegria, luz e
amor no nosso semblante.
Daí em diante eu me esforcei em mudar de atitude. Eu não me
ofendia mais com aqueles que não cumpriam os
compromissos. Minha esposa e nossos filhos chegaram a
entender que a única coisa de importância para nós era encher-
nos do Espírito Santo e sobrepujar o egoismo. Ao fazermos
isso, tornamo-nos livres para nos regozijar com cada pessoa
que comparecia.
Logo após esta experiência, várias pessoas que nunca haviam
assistido, começaram de repente a aparecer nas reuniões.
Houve um período de revitalização e crescimento acelerado e
depois de pouco tempo tínhamos a freqüência necessária para
contemplar a construção de nossa própria capela.
Aquele rapazinho se tornou para mim um lembrete constante
na vida, relembrando-me de que o que mais nos importa é
viver sob a influênia do Espírito Santo, sempre dominando
nossos baixos instintos, ou seja o ego, cedendo ao eu mais
elevado, ou divino para assim unir-nos à fonte divina.
Autoconsciência e Honestidade
É sempre surpreendente para mim que neste mundo escuro,
sinistro e imprevisível, onde se escondem perigos em cada
canto, tão poucas pessoas procuram ou almejam uma
compreensão melhor da vida. Com todo o sofrimento, dor,
agonia, crueldade e temor na vida humana, muitos dos nossos
concidadãos têm perdido o conhecimento da realidade de que
Jesus Cristo ressuscitou e vive e que Ele está pronto a revelar-
se a todos que escutarem, mostrando-lhes o cominho para
uma vida compensadora e feliz.
Ao refletir a respeito da minha própria conversão, confesso que
apesar dos missionários se importarem conosco de forma
simples e direta e amarem sinceramente a mim e minha família,
levou muito tempo para eu vencer o cepticismo e chegar a
andar pelo caminho assustador e solitário que poucos seguem,
mas que leva à autoconsciência e honestidade. Sem sermos
honestos não é possível a verdade penetrar nossa alma.
Para dar-lhes uma idéia do que estou falando, eu gostaria de
compartilhar com os irmãos uma carta que escrevi para o
boletim dos missionários quatro anos depois do meu batismo:
Quão despreparado estava eu para esta mensagem, levando em
conta as exigências fundamentais da mesma. Eu podia-me ver
afastado demais, com atitudes superficiais e maus hábitos. Eu
era culpado de ser preguiçoso demais para ler um livro até o
final. Parecia haver um abismo entre meu desempenho pessoal
e a visão da mensagem complexa dos missionários sobre o
qual não se podia passar. Comecei a ter pena destes moços.
Até adverti-os que para mim não havia esperança, que seria
para eles uma perda de tempo, não somente no meu caso mas
também no caso de todos os demais que eu conhecia. A idéia
de que eu teria garra suficiente para chegar a um nível aceitável
era tão sem esperança que eu nem comecei, nem tentei.
Era para mim uma grande bênção ter missionários que tinham
paciência comigo. Eram muito eficazes porque não ensinavam
com um ar de superioridade, mas ensinavam, respeitando-me e
minhas opiniões. Faziam-me convites para aprender a crescer.
Os missionários se dispunham da capacidade natural de fazer o
Espírito Santo ensinar-me porque só enxergavam o que havia
de bom em mim e não prestavam atenção às minhas fraquezas
e falhas. O missionário que por fim me batizou não se mostrava
chocado por meu orgulho e arrogância, nem as críticas
constantes que eu fazia. Quando eu finalmente lhe disse que
nunca me batizaria na Igreja, ele deu um pulo de alegria, bateu
palmas e gritou: “Que maravilhoso!”
Fiquei tão surpreso pela sua reação que lhe perguntei o que
havia de maravilhoso no fato de eu nunca me tornar membro
da Igreja. Ele se riu e disse com entusiasmo: “É justamente isso
que todos dizem antes de serem batizados.”
Não pude fazer nada senaõ perguntar-lhe: “Como é que tem
tanta certeza?” Ele me olhou com um grande sorriso e disse
com muita convicção: “Porque o senhor é um homem honesto.”
O pensamento me tocou. “Eu, um homem honesto?” Naquele
momento o Espírito Santo se tornou meu professor e um
poderoso relâmpago espiritual penetrou minha alma,
iluminando toda célula do meu corpo. Em face de meu orgulho
e arrogância eu comecei a desejar de toda a minha alma ser
digno da observação do missionário quanto à minha
honestidade. Somente através de alcançar a honestidade
verdadeira eu seria capaz de receber a coragem e confiança
que, julgava eu, me faltavam. Assim o missionário nos deu o
impulso que nos levou, minha esposa e eu, à nossa própria
conversão.
Esta experiência me proporcionou o desejo de saber mais a
respeito da fonte da mensagem. Fui guiado a mais materiais
sobre o Profeta Joseph Smith. Assombrei-me ao ler algumas de
suas declarações que me revelaram a grandeza e a veracidade
de sua visão. Sinto-me obrigado a compartilhar algumas das
palavras que me impressionaram. Cito as palavras de Joseph
Smith: “Deus não tem revelado nada a Joseph que Ele não esteja
disposto a revelar aos Doze e até ao Santo mais humilde que
pode saber destas coisas tão rápido que possa suportá-
las.” [1] Ele acrescentou: “A única forma de obter verdades e
sabedoria não é por meio de livros e sim por meio de chegar
perante Deus em oração e obter o ensino divino.” [2]
Estas declarações do Profeta Joseph Smith são únicas e cheias
de esperança e luz.
O Propósito da Vida
Quando estamos iluminados pelo reconhecimento do fato de
que somos filhos de um Deus que nos ama—uma das mais
importantes verdades restauradas pelo profeta Joseph Smith—
estamos preparados para descobrir a resposta à segunda mais
importante pergunta que todo ser humano parece ter: Qual é o
propósito da vida?
Se compreendermos quem é que realmente somos, já não
desejaremos participar da parte baixa da existência humana.
De acordo com os profetas: “O homem natural (o ego ou a
carne) é inimigo de Deus” (Mosias 3:19). Com este
entendimento compreendemos porque nascemos neste planeta,
um planeta que tem polos, ou opostos. Somente em
ciurcunstâncias de opostos é que somos capazes de exercer o
arbítrio. Esta é a única maneira de podermos realmente
aprender.
A vida e os ensinamentos do Cordeiro de Deus nos mostram a
resposta à segunda pergunta, ou seja, qual é o propósito da
vida? O propósito, conforme ensinou Jesus, se encontra no
primeiro e no segundo mandamento: “Amarás o Senhor teu
Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma e de todo o
teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o
segundo, semelhante a este, amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e todos
os profetas” (Mateus 22:37-40).
Jesus obviamente está-nos ensinando que guardar estes
mandamentos não é facultativo. É a chave de uma vida bem-
sucedida, independente de onde moramos e das condições em
que nos encontramos. Estas palavras nos foram ensinadas
muitas vezes na vida e na história do cristianismo mas eu
acredito que somente quando nos focalizamos totalmente em
guardar estes dois mandamentos é que possuímos a chave de
sobrepujar o temor. O temor tem sido e continuará sendo a
maldição de nossa vida até a hora em que deixarmos nossa
alma se encher de amor divino.
Jesus o Cristo, o Cordeiro de Deus, quer assegurar que
entendamos claramente o que Ele quer dizer quando nos
manda amar. Obviamente não é o amor que os publicanos
tinham. Permitam-me citar uns versículos do livro de Mateus,
capítulo 5, a partir do versículo 38:
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer
te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe
também a capa;
E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele
duas.
Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que
lhe emprestes.
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu
inimigo.
Eu, porém vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que
vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que
vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso
Pai que está nos céus;
Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a
chuva desça sobre justos e injustos.
Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não
fazem também os publicanos o mesmo?
E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis mais?
Não fazem os publicanos também assim?
Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está
nos céus. (Mateus 5:38-48)
Tenho a convicção que Jesus quer que encaremos o amor com
mais que olhos românticos, não só amando aqueles que nos
amam. Temos que nos lembrar de que vivemos no planeta onde
reinam os opostos. Fomos mandados a este planeta para
aprender. O aprendizado e o entendimento andam de mãos
dadas ao passarmos por oposição. Haverá um grande avanço
quando aprendermos a abraçar estes mandamentos de Jesus de
amarmos como Ele amou. O perdão é uma forma de amor e o
perdoarmos nos ajuda a compreender a expiação do Cordeiro
de Deus. Poderemos dizer com até mais reverência: “Eis o
Cordeiro de Deus.”
Quando lhe abrimos nossa porta, o Salvador talvez nos
sussurre: “Até você completamente deixar de lado todos os
pensamentos negativos e prejudiciais para com seu próximo,
não poderá se encher de fé, virtude, conhecimento, sobriedade,
paciência, santidade, bondade, irmandade e caridade. Quando
estas qualidades estiverem no lugar, você não terá mais desejos
de ser negativo ou crítico e não exprimirá pensamentos não
caridosos a seu semelhante.”
Se não levarmos a sério o convite do Senhor Jesus Cristo de
aprender a amar como Ele amou, será dificílimo, talvez para
todos nós, nos encher deste amor. No entanto, quando
confiarmos em Jesus e virmos nele o mensageiro de Deus que
nos trouxe as chaves dos mistérios da divindade, poderemos
receber a visão de como trazer paz à Terra, boa vontade para
com os homens, como proclamaram os anjos quando do
nascimento do Cordeiro de Deus. Não me surpreenderia se a fé
e confiança em Cristo fossem os mesmos princípios requeridos
para subjugar a natureza e assim acalmar o coração de muitos.
O Cordeiro de Deus está inseparávelmente vinculado ao amor,
como aprendeu Néfi: “E disse-me o anjo: Eis o Cordeiro de
Deus, sim, o Filho do Pai Eterno! Sabes tu o significado da
árvore que teu pai viu? E respondi-lhe, dizendo: Sim, é o amor
de Deus, que se derrama no coração dos filhos dos homens; é,
portanto, a mais desejável de todas as coisas” (1 Néfi 11:21-
22).
Quando amamos da mesma forma que o Salvador nos amou,
tornamo-nos recebedores do fruto da árvore divina, o qual é
sobretudo o mais desejável das coisas. É a partir daí que
poderemos responder à segunda pergunta e entender o
propósito de nossa vida.
Nos anos em que servi ao Senhor, tive a oportunidade de me
reunir coletiva e individualmente com muitos membros. Eu
sempre ficava perplexo ao descobrir quantas pessoas tinham
medo de Deus em vez de amá-lo. A única explicação que
encontrei foi que estes não conheciam a Deus. Quando
conhecemos Deus, somos iluminados com amor e luz, e nossa
alma arde com o desejo de levantar a voz e dar louvores a seu
nome.
Num discurso recente sobre este assunto aos membros da
minha própria ala, de repente ouvi-me dizer, sob a influência
do Espírito: “Sabem de onde vem o medo e como ele pode
cravar-se no íntimo de pessoas que levaram vidas cheias de
bondade e integridade?” Mencionei que na nossa existência
pré-mortal quando vivíamos com Deus, fomos criados num
lugar de perfeição; éramos puros, cheios de alegria, retidão e o
desejo de obter tudo que era de bom. Na nossa experiência
mortal, porém, estamos vinculados à matéria deste mundo;
tornamo-nos homens naturais que, conforme os profetas, são
os inimigos de Deus.
Entrarmos em contato com a matéria terrena—a carne humana
com o espírito divino—é como derramar tinta em água pura. De
súbito, a água clara se torna escura e feia. Nós sentimos o
escuridão na subconsciência e sentimo-nos culpados. Estes
sentimentos de indignidade surgem da intuição de que nada
imundo poderá entrar na presença de Deus. Este é justamente
um dos motivos do Salvador vir à Terra—purificar-nos através
de seu sacrifício expiatório. Quando entendemos isso, nossa
gratidão a Ele cresce e enchemo-nos de amor a ele e ao nosso
próximo.
Quando eu era um membro novo na Alemanha, fui designado
mestre familiar de uma mulher recém batizada. Eu sabia que
ela havia sido batizada sem o marido que, conforme me
informaram, era alcoólatra. Aquela irmã me advertiu que não
fosse a sua casa enquanto ele estava, pois ele ficaria muito
violento. Ao visitá-la assiduamente, ela se queixava mais e
mais do marido. Com toda a nossa compaixão por ela,
queríamos que ela crescesse e que não fosse mais vítima mas
que controlasse seu próprio destino.
Certo dia perguntamos-lhe se ela podia pensar em algo
positivo acerca do marido. De início ela se irritou conosco. Ela
tentou convencer-nos de que não havia nada de positivo e seu
respeito e que era malvado. Ela nos disse que só ficava com ele
por causa da dependência financeira. Continuamos a pedir-lhe
repetidas vezes que pensasse mais a fundo. Por fim ela sorriu e
nos citou uma coisa positiva. Perguntamos-lhe se havia algo
mais e ela conseguiu relacionar dez atributos positivos.
Perguntei-lhe qual foi a última vez que dissera a seu marido
que o amava. Ela me perguntou como se podia amar alguém tal
qual seu marido! Eu disse que não havia perguntado se ela o
amava, simplesmente qual foi a última vez que tinha-lhe dito
que o amava. Ela disse que fazia quinze anos. Senti-me
inspirado a fazer outra pergunta: “Irmã, a senhora poderia-nos
fazer um favor? A próxima vez que a irmã estiver com ele e ele
estiver sóbrio, poderá contar-lhe uma das coisas positivas que
encontra nele?” Outra vez ela queria rebelar mas por fim
concordou em fazer uma tentativa.
No próximo domingo cheguei cedo à Igreja e vi-a subir a
escada muito sorridente e irradiando felicidade. Ela estava de
vestido novo e parecia dez anos mais jovem. Quando me viu,
ela disse:
Irmão Busche, há algo que preciso dizer-lhe. Na sexta-feira
passada ele estava em casa e até sóbrio. Entrei a cozinha e lá
estava ele fazendo um sanduíche. Ao contemplá-lo vi seu rosto
extremamente triste. Vi como ele tinha dificuldades com suas
mãos trêmulas e senti compaixão para com ele. Senti-me
inspirada a elogiá-lo com uma das coisas daquela lista de dez
itens. Ele reagiu como se fosse chicoteado. Voltou seu
semblante temeroso para mim e viu a sinceridade nos meus
olhos.
Daí aconteceu o milagre. Ele começou a chorar como uma
crinacinha. Disse que não merecia o elogio. Ele se acusou de
todo que eu antes havia alegado. Disse que ele não era bom,
que era terrível e não digno de ser meu marido. Ele caiu de
joelhos perante mim e chorou. Afinal, perguntou-me se eu
poderia perdoá-lo e se eu estava disposta a ajudá-lo a não
beber mais para que ele pudesse voltar a ser o homem com
quem eu tinha-me casado.
Ela disse que se abraçaram, os dois de lágrimas e cheios de
alegria. Passaram juntos a mais linda noite havia anos. No dia
anterior ele havia-lhe comprado um novo vestido e outras
coisas de que precisava. Sobretudo, levou-a à Igreja e disse que
iria buscá-la no fim das reuniões, assim poupando-lhe duas
horas, no mínimo, de viagem.
Não podem imaginar quanta alegria que senti ao ver o reino
crescer. Isso não ocorreu por causa dos programas e deveres
de organizações e sim porque um coração foi tranformado de
severidade ao amor, sob a influência do Espírito. Aconteceu a
uma mulher que veio a compreender o que significava ser uma
filha de Deus e conhecer o núcleo divino de seu ser. Ela
continuou a prodgredir com a resolução de criar seu destino
sob a influência do Espírito e a orientação do Senhor.
Notas
Não fui criada num lar em que havia o evangelho, mas devido a
minha professora da Organização das Moças recebi um testemunho
pessoal da realidade do amor que o Salvador tem para mim. Minha
professora não morava dentro dos limites de minha ala e eu nunca
assisti a uma de sua aulas formais, mas mesmo assim foi minha
professora. Esta professora discursava em seguida nas alas da
região e ela sempre me convidava para ser um de seus recursos
visuais. Depois que ela acabava de dar instruções importantes para a
congregação, convidava-me para cantar “Eu Sei que Vive Meu
Senhor” para ilustrar os princípios que acabava de ensinar. Eu me
sentia honrada com tal convite e sempre procurava cantar de todo o
coração para agradar a meu mentor, mas algo bem mais importante
aconteceu durante este processo. Ao cantar a letra, eu cheguei a
saber, mas saber mesmo, que o que eu cantava era verdade. Eu
sabia que ele realmente vivia e me amava até o final. Eu sabia que
ele realmente era meu amigo celestial “bondoso e sábio.” [1] Eu sabia
que ao esforçar-me para cantar a contento, conforme o talento jovem
que eu tinha, o poder do céu havia gravado no meu âmago a
realidade das coisas de que eu cantava.
Naquele ano na orientação para os novos estudantes da BYU, um
apresentador muito animado começou por dizer aos calouros que
havia muitos mitos na BYU. Ela nos garantiu que alguns deles eram
verdídicos, inclusive o fato de muitos estudantes se engage [Nesta
altura todos pensavam que ela queria dizer noivarem-se]. “De fato,”
ela prosseguia, “Já me ‘noivei’ muitas vezes. Minha meta é a de
‘noivar-me’ pelo menos cinco vezes ao semestre.” Os calouros
estavam de olhos esbugalhados e rindo. Ela continuou: “Sugiro que
vocês liguem aos pais logo no fim do semestre, ou até no fim desta
aula, para dizer-lhes que vocês estão engaged [noivos ou
empenhados?].” Esta palestra não se tratava de casamento e sim de
dedicação ao aprendizado. Meu papel de recurso visual não era
fundamental para o sucesso das apresentações da minha professora,
porém empenhar-me em aprender era fundamental para que o
coração me fosse transformado.
O objetivo do envolvimento do estudante pode ser ilustrado por uma
lição sobre uma maçã. Um professor que quer que seus alunos
aprendam sobre a maçã pode simplesmente ficar diante deles e
oferecer uma apresentação bem-pesquisada e cuidadosamente
preparada para documentar as características de uma maçã.
Provavelmente, os alunos sairão da aula com mais informações do
que antes tinham. Ele também pode mostrar uma imagem de uma
maçã. Os alunos certamente aprenderão ainda mais por terem se
envolvido visualmente com o assunto. O professor pode aumentar
mais a conexão sensorial por levar uma maçã real para a aula para
os alunos verem, sentirem, cheirarem e apalparem. Mas a melhor
abordagem de todas para o professor que espera fazer uma
impressão duradoura em seus alunos poderá levar para a classe
vários tipos diferentes de maçãs e deixar os alunos provarem as
maçãs. Esses estudantes totalmente envolvidos sairão da sala de
aula sabendo do assunto pessoalmente porque tinham sido
convidados a conhecer o assunto pessolamente.
As pesquisas psicológicas mostram que as pessoas tendem a
aprender a pensar depois de fazer, ao invés de pensar para poder
fazer. Ou seja, se sorrirmos, seremos mais felizes; se assobiarmos
uma música alegre, teremos menos medo e se contarmos as
bênçãos, sentiremos mais gratidão. Ou, conforme ensinou o Profeta
Joseph Smith: “A fé é um princípio de ação.” [2]Receberemos um
testemunho da verdade e cresceremos na fé à medida que vivermos
o evangelho. Aprender e aperfeiçoar-se ocorrem de forma melhor
quando fazemos as coisas, porque “se alguém quiser fazer a vontade
dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo
de mim mesmo” (João 7:17). Eu cantava “Eu Sei que Vive Meu
Senhor” e ao cantar aquelas palavras, sua veracidade se tornou meu
testemunho pessoal. A mensagem se tornou minha própria
mensagem a partir do momento em que eu fiz algo com ela. O ato de
eu fazer concedeu ao Espírito a oportunidade de selá-la no coração e
ajudou-me a saber e recordar.
Um professor atencioso que incentivou o empenho do aluno
compreendia a diferença entre o impacto passivo e ativo na sala de
aula. Ela planejou suas aulas para serem mais ateliês de trabalhos
práticos do que simples apresentações do professor. Para seus
alunos de onze anos de idade conhecerem o sacerdócio, ao invés de
dar lições aos jovens inquietos sobre os direitos e a importância da
ordenação que estavam prestes a receber, ela acompanhou-os a uma
pia batismal vazia e convidou-os para entrar lá dentro e ler as
escrituras que contêm o convênio batismal. Juntos, eles refletiram nos
detalhes de seu próprio batismo. De lá, este grupo empenhado foi à
mesa do sacramento, onde leram e discutiram as escrituras
relevantes ao sacramento, incluindo a oração sacramental. Eles
caminharam até o escritório do bispo, onde cada um obteve um
formulário de doação e começou a preenchê-lo. Eles discutiram
juntos a importância dessas doações e como elas são usadas para
ajudar os necessitados. Concluíram a atividade na presença de dois
missionários que compartilharam histórias de experiências espirituais
provenientes de seu serviço missionário. Aos alunos de onze anos de
idade foi permitido fazerem perguntas, bem como examinar a agenda
dos Élderes, o manual de Pregar Meu Evangelho e os crachás. Ao
final da aula participativa, aqueles jovens entenderam mais
profundamente e pessoalmente o sacerdócio porque tinham estado
em locais e visto práticas relativos ao sacerdócio de uma forma activa
e multisensorial.
Jogos interativos também podem ser meios eficazes e gratificantes de
envolver o aluno no aprendizado. Os escoteiros-mirins tem um ditado:
“Não compliquem as coisas e divirtam-se.” Não deixa de ser uma
diretriz valiosa. The Big Book of Team Building Games [O Grande
Livro de Jogos para Unificar o Time] de John Newstrom e Edward
Scannell sugere que jogos bem-pensados na sala de aula podem ser
úteis em esclarecer e fazer memoráveis certos ensinamentos,
aumentar a moral, incentivar a confiança mútua entre os membros da
classe ao compartilharem entendimento e desenvolverem soluções
em comum, promover flexibilidade e reforçar um comportamneto
apropriado no que diz respeito a cooperar, prestar atenção e pensar
de forma criativa. Os jogos também são econômicos, participativos e
de pouco risco. Certo professor descobriu num dos primeiros dias de
aula de seminário de manhã cedo que o jogo “Conhecê-los,” uma
forma de bingo, ajudou a integrar e estabelecer um vínculo entre
estudantes de cinco colégios diferentes. Devido a esta aproximação,
dois alunos, uma moça e um rapaz surdo de colégios diferentes que
estavam habilitados em mergulho, se tornaram amigos. Através do
jogo souberam que tinham algo em comum em vez de encararem-se
como sendo diferentes.
Num acampamento da Organização das Moças de certa estaca, as
moças de cinco alas diferentes se uniram numa colaboração
brincalhona em que tinham que trabalhar juntas para desatarem a nó
humana em que se achavam emaranhadas. Elas conversaram e
fizeram estratégias e então baixaram, subiram e se entorteceram num
esforço pouco perigoso de formar um círculo simples. Ao fazê-lo
aprenderam lições importantes sobre a cooperação, comunicação,
tentativa e erro, e perseverança. Também aprenderam a apreciar os
vários talentos e conhecimentos de moças que ainda não conheciam.
Aquele jogo simples, sem custo nenhum, proporcionou uma maneira
interativa, divertida e rápida de promover amizadade entre as moças
sem terem que passar por uma palestra enfadonha e severa sobre o
assunto.
Embora os jogos tenham uma utilidade ampla e atraente, é
importante lembrarmo-nos de vários perigos potenciais: Estejam bem
preparados com todos os acessórios necessários, controlem o tempo
cuidadosamente, escolham os jogos que possam avançar e fortalecer
a aprendizagem sem se tornarem um objetivo em si mesmos e evitem
imagens exageradas que possam ser perturbadoras e desviar os
alunos de temas sagrados. Por exemplo, de vez em quando, os
líderes convidam os jovens para preparar esquetes extemporâneos,
usando temas do evangelho. Quando os jovens respondem com
apresentações bobas sobre assuntos sagrados, como a moralidade
ou a oração, as sátiras podem rapidamente tornar-se irreverentes.
A aprendizagem envolvente serve bem para atingir os alunos de
atenção curta. Uma nova professora muito capaz, porém muito
frustrada, da Escola Dominical saiu no primeiro domingo de sua
classe nova de adolescentes animados pronta para fazer uma
entrevista com o bispo para pedir sua demissão. Apesar da ampla
preparação da professora, aqueles jovens agitados tinham perdido a
atenção em poucos minutos depois do início da apresentação da
professora. Ansiosa para se redimir, aquela professora fiel voltou na
próxima semana com uma nova estratégia. Ela preparou sua lição em
três segmentos de dez minutos cada intitulados “introdução,
exposição e aplicação.” A seção de “introdução” consistia em uma
atividade para chamar a atenção dos alunos, sendo uma atividade
que poderia ser até tão simples como um desenho, um objeto, uma
pergunta instigadora ou uma provinha. Na seção de “exposição” os
alunos passavam da fase inicial de captar sua atenção para os
conceitos que ela pretendia ensinar. Essa seção pode incluir a leitura
de escrituras cuidadosamente selecionadas, uma narração ou uma
apresentação bem compreensível de um ponto doutrinário. A seção
final, “aplicação,” incluia a resposta à velha pergunta tão importante
para os adolescentes: “E daí?” Durante esse segmento, a professora
ajudava os alunos a aplicar o princípio a sua própria vida. Às vezes
ela começava esse processo importante através da partilha de uma
história de sua vida pessoal. De vez em quando ela jogava um pufe e
perguntava ao aluno que o apanhou: “E daí?” Ela sempre fazia
perguntas cuidadosamente preparadas, não ameaçadoras e abertas
para estimular o pensamento e a aplicação pessoal. No decorrer de
uma aula de trinta minutos, a professora geralmente fazia o ciclo de
“introduçao, exposição e aplicação” até três vezes.
Numa comunidade de alunos empenhados incluem-se festas de
celebração um do outro, celebração do assunto, e celebração da
própria aprendizagem. Infelizmente muitas vezes nós separamos o
trabalho do lazer como se fossem mutuamente excludentes, quando
na realidade o trabalho envolvente se trata de uma das formas de
aprendizado mais satisfatórias e divertidas. Em seu livro Happier
[Mais Feliz], Tal Ben-Shahar sugere que um professor habilidoso
pode “criar ambientes em casa e na escola que conduzem à alegria,
ao significado e às experiências benéficas do presente e do
futuro.” [3] Especialmente quando se entra no estudo sério do
evangelho, a essência do qual se chama, apropriadamente, “o plano
de felicidade,” os alunos devem encontrar felicidade, satisfação e até
diversão.
Um saudoso professor brilhante e divertido de seminário de manhã
cedo organizou nas aulas um programa de prêmios anuais
“Vovozinha” que se realizava toda primavera e que se assemelhava
aos prêmios “Grammy (palavra inglesa parecida com granny
[vovozinha]).” Durante vários meses antes da festa, ela servia a sua
família panquecas e waffles diariamente, sufocando os com o tal
xarope Mrs. Butterworth’s [uma marca norteamericana de xarope que
vem em vazilhas em forma de uma vovozinha], guardando as
garrafas plásticas vazias para pintá-las com tinta dourada e usá-las
como prêmios na festa do seminário. Os estudantes nomeavam
personagens da obra-padrão que vinham estudando ao longo do ano
e então apresentavam para a classe suas razões por que o
personagem bíblico merecia ser premiado com o “Vovozinha” para
“melhor atriz/ator”, ou “melhor coadjuvante”, ou porque tal história
bíblica merecia o prémio de “melhor roteiro” ou “melhor história.” A
classe votava para identificar os vencedores, após o qual o aluno que
fez a nomeação aceitava o frasco de xarope de ouro. A celebração
anual servia de revisão, envolvia os alunos inquietos e promovia uma
comunidade de aprendizagem envolvente.
A aprendizagem activa também atende às necessidades de alunos
com diferentes estilos de aprendizagem. Como alguém que aprende
do lado esquerdo do cérebro e que é um clássico pensador linear, eu
gosto de palestras e encontro prazer em planilhas. A escolaridade
tradicional com sua rigidez é perfeita para mim. Mesas em linhas
puras e pastas com divisões para cada máteria me agradam. Cada
vez mais, no entanto, nossas salas de aula estão repletas de alunos
que aprendem de forma diferente. Esforços para envolver os alunos
com estratégias criativas e diversificadas são essenciais para os
alunos não-lineares e para refrescar o resto.
Um judeu convertido à Igreja encantou seus alunos, proporcionando-
lhes uma autêntica festa de Páscoa para familiarizá-los com os
símbolos desse evento. Os alunos tiveram uma experiência
multisensorial com ervas amargas que lhes permitiram compreender
e literalmente sentir o gosto da amargura.
Outro professor recorreu para o estilo de aprendizagem de sua
classe, criando rimas simples e frases musicais de cada um dos
versículos bíblicos a serem decorados. Os alunos sempre saberão
onde encontrar a história de José, fugindo da tentação. Quem poderia
esquecer “Gênesis 39 lembrar, a mente suja da mulher de Potifar”?
Os estudantes que aprendem através de atividade física se alegraram
na aula de seminário quando o professor os convidou para chegar ao
quadro em grupos de seis até que todos tiveram sua vez. Depois de
ter lido uma passagem bíblica, pediu-se-lhes que escrevessem uma
única palavra ou frase em resposta a uma pergunta como: “Que
qualidade você admira em tal personagem?” ou “Qual é o tema mais
importante desta passagem?” ou “ O que você mais admira no seu
pai / mãe / bispo?” Quando todo o quadro ficou preenchido, a classe
leu e discutiu os resultados de seus esforços em conjunto.
Um inesquecível professor da Escola Dominical se estendeu para
além dos limites normais de uma apresentação formal, fazendo
atividades criativas e imprevisíveis de “introdução.” Por exemplo, para
familiarizar a classe com os elementos do sonho de Daniel, ele trouxe
para a sala da Sociedade de Socorro um modelo grande de plástico
do gigante dos pneus Michelin com todas as partes daquele corpo
inchado marcadas com pincel para representar os vários reinos que
seriam destruídos pela pedra cortada da montanha sem mãos. Em
outro domingo, a classe começou quando um homem tocando música
ruidosa começou a marchar pelo corredor tocando muito alto uma
música estridente no seu instrumento irritante. O professor envolveu o
músico em uma entrevista em que soube que este estava para pagar
o dízimo e queria ter certeza de receber o crédito e devidos elogios
por sua boa ação. Depois da atividade de “intrudução envolvente,” o
professor voltou para a classe e entrou na parte de “exposição,” uma
palestra baseada no livro de Mateus a respeito de não dar esmolas
“para serem vistos pelos homens.”
Csikszentmihalyi, em seu livro Finding Flow: The Psychology of
Engagement with Everyday Life [Achar Fluxo: a psicologia de
envolvimento com a vida cotidiana], escreveu: “Nem os pais nem as
escolas são muito eficazes em ensinar os jovens a encontrar prazer
nas coisas certas. Os adultos, eles próprios muitas vezes iludidos
pela paixão por modelos fátuos, conspiram no engano. Eles fazem as
tarefas sérias parecerem chatas e difíceis, e o frívolo emocionante e
fácil. As escolas geralmente não ensinam quão emocionante,
fascinante e bonita a ciência ou a matemática podem ser; eles
ensinam só a rotina da literatura ou da história e não a aventura.” [4]
Quão fascinante e bonito é o evangelho em comparação com a
ciência e a matemática! Com um empenho criativo os alunos podem
saborear os frutos de um aprendizado ativo, e às vezes até uma fruta
mesmo. A fé é um princípio de ação. À medida que os professores
facilitarem um envolvimento autêntico e ativo para os alunos, estes
descobrirão que a aprendizagem é tão gostosa como uma maçã
madura, tão saudosa como uma canção preferida e tão pessoal como
uma visita à pia batismal. Através de seu comportamento chegarão a
entender e daí terão a felicidade de empenharem-se muitas vezes
mais.
Notas
[1] “I Know That My Redeemer Lives [Eu Sei que Vive Meu Senhor],”
Hymns (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints, 1985), no. 136.
[2] Joseph Smith, Lectures on Faith: Delivered to the School of the
Prophets in Kirtland, Ohio, 1834–35 (Salt Lake City: Deseret Book,
1985), 1:9.
[3] Tal Ben-Shahar, Happier (New York: McGraw-Hill, 2007), 86.
[4] Mihaly Csikszentmihalyi, quoted in Ben-Shahar, Happier, 94.
O Arbítrio e a Liberdade
Traduzido de Dallin H. Oaks, "Agency and Freedom" in A Book
of Mormon Treasury: Gospel Insights from General Authorities
and Religious Educators (Provo and Salt Lake City: Religious
Studies Center and Deseret Book, 2003), 32-46.
O Arbítrio e a Liberdade
I. Doutrina
A irmã Oaks é quem melhor me critica. Ele me diz que quando
falo de doutrina meus discursos são muito tediosos, melhores
para ler do que ouvir. Talvez ajude se eu fizer um esboço dos
noves conceitos, baseados nas escrituras, de que falarei:
1. Antes do mundo existir, existíamos na presença de Deus.
2. O arbítrio é um dom de Deus.
3. Tínhamos arbítrio na existência pré-mortal.
4. Lá Satanás apresentou um plano que nos teria negado o
arbítrio.
5. Quando Deus rejeitou o plano de Satanás, Satanás e aqueles
que o seguiam rebelaram e foram expulsos do céu.
6. Seguindo o plano de Deus, Adão e Eva fizeram a escolha que
causou a Queda, assim sujeitando a humanidade à mortalidade
e ao pecado deste mundo.
7. Estamos aqui para sermos provados e isso não pode
acontecer sem oposição em todas as coisas.
8. Para proporcionar tal oposição, permite-se a Satanás que
nos tente persuadir a exercer nosso arbítrio para escolher o
mal.
9. Se escolhermos o mal e não nos arrependermos, por fim
poderemos tornar-nos cativos de Satanás.
Para apreciar o significado do conhecimento complementar do
evangelho que foi restaurado nesta dispensação, notem
quantas verdades essenciais do evangelho são ou reveladas ou
ilucidadas no Livro de Mórmon, especialmente em 2 Néfi, e em
Doutrina e Convênios e na Pérola de Grande Valor.
1. Antes da criação do mundo, existíamos na presença de Deus
(vide D&C 93:29). Abraão viu que Deus estava no meio destes
espíritos e escolheu alguns deles para serem seus governantes
(vide Abraão 3:23). Não sabemos muito da existência pré-
mortal. As escrituras se referem às vezes a “inteligências” pré-
existentes e às vezes a “espíritos” pré-existentes (vide Moisés
6:36; Abraão 3:18-23; 5:7; D&C 93:29-33). Para os fins deste
discurso não será necessário distinguir entre os dois. O
importante é saber que na existência pré-mortal tínhamos uma
identidade distinta e vivíamos na presença de Deus.
2. O arbítrio, o poder de escolha, é um dom de Deus. Como
consta em 2 Néfi 2:16, “O Senhor Deus concedeu, portanto, que
o homem agisse por si mesmo.” E ainda, “Animai-vos, portanto,
e lembrai-vos de que sois livres para agir por vós mesmos-para
escolher o caminho da morte eterna ou o caminho da vida
eterna” (2 Néfi 10:23). E na revelação moderna o Senhor disse:
“Eis que lhe permiti que fosse seu próprio árbitro” (D&C 29:35).
O Profeta Joseph Smith descreveu o arbitrio como sendo “a livre
independência da mente que os céus graciosamente
concederam à família humana como um de seus dons mais
especiais.” [1] A palavra “livre” também é utilizada para
descrever o arbítrio num hino que os Santos dos últimos Dias
têm cantado desde a publicação do primeiro hinário em 1835:
A alma é livre para agir
E seu destino decidir;
Suprema lei deixou-nos Deus:
Não forçará os filhos seus.
Apenas faz-nos escolher
O bem ou mal neste viver;
Conselhos dá-nos com amor,
Cuidado, graças e favor. [2]
3. Tínhamos o arbítrio na existência pré-mortal. É evidente pelo
fato de que mais de um plano foi apresentado no Conselho nos
Céus e que um terço da hoste celestial optou por seguir
Satanás e rebelar contra o Pai. [3]
4. O plano de Satanás, apresentado na existência pré-mortal,
ter-nos-ia tirado o arbítrio. Durante o chamado Conselho nos
Céus, o Pai nos explicou as condições do próximo passo no
progresso de seus filhos espirituais. Precisavam receber um
corpo mortal e era necessário que Deus “os provasse para ver
se iriam fazer todas as coisas que o Senhor Deus lhes
ordenasse” (Abraão 3:25).
Satanás chegou perante Deus com esta proposta: “Eis-me aqui,
envia-me; serei teu filho e redimirei a humanidade toda, de
modo que nenhuma alma se perca; e sem dúvida eu o farei;
portanto dá-me tua honra” (Moisés 4:1). Mas o Filho Amado,
nosso Salvador, que foi “escolhido desde o princípio” (Moisés
4:2), disse ao Pai: “Eis-me aqui, envia-me” (Abraão 3:27) e “Pai,
faça-se a tua vontade e seja tua a glória para sempre” (Moisés
4:2).
No livro de Moisés, Deus descreve o esforço de Satanás:
“Portanto, por ter Satanás se rebelado contra mim e procurado
destruir o arbítrio do homem, o qual eu, o Senhor Deus, lhe
dera; e também por querer que eu lhe desse meu próprio
poder, fiz com que ele fosse expulso pelo poder do meu
Unigênito;
“E ele tornou-se Satanás, sim, o próprio diabo, o pai de todas
as mentiras, para enganar e cegar os homens e levá-los cativos
segundo sua vontade, sim, todos os que não derem ouvidos a
minha voz” (Moisés 4:3-4).
