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Caso de Gabriel Kuhn: Uma bela amizade pode teve um fim trágico.

EVELIN CAROLINE RICARDO (2351103-6)


HENRIQUE AFONSO LANZONI NETO (2356514-4)
ISABELA ORASMO PEREIRA (2350666-1)
MATHEUS FURLAN LOPES (2348959-6)
THAIS APARECIDA SIQUEIRA DE CAMPOS (2354197-1)

CENTRO UNIVERSITÁRIO N. SRA DO PATROCÍNIO

Resumo: O conteúdo abordado nesse artigo trata-se do assassinato de Gabriel


Kuhn e de todos os fatos que envolvem esse evento, desde os antecedentes,
acontecimentos e conclusão. Num olhar crítico e cientifico decorrerá sobre os ramos
da medicina legal e as pericias processuais penais envolvidas no caso que se tornou
um marco justamente pela crueldade e frieza por parte de Daniel Petry sobre: matar,
esquartejar, e ainda ter a intenção de ocultar o corpo de seu colega.

Palavras-Chave: homicídio; crueldade; amigos; esquartejamento; ocultação do


cadáver.

1. INTRODUÇÃO
O objetivo do trabalho é destrinchar um crime, permear com um olhar critico e
científico o mesmo, justificando a importância das pericias e todos os eventos
relacionados à investigação para que haja uma solução hábil e coerente dos fatos
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de ocorreram durante o evento, analise da cena, evidências e todos os outros


detalhes que o envolvem.

Como objeto de estudo, utilizaremos o assassinato de um menino de 12 anos


chamado Gabriel Kuhn que ocorreu em Blumenau, Santa Catarina, em 2007.
Segundo a apuração dos fatos deu-se através de um desentendimento entre amigos,
o mais interessante e assustador nesse caso é a pouca idade do autor e mesmo
assim os detalhes revelam a frieza, indiferença e crueldade em níveis extremos.

Como já dito anteriormente, para o entendimento pleno do ato criminal, são


necessários elementos que se integrem no conjunto de dados coletados como, por
exemplo as perícias, é através delas em seus mais variados exames e análises
relacionados aos vestígios deixados, que se pode comprovar a existência de um
crime e consequentemente sanar todas as dúvidas do juiz quanto ao delito cometido
e possível autor, de forma concreta e decisória no esclarecimento da causa jurídica
da morte.

O artigo trata de forma aprofundada os tópicos relevantes para a


compreensão do caso, como detalhes do mesmo, perícias realizadas, laudos,
imagens fazendo então com que o conhecimento técnico seja posto em prática de
forma esclarecida numa análise real, o mesmo está disposto em tópicos
subsequentes, divididos entre os temas e referidos á cada um dos alunos para que
realizem pesquisas individuais que somadas resultam no todo apresentado.

2. BREVE SÍNTESE DOS FATOS

O caso em analise teve o desenvolvimento dos fatos em 23 de Julho de 2007,


no município de Blumenau Santa Catarina (Brasil), local onde Gabriel Kuhn de 12
anos foi brutalmente assassinado por seu “amigo”, Daniel Petry, um jovem de
apenas 16 anos.

Num estudo de campo com os que conviviam com os garotos, pode-se


concluir que Daniel se mostrava uma pessoa agressiva, retraída e problemática,
diferente de Gabriel, que se fazia sempre quieto e educado. Um fato em comum que
trouxe proximidade aos meninos foi que ambos jogavam o jogo online Tibia, e por
sua vez, apura-se que foi exatamente esse o disparate para o conflito.
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Segundo relatos, Daniel emprestou dinheiro virtual para Gabriel e este não
conseguiu devolver a quantia. A partir desse momento, Daniel se irritou e invadiu a
casa de seu colega, que estava sozinho. O adolescente empurra Gabriel e o golpeia
desacordando-o, logo em seguida, leva para o quarto e lhe abusa sexualmente. O
menino, retomando a consciência grita em busca de socorro e ameaça contar aos
pais tudo o que havia acontecido, foi então que Daniel começa a estrangula-lo até
que Gabriel perde a consciência novamente, de forma mais profunda dessa vez.

Daniel acredita que ele está morto e tenta esconder o corpo no sótão, então
pega alguns fios para tenta suspende-lo, mas não teve força suficiente para tanto, é
então que para facilitar decide esquarteja-lo, dessa forma, corta com uma faca e um
cerrote as duas pernas do garoto (que no meio da ação acorda e grita, porém perde
a consciência novamente por conta do choque) e após esse processo tenta
novamente colocá-lo no sótão, mas não obteve sucesso, abandonando o corpo em
frente a porta da casa.

