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RUBENS FABRIS GOLSMAN – TIA 42017580

1) A atividade possui pontuação total de 2,0 pontos que irá compor a nota do N2.

2) A atividade deve ser realizada de forma individual e postada através do link disponível no
moodle. Não serão admitidos envios por e-mail.

3) Além dos textos disponibilizados no moodle, sugere-se a leitura do livro “Execução Penal” de
Alexis de Couto Brito e “Tratado de Direito Penal – Parte Geral” de Cezar Roberto Bitencourt
(disponíveis na Minha Biblioteca Digital).

QUESTÕES ACERCA DA EXECUÇÃO PENAL:

1) Acerca do livramento condicional, responda:

a) Discorra acerca das modalidades de livramento condicional, bem como os requisitos


objetivos e subjetivos para a sua obtenção:

De acordo com o artigo 83 do Código Penal, o livramento condicional é a substituição do


encarceramento pela liberdade do condenado, mediante a imposição de restrições cumpridas
fora da prisão. Para que seja concedido, a pena privativa de liberdade deve ser igual ou superior
a dois anos, exigindo o cumprimento de mais de um terço da pena para não reincidentes em
crime doloso com bons antecedentes, ou mais da metade para reincidentes. Nos casos de crimes
hediondos, tráfico de pessoas e equiparados, é necessário o cumprimento de mais de dois terços
da pena.
Além disso, é necessário demonstrar comportamento satisfatório durante a execução da pena,
desempenho adequado no trabalho atribuído, capacidade de prover a própria subsistência de
forma honesta e a reparação do dano causado, exceto em casos de efetiva impossibilidade. O
parágrafo único do artigo 83 estabelece a avaliação de condições pessoais que indiquem a não
reincidência do condenado. Desde a reforma da Lei de Execução Penal de 2003, o exame
criminológico não é mais obrigatório para a concessão do livramento condicional.
Seguindo o entendimento exposto no voto do Ministro Roberto Barroso no Ag.Reg. HC 203071-
SP, a obtenção do livramento condicional requer o cumprimento cumulativo de requisitos
objetivos e subjetivos, como o cumprimento de 2/3 da pena para condenados primários ou 3/5
para reincidentes, bom comportamento durante a execução da pena e ausência de faltas nos
últimos 12 meses.

b) Quais as condições que deverão ser cumpridas no chamado período de prova?

Durante o período de prova para o livramento condicional, diversas restrições são impostas à
liberdade do condenado. Tais restrições abrangem a obrigação de residir e dormir em local
determinado, a proibição de se ausentar da jurisdição do Juízo da Execução por mais de oito dias
consecutivos e a exigência de comparecimento mensal obrigatório ao tribunal, com o intuito de
prestar informações e justificar suas atividades. É crucial observar que todas essas atividades
devem ser rigorosamente cumpridas durante todo o período de concessão do benefício. Além
disso, ressalta-se que a infração injustificada dessas condições pode resultar na revogação do
livramento condicional.
Ademais, conforme destacado no Ag.Reg. HC 203071-SP STF, para que o período de prova do
livramento condicional seja cumprido de forma satisfatória, é necessário, de forma cumulativa,
que o condenado não tenha cometido falta nos últimos 12 meses e tenha mantido um bom
comportamento durante o período de encarceramento.
c) Quais as formas de revogação do livramento condicional? E seus motivos? E suas
consequências?

Conforme o disposto no artigo 86 do Código Penal Brasileiro, o livramento condicional está


sujeito à revogação nas situações de condenação, por meio de sentença irrecorrível, por crime
cometido durante a vigência do benefício ou por contravenção penal dolosa, violação
injustificada das condições previamente estipuladas, superveniência de condenação, por
sentença irrecorrível, impondo pena privativa de liberdade por crime praticado antes ou depois
do início do cumprimento do livramento condicional, e desaparecimento do condenado da
comarca onde reside, sem comunicar seu paradeiro ao juiz responsável pela execução.
No que tange às consequências derivadas da revogação do livramento condicional, estas podem
englobar a perda do benefício concedido, o retorno do condenado ao cumprimento integral da
pena ou o encarceramento durante todo o período de prova, juntamente com a possibilidade
de aumento da pena em decorrência da prática de novo crime ou contravenção dolosa, como
afirma o texto de Mariana Secorun Inácio, Carolina de Albuquerque e Caroline Linck Pinto
Valandro.

d) Quando haverá prorrogação do período de prova?