O método de Satanás de assegurar que “nenhuma alma se
perca” (Moisés 4:1) “destruiria o arbítrio do homem” (Moisés
4:3). Conforme seu plano, Satanás seria nosso mestre e nos
teria levado “cativos de sua vontade” (Moisés 4:4). Sem o poder
de escolher, teríamos sido meros robôs ou bonecos de engonço
nas suas mãos.
5. Quando Deus rejeitou o plano de Satanás, Satanás e seus
seguidores rebelaram e foram expulsos dos céus. A contenda
que as escrituras chamam “guerra no céu” (Apocalipse 12:7) se
trata das tentativas de Satanás de usurpar o poder de Deus e
destruir o arbítrio dos filhos de Deus. Um terço da hoste do céu
exerceu seu arbítrio em seguir a Satanás. A Bíblia descreve isso
em referências ocultas ao esforço de Satanás de exaltar-se e à
guerra em que o dragão e seus adeptos foram expulsos dos
céus (vide Isaías 14:12-15; Apocalipse 12:7-9; Abraão 3:28). O
evento está mais bem explicado na revelação moderna.
“E aconteceu que Adão, sendo tentado pelo diabo-pois eis que
o diabo existiu antes de Adão, pois rebelou-se contra mim,
dizendo: Dá-me a tua honra, a qual é o meu poder; e também
uma terça parte das hostes do céu ele afastou de mim por
causa do arbítrio que possuíam;
“E eles foram lançados abaixo e assim surgiram o diabo e seus
anjos” (D&C 29:36-37; vide também D&C 76:25-26).
No seu grande poema “Imanuel-um Idílio de Natal,” o élder
Orson F. Whitney descreve este evento no conselho dos Deuses
quando “O destino dos mundos não nascidos pendurava
trêmulo na balança.” Um se levantou:
Eis um ser de graça e poder,
Obediente a seu Senhor.
O sol não pôde exceder
Sua luz e seu esplendor,
Seus cabelos da cor da neve
Como a de geada alpina.
Este falou, ora solene,
Houve calma repentina:
“Pai”-a voz do filho sussurra,
Mas clara e bem proferida
Como água de fonte pura
Refrigerando-lhes a vida-
“Ó Pai! Já que um tem que morrer,
Sim, para teus filhos resgatar
Quando na Terra forem viver
Aqueles que tu fores criar
E o arcanjo Miguel cair
Para que existamos, por fim,
Tu mandarás um Salvador.
Eis-me aqui, envia a mim!”
Não te peço nenhum galardão,
Senão aquilo que me ordenas:
Cabe a mim a expiação,
A ti as glórias sempiternas!”
Cessou, se sentou. Subiu outro,
Assim de um aspecto infernal,
De cabeça ereta como
Montanha acima do temporal.
Tão formoso e tão brilhante,
De olhos a dardejar fogo,
De sorriso mui arrogante
E ira contida. Eis o jogo:
“Deixa-me ir,” gritou ousado,
Mal escondendo o desdém,
“Teu povo será resgatado,
Não se perderá um só, ninguém.
Negar-lhes-ei, pois, o arbítrio
De decidirem seu destino.
De prêmio exijo direito
De lá sentar-me em teu trono!”
Parou Lúcifer. Todos quietos,
Só silêncio e preocupação,
Todos os olhos ora fitos
No genitor da perdição.
Sim, tudo silencioso.
E aí, como se fora trovão,
Veio a voz do Todo-Poderoso:
“MANDAREI O PRIMEIRO, ENTÃO!”
Feito! Mas ali na multidão
Já se levantavam tumultos
Feitos os ventos de um furacão
Ou ondas do mar em comoção.
Fez-se guerra, o céu estremeceu.
Os anais constam além do véu
Que a Cristo o Pai elegeu,
E o rebelde caiu do céu. [4]
6. Conforme o plano de Deus, Adão e Eva fizeram a escolha que
causou a Queda, sujeitando a humanidade à mortalidade e aos
pecados do mundo. “Mas da árvore do conhecimento do bem e
do mal não comerás [o Senhor disse a Adão e Eva], não
obstante, podes escolher segundo sua vontade, porque te é
dado; mas lembra-te de que eu o proíbo, porque no dia em que
dela comeres, certamente morrerás” ( Moisés 3:17). Adão e Eva
puderam levar a efeito a Queda por livre escolha porque tinham
alternativas e tinham o arbítrio, cuja essência é descrita nestas
palavras: “Podes escolher segundo sua vontade, porque te é
dado.”
Desta forma vemos que foi um passo necessário aquilo que se
chama “a Queda” e “a transgressão de Adão” que resultou do
exercício do dom de arbítrio por nossos primeiros pais. Em 2
Néfi, Leí explicou: “Mas eis que todas as coisas foram feitas
segundo a sabedoria daquele que tudo conhece. Adão caiu para
que os homens existissem; e os homens existem para que
tenham alegria” (2 Néfi 2:24-25).
Junto com a Queda vieram a mortalidade e a oportunidade de
sermos testados. O Senhor proclamou que aos filhos de Adão
foi dado “distinguir o bem do mal, de modo que são seus
próprios árbitros” (Moisés 6:56). Alma ensinou que com a
Queda os homens se tornaram “como deuses, discernindo o
bem do mal, colocando-se em condições de agir segundo sua
vontade e prazer, para fazer o mal ou para fazer o bem” (Alma
12:31; vide também 42:7).
De forma semelhante o profeta Samuel ensinou: “Pois eis que
sois livres; tendes permissão para agir por vós mesmos; porque
eis que Deus vos deu o conhecimento e vos fez livres” (Helamã
14:30). Observem que neste ensinamento o vocábulo livre se
refere ao arbítrio.
7. Estamos aqui para sermos provados e isto não pode ocorrer
sem que haja oposição em todas as coisas. Quanto a este
assunto, 2 Néfi aumenta nosso entendimento. O pai Leí ensinou
a seu filho Jacó que “é necessário que haja uma oposição em
todas as coisas. Se assim não fosse, meu primogênito no
deserto, não haveria retidão nem iniqüidade nem santidade
nem miséria nem bem nem mal. Portanto é preciso que todas
as coisas sejam compostas em uma” (2 Néfi 2:11).
Em outras palavras, se não tivéssemos oposição, não
poderíamos exercer nosso arbítiro através de fazer escolhas.
“Portanto,” explicou o pai Leí, “o Senhor Deus concedeu que o
homem agisse por si mesmo; e o homem não poderia agir por
si mesmo a menos que fosse atraído por um ou por outro” (2
Néfi 2:16).
Sem uma oposição em todas as coisas, não poderíamos
alcançar a retidão. Todas as coisas seriam “compostas em
uma,” ou seja, uma mistura sem distinção entre a iniqüidade e
a santidade. Naquele estado de inocência, os filhos de Deus
não “sentiriam alegria por não conhecerem a miséira; não
fariam o bem por não conhecerem o pecado” (2 Néfi 2:23).
Como lemos nas escrituras modernas: “E é necessário que o
diabo tente os filhos dos homens, ou eles não poderiam ser
seus próprios árbitros; porque, se nunca tivessem o amargo,
não poderiam conhecer o doce” (D&C 29:39).
8. Para proporcionar tal oposição, permite-se a Satanás que
tente persuadir-nos a usar nosso arbítrio para escolher o mal.
Em 2 Néfi 2:26, Leí declara que o Messias virá “na plenitude dos
tempos para que possa redimir os filhos dos homens da
Queda.” Então ele nos dá esta explicação importante:
“E porque são redimidos da queda tornaram-se livres para
sempre, distinguindo o bem do mal; para agirem por si
mesmos e não para receberem a ação, salvo se for pelo castigo
da lei no grande e último dia, segundo os mandamentos dados
por Deus.
“Portanto os homens são livres segundo a carne; e todas as
coisas de que necessitam lhes são dadas. E são livres para
escolher a liberdade e a vida eterna por meio do grande
Mediador de todos os homens, ou para escolherem o cativeiro e
a morte, de acordo com o cativeiro e o poder do diabo; pois ele
procura tornar todos os homens tão miseráveis como ele
próprio” (2 Néfi 2: 26-27).
“Livres. . . para agirem por si mesmos” e “livres para
escolherem” se referem ao arbítrio. “Livres segundo a carne” se
refere à liberadade, como demonstrarei depois.
9. Se escolhermos o mal e não nos arrependermos, poderemos
tornar-nos, por fim, cativos de Satanás. A afirmação de Leí de
que somos livres para “agir[mos] por [nós] mesmos e não para
receber[mos] a ação” tem uma exceção: “Salvo se for pelo
castigo da lei no grande e último dia” se é que escolhemos
“cativeiro e morte, de acordo com o cativeiro e o poder do
diabo” (2 Néfi 2:26-27). Aí ele implora ao filhos que não
escolham “a morte eterna, conforme a vontade da carne e o mal
que nela há, que dá ao espírito do diabo poder para escravizar,
para levar-vos ao inferno, a fim de reinar sobre vós em seu
próprio reino” (2 Néfi 2:29).
De modo semelhante Amuleque ensinou: “Pois eis que, se
deixastes o dia do arrependimento para o dia da vossa morte,
eis que vos tendes submetido ao espírito do diabo e ele vos
sela como seus; portanto o Espírito do Senhor se apartou de
vós e não tem lugar em vós; e o diabo tem sobre vós todo o
poder e este é o estado final dos iníquos” (Alma 34:35).
Resumindo, então, o arbítrio, o poder de escolher, é um dom
de Deus conferido a Seus filhos e já exercido por eles na vida
pré-mortal. É uma precondição essencial ao progresso
adicional que buscamos na mortalidade. Porém, não se pode
exercer o arbítrio a não ser que haja uma oposição em todas as
coisas. Esta oposição é provida por Satanás, o qual havia
procurado destruir nosso arbítrio. Seu esforço continua. Ele
procura-nos persuadir a fazer o mal e a fazer escolhas que lhe
proporcionará o domínio que buscara na existência pré-mortal,
o de possuir poder sobre nós, para levar-nos cativos conforme
seu bel-prazer.
Notas
[1] Joseph Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith,
compilado por Joseph Fielding Smith (Salt Lake City: Deseret
Book, 1976), 49.
[2] “A Alma é Livre,” Hinos (Impresso no Brasil: A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos últimos Dias, 1990) 149.
[3] Vide Joseph Fielding Smith, Doctrines of Salvation (As
Doutrinas de Salvação) (Salt Lake City: Bookcraft, 1954) 1:64,
70.
[4] Orson F. Whitney, “Immanuel-A Christmas Idyll,” (“Imanuel-
um Idílio de Natal”) em The Poetical Writings of Orson F.
Whitney (Os Escritos Poéticos de Orson F. Whitney) (Salt Lake
City: Juvenile Instructor Office, 1889), 136-139.
[5] Annie Johnson Flint, “My Wants” (“Os Meus Desejos”) cópia
não publicada dada ao autor.
[6] Smith, Teachings (Ensinamentos), 181; vide também 187,
189.
[7] James E. Faust, “The Great Imitator” (“O Grande Imitador”),
Ensign, November 1987, 35.
[8] Faust, “The Great Imitator” (“O Grande Imitador”), 33.
O Cosmo de Nosso Criador
Notas
[1] Saint Anselm [Santo Anselmo]: Basic Writings [Escritos básicos],
tradução de Sidney Norton Deane, 2nd ed. (La Salle, IL: Open Court
Publishing, 1962), 7.
[2] Carl Sagan, Pale Blue Dot: A Vision of the Human Future in Space
[Um pontinho de azul claro: Uma visão do futuro humano no espaço[
(New York: Ballantine Books, 1994), 50.
[3] Morris L. West, The Tower of Babel [A Torre de Babel] (New York:
William Morrow and Company, 1968), 183.
[4] Joseph Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, compilado
por Joseph Fielding Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1976), 220.
[5] J. Reuben Clark Jr., Behold the Lamb of God [Eis o Cordeiro de
Deus] (Salt Lake City: Deseret Book, 1962), 17.
[6] Stephen W. Hawking, A Brief History of Time: From the Big Bang
to Black Holes [Uma breve história das idades: do Big Bang até os
buracos negros] (New York: Bantam Books, 1988), 126.
[7] Freeman J. Dyson, “Energy in the Universo,” Scientific American
224, no. 3 (September 1971): 59.
[8] Ralph Waldo Emerson, “Nature,” in The Complete Works of Ralph
Waldo Emerson, centenary edition, 12 vols. (Boston: Houghton, Mifflin
and Company, 1903), 1:7.
[9] Stephen Strauss, “Universo May Have Regular Pattern of
Galaxies, New Findings Suggest,” [“Novas descobertas indicam que o
universo talvez tenha um padrão sistemático de galáxias”] Deseret
News, March 4, 1990, 2S.
[10] Stuart K. Hine, “Grandioso És Tu,” Hinos (Asunción, Paraguay: A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1991), no. 43.
[11] Alexander Pope, “Essay on Man,” [“Ensaio sobre o Homem”] in
The Poems of Alexander Pope, ed. John Butt (New Haven, CT: Yale
University Press, 1963), 504–505.
[12] Stephen Hawking, Black Holes and Baby Universos and Other
Essays [Buracos negros, mini-universos e outros ensaios] (New York:
Bantam Books, 1993), 99.
[13] Albert Einstein, in Ronald W. Clark, Einstein: The Life and Times
[A vida e os tempos de Einstein] (New York: World Publishing
Company, 1971), 19.
[14] Allen Sandage, “A Scientist Reflects on Religious Belief,” [“Um
cientista reflete na crença religiosa”] Truth Journal, Internet edition,
vol. 1 (1985), leaderu.com/truth/1truth15.html.
[15] Wendell Berry, “Christianity and the Survival of Creation,” [“O
cristianismo e a sobrevivência da criação”] in Sex, Economy,
Freedom, and Community: Eight Essays (New York and San
Francisco: Pantheon Books, 1993), 103.
[16] Michael Benson, “A Space in Time,” [“Um espaço no tempo”]
Atlantic Monthly 290, no. 1 (July–August 2002): 105.
[17] David Koo, in Strauss, “Universo May Have Regular Pattern,”
[“Universo talvez tenha um desenho sistemático”] 2S.
[18] Chaisson and Steve McMillan, Astronomy Today [A astronomia
hoje em dia] (Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1993), 559.
[19] Corey S. Powell, “Up against the Wall,” [“Contra o paredão”]
Scientific American 262, no. 2 (February 1990): 19.
O Ensino da Expiação
O Ensino da Expiação
Tad R. Callister
Lançar o Alicerce
Não se pode dominar o estudo de cálculo sem primeiro dominar
álgebra. O processo do aprendizado requer certa ordem. Isaías nos
ensinou: “A quem, pois, se ensinaria o conhecimento? E a quem se
daria a entender doutrina? Ao desmamado do leite, e ao arrancado
dos seios?” Daí ele deu uma fórmula simples porém profunda para
dominar as doutrinas da Igreja: “mandamento sobre mandamento,
regra sobre regra” (Isaías 28:9–10). O Presidente Ezra Taft Benson
nos ensinou: “Ninguém sabe de forma adequada e apropriada por
que era preciso que houvesse um Cristo sem primeiro enteder e
aceitar a doutrina da Queda e seus efeitos em toda a
humanidade.” [4]
Os estudantes aprendem rapidamente a impossibilidade de
compreender a expiação sem primeiro compreenderem a Queda. Leí
proferiu um belo discurso sobre a expiaçao (vide 2 Néfi 2). Ao dar o
discurso ele primeiramente explicou as condições que existiam no
Jardin do Éden.
Então, depois desta introdução, Benjamim fez um resumo susinto de
por que o Salvador veio: “E o Messias vem na plenitude dos tempos
para redimir da queda os filhos dos homens” (2 Néfi 2:26). Assim
aprendemos que a expiação se tornou necessária para corrigir certas
condições causadas pela Queda (por exemplo, a morte física e
espiritual). Alma, ao aconselhar seu filho desobediente, Coriânton,
discerniu: “E agora, meu filho, eu percebo que existe algo mais que te
preocupa e que não podes compreender, relativo à justiça de Deus na
punição do pecador.” Então ele disse: “Agora, meu filho, eis que te
explicarei isto.” (Alma 42:1–2). Nos seguintes onze versículos, Alma
lança o alicerce de sua resposta por meio de detalhar as condições
existentes no Jardim do Éden e as consequências da Queda. Só
depois disso é que ele começou a explicar a relação entre a justiça, a
misericórdia e a expiação.
Devido à necessidade de entender a Queda antes de compreender
plenamente os propósitos da expiação, acho útil o seguinte diagrama
para ajudar os alunos a entenderem como a expiação corrige, ou
redime, as conseguências negativas da Queda:
O Livro de Mórmon ao Resgate
A doutrina da Queda e da Expiação é o âmago do cristianismo, porém
persistem muitas ideias erradas quanto a seu significado porque a
Bíblia, por inspirada que seja, sofreu a supressão, nos manuscritos
originais, de “muitas coisas claras e preciosas” (1 Néfi 13:28). Por
isso, “um grande número tropeça, sim, de tal maneira que Satanás
tem grande poder sobre eles” (1 Néfi 13:29). O Élder McConkie certa
vez fez este desafio: “Escolhe as cem doutrinas mais báscias do
evangelho e em baixo de cada doutrina faça duas colunas paralelas,
uma com o cabeçalho Bíblia e a outra com o cabeçalho Livro de
Mórmon. Daí, escrva nestas colunas o que cada livro ensina a
respeito de cada doutrina. O resultado mostrará, sem dúvida, que em
noventa e cinco por cento dos casos, os ensinamentos do Livro de
Mórmon serão mais claros, mais simples, mais detalhados e melhores
do que os da Bíblia. Se alguém tiver dúvidas a respeito disso, que
faça este teste, um teste pessoal.” [5]
Este desafio se aplica mais à expiação do que a qualquer outra
doutrina. Sem o Livro de Mórmon, muitos equívocos surgiram no
mundo cristão a respeito desta doutrina tão chave. Por exemplo:
Primeiro equívoco: Há muitos que ensinam que Adão e Eva teriam
gerado filhos no Jardim do Éden, se fosse permitido que eles
ficassem no jardim. Depois da transgressão deles no jardim, o Senhor
disse que “com dor darás à luz filhos” (Gênesis 3:16). Segundo a
interpretação de alguns, se não houvesse uma transgressão, Adão e
Eva, sem dores, teriam dado à luz fihos no Jardim do Éden. Mas o
Livro de Mórmon revela a verdade: “E não teriam tido filhos” (2 Néfi
2:23; vide também Moisés 5:11).
Segundo equívoco: Alguns ensinam que Adão e Eva viviam num
estado de alegria, de felicidade sem igual, no jardim. Outra vez o
Livro de Mórmon ensina a verdade: “Portanto teriam permanecido
num estado de inocência, não sentindo alegria por não conhecerem a
miséria; não fazendo o bem por não conhecerem o pecado” (2 Néfi
2:23). Devido a estes primeiros dois equívocos, grande parte do
mundo cristão acredita que a Queda se trata de um passo trágico
para trás. Concluem inocentemente, porém erroneamente, que se
Adão não tivesse caído, todos nós teríamos nascido no Jardim do
Éden e, daí em diante, vivido num estado de alegria eterna. Tal
racioncínio, porém, negaria a necessidade da Expiação, um evento já
pré-ordenado na vida pré-mortal (vide Éter 3:14). João também
testificou disso quando falou do Salvador como sendo “o Cordeiro que
foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8).
Terceiro equívoco: Há quem ensina que por causa da Queda todas as
criancinhas são maculadas pelo pecado original. Mórmon repreendeu
fortemente aqueles que acreditavam deste jeito: “Sei que é um sério
escárnio perante Deus batizar criancinhas.” Ele citou o Salvador ao
explicar o motivo por que não é necessário batizá-las: “Os sãos não
precisam de médico, mas sim os que estão doentes; portanto as
criancinhas são sãs, por serem incapazes de pecar; portanto a
maldição de Adão é delas removida por minha causa de modo que
sobre elas não tem poder” (Morôni 8:8, 9).
Quarto equívoco: Certas pessoas acreditam que a graça só pode nos
salvar, independente de nossas obras. Néfi coloca a doutrina de fé e
obras no contexto certo: “Pois trabalhamos diligentemente para
escrever, a fim de persuadir nossos filhos e também nossos irmãos a
acreditarem em Cristo e a reconciliarem-se com Deus; pois sabemos
que é pela graça que somos salvos, depois de tudo o que pudermos
fazer” (2 Néfi 25:23). Nós não ganhamos nossa salvação só por
nossos esforços, mas Néfi ensinou que devemos contribuir os nossos
melhores esforços para que Deus possa nos conceder a graça. C. S.
Lewis acertou este ponto quando, ao discutir o antigo debate entre fé
e obras, disse: “Não me parece que convem perguntar qual das
lâminas de uma tesoura é a mais necessária.” [6]
Quinto equívoco: Outro conceito falso é que a ressurreição física do
Salvador é um mero símbolo mas que nós ressuscitaremos sem as
“limitações” de um corpo físico. Alma, porém, não deixou dúvidas
quanto à natureza corporal da ressurreição: “A alma será restituída ao
corpo e o corpo, à alma . . . sim, nem um fio de cabelo da cabeça
será perdido” (Alma 40:23).
Sexto equívoco: Muitas pessoas ensinam que a Expiação não tem o
poder de nos transformar em deuses; de fato, segundo elas, tal ideia
se trata de blasfêmia. O próprio Salvador, porém, nos deu um desafio
divino: “Portanto, que tipo de homens devereis ser? Em verdade nos
digo que devereis ser como eu sou” (3 Néfi 27:27). O capítulo final do
Livro de Mórmon reforça esta doutrina tão elevada: “Sim, vinde a
Cristo, sede aperfeiçoados nele . . . pela graça de Deus, por meio do
derramamento do sangue de Cristo” (Morôni 10:32–33).
Embora Néfi soubesse que muitas coisas claras e preciosas seriam
tiradas da Bíblia, ele, de igual modo, sabia que o Livro de Mórmon,
entre outros escritos sagrados, viria ao salvamento: “Estes últimos
registros que viste entre os gentios confirmarão a verdade dos
primeiros, que são dos doze apóstolos de Cordeiro, e divulgarão as
coisas claras e preciosas que deles foram suprimidas” (1 Néfi 13:40).
O Presidente Ezra Taft Benson falou da necessidade absoluta do
Livro de Mórmon para poder compreender a divindade e a Expiação
do Salvador: “Grande parte do mundo cristão de hoje rejeita a
divindade do Salvador. Duvidam de seu nascimento milagroso, de
sua vida perfeita a da realidade de sua gloriosa ressurreição. O Livro
de Mórmon ensina de forma clara e exata a verdade acerca de todos
estes assuntos. Também contém a explicação mais completa da
doutrina da Expiação. Em verdade este livro inspirado é a pedra
fundamental para podermos prestar testemunho ao mundo de que
Jesus é o Cristo.” [7]
O Livro de Mórmon é como uma mina de ouro para descobrir as
verdades magníficas sobre a Expiação. Seguem-se uma amostra dos
muitos capítulos cheios do ouro da verdade para aqueles que
estiverem dispostos a minar:
2 Néfi 2 (Leí) Alma 40 e 42 (Alma)
2 Néfi 9 (Jacó) Helamã 14 (Samuel)
Mosias 2–5 (Rei Benjamim) 3 Néfi 11 (o Salvador)
Alma 34 (Amuleque) Morôni 10 (Morôni)
Ao banquetearmos com as palavras do Livro de Mórmon,
conseguiremos ver, de modo espiritual, o glorioso retrato do sacrifício
expiatório do Salvador.
O Poder de uma Boa Pergunta:
Como é que a Expiação do Salvador será infinito?
O Salvador sofreu pelos pecados da humanidade tanto no Jardim de
Getsêmani como na cruz?
Pôde Ele, um homem perfeito, entender o que é ter fraquezas e ser
rejeitado?
Havia um plano alternativo, caso Ele resolvesse não ir adiante?
Pode alguém sofrer por seus próprios pecados e ainda ser redimido?
O poder de uma boa pergunta é de valor incalculável. De certa forma
é como um despertador mental que nos acorda do sono espiritual.
Pode servir de catálise para dar partida a nosso motor cerebral. Ela
faz as rodas da mente andarem e nos dá certa inquietação, um
anseio que nos faz concentrar no assunto até vir aquele alívio que
vem em forma de uma resposta que satisfaz a mente e acalma o
coração. Antes de vir a resposta é como se estivéssemos vendo um
quadro pendurado de través na parede sem podermos indireitá-lo, ou,
um quebra-cabeça que não se pode completar por falta de uma só
peça—há um urgência irrestitível de indireitar o quadro ou colocar a
peça final no lugar. Até descobrirmos a solução, a mente fica em
marcha acelerada, levando em conta todas as opções, ponderando,
paneirando e escolhendo até que se descubra a solução. Há uma
grande diferença entre ouvir a resposta e descobrir a solução. É como
receber um quadro de presente em vez de pintá-lo, receber um livro
em vez de escrevê-lo, ou escutar o Concerto número 3 para piano de
Rachmaninoff em vez de tocá-lo. Descobrirmos a solução nos traz
imensa satisfação, nos dá posse, grava um registro permanente no
nosso banco de dados e deixa de ser uma coisa transitória.
Há muitos tipos de perguntas. Há perguntas circunstanciais ou de
informações de background. Tais perguntas, porém, geralmente se
tratam de um meio de chegar a uma finalidade. Por exemplo: Onde
nasceu o Salvador? Por quanto tempo ficou no Jardim de Getsêmani?
Estas perguntas ajudam a definir o cenário, mas em si, não nos
emocionam nem motivam. Não obstante, um cenário factual muitas
vezes se trata de pré-requisito necessário para descobrir e entender
as verdades mais profundas.
Há perguntas que nos incentivam a fazer um auto-análise. A pergunta
de Deus para Adão: “Onde estás?” (Gênesis 3:9), foi mais do que
uma pergunta sobre a localização física de Adão. Foi um inquérito
sobre os estado espiritual de Adão. O clímax do sermão de Alma ao
povo de Zaraenla consiste em onze perguntas introspectivas
consecutivas, tais como, “Haveis nascido espiritualmente de Deus?
Haveis recebido sua imagem em vosso semblante? Haveis
experimentado esta poderosa mudança em vosso coração?” (Alma
5:14). Um professor atencioso poderá fazer perguntas semelhantes
que requeiram um auto-análise da fé e da dignidade dos alunos: Você
acredita que pode ser totalmente absolvido de seus pecados por
causa do sacrifício infinito do Salvador? Você tem fé de que sua
Expiação lhe proporciona a cura de suas fraquezas, pecados,
infermidades e faltas? Você tem um coração quebrantado e espírito
contrito?
Há outras perguntas que podem nos elevar de nível de compromisso
para com o Senhor. Três vezes o Salvador perguntou a Pedro: “Tu
me amas?” (João 21:15–17). Sem dúvida, Pedro respondeu com
cada vez mais emoção, um compromisso ainda mais profundo ao
Santificado. Os professores podem fazer perguntas semelhantes:
Você ama o Salvador de tal modo que perdoa os outros como Ele nos
perdoa? Apreciamos seu sacrifício ao ponto de nos comprometer a
consagrar tudo que possuímos para adiantar a causa dele?”
As perguntas tambêm podem servir de respostas eficazes. Coriânton
queria saber por que a vinda de Cristo “seria conhecida tão
antecipadamente.” A resposta que seu pai, Alma, lhe deu consistia
em uma série de perguntas: “Eis que te pergunto: Não é uma alma
tão preciosa para Deus agora, como o será na ocasião de sua vinda?
Não é tão necessário que o plano de redenção seja dado a conhecer
a este povo, quanto a seus filhos?” (Alma 39:17–18). Se um
estudante perguntasse: “A Expiação é retroativa? Pode o povo do
Velho Testamento receber seus benefícios antes que o preço fosse
pago?,” resistindo a tentação de dar uma resposta instantânea, um
professor sábio poderia responder com outra pergunta: “Há algo na
nossa sociedade atual que nos permite desfrutar os benefícios antes
de pagar o preço?” A palestra que segue pode incluir o exemplo do
cartão de crédito, enfatizando o fato do conceito crediário do Salvador
ser de “ouro puro,” pois na existência pré-mortal Ele sempre cumpriu
sua palavra. De igual modo, sob as leis de justiça, os benefícios da
Expiação poderiam advir àqueles que viviam antes que o preço fosse
pago, pois não havia dúvida que Ele pagasse “a conta” tanto no
jardim e como na cruz (vide Alma 39 cabeçalho e Mosias 3:13).
Uma boa pergunta pode muitas vezes ser a base de uma aula ou
sermão inteiros. Assim foi o caso de Amuleque, o qual discerniu “que
a grande pergunta que tendes em mente é se a palavra está no Filho
de Deus ou se não haverá um Cristo” (Alma 34:5). Ao responder,
Amuleque deu seu discurso maravilhoso sobre a natureza infinita da
Expiação.
E Ainda Mais
Como é que um mero mortal pode entender o amor e sacrifício
infinitos do Salvador? Naturalmente um mortal não pode entendê-los
por completo. Mas os profetas fizeram muito para nos ajudar a
compreender por meio de comparar a Expiação a duas formas de
amor que conhecemos e por explicar que a Expiação é tudo isso e
ainda mais, muito mais.
Um dos exemplos se refere à história de Abraão e Isaque. Ao falar do
sacriífico de Isaque que Abraão ia fazer, o profeta Jacó observa que
este evento simbolizava o sacrifício do Filho Unigênito por Deus (Jacó
4:5). Seria difícil, senão impossível, um pai contemplar uma provação
maior do que sacrificar seu filho amado, aquele pelo qual as bênção
da eternidade fluiriam. Que pai não teria empatia por Abraão quando
amarrou seu filho e desenbainhou a faca para derramar o sangue
deste filho da promessa? A dor deve ter sido amargamente aguda, as
emoções agitantes, enquanto ele levantava a mão para dar a facada
fatal. Mas naquele instante o anjo de misericórdia o livrou da ordem:
“Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porque
agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único
filho” (Gênesis 22:12). Então Abraão encontrou um cordeiro no mato
para ser “a ovelha expiatória” no lugar de seu filho; mas para o Nosso
Pail Celestial não haveria cordeiro no mato nem anjo de misericórdia
para parar a seu filho a mão da morte. O sacrifício que Nosso Pai fez
seria tudo que Abraão teria feito, e ainda mais.
Isaías sabia que não havia amor como o de uma mãe para seu filho
que cria. Entaõ ele perguntou: “Porventura pode uma mulher
esquecer-se tanto de seu filho que cria?” Por rara que esta
possibilidade seja, ele a usou como régua espiritual para mostrar que
o amor infinito de Deus ultrapassa o de uma mãe, sim, por muito.
“Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me
esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei”
(Isaías 49:15–16). Para que não houvesse dúvidas, as marcas dos
cravos da cruz serviriam de lembrete tangível de que seu amor
ultrapassou até o de uma mãe para seu filhinho.
Estes exemplos nos fazem contemplar a profundidade de nossas
emoções. São janelas que nos dão vistas do infinito. Embora não
possamos compreender plenamente a Expiação, estes exemplos
servem de vistas momentêneas do amor sem limites que possuem o
Pai e o Filho.
Notas
[1] Este ensaio se trata de um resumo e reflexão do livro The Infinite
Atonement (A Expiação Infinita) (Salt Lake City: Deseret Book, 2000),
deste autor.
[2] Bruce R. McConkie, “The Purifying Power of Gethsemane,”
Ensign, May 1985, 9.
[3] Robert L. Millet, “Foreword,” in Tad R. Callister, The Infinite
Atonement (Salt Lake City: Deseret Book, 2000), ix.
[4] Ezra Taft Benson, A Witness and a Warning (Salt Lake City:
Deseret Book, 1988), 33.
[5] Bruce R. McConkie, A New Witness for the Articles of Faith (Salt
Lake City: Deseret Book, 1985), 467.
[6] C. S. Lewis, Mere Christianity (New York: Collier Books, 1996),
129.
[7] Ezra Taft Benson, A Witness and a Warning (Salt Lake City:
Deseret Book, 1988), 18.
[8] McConkie, “The Purifying Power of Gethsemane,” 1
O Livro de Mórmon: A Grande Resposta à
Grande Pergunta
Traduzido de Neal A. Maxwell, "The Book of Mormon: A Great
Answer to 'The Great Question'" in A Book of Mormon Treasury:
Gospel Insights from General Authorities and Religious
Educators (Provo and Salt Lake City: Religious Studies Center
and Deseret Book, 2003), 1-18.
Este Deus, que é chamado de Pai e Filho “descerá entre os filhos dos
homens” (15:1) e habitará na terra. Ele sofrerá “tentações,” mas não
cederá “a tentações” (15:5). Ele permitirá a si mesmo, como a
passagem do Servo Sofredor profetizou, “ser escarnecido e açoitado
e expulso e rejeitado por seu povo. E depois de tudo isso, após haver
realizado grandes milagres entre os filhos dos homens, será
conduzido, sim segundo disse Isaías: Como a ovelha permanece
muda perante seus tosquiadores, também ele não abriu a boca. Sim,
desse modo será conduzido, crucificado e morto” (15:5-7).
Neste ato final de auto-sacrifício, ao permitir a si mesmo ser
“conduzido, crucificado e morto,” quando, a qualquer momento, Ele
poderia ter escapado de tal situação, Ele realizou a derradeira
submissão. Ele sujeitou a “carne” (a qual Ele herdou de Maria) “até à
morte.” Ao fazer “a vontade do Filho” (o desejo mortal de viver) foi
“absorvid[o] pela vontade do Pai” (no desejo do espírito divino do
Salvador, o qual Ele herdou de Seu Pai) (15:7). Portanto, Ele
completou os requisitos físicos da Expiação, como o ato final da
Expiação terrena, Cristo, que não necessitava morrer, livre e
voluntariamente ofereceu Sua vida na cruz [11] para que nós
pudéssemos, depois de nossa inevitável morte física, ser
ressuscitados para a vida eterna com Ele. “A morte de Cristo,” como
Amuleque concisamente colocou, “desatará as ligaduras dessa morte
física, para que todos se levantem dessa morte física” (Alma 11:42).
Em resumo, a bela e ímpar explicação dada por Abinádi sobre a
Expiação pode ser esquematizada da seguinte forma:
1. Deus Mesmo descerá e viverá na Terra. Ele será tentado mas
não cederá às tentações e, no processo, Ele será escarnecido,
oprimido, expulso e eventualmente crucificado.
2. Cristo herdou de Sua mãe, Maria, a mesma natureza mortal
que todos os filhos de Adão possuem, inclusive a capacidade
de morrer.
3. Cristo herdou de Seu Pai, Eloim, a natureza divina que
nenhum outro filho de Adão possui, inclusive a capacidade de
não morrer.
4. Na cruz, Cristo livremente escolheu submeter a Sua pessoa
mortal pela imortal, ou seja, por sua livre vontade, Ele sujeitou
a si mesmo à morte e cumpriu a Expiação. Assim como Adão
tornou a morte possível a todos os filhos do Pai Celestial por
se submeter livremente às condições que causaram a vida
mortal, assim Cristo, ao se submeter livremente à morte física,
proporcionou as condições que tornaram a vida eterna
possível a todos os filhos de Deus.
Certamente, muitos dos profetas conheciam a doutrina que Abinádi
ensinou. [12] Mas em nenhuma outra escritura encontramos esses
elementos juntos da forma que Abinádi o fez. Não se deve ter
qualquer dúvida que Abinádi conhecia o Salvador, que ele sabia
sobre o Salvador e que ele compreendia Seu papel singular e Sua
natureza, muitos anos antes que Cristo descesse para nascer entre
os filhos de Adão.
Não posso encerrar o assunto de Abinádi sem antes fazer mais uma
observação. Parece-me que Abinádi deve ter sido alertado sobre
alguns dos paralelos parciais, mas ao mesmo tempo imponentes,
entre ele mesmo e o Salvador, como existe com quase todos os
profetas de Deus. Como Cristo, Abinádi experienciou muito da
mesma rejeição e perseguição expressas na imagem do Servo
Sofredor de Isaías 53 (veja também Mosias 14). Por exemplo, em
nenhum lugar do discurso de Abinádi ele menciona o fato de que
Cristo teve sucesso convertendo qualquer pessoa durante os anos
em que esteve na Terra. Na verdade, várias das declarações de
Isaías citadas em Mosias 14 poderiam ser interpretadas no sentido
que Cristo teria tido pouco ou nenhum sucesso na conversão das
pessoas durante Seu ministério mortal. Por exemplo, “Ele é
desprezado e rejeitado pelos homens; ... e foi como se
escondêssemos dele nosso rosto; foi desprezado e não fizemos caso
dele” (v. 3); “no entanto, reputamo-lo por aflito, ferido por Deus” (v. 4);
e “Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se
desviou por seu próprio caminho” (v. 6). Abinádi deve ter conjecturado
se ele também seria morto sem atingir qualquer sucesso, por mais
modesto que fosse. Na verdade, pelo que lhe constasse em seu
conhecimento finito, ele poderia ter facilmente pensado que ele não
tivera nenhum sucesso em converter uma única pessoa se quer.