Tendo em vista futilidade que motivou tais atos hediondos, insinua-se que há
alguns detalhes que foram omitidos durante a investigação quando se diz respeito a
real intenção de Daniel, o jogo e o desentendimento podem ser como álibis para
cobrir o abuso sexual que não teve a execução e consentimento esperado, ainda
que o mesmo tenha negado a autoria dos fatos, dizendo não ser homossexual, o
laudo desmascara essa versão.

3. DAS PERÍCIAS PROCESSUAIS PENAIS REALIZADAS NO CASO

3.1. Exame Necroscópico

Segundo o laudo do IML, a vítima foi sufocada e recebeu vários golpes do


acusado. Ela estava viva, porém, permaneceu desacordada quando teve suas duas
pernas arrancadas de seu corpo, pois seu corpo entrou em choque e ele ficou
inconsciente, por isso, a causa da sua morte foi por hemorragia ao ter seus
membros decepados. A perícia também apontou que ele sofreu abuso sexual antes
e depois de sua morte, pois foram encontrados o sêmen do agressor e outros
resquícios no local do crime.
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Pernas encontradas no local do crime


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3.2. Exame Perinecroscópico

No corredor onde foi encontrado o corpo da vítima, foi encontrado o serrote,


com que foi constatado depois ter sido utilizado para esquartejar a vítima. O corpo
também tinha cabos amarrados ao seu corpo e foi encontrada uma escada, de
forma que o acusado tinha a escada para suspender o corpo com os cabos e os
usados para içá-lo até o porão, a fim de esconder o corpo.

Local onde foi realizado o exame perinecroscópico


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3.3. Exame do local do crime

Foram encontradas manchas de sangue da vítima no colchão do quarto onde


foi encontrado o computador com a discussão entre a vítima e o acusado. Para a
perícia, o acusado havia entrado na casa e encontrado a vítima no quarto do
computador e logo em seguida, praticada o abuso na cama deste mesmo quarto.
Em seguida, há a suspeita de que houve uma discussão entre os dois, no caminho
entre o quarto e a cozinha, e que a vítima pode ter ameaçado contar o que ocorrera
aos pais, por isso, a perícia suspeita que o acusado teria o empurrado e dado vários
golpes na vítima e, logo em seguida, o estrangulou e depois o arrastou para o
corredor lateral da casa, onde ele esquartejou o corpo da vítima. Por fim, pelos
resquícios e pela maneira como o corpo foi encontrado no corredor, a perícia
suspeita que ele teve grandes dificuldades em elevar e ocultar o cadáver por conta
do peso, por isso, deixou na porta de entrada para que o corpo fosse encontrado.
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Corredor lateral da casa, onde o corpo foi encontrado.

3.4. Exame sobre instrumentos do crime

A intenção de elevar o corpo da vítima até o porão para ocultá-lo levou o


acusado a amarrar cabos pelo corpo da vítima e içá-lo. Encontrando dificuldades, o
acusado Daniel usou um serrote para esquartejar o corpo, a fim de facilitar elevação,
porém, continuou com dificuldades. Isto porque os cabos foram encontrados ainda
no corpo da vítima, içados no porão e também, o serrote foi encontrado ao lado das
pernas decepadas, coberto por sangue da vítima.
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A imagem mostra o toráx da vitima envolto pelo cabo anteriormente citado

Corpo de Gabriel envolto aos cabos.


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Material utilizado para decepar as pernas de Gabrie.


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3.5. Depoimento do Acusado Daniel Petry

De acordo com o depoimento do Daniel Petry, acusado pelo assassinato, a


vítima e o acusado tinham contas em um jogo eletrônico chamado MMORPG Tíbia e
ambos eram amigos muito próximos e as famílias eram vizinhas. Naquele mesmo
dia mais cedo, a vítima Gabriel Kuhn teria pedido um empréstimo para o Daniel,
para que ele pudesse ter progresso no jogo. Concebido o empréstimo, mais tarde
daquele mesmo dia, o acusado teria cobrado a vítima, que não conseguiu transferir
os fundos do jogo para seu amigo. O acusado conta que ficou tão irritado com isso
que invadiu a casa da vítima e o estrangulou até a morte. Ele ainda comentou em
seu depoimento que, como ele queria esconder o corpo, ele decidiu colocá-lo no
sótão, que ficava há 1,8m acima do solo. Entretanto, como ele não conseguiu elevar
o corpo do Gabriel sozinho, ele usou de um serrote para cortar as pernas da vítima,
assim facilitaria a ocultação. Porém, Daniel encontrou dificuldades para elevar o
corpo e decidiu deixá-lo na porta de entrada.
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3.6. Reconstituição do crime

