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Resume: This study aims to examine the possibility of relativization limit executable under the special
courts state civic leaders, addressing controversial issues about the possibility of performing values
greater than those established by law. Therefore, the absolute powers of the microsystem to perform
its decisions, regardless of the amounts due, emphasizing the (un) possibility of the value of a
astreinte, fixed under the Juvenile Court, exceed the value of 40 minimum wages. Will discuss the
doctrinal and jurisprudential discussions about the object of study.
Introdução
Igualmente, será exposta a divergência dos Tribunais acima citados, com relação à
limitação a título de astreintes no âmbito do microssistema, bem como, qual órgão é
competente para julgar e modificar decisões dos Juizados Especiais. Além disso,
será analisado a divergência acerca da possibilidade do órgão julgador do recurso,
reduzir o valor aplicado a título de astreintes, tendo em vista o instituto da coisa
julgada com relação a decisão que arbitrou a multa. Nesse mesmo diapasão, será
trazida a fase recursal dentro do microssistema, com relação à fixação e à aplicação
das astreintes.
No Estado do Rio Grande do Sul houve uma revolução nesse sentido: o Poder
Judiciário, em 23 de julho de 1982, através dos revolucionários e pioneiros
Conselhos de Conciliação e Arbitramento instalados na Comarca de Rio Grande/RS
(pode-se chamar de pioneiro estes conselhos porque foram anteriores à publicação
da lei que instituía os Juizados das Pequenas Causas), elaborou e colocou em
prática os centros de conciliações, através da Associação dos Juízes do Rio Grande
do Sul - AJURIS visando a celeridade processual e a facilitação do acesso à justiça.
Felippe Borring Rocha traz em sua obra o mesmo entendimento de que o Estado do
Rio Grande do Sul foi precursor na criação e utilização dos Juizados das Pequenas
Causas:
No ano de 1984, foi sancionada a Lei Federal nº 7.224, que instituiu os Juizados
Especiais de Pequenas Causas, orientada pelos mesmos princípios que regem hoje
a lei 9.099/95. Com a promulgação da Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988 se concretizou direitos indisponíveis, mas também ficou estabelecido
3
“Os Estados organizarão a sua Justiça, observados os artigos 113 a 117 desta Constituição e os
dispositivos seguintes: § 1º. A lei poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça: [...] b) juízes
togados com investidura limitada no tempo, os quais terão competência para julgamento de causas
de pequeno valor e poderão substituir juízes vitalícios”. BRASIL. Constituição Federal do Brasil de
1967. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc_anterior1988/emc01-69.htm.>
Acesso em: 30 abr. 2013.
4
ROCHA, Felippe Borring. Manual dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais: teoria e prática. 6.
ed. São Paulo: Atlas, 2012. P. 04.
No ano de 1995, com o advento da Lei 9.099, houve a efetiva instalação deste
microssistema, denominado Juizado Especial Cível. Esta lei, além de cumprir com
as disposições da Carta Magna, vem implantar os Juizados Especiais Cíveis e
substituir de forma mais eficiente os Juizados de Pequenas Causas.
A Lei 9.099 de 1995, no seu artigo 2º6 traz os princípios norteadores do Juizado
Especial Cível, os quais são os seguintes: oralidade, simplicidade, informalidade,
5
“A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos
por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução
de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante
os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o
julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;”. BRASIL. Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 30 abr. 2013.
6
“O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou transação”. BRASIL. Lei
n° 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especial Cíveis e Criminais e dá
outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso
em: 30 abr. 2013.
7
NETO, Fernando da Costa Tourinho. JÚNIOR, Joel Dias Figueira. Juizados Especiais Estaduais
Cíveis e Criminais: comentários à lei 9.099/1995. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, P.
75.
8
GRINOVER, Ada Pellegrini. DINAMARCO Candido Rangel. CINTRA, Antônio Carlos de Araújo.
Teoria Geral do Processo. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 1995. P. 50.
O procedimento adotado pela Lei 9.099/95 visa à celeridade processual e tem como
características praticar a maioria dos atos processuais de forma oral, utilizando-se
assim de dispositivos descritos na legislação que contribuem para a celeridade do
processo, como por exemplo, o pedido que pode ser realizado na secretária do
Juizado. No procedimento do Juizado, a ideia é a predominância da oralidade sobre
a escrita, mas não se pode esquecer que o processo tem suas peculiaridades, que
devem ser observadas.
9
CÂMARA, Alexandre Freitas. Juizados Especiais Cíveis Estaduais, Federais e da Fazenda
Pública: Uma Abordagem crítica. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2012, P. 07-08.
Com a análise dos princípios basilares do Juizado Especial Cível, pode se notar que
se forem respeitados e cumpridos na integra há grande chance de se chegar à
finalidade da lei: a celeridade processual e a facilitação do acesso ao judiciário.