Como o Salvador, Abinádi foi executado por pessoas indignas de
julgá-lo. E ainda assim parece que ele estava ciente que ele seria
executado quando ele voltou pela segunda vez para pregar a Noé e a
seu povo. Durante seu julgamento, Abinádi disse: “Digo-vos que não
me retratarei das palavras que disse concernentes a este povo, pois
são verdadeiras; e para que saibais que são verdadeiras, consenti em
cair em vossas mãos. Sim, e padecerei até mesmo a morte, porém
não me retratarei de minhas palavras; e elas servirão de testemunho
contra vós. E se me matardes, derramareis sangue inocente (17:9-
10). Parece-nos que Abinádi, à semelhança do Seu Salvador,
também escolheu livremente expor a si mesmo à morte física, desta
forma selando “a verdade de suas palavras” (17:20). Abinádi foi,
como quase todos os profetas foram, um exemplo e um indício do
caminho que o Salvador viria a trilhar.
Este poderoso testemunho de Abinádi, dado como se fosse para um
povo apóstata e diabólico, contém informações sobre o Salvador,
expressas de uma forma não encontrada em nenhuma outra
passagem de escritura. Na verdade, quão formosos foram sobre os
montes os pés de Abinádi.
Notas
[1] Tradicionalmente, conforme Élder Bruce R. McConkie declarou, há
três razões pelas quais Cristo, o Filho, também toma sobre si o título
de Pai: (1) Ele é o “Criador . . . do céu e da terra,” (2) “Ele é o Pai de
todos aqueles que nasceram de novo,” e (3) Ele é o Pai devido à sua
“divina investidura” (Mormon Doctrine [Doutrina Mórmon], 2ª. ed. [Salt
Lake City: Bookcraft 1966], 130). Veja também a importante e
detalhada declaração da Primeira Presidência e Quórum dos Doze
Apóstolos de 30 de junho de 1916, encontrada em James R. Clark,
ed. Messages of the First Presidency [Mensagens da Primeira
Presidência] (Salt Lake City: Bookcraft, 1971), 5:25–34. Algumas
vezes ouvi uma quarta razão (similar à segunda razão dada por Élder
McConkie), que Cristo é o Pai porque Ele é o Pai da Expiação, assim
como George Washington é o Pai dos Estados Unidos da América. A
razão pela qual Abinádi usa o título de Pai para Cristo nesta
passagem é diferente destas quatro, dando-nos assim uma quinta
razão. Este trabalho esclarecerá esta quinta razão.
[2] Esta e todas as outras citações escriturísticas que virão a seguir,
referem-se a Mosias no Livro de Mórmon, a menos que indicadas de
forma diferente.
[3] Para outras referências com relação a Cristo como o Filho
Unigênito de Deus, veja Jacó 4:5 e 11; João 1:14 e 18.
[4] Veja também D&C 93:4, quando Cristo declarou que Ele é “O Pai,
porque me deu de sua plenitude, e o Filho, porque estive no mundo
e fiz da carne meu tabernáculo e habitei entre os filhos dos homens.”
[5] Veja também Joseph Smith, comp. Lectures on Faith [Discursos
sobre Fé] (Salt Lake City: Deseret Book, 1985), 59. Cristo “é chamado
de Filho devido à carne, e humilhou-se em sofrimento, abaixo daquilo
que o homem pode sofrer; ou, em outras palavras, padeceu grandes
sofrimentos e foi exposto às mais poderosas contradições que
qualquer homem já tenha sofrido.” Veja também 3 Néfi 1:14 e Éter
4:12, quando Cristo fala a respeito de Si mesmo e de Seu papel como
Pai e Filho.
[6] “Espírito” aqui não se refere ao espírito da pessoa que éramos na
vida pré-mortal. Refere-se à característica ou a um aspecto da
natureza divina de Cristo, àquela que Ele herdou como Filho
Unigênito. Uma outra forma de fazer esta declaração seria “natureza
espiritual” versus “natureza mortal.” Esta distinção se torna óbvia pelo
“espiritualmente” versus “fisicamente” encontrados em Moisés 3:5.
Compare Bruce R. McConkie, Mormon Doctrine [Doutrina Mórmon,
756–61, e Joseph F. Smith, Gospel Doctrine [Doutrina do Evangelho],
14a. ed. (Salt Lake City: Deseret Book, 1971), 432.
[7] Este é o motivo pelo qual Amuleque diria “Porque é necessário
que haja um grande e último sacrifício; sim, não um sacrifício de
homem nem de animal nem de qualquer tipo de ave; pois não não
será um sacrifício humano; deverá porém, ser m sacrifício infinito e
eterno” (Alma 34:10). Cristo, se Ele fosse mortal como todos os
outros mortais, não poderia realizar um sacrifício e expiar por toda a
humanidade. Foi devido à Sua natureza imortal que Seu sacrifício foi
infinito e eterno.
[8] Veja também Russell M. Nelson, em Conference Report [Relatório
da Conferência], outubro de 1993, 46; “O Salvador era a única pessoa
que poderia cumprir [a Expiação]. De Sua mãe, Ele herdou o poder
para morrer. De Seu Pai, Ele obteve poder sobre a morte.” Da
mesma forma, Élder Nelson fala de uma criação paradisíaca de Deus,
uma criação mortal ocasionada pela Queda e uma criação imortal
ocasionada pela Expiação.
[9] Um colega de Educação Religiosa da Universidade de Brigham
Young me relembrou desta passagem. Veja também as palavras de
Cristo na cruz, “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E,
havendo dito isto, expirou” (Lucas 23:46).
[10] Para obter uma listagem semelhante, veja Jeffrey R. Holland,
Christ and the New Covenant [Cristo e o Novo Convênio] (Salt Lake
City: Deseret Book, 1997), 192.
[11] A Expiação, para ser efetivada por um sacrifício válido, deve ser
dada livremente (como todos os sacrifícios devem ser dados
livremente para serem válidos). Se a vida do Salvador pudesse ser
tirada Dele à força, então Sua morte seria involuntária e não um
sacrifício. Portanto, Ele disse, “Por isto o Pai me ama, porque dou a
minha vida para tornar a tomá-la” (João 10:17). Presidente John
Taylor comentou: “O Pai deu [a Cristo] poder para ter vida em si
mesmo: ‘Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu
também ao Filho ter a vida em si mesmo’ (João 5:26). Além disso, Ele
tinha o poder, quando toda a humanidade perdeu o seu, de restituir a
vida a eles novamente; e assim Ele é a ressurreição e a vida, um
poder que nenhum outro homem possui” (“The Mediation and
Atonement of Christ” [“A Mediação e a Expiação de Cristo”], The
Gospel Kingdom [O Reino do Evangelho], ed. G. Homer Durham [Salt
Lake City: Bookcraft, 1964], 114–15). Não era suficiente que Ele
tivesse a habilidade de simplesmente escapar da prisão e da morte.
Não era suficiente que Ele permitisse a si mesmo ser colocado nas
mãos de seus excutores. Ele também teve que escolher, Ele teve que
desejar a morte física. Por este motivo, a crucificação, embora
sintamos repúdio pelos aspectos vis desta forma de execução, foi
provavelmente o único tipo de execução que deu ao Salvador a
escolha de morrer ou não. Ao observador casual, teria parecido que
Cristo fora executado por crucificação. Entretanto, para aqueles como
Abinádi, que compreendiam a natureza do sacrifício de Cristo, Sua
morte na cruz foi um ato de Sua própria vontade e não de seus
executores. Este reconhecimento é insinuado em Marcos 15:39 pelo
centurião romano vendo a crucificação, quando declarou:
“Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.” Talvez
houvesse outras formas de execução que preenchessem os
requisitos citados, mas no momento as desconheço.
[12] Veja o discurso do Rei Benjamim das palavras de um anjo de
Deus sobre a Expiação em Mosias 3. Os versículos 8 e 9
especialmente revelam um conhecimento da doutrina que Abinádi
ensinou. Veja também a visão de Néfi em 1 Néfi 11, o discurso de
Alma em Alma 7, o entendimento de Amuleque em Alma 34:9-10, e a
explicação de Alma sobre a Expiação dada a seu filho em Alma 42,
especialmente no versículo 15. Deve ser também observado que
Abinádi pode não ter tido acesso a nenhum destes discursos, à
exceção de 1 Néfi 11. Mas ele pode ter tido a mesma fonte de
inspiração para esta doutrina que estava disponível para Alma e
Amuleque.
O Prefácio do Senhor
O Prefácio do Senhor
Élder Jeffrey R. Holland
"O nascimento de todas as coisas é frágil e delicado," disse
Michel de Montaigne, "e portanto devemos fitar nossos olhos
em inícios." [1] Neste capítulo eu gostaria de chamar atenção ao
início do livro de Doutrina e Convênios, especificamente à
seção 1, revelada pelo Senhor como "o prefácio do livro de . . .
mandamentos" (D&C 1:6).
Ao examinarmos a seção 1, é tão óbvio como é importante
notar que esta não foi a primeira das revelações do Profeta
Joseph, nem a vigésima, nem a qüinquagésima. Como os
irmãos sabem, foi recebida no dia 1º de novembro de 1831 em
Hiram, Estado de Ohio, depois que ele recebera mais de
sessenta revelações que hoje constituem as primeiras seções de
Doutrina e Convênios. Quanto à seqüência das revelações ela
foi recebida depois da atual seção 66 e antes da seção 67.
O que havia nesta instrução divina que a destacou, justificando
sua retirada do meio da compilação das revelações e
colocando-a no início, ou prefácio, das revelações modernas?
Talvez as respostas sejam óbvias e basta dizer aqui que é sem
dúvida uma introdução notável de um livro notável e
concordamos com entusiasmo com a avaliação do Élder John A.
Widtsoe: "Um bom prefácio deve preparar o leitor para o
conteudo do livro. Deve ajudá-lo a compreender o livro. Deve
mostrar de forma resumida todo o conteudo do livro. A seção 1
de Doutrina e Convênios é um dos grandes prefácios que
possui a humanidade" [2]
Não se sabe exatamente quando o Profeta começou a registrar
as principais revelações que recebeu mas sua história pessoal
indica que até princípios de 1829 ele já as escrevia com
regularidade e que em 6 de abril de 1830, ao organizar a Igreja,
recebeu uma revelação que mandou a Igreja manter um registro
de suas atividades. Dado que aqueles conselhos são
importantes com relação ao que sucedeu na Conferência de
Hiram, permitam-me citar:
"Eis que um registro será escrito entre vós; e nele serás [Joseph
Smith] chamado vidente, tradutor, profeta, apoóstolo de Jesus
Cristo, élder da igreja pela vontade de Deus, o Pai, e pela graça
de vosso Senhor Jesus Cristo,
"Portanto vós, ou seja, a igreja, dareis ouvidos a todas as
palavras e mandamentos que ele vos transmitir à medida que
ele os receber, andando em toda santidade diante de mim;
"Pois suas palavras recebereis como de minha própria boca,
como toda paciência e fé.
"Porque, assim fazendo, as portas do inferno não prevalecerão
contra vós; sim, e o Senhor Deus afastará de vós os poderes
das trevas e fará tremerem os céus para o vosso bem e para a
glória de seu nome" (D&C 21:1, 4-6).
Repetiram-se estas palavras e orientação quase vinte meses
mais tarde quando havia um ambiente de mais contenda e
menos disposição de aceitar por completo o papel profético de
Joseph. Logo nos referiremos a este fato.
Censura do Profeta
Durante 1830 e 1831 o Profeta continuou a receber revelações,
pondo as mais importantes no papel. Lá pelo outono de 1831
ele achava que estas revelações, mais aquelas que
anteriormente havia registrado, eram de importância suficiente
de justificar a publicação delas como livro. Com este propósito,
Joseph convidou os membros do sacerdócio a reunir-se em
Hiram durante os primeiros dois dias de novembro de 1831.
Então ele propôs àquele grupo que estas sessenta ou mais
revelações fossem aceitas como escrituras canonizadas e
publicadas sob o título de Livro de Mandamentos. Por isso o
grupo fez um estudo dos escritos compilados e, embora nossas
informações não sejam completas, a ata indica que houve
critíca por parte de certos membros presentes contra a
linguagem das revelações.
Durante esta discussaõ se recebeu a seção 1 como o prefácio
revelado para a proposta compilação e nesta revelação se
aconselha paciência quanto à linguagem: "Eis que eu sou Deus
e disse-o; estes mandamentos são meus e foram dados a meus
servos na sua fraqueza, conforme a sua maneira de falar, para
que alcançassem entendimento" (D&C 1:24).
Porém William E. McLellin ainda não estava convencido e por
fim desafiou o Profeta em pleno público, alegando que Joseph
tivesse inventado em sua própria mente algumas das partes das
revelações. Devido a este desafio, recebeu-se a seção 67:
"E agora eu, o Senhor, vos dou um testemunho da veracidade
desses mandamentos que estão diante de vós.
"Vossos olhos têm estado sobre meu servo, Joseph Smith
Júnior, e sua linguagem e suas imperfeições vós conheceis e em
vosso coração tendes procurado conhecimento para exprimir-
vos em melhor linguagem do que ele; isso também sabeis.
"Ora, no Livro de Mandamentos procurai o menor deles e
escolhei o mais sábio dentre vós;
"E, se houver entre vós alguém que produza um semelhante,
então sereis justificados em dizer que não sabeis se são
verdadeiros;
"Mas se não conseguirdes produzir um semelhante, estareis
sob condenção se não testificardes serem eles verdadeiros.
"Pois sabeis que nenhuma injustiça há neles e o que é justo
vem do alto, do Pai das luzes" (D&C 67:4-9).
Agora peço-lhes que se lembrem dos mandamentos e das
advertências da seção 21, dada quase vinte meses antes disso:
a luz foi prometida àqueles que apoiavam Joseph e as
revelações e a escuridão prometida para aqueles que os
negavam.
Naturalmente McLellin se achava capaz de aceitar o desafio. Só
um professor teria achado que estava tão bem preparado (uma
advertência solene para nós que somos do Sistema Educacional
da Igreja). A sós ele tentou escrever o que soava como
revelação para ele. Mas se provou que, como disse o Profeta
Joseph, ele tinha "mais instrução do que bom senso." [3] Depois
de uma noite longa ele apareceu no dia 2 de novembro perante
os participantes da conferência e, com lágirmas nos olhos,
pediu perdão ao Profeta, aos irmãos e ao Senhor. Ele havia
fracassado de forma arrasadora, quase que não podendo
escrever palavra alguma. Tal fracasso total por parte de uma
pessoa tão respeitada teve um efeito profundo na conferência.
Cada portador do sacerdócio por sua vez se levantou e prestou
testemunho da comunicação de Deus com o Profeta Joseph e as
revelações que foram concedidas. Após estes testemunhos a
conferência autorizou a publicação do Livro de Mandamentos e
designou que Oliver Cowdery fosse a Independence, Estado de
Missouri, para supervisionar a publicação.
Assim o testemunho decisivo da seção 1 referente ao papel
profético e o processo de revelação não consiste somente no
conteúdo da seção, que vamos examinar, como também no
contexto histórico em que ela foi recebida. Neste sentido, o que
é o prefácio é tão importante à Restauração como o que ele diz.
De um modo muito real, a fé e o compromisso dos santos
pioneiros para como estas revelações estavam em jogo no
próprio momento que eram compiladas. Eles simplesmente
tinham que saber-ou tinham que vir a saber-que, questões de
gramática, emprego de palavras e retórica à parte, estas
revelações não foram a invenção de uma imaginação fértil e
vívida. O futuro da igreja nova estava em perigo. Ou, para ser
mais preciso, a salvação de almas individuais estava em perigo.
Para eles e para nós, a ordem do Senhor é simples e sem
ambiguidade: "Examinai estes mandamentos, porque são
veradeiros e fiéis; e as profecias e as promessas neles contidas
serão todas cumpridas. O que eu, o Senhor, disse está dito e
não me desculpo; e ainda que passem os céus e a Terra, minha
palavra não passará, mas será toda cumprida, seja pela minha
própria voz ou pela voz de meus servos, é o mesmo" (D&C
1:37-38).
Isto pode parecer uma coisa de pouca importância aos Santos
dos Últimos Dias de quarta e quinta geração mas desconfio que
não foi algo de pouca importância nem para o Profeta Joseph
nem para os fiéis e nem para os cépticos que tinham que
labutar para fazer as pazes com sua própria consciência e com
o Senhor. Em verdade sentimos a dolorosa emoção na frase
escrita pelo Profeta Joseph naquele dia: "Era uma
responsabilidade terrível escrever em nome do Senhor." [4] De
fato era e agora William E. McLellin e os outros também
compreendiam isso. Talvez nisso vejamos mais uma vez a
sabedoria do Senhor em chamar um moço quase iletrado para
ser o instrumento pelo qual Ele falaria. Posto que fracassou o
letrado irmão McLellin, parecia obviamente claro que nem o
Profeta Joseph nem qualquer outro homem era capaz, por si
mesmo [sem Deus], de revelar profecias que se cumprissem ou
de escrever revelações que tivessem o espírito familiar da
divindade. O élder Orson F. Whitney certa vez notou que um
homem arrogante e vão que ridicularizava os provérbios de
Salomão havia comentado: "Qualquer pessoa pode fazer alguns
provérbios." A réplica era simples: "Procure fazer alguns."
Em termos de sua mensagem inerente e do confronto breve,
porém dramático, do qual surgiu, a seção 1 estabelece para o
livro todo e nós o papel profético, o processo divino, a
realidade da revelação do Onipotente e a impossibilidade de
pretensão, engano e falsificação. Logo nestes casos se
descobrem os impostores, homens que só são homens e não
homens de Deus.
A Jornada Prototípica
Agora vejamos a própria revelação. Desde o tempo em que
Homero mandou Ulisses para a guerra e tentou trazê-lo de
volta, a alusão a uma jornada ou a uma busca ou a uma
odisséia tem sido um dos grandes temas da literatura mundial.
Sem fazer uma pesquisa geral da literatura, pode-se notar que
este tema aparece muito mais nos grandes escritos religiosos
do mundo.
Um dos grandes poemas religiosos é a Divina Comédia de
Dante. Quem entre os irmãos conhece o poema, e todos nós
devemos conhecê-lo, sabe que não se trata só de uma jornada
mas também, de certo modo, se trata de uma autobiografia da
alma.
O declínio e ascenção da Divina Comédia, que é
propositalmente bíblica, representam a Queda e a Expiação, a
morte e a ressurreição e destacam a doutrina bem conhecida da
jornada de Cristo. Nesta obra, Dante, acompanhado de Virgílio,
começa a descida ao inferno na tarde da sexta-feira santa.
Descem, degrau por degrau, até os círculos mais profundos do
inferno. Daí os dois reaparecem de manhã na Páscoa prontos
para subir ao céu. Dante luta para subir a montanha
precipitosa. Nas saliências do monte estão outras almas
penitentes, preparando-se para a disciplina de uma vida
celeste. Ao aproximarem-se do cume, Estácio, que acaba de
fazer penitência, se reúne com eles e os três sobem até
lá em cima onde encontram o paraíso. Dois séculos e meio mais
tarde, John Bunyan usaria aspectos desta mesma viagem para
escrever a alegoria cristã mais influente que já se escreveu em
língua inglesa, Pilgrim's Progress [ O Peregrino]. Refiro-me a
estes escritos não canonizados e não proféticos para que eu
possa focalizar numa experiência semelhante, mas bem mais
literal, que aparece na seção 1, experiência esta que foi
recebida por meio de revelação divina para um profeta vivo de
Deus. Estas passgens iniciais são em si um símbolo para o resto
do livro de Doutrina e Convênios, uma divina comédia. Isto não
quer dizer que a seção é cômica. A comédia, no sentido
literário, desce para depois subir, levando à felicidade, paz e
satisfação. A tragédia, por outro lado, depois de ascender
desce, levando à dor, à maldição e, muitas vezes, à morte.
Um Começo Agourento
A seção 1, obviamente, é mais parecida com Deuteronômio do
que Dante mas mesmo assim a jornada do povo de Deus está
aí, ou em poezia, ou na areia de Sinai ou na selva do Estado de
Ohio. Israel, antigo e moderno, está sempre em movimento.
Notem o tom agourento destas passagens que nos dão uma
vista literal do inferno contra o qual devemos advertir. A seção
já de começo é ominosa e logo se torna mais severa.
"Escutai, ó povo da minha igreja, diz a voz daquele que habita
no alto e cujos olhos estão sobre todos os homens; sim, em
verdade vos digo: Escutai, ó povos distantes e vós que estais
nas ilhas do mar, escutai juntamente.
"Pois em verdade a voz do Senhor dirige-se a todos os homens
e ninguém há de escapar; e não haverá olho que não veja nem
ouvido que não ouça nem coração que não seja penetrado.
"E os rebeldes serão afligidos com muita tristeza, porque suas
iniqüidades serão proclamadas em cima dos telhados e seus
feitos secretos serão revelados.
"E a voz de advertência irá a todos os povos pela boca de meus
discípulos, que escolhi nestes últimos dias.
"E eles irão e ninguém os deterá, porque eu, o Senhor, os
mandei ir.
"Eis que esta é a minha autoridade e a autoridade de meus
servos e o meu prefácio ao livro de meus mandamentos, os
quais lhes dei para que os publicassem para vós, ó habitantes
da Terra.
"Portanto temei e tremei, ó povos, porque o que eu, o Senhor,
neles decretei, neles será cumprido.
"E em verdade vos digo que àqueles que saírem para levar estas
novas aos habitantes da Terra será dado poder para selar, tanto
na Terra como nos céus, os incrédulos e rebeldes;
"Sim, em verdade, selá-los para o dia em que a ira de Deus se
derramar sem medida sobre os iníquos-
"Para o dia em que o Senhor vier recompensar cada homem de
acordo com suas obras e medir cada homem com a mesma
medida com que ele houver medido seu próximo.
"Portanto a voz do Senhor chega aos confins da Terra, para que
ouçam os que quiserem ouvir:
"Preparai-vos, preparai-vos para o que está para vir, porque o
Senhor está perto;
"E a ira do Senhor está acesa e sua espada está lavada nos céus
e sobre os habitantes da Terra caírá.
"E o braço do Senhor será revelado; e chegará o dia em que
aqueles que não ouvirem a voz do Senhor nem a voz de seus
servos nem atenderem às palavras dos profetas e apóstolos
serão afastados do meio do povo" (D&C 1:1-14).
é óbvio nestes catorze versículos que nos vemos em grandes
apuros. é como se descêssemos a um momento tenebroso em
que o braço do Senhor se revela, sua ira está acesa, sua espada
está lavada nos céus para logo cair sobre os habitantes da
Terra. Cairá pelo menos (Note bem, William E. McLellin.) sobre
aqueles que "não ouvirem a voz do Senhor nem a dos seus
servos e que não atenderem às palavras dos profetas e dos
apóstolos." Aqueles serão "afastados do meio do [meu] povo"
(D&C 1:14). Obviamente a espada dos céus não somente estava
sobre o mundo como também sobre aqueles que haviam se
reunido na conferência de Hiram. Não se esqueçam da
saudação inicial da seção 1, "ó povo da minha igreja."
Descida à Idolatria
Voltemos à descida infernal. é justmante aqui que vemos a
derradeira transgressão dos nossos dias, o pecado de nossa
dispensação, sim, o pecado fundamental de todas as
dispensações. Nos versículos 15 e 16 chegamos à essência,
ao último círculo aonde as pessoas, inclusive as da Igreja,
podem descer se não forem fiéis em todos os sentidos às
revelações de Deus. O Senhor diz: "Pois desviaram-se de
minhas ordenanças e quebraram meu convênio eterno. Não
buscam o Senhor para estabelecer sua justiça, mas todo
homem anda em seu próprio caminho e segundo a imagem de
seu próprio deus, cuja imagem é à semelhança do mundo e
cuja substância é a de um ídolo que envelhece e perecerá em
Babilônia, sim, Babilônia, a grande, que cairá" (D&C 1:15-16).
Babilônia é, nas escrituras, o símbolo figurativo da vida
decadente, ou seja, tudo neste mundo que não seja justo. E é
justamente para Babilônia que tínhamos descido no versículo
16. No meio do pecado e dos pecadores encontramos o maior
pecado de todos: infidelidade e desobediência na sua forma
mais fatal-a idolatria.
Dos dez grandes mandamentos dados no Monte Sinai, o
primeiro, o principal, o que permanece é:"Não terás outros
deuses diante de mim"; e, caso não entendêssemos, "Não farás
para ti imagens de escultura" (êxodo 20:3,4). Entre as dez leis
escritas nas duas tábuas de pedra, Jeová usa dois décimos, um
quinto, 20% daquele espaço precioso para estabelecer dois
mandamentos que, se não forem compreendidos e guardados,
tornarão todos os outros inúteis, tanto nesta vida como na
eternidade. Por importantes que sejam os mandamentos de
honrarmos nossos pais, de santificarmos o dia do sábado, de
sermos honestos e de nos mantermos castos e preservar a vida
dos outros, nenhum deles terá o poder redentor e santificador
que deve ter, se não entendermos primeiro que Deus é nosso
Pai e que nós somos seus filhos e que não devemos ter outra
lealdade que possa nos afastar dele.
No entatno essa foi o estado da deslealdade do mundo ao
entrar no século dezenove. Ademais ficou claro que o mundo é
até mais desleal hoje em dia. Como povos do mundo, temos
desviado das ordenanças e quebrado os convênios e não
estamos buscando o Senhor para estabelecer sua justiça. Na
verdade estamos andando em nosso próprio caminho segundo
nossos próprios deuses cuja imagem é à semelhança do mundo
e cuja substância é a de um ídolo. As chamas e o dedo de Sinai
apontam e acusam nossos dias. Os irmãos devem se lembrar
deste comentário do Presidente Spencer W. Kimball:
"As autoridades clamam constantemente contra aquilo que o
Senhor não tolera: contra a poluição da mente, do corpo e do
meio ambiente; contra a indecência, o furto, a mentira, o
orgulho e a blasfêmia; contra a fornicação, o adultério, o
homossexualismo e todos os outros abusos do poder sagrado
da procriação; contra o assassínio e tudo que é semelhante;
contra toda sorte de dessacralização.
"Espanta-me que tal clamor seja necessário entre um povo tão
abençoado. E para mim é quase que incrível que tais pecados
se acham até entre os Santos, pois somos um povo que possui
muitos dons do Espírito, que tem o conhecimento que dá
perspectiva à eternidade e que conhece o caminho para a vida
eterna.
"Infelizmente, porém, descobrimos que conhecer o caminho
não signifa andar nele e há muitos que ainda não conseguem
permanecer fiéis. Estes se submeteram, de uma forma ou outra,
às tentações de Satanás e de seus servos e uniram-se àqueles
'do mundo' que levam vidas que se aprofundam cada vez mais
na idolatria.
"Uso a palavra idolatria de propósito. Ao estudar as escrituras
antigas, convenço-me mais e mais de que há muito sentido no
fato do mandamento: 'Não terás outros deuses diante de mim'
ser o primeiro dos Dez Mandamentos.
"Poucos homens consciente e deliberadamente decidem rejeitar
Deus e sua bênção. Em vez disso, como aprendemos através
das escrituras, o homem carnal tende a transferir sua confiança
em Deus para as coisas do mundo porque exercer a fé sempre
se torna mais difícil do que confiar nas coisas materiais,
próximas de nós. Portanto, em todas as épocas quando os
homens cedem ao poder de Satanás e perdem a fé, colocam em
seu lugar a esperança "no braço da carne" e nos "deuses de
prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que
não vêem, não ouvem, nem sabem" (Daniel 5:23.)-ou seja, nos
ídolos. Tenho notado que a idolatria se trata de um tema
dominante no Velho Testamento. Aquilo que o homem ama e
em que confia mais se torna seu deus e se este deus não for o
Deus vivo e verdadeiro de Israel, aquele homem está praticando
a idolatria. . . .
"Apesar de nosso prazer em definir-nos como sendo modernos
e apesar de nossa tendência de pensar que possuímos uma
sofisticação que nenhum outro povo do passado possuía-
apesar destas coisas, somos de modo geral um povo idólatra-
uma condição muito repugnante ao Senhor." [5] Os homens
são, como disse certa vez Oliver Wendell Holmes, idólatras de
coração, e se não nos conscientizarmos disso e não nos
defendermos contra a tendência para este pecado tão maligno,
como adverte este grande prefácio de Doutrina e Convênios,
não tiraremos proveito de nenhum dos conselhos que seguem
nas outras seções e até nos outros livros padrão. Simplesmente
não haverá ordenanças nem revelações nem ensinamentos
suficientes para salvar nossa alma, se não guardarmos o
primeiro e grande mandamento: "Amarás, pois, ao Senhor teu
Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as
tuas forças" (Deuteronômio 6:5). Este fato incontestável parece
ser o fundamento da mensagem do prefácio do Senhor.
Aqueles versículos (D&C 1:15-16), o confronto essencial com
nossos pecados num mundo em perigo das chamas do inferno
e com medo da espada lavada nos céus formam o ponto de
viragem da revelação. Formam o ponto de viragem da vida de
quem faz a jornada. Se quisermos responder, se quisermos
transformar nossa vida e o futuro do mundo e o significado
desta dispensação, o versículo 17 será como água na língua do
atormentado. "Portanto eu, o Senhor, conhecendo as
calamidades que adviriam aos habitantes da Terra, chamei meu
servo Joseph Smith Júnior e falei-lhe do céu e dei-lhe
mandamentos" (D&C 1:17).
Notas de rodapé:
[1] Montaigne, "Of Managing the Will [Controlar a vontade],"
Essays [Ensaios], tradução de Charles Cotton, redação de
William Carew Hazlitt (1877).
[2] John A. Widtsoe, The Message of the Doctrine and
Covenants [A mensagem do Doutrina e Convênios], redação de
G. Homer Durham (Salt Lake City: Bookcraft, 1969), 11-12.
[3] Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints [A história da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Úlitmos Dias], redação de B. H. Roberts, 2nd ed.,
rev. (London: Latter-day Saints' Book Depot, 1957), 1:226.
[4] Smith, History of the Church, 1:226.
[5] Spencer W. Kimball, "The False Gods We Worship [Os falsos
deuses que adoramos]," Ensign, junho de 1976, 4, 6.
[6] Smith, History of the Church, 5:24.
Os Profetas e o Sacerdócio No Velho
Testamento
Millet, Robert L., "Prophets and Priesthood in the Old Testament
(Os Profetas e o Sacerdócio no Velho Testamento)" em Sperry
Symposium Classics: The Old Testament, redação de Paul
Y. Hoskisson (Provo e Salt Lake City: Religious Studies Center,
Brigham Young University, e Deseret Book 2005), 48-68.
Os Profetas e o Sacerdócio No Velho Testamento
Robert L. Millet
Notas
[1] Um resumo desses convênios que Deus fez com Abraão é que
Jesus Cristo nasceria da linhagem de Abraão, que a posteridade de
Abraão seria mais numerosa que as estrelas ou a areia do mar, que
sua posteridade abençoaria todas as nações e, finalmente, que lhes
foi prometida uma terra de herança (veja Gênesis 17; 22; Abraão 2:6–
11; Bible Dictionary [Dicionário da Bíblia], “Abraham” and “Abraham,
Covenant of” [“Abraão” e “Abraão, Convênio de”], 601–2).
[2] Veja também o excelente artigo de Andrew C. Skinner, “The
Foundational Doctrine of 1 Nephi 11–14” [“A Doutrina Fundacional de
1 Néfi 11–14”], Religious Educator [Educador Religioso] 2, no. 2
(2001): 139–55.
[3] History of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [História
d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), ed. B. H.
Roberts, 2a. ed. rev. (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints, 1957), 4:461.
Os Remanescentes Coligados, Convênios
Cumpridos
O Elo de José
O primeiro elo chamarei o elo de José. Este vínculo se aplica
tanto a José que fora vendido aos egípcios como ao profeta
Joseph (José) Smith. Há poucos vultos do Velho Testamento que
são mais importantes aos Santos dos Últimos Dias do que José
do Egito. Muitos comentaristas, estudantes da Bíblia, o
descrevem como um tipo ou prenúncio do Salvador. Ademais
conhecemo-lo como arquétipo específico para o Profeta Joseph
Smith e arquétipo genérico para todos os membros da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Aliás, muitos
membros da Igreja são descendentes de José através de seus
filhos Efraim e Manassés.
A importância de José no livro de Gênesis se mostra pelo fato
dele ter proeminência em 16 dos 50 capítulos do livro (vide
Gênesis 30; 33; 35; 37; 39-50). A duração de sua vida do berço
até a cova [3] representa somente 4% dos dois mil e setecentos
anos cobertos pelo livro de Gênesis. Não obstante, relata-se
sua vida em quase um terço dos capítulos. [4]
Na versão King James da Bíblia inglesa, Gênesis 50 termina pelo
versículo 26, que registra a morte de José. A tradução de
Joseph Smith (TJS) do capítulo 50 não só acrescenta
informações importantes aos versículos 24-26 como também
providencia doze versículos a mais que enriquecem nosso
conhecimento do elo de José (vide a Tradução de Joseph Smith,
Gênesis 50:27-38). O que se acrescentou inclue as seguintes
informações que parafraseei:
1. Um ramo justo seria suscitado posteriormente dos lombos
de José (vide TJS, Gênesis 50:24).
2. Israel seria disperso. Um ramo seria cortado e levado para
uma terra longínqua (vide TJS, Gênesis 50:25).
3. Um vidente escolhido, descendente de José, seria levantado
para fazer uma obra para o fruto de seus lombos (vide TJS,
Gênesis 50:26-29).
4. As escrituras do fruto dos lombos de José se uniriam às
escrituras do fruto dos lombos de Judá para trazer-nos o
conhecimento de nossos pais e dos convênios sempiternos.
Este conhecimento viria nos últimos dias (vide TJS, Gênesis
50:30-32).
5. O vidente prometido seria chamado José (Joseph) segundo o
nome de seu pai e ele seria como José, filho de Jacó, trazendo
salvação aos filhos do Senhor (vide TJS, Gênesis 50:33).
Estes acréscimos são bons exemplos das verdades “claras e
preciosas” que foram restaurdadas através do Profeta Joseph
Smith (vide 1 Néfi 13:40).
Ele e o José antigo tinham muito em comum, como as
escrituras mostram que logo citarei. No Livro de Mórmon
lemos: “ Uma parte que restou da túnica de José fora
preservada e não se havia estragado. . . Assim como este
remanescente das vestes de meu filho foi preservado, também
um remanescente da semente de meu filho será preservado
pela mão de Deus” (Alma 46:24).
Nós somos remanescentes daquela semente preciosa. Joseph
Smtih fora escolhido pelo Senhor para tomar sobre si a obra da
tribo de José, filho de Jacó. Há muitos séculos José profetizou a
respeito de Joseph Smith e descreveu o vínculo entre os dois.
Novamente cito o Livro de Mórmon: “Sim, José verdadeiramente
disse: Assim me diz o Senhor: Um vidente escohlhido levantarei
eu do fruto de teus lombos. E gozará de grande estima entre o
fruto de teus lombos. A ele ordenarei que faça um trabalho
para seus irmãos, o fruto de teus lombos, que lhes será de
grande benefício, levando-os a conhecer os convênios que fiz
com teus pais. E dar-lhe-ei o mandamento de não fazer
qualquer outro trabalho, exceto o que eu lhe ordenar. E fá-lo-
ei grande a meus olhos, porque fará o meu trabalho (2 Néfi
3:14-15).
O elo de José se aplica não somente a Joseph Smith Jr. mas
também a seu pai. Cito as palavras de José que foi vendido no
Egito: “Eis que o Senhor abençoará este vidente (Joseph Smith).
. . porque esta promessa que obtive do Senhor para o fruto de
meus lombos será cumprida. Eis que estou certo do
cumprimento desta promessa. E seu nome será igual ao meu e
será chamado pelo nome de seu pai. E ele será semelhante a
mim; porque aquilo que o Senhor fizer através de sua mão,
pelo poder do Senhor, levará meu povo à salvação” (2 Néfi
3:14-15).
José e Joseph Smith tinham mais em comum do que sua
linhagem. Aos dezessete anos, José, filho de Jacó, foi informado
a respeito de seu grande destino (vide Gênesis 37:2). Na
mesma idade Joseph Smith foi informado de seu destino
referente ao Livro de Mórmon: Tinha dezessete anos quando da
primeira visita do anjo Morôni que informou o jovem profeta de
que “Deus tinha um trabalho para ele fazer.” Ele traduziria um
livro escrito em placas douradas que continham a plenitude do
evangelho eterno. Seu “nome seria considerado bom e mau
entre todas as nações, povos e línguas” (Joseph Smith—História
1:33; vide também 1:34-41).
Os dois Josés foram perseguidos. José no Egito foi acusado por
testemunho falso de um crime que não cometeu e foi
encarcerado (vide Gênesis 39:11-20). Joseph Smith também foi
encarcerado devido a acusações inventadas e falsas. [5]
A túnica de muitas cores de José foi-lhe tirada pelos irmãos em
uma tentativa cruel de convenecer seu pai que José fora morto
(vide Gênesis 37:2-33). A vida de Joseph Smith foi-lhe tirada
principalmente por traição de falsos irmãos.
Antigamente “tendo toda a terra do Egito fome, clamou o povo
a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José; o
que ele vos disser, fazei” (Gênesis 41:55). Nos últimos dias,
aqueles que têm fome da nutrição que somente o evangelho
pode-lhes proporcionar serão alimentados—por Joseph. O
Senhor declarou que “esta geração terá minha palavra por meio
de [Joseph Smith]” (D&C 5:10). Hoje nós banqueteamos com as
palavras de Cristo graças a Joseph Smith (2 Néfi 32:3).
O elo de José se resome nestas linhas do livro de Éter:
Porque como José levou seu pai para a terra do Egito, de modo
que ele lá morreu, da mesma forma o Senhor tirou da terra de
Jerusalém um remanescente da semente de José para usar de
misericórdia com a descendência de José, a fim de que não
perecesse, assim como fora misericorioso para como o pai de
José, a fim de que ele não perecesse.