Para o entendimento sobre o que supostamente teria ocorrido entre os


garotos, visto que o acusado havia confessado o crime apenas depois do exame
necroscópico e mentido em depoimento em relação ao abuso sexual, a polícia
reconstitui o que poderia ter acontecido entre os dois. Por isso, como constatado em
mensagens no computador de ambos, Gabriel e Daniel haviam discutido por
questões de um jogo eletrônico, chamado MMORPG Tíbia, segundo Daniel, uma
dívida adquirida por Gabriel para com ele. Ao entender que Gabriel teria
supostamente trapaceado, Daniel furioso teria entrado na casa de seu amigo e
causado uma possível agressão e discussão ao encontrá-lo. Gabriel estava sozinho
pois seus pais estavam trabalhando e seu irmão estava em uma consulta no
dentista. Em seguida, segundo a perícia, Daniel havia estuprado a vítima na cama
do quarto e isso possivelmente fez Gabriel tentar se defender e ameaçar contar aos
seus pais, o que poderia ter levado em uma discussão entre o quarto e a cozinha,
deixando Daniel ainda mais furioso. Daniel esganou a vítima, como constatado em
perícia e o arrastou para o corredor, onde o teria esquartejado, com a vítima ainda
viva. O acusado ainda tentou içar o corpo ao amarrar cabos para que ele pudesse
suspender e ocultar o cadáver no porão, que ficava a 1,8m acima do solo. Foi
quando Daniel não conseguiu elevar o corpo e o deixou na porta de entrada, até que
o irmão da vítima o encontrou. Para a perícia, o assassinato não teria sido a
consequência de uma discussão no jogo e sim, do abuso sexual cometido pelo
acusado. O irmão da vítima chegou logo depois e encontrou o corpo na entrada da
casa, ele então correu para a rua e pediu ajuda para um vizinho que chamou a
polícia diante de toda aquela situação. A polícia imediatamente localizou Daniel, pois
no computador do Gabriel mostrava uma briga no jogo que eles haviam tido há
pouco tempo. Daniel só foi confessar o crime após a necropsia, porém, negou ter
abusado Gabriel, alegando não ser gay.

4. DOS RAMOS DA MEDICINA LEGAL LIGADOS AO CASO

4.1. Tanatologia forense


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A tanatologia é o estudo científico da morte. Ela irá analisar todos os aspectos


que estão envolvidos no período da morte, tais como a coloração das lesões,
aspectos da cena, dos instrumentos, entre outros. É um estudo que tem diversos
ramos e aplicações, por isso é um estudo de grande importância.
Feita por médicos legistas e tanatologistas policiais, a tanatologia ganhou
destaca por conta de ter grande responsabilidade ao desvendar casos de homicídio,
o que leva a crer que é uma ciência aliada aos profissionais de investigação e que
vem ganhando repercussão.
Ao nosso caso, o laudo do IML concluiu que a causa da morte foi por
hemorragia, causada pelo corte que decepou as pernas da vítima. Também há
indícios de que a vítima sofreu abusou sexual antes e depois de sua morte, além de
ter marcas em seu tronco e garganta de que sofreu golpes e de que foi asfixiado
pelo agressor, antes de ser esquartejado.

4.2. Traumatologia forense

A traumatologia é o ramo da Medicina Forense que estuda as lesões, de


origem física ou psicológica, envolvidas no crime. As lesões analisadas podem ser
recentes ou tardias, que atinge a integridade física ou psíquica do ser humano O
exame traumatológico feito no corpo constata a gravidade das lesões e os agentes
causadores.
Na vítima deste caso, houve o corte total de suas pernas por um serrote,
encontrado na cena do crime, a asfixia feita pelo agressor com um cabo, ainda
envolvido no corpo da vítima, e o abuso sexual, que foi identificado posteriormente
pela perícia, ao constatar a presença de sêmen do agressor na vítima.

4.3. Asfixiologia forense

A Asfixiologia Forense é o ramo de estudo que trata as asfixias em geral. A


asfixia é uma energia física e mecânica que contribui para a supressão da
respiração. Para a literatura médica, a asfixia pode ter origem através da concepção
de estar “sem pulso”. Entretanto, esse pensamento continha erros e os estudos
científicos colaboraram para um maior entendimento da Asfixiologia.
Na vítima do caso, a asfixia foi feita através de um cabo amarrado ao
pescoço, que contribuiu para sua morte. Apesar da asfixia não ser a causa da morte,
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constatado pela perícia posteriormente, o agressor a usou para manter a vítima


desacordada enquanto a esquartejava. Ao pressionar o cabo na garganta, ele a
apertou até a vítima desmaiar, o que facilitou para arrastar o corpo até o corredor
onde ele decepou suas pernas.