Conforme estipulado no artigo 145 da Lei de Execução Penal, é facultado ao juiz da execução
prorrogar o período de prova do livramento condicional por até metade do prazo originalmente
fixado, desde que haja justificativas cabais e comprovadas pelas autoridades competentes. Em
caso de prorrogação, o término do período de prova será ajustado, mantendo-se as mesmas
condições iniciais do livramento condicional, sem prejuízo da possibilidade de aplicação de
outras restrições adicionais.

2) Um dos textos trazidos critica o chamado exame criminológico para fins de concessão
de benefícios como livramento condicional e progressão de regime. Entretanto, a jurisprudência
do STF segue reconhecendo a possibilidade de utilização deste exame. Após a leitura do texto,
responda:

a) Quais os motivos que levam a Suprema Corte brasileira a defender que ainda é
possível a exigência do exame criminológico para fins de livramento condicional? Explique sua
resposta:

De acordo com a interpretação do Supremo Tribunal Federal (STF) mencionada no texto, apesar
de a Lei 10.792/03 ter eliminado a exigência de exame criminológico para a obtenção de
benefícios, como a progressão de regime e o livramento condicional, a ausência de menção
expressa na lei não impede que o juiz da execução ordene o referido exame, desde que haja
fundamentação adequada. Isso se justifica pelo fato de que a avaliação do requisito subjetivo
requer uma análise abrangente do mérito do condenado, que não se restringe apenas ao seu
comportamento na prisão. Assim, o entendimento do STF sugere a possibilidade de que, em
determinadas circunstâncias, o exame criminológico ainda seja considerado necessário para a
concessão do livramento condicional.

b) Explique nas suas palavras por que é feita a associação, pelas autoras, do exame
criminológico e a criminalização dos indivíduos que se enquadram no estereótipo do criminoso:

Segundo as autoras do texto, a prática do exame criminológico está associada à estigmatização


de certos indivíduos como potenciais criminosos, visto que essa abordagem é considerada um
vestígio da criminologia positivista que ganhou destaque no século XIX, sustentando a noção de
que a criminalidade era determinada por características inatas do sujeito. Nesse sentido, o
exame criminológico é visto como um meio de avaliar tais características e, por conseguinte,
justificar a punição ou o tratamento diferenciado desses indivíduos.
Ademais, as autoras ressaltam que a aplicação do exame criminológico pode reforçar
estereótipos e preconceitos, uma vez que muitas das características avaliadas são subjetivas e
dependem da perspectiva do examinador, o que acaba por perpetuar a marginalização de
grupos sociais mais vulneráveis.

3) Analise o seguinte caso concreto:


Manuel foi condenado pela prática do crime de extorsão a uma de 5 anos e 7 meses de
reclusão. Após cumprir os requisitos objetivos e subjetivos, obteve livramento condicional
quando restava 01 ano e 06 meses de pena privativa de liberdade a ser cumprida.
No curso do livramento condicional, após 06 meses da obtenção do benefício, Manuel
foi novamente condenado, definitivamente, pela prática de crime de furto a uma pena de 2 anos
e 10 meses, que havia sido praticado antes mesmo do crime de extorsão, mas cuja instrução foi
prolongada.
Diante da nova condenação, o juiz da execução competente revogou o livramento
condicional concedido e determinou que Manuel cumprisse 01 ano e 06 meses de pena restante
quando da obtenção do livramento em relação ao crime de extorsão, além da nova sanção
imposta em razão do furto. Ao unificar as penas, fixou o regime aberto para cumprimento da
pena.
Com base nessas informações, pergunta-se: haveria algum fundamento no Manuel
pudesse recorrer da decisão proferida pelo magistrado?

Manuel possui bases para recorrer da decisão proferida pelo magistrado com fundamento nos
seguintes argumentos: A decisão de revogar o livramento condicional e determinar que Manuel
cumpra a pena restante pelo crime de extorsão, além da nova sanção por furto, pode ser objeto
de apelação com base no argumento de que o juiz não considerou devidamente os requisitos
objetivos e subjetivos para a concessão do benefício. Manuel poderia alegar que o juiz não
avaliou de maneira apropriada seu comportamento durante o período de livramento
condicional e deixou de considerar quaisquer mudanças positivas ou esforços de reabilitação
que possam ter sido realizados por ele. Além disso, Manuel poderia argumentar que o juiz não
forneceu justificativa suficiente para a revogação do livramento condicional e a imposição do
regime aberto para o cumprimento da pena.

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