Portanto os remanescentes da casa de José serão estabelecidos
nesta terra [as Américas]; e será a terra de sua herança; e
edificarão uma cidade sagrada para o Senhor, semelhante à
antiga Jerusalém. . .
. . . e bem-aventurados os que nela habitam, porque são
aqueles cujas vestes são branqueadas por meio do sangue do
Cordeiro; e são aqueles que são contados com os
remanescentes da semente de José, que eram da casa de Israel.
. . . e são os que foram dispersos e coligados das quatro partes
da terra e dos países do norte e participarão do cumprimento
do convênio feito por Deus com seu pai Abraão. (Éter 13:7-8,
10-11)
O Elo Do Êxodo
O quarto elo que liga Israel antigo a Israel moderno chamarei o
elo do Êxodo. Num serão domingueiro do Sistema Educacional
da Igreja que foi transmitido por satélite em setembro de 1997,
falei sobre o assunto de “o êxodo repetido.” Aí falei das
ligações entre Israel antigo e o moderno, que também são
relevantes para uma exposição mais profunda do assunto “os
remanescentes coligados e os convênios cumpridos.” São muito
fascinantes os paralelos entre o êxodo do Egito dos israelitas
guiados por Moisés e o êxodo dos Estados Unidos dos
pioneiros sob a liderança de Brigham Young.
Os dois povos foram perseguidos pelo seu governo. Os
israelitas antigos eram servos de faraó (Deuteronômio 6:21). Os
Santos dos Últimos Dias eram perseguidos pelo seu próprio
governo. [21]
Moisés havia sido preparado na corte do Egito e ganhou muita
experiência tanto na área militar como em outras
responsabilidades (vide Hebreus 11:24-27). De igual modo
Brigham Young foi preparado para o seu papel de líder. Na
marcha do Acampamento de Sião ele observou a liderança de
Joseph Smith sob condições dificílimas. [22] Brigham Young
ajudou na evacuação dos Santos de Kirtland e dirigiu a
mudança dos Santos perseguidos de Missouri a Nauvoo. [23]
Deus preservou Israel antigo das pragas que havia mandado
sobre o Egito (vide Êxodo 15:26). Deus preservou os Santos da
praga da Guerra Civil dos Estados Unidos que causou mais
mortes americanas do que qualquer outra guerra.
Os dois grupos tiveram que deixar suas casas e patrimônio. Os
dois tiveram que depender unicamente do Senhor e ser
sustentados por Ele durante suas caminhadas. Os dois
atravessaram desertos, montanhas e vales de terras selvagens.
Os israelitas antigos saíram do Egito pelas águas do Mar
Vermelho como se fosse por terra seca (Hebreus 11:29). Alguns
pioneiros deixaram os Estados Unidos, atravessando as águas
largas do Rio Mississippi que havia congelado, tornando-se
uma estrada de gelo. [24] Os dois grupos padeceram provações
de sua fé onde os fracos foram separados e os fortes dotados
de poder para permanecer fiéis até o fim (vide Éter 12:6; D&C
101:4-5; 105:19).
Os filhos de Israel possuíam um tabernáculo port´til em que se
faziam convênios e ordenanças para fortalecê-los para a
jornada. [25] No início o tabernáculo servia de templo portátil
antes dos israelitas perderem a lei maior (vide D&C 84:23-26;
124:38; TJS, Êxodo 34:1-2). De forma semelhante muitos
Santos dos Últimos Dias receberam a investidura no Templo de
Nauvoo antes de sua jornada ao oeste.
A caminhada do Egito ao Monte Sinai levou mais ou menos três
meses (vide Êxodo 12:2, 3, 6, 18: 13:4; 19:1). A jornada de
Winter Quarters ao vale do Grande Lago Salgado também
levaria aproximadamente três meses. [26]
A terra prometida dos dois grupos também tinha similaridade.
A de Israel antigo tinha um mar de água salgada no seu
interior, alimentado pelo Rio Jordão. No interior da terra dos
pioneiros também tinha um mar de água salgada, alimentado
por outro Rio Jordão. O lugar de destino dos dois grupos era
descrito pelo Senhor como uma terra “repleta de leite e
mel”. [27] Os pioneiros transformaram o deserto em um campo
frutífero (vide Isaías 32:15-16) e fizeram o deserto florescer
como a rosa (vide Isaías 35:1), exatamente como profetizou
Isaías.
Tanto para os israelitas como para os Santos as leis civis e
eclesiásticas se uniam sob um cabeça. Moisés tinha esta
responsabilidade pelos israelitas. [28] Brigham Young, o Moisés
moderno [29] (vide D&C 103:16), liderou o movimento ao oeste
com a bênção do Senhor (vide D&C 136:1-42). Moisés e
Brigham Young seguiram modelos paralelos de governo (vide
Êxodo 18:17-21; D&C 136:1-4). E cada um padeceu a rebelião
de seus colegas mais achegados. [30] Não obstante, o mesmo
padrão unificado de governo novamente prevalecerá quando o
Senhor for “Rei sobre toda a terra” (Salmos 47:2; Zacarias 14:9)
e Ele há de reinar tanto em Sião como em Jerusalém (vide Isaías
2:1-4).
Os israelitas comemoraram seu êxodo do Egito. Os Santos dos
Últimos Dias celebraram seu êxodo com o estabelecimento da
sede da Igreja restaurada no cume das montanhas. As duas
celebrações comemoram uma libertação milagrosa efetuada por
Deus (vide Jeremias 16:15; 23:7). [31] O elo de êxodo nos
lembra uma escritura do Velho Testamento que exprime
gratidão: “E Moisés disse ao povo: Lembrai-vos deste mesmo
dia, em que saístes do Egito, da casa da servidão; pois com
mão forte o Senhor vos tirou daqui” (Êxodo 13:3).
Resumo
Israel antigo e moderno andam de braços dados. Muitas
profecias do Velho Testamento estão-se cumprindo em nossos
dias. Isaías profetizou: “E acontecerá nos últimos dias que se
firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se
elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as
nações” (Isaías 2:2; vide também 2 Néfi 12:2; TJS, Isaías 2:2).
Durante o ano que passou visitantes de mais de cem nações
foram visitar a sede mundial da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias. [33]
Tanto Israel antigo como Israel moderno acreditam na
mensagem para todos dos tempos do Velho Testamento:
“Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel,
que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que
o amam e guardam os seus mandamentos” (Deuteronômio
7:9). [34]
Todos os membros fiéis da Igreja receberão seu galardão justo:
“Portanto todas as coisas são suas, seja a vida ou a morte, as
coisas presentes ou as coisas futuras, todas são deles e eles
são de Cristo e Cristo é de Deus” (D&C 76:59).
Eu gostaria de prestar meu testemunho como um que se uniu a
vocês, meus queridos irmãos e irmãs. Amamos nosso Pai
Celestial. Amamos o Senhor Jesus Cristo. Somos seu povo.
Tomamos sobre nós seu sagrado nome. Somos seus
remanescentes, agora sendo coligados e colhidos em seus
celeiros eternos (vide Alma 26:5). Estamos cumprindo “o
convênio que o Pai fez com seu povo” 3 Néfi 20:12). Estamos
sendo conduzidos ao conhecimento do nosso Senhor que nos
redimiu (vide 3 Néfi 20:12-13). Somos os “filhos do convênio”
(3 Néfi 20:26; vide também Atos 3:25; 3 Néfi 20:25) destinados
a ser como Israel antigo, ou seja, “um reino sacerdotal e o povo
santo” (Êxodo 19:6; vide também D&C 76:56-57). Sabemos que
Joseph Smith é o grande profeta da Restauração e que o
Presidente Gordon B. Hinckley é o profeta atual do Senhor.
Meu testemunho, meu amor e minha bênção deixo com os
irmãos em nome de Jesus Cristo, amém.
Anotações
[1] Dez milhões de membros da Igreja representam 0,0017 por
cento da população mundial de 5,8 bilhões.
[2] O vocábulo santos aparece em sessenta e dois versículos do
Novo Testamento.
[3] José faleceu aos 110 anos (vide Gênesis 50:26).
[4] Dezesseis capítulos de cinqüenta capítulos totais igual a
32%.
[5] Vide J. Reuben Clark, Jr., On the Way to Immortality and
Eternal Life [A caminho da Imortalidade e Vida Eterna] (Salt Lake
City: Deseret Book, 1949); Ezra Taft Benson, relatório da
conferência geral de abril 1954, 58.
[6] Aproximadamente 25% do manuscrito original se encontra
nos arquivos históricos da Igreja. O manuscrito da gráfica é da
Comunidade de Cristo (outrora Igreja SUD Reorganizada) e
estava emprestado por um tempo à Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias. Conforme os relatos este está inteiro a
não ser duas linhas da página de rosto.
[7] Vide Sydney B. Sperry, “The Isaiah Problem in the Book of
Mormon” [O problema de Isaías no Livro de
Mórmon],Improvement Era, outubro de 1939, 594.
[8] Monte S. Nyman, na Encycopedia of Mormonism
[Enciclopédia do Mormonismo], redação de Daniel H. Ludlow
(Nova York, Macmillan, 19920, 2:702. Outra referência em
Joseph Smith—História 1:40.
[9] Vide 3 Néfi 24:1; D&C 110:14; 128:17; 133:64; 138:46;
Joseph Smith—História 1:36.
[10] Vide 3 Néfi 25:5; D&C 2:1; 27:9; 35:4; 110:13, 14; 128:17;
133:55; 138:46, 47; Joseph Smith—História 1:38.
[11] Moisés aparece em 1.300 versículos nas escrituras, 515
dos quais (40%) se encontram em revelações modernas.
[12] Comunicação pessoal do Élder Jeffrey R. Holland, junho de
1997.
[13] O nome de Abraão aparece em 506 versículos nas
escrituras, 289 das quais se encontram em revelações
modernas.
[14] O convênio também é recebido através da adoção (vide
Mateus 3:9; Lucas 3:8; G´latas 3:27-29; 4:5.
[15] Comparem a profecia de Paulo da Restauração em Efésios
1:10.
[16] Joseph Smith, citado por Wilford Woodruff, The Discourses
of Wilford Woodruff [Os discursos de Wilford Woodruff],
redação de G. Homer Durham (Salt Lake City: Bookcraft, 1946)
39.
[17] Congregar vem do verbo hebraico qabats que significa
“congregar” ou “reunir-se.”
[18] Ortografia conforme James Strong, The Exhaustive
Concordance of the Bible [Concordância Completa da Bíblia],
(1890; republicado, Nova York: Abingdon, 1965), “Dicion´rio de
Hebreu e Caldeu,” 50, 15.
[19] José foi “acrescentado” à família de Raquel porque sua
serva, Bila, já havia dado à luz Dã e Naftáli (vide Gênesis 30:5-
8). Vide também Deuteronômio 33:16-17, que se refere à
descendência de José que seria empurrado “até os confins da
terra: estes pois são os dez milhares de Efraim, estes são os
milhares de Manassés.” TJS, Gênesis 50:34 também afirma que
a semente de José seria preservada para sempre.
[20] Vide Erastus Snow, em Journal of Discourses [Jornal dos
Discursos] (Londres: Depósito de Livros dos Santos dos Últimos
Dias, 1854-86), 23:183-84.
[21] Os pioneiros foram expulsos do Estado de Missouri
mediante a ameaça de uma ordem assinada pelo governador do
estado, dizendo que “Os Mórmons devem ser tratados como
inimigos e devem ser ou exterminados ou expulsos do estado”
(Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of Latter-
day Saints, redação de B. H. Roberts, 2 edição revisada [Salt
Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,
1951-52] 3:175). Em 1887, o Congresso dos Estados Unidos da
América tomou o passo sem precedentes de eliminar a
existência legal da Igreja por revocar seu contrato social e
assim autorizou que todo o patrimônio passasse aos agentes
do governo, inclusive seus prédios de adoração mais sagrados,
os templos de Logan, Salt Lake City, Manti e Saint George (vide
The Late Corporation of the Church of Jesus Christ of Latter-
day Saints x os Estados Unidos [A ex-Sociedade d’A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias contra os Estados
Unidos] 136, U.S. 1 [1890]). Mesmo assim, os Santos sabiam
que eram da semente de Abraão e herdeiros das promessas e
da proteção do Senhor (vide D&C 103:17:20).
[22] Vide Smith, History of the Church [História da Igreja], 2:6-
12.185; Leonard J. Arrington, Brigham Young: American
Moses(Nova York, Knopf, 1985), 58.
[23] Vide Smith, History of the Church [História da Igreja],
2:529; 3:252, 261; Preston Nibley, The Presidents of the Church
[Os Presidentes da Igreja] (Salt Lake City: Deseret Book, 1974),
41.
[24] Vide Orson Pratt, Journal of Discourses [Jornal de
Discursos], 21:275-77.
[25] As ordenanças e convênios de Israel antigo se constam em
1 Coríntios 10:1-3; para Israel moderno, vide D&C 84:26-27.
[26] Cento e onze dias.
[27] Para o povo de Israel antigo, vide Êxodo 3:8, 17; 13:5;
33:3; Levítico 20:24; Números 13:27; 14:8; 16:13, 14;
Deuteronômio 6:3; 11:9; 26:9, 15; 27:3; 31:20; Josué 5:6;
Jeremias 11:5; 32:22; Ezequiel 20:6, 15; TJS Êxodo 33:1. Para
os pioneiros, vide D&C 38:18-19.
[28] Vide Joseph Smith, Teachings of the Prophet Joseph Smith
[Os ensinamentos do Profeta Joseph Smith], redação de Joseph
Fielding Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1938), 252.
[29] O Presidente Spencer W. Kimball escreveu a respeito do
papel de Brigham Young naquele êxodo: “Desde Adão para cá,
houve muitos êxodos e muitas terras prometidas: Abraão,
Jarede, Moisés, Leí e outros lideraram v´rious grupos. Como é
fácil aceitar que aqueles dos tempos antigos eram guiados por
Deus, mas que os dos tempos recentes eram guiados por
cículos e decisões humanas. Vamos considerar por uns
instantes a grande migração dos refugiados Mórmons de
Illinois ao Vale de Salt Lake. Poucos movimentos, e talvez
nenhum, podem igualá-la. Ouvimos frequentemente que
Brigham Young guiou o povo ao fazer novos caminhos no
deserto, passar por cima de montanhas raramente escaladas,
atravessar rios sem pontes e passar por terras habitadas por
índios selvagens. Embora Brigham Young fosse um instrumento
na mão de Deus, não foi ele e sim o Senhor do céu que guiou
Israel moderno pela planície até a terra prometida” (Faith
Precedes the Miracle [A Fé Precede o Milagre] [Salt Lake City:
Deseret Book, 1972], 28).
[30] Vide Números 12:1-11 (Aarão e Miriã); para exemplos dos
últimos dias, vide Smith, History of the Church [História da
Igreja], 1:104-5 (Oliver Cowdery); e 1:226 (William McLellin).
[31] Havia outros milagres semelhantes para cada um dos
grupos, como o Senhor prover alimento por meio do “milagre
dos codornizes.” (Para Israel antigo, vide Êxodo 16:13; Salmos
105:40; para os pioneiros, vide Stanley B. Kimball, “Nauvoo
West: The Mormons of the Iowa shore [De Nauvoo para o Oeste:
os Mórmons à beira do Rio Iowa],” BYU Studies 18 [Inverno
1978]: 142). A proteção foi dada a Israel antiga pelo Senhor que
“ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar
pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar”
(Êxodo 13:21; vide também versículo 22; Números 14:14;
Deuteronômio 1:33; Neemias 9:19). Proteção semelhante foi
observada pelos pioneiros (vide Smith, History of the -
Church[História de Igreja], 3:34; Thomas S. Monson no relatório
da conferência de abril de 1967, 56).
[32] Vide D&C 20:40, 75-79; 59:9; vide também Mateus 26:26-
28; Marcos 14:22-24; Lucas 22:19-20; Atos 20:7; 1 Coríntios
16:2; Apocalipse 1:10.
[33] Dados fornecidos pela Missão da Praça do Templo.
[34] Vide também Deuteronômio 11:1, 27; 19:9; 30:16; Josué
22:5; 1 João 5:2-3; Mosias 2:4. Outras escrituras do Velho
Testamento se referem ao galardão para os que obedecem aos
mandamentos de Deus ao longo de “mil gerações” (vide 1
Crônicas 16:15; Salmos 105:8).
Qual é a Nossa Doutrina?
Outros Exemplos
Discutimos anteriormente que uma das formas para mantermos
nossa doutrina pura é apresentar a mensagem do evangelho da
maneira que profetas e apóstolos a apresentam hoje.
Semelhantemente, nossas explicações sobre certas “doutrinas duras”
ou doutrinas profundas não deverão ir além daquilo que os profetas
acreditam e ensinam hoje. Tomemos dois exemplos. O primeiro é um
assunto extremamente sensível, que atualmente afeta e continuará a
afetar a quantidade e qualidade dos batismos de conversos na Igreja.
Falo da questão dos negros e do sacerdócio. Eu cresci na Igreja,
assim como muitos dos leitores, e estava bem consciente das
restrições do sacerdócio. Há muito tempo, até onde posso me
lembrar, a explicação do porquê da plenitude das bênçãos do
sacerdócio (incluindo o templo), ter sido negada a nossos irmãos e
irmãs negros foi alguma coisa em torno da idéia de que eles foram
menos valorosos na vida pré-mortal e consequentemente vieram à
terra sob uma maldição, uma explicação que tem sido perpetuada
como doutrina pela maior parte da história de nossa Igreja. Eu tinha
colocado na memória o Artigo de nossa fé que declara que homens e
mulheres serão punidos por seus próprios pecados e não pela
transgressão de Adão (veja Artigos de Fé 1:2) e mais tarde lemos que
“os pecados dos pais não podem recair sobre a cabeça dos filhos”
(Moisés 6:54), mas tinha assumido que de alguma forma esses
princípios não se aplicavam aos negros.
Em junho de 1978 tudo mudou— não só a questão de quem poderia
ou não ser ordenado no sacerdócio, mas também a natureza da
explicação do porquê a restrição havia sido feita desde o princípio.
Em uma entrevista em 1988, foi perguntado ao Élder Dallin H. Oaks:
“Esta questão [da restrição do sacerdócio] parece ter recebido tanta
atenção quanto qualquer outra doutrina que a Igreja tenha abraçado,
bem como qualquer outra controvérsia em que a Igreja tenha sido
envolvida. Os membros da Igreja parecem ter menos condições para
poder compreender este assunto. Poderia comentar em por que este
é o caso e o que podemos aprender disso tudo?” Como resposta,
Élder Oaks declarou que
Se você ler as escrituras com esta questão em mente, “Por que o
Senhor ordenou isto ou por que ele ordenou aquilo,” você descobrirá
que em menos de um mandamento a cada cem, não há qualquer
razão para ter sido dado. Não é típico do Senhor dar razões.
Podemos racionalizar as revelações. Podemos racionalizar os
mandamentos. Quando fizermos isto, estaremos por conta própria.
Algumas pessoas racionalizam nesta questão sobre a qual estamos
discutindo aqui, e acontece que eles acabam estando extremamente
errados. Há uma lição nisso. A lição que tirei disto [é que] decidi há
muito tempo atrás que eu tinha fé no mandamento e eu não tinha fé
nas razões que me foram sugeridas a respeito dele.
Em seguida veio a próxima pergunta: “O senhor está se referindo às
razões dadas até mesmo pelas autoridades gerais?” Élder Oaks
respondeu: “Com certeza. Estou me referindo a razões dadas pelas
autoridades gerais e razões formuladas sobre tais razões por outros.
O conjunto das razões me parece um risco desnecessário de se
tomar. . . . Não cometamos o erro feito no passado, nesta e em outras
áreas, tentando das razões à revelação. As razões acabam em
grande parte sendo feitas por homens. As revelações são as que
apoiamos como a vontade do Senhor e aí é onde a segurança
reside.” [24]
Em outras palavras, nós realmente não sabemos por que a restrição
no sacerdócio existiu. “Eu não sei” é a resposta correta quando
somos questionados “Por quê?” O sacerdócio foi restrito “por razões
pelas quais acreditamos que são conhecidas por Deus, mas as quais
Ele não tornou totalmente conhecidas aos homens.” [25] Dei-me
conta que isto é o que Élder McConkie quis dizer em seu discurso em
agosto de 1978 para o Sistema Educacional da Igreja quando nos
aconselhou:
esqueçam tudo que eu disse, ou que Presidente Brigham Young, ou
Presidente George Q. Cannon, ou quem quer que seja disse no
passado e que seja contrário à revelação atual. Nós falamos com
uma compreensão limitada e sem a luz e o discernimento que hoje
nos são conhecidos.
Nós obtemos a nossa verdade e a nossa luz linha sobre linha,
preceito sobre preceito. Agora nós temos adicionado um novo dilúvio
de inteligência e luz a este assunto em particular, e isto retira toda a
escuridão e todos os pontos de vista e todos os pensamentos do
passado. Eles não importam mais. . . . É um novo dia e um novo
arranjo e o Senhor agora nos deu a revelação que ilumina o mundo
sobre este assunto. Esqueçamos quaisquer estilhaços de luz ou
partículas de escuridão do passado. [26]
Parece-me, entretanto, que nós, como Santos dos Últimos Dias,
temos dois problemas a resolver para tornar o evangelho restaurado
disponível extensivamente às pessoas negras. Primeiro, precisamos
ter nossos corações e mentes purificados de todo orgulho e
preconceito. Segundo, precisamos ignorar todas as explicações
anteriores sobre a restrição e demonstrar que, enquanto nós
simplesmente não sabemos o porquê que a restrição existiu no
passado, a plenitude das bênçãos do evangelho restaurado estão
agora disponíveis a todos que se prepararem para recebê-las. Élder
Russell Ballard observou que “nós não conhecemos todas as razões
por que o Senhor faz o que Ele faz. Devemos nos contentar que um
dia teremos o pleno conhecimento das coisas.” [27]
Agora ao segundo exemplo. Quando abro a discussão para perguntas
diante de um grupo de pessoas que não são da nossa fé, sempre me
perguntam sobre nossa doutrina a respeito de Deus e da Deidade,
particularmente com respeito aos ensinamentos Joseph Smith e
Lorenzo Snow. Geralmente não tenho muita dificuldade em explicar
nossa visão de como, através da expiação, o homem pode vir a
tornar-se como Deus, sendo mais ou menos à semelhança de Cristo.
A este respeito, o cristianismo ortodoxo, um segmento enorme do
mundo cristão, ainda retém a idéia da deificação do homem. A própria
Bíblia ensina que homens e mulheres poderão se tornar “participantes
da natureza divina” (2 Pedro 1:4), “co-herdeiros de Cristo” (Romanos
8:17), e ganhar “a mente de Cristo” (1 Coríntios 2:16), e nos tornar
perfeitos, como nosso Pai que está nos céus é perfeito (veja Mateus
5:48). O apóstolo João declarou, “Amados, agora somos filhos de
Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser: Mas
sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele;
porque assim como é o veremos.” (1 João 3:2). Talvez mais
importante ainda seja o fato que esta doutrina é poderosamente
ensinada em revelação moderna (veja D&C 76:58; 132:19–20).
A questão mais difícil para outros cristãos lidar é a doutrina que foi
estabelecida no sermão de King Follett [28] e nos versos de Lorenzo
Snow [29]—que Deus foi um dia homem. As escrituras dos Últimos
Dias declaram inequivocamente que Deus é um homem, um Homem
de Santidade (veja Moisés 6:57) que possui um corpo de carne e
ossos (veja D&C 130:22). Esses conceitos são claramente parte da
restauração doutrinária. Ensinamos que o homem não é de uma
ordem inferior ou de uma espécie diferente do que Deus. Isto,
evidentemente, faz com que muitos de nossos amigos cristãos se
sintam extremamente nervosos (se não zangados), pois lhes parece
que estamos rebaixando Deus no esquema das coisas e assim
tentando construir uma ponte sobre o precipício que existe entre
Deus/criaturas.
Suponho que tudo que podemos dizer em resposta é que aquilo que
nós sabemos é resultado de revelação moderna e, da nossa
perspectiva, a distância entre Deus e o homem é ainda imensa,
quase infinita. Nosso Pai Celestial é realmente onipotente, onisciente
e, pelo poder de Seu Santo Espírito, onipresente. Ele é um ser
glorificado, exaltado, ressurrecto, “o único supremo ser governante e
independente no qual toda plenitude e perfeição habitam; . . .residem
nele toda boa dávida e todo bom princípio; . . . ele é o Pai das luzes;
nele o princípio de fé habita independentemente, e ele é o objeto no
qual a fé de todos os seres racionais e responsáveis centralizam sua
vida e salvação.” [30] A revelação moderna atesta que o Todo
Poderoso se senta ao trono “com glória, honra, poder, majestade,
força, domínio, verdade, justiça, juízo, misericórdia e plenitude infinita”
(D&C 109:77).
E o que nós sabemos além do fato de que Deus é um homem
exaltado? O que nós sabemos sobre a sua existência mortal? O que
nós sabemos do tempo antes dele ter se tornado Deus? Nada. Nós
realmente não sabemos mais do que aquilo que foi declarado pelo
Profeta Joseph Smith, e isto é bem pouco. Esclarecimentos
concernentes à vida de Deus antes da Deidade não são encontrados
nas obras-padrão, em declarações oficiais ou proclamações, nos
guias atuais, ou em materiais curriculares, nem tampouco exposições
doutrinárias sobre o assunto são feitas durante as conferências gerais
de hoje. Este tópico não é aquilo que chamamos de doutrina central
ou salvadora, uma que deve ser acreditada (ou entendida) para se ter
uma recomendação para o templo ou mesmo para encontrar-se digno
perante a Igreja.
Este último exemplo salienta um ponto importante: um ensinamento
pode ser verdade e ainda assim não ser parte daquilo que é ensinado
e enfatizado na Igreja hoje. Se é verdade ou não, de fato, ele é
irrelevante se realmente os irmãos não o ensinam hoje ou se não é
ensinado diretamente nas obras-padrão ou encontrado no material
curricular aprovado. Observemos uma outra questão: Jesus foi
casado? As escrituras não nos fornecem uma resposta. “Nós não
sabemos nada sobre Jesus Cristo ser casado,” Presidente Charles W.
Penrose declarou. “A Igreja não tem declarações autoritárias sobre
est e assunto.” [31] Então, se Ele foi ou não casado, isto não é parte
da doutrina da Igreja. Seria proveitoso para nós aplicarmos a seguinte
lição do Presidente Harold B. Lee: “Com relação às doutrinas e
significado das escrituras, deixe-me lhe dar um conselho seguro.
Geralmente, não está bem em usar uma única passagem de escritura
[ou, eu acrescentaria, um único sermão] como prova de um ponto da
doutrina, a menos que ela seja confirmada por revelação moderna ou
pelo Livro de Mórmon. . . . É sempre perigoso escolher uma
passagem de escritura para provar um ponto, a menos que seja
[então] confirmada.” [32]
Conclusão
Existe uma sabedoria muito real na qual nós, como Santos dos
Últimos Dias, somos mimados. Foi-nos dado tanto, temos tido tanto
conhecimento despejado dos céus com relação à natureza de Deus,
de Cristo, do homem, do plano de salvação, e do propósito geral da
vida aqui e à glória que teremos depois desta vida, que somos
propensos a esperar ter todas as respostas para todas as questões
da vida. Élder Neal A. Maxwell comentou que as alegrias do
discipulado excedem ao seu peso. Por este motivo, enquanto
estivermos caminhando pelo nosso Sinai, somos nutridos nos oásis
da abundância da Restauração. Nestes oásis, algumas de nossas
primeiras impressões poderão se provar ser mais infantis do que
definitivas . . . Em nossa apreciação, não é de se admirar que
algumas pessoas se enganem com uma árvore em particular
assumindo ser todo o oásis, ou uma piscina particularmente
refrescante e a considerem a totalidade das águas vivas e
transbordantes da Restauração. Portanto, em nossas primeiras
exclamações pode ter havido um tanto de exagero não intencional.
Temos visto e participado de muito; por esta razão, não “podemos
[falar] da mínima parte do que [sentimos]” (Alma 26:16). [33]
Temos muito, com certeza, mas há realmente “muitas coisas
grandiosas e importantes relativas ao Reino de Deus” ainda por vir
(Artigos de Fé 1:9). O Senhor declarou a Joseph Smith em Nauvoo:
“Pois digno-me a revelar a minha igreja coisas que têm sido mantidas
ocultas desde antes da fundação do mundo, coisas pertinentes à
dispensação da plenitude dos tempos” (D&C 124:41; compare com
121:26; 128:18). Como Élder Oaks observou, foi-nos dado muitos dos
mandamentos, mas nem todas as razões do porquê, muitas das
diretrizes, mas nem todas as explicações. Regularmente declaro em
minhas aulas que é importante para nós sabermos aquilo que nós
não sabemos como se fosse para nós sabermos o que sabemos.
Muitas coisas são ensinadas ou discutidas ou mesmo argumentadas
sobre o que cabe no campo de não revelado e portanto, não
resolvido. Tais questões, particularmente se elas não se encaixam
dentro da área da verdade revelada que ensinamos hoje, não
edificam nem inspiram a ninguém. Muitas e muitas vezes elas levam
à confusão e ao semear de discórdia.
Isto, de maneira alguma, significa que não devemos procurar estudar
e crescer e expandir nosso entendimento do evangelho. Pedro
explicou que necessita haver uma razão para a esperança que há
dentro de nós (veja 1 Pedro 3:15). Nosso conhecimento deveria ser
tão apaziguador à nossa mente como calmante ao nosso coração.
Élder Maxwell ensinou que alguns “membros da Igreja sabem apenas
o suficiente sobre as doutrinas para conversar superficialmente sobre
elas, mas seu conhecimento restrito sobre as doutrinas mais
profundas é inadequado para o discipulado mais profundo (veja 1
Coríntios 2:10). Assim sendo, desinformados sobre a doutrina
profunda, eles não conseguem fazer transformações profundas em
suas vidas.” [34]
O Presidente Hugh B. Brown uma vez observou: “Estou
impressionado com o testemunho de um homem que se põe de pé e
diz que sabe que o evangelho é verdadeiro. O que eu gostaria de
perguntar-lhe é ‘Mas, senhor, você conhece o evangelho?’ . . . Um
mero testemunho pode ser adquirido com um conhecimento
mecânico, automático da Igreja e de seus ensinamentos . . . Mas para
reter um testemunho, para estar a serviço na construção do reino do
Senhor, isto requer um estudo sério do evangelho e conhecer o que
ele é.” [35]
Em outra ocasião, Presidente Brown ensinou que nos é requerido
somente “defender aquelas doutrinas da Igreja contidas nas quatro
obras-padrão . . . Qualquer outra coisa dita além disso por qualquer
pessoa representa a sua opinião pessoal e não escritura . . . O único
modo que conheço pelo qual os ensinamentos de qualquer pessoa ou
grupo podem se tornar ligados à igreja é se os ensinamentos foram
revisados por todos os líderes do sacerdócio, submetidos aos sumos
conselhos da igreja,e então aprovados pelos membros da igreja como
um todo.” [36]
Novamente, a questão é do foco, da ênfase—em que gastamos
nosso tempo quando ensinamos o evangelho tanto para Santos dos
Últimos Dias como para outras pessoas que não são da nossa fé.
Há uma razão válida do porquê é difícil “atar” a doutrina dos Santos
dos Últimos Dias, uma que provém da própria natureza da
Restauração. O fato que Deus continua a nos falar através de Seus
servos ungidos; o fato que Ele, através destes servos, continua a
revelar, elucidar, e esclarecer aquilo que já nos foi dado; e o fato de
que o nosso cânone de escrituras é aberto, flexível, e em expansão—
todas estas coisas lutam contra aquilo que muitos no mundo cristão
chamariam de uma teologia sistemática.
É a declaração da doutrina firme e sólida, a doutrina encontrada na
escritura e ensinada regularmente pelos líderes da Igreja, que
constrói a fé e fortalece o testemunho e compromisso com o Senhor e
Seu reino. Élder Maxwell explicou que “obras são importantes assim
como as doturinas, mas as doutrinas podem nos levar a praticar
obras, e o Espírito pode nos ajudar a compreender as doutrinas assim
como nos induzir a fazer as obras.” [37]
Ele também observou que “quando pernas cansadas falham e se
desviam, e as tentações ao longo do caminho nos seduzem, as
doutrinas fundamentais irão evocar de dentro de nós uma nova
determinação. Verdades extraordinárias podem nos levar a
realizações extraordinárias.” [38]
O ensinamento e aplicação da doutrina firme é um grande salvavidas
para nós nestes últimos dias, escudos contra os dardos flamejantes
do adversário. Compreender a verdadeira doutrina e ser fiel a essa
doutrina pode nos manter afastados da ignorância, do erro e do
pecado. O Apóstolo Paulo aconselhou a Timóteo: “Propondo estas
coisas aos irmãos [e irmãs] serás bom ministro de Jesus Cristo,
criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. . . .
Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (1 Timóteo 4:6, 13).
Notas:
[1] Holman Bible Dictionary [Dicionário da Bíblia], ed. Trent C. Butler
(Nashville: Holman Bible Publishers, 1991), 374.
[2] Bruce R. McConkie, Mormon Doctrine [Doutrina Mórmon], 2a. ed.
(Salt Lake City: Bookcraft, 1966), 204.
[3] Joseph Smith, Teachings of the Prophet Joseph Smith
[Ensinamentos do Profeta Joseph Smith], comp. por Joseph Fielding
Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1976), 121.
[4] Boyd K. Packer, in Conference Report [Relatório da Conferência],
abril 1977, 80; ênfase adicionada; cidado a partir daqui como CR.
[5] Boyd K. Packer, in CR, Outubro 1986, 20.
[6] Neal A. Maxwell, One More Strain of Praise (Salt Lake City:
Bookcraft, 1990), x.
[7] Gordon B. Hinckley, Teachings of Gordon B. Hinckley
[Ensinamentos de Gordon B. Hinckley] (Salt Lake City: Deseret Book,
1997), 620.
[8] Smith, Teachings [Ensinamentos], 392.
[9] Joseph F. Smith, Gospel Doctrine [Doutrinas do Evangelho] (Salt
Lake City: Deseret Book, 1971), 9.
[10] Compare com Smith, Teachings [Ensinamentos], 9–10, 61, 327.
[11] Smith Teachings [Ensinamentos], 278.
[12] Smith Teachings [Ensinamentos], 268.
[13] Citado por Neal A. Maxwell, em CR, outubro 1984, 10.
[14] David O. McKay, in CR, abril 1907, 11–12; veja também outubro
1912, 121; abril 1962, 7.
[15] Smith Teachings [Ensinamentos], 89.
[16] McConkie Mormon Doctrine [Doutrina Mórmon], 608.
[17] Bruce R. McConkie, “As Autoridades Gerais são Humanos?”
discurso proferido no Fórum do Instituto de Religião na Universidade
de Utah, 28 de outubro, 1966.
[18] Harold B. Lee, The Teachings of Harold B. Lee [Ensinamentos de
Harold B. Lee], ed. Clyde Williams (Salt Lake City: Bookcraft, 1996),
542.
[19] Brigham Young, Heber C. Kimball, Daniel H. Wells, in Messages
of the First Presidency, comp. por James R. Clark (Salt Lake City:
Bookcraft, 1965–75).
[20] Gordon B. Hinckley, em CR, abril 1992, 77.
[21] Gordon B. Hinckley, “The Continuous Pursuit of Truth,” Ensign,
abril 1986, 5.
[22] Joseph Fielding McConkie, “The Gathering of Israel and the
Return of Christ,” Sexto Simpósio Annual de Educadores Religiosos
do Sistema Educacional da Igreja, agosto 1982, Brigham Young
University, datilografado 3,5.
[23] Veja Richard Mouw, Uncommon Decency (Downers Grove,
Illinois: Inter Varsity Press, 1992).
[24] Dallin H. Oaks, Provo Daily Herald, 5 de junho 1988, 21.
[25] David O. McKay, Hugh B. Brown, N. Eldon Tanner, Mensagem da
Primeira Presidência, janeiro 1970.
[26] Bruce R. McConkie, “The New Revelation on Priesthood,” in
Priesthood (Salt Lake City: Deseret Book, 1981), 132.
[27] M. Russell Ballard, comentários no memorial de Elijah Abel,
relatado no Church News, 5 de outubro, 2002, 12.
[28] Smith, Teachings [Ensinamentos], 345–46.
[29] Lorenzo Snow, Teachings of Lorenzo Snow [Ensinamentos de
Lorenzo Snow], ed. Clyde J. Williams (Salt Lake City: Bookcraft,
1996), 1.
[30] Lectures on Faith (Salt Lake City, Deseret Book, 1985), 2.2.
[31] Charles W. Penrose, “Editor’s Table,” Improvement Era, setembro
1912, 1042.
[32] Lee, Teachings[Ensinamentos], 157.
[33] Neal A. Maxwell, in CR, abril 1996, 94-95.
[34] Neal A. Maxwell, Men and Women of Christ (Salt Lake City:
Bookcraft, 1991), 2.
[35] Hugh B. Brown para Robert J. Matthews, 28 de janeiro de 1969,
citado em Matthews, “Using the Scriptures,” 1981 Brigham Young
University Firesides and Devotional Speeches (Provo, Utah: Brigham
Young University Press, 1981), 124.
[36] Hugh B. Brown, An Abundant Life: The Memoirs of Hugh B.