4.4. Psiquiatria forense

A Psiquiatria Forense é o estudo que trata dos problemas psiquiátricos


envolvidos nos crimes. Ela irá auxiliar no entendimento de comportamento e
responsabilidade dos indivíduos. Também diz respeito no estudo da imputabilidade
penal e em possíveis transtornos mentais que estão envolvidos em condutas
comportamentais.
Neste caso, há relatos da família da vítima de que em alguns momentos, o
agressor, que era vizinho e colega da vítima, teria demonstrado comportamento
agressivo e pequenos surtos de conduta, por conta disso, ele passava por
tratamento psiquiátrico. Entretanto, os pais da vítima disseram que apesar disso,
não viam problemas na amizade entre os dois. Por fim, foi constatado que o
agressor sempre faltava as terapias e desde criança tinha comportamentos
agressivos e gostava de provocações.

4.5. Sexologia forense

A Sexologia Forense pode ser definida como o estudo sobre os


comportamentos sexuais em relação a um crime. Para a Criminologia, é comum que
os molestadores se aproveitem da inocência da vítima para cometer o estupro.
Entretanto, não é possível padronizar as condutas sexuais, por isso, é necessário
um estudo mais aprofundado para o esclarecimento do comportamento em cada
caso. É também muito comum ver transtornos de origem sexual serem associadas
ao agressor.
Neste caso em particular, os laudos periciais nos indicam que a vítima sofreu
abuso sexual antes e depois da morte pelo seu agressor. Para a perícia, o
assassinato ocorrera em razão do estupro cometido pelo agressor, e não pelo
desentendimento em relação ao jogo, como dado em depoimento.
O estupro teria ocorrido na cama do quarto onde estava o computador do
jogo, pois havia manchas de sangue, e por isso, há a possibilidade de o agressor ter
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ficado furioso após a vítima acusá-lo e de dizer que contaria aos pais dos
envolvidos. Isto poderia ter sido o motivo provável pelo qual ele teria cometido as
atrocidades que cometera posteriormente.
Podemos concluir, com uma olhar genérico, que a conduta sexual neste caso
está ligado a negação que o agressor tinha de sua orientação sexual, que é uma
causa psicológica e também um medo em relação a sexualidade, além de outros
comportamentos de origem sexual como o sadismo, que envolve a humilhação e o
sofrimento da vítima, a necrofilia, e uma série de outros.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É de fato muito importante ressaltar a importância das perícias no processo
de análise e descoberta das ações do crime. Isto porque, apenas com o relato do
acusado não é possível constatar provas de como ele teria realizado o crime, visto
que é impensável que ele iria produzir provas que futuramente o condenaria. A
pericia tem papel importante pois ela irá, através de exames científicos, construir
provas que irão delatar o que ocorreu e quem esteve envolvido. Não é por acaso
que a perícia e todos os exames de corpo de delito são indispensáveis quando
houver vestígios da infração (art. 158 do Código de Processo Penal), pois isso será
importante para que o juiz possa sanar todas as dúvidas envolvidas em relação aos
delitos e para que ele possa dar sua pena ao possível autor do crime.

REFERÊNCIAS

AUGUSTO, Felipe. Casos Perturbadores: Menino mata e esquarteja amigo por


conta de um jogo. Belo Horizonte, Amino, 2016.

BORGES, Thiago Ribeiro. Tanatologia: o estudo da morte e do morrer. Portal


Educação, 2017.

BRANDÃO, Fabiana Mendes Caldeira. A importância da perícia criminal para a


comprovação da materialidade no crime de homicídio. Rio de Janeiro, Conteúdo
jurídico, 2016.
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COÊLHO, Bruna Fernandes. A importância da perícia médico-legal para o


processo penal na persecução da verdade real. Pernambuco, Âmbito jurídico,
2010.

GOMEZ, Felipe de Martino Pousada. Comportamento sexual, violência e crime: a


sexologia forense a serviço da lei. Canal Ciências Criminais, 2019.

LOPES, Carla. Caso de Gabriel Kuhn e a amigável face do mal. São Paulo,
Detetive Online, 2017.

MEDRADO, Moisés do Nascimento. Asfixiologia Forense: conceitos, tipos e


características. Jusbrasil, 2018.

OFF: Caso Gabriel Kuhn e Daniel Petry, onde anda o culpado?. Pandlr, 2019.

PAZ, Gabriela. Caso Gabriel Kuhn. São Paulo, Crimes and Killers, 2014.

TEIXEIRA, Sarah. História do Caso Gabriel Kuhn e Daniel Petry. Santa Catarina,
Detalhes do mal, 2018
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