10
ALVIM, José Eduardo Carreira. Juizados Especiais Cíveis Estaduais: Lei 9.099/95. 5. ed.
Curitiba: Juruá, 2010. P. 21.
11
MARINONI, Luis Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Procedimentos Especiais. São Paulo:
Revista dos Tribunais, Ano 2009. P. 202.
12
“O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas
cíveis de menor complexidade, assim consideradas: I - as causas cujo valor não exceda a quarenta
vezes o salário mínimo; II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil; III- a
ação de despejo para uso próprio; IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não
O Superior Tribunal de Justiça nas suas decisões, entende que o Juizado Especial
Cível é competente para executar seus julgados, independentemente do valor ter
ultrapassado o teto estabelecido na lei18.
I, mesmo diploma legal. Tampouco se pode falar em renúncia ao excedente, sob pena de
desestimular o uso do sistema do juizado, se haverá prejuízo à atualização monetária, juros ou
encargos, derivado da condenação. Desnecessária a cientificação pessoal da parte, sobretudo
quando o entendimento majoritário é no sentido de dispensa da intimação da parte, correndo o prazo
automaticamente. Precedentes da Turma Recursal (Recurso Cível Nº 71001533611, Terceira Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Afif Jorge Simões Neto, Julgado em 10/06/2008) e
(Mandado de Segurança Nº 71001657907, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,
Relator: Maria José Schmitt Santanna, Julgado em 25/06/2008). RECURSO IMPROVIDO.” Recurso
Inominado Nº 71001665652, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Afif Jorge
Simões Neto, Julgado em 24/09/2008.
17
CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e Prática dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais e
Federais. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. P. 223.
18
“Ementa: agravo regimental. Recurso ordinário. Mandado de segurança. Juizados especiais cíveis.
Competência para executar seus próprios julgados. Agravo regimental não provido. 1. É firme a
jurisprudência dessa Corte em que os Tribunais de Justiça Estaduais não têm competência para
rever decisões de turma recursal de juizados, muito menos em sede de mandado de segurança.
Nesse sentido orienta o Enunciado n. 376 da súmula do STJ: "Compete a turma recursal processar e
julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial". 2. Nos termos do artigo 3º, § 1º, I, da
Lei 9099/2005, compete ao Juizado Especial a execução de seus julgados, inexistindo, no preceito
legal, restrições ao valor executado, desde que, por ocasião da propositura da ação, tenha sido
observado o valor de alçada, ressalvada a questão da multa (RMS 33.155/MA, Rel. Ministra MARIA
ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 29/08/2011) . 3. O fato de o valor
executado ter atingido patamar superior a quarenta salários mínimos, em razão de correção
monetária e encargos, não descaracteriza a competência do Juizado Especial para a apreciação do
mandado de segurança, cabendo à turma recursal conhecer e rever sua decisão em sede de
mandado de segurança impetrado contra seus atos. 4. Assentada a competência da Turma Recursal
para julgar o mandado de segurança, nos termos da Súmula 376/STJ, nada obsta, contudo, a
utilização dos meios recursais disponíveis ao impetrante/agravante, no caso da prolação de julgado
teratológico, inclusive do uso da reclamação perante essa Superior Corte de Justiça. 5. Agravo
regimental não provido.”AgRg no Recurso em Mandado De Segurança Nº 32.489 – MT. Relator :
MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO. Brasília (DF), 16 de fevereiro de 2012.Publicado no DJe
24/02/2012.
No âmbito dos Juizados Especiais Cíveis existe um Fórum que elabora enunciados,
anualmente em todo o Brasil, Fórum este que é denominado Fórum Nacional dos
Juizados Especiais - FONAJE22. Este órgão tem por finalidade a criação de
enunciados com o objeto de tentar dirimir dúvidas na interpretação da Lei 9.099/95,
19
COSTA, Hélio Martins. Lei dos Juizados Especiais Cíveis: Anotada e Sua Interpretação
Jurisdicional. 4. ed. Belo Horizonte: Delrey, 2006. P. 13.
20
“Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o
efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de
dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei,
expedir-se-á mandado de penhora e avaliação”. BRASIL. Lei n° 5.689, de 11 de Janeiro de 1973.
Institui o Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm>. Acesso em: 30 abr. 2013.
21
“Ementa: Embargos à execução. Excesso de execução não configurado. Valor do pedido e
condenação dentro do teto de alçada do jec. Incidência de juros de mora, correção monetária e multa
sobre a condenação. Consectários provocados pelo próprio devedor, decorrentes do descumprimento
da obrigação judicial, que não se incluem no valor de alçada. Recurso não provido.” Recurso
Inominado, Nº 71002218576, Segunda Turma Recursal Cível RS, Relatora. Leila Vani Pandolfo
Machado, 26 DE MAIO DE 2010.