Brown, ed. Edwin B. Firmage (Salt Lake City: Signature Books, 1988),
124.
[37] Neal A. Maxwell, That My Family Should Partake (Salt Lake City:
Deseret Book, 1974), 87.
[38] Neal A. Maxwell, All These Things Shall Give Thee Experience
(Salt Lake City: Deseret Book, 1979), 4.
Rasgar o Véu da Descrença
Traduzido de Jeffrey R. Holland, "Rending the Veil of Unbelief"
in A Book of Mormon Treasury: Gospel Insights from General
Authorities and Religious Educators (Provo and Salt Lake City:
Religious Studies Center and Deseret Book, 2003), 47-66.
O Irmão de Jarede
O nome de um dos maiores profetas do Livro de Mórmon (de
fato pode se argumentar fortemente que era o maior dos
profetas do Livro de Mórmon) não aparece neste registro que
documenta a vida extraordinária de Cristo. Aquele profeta só se
indentifica ao leitor moderno como “o irmão de Jarede.” Mesmo
assim, quase que na anonímia, a revelação que se desdobrou
aos olhos deste homem era tão extraordinária que sua vida e
legado para nós se tornaram sinônimo de fé corajosa e perfeita.
Na disperção que lhes foi requerida na época da Torre de Babel,
o povo de Jarede chegou ao “grande mar que divide as terras”
(Éter 2:13), onde acamparam para esperar mais revelação
referente à travessia do oceano assombrador. Durante quatro
anos esperavam a instrução divina mas, pelo jeito, esperavam
relaxadamente, sem suplicar, sem se esforçar. Aí apresentou-
se-lhes este evento notável:
“E aconteceu, no fim de quatro anos, que o Senhor tornou a
aparecer ao irmão de Jarede; e estava numa nuvem e falou com
ele. E pelo espaço de três horas falou o Senhor com o irmão de
Jarede e repreendeu-o por não se ter lembrado de invocar o
nome do Senhor” (Éter 2:14).
É difícil imaginar como seria uma repreensão do Senhor de três
horas de duração mas o irmão de Jarede a aturou. Com
arrependimento imediato e oração imediata, este profeta mais
uma vez procurou orientação para a jornada que lhes fora
designada e para si mesmos. Deus aceitou seu arrependimento
e carinhosamente concedeu mais direções para esta missão tão
importante.
Para tal travessia oceânica, estas famílias e seus rebanhos
careciam de embarcações bem navegáveis semelhantes aos
barcos que haviam construído anteriormente para atravessar as
águas, embarcações leves e pequenos na forma de vaso, de
desenho idêntico de cima e de baixo para que pudessem boiar
até quando levadas por ondas assombradoras, ou pior ainda,
quando emborcadas. Estes barcos “bem ajustados” [no sentido
de não deixar água infiltrar] (Éter 2:17) eram, obviamente,
embarcações de design sui gêneris e capacidade não limitada
feitas sob a direção d’Aquele quem reina sobre os mares e os
ventos que os impelem para que os barcos pudessem navegar
com a “leveza semelhante à de uma ave sobre a água” (Éter
2:16).
Estes navios eram de design milagroso e de construção
meticulosa. Mas tinham uma limitação principal que parecia
não ter solução. Em tais embaracações tão navegáveis e
estanques, não havia iluminação para os navegadores que
viajavam nelas. Outra vez o irmão de Jarede “clamou ao Senhor,
dizendo: Ó Senhor, eis que fiz conforme me ordenaste; e
preparei os navios para meu povo e eis que neles não há luz. Ó
Senhor, consentirás que cruzemos estas grandes águas na
escuridão?” (Éter 2:22).
Daí veio uma reposta extraordinária e inesperada do Criador do
céu e da terra e de tudo que neles há, sim, Aquele que
ousadamente declarou a Abraão: “Existe algo difícil demais para
o Senhor?” (Gênesis 18:14). “E o Senhor disse ao irmão de
Jarede: Que desejais que eu faça a fim de que tenhais luz em
vossos barcos?” (Éter 2:23).
Então, como se tal indagação cativante da diedade onipotente
não fosse suficiente, o Senhor começa a expor justamente o
mesmo problema que o irmão de Jarede já conhece tão bem.
“E o Senhor disse ao irmão de Jarede: Que desejais que eu faça,
a fim de que tenhais luz em vossos barcos? Porque eis que não
podeis ter janelas, porque seriam despedaçadas; nem levareis
fogo convosco, porque não ireis pela luz do fogo.
“Pois eis que sereis como uma baleia no meio do mar; porque
as altas ondas se quebrarão sobre vós. Não obstante, tirar-vos-
ei novamente das profundezas do mar; porque os ventos
saíram de minha boca e também eu enviei as chuvas e as
inuncações.
“E eis que vos preparo contra essas coisas; porque não podeis
cruzar este grande mar sem que eu vos prepare contra as
ondas do mar e os ventos que saíram e os dilúvios que hão de
vir. Portanto, que desejais que eu prepare para vós, a fim de
que tenhais luz quando estiverdes submersos nas profundezas
do mar?” (Éter 2:23-25).
É óbvio que o irmão de Jarede estava sendo testado. O Senhor
já fez a sua parte de forma milagrosa, profunda e engenhosa. Já
foram providos navios únicos, fortemente navegáveis para
cruzar o oceano. A engenharia brilhante já se fez. A parte mais
dura deste projeto já se terminou. Agora Ele queria saber o que
o irmão de Jarede faria a respeito dos acessórios.
Depois do que foi, sem dúvida, um exame profundo de
consciência e muito pensar, o irmão de Jarde ficou perante o
Senhor, talvez envergonhado mas não com as mãos vazias.
Num tom claramente apologético, ele disse:
“Ó Senhor, tu disseste que seremos envolvidos pelas águas.
Agora ouve, ó Senhor, e não te ires contra teu servo por causa
de sua fraqueza diante de ti; pois sabemos que és santo e
habitas nos céus e que somos indignos diante de ti; por causa
da queda, nossa natureza tornou-se má continuamente; não
obstante, ó Senhore, deste-nos o mandamento de invocar-te,
para que de ti recebamos de acordo com nossos desejos.
“Eis que, ó Senhor, tu nos castigaste devido a nossa iniqü idade
e expulsaste-nos; e durante todos este anos temos estado no
deserto; não obstante, tens sido misericordioso para conosco.
Ó Senhor, tem piedade de mim e afasta deste teu povo tua ira e
não permitas que eles cruzem este furioso abismo na
escuridão; mas olha estas coisas que fundi da rocha” (Éter 3:2-
3).
Coisas! O irmão de Jarede mal sabe o que chamá-las. Pedras
não parece um nome muito inspirador. E estando ao lado do
trabalho magnífico do Senhor, estes barcos oceânicos únicos e
maravilhosos de design impecável, o irmão de Jarede oferece
sua contribuição: pedras. Ao ver os navios lustrosos que o
Senhor providenciou, para ele é um momento de humildade
real.
Ele continua: “E sei, ó Senhor, que tu tens todo o poder e que
podes fazer tudo quanto queiras para o benefício do homem;
portanto, com teu dedo toca estas pedras, ó Senhor, e prepara-
as para que brilhem na escuridão; e elas nos iluminarão nos
barcos que preparamos, para que tenhamos luz enquanto
cruzarmos o mar.
“Eis que, ó Senhor, tu podes fazer isto. Sabemos que és capaz
de mostrar grande poder, o qual parece pequeno ao
entendimento do homem” (Éter 3:4-5).
Apesar da autocrítica, a fé do irmão de Jarede é aparente. De
fato, pode-se dizer transparente neste caso, levando em conta
o propósito destas pedras. Certamente Deus, bem como o
leitor, sente algo marcante na inocência simples e o fervor da fé
deste homem. “Eis que, ó Senhor, tu podes fazer isto.” Pode ser
que não haja uma frase simples de fé tão poderosa proferida
por qualquer homem nas escrituras. É como se ele estivesse
encorajando Deus, fortalecendo-o, assegurando-lhe. Ele não
disse: “Eis que, ó Senhor, acho que podes fazer isto,” nem “Eis
que, ó Senhor, já fizeste coisas maiores que esta.” Por duvidoso
que estivess para consigo si mesmo, ele não tinha nenhuma
dúvida a respeito do poder de Deus. Não há nada aqui senão
uma declaração afirmativa, corajosa e clara sem nenhum
elemento nem traço de vacilação. Ele encorajou a quem não
precisava de encorajamento mas que certamente se compungiu
com isto. “Eis que, ó Senhor, tu podes fazer isto.”
Romper O Véu
O que aconteceu depois disso se destaca como um dos maiores
momentos já registrados na história do mundo, certamente um
dos eventos de fé mais importantes dos já registrados. Este
acontecimento fixou o irmão de Jarede entre os maiores dos
profetas de Deus. O Senhor extende a mão para tocar com seu
dedo as pedras, uma por uma, em virtude da fé dominante do
irmão de Jarede e: “O véu foi tirado dos olhos do irmão de
Jarede e ele viu o dedo do Senhor; e era como o dedo de um
homem, à semelhança de carne e sangue; e o irmão de Jarede
caiu perante o Senhor, porque ficou tomado de medo” (Éter
3:6).
Ao ver o irmão de Jarede cair por terra, o Senhor o mandou
levantar-se e perguntou: “Por que caíste?” (Éter 3: 7).
O profeta replicou: “Vi o dedo do Senhor e temi que me ferisse;
porque não sabia que o Senhor tinha carne e sangue” (Éter 3:8)
Logo se deu esta declaração maravilhosa do Senhor: “Em
virtude de tua fé, viste que tomarei sobre mim carne e sangue;
e nunca ninguém se chegou a mim com uma fé tão grande
como tu; porque se assim não fora, não poderias ter visto o
meu dedo. Viste mais que isso?” (Éter 3:9).
O irmão de Jarede responde: “Não, Senhor, mostra-te a mim”
(Éter 3:10). O Senhor tirou por completo o véu dos olhos do
irmão de Jarede e se mostrou a este homem imbalavelmente
fiel.
Seguiu esta revelação notável do Jeová pré-mortal: “Eis que sou
aquele que foi preparado desde a fundação do mundo para
redimir meu povo. Eis que eu sou Jesus Cristo. Eu sou o Pai e o
Filho. Em mim toda a humanidade terá vida e tê-la-á
eternamente, sim, aqueles que crerem em meu nome; e eles
tornar-se-ão meus filhos e minhas filhas.
“E nunca me mostrei ao homem que criei, porque nunca o
homem creu em mim como tu creste. Vês que foste criado
conforme minha própria imagem? Sim, todos os homens foram
criados, no princípio, a minha própria imagem.
“Eis que este corpo que vês é o corpo do meu espírito; e assim
como te apareço em espírito aparecerei a meu povo na carne”
(Éter 3:14-16).
Antes de examinar as verdades da doutrina que se ensinou
neste encontro divino, será útil notar aqui dois assuntos
aparentemente problemáticos, problemas estes que parecem
ter soluções aceitáveis e razoaveis.
A primeira questão se trata da onisciência de Deus e surge das
duas perguntas que o Senhor faz ao irmão de Jarede ao
desdobrar a visão: “Por que caíste?” e “Viste mais que isso?” É
premissa básica da teologia dos Santos dos Últimos Dias que
“Deus conhece todas as coisas e não há nada que não conheça”
(2 Néfi 9:20). As escrituras, tanto as antigas como as modernas,
estão repletas da afirmação de sua onisciência. Não obstante,
Deus tem feito perguntas com freqü ência aos homens,
geralmente para testar sua fé, medir sua honestidade e permitir
um crescimento maior no seu conhecimento. Por exemplo, ele
perguntou a Adão no Jardim do Éden: “Onde estás tu?” e depois
perguntou a Eva: “O que é isso que fizeste?” (Gênesis 3:9, 13)
embora, como pai onisciente já soubesse a resposta destas
duas perguntas, pois pôde ver onde estava Adão e presenciou o
que Eva fizera. É óbvio que as perguntas são para o bem dos
seus filhos, dando a Adão e a Eva a responsabilidade de
responder honestamente. Mais tarde ao testar a fé de Abraão,
Deus indagou repetidas vezes a respeito do paradeiro de
Abraão ao qual o patriarca fiel respondeu: “Eis-me aqui”
(Gênesis 22:11). O propósito deste evento das escrituras não
era o de fornecer informações a Deus, que já sabia tudo, mas
foi para deixar Abraão reafirmar sua fé firme e sua intenção
inequívoca ao enfrentar o mais difícil dos testes paternos. Este
tipo de pergunta retórica é empregada com freqü ência por
Deus, principalmente ao avaliar a fé, a honestidade e o arbítrio
do homem, dando aos seus “estudantes” a liberdade e a
oportunidade de se expressarem tão abertamente como
quiserem, mesmo que Deus já saiba a resposta a suas próprias
perguntas e às de todas as outras.
A segunda questão que exige um comentário preliminar
baseia-se na exclamação do Senhor: “Nunca ninguém se
chegou a mim com uma fé tão grande como tu; porque se
assim não fora, não poderias ter visto o meu dedo” (Éter 3:9). E
depois: “E nunca me mostrei ao homem que criei, porque nunca
o homem creu em mim como tu creste” (Éter 3:15). A
possibilidade de fazer confusão provém do fato de muitos (na
verdade, supõe-se que todos) do principais profetas que viviam
antes do irmão de Jarede também viram Deus. Como é que se
explica a declaração do Senhor? Podemos descartar as
conversas face a face de Adão com Deus no Jardim do Éden
pois sucedeu no paraíso antes da queda. Ademais, as visões
divinas de outros profetas, tais como as de Moisés e Isaías na
Bíblia e as de Néfi e Jacó no Livro de Mórmon ocorreram depois
desta experiência única do irmão de Jarede. Mas antes do
tempo da Torre de Babel [a época de Jarede], o Senhor apareceu
a Adão e ao restante de sua posteridade reta no Vale de Adão-
ondi-Amã três anos antes da morte de Adão (vide D&C 107:53-
55). E também nos resta o Livro de Enoque que disse
claramente: “Eu vi o Senhor; e ele pôs-se diante de minha face
e falou comigo, sim, como um homem fala com outro face a
face” (Moisés 7:4). Supomos que havia outros profetas que
viveram no período entre a expulsão de Adão e Eva do Jardim
do Éden e a construção da Torre de Babel que também viram
Deus de maneira semelhante, inclusive Noé “que achou graça
aos olhos do Senhor” e que “caminhou com o Senhor” (Gênesis
6:8-9), a mesma frase que se usa para descrever a relação
entre Enoque e o Senhor (vide Gênesis 5:24).
Esta questão tem sido muito debatida pelos escritores Santos
dos Últimos Dias e exsitem várias explicações possíveis e
qualquer delas, ou talvez todas, ilumina uma parte da verdade
desta passagem. Não obstante, sem mais revelação ou
ilucidadção, qualquer conjetura a esse respeito é justamente
conjetura, sim, suposição, e como tal será inadequada e
incompleta.
Uma possível explicação é que este comentário foi feito
simplesmente no contexto de uma dispensação específica e
assim só se aplica aos jareditas e aos profetas jareditas, pois
Jeová nunca antes se revelou a um de seus videntes e
reveladores. Obviamente esta teoria tem limitações severas ao
levar em conta as frases “nunca antes” e “nunca um homem” e
além disso se tem que reconhecer que Jarede e seu irmão são
os pais daquela dispensação, os primeiros daquela época a
quem Deus poderia ter-se revelado.
Outra sugestão é que a referência à palavra homem é a chave
desta passagem, sugerindo que o Senhor nunca se revelou ao
homem natural, mundano, não crente e não santificado. Isso
implica que somente aqueles que deixam o homem natural,
somente aqueles que se mantêm sem mácula do mundo, ou
seja, somente os santificados como Adão, Enoque e agora o
irmão de Jarede têm direito a este privilégio.
Alguns acreditam que o Senhor nesta passagem quer dizer que
nunca antes se revelou de grau tão elevado. Esta teoria sugere
que os aparecimentos divinos aos profetas anteriores não
tiveram a mesma “plenitude” e que nunca antes o véu havia-se
tirado, dando uma revelação tão completa da natureza e
essência de Cristo.
Outra possibilidade ainda é que esta foi a primeira vez que
Jeová apareceu e indentificou-se como Jesus Cristo, o Filho de
Deus. Assim a interpretação da passagem ficaria “nunca me
revelei [como Jesus Cristo] ao homem que criei” (Éter 3:15). Esta
possibilidade se reforça por uma interpretação do comentário
editorial de Morôni: “Tendo este conhecimento perfeito de
Deus, não podia ser impedido de ver além do véu; por isso viu
Jesus; e este ministrou em favor dele” (Éter 3:20).
Mais uma interpretação desta passagem é que a fé do irmão de
Jarede era de tal grandeza que conseguiu ver não somente o
dedo e corpo espirituais do Jesus pré-mortal (que se supõe que
outros profetas também viram) mas também algum aspecto
mais revelador do corpo de Cristo de carne, sangue e ossos. O
significado exato do que o irmão de Jarede pode ter obtido
acerca da natureza de carne e sangue do futuro corpo de Cristo
não está muito claro mas Jeová lhe disse: “Em virtude de tua fé,
viste que tomarei sobre mim carne e sangue” (Éter 3:9). Morôni
disse que Cristo se revelou naquela ocasião “à semelhança do
mesmo corpo com que se mostrou aos nefitas” (Éter 3:17).
Alguns estudiosos acham que isto significa “o mesmo corpo”
literal que os nefitas iriam ver, um corpo de carne e sangue.
Uma colocação mais segura é que se viu pelo menos a
semelhança espiritual exata do seu futuro corpo. Jeová disse:
“Eis que este corpo que ora vês é o corpo do meu espírito; e o
homem foi por mim criado segundo o corpo do meu espírito; e
assim como te apareço em espírito, aparecerei a meu povo na
carne” (Éter 3:16), e Morôni disse: “Jesus se mostrou a este
homem no espírito” (Éter 3:17).
Uma explicação final, que em termos da fé do irmão de Jarede
(que é o que mais interessa nesta discussão) é a mais
persuasiva para mim, é que Cristo estava dizendo: “Nunca me
revelei ao homem desta maneira, sem minha volição, impelido
somente pela fé de quem ora.” De regra geral os profetas são
convidados para entrarem na presença do Senhor por Ele
mesmo, com a sua licença. O irmão de Jarede, por outro lado, é
único, naquela época e hoje, no sentido de ter-se impelido
através do véu não como convidado mas talvez, tecnicamente,
como alguém sem convite, porém bem-vindo. Disse Jeová:
“Nunca ninguém se chegou a mim com uma fé tão grande como
tu; porque se assim não fora, não poderias ter visto o meu
dedo. . . Nunca o homem creu em mim como tu creste” (Éter
3:9, 15). Obviamente o Senhor vinculou esta fé sem
precedentes a esta visão sem precedentes. Se a visão não é
única, então a fé e a forma de que se obteve a visão saõ o que é
de tão notável. O que torna esta fé tão notável é sua capacidade
de levar este profeta sem convite aonde outros só foram como
convidados.
Na verdade isto parece ser o que Morôni entendeu por estas
circunstâncias pois escreve mais tarde: “E devido ao
conhecimento desse homem [que é resultado de sua fé], ele
não podia ser impedido de ver além do véu. . . [não podia ser
mantido por fora do véu].
“Portanto, tendo este perfeito conhecimento de Deus, não podia
ser impedido de ver além do véu; portanto viu Jesus” (Éter)
3:19-20).
Este exemplo lembra perguntas provocanates e hipotéticas
sobre o poder de Deus. Filósofos principiantes às vezes
perguntam: “Pode Deus criar uma pedra tão pesada que ele
mesmo não pode levantá-la?” ou “Pode Deus esconder algo tão
bem que não pode achá-lo depois?” Com muito mais emoção e
importância, podemos perguntar se Deus poderia ter impedido
o irmão de Jarede de ver além do véu. À primeira vista se tende
a dizer: “Certamente Deus poderia bloquear tal experiência, se
quisesse.” Mas pense de novo. Ou, para ser mais exato, leia de
novo: “Este homem . . . não podia ser [mantido por fora do
véu;] . . . não podia ser [mantido por fora do véu]” (Éter 3:19-
20).
Pode ser que este seja um caso absolutamente sem
precedentes de um profeta cuja vontade, fé e pureza se
aproximaram tanto do céu que aquele homem passou além de
só entender Deus e se tornou como Ele, com o mesmo poder de
vontade e fé, pelo menos naquele momento. Que declaração
doutrinária notável sobre o poder de fé de um homem mortal. E
ele não foi um homem inatingível e etéreo de categoria seletiva.
Trata-se de um homem que certa vez havia-se esquecido de
clamar ao Senhor, cujas melhores idéias focalizavam em
pedras, e cujo nome não aparece no livro que tornou imortal
seu feito notável de fé. Dado que tal homem tinha tanta fé, não
é de se admirar que o Senhor tenha-lhe mostrado muito,
inclusive visões relativas à missão do todos os profetas do Livro
de Mórmon e aos acontecimentos da dispensação dos últimos
dias em que o livro seria revelado.
Depois que o profeta entrou além do véu para ver o Salvador do
mundo, não houve limites no que o mundo eterno pudesse-lhe
revelar. De fato, o Senhor lhe mostrou “todos os habitantes da
Terra que já tinham existido e também todos os que viriam a
existir; e não os ocultou de sua vista, mesmo até os confins da
Terra” (Éter 3:5). O poder de retenção de tal experiência foi,
novamente, a fé do irmão de Jarede, pois “o Senhor nada lhe
poderia ocultar, porque ele sabia que o Senhor podia mostrar-
lhe todas as coisas” (Éter 3:26).
Revelação
Élder Dallin H. Oaks
[páginas 10–22]
Revelação
Élder Dallin H. Oaks
O Élder Dallin H. Oaks é membro do Quórum dos Doze
Apóstolos. Este discurso se fez na assembléia devocional da
Universidade Brigham Young University em 29 de setembro de
1981.
A revelação é a comunicação de Deus aos homens. Pode ocorrer
de muitas maneiras diferentes. Alguns profetas, como Moisés e
Joseph Smith, falaram com Deus face a face. Certas pessoas se
comunicaram com anjos. Outras revelações têm vindo, como
descreveu o Élder James E. Talmage, “por meio dos sonhos ao
dormir, ou em visões da mente de quem estava acordado.”1
Nas suas formas mais conhecidas, a revelação, ou inspiração,
vêm por meio de palavras ou pensamentos comunicados à
mente (vide D&C 8:2–3; Enos 1:10), por ilucidação repentina
(vide D&C 6:14–15), através de sentimentos positivos ou
negativos sobre uma ação proposta, e até através de
desempenhos inspiradores como das belas artes. O Presidente
Boyd K. Packer disse: “A inspiração nos vem mais por
sentimento do que por audição.”2
Supondo que os irmãos já conhecem as várias formas de
revelação ou inspiração, resolvi discutir o assunto em termos
de uma diferente classificação, o propósito da comunicação
divina. Pude identificar oito propósitos diferentes provindos da
comunicação de Deus: (1) para testificar, (2) para profetizar, (3)
para consolar, (4) para elevar, (5) para informar, (6) para
restringir, (7) para confirmar e (8) para impelir. Desecreverei
cada um nesta mesma ordem, dando exemplos.
Meu objetivo em sugerir esta classificação e em dar estes
exemplos é o de persuadir cada um dos irmãos a refletir acerca
de suas próprias experiências e a concluir que já recebeu
revelações e que pode receber mais inspiração porque a
comunicação de Deus aos homens e às mulheres é uma
realidade. O Presidente Lorenzo Snow declarou que é um
“grande privilégio todos os Santos dos Últimos Dias. . .
recebermos manifestações do espírito todos os dias de nosso
vida.”3
O Presidente Harold B. Lee ensinou que “todo ser tem o
privilégio de exercer estes dons e prerrogativas ao conduzir
suas atividades, ao criar seus filhos do jeito que se deve, ao
dirigir sua empresa ou ao fazer qualquer outra atividade. É seu
direito receber o espírito de revelação e de inspiração para
fazer o que é certo e para ser sábio, prudente, justo e bom e
tudo que fizer.”4
Ao revisar os seguintes oito propósitos da revelação, espero
que os irmãos reconheçam quanta revelação e inspiração já
receberam e resolvam a cultivar este dom espiritual a fim de
ultilizarem-no com mais freqüência no futuro.
1. O Espírito Santo testifica, ou revela, que Jesus é o Cristo e
que o evangelho é verdadeiro.
Quando o Apóstolo Pedro afirmou que Jesus Cristo era o Filho
do Deus vivo, o Salvador o chamou bem-aventurado, “pois to
não revelou a carne e o sangue, mas Meu Pai, que está nos
céus” (Mateus 16:17). Esta revelação preciosa pode fazer parte
da experiência pessoal de todo aquele que procura a verdade.
Depois de recebida esta revelação se torna uma estrela polar
para guiá-lo em todas as atividades da vida.
2. A profecia é outro motivo ou função da revelação.
Ao falar sob a influência do Espírito Santo, e dentro dos limites
de sua responsabilidade, uma pessoa pode ser inspirada a
predizer o que passará no futuro.
Quem ocupa o cargo de profeta, vidente e revelador profetiza
para a Igreja, como foi o caso quando Joseph Smith profetizou
a respeito da Guerra Civil (vide D&C 87) e predisse que os
Santos seriam um povo poderoso nas Montanhas Rochosas. A
profecia faz parte do chamado de um patriarca. Cada um de
nós também tem, de tempos em tempos, o privilégio de
receber a revelação profética, iluminando os eventos que nos
sucederão no futuro, tal como um chamado na Igreja que
vamos receber. Para citar outro exemplo, depois do nascimento
do nosso quinto filho, minha esposa e eu passamos um tempo
sem ter mais filhos. Depois de mais de dez anos, aflitos,
concluímos que nossa família não ia mais aumentar. Mas um
dia quando minha esposa estava no templo, o Espírito
sussurrou que ela ia ter outro filho. Aquela revelação profética
se cumpriu mais ou menos um anos e meio depois quando
nasceu nosso sexto filho pelo qual havíamos esperado treze
anos.
3. O terceiro propósito da revelação é o de dar consolo.
Tal revelaão veio ao Profeta Joseph Smith no cárcere de Liberty.
Após muitos meses em condições deploráveis, sozinho e
agonizado ele clamou, rogando ao Senhor que se lembrasse
dele e dos santos perseguidos. Chegou a resposta consoladora:
“Meu Filho, paz seja com tua alma; tua adversidade e tuas
aflições não durarão mais que um momento; e então, se as
suportares bem, Deus te exaltará no alto; triunfarás sobre
todos os teus inimigos” (D&C 121:7–8).
Naquela mesma revelação o Senhor declarou que não importava
quantas injustiças e tragédias sucedessem ao profeta, “Sabe,
meu filho, que todas essas coisas te servirão de experiência e
seráo para o teu bem” (D&C 122:7).
Cada um de nós sabe de outros exemplos de revelação
consoladora. Alguns já foram consolados por visões de entes
queridos falecidos ou por sentir sua presença por perto. A viúva
de um bom amigo meu me disse que sentia a presença de seu
marido desaparecido, dando-lhe a certeza de seu amor e
anseio por ela. Outros receberam conforto em adaptar-se à
perda de emprego, a perda de um negócio comercial ou até de
seu casamento. Uma revelação de consolo pode também ser
vinculada a uma bênção sacerdotal, ou pelas palavras da
bênçao ou simplesmente pelo sentimento comunicado durante
a bênção.
Outra espécie de consolo é a segurança que se recebe quando
o Senhor perdoa um pecado. Depois de orar fervorosamente
por um dia e uma noite inteiros, um profeta do Livro de
Mórmon registrou que ouviu uma voz que disse: “Perdoados
são os teus pecados e serás abençoado.
"Portanto," Enos escreveu, "minha culpa foi apagada" (vide Enos
1:5-6; vide também D&C 61:2). Esta certeza que vem quando a
pessoa completa os passos do arrependimento dásegurança de
que o preço se pagou, que Deus ouviu o pecador penetente, e
que seus pecados foram perdoados. Alma descreveu aquele
momento como a hora em que "já não foi atormentado pela
lembrança de seus pecados. "E oh, que alegria e que luz
maravilhosa contemplei! Sim, minha alma encheu-se de tanta
alegria. . . . nada pode haver tão belo e doce como o foi a
minha alegria" (Alma 36:19-21).
4. Semelhante ao sentimento de consolo é o quarto propósito
ou função de revelação, o de elevação espiritual.
Às vezes, na vida, cada um de nós precisa ser elevado da
depressão, de sentimentos de incerteza ou de inadequação, ou
simplesmente de estar parado num nível de mediocridade
espiritual. Acredito que a elevação spiritual proveniente da
leitura das escrituras ou de usufruir música saudável, arte ou
literatura é um propósito distinto da revelação, já que elevam
nosso espírito e nos ajudam a resistir o mal e procurar o bem.
5. O quinto propósito da revelação é o de informar.
Pode-se consistir em uma pessoa receber, por inspiração, as
palavras certas para ocasiões específicas, como na bênção
pronunciada por um patriarca ou em sermões ou outras
ocasiões quando se fala sob a influência do Espírito Santo. O
Senhor mandou que Joseph Smith e Sidney Rigdon levantassem
a voz e falassem os pensamentos colocados em seu coração,
"pois naquela mesma hora, sim, naquele mesmo momento, ser-
vos-á dado o que dizer" (D&C 100:5-6; vide também D&C
84:85; D&C 124:97).
Em certas ocasiões sagradas, informações foram transmitidas
em conversação face a face com personagens celestiais, como
nas visões que se encontram nas escrituras antigas e
modernas. Em outras circunstâncias, informações importantes
são comunicadas pelos sussurros calmos do Espírito. Uma
criança perde uma coisa de grande valor sentimental, pede
ajuda através de oração e recebe inspiração para achá-la; um
adulto encontra um problema no serviço, em casa ou na
pesquisa genealógica, ora a respeito e é guiado às informações
necessárias para resolvê-lo; um líder da Igreja ora para saber
quem é que o Senhor quer que ele chame para tal cargo e o
Espírito sussurra o nome. Em todos estes exemplos-conhecidos
por todos nós-o Espírito Santo atua no seu ofício de professor
e revelador, transmitindo informações e verdades para a
edificação e orientação dos que as recebem.
A revelação divina serve para cumprir todos estes cinco
propósitos: testemunho, profecia, consolo, elevação espiritual e
informações. Falei brevemente a respeito deles, dando
exemplos, principalmente das escrituras. Falarei agora em
maiores detalhes dos três propósitos de revelação que restam,
dando exemplos de minha própria experiência.
6. O sexto tipo ou propósito de revelação é o de nos
restringir de fazer certas coisas.
Assim, no meio de um grande sermão em que se explica o
poder do Espírito Santo, de repente Néfi declara: "E agora eu . .
. não posso dizer mais; o Espírito encerra a minha fala" (2
Nephi 32:7). A revelação que refreia é umas das formas mais
comuns de revelação. Muitas vezes vem de surpresa quando
não tínhamos pedido revelação ou orientação acerca de certo
assunto. Mas, se estamos guardando os mandamentos de Deus
e vivendo em harmonia com o Espírito, a força refreadora nos
desviará das coisas que não devíamos fazer.
Uma das minhas primeiras experiências de ser restringido pelo
Espírito me aconteceu logo após o meu chamado de
conselheiro numa presidência de estaca em Chicago. Numa das
primeiras reuniões de presidência da estaca nosso presidente
de estaca apresentou uma proposta de construir a nova sede da
estaca em certo local. De imediato pensei em quatro ou cinco
motivos para não construir naquele lugar. Quando ele pediu
meus conselhos, opus a proposta, explicando o porquê. O
president da estaca sabiamente surgeriu que cada um de nós
orássemos a respeito do assunto por uma semana e o
discutíssemos na próxima reunião. Quase sem prestar atenção
orei sobre o assunto e de imediato recebi uma impressão
fortíssima de que eu estava errado, que estava impedindo a
vontade do Senhor e que não devia mais opor a proposta. é
escusado dizer que fui restringido e logo aprovei a proposta de
construção da sede. A propósito, a sabedoria de construir a
sede da estaca naquele lugar logo se tornou evidente, até para
mim. Meus argumentos ao contrário foram míopes e logo fiquei
grato que fui refreado de depender deles.
Alguns anos atrás peguei a caneta da escrivaninha no meu
escritório na Universidade Brigham Young (BYU) para assinar
um documento que tinha sido preparado para eu firmar, algo
que eu fazia pelo menos uma dúzia de vezes ao dia. Aquele
documento iria obrigar a universidade a seguir uma série de
compromissos em que havíamos concordado. Todo o trabalho
complementar dos meus assessores tinha sido completadod e
tudo parecia estar em ordem.Porém quando fui firmá-lo, enchi-
me de pensamentos negativos e mau agouro de tal modo que o
deixei de lado e pedi que o assunto fosse revisado. Assim
fizemos e dentro de poucos dias revelaram-se mais fatos que
mostraram que o acordo proposto teria causado sérios
problemas para a universidade no futuro.
Outra vez o Espírito veio ajudar-me quando eu redigia um livro
de casos legais. Um livro de casos consiste em centenas de
decisões jurídicas, mais as anotações e textos escritos pelo
redator. Meu assessor e eu havíamos completado quase todo o
livro, inclusive pesquisas necessárias para verificar que as
decisões ainda estavam em vigor. Pouco tempo antes de
mandar o livro à editora, quando eu folheava o manuscrito, um
dos veredictos judiciários me chamou atenção. Ao contemplá-
lo tive uma sensação de inquietação profunda. Pedi ao assessor
para verificar a decisão e ver se tudo estava em ordem. Ele
respondeu que sim, mas em outra revisão do manuscrito
inteiro, outra vez fui parar de novo naquele mesmo caso e senti
grande inquietação. Desta vez eu mesmo fui à biblioteca de
direito e lá descobri entre umas publicações recém chegadas
que o caso havia sido anulado por apelo. Se aquele caso tivesse
sido publicado no livro de casos, eu teria passado vergonha
entre os colegas profissionais. Fui salvo pelo poder refreador da
revelação.
7. Uma forma comum de buscar revelação é a de propor uma
solução e então orar para receber inspiração para confirmá-
la.
O Senhor explicou este tipo de revelação confirmante quando
Oliver Cowdery fracassou na sua tentative de traduzir o Livro de
Mórmon. "Eis que não compreendeste; supuseste que eu
concederia a ti, quando nada fizeste a não ser pedir-me.
"Mas eis que eu te digo que deves estudá-lo bem em tua
mente; depois me deves perguntar se está certo e, se estiver
certo, farei arder dentro de ti o peito; portanto sentirás que
está certo" (D&C 9:7-8).
De modo semelhante o profeta Alma compara a palavra de
Deus a uma semente e diz às pessoas que estudam o
evangelho que se cederem lugar para plantar a semente no
coração, ela dilatar-lhes-á a alma e iluminará seu
entendimento e se tornará deliciosa para eles (vide Alma 32).
Aquela sensação é a revelação confirmante do Espírito Santo da
veracidade da palavra.
Ao discursar na BYU uns anos atrás sobre o assunto de "Arbítrio
ou Inspiração," O Éder Bruce R. McConkie enfatizou nossa
responsabilidade de fazer tudo dentro de nosso poder antes de
buscar a revelação. Ele citou um exemplo muito pessoal.
Quando ele começou a escolher sua esposa eterna, não
perguntou ao Senhor com quem deveria casar-se. "Saí e achei a
moça que queria," disse ele. "Ela me agradou; . . . me parecia . .
. como se assim devesse ser. . . . [Então] só orei ao Senhor e
pedi orientação e direção referentes à decisão que fiz." [5]
O Élder McConkie resumiu seus conselhos quanto ao equilíbrio
entre arbítrio e inspiração da seguinte maneira: "Espera-se que
usemos os dons, talentos, capacidades e o senso de juízo e
arbítrio com que fomos dotados. . . . Subentende-se que antes
de pedir com fé, é-nos exigido fazer tudo que pudermos por-
nós mesmos para alcançar a meta que buscamos. . . . Devemos
fazer tudo que pudermos e então buscar uma resposta do
Senhor um selo confirmador de que chegamos à conclusão
certa." [6]
Como representante regional tive o privilégio de trabalhar com
quatro membros diferentes do Quórum dos Doze e com outras
autoridades gerais ao procurarmos revelação no chamado de
presidentes de estaca. Todos eles procediam da mesma
maneira. Entrevistavam certas pessoas residentes da estaca-
conselheiros da presidência da estaca, membros do sumo
conselho, bispos e outros que adquiriram experiência especial
na área de administração da Igreja-fazendo-lhes perguntas e
ouvindo seus conselhos. à medida que se faziam as entrevistas,
os servos do Senhor oravam e consideravam cada pessoa
entrevistada e mencionada. Finalmente, chegavam a uma
conclusão preliminar quanto ao novo presidente de estaca. Por
fim levavam a proposta ao Senhor em oração. Se a decisão era
confirmada, se fazia o chamado. Se não, ou se era restringida, a
proposta era posta de lado e se continuava o processo até
chegar a uma nova proposta e até receber a confirmação da
revelação.
Às vezes as revelações confirmantes e restritivas ocorrem
juntas. Por exemplo, durante a gestão na BYU fui convidado
para dar um discurso perante uma associação nacional de
advogados. Já que iria levar muitos dias para prepará-lo, este
era o tipo de convite que eu geralmente negava. Mas ao
escrever a carta de recusa, senti-me restringido. Pausei e
reconsiderei o convite nestas condições e senti a segurança
confirmante do Espírito e então sabia o que devia fazer.
O discurso resultante, "Uma Universidade Privada Encara o
Regulamento Governamental," abriu as portas para um monte
de oportunidades importantes. Fui convidado para repetir o
mesmo discurso perante outros grupos nacionais
proeminentes. Até foi publicado em Vital Speeches [Discursos
Vitais], uma revista professional, e em outros periódicos e livros
e se tornou uma declaração de vanguarda no que se diz
respeito ao interesse de universidades privadas de se livrarem
de regulamento do governo. Também incentivou muitos grupos
religiosos a consultarem com a BYU a respeito da relação
apropriada entre o governo e as faculdades vinculadas a
igrejas. Estas consultas resultaram na formação de uma
organização nacional de faculdades e universidades religiosas
que se tornou uma aliança significativa para opor a
regulamentação ilegal e indevida do governo. Não tenho
nenhuma dúvida, ao refletir neste evento, que aquele convite
que quase recusei foi um daqueles eventos quando uma coisa
que parece insignificante faz uma grande diferença para o bem.
Em ocasiões deste tipo convem receber a orientação do Senhor
e nestas horas a revelação nos virá para ajudar-nos, se
ouvirmos e obedecermos.
8. O oitavo propósito ou tipo de revelação consiste no
Espírito impelir a pessoa a agir.
Este não se trata de um caso em que se propõe certa ação e o
Espírito ou confirma ou restringe. é um caso em que vem a
revelação sem ser pedida e esta revelação nos impele a fazer
algo não contemplado. Este tipo de revelação, naturalmente, é
menos comum que os outros tipos, mas sua raridade a faz mais
expressiva.
Um exemplo disso está registrado no primeiro livro de Néfi.
Antes que Néfi obtivesse os registros preciosos da tesouraria
em Jerusalém, o Espírito do Senhor o mandou matar Labão
quando este jazia bébado na rua. Este ato estava tão longe do
coração de Néfi que ele recuou e lutou com o Espírito, mas foi
ordenado de novo a matar Labão e acabou seguindo a revelação
(vide 1 Néfi 4).
Quem estuda a história da Igreja se lembrará do relato de
Wilford Woodruff de uma inspiração que lhe veio de noite,
dizendo-lhe que afastasse a carruagem e as mulas de uma
grande árvore. Ele o fez e junto com a família e os animais foi
salvo quando trinta minutes mais tarde a árvore caiu por terra
devido a um tornado que passou por perto. [7]
Quando mocinha, minha avó, Chastity Olsen Harris teve uma
experiência semelhante. Ela estava de babá, cuidando de umas
crianças que brincavam no leito de um rio seco perto de sua
casa em Castle Dale, Estado de Utah. De repente ela ouviu uma
voz que a chamou pelo nome e ordenou-a a retirarem as
crianças do leito do rio e subirem para a beira. Estava um dia de
sol e não havia nenum sinal de chuva. Ela não via razão alguma
de obedecer à voz e continuou a brincar. A voz falou-lhe outra
vez com urgência.. Desta vez ela obedeceu à advertência. De
súbito reuniu as crianças e correu à beira do rio temporário.
Justamente no momento que chegaram à beira, uma onda
enorme de água oriunda de uma chuvarada nas montanhas
distantes, desceu o canyon e passou com força por onde as
crianças haviam brincado. Se não fosse esta revelação
impelente, ela e as crianças teriam sido perdidas.
Durante nove anos o Professor Marvin Hill e eu colaboramos no
livro Carthage Conspiracy [Conspiração de Carthage], referente
ao tribunal e assassinato de Joseph Smith em 1845. Tínhamos
várias fontes da ata do tribunal, alguns dos manuscritos
levavam o nome do escrivão e outros não. A ata mais completa
não tinha firma, mas devido ao fato de tê-la achado no
escritório do Historiador da Igreja, tínhamos certeza que eram
da autoria de George Watt, o escrivão oficial da Igreja que foi
mandado a Carthage para gravar os trâmites do processo. Por
isso em sete rascunhos do livro atribuimos a autoria a ele e
analizamos todas as demais fontes baseando-nos naquela
suposição.
Finalmente o livro ficou pronto e dentro de poucas semanas
mandaríamos o manuscrito final à editora. Ao sentar no meu
gabinete na BYU num sábado à tarde, senti-me impelido a
examinar o monte de livros e panfletos ainda não lidos
acumulados na mesa atrás da minha escrivaninha. No fundo de
uma pilha de cinqüenta a sessenta publicações encontrei um
catálogo impresso relacionando o conteúdo do Museu de
Wilford C. Wood, o qual o Professor LaMar Berrett, o autor,
tinha-me enviado fazia um ano e meio. Ao folhear rapidamente
as páginas do catálogo de manuscritos históricos da Igreja, vi
uma página que descrevia o manuscrito da ata do tribunal que
havíamos atruibuido a George Watt. Porém o catálogo contou
que Wilford Wood comprara a ata original no Estado de Illinois e
dera à Igreja a versão dactilografada que obtivemos do
historiador da Igreja.
Visitamos, de imediato, o Museu Wilford Wood em Woods
Cross, Utah, e obtivemos mais informações que confirmaram
que aquela ata que pensávamos ser uma fonte oficial da Igreja,
na verdade fora preparada por um dos advogados que
defendeu o Profeta. Com este conhecimento voltamos ao
escritório do Historiador da Igreja e pudemos localizer pela
primeira vez a ata oficial e muito autêntica do tribunal feita por
George Watt. Este descobrimento fez com que não fizéssemos
um erro grave na indentificação de uma das fontes
documentárias principais e por isso pudemos melhorar de
modo expressivo o conteúdo do livro. A impressão que recebi
naquele dia no meu escritório e um exemplo precioso da forma
de o Senhor nos ajuda nas atividades justas até da nossa
profissão quando somos dignos de receber as impressões de
seu Espírito.
Tive outra experiência especial com a revelação impelente
poucos meses depois de assumir a presidência da BYU. Como
presidente novinho e inexperiente tive que analizar muitos
problemas e fazer muitas decisões. Eu dependia muito do
Senhor. Num dia em outubro fui de carro ao canyon de Provo
para ponderar certo problema. Embora sozinho e sem
interrupções não conseguia pensar no problema. Outro assunto
pendente que eu não estava ainda a fim de considerar queria
entrar na mente à força, o de modificar o calendário letivo da
BYU para completar o semestre de outono antes do Natal.
Depois de dez a quinze minutes de não poder tirar este
pensamento da mente, reconheci o que estava passando. O
assunto do calendário não me parecia urgente e, portanto, eu
não buscava orientação a seu respeito, porém o Espírito queria
comunicar a respeito deste assunto. De imediato, focalizei a
atenção nesta questão e comecei a escrever os pensamentos
num papel. Dentro de poucos minutos escrevi os detalhes de
um calendário letivo de três semestres e suas vantagens
poderosas.
Apressando-me para voltar ao campus, discuti a proposta com
os colegas e estes ficaram entusiasmados. Poucos dias depois a
Junta Diretora aprovou a proposta do novo calendário e
publicamos as datas bem na hora para fazê-las efetivas a partir
do semestre de outono de 1972. Depois daquela época li estas
palavras do Profeta Joseph Smith e reconheci que tive a
experiência que ele descreveu: "Pode-se tirar grande proveito
em reconhecer a primeira impressão do espírito da revelação;
por exemplo, quando se sente a inteligência pura dentro de si,
ela pode, de repente, revelar idéias . . . e assim, através de
aprender acerca do Espírito de Deus e compreendê-lo, pode-se
crescer até adquirir o princípio de revelação." [8]
Acabo de descrever oito propósitos, ou tipos, diferentes de
revelação: (1) testificar, (2) profetizar, (3) consolar, (4) elevar,
(5) informar, (6) restringir, (7) confirmar e (8) impelir. Cada um
deles se refere à revelação que se recebe. Antes de concluir,
apresentarei umas idéias a respeito de revelações que não se
recebem.
Primeiramente, devemos entender aquilo que se chama o
princípio da "responsabilidade quanto à revelação." A casa do
Nosso Pai Celestial é uma casa de ordem onde seus servos são
ordenados a "agir no ofício para o qual for designado" (D&C
107:99). Este princípio se aplica à revelação. Somente o
Presidente da Igreja recebe revelação para guiar a Igreja toda.
Somente o presidente de estaca recebe revelação para a
orientação especial de uma estaca. Quem recebe a revelação
para a ala é o bispo daquela ala. Para a família é a liderança do
sacerdócio da família. O líder recebe revelação para a sua área
de responsabilidade. O indivíduo pode receber revelação para
guiar sua própria vida.
Mas quando alguém alega ter recebido uma revelação para
outra pessoa fora de sua área de responsabilidade-tal qual um
membro da Igreja que alega ter recebido revelação para guiar a
Igreja inteira, ou uma pessoa que alega ter recebido revelação
para alguém sobre o qual não tem autoridade, conforme a
ordem da Igreja-podem ter certeza que tais revelações não são
do Senhor. "São sinais falsificados." [9] Satanás é o grande
enganador e é a fonte de algumas destas revelações não
verdadeiras. Outras são imaginadas.
Se a revelação ocorre fora dos limites de sua responsabilidade
específica , os irmãos sabem que não é do Senhor e não são
obrigados a segui-la. Sei de casos em que um homem fala para
uma mulher que ela deve-se casar com ele porque ele tinha
recebido uma revelação que ela seria sua companheira eterna.
Se esta for revelação verdadeira, será confirmada diretamente à
mulher, se ela procurar saber. Neste meio tempo ela não tem
nenuma obrigação de obedecer. Ela deve procurar sua própria
orientação e fazer sua própria decisão. O homem pode receber
revelação para guiar suas próprias ações mas não pode,
propriamente dito, receber revelação para controlar as ações
dela. Ela está fora de sua jurisdição.
E que tal aquelas vezes que procuramos revelação e não a
recebemos? Nem sempre recebemos inspiração ou revelação
quando a pedimos. Às vezes a resposta demora e às vezes o
Senhor nos deixa seguir nosso próprio juízo. Não podemos
forçar o espírito. Tem que ser assim. O propósito desta vida, o
de obter experiência e desenvolver nossa fé, seria frustrado se
Nosso Pai Celestial dirigisse todos os nossos atos, até os atos
mais importantes. Devemos fazer decisões e arcar com as
conseqüências a fim de desenvolvermos a auto-suficiência e a
fé.
Até nas decisões que achamos muito importantes, às vezes não
recebemos uma resposta a nossas orações. Isso não quer dizer
que nossas orações não fossem ouvidas. Só significa que
oramos a respeito de uma decisão que, por um motivo ou
outro, devemos fazer sem a orientação de revelação. Talvez
tenhamos pedido orientação em escolher entre alternativas que
sejam igualmente aceitáveis ou igualmente inaceitáveis.
Acredito que não há uma resposta certa ou errada para todas as
perguntas. Para muitas perguntas só tem duas respostas
erradas ou duas respostas certas. Deste jeito uma pessoa que
busca orientação sobre qual dos dois caminhos ela deve seguir
para vingar-se de alguém que a ofendeu provavelmente não vai
receber uma revelação. Tampouco uma pessoa que procura
orientação sobre uma escolha que nunca terá que fazer devido
à intervenção de algum evento no futuro, tal como uma nova
alternativa obviatmente mais viável. Certa vez minha esposa e
eu oramos fervorosamente para receber inspiração sobre um
assunto que nos parecia muito importante. A resposta não veio.
Tivemos que proceder segundo nosso próprio juízo. Não
pudemos imaginar por que o Senhor não tinha-nos socorrido
nem com uma confirmção nem uma impressaõ refreadora. Mas
dentro de pouco tempo soubemos que não era mais preciso
fazer a decisão a respeito daquele assunto, pois havia surgido
algo que tornou a decisão desnecessária. O Senhor não nos
guiou em fazer uma escolha que já não importava.
Não é provável que venha uma resposta a quem busca
orientação em escolher entre duas alternativas igualmente
aceitáveis ao Senhor, pois às vezes podemos servir de forma
produtiva em qualquer das duas áreas de atuação. As duas
respostas estão certas. De igual modo, o Espírito do Senhor
provavelmente nãos nos dará revelações acerca de assuntos
triviais. Certa vez numa reunião de testemunhos ouvi uma
mulher louvar a espiritualidade de seu marido, dizendo que ele
apresentava todas as perguntas ao Senhor. Ela contou como ele
a acompanhava ao fazer compras e nem escolheria entre duas
marcas de legumes enlatados sem orar a respeito de sua
escolha. Isto me parece inapropriado. Acredito que o Senhor
espera que usemos a inteligência e a experiência que Ele nos
deu para fazer este tipo de decisão. Quando um membro pediu
conselhos ao Profeta Joseph Smith a respeito de certo assunto,
o Profeta declaraou: "é uma coisa pesada indagar aos pés de
Deus ou entrar na sua presença: e sentimo-nos receosos em
nos aproximar dEle a respeito de assuntos de pouca
importância." [10]
Naturalmente nem sempre podemos julgar o que é trivial e o
que não é. Se o problema parece de pouca importância,
devemos proceder à base de nosso próprio juízo. Se a escolha
for importante, devido a motivos que desconhecemos, como o
foi meu convite para fazer um discurso, a que já me referi, ou a
escolha entre duas latas de legumes. Se uma das latas contiver
veneno, o Senhor intervirá e dar-nos-á inspiração. Se uma
escolha for fazer uma diferença muito importante em nossa
vida-óbvia ou não-e se estivermos em sintonia com o Espírito e
estivermos procurando orientação, podemos ter certeza que
receberemos a inspiração necessária para alcançar nossa meta.
O Senhor não nos deixará desamparados quando a escolha for
importante para nosso bem-estar eterno.
Anotações
[1] James E. Talmage, Articles of Faith[Regras de Fé], 12a
edição. (Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
últimos Dias, 1924), 229.
[2] Boyd K. Packer, "Prayers and Answers [Orações e
Respostas]," Ensign, novembro de 1979, 19-20.
[3] Lorenzo Snow, em Conference Report [Relatório de
Conferência Geral], abril de 1899, 52.
[4] Harold B. Lee, Stand Ye in Holy Places [Ficai em Lugares
Santos] (Salt Lake City: Deseret Book, 1974), 141-42.
[5] Bruce R. McConkie, "Agency or Inspiration-Which? [Arbítrio
ou Inspiração-Qual deles?]" em Speeches of the Year: BYU
Devotional Addresses 1972-1973 (Provo, Utah: Brigham Young
University Press, 1973), 107, 111.
[6] Vide McConkie, "Agency and Inspiration-Which?" 108, 110,
113.
[7] Vide Matthias F. Cowley, Wilford Woodruff, History of His
Life and Labors [Wilford Woodruff, a História de sua Vida e
Obra](Salt Lake City: Bookcraft, 1964), 31-32.
[8] Joseph Smith, Teachings of the Prophet Joseph Smith [Os
Ensinamentos do Profeta Joseph Smith], compilação de Joseph
Fielding Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1976), 151.
[9] Packer, "Prayers and Answers [Orações e Respostas],"
Ensign, November 1979, 19-20.
[10] Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints [A História da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos últimos Dias], redação de B. H. Roberts, 2a edição,
revisada (Salt Lake City: Deseret Book, 1957), 1:339.
Sempre Aprendendo, Sempre Ensinando
O Processo de Transcrição
Manter a facilidade de leitura e uma exatidão apurada eram os
objetivos principais na transcrição da coletânea de cartas de Joseph
F. Smith e Martha Ann Smith. Sempre que possível, a transcrição em
inglês de cada carta mantém a ortografia, pontuação, emenadas,
palavras sublinhadas e rasuras do documento original. Os
transcritores fizeram o mínimo de redação possível, embora haja
umas poucas modificações de pontuação para esclarecer o sentido
de alguns trechos. Para reduzir a distração para o leitor, muitas letras
maiúsculas foram passadas a letras menúsculas. Por exemplo,
Martha Ann Smith Harris escreveu as letras maiúsculas D, F, J, L, M e
S de forma incoerente e encontram-se variações no uso das letras A,
J, L, M e S por parte de Joseph F.. Para fins de facilitar a leitura, os
redatores, a sua discrição, padronizaram o uso destas letras na
versão inglesa.
Usam-se colchetes em branco [ ] para representar um furo, rasgo ou
lacuna na carta. Palavras que iniciam numa linha e terminam noutra
são transcritas como uma palavra só. Usamos parênteses oblíquos <
> para destacar as inserções dos próprios autores originais.
Independente de como aparece na cartas, todos os parágrafos são
indicados de forma padronizada. Usa-se este símbolo [—] para
indicar letras dentro de uma palavra que não se pode decifrar; [o]
para uma letra ilegível na palavra; e “\” indica uma palavra ou série de
palavras ilegíveis.
A Pedagogia de Joseph F. Smith
Depois do falecimento de Mary Fielding Smith, as condições forçaram
Joseph F. a servi às vezes de irmão e às vezes de pai para Martha
Ann. Não é de se admirar que Martha Ann tenha aceito tanto o papel
de filha como o de irmã. Ela escutava os conselhos de Joseph F. de
boa vontade e fazia seu melhor para seguir aquilo que ele
recomendava. Por exemplo, neste extrato de uma carta escrita por
Joseph F. aos dezessete anos a Martha Ann, que tinha quatorze anos
na época, do dia 18 de fevereiro de 1856, ele relata:
Agora permite-me dar-te uns conselhos a respeito de como \ se deve
agir. Bem, o primeiro é: Não procures exaltar-te acima de tuas
colegas, nem procures ser gente fina quando não sabes nada do que
é cultura, mas prossegue firme, mansa e sê humilde e de coração
branda; e ora sempre para que o espírito de Deus resida contigo, pois
digo-te, Martha Ann que o espírito de Deus te ensinará as regras
perfeitas da modéstia porque ele não usa de hipocracia, nem de
desígnios supérfluos, nem nada disso. A disposição de orar,
humildade, perseverança em retidão, diligência e paciência
combinarão para nos aperfeiçoar e nada mais nos capacitará para
alcançar a glória e bênçãos preparadas para os fieis no reino de
Deus.
Apesar de não possuirmos a carta correspondente à de cima, em
muitas ocasiões Martha Ann respondeu de maneira positiva aos
conselhos dele. Numa carta escrita na primavera (provavelmente em
abril) de 1856—logo depois da carta acima, ela escreveu:
Recebi tua carta e fiquei feliz em ler uma carta tão gentil e carinhosa.
Fez-me bem ter lido, como sempre me faz bem ler uma carta tua, pois
sempre aprendo algo de novo que me beneficia. . . . Eu sei o que
queres e me esforçarei ao máximo, conforme meu entendimento. Não
me sinto orgulhosa ao receber teus conselhos e quero que [2] me
aconselhes no que devo fazer porque és mais velho do que eu e tens
passado por mais provações do que eu. Considero de onde vêm teus
bons conselhos e sei que vêm de um irmão que me quer bem e de
quem, mais do que de qualquer outra pessoa do mundo, eu prefiro
receber conselhos.
Ao longo da corresponência de Joseph F. com sua irmã, torna-se
cada vez mais evidente que Martha Ann o considerava um confidente,
conselheiro e mentor. Cada uma destas palavras se refere ao ensino.
Um professor é quem “mostra o caminho, dirige, conduz e guia.” [18]
Podemos adquirir mais entendimento quanto ao papel do professor
ao examinar o vocábulo grego pedagogue, de onde se deriva a
palavra pedagogia. Nos componentes da palavra pedagogue, há pais
que significa “criança” e agoge que significa “guiar para fora.” Ao
combinar estes componentes, o resultado sugere que de início a
pedagogia se tratava da educação de crianças. Um erudito resumiu o
conceito da pedagogia como “um processo definido de
desenvolvimento social e intelectual.” [19]
Quando aplicamos tais definições a Joseph F. Smith, vemos que ele é
um exemplo do professor ideal. Mesmo que ele tivesse recebido uma
educação formal muito limitada e só fosse somente dois anos e meio
mais velho que Martha Ann, a morte de seus pais, a missão e sua
capacidade de comunicar o colocaram no papel de mestre de Martha
Ann. A didática e os princípios de ensino que observamos nas suas
cartas para ela revelam os mesmos princípios abraçados pelos
professores modernos. Os padrões de ensino eficaz não mudam com
o tempo.
Há numerosos estudos que examinam a qualidade do ensino. Em
diferentes épocas as pesquisas foram dirigidas a grupos específicos,
tais como administradores de escolas, professores e estudantes, para
determinar as caraterísticas do professor ideal. Os educadores James
Banner e Harold Cannon relataram: “As caraterísticas que tornam
eficaz o ensino não são nem misteriosas nem exclusivas, sendo
possuídas só por um grupo limitado de professores extraordinários.
São inerentes em todos nós. Não é preciso estudá-las e sim, tornar-
nos cientes delas e aplicá-las. . . . Aquilo que o professor faz é ligado
a quem ele é.” [20]
Pode se dizer isso a respeito de todas as pessoas boas,
independente de seu nível de instrução e da profissão que exerce.
Uma análise bem apurada dos apóstolos e profetas de nossa
dispensação, de Joseph Smith Jr. a Gordon B. Hinckley, revelou que
estes indivíduos tinham a capacidade, como já se falou, de “dirigir,
conduzir e guiar”—em outras palavras, ensinar. Examinamos alguns
estudos que indentificam as qualidades de um bom professor. [21] As
listas compiladas por meio destas pesquisas são, de modo geral,
extensas demais para o objetivo deste trabalho. [22] Nestas
pesquisas também se incluíram itens que não se aplicam ao nosso
estudo, tais como o cálculo justo de notas, ambiente da sala de aula,
participação da classe e adminstração; portanto, eliminamos tais
medidas no que se refere a Joseph F. Smith e Martha Ann Smith
Harris. Criamos uma lista curta das caraterísticas mais importantes,
conforme a maioria dos estudos examinados.
Identificamos as seguintes cinco caraterísticas para aplicar à
correspondência no presente estudo: (1) interesse e amor sinceros
pelas pessoas a que se ensina; (2) a capacidade de motivar; (3) a
capacidade de comunicar eficazmente; (4) respeito no tratamento dos
outros; e (5) conhecimento do assunto.
Importar-se com a Pessoa a que se Ensina e Amá-la com Sinceridade
Helen Keller descreve o seguinte evento em sua autobiografia:
O dia mais importante da minha vida de que me lembro é o dia em
que minha professora, Anne Mansfield Sullivan, me veio. Maravilho-
me ao contemplar o contraste imensurável entre as duas vidas que tal
dia conectou. Sucedeu no dia três de março de 1887, três meses
antes de eu completar sete anos. . . .
Senti os passos aproximarem-se de mim. Estendi a mão, como
supunha, a minha mãe. Alguém a pegou e fui acolhida nos braços
daquela que viera revelar-me todas as coisas e, mais do que qualquer
outra coisa, me amar. [23]
Num discurso na conferência geral de 1999, o Élder Dallin H. Oaks
confirmou a necessidade de importar-se com o aluno. Ele disse: “Um
autor de proeminência nacional escreveu um livro sobre seu melhor
professor. A parte primordial do impacto poderoso e positivo que este
catedrático teve na vida do aluno foi a convicção por parte do aluno
de que o professor realmente se importava com ele e queria que este
aluno aprendesse e fizesse aquilo que o ajudasse a encontrar
felicidade.” [24] Martha Ann encontrou em seu irmão tal professor. Na
seguinte carta que Joseph F. Smith escreveu a sua irmã em 22 de
junho de 1864, ele expressou de forma carinhosa suas saudades de
Hyrum, o filho de dez meses de idade de Martha, e transmitiu o
grande amor que tinha para ela e sua família. A carta foi escrita nas
Ilhas Sanduíche. Joseph F. recém havia voltado ao Havaí para ajudar
o Élder Lorenzo Snow e outros líderes da Igreja a lidarem com um
apóstata, Walter Gibson.
Minha querida irmã Martha Ann:— . . .
Sinceramente espero que o Hyrumzinho esteja melhor. Mal consigo
aturar a ideia dele ter mudado de alguma forma do retrato dele que
está em minha mente. Sempre o vejo reto, gordinho, audacioso, cheio
de ânimo e, de comportamento e tom firmes, dando ordens
importantes que se tem que levar ao sério e que não podem ser
menosprezadas com impunidade por até o mais majestoso de seu
pequeno, porém crescente império! Do jeito que ele fica na fotografia
de minha memória, ele é monarca de tudo que enxerga, não conhece
medo, não há igual. Ele manda e se obedece, ou senão, ai de nós!
Bem, ele é meu ideal de perfeição infantil masculina! de nobreza e
magnanimidade em escala de nenê!!
Como tu bem sabes, amo nenezinhos; interessam-me a partir de dois
meses de idade. Fico pensando, será que Willie e Joseph se
esquecerão de mim, creio que não. Dá um beijinho neles por mim e
dize-lhes que penso neles e oro por eles muito em seguida para que
possam crescer dignos da grande misericórdia daquele cuja imagem
eles refletem com tanta nobreza. Tu tens muita razão em te orgulhar
de teus filhos. Se não forem homens bons, não será culpa tua. O solo
é teu, cuida que não lhe falte cultivo.
Em outra carta escrita em dezembro de 1869, de Salt Lake City,
Joseph F. expressou encorajamento e seu desejo de rever Martha
Ann. Nesta carta ele menciona sua segunda esposa, Sarah, como
quem estava casado havia mais ou menos um ano. Só citamos o
últimos parágrafo:
Martha Ann
Minha querida irmã:— . . .
Sarah está preparando o café da manhã. Falo antecipadamente sobre
amanhã de manhã. Sarah prepara as coisas na véspera e de manhã
consegue fazer o café em quarenta e cinco minutos. Quisera que
pudesses nos visitar para eu saber que vais bem. Estou muito
preocupado contigo e não sei evitar este sentimento, ou, em outras
palavras, mudar o destino. Às vezes me sinto condenado quando
observo as condições comfortáveis de minha família, sabendo que
minha irmã não desfruta de muita coisa. Eu queria que fosse
diferente, mas quem pode transformar a situação? Tem bom ânimo,
minha irmã, algo me sussurra que não será sempre assim contigo e
talvez nem comigo. Sempre há uma esperança brilhante e uma
promessa segura de nosso galardão. Que Deus te abençoe a ti e à
família. Mandar-te-ei umas canetas e papel logo que puder.
Embora só citassemos dois exemplos do amor que Joseph F. tinha
para Martha Ann e sua família, a coleção de cartas oferece ampla
evidência de seu compromisso duradouro para com ela, tanta de
palavras como de ações. As palavras do Rei Benjamim refletem o
exemplo de Joseph F. Smith como pai substituto para Martha Ann,
pois ele obedeceu ao conselho de que os pais devem cuidar de seus
filhos e “ensiná-los a se amarem uns aos outros e se servirem uns
aos outros” (Mosias 4:14–15). Além das expressões de elogio,
encorajamento e amor, a coletânea idica que Joseph F. também dava
ajuda monetária a sua irmã com frequência. Sua boa vontade em
compartilhar com ela era ainda mais notável, levando em conta os
desafios econômicos que ele enfrentava em sustentar sua própria
família grande.
A Capacidade de Motivar e Comunicar com
Eficácia
É difícil avaliar a delineação entre a motivação e a comunicação,
dado que a comunicação eficaz faz parte integral da pedagogia. As
cartas de Joseph F. Smith e sua capacidade de comunicar são de
grande valor em si. Devem-se seu sucesso e sua capacidade de
motivar as pessoas a seu talento de comunicar-se efetivamente [e
pelo fato dele possuir o Espírito Santo].
A motivação se manifesta de muitas formas. Seja dinheiro, prestígio
ou a necessidade de se sentir parte de um grupo, o que motiva nos
leva a uma mudança de comportamento. Tal mudança pode ser
levada a efeito por fatores simples como satisfazer a sede num dia de
verão de muito calor. Quanto vale um copo de água? Isso muitas
vezes depende de quanta sede o freguês em perspectiva tem. O que
nos motiva de forma poderosa a mudar-nos é o amor. As escrituras
declaram com simplicidade: “Se me amardes, guardai meus
mandamentos” (João 14:15). Certo autor disse: “Trabalhamos duro
para caminhar a segunda milha para aqueles que amamos.” [25] As
pesquisas indicam que os alunos que gostam de seus professores
são mais capazes de trabalhar com mais afã e ter um performance
muito melhor do que o dos alunos que não gostam do professor.
Ao respondar à pergunta: “Em que consiste a boa didática?” Robert
Leamnson, autor de Thinking about Teaching and Learning
[Contemplar o Ensino e o Aprendizado], declarou: “Para mim os
elementos principais são exposição e inspiração.” [26] Nas suas
cartas Joseph F. Smith, por inspiração, expunha as áreas em que
Martha Ann precisava melhorar. Não há dúvida quanto ao amor e
compromisso que Martha Ann tinha para seu irmão mais velho. É
impossível medir quanta influência seus conselhos tiveram na vida
dela, mas devido a seu amor para ele, podemos concluir que ela
prestava cuidadosa atenção a seu irmão mais velho e correspondia
da melhor maneira possível. Por exemplo, quando Joseph F. só tinha
dezesseis anos, escreveu a seguinte carta da Ilha de Maui em 28 de
janeiro de 1855 para sua irmã que tinha treze anos na época,
incentivando-a a levar uma vida digna das bênçãos de Deus. Ele lhe
escreveu:
Minha cara e carinhosa irmã Martha.
Tendo acabado de escrever uma carta para Jerusha, pensei em
procurar escrever uma para ti, achando que algumas linhas seriam
proveitosas para ti. Estou bem e de boa saúde. Cresci muito desde a
última vez que me viste e não tenho motivo de duvidar que tu também
tenhas crescido desde que te vi. Se este for o caso tu já deves ser
mulher e suponho que chegaste ao ponto de ser mais alta que suas
irmãs. Agora quero dar-te uns conselhos, se me permitires, que são
os seguintes. Sê humilde e ora sempre; sê bondosa às pessoas e
terás o Espírito do Senhor contigo em todas as horas. O Senhor te
abençoará e te guiará nos passos de sua mãe e serás abençoada em
todas as coisas como ela o foi. Nunca te faltarão as necessidades da
vida se cresceres nos passos de sua mãe que passou adiante. Sê
bondosa a suas irmãs, segue o que elas dizem e não te eleves acima
delas, pois são suas irmãs mais velhas e é para elas te darem
conselhos, como também o é no caso de seus irmãos mais velhos.
Sê bondosa a eles e faze o que pedem e não fiques zangada. Estuda
teus livros e para em casa o máximo possível e não penses que és
menosprezada por não teres os privilégios que muitos têm. Sê sóbria
e ora sempre e crescerás nos passos de sua mãe. Prefiro crescer nos
caminhos de sua mãe a ter todas as riquezas do mundo e ser
descontrolado, mal-educado e não orar, pois se seguires o exemplo
de tua mãe, nunca te faltarão os confortos da vida. Vou fazer-te uma
pergunta. Tu te lembras de alguma vez em que não fomos
sustendados pela mão de nossa mãe? Respondo que nunca se
conheceu tal momento. Pergunta aos que sabem. Eu poderia te dar
muitos conselhos, Martinha, que seriam proveitosos ao longo de sua
vida aqui na terra. Lembra-te do que eu já disse e verás que as coisas
hão de melhorar nos dias que vêm. Devo encerrar por aqui, orando
que o Senhor te abençoe e prospere a todo dia. Por favor escreve-me
tanto quanto puderes e dize-me como vais.
Uma coisa mais. Nunca te desanimes, mas sê se bom ânimo e
alegre; continua a orar e mantém uma atitude sensível e o Senhor te
abençoará.
Esta carta mostra o tremendo amor e estima que Joseph F. sentia
pela irmã, bem como seu reconhecimento dos sacrifícios que ela
havia feito a favor da família. A menção de sua mãe deve ter
comovido a jovem Martha Ann ao enfrentar muitos desafios referentes
a seus irmãos mais velhos, os filhos de Hyrum e Jerusha, e a
incerteza que naturalmente teria acompanhado a perda de seus pais
e a ausência de seu irmão.
Outro meio de motivação provém de compartilhar experiências
pessoais. As histórias tendem a gerar emoções de ternura e carinho
que, por sua vez, nos incentivam a fazer modificações vitais para o
nosso bem. Os propagandistas usam de histórias para criar um
sentimento de aceitação ou de necessidade. Já há muitos anos a
Igreja vem transmitindo vídeo clipes na rádio e televisão que
capturam momentos especiais de família que nos fazem refletir na
importância da família. Os clipes geralmente terminam com a frase:
“A família—está na hora!”
Muitas vezes nas escrituras há histórias que ensinam e motivam. Em
certa ocasião, ao viajar pela Samaria, Jesus parou no local do poço
de Sicar e conversou com uma mulher que havia vindo retirar água
(vide João 4). Durante a conversa com ela, ele disse: “Se tu
conheceras o dom de Deus, e quem é o que diz: Dá-me de beber, tu
lhe pedirias, e ele te daria água viva” (João 4:10). Sua conversa levou
ao testemunho pessoal de sua divindade. Muitos dos exemplos que
Jesus ensinava provinham de certas circunstâncias ou de eventos da
vida real, por exemplo, a maldição da figueira (vide Mateus 21:19–
22), a colheita de espigas pelos seus discípulos no sábado (vide
Marcos 2:23–28) e a cura da mulher que tinha uma enfermidade
havia dezoito anos (vide Lucas 13:11–17).
Joseph F. Smith também utilizou eventos de sua época e
experiências pessoais para ensinar a intervenção de Deus em nossa
vida. Tais exemplos provavelmente ajudaram a incentivar Martha Ann
a levar uma vida digna de tais bênçãos. Incluímos dois exemplos
disso em baixo. O primeiro é de uma carta escrita em 17 de abril de
1857, em Lahaina, Ilhas Sanduíche. Aos dezoito anos Joseph F.
comunicou com eloquência a sua irmã de quinze anos de idade duas
experiências pessoais:
Minha querida irmã Martha Ann:—
Não é com sentimentos comuns que me sento hoje de manhã para
responder a sua carta de 17 de dezembro de 1856 que
graciosamente chegou a mim no dia 28 do mês passado. Não tive a
oportunidade de corresponder até agora, devido às viagens para
conferências, etc., que se realizaram nos dias 7, 8 e 9 deste mês.
Passamos uns dias muito agradáveis. Estou bem and forte no
presente momento, apesar de algumas dores que sinto hoje de
manhã devido à falta de sono e ao trabalho intensivo dos últimos três
dias e noites.
Estávamos em oito ao saírmos da Ilha de Lanai na quarta-feira, mas
por causa de fortes ventos contrários fomos obrigados a voltar ao
porto onde dormimos ao ar livre sem nada a não ser uma esteira
fininha que servia de cama e mais uma para cobertor. Nossas
maletas de tecido nos servíam de travesseiro. Ao nascer a lua à uma
hora da noite, voltamos a bordo da pequena embarcação e saímos
rumo a esta ilha. Martha, tu ficarias assustada se pudesses nos ver
jogados pelas ondas do poderoso Oceano Pacífico, quando a cada
momento parecia que a onda ia nos inundar por sua força
assombrosa; sim, se pudesses nos ver num barquinho aberto feito de
tábuas de pinho em alto mar com um trecho de 25 quilômetros para a
frente e menos de um centímetro de espessura entre nós e o
tremendo sepulcro amedrontador onde jazem os corpos de milhares
de pobres seres malfadados que não tiveram a sorte que tivemos.
Quando se está a um centímetro das portas da própria morte, quem é
que pode salvar-nos? Martha, o braço em que confiávamos é aquele
que já resgatou, está sempre disposto a resgatar e sempre resgatará
aqueles que confiarem nele e tiverem fé nele. Portanto, sejamos fieis.
Bem, chegamos aqui às 10 horas da manhã do dia seguinte, depois
da nossa partida. Hoje de manhã alguns dos irmãos partiram para
Wailuku, deixando três de nós aqui neste local. Fui designado para
presidir a conferência de Molokai, que fica a 25 quilômetros daqui em
outra ilha. Como podes ver, terei que atravessar mais um trecho
oceânico antes de chegar a meu campo de trabalho. Quando
chegamos aqui, descobrimos que foi roubado um dinheiro no valor de
US$33,50 proveniente da venda do Livro de Mórmon aos Santos
nativos. Quem o fez não se sabe e não temos como descobrir quem
foi. Estamos realmente angustiados pelo roubo e pelo fato de que a
pessoa que nos tirou este dinheiro, sabendo de nossas condições,
para nós é pior que um assassino! Mas é óbvio que o diabo exerce o
máximo de seu poder para impedir o trabalho que fazemos para a
prosperidade e melhoramento deste povo. Só o próprio Senhor sabe
o que mais acontecerá para impedir esta santa obra. Quem pode
aguentar o que temos que padecer senão os Élderes Mórmons? Não
creio que haja um homem que viva fora do reino de Deus que possa
começar a padecer provações quase insuportáveis e as privações
que enfrentamos por todos os lados e pelas quais temos que passar
todos os dias de nossa vida nestas terras vis. Mesmo assim, tudo isso
é para o nosso bem. Quero regozijar-me, Martha, o dia todo. Sinto-me
alegre e esperançoso, marchando para a frente apesar das
dificuldades que necessito enfrentar, porque sei o que estou fazendo
e por quem estou obrando. Não é como se eu buscasse lucro, ou as
coisas vãs do mundo secular. Quem o faz não consegue se escapar
do desespero se este for sua ideia de progresso [p. 3].—
O entendimento que se adquire através de compartilhar as
experiências e tribulações pessoais pode fortalecer a capacidade de
uma pessoa arcar com as dificuldades da vida. Considerem a
inspiração e o entendimento que a história de Jó, do Velho
Testamento, transmite a seus leitores. Sem uma forma de medir o
impacto das cartas de Joseph F. Smith para Martha Ann, é possível
que nunca reconheçamos o quanto realmente a influenciaram,
contudo as histórias e lições que se encontram nestas cartas não
podem ser desprezadas. O bom ensino requer um investimento de si,
algo do coração. O poder e eficácia das cartas de Joseph F. se
devem, em grande parte, às suas circunstâncias extraordinárias. A
maioria dos professores ao compartilharem tais experiências pessoais
espera incentivar os alunos a se esforçarem para alcançar algo de
mais elevado. Espera-se que as perspectivas adquiridas por Martha
Ann por meio das cartas de seu irmão tenham motivado de forma
semelhante.
Outra carta de Joseph F. nos dá uma visão de como o tempo e a
lembrança do recente falecimento (havia dois meses) de sua filha
primogênita evocam memórias de eventos de sua infância. Joseph F.
tinha trinta e um anos na ocasião e sentia saudades de Mercy
Josephine, filha dele e de Julina Lambson Smith. Mercy Josephine
tinha menos de 10 meses quando morreu:
Nesta capital, dia 6 de agosto de 1870
Martha Ann
Minha querida irmã:— . . .
O tempo está opressivo e a atmosfera abafado e cinzento como se
estivesse impregnado de fumaça, justamente como estava em outros
dias inesquecíveis como no dia 27 de junho de 1944 e nos dias 21 e
22 de setembro de 1852, os dias da morte de nosso pai e da morte e
enterro de nossa mãe. Eu me lembro distintamente deles. Hoje faz
dois meses que nossa querida nenê se reuniu com seu avô e com
sua avó no mundo espiritual, deixando uma lacuna no afeto de meu
coração e um espaço fragmentado que nem o tempo nem a terra
pode satisfazer. Choro a perda mortal do tesouro mais brilhante, mais
puro e mais caro que Deus já me deu, aquela filha que eu mais
apreciava e estimava dentro do grande círculo do maior dom de
Deus, a vida eterna, [p. 2] que é sem par, sendo “tudo em tudo.”
Contudo, como se fosse consolar um pouco meu luto, a cada dia
crescem a doçura, beleza, inteligência e amor que tenho para meu
“broto de roseira” tão precioso, alegre e feliz que florece ainda no
âmago. Ó! no meio da minha tristeza posso dizer: “Agradeço a Deus
meus três meigos e perfeitos presentinhos, um na terra e dois no céu.
E quanto ao foco de meu amor, minha querida “Jode” [apelido de
Josephine], as minhas lágrimas não cessam nunca, porém só
reclamo de minha própria fraqueza e ignorância.
Martha Ann deve ter se comovido ao ler a carta de seu irmão.
Presumivelmente ela escreveu uma carta a Joseph F. falando de sua
preocupação com seus próprios filhos, mas infelizemente a carta não
se encontra em nossa coletânea. Mesmo que não saibamos
exatamente o que Martha Ann lhe escreveu, a resposta está na carta
que ele escreveu em 18 de agosto de 1870:
O Senhor diz que provará seu povo. Tudo que for escória [p. 2] ou
mais cedo ou mais tarde será consumido, pois somente o “ouro”
permanecerá. Espero, pelo bem dos antepassados, pelo nosso bem e
pelo bem dos filhos, que provemos que somos de metal puro. Devo
dizer que o Mormonismo, ou seja, o evangelho em todos os seus
aspectos, está se tornando cada vez mais brilhante dentro de mim e
tornar-se-á ainda mais lustroso à medida que for polido e é certo que
o diabo e seus diabinhos estão decididos a polir-[me]. Há consolo no
fato dos injustos não poderem fazer nada contra e sim a favor da
causa da verdade. A família está bem [fora] alguns casos de diarrea,
mas nada sério. A Julina está muito cautelosa, pois “filha queimada
teme o fogo.” Temos medo de até uma doença leve nesta infante. Ó!
que Deus a poupe por minha causa.
Joseph F. Smith ganhou forças e resolução devido a seu
conhecimento dos princípios do evangelho. Sua fé reflete seu
profundo entendimento. É difícil medir a motivação, especialmente
quando é observada por meio de correspondência pessola escrita há
tanto tempo. Mesmo assim, a paixão e pedidos sinceros de Joseph
F., conforme transmitidos nesta carta, revelam sua compaixão e seu
entendimento de por quê ocorrem o infortúnio e sofrimento. É
possível que nunca saibamos exatamente como as cartas motivaram
e ajudaram Martha Ann a enfrentar as provações de viver na era
pioneira, podemos observar de forma bem clara sua capacidade de
consolar e providenciar novas perspectivas para lidar com os desafios
da vida.
Tratar os Outros com Respeito
Outro componente do ensino eficiente é a capacidade de respeitar
aqueles a quem se ensina. Um professor precisa reconhecer que
muitas vezes se aprende tanto dos alunos quanto se ensina a eles,
isto é, o ensino é uma rua de duas mãos. Um professor eficaz mostra
respeito para os alunos ao escutar e interagir com eles. Parker
Palmer, num ensaio chamado “The Heart of a Teacher: Identity and
Integrity in Teaching” [“O coração do professor: Indentidade e
integridade no ensino”], declarou:
O ensino, como toda atividade verdadeiramente humana, para o bem
ou para o mal, surge do âmago. Ao ensinar, eu projeto a condição da
minha alma nos alunos, na matéria e em nosso convívio. As
confusões que presencio na sala de aula muitas vezes não são mais
nem menos do que a inquietação da minha vida interior. Quando se
enxerga desta perspectiva, o ensino na verdade é um espelho da
alma. Se eu estiver disposto a olhar no espelho e não fugir daquilo
que vejo, terei a oportunidade de adquirir auto-conhecimento.
Conhecer-se a si mesmo é tão importante para o bom ensino como
conhecer os alunos e a matéria. [27]
O Salvador mostrou este princípio ao viajar pela região de Tiro e
Sidom (vide Marcos 7:24–30). Enquanto ele estava lá, uma mulher
não israelita lhe rogou que curasse a filha dela que tinha um espírito
imundo. Jesus lhe respondeu, dizendo: “Deixa primeiro saciar os
filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos
cachorrinhos” (7:27). Em outras palavras, ele lhe disse que sua
missão não era para os gentios e que não curaria sua filha. Não
satisfeita, a mulher lembrou o Salvador de que até os bichos de
estimação da casa recebem pão da mesa do dono. Depois de ouvi-la,
Jesus curou sua filha. Para que o ensino seja sincero, os alunos
precisam saber que o professor, como o Salvador, escuta e responde
conforme aquilo que ouve. Joseph F. Smith mostrou na seguinte carta
sua disposição de escutar Martha Ann:
Ilhas Sanduíche
14 de junho de 1857. . .
Querida irmã, uma oração curta de tua carta me atingiu como as
poderosas ondas de uma tempestade de oceano! O que foi?— “Sinto
que sou uma pessoa fraca e doentia e não sei por que Deus não te
abençoa, que és muito mais digno que eu, da forma que me
abençoou?”—Martha, não me tentes. Aquela linguagem, embora
simples, fala mais alto que os raios do céu que tu me amas e que
desejas levar uma vida de humildade e oração. Oh! humildade! Quão
belas são as suas influências que profunda sua serenidade e alegria!
Este assunto me domina e me derrete!—Martha, o que tu disseste me
admoestou. Aceito a correção com gratidão embora fosse indireta,
pois quando a li algo me pareceu sussurrar à mente: “Joseph,
compreendes o que lês”? “Que entenda quem lê.” Estes pensamentos
de admoestação me vieram à mente: “Acorda-te e aceita mais
plenamente teu dever!” Agora posso refletir e ver que eu poderia ter
indireitado mais meu caminho e ter sido mais diligente ao
desempenhar o meu dever, mas estes pensamentos logo se afastam
mediante o provérbio voraz: “o tempo que passou nunca mais voltará,
o momento se perde, está perdido para sempre!” Portanto, por que
chorar pelas coisas que não podemos alterar, ou, nas palavras da
querida prima [p. 2] Josephine, por que “lamentar os prazeres já
desbotados e as alegrias que o tempo nunca mais restaurará?” Não
tem jeito, estou totalmente determinado a enfrentar as coisas que
vierem com a marcha imutável do tempo. Desejo dizer: Adeus tempo
fugaz, tempo trabalhador que não espera o preguiçoso. O homem
não pode mandar parar o andamento do tempo, mas pode fazer seu
dever em acelerar a chegada da hora em que toda a criação chegará
ao destino para o qual foi criada.
A leve admoestação de Martha Ann se tornou uma oportunidade
para Joseph F. examinar sua alma e fazer correções em sua própria
vida. O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa define respeitar da
seguinte forma: “tratar com reverência ou acatamento; venerar,
honrar.” [28] Um professor efetivo mostra respeito pelos alunos por
meio de escutar e efetuar certas modificações tanto no ensino como
na vida particular. Se professor não tem respeito pelos alunos pode
ser assim por um dos seguintes motivos:
Primeiro, o professor pode erroneamente acreditar que escutar os
comentários dos alunos o fará vulnerável a mais críticas ou que
enfraquecerá o controle da classe.
Segundo, o professor pode estar com medo de revelar suas
fraquezas pessoais aos alunos, pois isso pode provar que os
professores fazem erros também e não têm todas as respostas a
todas as perguntas. Na realidade, porém, as desvantagens de tal
mentalidade excedem os benefícios. Os alunos que veem a
humanidade do professor são mais capazes de reciprocar ao atender
às exigências e expectativas do professor. Parker Palmer nos dá mais
entendimento sobre os professores que abrem o coração para os
alunos:
Quando o bom professor tece o pano que o une aos alunos e
matérias, o coração se torna o tear onde se amarram os fios, se
mantém a tensão, a lançadeira voa e o tecido se faz. Não é de se
admirar, então, que o ensino gere emoções, abra o coração e até
quebre o coração, de fato, quanto mais se ama ensinar mais dolorosa
se torna, às vezes.
Tornamo-nos professores por motivos do coração, animados pela
paixão por certa matéria e pelo desejo de ajudar as pessoas a
aprenderem. . . . A coragem de ensinar é a coragem de manter aberto
seu coração justamente naqueles momentos quando se pede mais ao
coração do que ele pode aguentar e desta forma o professor, os
alunos e a matéria são tecidos, formando o pano exigido pelo
aprender e viver. [29]
Num intercâmbio de cartas sobre o casamento vemos outra carta que
mostra o respeito que Joseph F. tinha pela irmã. No dia 3 de maio de
1857, Martha Ann escreveu uma carta a seu irmão, avisando-o que
ela havia se casado. Faltavam duas semanas para ela completar
dezesseis anos e ela mostrou-se preocupada em como Joseph F.
reagiria:
Querido irmão, há uma notícia que eu quero participar, mas minha
mão treme ao escrevê-la porque escrevo de consciência culpada
perante meu irmão, pois temo que ele sinta que eu o tenha
desprezado. Perdoa-me meu querido irmão. Receio que esta notícia
possa diminuir seu afeto, mas não posso escondê-la mais, preciso
dizer-te que sou casada—com William Harris. Acho que vais te sentir
chocado ao ouvi-la; eu quase fico chocada também ao pensar nisso,
mas é verdade. Agora devo dizer-te o por quê de tudo isso e assim
espero que não me culpes muito. Ele tem passado muito tempo
comigo. John lhe deu licença de entrar no namoro e eu não me
opunha. Comecei a gostar muito dele e ele de mim. Para dizer a
verdade tenho gostado dele já por algum tempo, dois anos no
mínimo, e não consegui focalizar nos estudos, como podes ver
(referindo-se a sua ortografia imperfeita). Meu coração estava jovem
e terna e meu afeto se tornou óbvio. John percebeu, mas eu não falei
nada para ninguém, nem para ti, meu amigo mais íntimo e querido.
Tentei esconder tudo isso, mas apesar disso John soube, pois ele
pôde ver que eu não aprendia muito e ele precisava saber por quê e
acabei contando para ele. John falou com o Irmão Kimball a respeito
disso e este disse que achava que devíamos nos casar antes de
William fazer missão e John concordou que seria melhor assim e que
meu espírito se acalmaria para eu poder voltar aos estudos e
aprender alguma coisa, senão eu não poderia estudar. William foi
receber suas bênçãos [do templo], porém eu ainda não sabia com
certeza se devia me casar antes dele partir. O Irmão Kimball o
mandou buscar-me, dizendo-lhe que seria melhor completar tudo
naquele dia, de forma que ele veio e fui com ele e fomos selados
perante o altar. Ele logo partiu para a Inglaterra para fazer missão,
puxando uma carrocinha de mão pela grande planície. Casamo-nos
numa terça-feira e ele saiu na quinta, de modo que podes ver que não
passei muito tempo com ele e me contento com isso, pois se ele não
fosse embora, eu nem teria dinheiro suficiente para mandar esta carta
e tu ficarias sem saber do meu casamento até voltar da missão. Há
muito tempo que tenho saudades de ti e anseio por sua volta. Ao
voltares, quero que encontres a mesma pessoa que eu era quando
saíste, mas as coisas nem sempre são como o coração humano
deseja. Não obstante sou a mesma pessoa, só que agora sou
casada, mas estarei livre [do papel de dona de casa] por mais três
anos. Meu querido irmão, eu te rogo que me trates como sempre me
tratava, pois, senão meu coração quase que será partido. Dá-me
conselhos e me esforçarei em segui-los. Não sou perfeita, mas ainda
(e sempre) te agradecerei os conselhos e eu não me ofenderei. Se eu
me ofendesse, acho que seria muito tola e precisaria de
admoestação, pois sou muito grata ao pai por ter me dado um irmão
que se importa com o meu bem-estar, porque sei que tu te importas
mais com meu bem-estar do que qualquer outra pessoa nesta terra.
Ó Joseph, queira Deus que eu pudesse expressar os sentimentos tais
como são. Sou grata por tua bondade para comigo. Nunca poderei
esquecer-me de ti, nem por uma hora. Nunca te esqueci desde sua
partida para bem longe de casa. Tenho pensado em ti em todos os
lugares em que eu estivesse, não importando onde.
No dia 14 de junho de 1857, Joseph F. escreveu uma carta a Martha
Ann antes de receber a carta citada em cima. É interessante que
Joseph F., sem saber que Martha Ann havia se casado com William
Harris, escreveu justamente sobre o assunto do casamento. O breve
extrato que se segue nos transmite o espírito da carta:
. . . Estou selado a alguém? Não, não estou. Alguém se casou comigo
para a vida por um voto sagrado? Não, não há ninguém. E por quê?
—Vou te revelar o segredo. Não tenho a vida garantida, a não ser
mediante minha própria bondade e meu próprio mérito. Aí sim, Deus
assegurará minha vida para que eu possa desfrutar de muitas
bênçãos, portanto se Deus me poupar a vida para uni-la à vida de
uma mulher em que haja a intensa luz do fulgor celeste que ilumina e
arde na hora do negror da adversidade e a qual esteja disposta a
compartilhar o humilde destino de um que ama um coração honesto e
humilde, daí direi: Para Deus a glória, porque qual é a hora que é
minha? Que momento pertence somente a mim? Em que hora Deus
dirá: Joseph, exijo tua alma na minha presença—? Posso dizer que
não? Não posso. Então agradeço ao Senhor que nenhuma alma
ainda foi selada a mim. Não, pois sou livre como o ar e assim todas
estão livres de mim. Não quero me amarrar a ninguém [isto ainda em
época de missão] até poder sustentá-la e cuidar dela. Até lá,
escutem, lindas senhoritas, estão livres de mim. Onde não houver
nenhuma promessa não se quebrará o coração. Agora o propósito de
eu dizer tudo isso é que não quero que tu faças nenhum juramento
com ninguém se puderes evitá-lo. . . .
Como será que Joseph F. reagiu ao ouvir a notícia de Martha Ann,
dado que ele não queria que ainda se casasse? A carta que ele lhe
escreveu mostra sua capacidade de respeitar a decisão de Martha
Ann. A seguinte carta foi escrita em 25 de julho de 1857:
Querida irmã Martha Ann:—Recebi tua carta comprida do dia 3 de
maio, faz mais ou menos uma semana, e fiquei muito contente em
ouvir notícias tuas. Fiquei surpreso ao receber a notícia de teu
casamento, mas já que não pude estar aí para participar da festa, só
posso te desejar muita alegria e uma vida feliz. Tu acabas de dar o
passo mais importante de sua vida, ou existência, sob os laços do
evangelho. Por um lado, todos os prazeres sociais, a felicidade de
sua existência atual e as bênçãos de um lar alegre e feliz, bem como
uma posteridade obediente que ama Deus dependem do passo que
acabas de dar, mas, por outro lado, quem não der o passo de forma
certa herderá as misérias e as tristes cenas de descontentamento,
discórida e amarga infelicidade. Fico trêmulo até o íntimo ao pensar
neste assunto tão fascinante, ao olhar ao meu redor e refletir nas
terríveis circunstâncias que ocorrem todos os dias entre os grandes e
letrados, os pequenos e iletrados bem como os ricos e os pobres.
Reflito nas esposas aflitas, nos maridos destraídos, na inveja em
todas as sua formas horríveis, no rancor venenoso da desconfiança
com sua faca da vingança desenbainhada para verter o sangue de
mulheres, maridos e filhos! Recuo com horror desta cena. Parece-me
extremamente curioso como as pessoas entram a todo vapor num
negócio que tanto afetará sua prosperidade e felicidade futuras e, por
outro lado, pode trazer-lhes pesados sofrimentos e um rio de
problemas dos quais é possível que nunca consigam se livrar, —
porém—com todas estas considerçãoes em frente de nós, não é para
nós [da Igreja] como é para o resto do mundo. Nós temos a luz do
evangelho, a influência do Espírito Santo, os ensinamentos dos
profetas e servos de Deus para nos conduzir a todas as verdades e
ensinar-nos nosso dever. Se tu seguistes os conselhos [do servo de
Deus], está tudo bem e serás vitoriosa. Tu agora certamente deixarás
as meninices. Espero que te lembres de teu estado de privilégio e
deixes que suas ações e comportatmento em todas as coisas se
tornem um acervo de respeito, estima e amizadade para ti no coração
de todas as pessoas boas e honestas. Agora queres que eu te diga
como se alcança este resultado desejável?—Só pela oração—com fé
e esperança em Jesus Cristo e seu evangelho. Quem possui seu
lugar no verdadeiro reino de Deus, nunca precisará ter medo.
Ao invés de criticar ou condenar Martha Ann por ter se casado,
Joseph F. mostra sua maturidade por meio de desejar-lhe alegria e
felicidade seguido de conselhos amáveis e gentis. Seu respeito pela
irmã se tornará ainda mais notável se levarmos em conta que ele só
tinha dezoito anos na época que escreveu esta carta. Um professor
eficaz reconhece em que fase da vida estão os alunos e, em vez de
julgá-los com dureza pelas decisões que fizeram, transforma as
circunstâncias da vida em oportunidades de ensinar princípios
corretos. O entendimento da doutrina por parte de Joseph F. Smith,
como vemos na parte final da carta, mostra quanto conhecimento do
evangelho ele havia adquirido, mesmo sendo muito jovem. Ao longo
de sua vida ele usou este conhecimento para beneficiar os outros.
Conhecimento do Assunto
O compromisso de Joseph F. Smith ao aprendizado, ao longo de sua
vida, e seu talento prático de poder compartilhar seu conhecimento
resoam pelas cartas escritas para Martha Ann. Salomão declarou: “A
sabedoria é a coisa principal; adquire pois a sabedoria, emprega tudo
que possues na aquisição de entendimento” (Provérbios 4:7). A
segunda parte desta parelha poética sugere que a sabedoria requer
conhecimento. O dicionário confirma esta afirmação, pois a definição
enlclui “conhecimento prático” e “entendimento.” [30]
Poucos iriam descordar que para ensinar, requer-se pelo menos uma
quantia limitada de conhecimento, mas a maioria reconhece que o
ensino eficaz—o ensino que transforma as pessoas—exige a
sabedoria. O Presidente Boyd K. Packer disse: “Há muito tempo que
acredito que o estudo das doutrinas do evangelho transformará o
comportamento das pessoas mais rápido do que falar de
comportamento para que o comportamento melhore.” [31]
Desde o momento que Joseph F. Smith entrou na missão, ele
demonstrou um entendimento precoce da restauração e das suas
verdades; com este conhecimento, ele procurou ajudar os outros
através de efetuar a transformação de sua vida. Embora sua vida
estivesse cheia de dores e dificuldades, ele devia ter se regozijado
em testificar de Jesus Cristo e das verdades do evangelho
restaurado. Com apenas dezesseis anos ele escreveu a seguinte
carta a Martha Ann em 9 de junho de 1855 da Ilha de Maui das Ilhas
Sanduíche:
Minha querida e estimada irmã, Martha Ann. . . .
. . . sê Mómon de todo o coração e serás abençoada. Descobri que
não há nada que possa nos provar tanto como dizer ao mundo que
somos Mórmons. Eu me sinto muito bem. Sou gordo e forte, tenho a
impressão que posso cortar toda a alfafa que tem aí nos vales, mas
não sei como ficaria se eu o tentasse.
Estou pregando, Marty [um dos apelidos dela], e sou bom pregador.
Tu devias ouvir-me, ou minha voz. Tu poderias, naturalmente, se
estivesses aqui nas ilhas. Tivemos uma ótima reunião hoje de manhã
e me designaram para falar, de forma que fiz uma tentativa.
Ao passo que o entusiasmo de Joseph F. e sua capacidade de
ensinar aumentavam, ele também encontrou consolo pessoal em seu
conhecimento e convicção do plano de salvação. Numa carta de 26
de agosto de 1883, ele escreveu de Salt Lake City logo após a morte
de seu filho, Albert Jesse Smith: [32]
Minha querida irmã Martha Ann,
Mais uma vez, sim, agora pela sexta vez, pela vontade inexorável de
uma providência impenetrável, fomos obrigados a perder um dos
mais caros e mais preciosos tesouros.
Desta vez aquele monstro sem piedade, a morte, escolheu para seu
alvo nosso belo, inteligente e querido Albert Jesse. Seu falecimento
ocorreu ontem às 11.35 da manhã, depois de mais ou menos 13 dias
de doença. Estive para fora durante a maior parte deste tempo,
viajando às colônias do norte com o Presidente Taylor. Cheguei a
casa na quinta de manhã, tendo sido chamado de volta e
honravelmente desobrigado pelo presidente. Tive o pesar, e bênção,
de ficar cuidando e atendendo meu querido filhinho por 52 horas,
orando do coração e vertendo muitas lágrimas, mas os céus estavam
como latão e nosso pranto e lágrimas caíram por terra e foram
enterrados hoje na cova com a bela forma sem vida de nosso belo
tesouro! Contudo, nem tudo foi enterrado, pois nosso choro ainda
sobe ao céu: Por que as coisas são assim? Ó Deus, por que teve que
ser? E ainda nossas lágrimas vertem pela terra, não enterrando
nosso remorso e sentimentos, mas dando-nos um pouco de alívio.
Se é que receberemos um galardão no futuro ou próximo ou distante
pelas mágoas de sermos separados, então não quero um galardão
rico no porvir! Não ajuntei já tesouros suficientes nos céus? Sarah
Ella, Mercy Josephine, Heber John, Alfred Jason, Rhoda Ann, e agora
Albert Jesse, todos eles de carinhosos braços abertos, chamando
“Papai,” do outro lado do véu. Que reunião feliz me espera! E confio
que naquela multidão redimida que não haverá quem me encontre
com mais calor humano do que nosso pai, nossa mãe, Hyrum, Mary
(que desconhecíamos), Sarah, [33] e Lavina, [34] e os hostes de
parentes falecidos que, sendo “mortos porém vivos,” já provaram as
águas vivas de Cristo e morreram na fé dele. A maior parte das entes
queridas está além do véu e os laços que nos levam para lá estão se
tornando mais fortes que aqueles que nos prendem aqui. Mas eu vejo
meu rebanho que depende de mim para o sustento de cada dia,
mesmo não havendo, mas confiando na providência divina e
dependendo da minha vida mortal para ajuda e proteção, faço esta
oração sincera: Ó! Deixa-me permanecer aqui mais um pouco para
combater os males e os altos e baixos da vida pelo amor deles. Se
não fosse isso, agora, quando minha alma se enche de dor pungente,
eu preferiria ir a ficar. Ao mesmo tempo sinto que não sou bom o
suficiente nem para ir nem para ficar. Nem sempre é fácil reconhecer
a mão de Deus em todas as coisas. Mesmo assim, eu o farei e meu
coração dirá: “Mesmo que Ele me mate, confiarei nele,” [35] pois “o
Senhor dá e o Senhor retira, abençoado seja o nome do
Senhor.” [36] Prefiro ter passado pelas cenas dois últimos dias, por
dolorosas que sejam para meu coração e para a alma, a nunca ter
conhecido meu precioso filho. Nosso objetivo não pode ser mais
elevado nem nobre do que aspirar a ser digno de uma união eterna
como estas almas amáveis, confiantes, inocentes e puros com que
Deus me abençoou mesmo por períodos de tempo tão curtos, mas
tão felizes. Que Deus me ajude a ser digno delas. Joseph
Naturalmente qualquer pai ou mãe sente a perda e a dor que
acompanham a morte de um filho. No caso desta tragédia de Joseph
F. Smith, seu conhecimento do evangelho lhe proporcionou
esperança e a resolução de levar uma vida digna para que ele
pudesse ser reunido com seus familiares na vida vindoura. Há poucos
aspectos do evangelho que são mais importaantes do que isso. Não
sabemos como Martha Ann reagiu a esta expressão de mágoa e dor
por parte de seu irmão, mas podemos supor que ela também sentiu a
mesma tristeza e determinação esperançosa de viver de forma digna
de uma reunião eterna.
Conclusão
O talento pedagógico de Joseph F. Smith nos dá um exemplo ideal do
que pode e deve ser um professor. Conforme já se explicou em cima,
os padrões de ensino eficaz não mudam com o tempo. Tratamos de
um número limitado de técnicas e caraterísticas do bom ensino e as
cartas de Joseph F. Smith confirmam sua capacidade de ensinar,
como vemos pelos seus esforços de orientar, guiar e instuir Martha
Ann no seu progresso espiritual, social e intelectual. Suas cartas
claramente mostram a profundidade de seu conhecimento do
evangelho, tanto como sua capacidade de amar, respeitar, motivar e
comunicar com eficácia ao longo de sua correspondência com sua
irmã, Martha Ann.
A melhor explicação do ensino bem-sucedido de Joseph F. Smith
talvez seja o simples fato dele ser uma pessoa bem-sucedida que
amava a Deus e fazia tudo ao seu alcance para abençoar as pessoas
ao seu redor. Não se espera nada menos de quem é discípulo de
Jesus Cristo. Esta admoestação a respeito do ensino dada pelo Élder
Jeffrey R. Holland nos lembra de nosso dever de sermos professores
eficientes:
Agora, justamente na hora do profeta nos pedir mais fé através de
ouvir a palavra de Deus, devemos revigorar e reentronizar o ensino
excelente na Igreja, em casa, do púlpito, nas reuniões administrativas
e certamente na sala de aula. O ensino inspirado nunca deverá se
tornar uma arte perdida na Igreja e temos que assegurar que nossa
busca do bom ensino não seja uma tradição perdida. . . .
Quando enfrentarmos crises na vida, o que certamente acontecerá,
as filosofias dos homens misturadas com algumas escrituras e
poemas não nos servirão. Estamos realmente educando os jovens e
membros novos de uma maneira que possa sustê-los na hora de
aparecer o estresse da vida? Ou estamos dando-lhes uma espécie de
doce espiritual, ou seja, um alimento espiritual que contém as
chamadas “calorias vazias”? O Presidente John Taylor certa vez
chamou tal ensino de “espuma frita,” o tipo da comida que se pode
comer o dia todo e no fim não ficar satisfeito. . . .
Não importa se ensinamos nossos filhos em casa ou uma
congregação na Igreja, jamais devemos fazer com que nossa fé seja
difícil de se detectar. Lembrem-se de que devemos ser professores
“vindos de Deus.” . . . Dêem discursos baseados nas escrituras.
Ensinem a doutrina revelada. Prestem testumunhos sinceros. [37]
Notas
[1] Sua mãe, Verna Passey Call, faleceu em 8 de outubro de 1986 e
seu pai, Anson Bowen Call Jr., faleceu no dia primeiro de junho de
1993.
[2] Parley P. Pratt, Autobiography of Parley P. Pratt [Autobiografia de
Parley P. Pratt] (Salt Lake City: Deseret Book, 1985), 110.
[3] Pratt, Autobiography, 128.
[4] Francis M. Gibbons, Joseph F. Smith: Patriarch and Preacher,
Prophet of God (Salt Lake City: Deseret Book, 1984), 1–2.
[5] Daniel H. Ludlow, ed., Encyclopedia of Mormonism (New York:
Macmillan, 1992), 3:1350.
[6] Ludlow, Encyclopedia of Mormonism, 3:1350.
[7] Gibbons, Joseph F. Smith, 27.
[8] Deseret News, April 13, 1854.
[9] Gibbons, Joseph F. Smith, 45–46.
[10] Ludlow, Encyclopedia of Mormonism, 3:1352.
[11] Gibbons, Joseph F. Smith, 87.
[12] Gibbons, Joseph F. Smith, 130–32, 181–82.
[13] Ludlow, Encyclopedia of Mormonism, 3:1352.
[14] Sarah Harris Passey, History of Martha Ann Smith Harris,
manuscrito não publicado, 4; Sarah Harris Passey é filha de Martha
Ann.
[15] Carole Call King, History of William Jasper Harris, 1836–1909,
manuscrito não publicao, 2; Carole Call King é bis-neta.
[16] King, History of William Jasper Harris, 5–6.
[17] Passey, History of Martha Ann Smith Harris, 5–6.
[18] Dicionario Aurélio da Língua Portuguesa, 3ª edição, “ensinar”
(Editora Positivo: 2004).
[19] Yun Lee Too, The Pedagogical Contract (Ann Arbor, MI:
University of Michigan Press, 2000), 123.
[20] James M. Banner Jr. e Harold C. Cannon, “The Personal
Qualities of Teaching,” Change 29, no. 6 (novembro/dezembro de
1997): 43.
[21] Por exemplo, vide Teresa Pica, Gregory A. Barnes, e Alexis
Gerard Finger, Teaching Matters: Skills and Strategies for
International Teaching Assistants (New York: HarperCollins, 1990),
166–67; Banner e Cannon, “The Personal Qualities of Teaching,” 40;
Gary Gordon, “Teacher Talent and Urban Schools,” Phi Delta Kappan
81, no. 4 (December 1999): 4; Peter G. Beidler, “What Makes a Good
Teacher,” in Inspiring Teaching, ed. John K. Roth (Boston: Anker,
1997).
[22] Banner e Cannon, “The Personal Qualities of Teaching,” 43.
[23] Helen Keller, The Story of My Life [A história de minha vida]
(Norwalk, Connecticut: Easton Press, 1988), 21–22.
[24] Dallin H. Oaks, “Gospel Teaching,” Ensign, November 1999, 78.
[25] Robert Leamnson, Thinking about Teaching and Learning
(Stirling, Virginia: Stylus, 1999), 8.
[26] Leamnson, Thinking about Teaching and Learning, 54.
[27] Parker J. Palmer, “The Heart of a Teacher: Identity and Integrity
in Teaching,” Change 29, no. 6 (November/December 1997): 15.
[28] Dicionario Aurélio da Língua Portuguesa, 3ª edição, “respeito”
(Editora Positivo: 2004).
[29] Palmer, “The Heart of a Teacher: Identity and Integrity in
Teaching,” 18.
[30] Dicionario Aurélio da Língua Portuguesa, 3ª edição, “sabedoria”
(Editora Positivo: 2004).
[31] Boyd K. Packer, Relatório da Conferência Geral da abril de 1997,
8.
[32] Albert Jesse Smith nasceu em 16 de setembro de 1881 e faleceu,
conforme a carta, em 25 de agosto de 1883.
[33] Sexto filho de Hyrum Smith e Jerusha Barden; nascido em 2 de
outubro de 1837; falecido em 6 de novembro de 1876.
[34] Filho mais velho de Hyrum Smith e Jersuha Barden; nasceu em
16 de setembro de 1827; faleceu em 8 de outubro de 1876.
[35] Jó 13:15.
[36] Jó 1:21.
[37] Jeffrey R. Holland, Relatório da Conferência Geral de abril de
1998, 31–34.
Sermos Aceitos pelo Senhor
Anotações
[1] Neal A. Maxwell, in Conference Report, October 1976, 14.
[2] Neal A. Maxwell, in Conference Report, October 1976, 14.
[3] "America the Beautiful," Hymns (Salt Lake City: The Church
of Jesus Christ of Latter- day Saints, 1985), no. 338.
[4] John A. Widtsoe, The Message of the Doctrine and
Covenants (Salt Lake City: Bookcraft, 1969), 38.
[5] Ezra Taft Benson, The Teachings of Ezra Taft Benson (Salt
Lake City: Bookcraft, 1988), 70.
[6] Gordon B. Hinckley, Stand a Little Taller (Salt Lake City: Eagle
Gate, 2001), 161.
[7] Joseph F. Smith, Gospel Doctrine (Salt Lake City: Deseret
Book, 1963), 373.
[8] Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints, ed. B. H. Roberts, 2nd ed. rev. (Salt Lake City:
Deseret Book, 1980), 1:243.
[9] Smith, Gospel Doctrine, 132-33.
[10] Bruce R. McConkie, Doctrinal New Testament Commentary
(Salt Lake City: Bookcraft, 1973), 3:326, 330-31.
[11] Lorenzo Snow, "Blessings of the Gospel Only Obtained by
Compliance to the Law," Ensign, October 1971, 19, 21.
[12] Bruce R. McConkie, in Conference Report, October 1976,
158-59.
[13] Smith, History of the Church, 1:316.
[14] Joseph Smith, Teachings of the Prophet Joseph Smith,
comp. Joseph Fielding Smith (Salt Lake City: Deseret Book,
1967), 366.
Todos as Coisas São do Senhor
A Lei de Consagração
A própria lei é declarada de forma clara em cada uma das obras
padrão e mais explicitamente em Doutrina e Convênios. Ela foi,
como escreveu Hugh Nibley, "explicada não somente uma mas
várias vezes, de modo que não há desculpa por não
compreendê-la." [4] Esta lei foi revelada nesta dispensação
numa conferência de uma dÚzia de élderes reunidos em
Kirtland, Estado de Ohio, em 9 de fevereiro de 1831. O Senhor
havia prometido revelar a lei contanto que os Santos de Nova
York emigrassem para Ohio (vide D&C 38:32). Alguns dias
depois que Joseph e Emma chegaram a Kirtland, o Senhor
cumpriu sua palavra. Ele disse:
"E eis que te lembrarás dos pobres e consagrarás de tuas
propriedades, para sustento deles, aquilo que tiveres para lhes
dar, com um convênio e uma promessa que não poderão ser
violados.
E se deres de teus bens aos pobres, a mim o farás; e eles serão
entregues ao bispo de minha igreja e seus conselheiros, dois
dos élderes ou sumos sacerdotes que ele indicar ou tiver
indicado e designado para esse propósito.
Ele recebido esses testemunhos concernentes à consagração
das propriedades de minha igreja, de modo que elas não
possam ser tomadas da igreja, conforme os meus
mandamentos, todo homem será responsável perante mim, um
mordomo de seus próprios bens ou do que tiver recebido por
consagrção, aquilo que for suficiente para si e sua família.
E também, se houver propriedades nas mãos da igreja ou de
qualquer de seus membros após esta primeira consagração,
mais do que o necessário para o seu sustento, o que for um
resíduo a ser consagrado ao bispo será conservado para que,
de tempos em tempos, seja dado ao que não têm, a fim de que
todo homem necessitado possa ser amplamente suprido e
receba de acordo com suas necessidades.
Portanto o restante será guardado em meu armazém para dar
aos pobres e necessitados, segundo designação do sumo
conselho da igreja e do bispo e seu conselho;
E para comprar terras para o benefício da igreja e para construir
casas de adorção e edificar a Nova Jerusalém que será depois
revelada-
Para que o meu povo do convênio esteja reunido como um no
dia em que eu vier ao meu templo. Isto farei para a salvação de
meu povo. (D&C 42:30-36)
A lei de consagração que se encontra em Doutrina e Convênios
é simples e sublime. Resumida num só versículo conciso, ela
consiste nisso: "E se receberes mais do que o necessário para
teu sustento, entregá-lo-ás a meu armazém, para que todas as
coisas sejam feitas de acordo com o que eu disse" (D&C 42:55).
Porém a consagração é mais do que o mero ato de dar. Trata-
se da santificação que Ele nos dá por nossa boa vontade e
motivos corretos, o que se descreve na seção 82 deste jeito:
"todo homem procurando os interesses de seu próximo e
fazendo todas as coisas com os olhos fitos unicamente na
glória de Deus" (versículo 19). Consagrar não é só dar, é
santificar, ou fazer sagrado ou santo. Os posses, o tempo e os
dons espirituais podem tornar-se sagrados através de ofertá-
los porém essa filantropia não é consagração, nem o é fazer
uma oferta simbólica quando se tem abundância. Aprendemos
este princípio através de um relato do Evangelho de São Lucas
em que o Salvador diferencia entre os homens ricos que
lançavam riquezas na tesouraria e a viÚva que sacrificou tudo
(vide Lucas 21:1-4).
Consagrar é guardar os dois grandes mandamentos cujas
palavras chaves são amor e todo. "Amarás ao Senhor teu Deus
detodo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas
forças, e de todo o teu entendimento, e a teu próximo como a
ti mesmo" (Luke 10:27). Este mandamento de consagrar tudo se
repete em Doutrina e Convênios: "Amarás o Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de todo o teu poder, mente e força; e em
nome de Jesus Cristo servi-lo-ás" (D&C 59:5). A manifestação
visível de todo o amor de uma pessoa foi indentificada por um
erudito desta forma: "dar tudo que puder" em vez de uma
doação obrigatória de um valor requerido. [5] As quantias de
dinheiro e de tempo podem ser iguais nestes dois cenários mas
para aquele que der tudo a oferta será consagrada.
Quem retém uma parte não se consagrou ainda (vide Atos 5:1-
11). Nossa cultura voltada para a riqueza nos habitua a pensar
na consagração em termos de dinheiro. E de fato o Senhor nos
pede ofertas de dinheiro para edificar o reino mas também para
medir os desejos de nosso coração: "Pois onde estiver o vosso
tesouro, aí estará também o vosso coração" (Mateus 6:21).
Aconsagração não consiste só em dinheiro e sim em oferecer
tudo que temos em troca de tudo que o Pai tem, ou seja, "as
riquezas da eternidade" (D&C 38:39), e não as insignificantes
"coisas deste mundo" (D&C 121:35), tampouco, aquilo que em
outra parte de Doutrina e Convênios o Senhor chama "todas as
suas coisas detestáveis" (D&C 98:20, vide também 67:2; 68:31;
78:18). "Que taxa de câmbio extraordinária!" declarou o élder
Neal A. Maxwell. [6] Só os bitolados recusariam esta troca (vide
Lucas 12:16-21).
A Consagração Hoje
Quando os santos foram expulsos das terras do Condado de
Jackson que o Bispo Partridge havia comprado legalmente e
passado por escritura aos Santos, Joseph Smith orou ao Senhor
em julho de 1838 e pediu: "O! Senhor, mostra aos teus servos.
Quanto das propriedades de teu povo tu requeres de
dízimo?" [14] Os santos modernos podem estar perplexos que
ele tivesse que fazer tal pergunta. Não sabiam eles que o
dízimo era de 10 por cento? A resposta é não, por dois
motivos. Primeiro, embora o radical hebraico da palavra dízimo
em Malaquias 3:8, 10 refira-se a um décimo, os Santos não
associavam esta palavra com um décimo nesta dispensação até
que o Senhor respondeu à oração de Joseph, dando a seção
119. Segundo, esta revelação emprega a palavra dízimo uma
vez e dizimado duas vezes. Nestes três casos a palavra refere-
se ao primeiro mandamento desta revelação: "Em verdade
assim diz o Senhor: Exijo que todos os seus bens excedentes
sejam entregues nas mãos do bispo da minha igreja em Sião"
(D&C 119:1). Este é o começo do dízimo, que ao contrário do
que muitos dizem, não se trata de uma lei inferior nem
temporária, segundo a seção 119, e sim, "uma lei em vigor para
sempre para eles" (D&C 119:4), e esta lei foi dada pelos
mesmos motivos que foi dada a lei de consagração na seção
42, e outras seções.
Apesar de algumas das táticas de implantação da lei serem
diferentes hoje em dia, não há nenhuma diferença grande entre
o que o Senhor espera do santos hoje e o que Ele ordenou pela
primeira vez em seção 42, nem na emenda subsequente na
seção 119. Em outras palavras, a seção 119 não foi dada em
lugar da lei de consagração; é uma reiteração da lei de
consagração e estabelece as condições em que podemos viver a
lei hoje em dia.
Brigham Young estava presente quando o Senhor revelou a
seção 119. Ele foi designado para visitar os Santos e "descobrir
que propriedades sobravam a fim de adiantar a construção do
templo a que se deu início em Far West." Antes de embarcar ele
perguntou a Joseph, "'Quem será juiz do que é propriedade
residual?' Ele disse: 'Que eles mesmos sejam o juiz de
si.'" [15] Consequentemente alguns Santos dos Últimos Dias
ofereceram seu restante de propriedades.
Alguns ofereceram parte delas. Alguns não deram nada.
Ninguém foi forçado; e assim permanece hoje. O indivíduo
decide obedecer ou não de sua livre vontade.
Às vezes dizemos que devemos estar preparados para viver a
lei de consagração para o dia em que os líderes nos pedirem.
Às vezes usamos a palavra requerer, passando a
responsabilidade à Igreja ou aos líderes. Meus alunos me
perguntam em seguida: Por que os líderes não requerem que
vivamos a lei da consagração hoje em dia? Fico pensando: O
que será que querem dizer por requerer. Pensam que os
diáconos serão mandados de casa em casa para fiscalizar nossa
despensa ou levantar uma auditoria da nossa conta bancária?
Se pensamos que é assim, não compreendemos nem a lei de
consagração nem como Deus atua. E claramente não
entendemos a lei de consagração assim como se encontra em
Doutrina e Convênios. Em outras palavras, já nos foi ordenado
guardar a lei de consagração. E muitos já fizeram o convênio.
Sim, é nos requerido, de certa forma, se esperamos receber as
bênçãos prometidas, inclusive a glória celestial. O Senhor pode
não mandar agora os diáconos confiscar nosso excesso mas,
como declara Doutrina e Convênios 104: 13-18, os que
quebram o convênios acabarão mais tarde sofrendo os
tormentos do inferno.
Então, quem guardar os convênios de maneira cuidadosa
procurará saber o que mais o Senhor possa lhe requerer. Como
nós, no século vinte e um, podemos cumprir com a lei de
consagração? Que querem dizer os vocábulos ambíguos da lei,
tais comoresíduo, suficiente, mais do que é necessário, desejos
e abundantemente suprido? Esta cuidadosamente proferida lei
claramente ensinsa princípios e não dogmas. Ela revela a
vontade do Senhor sem coerção e compulsão. Possibilita que
quaisquer membros possam "ocupar-se zelosamente numa boa
causa e fazer muitas coisas de sua livre e espontânea vontade e
realizer muita retidão. Pois neles está o poder e nisso saõ seus
próprios árbitros. E se os homens fizerem o bem, de modo
algum perderão sua recompensa. Mas o que nada faz até que
seja mandado e recebe um mandamento com o coração
duvidoso e guarda-o com indolência, é condadado" (D&C
58:27-29). Palavras como estas são suficientes para colocar a
mordomia e responsabilidade no contexto certo. Compelem-
nos a utilizar nosso arbítrio e agir por nós mesmos. Nós é que
decidimos o que significam em termos de tempo e dinheiro
porque somos os mordomos investidos de poder e
responsáveis perante o Senhor pelo uso ou abuso daquilo que
pertence justamente a Ele. Joseph entendia e ensinava este
princípio. Ele aconselhou o Bispo Partridge, que às vezes era
intrometido, a não "entrar em grandes detalhes ao fazer os
inventários ." Como o Profeta colocou: "Um homem se
compromete, pela lei da Igreja, a consagrar os bens, sem ser
obrigado, ao bispo antes de que possa ser herdeiro legal do
reino de Sião. A não ser que faça isso não pode ser reconhecido
perante o Senhor no livro da Igreja. . . . Cada qual deve ser seu
próprio juiz quanto àquilo que deve receber e deve deixar nas
mãos do Bispo." [16]
Depois que os Santos foram expulsos de Condado de Jackson
em 1833, o Bispo Partridge parou de receber ofertas e dar
mordomias por escrituração. A revelação de Fishing River que
deu cabo ao acampamento de Sião no verão de 1834, a atual
seção 105, contém um versículo que faz alguns estudiosos
crerem que o cumprimento da lei de consagração tenha sido
adiado: "E que os mandamentos que dei com respeito a Sião e
sua lei sejam executados e cumpridos após sua redenção"
(versículo 34). Este versículo não fala em revogar a lei. Diz que
os mandamentos específicos de comprar terras e construir um
templo em Jackson e talvez até a escrituração de mordomias
específicas serão executados depois que o Condado de Jackson
for devolvido aos Santos. Como é que isto pode acontecer sem
antes obedecer à lei? Hugh Nibley escreveu, com um pouco de
frustração, que "o propósito categórico da lei de consagração é
o de edificar Sião. . . . Não esperamos Sião chegar para começar
a observá-la; ao contrário disso, significa que é o meio de nos
aproximar mais de Sião" [17] Lorenzo Snow ensinou que o
Santos não são "justificados em esperar o privilégio de voltar
para edificar a estaca central de Sião até que todos
demonstremos obediência à lei de consagração." Ele tinha
certeza que aos Santos não seria permitido entrar na terra de
onde foram expulsos até que o coração estivesse preparado
para honrar esta lei e fôssemos santificados por praticar esta
verdade." [18]
Munidos de conhecimento correto da lei, somos agentes livres-
mordomos responsáveis pelas posses do Senhor, inclusive nós
mesmos. Temos que agir agora ou em obedecer à lei de
consagração ou em desobedecer. Não fazer nada equivale a
desobedecer. Mas o bispo nem pede nem dá título da minha
herança.
Como posso obedecer? O élder Orson Pratt sabiamente
observou que não há nada "escrito nas revelações que nos
requeira utilizar um método específico." [19] Então, o que
espera o Senhor? C. S. Lewis acreditava que "a Única regra
segura é dar mais do que temos condições de dar. Em outras
palavras, se nossas despesas com conforto, coisas luxuosas e
diversão, etc. são iguais às das pessoas que têm uma renda
semelhante a nossa, provavelmente não estamos doando o
suficiente. Se o que damos de caridade não nos apertar ou nos
impedir de fazer algo, eu direi que é muito pouco. Deve haver
algumas coisas de que gostamos de fazer mas que não
podemos porque nossa caridade nos deixa sem condições de
fazê-las." [20] Além do convite aberto do Senhor de fazer
muitas coisas boas de nossa livre e espontânea vontade, os
líderes do sacerdócio nos dão oportunidades específicas de
doar nosso tempo, talentos e posses para aliviar a pobreza e
edificar o reino. Alguém sugeriu esta diretriz (em conformidade
com D&C 42:54; 104:18; e a seção 119) para exercer nosso
arbítrio: "Além de pagar um dízimo honesto, devemos ser
generosos em ajudar os pobres." [21] O Presidente Marion G.
Romney perguntou: "O que nos proíbe de dar uma oferta de
jejum equivalente aos resíduos que davam em 1830? Nada
senão nossas próprias limitações." [22] O Presidente Spencer W.
Kimball mandou: "Dêem, em vez do valor que poupamos ao
jejuar por duas refeições, muito mais- dez vezes mais se
tiverem condições de fazê-lo." [23]
Pais vivem a lei quando "deixam as coisas deste mundo" a favor
de criar os filhos de Deus (D&C 25:10). Os casais guardam a lei
quando deixam o lazer para ir a lugares distantes ou até
próximos para "realizar muita retidão" (D&C 58:27). Os
profissionais vivem a lei quando oferecem sua perícia aos
necessitados sem se preocuparem com os honorários ou
elogios. Podemos viver a lei por nos tornarmos "propriedade
comum de toda a igreja," e "procurar os interesses de seu
próximo e fazer todas as coisas com os olhos fitos na glória de
Deus" (D&C 82:18-19). Geralmente o Único documento de que
precisamos é o papelzinho muito conhecido do dízimo e
ofertas que estão disponíveis em todas as capelas onde os
Santos dos Últimos Dias se reÚnem. A Única limitação, como
disse o Presidente Romney, é aquela que nos impomos em nós
mesmos.
Wilford Woodruff, um dos soldados valentes do Acampamento
de Sião, não acreditava que a revelação que deu fim ao
acampamento (vide D&C 105) fosse nem rescindida nem
adiada. Em fins de 1834, seis meses depois que a revelação foi
dada (seção 105), Wilford escreveu uma carta ao Bispo Partridge
com estas palavras: "Saibam todos que eu, Wilford Woodruff,
livremente faço convênio com meu Deus que livremente me
consagro e dedico junto com todas as minhas propriedades e
pertences ao Senhor a fim de ajudar a edificar seu reino, sim
Sião, na Terra para que eu guarde sua lei e coloque todas as
coisas perante o bispo de sua Igreja para ser um herdeiro legal
do Reino de Deus, o Reino Celestial," então ele forneceu uma
relação de seus bens. [24]
Wilford entendia perfeitamente as doutrinas da lei de
consagração. Tinha arbítrio. Duas vezes ele disse que agiu de
livre e espontânea vontade, sem coerção nem qualquer outro
convite senão a revelação original. Ele era mordomo de
"propriedades e pertences," e prestava contas ao Senhor e ao
servo do Senhor, o bispo. Wilford Woodruff tomou seu arbítrio e
se empenhou com afã na Única causa que, afinal das contas,
importa. Nem a desobediência dos irmãos e irmãs, nem a
crueldade das turbas nem a cultura opressiva e materialista que
se preocupava com a aquisição de bens o desviou do caminho
de consagração. Ninguém pôde convencê-lo de que o Senhor
havia revogado a lei.
Joseph reconhecia o fato de que ao serem expulos de Missouri
em 1839, os Santos destituídos não tinham condições de
edificar a Nova Jerusalém naquela época tampouco de viver a lei
como um povo. Mas ele não disse que o Senhor havia revogado
a lei, só que os Santos tinham bem pouco e que não havia
resíduo. Porém Joseph mal havia saído do cárcere de Liberty
quando deu início às obras da cidade de Nauvoo, coroando-a
com um templo sagrado cujas ordenanças poderosas culminam
com o convênio de consagração ao reino de Deus. Tendo sido
dotado de convênio pelas mãos de Joseph no templo de
Nauvoo, Wilford deixou aberta a porta de sua casa e saiu para o
oeste para construir mais templos. Sua casa e propriedades
haviam cumprido seu destino como meios temporários para
chegar a um destino sagrado. Levi Jackman se uniu a ele e os
outros que foram guiados pelo Presidente Young, inspirados
por estas palavras da seção 136 de Doutrina e Convênios, uma
revelação que reafirma todos os princípios da lei de
consagração: "E este será nosso convênio: Caminharemos de
acordo com todas as ordenanças do Senhor" (versículo 4).
"Ao ponderar e procurar a consagração," disse o élder Neal A.
Maxwell, "naturalmente trememos dentro de nós mesmos ao
contemplar o que pode ser-nos requerido. Mesmo assim, o
Senhor já disse de maneira muito consoladora que 'Minha graça
vos basta' (D&C 17:8). Será que realmente acreditamos nEle? Ele
também prometeu fazer fortes as coisas fracas (éter 12:27).
Estamos realmente dispostos a nos submeter a este processo?
Pois se desejamos a plenitude, não podemos reter uma
parte!" [25]
Anotações
[1] Leonard J. Arrington, Feramorz Y. Fox, e Dean L. May,
Building the City of God: Community and Cooperation among
the Mormons (Urbana: University of Illinois Press, 1992), 426.
[2] Neal A. Maxwell, Conferência Geral de abril de 2002, 41.
[3] Gordon B. Hinckley, Teachings of Gordon B. Hinckley (Salt
Lake City: Deseret Book, 1997), 639.
[4] Hugh W. Nibley, Approaching Zion, redação de Don E.
Norton (Salt Lake City: Deseret Book, 1989), 167.
[5] Clark V. Johnson, "The Law of Consecration: The Covenant
That Requires All and Gives Everything," em Doctrines for
Exaltation: The 1989 Sperry Symposium on the Doctrine and
Covenants (Salt Lake City: Deseret Book, 1989), 112.
[6] Maxwell, Conferência Geral de abril de 2002, 43.
[7] Carta de Joseph Smith a Edward Partridge, 2 de maio de
1833, Church History Library, Salt Lake City.
[8] Carta de Joseph Smith a Edward Partridge, 25 de junho de
1833, Joseph Smith Letter Book 1829-35, 44-50, Church
History Library.
[9] Levi Jackman, Deed of Consecration, Church History Library,
replicado em Arrington, Fox, e May, Building the City of God,
28-29. Conforme o mandamento original, o Bispo Partridge
alugou aos Santos as propriedades que comprara. Devido à
controvérisa legal, os conselhos de Joseph e a revisão profética
da seção 51, alterou-se a forma técnica de modo que o Bispo
Partridge foi instruído a passar a escritura das propriedades aos
Santos sem custos. Conforme esta prática da lei, os Santos e
não o Bispo Partridge passaram a ser "donos" de suas
mordomias no sentido legal. Porém as revelações subsequetnes
(principalmente a seção 104) continuavam a enfatizer que o
verdadeiro dono de tudo é Deus e que nós ainda somos seus
mordomos.
[10] Pós-escrito na carta de Joseph Smith a Edward Partridge e
outros de 30 de março de 1834, em Joseph Smith, Personal
Writings of Joseph Smith, ed. Dean C. Jessee, rev. ed. (Salt Lake
City: Deseret Book, 2002), 338-39.
[11] Orson Pratt, em Journal of Discourses (Liverpool: Latter-
day Saints' Book Depot, 1881), 21:148.
[12] Brigham Young, em Journal of Discourses (Liverpool:
Latter-day Saints' Book Depot, 1855), 2:305, 307.
[13] Kirtland Revelation Book [Livro de Revelações de Kirtland],
102, Church History Library, por vir em Steven C. Harper, Robin
Scott Jensen, e Robert J. Woodford, redatores, The Joseph Smith
Papers: Revelations and Translations Series, vol. 1 (Salt Lake
City: Church Historian's Press).
[14] Joseph Smith, diário, 8 de julho de 1838, em Dean C.
Jessee, redator, The Papers of Joseph Smith (Salt Lake City:
Deseret Book, 1992), 2:257.
[15] Brigham Young, em Journal of Discourses, 2:306.
[16] Joseph Smith Jr., Sidney Rigdon, e Frederick Williams a
William Phelps e outros, 25 de junho de 1833, Joseph Smith
Letter Book 1829-35, 44-50, Church History Library.
[17] Nibley, Approaching Zion, 390.
[18] Lorenzo Snow, em Journal of Discourses (Liverpool: Latter-
Day Saints' Book Depot, 1874), 16:276.
[19] Orson Pratt, em Journal of Discourses, 21:148.
[20] C. S. Lewis, Mere Christianity (San Francisco: HarperCollins,
2001), 86.
[21] Joe J. Christensen, Conferência Geral de abril de 1999, 11.
[22] Marion G. Romney, Conferência Geral de abril de 1966,
100.
[23] Spencer W. Kimball, Conferência Geral de abril de 1974,
184.
[24] Wilford Woodruff, diário, 31 de dezembro de 1834, Church
History Library.
[25] Maxwell, Conferência Geral de abril de 2002, 44.
Um por Um, o Modelo de Serviço do Salvador
Conclusão
Durante seu ministério no Novo Testamento Jesus muitas vezes
discursou a multidões e fez milagres entres eles. Em várias
ocasiões ele falou diretamente a indivíduos e em muitos casos
tocou-os e curou-os. Ademais, ele muitas vezes impôs as mãos
nas pessoas, simbolizando que a ação é dirigida ao indivíduo. O
relato de 3 Néfi ressalta e enfatiza, pelos atos e palavras do
Salvador, o modelo de serviço deixado por Cristo no Novo
Testamento.
De acordo com o padrão do Livro de Mórmon, o ministério
frequentemente se realiza “um a um” quando os discípulos
interagem com o Salvador e uns com os outros. Muitas vezes
um “toque” pessoal é uma forma simbólica de transmitir o amor
e poder de Deus ao indivíduo. Em muitos casos, porém, o
emprego de “tocar” é uma forma de indicar que se impuseram
as mãos. De fato, no contexto dos exemplos citados entre os
nefitas, parece que as ordenanças foram feitas pela imposição
das mãos (vide 3 Néfi 18:36). Sermos escolhidos para ministrar
também é um chamado para servir os filhos inocentes e puros
dos Santos fiéis, da mesma maneira que Jesus e os anjos lhes
ministraram quando ele apareceu entre os nefitas.
Como discípulos de Jesus Cristo, devemos reconhecer que Jesus
eliminou as restrições legalistas do código mosaico e toucou
aqueles que haviam sido considerados intocáveis sob a lei (vide
3 Néfi 17:7, também Levítico 13:3; 3 Néfi 15:2-9). Ele mandou
que os discípulos nefitas fizessem igual e incentivou-os a
convidarem todos para unirem-se a eles para adorarem e
ministrarem uns aos outros. De igual modo, para o discípulo
moderno, o chamado é mais do que simplesmente se inscrever
numa aula de religião. É um chamado para desempenhar o
trabalho do Senhor e de seus anjos de forma espontânea, para
ministrar como seu servos entre os mortais. Especificamente, é
um chamado para servir os que estejam enfermos física,
mental, emocional, econômica e espiritualmente, sim, os
“intocáveis” da sociedade moderna. Estes indivíduos não devem
ser expulsos do nosso meio, mas os verdadeiros discípulos
devem ministrar a eles e tocá-los como Jesus nos ensinou.
Através das ordenanças do evengelho, que se fazem uma por
uma, conforme ordenado pelo Salvador ressuscitado aos
discípulos que escolhera, “manifesta-se o poder da divindade”
(D&C 84:20).
Notas
[1] Vide Mateus 8:28-32; 9:2-8; 20:30-34; Marcos 1:21; 5:1-
20; 10:46-52; Lucas 4:31-37; 6:6-11; 7:11-17; 8:26-36;
11:14; 13:11-13; 14:1-4; 18:35-43; 22:50-51; João 5:1-9, and
9:1-17
[2] Joseph Smith, Teachings of the Prophet Joseph Smith (Os
Ensinamentos do Profeta Joseph Smith), compilado por Joseph
Fielding Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1976), 281.
Uma Testemunha Poderosa e Preciosa de
Jesus Cristo
A Lei de Moisés
Quais foram o espírito e a intenção da lei de Moisés conforme
ficou registrada no Velho Testamento? Néfi, filho de Leí explica:
E não obstante acreditarmos em Cristo, guardamos a lei de
Moisés e esperamos firmemente em Cristo, até que a lei seja
cumprida.
Pois com esta finalidade a lei foi dada; portanto a lei tornou-se
morta para nós e somos vivificados em Cristo por cause de
nossa fé; contudo, guardamos a lei por causa dos
mandamentos.
E falamos de Cristo, regozijamo-nos em Cristo, pregamos
Cristo, profetizamos de Cristo e escrevemos de acordo com
nossas profecias, para que nossos filhos saibam em que fonte
procurar a remissão de seus pecados.
Portanto falamos sobre a lei, para que nossos filhos saibam que
a lei é morta; e sabendo que ela é morta, esperem por aquela
vida que está em Cristo e saibam para que fim foi dada a lei. E
para que, depois de ser cumprida a lei em Cristo, não
endureçam o coração contra ele quando a lei tiver de ser
abolida.
E agora, meu povo, eis que sois um povo de dura cerviz; por
isso falei-vos claramente, para que não vos equivoqueis. E as
palavras que falei servirão de testemunho contra vós; porque
são suficientes para ensinar a qualquer homem o caminho reto
é acreditar em Cristo e não o negar, porque, negando-o, negais
também os profetas e a lei” (2 Néfi 25:26-28).
O Rei Benjamim testificou: “Contudo o Senhor Deus viu que seu
povo era obstinado e deu-lhe uma lei, sim, a lei de Moisés. E
mostrou a eles muitos sinais e maravilhas e símbolos e figuras
concernentes a sua vinda; e também os santos profetas lhes
falaram sobre sua vinda; e, apesar disso, endureceram o
coração e não compreenderam que a lei de Moisés de nada
serviria se não fosse pela expiação de seu sangue” (Mosiah
3:14-15; vide também 2 Néfi 11:4; Jacó 4:5).
Abinádi declarou:
E agora vos digo que foi necessário dar uma lei aos filhos de
Israel, sim, uma lei muito severa; porque eram um povo
obstinado, rápido para cometer iniqüidade e vagaroso para
lembrar-se do Senhor seu Deus.
Portanto uma lei lhes foi dada, sim, uma lei de ritos e de
ordenanças, uma lei que deveriam observar rigorosamente, dia
a dia, para conservarem viva a lembrança de Deus e de seu
dever para com ele.
Mas eis que vos digo que todas essas coisas eram símbolos de
coisas futuras.
Ora, entendiam eles a lei? Digo-vos que não; nem todos
entendiam a lei; e isso por causa da dureza de seu coração;
porque não compreendiam que ninguém poderia ser salvo, a
não ser pela redenção de Deus (Mosias 3:29-32).
Em Alma 25 lemos:
Sim, e guardaram a lei de Moisés; pois era necessário que ainda
guardassem a lei de Moisés, porque não estava toda cumprida.
Mas, não obstante a lei de Moisés, aguardavam ansiosamente a
vinda de Cristo, considerando a lei mosaica um símbolo de sua
vinda e acreditando que deviam praticar aquelas cerimônias
exteriores até o tempo em que lhes fosse revelado. Ora, eles
não acreditavam que a salvação lhes viesse por meio da lei de
Moisés; a lei de Moisés, porém, serviu para fortalecer-lhes a fé
em Cristo; e assim, por meio da fé, mantinham a esperança da
salvação eterna, confiando no espírito de profecia que falava
dessas coisas futuras (Alma 25:15-16; vide também 34:10-14).
Aprendemos mais a respeito da lei de Moisés do Senhor
ressurrecto que declarou aos nefitas: “E eis que vos digo que a
lei dada a Moisés foi cumprida. Eis que eu sou aquele que deu a
lei e eu sou aquele que fez convênio com meu povo, Israel;
portanto a lei se cumpre em mim, porque eu vim para cumprir
a lei; conseqüentemente, ela tem um fim” (3 Néfi 15:4-5).
Os Profetas
Como já vimos, todos os profetas—inclusive profetas do Velho
Testamento—testificam de Jesus Cristo. Suas palavras são
semelhantes a certas passagens de Isaías. Contemplemos
algumas delas. Por exemplo: “Portanto o Senhor mesmo vos
dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um
filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Isaías 7:14). Mateus
testifica que o nascimento de Jesus à virgem Maria representa o
cumprimento da profecia de Isaías com relação a Emanuel: “E
dará à luz um filho e chamarás os seu nome JESUS; porque ele
salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isso aconteceu para
que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo
profeta, que diz: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um
filho, e chamá-lo-ão pelo nome Emanuel, que traduzido é:
Deus conosco” (Mateus 1:21-23; vide também D&C 128:22-
23).
Agora vamos às palavaras imortais de Isaías que são
conhecidas a milhões de pessoas através da música de o
Messias de Handel: “Porque um menino nos nasceu, um filho se
nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se
chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai
da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
Quem é este “menino?” “É filho de quem?” (Mateus 22:42).
Quem é o Deus Forte, o Pai da Eternidade, o Príncipe da Paz” de
quem Isaías falou? As escrituras revelam claramente quem ele
é.
É Jesus Cristo, nascido neste mundo como o “Filho Unigênito”
(Jacó 4:5, 11) [7] de Deus o Pai Eterno e filho de Maria “segundo
a carne” (1 Néfi 11:21, 18). [8]
É Jesus Cristo, o muito esperado “Messias,” o “Salvador” e
“Redentor do Mundo” (1 Néfi 10:4-5), [9] de quem “todos os
profetas testificaram” (3 Néfi 11:10). [10]
É Jesus Cristo o “Cordeiro de Deus” que foi “julgado pelo
mundo;. . . levantado na cruz” (1 Néfi 11:32-33) [11] e
“crucificado” (1 Néfi 19:10) [12]para “expiar pelos pecados do
mundo” (Alma 34:8). [13]
Ele é Jesus Cristo, que, antes de “descer do céu” para viver
“entre os filhos dos homens” (Mosias 3:5) [14], era o Grande
Jeov´ que deu “a lei” para Moisés no monte (3 Néfi 15:5).
É Jesus Cristo, “o Pai do céu e da terra, o Criador de todas as
coisas desde o começo” (Mosias 3:8) [15] cuja “expiação
infinita” (2 Néfi 9:7) [16] traz “a ressurreição dos mortos”
(Helamã 14:15). [17]
Ele é Jesus Cristo, o”Juiz Eterno tanto dos vivos como dos
mortos” (Morôni 10:34). [18]
É Jesus Cristo, o “Senhor Onipotente que reina, que foi e que é
de toda a eternidade a toda a eternidade” (Mosias 3:5). [19]
Outra profecia gloriosa é Isaías 53. Ela cumpre o propósito e
expírito de profecia segundo explicou o Apóstolo João quand
este declarou: “O testemunho de Jesus é o espírito de profecia”
(Apocalipse 19:10). Isaías, de forma eloqüente, descreve a vida,
o ministério mortal e a expiação infinita feita pelo Senhor Jesus
Cristo e presta testemunho deles. Profetiza que Cristo
será “desprezado e rejeitado” pelos homens (Isaías 53:3), que
Ele tomará sobre si “nossas enfermidades e dores” (versículo 4)
e nos sarará pelas suas pisaduras” (versículo 5). Isaías também
previu que apesar de ser “oprimido e afligido, não abriu a sua
boca e. . . foi levado como um cordeiro ao matadouro”
(versículo 7). Tanto os profetas dos últimos dias como os do
Novo Testamento testificam que a profecia de Isaías se refere à
missão e à morte de Cristo. [20]
Talvez a evidência mais convencente que confirma que Isaías
53 é uma profecia sobre o Senhor Jesus Cristo seja o
testemunho de Abinádi, que, como o próprio Livro de Mórmon,
sussurra desde o pó para todo o mundo (vide 2 Néfi 26:12-17;
33:4-13; Mórmon 8:14-24; Morôni 10:27).
Abinádi, encarando a morte de mártir pelo Rei Noé e seu
sacerdotes, citou todo o capítulo de Isaías 53 (vide Mosias 14) e
explicou seu significado (vide Mosias 15), assim confirmando
seu testemunho de que o Messias que haveria de vir e expiar os
pecados da humanidade era o próprio Senhor de que Isaías
prestou um testemunho tão profético e poderoso!
É de notar que Abinádi, em face da morte, testificou de Cristo,
o qual viria para romper os laços da morte como se ele
já tivesse vindo. Abinádi declarou:
E agora, falando-se de coisas futuras como se elas
já houvessem acontecido, se Cristo não tivesse vindo ao
mundo, não poderia ter havido redenção.
E se Cristo não houvesse ressuscitado dos mortos nem rompido
as ligaduras da morte, para que a sepultura não tivesse vitória
nem aguilhão tivesse a morte, não poderia ter havido
ressurreição.
Há, porém, uma ressurreição; portanto a sepultura não tem
vitória e o aguilhão da morte é desfeito em Cristo.
Ele é a luz e a vida do mundo; sim, uma luz sem fim, que nunca
poderá ser obscurecida; sim, e também uma vida que é infinita,
de modo que não pode mais haver morte. (Mosias 16:6-9; vide
também versículos 10-15).
Convir-nos-ia examinarmos nosso próprio testemunho do
Senhor Jesus Cristo, dado o testemunho de Abinádi.
Por fim, em Isaías 61 lemos: “O Espírito do Senhor Deus
está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar boas
novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de
coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de
prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia
da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes” (Isaías
61:1-2).
Jesus não deixa dúvida alguma sobre o significado destas
palavras proféticas. Havendo começado seu ministério terreno,
Ele voltou a Nazaré e “entrou num dia de sábado, segundo seu
costume, na sinagoga, e levantou-se para ler.” Então leu Isaías
61:1 & 2. Daí, tendo fechado o livro, sentou-se e disse: “Hoje
se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (vide Lucas 4:16-
21).
Os Salmos
Agora vamos contemplar uma seleção de passagens dos
Salmos. É interessante notar que o Salvador e os outros
escritores do Novo Testamento citaram com mais freqüência do
livros de Salmos do que de qualquer outro livro do Velho
Testamento.
Começamos pelo salmo que contém algumas das mesmas
palavras ditas pelo Salvador na cruz quando lá cravado em
agonia indescritível disse: “Deus meu, Deus meu por que me
desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das
palavras do meu bramido?” (Salmo 22:1; vide também Mateus
27:46).
Considerem agora estas palavras proféticas que tão
explicitamente descrevem seus sentimentos, a humiliação, o
sofrimento e a agonia padecidos pelo Salvador durante a
crucificação:
“Todos os que me vêem zombam de mim, estendem os lábios e
meneiam a cabeça, dizendo: Confiou no Senhor, que o livre;
livre-o, pois nele tem prazer” (Salmo 22:7-8; vide também
Mateus 27:39-43).
“Como água me derramei, e todos os meus ossos se
desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no
meio das minhas entranhas. A minha força se secou como um
caco, e a língua se me pega ao paladar; e me puseste no pó da
morte. Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores
me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés. Poderia contar
todos os meus ossos; eles vêem e me contemplam. Repartem
entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre minha roupa”
(Salmo 22:14-18; vide também Mateus 27:35; Marcos 15:24-
25; João 19:37).
“Afrontas me quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo;
esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve
nenhum; e por consoladores, mas não so achei. Deram-me fel
por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre”
(Salmo 69:20-21; vide também João 19:28-30).
No salmo seguinte, vemos uma referência clara à traição de
Jesus por Judas: “Até o meu próprio amigo íntimo, em quem eu
tanto confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o
seu calcanhar” (Salmo 41:9; vide também 55:12-13; Mateus
26:20-23; João 13:18-19).
Uns versículos dos salmos também nos dão referências às
cenas do ministério, ensinamentos e ressurreição de Jesus
Cristo:
“Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te
guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas
suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra”
(Salmo 91:11-12; vide também Mateus 4:5-6; 26:53; Lucas
4:10-11).
“Então clamam ao Senhor na sua angústia; e ele os livra das
suas dificuldades. Faz cessar a tormenta, e acalmam-se as suas
ondas. (Salmo 107: 28-29; vide também 89:8-9; Mateus 8:24-
27).
“A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da
esquina” (Salmo 118:22; vide também Mateus 21:42; Atos
4:10-12).
“E chovera sobre eles o maná para comerem, e lhes dera o trigo
do céu” (Salmo 78:24; vide também versísculos 25-27; João
6:31-35).
“Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha
glória; também a minha carne repousará segura. Pois não
deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu
Santo veja corrupção” (Salmo 16:9-10; vide também Atos 2:22-
32).
“Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão
direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus
pés” (Salmo 110:1; vide também Mateus 22:41-45).
Conclusão
Destas passagens citadas, e de muitas que se poderia citar,
podemos ver que o Velho Testamento é uma testemunha
poderosa e preciosa de Jesus Cristo. Os profetas antigos e
modernos prestam testemunho solene de que a salvação só se
torna possível em e pelo seu santo nome.
Notas
[1] Doutrines of Salvation [Doutrinas de Salvação], compilado
por Bruce R. McConkie, 3 volumes (1954-56), 1:27.
[2] Relatório da Conferência Geral, abril de 1977, 113.
[3] Ensign, abril de 2000, 2-3.
[4] Ensign, abril de 2000, 3.
[5] Nota-se que em Moisés 6:52 e 59 (também em D&C 29:1,
41-46), o Senhor Jesus Cristo fala como se fosse Deus o Pai.
Pela lei de investidura divina, o Filho representa o Pai em todos
os assuntos aqui na Terra, de forma que Ele pode falar como se
fosse Deus o Pai. Para melhor entender este princípio, veja “The
Father and the Son: a Doctrinal Exposition by the First
Presidency and the Twelve” [O Pai e o Filho: um Ensaio Doutrin
´rio da Primeira Presidência e dos Doze] em James R. Clark,
compilador,Messages of the First Presidency of the Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints [Mensagens da Primeira
Presidência d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias], 6 volumes (1965-75), 5:26-34; republicado em James E.
Talmage, As Regras de Fé, (1924), 465-73.
[6] Vide James E. Talmage, Jesus the Christ [Jesus o Cristo], 3rd
edição (1916), 36-37.
[7] Vide também João 1:14, 18; 1 João 4:9; 2 Néfi 25:12; D&C
49:5; 76:13; 93:11; Moisés 5:57.
[8] Vide também G´latas 4:4; 2 Néfi 32:6; Mosias 3:8.
[9] Vide também João 1:41; 4:42, Apocalipse 5:9; 1 Néfi 1:19;
10:6-17; 2 Néfi 2:6-10; D&C 13; 18:47; 43: 34; 93:7-9.
[10] Vide também Mosias 3:13; Helamã 8:13:23.
[11] Vide também João 1:29; Moisés 7:47.
[12] Vide também Mateus 28:5; Atos 2:36; 1 Néfi 1:19, 13-15;
2 Néfi 6:9; Mosias 3:9; 15:7-9; D&C 20:23; 45:52.
[13] Vide também 1 Pedro 3:18; Mosias 3:11-18; Alma 22:14;
33:22-23; D&C 35:2; 46:13; 53:2.
[14] Vide também João 1:14; 6:38; Hebreus 2:9; Mosias 3:6-8;
D&C 88:6.
[15] Vide também João 1:3; Hebreus 1:2; 2 Néfi 9:6; Alma
11:39.
[16] Vide também 2 Néfi 2:6-10; Alma 34:8-16.
[17] Vide também Filipenses 3:21; 1 João 3:2; 2 Néfi 9:9-13.
[18] Vide também João 5:22; Atos 10:34-42; Romanos 2:16;
Moisés 6:57.
[19] Vide Mateus 28:18; Efésios 1:22; Mosias 3:6-8.
[20] Vide Doctrines of Salvation, 1:23-25; Jesus the Christ 47,
655; Mateus 18:7; 1 Pedro 2:24-25.