22
Histórico do Projeto: O FONAJE foi instalado no ano de 1997, sob a denominação de Fórum
Permanente de Coordenadores de Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Brasil, e sua idealização
surgiu da necessidade de se aprimorar a prestação dos serviços judiciários nos Juizados Especiais,
com base na troca de informações e, sempre que possível, na padronização dos procedimentos
adotados em todo o território nacional. Objetivos: I – Congregar Magistrados do Sistema de Juizados
Especiais e suas Turmas Recursais; II – Uniformizar procedimentos, expedir enunciados,
acompanhar, analisar e estudar os projetos legislativos e promover o Sistema de Juizados Especiais;
III – Colaborar com os poderes Judiciário, Legislativo e Executivo da União, dos Estados e do Distrito
Federal, bem como com os órgãos públicos e entidades privadas, para o aprimoramento da
prestação jurisdicional. Informação extraída do Site
<http://www.fonaje.org.br/2012/?secao=exibe_secao&id_secao=1>. Acesso em 30 abr. 2013.
Tendo em vista as explanações, nas quais se verifica que o Juizado Especial Cível
tem competência para executar seus julgados, pode-se chegar a uma discussão,
tendo em vista o disposto no artigo 39 da Lei 9.099/9525, no qual estabelece que a
sentença condenatória que ultrapassar o valor do teto do juizado é ineficaz.
Para Alvim, esta ineficácia é relativa, ou seja, não é absoluta, não podendo
contaminar de vício o restante da sentença. Sendo assim, a sentença que a
condenação ultrapassar o teto do juizado não tem força coercitiva o valor
ultrapassado:
23
“O artigo 475, "j" do CPC – Lei 11.323/2005 – aplica-se aos Juizados Especiais, ainda que o valor
da multa somado ao da execução ultrapasse o valor de 40 salários mínimos (aprovado no XIX
Encontro – Aracaju/SE).” BRASIL. Enunciados do Fórum Nacional dos Juizados Especiais –
FONAJE. Disponível em: <http://www.fonaje.org.br/2012/?secao=exibe_secao&id_secao=6>. Acesso
em: 30 de abr. 2013.
24
ASSIS, Araken de. Cumprimento de Sentença. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. P. 137.
25
“É ineficaz a sentença condenatória na parte que exceder a alçada estabelecida nesta Lei.”
BRASIL. Lei n° 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especial Cíveis e
Criminais e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 30 abr. 2013.
26
ALVIM, José Eduardo Carreira. Juizados Especiais Cíveis Estaduais: Lei 9.099\95. 5. ed.
. .
Curitiba: Juruá, 2010. P 130
27
“O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas
cíveis de menor complexidade, assim consideradas: II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do
Código de Processo Civil”. BRASIL. Lei n° 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os
Juizados Especial Cíveis e Criminais e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 30 abr. 2013.
28
CÂMARA, Alexandre Freitas. Juizados Especiais Cíveis Estaduais, Federais e da Fazenda
Pública: Uma Abordagem crítica. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2012, P. 114.
29
“As causas cíveis enumeradas no art. 275 II, do CPC admitem condenação superior a 40 salários
mínimos e sua respectiva execução, no próprio Juizado.” BRASIL. Enunciados do Fórum Nacional
dos Juizados Especiais – FONAJE. Disponível em:
<http://www.fonaje.org.br/2012/?secao=exibe_secao&id_secao=6>. Acesso em: 30 de abr. 2013.
30
CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e Prática dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais e
Federais. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. P. 223.
Em razão da astreinte ter apenas o condão coercitivo, o valor da mesma não pode
ser elevado. Em outros ordenamentos jurídicos, existem as astreintes, mas com a
natureza punitiva, ou seja, a parte que não cumprir com a determinação do
Magistrado será punida como forma de não se repetir o erro praticado. Guilherme
Rizzo Amaral traz o seguinte entendimento acerca do conceito de astreinte:
[...] pode se aplicar o conceito de astreinte para concluir que ela constitui
técnica de tutela coercitiva e acessória, que visa a pressionar o réu para
que este cumpra mandamento judicial, sendo a expressão exercida através
de ameaça ao seu patrimônio, consubstanciada em multa periódica a incidir
32
em caso de descumprimento .
31
ROCHA, Felippe Borring. Manual dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais: teoria e prática. 6.
ed. São Paulo: Atlas, 2012. P. 179.: A despeito das divergências existentes, entendemos que a multa
(art. 52, V); os encargos decorrentes da litigância de má-fé (art. 55, primeira parte); as custas, taxas e
honorários advocatícios (art. 55, segunda parte);os juros legais (art. 293 do CPC e a Sumula 254 do
STF) e a correção monetárias (art. 1º da Lei nº 6.889/1981) são plenamente eficazes, ainda que,
somados com a obrigação, ultrapassem o valor de 40 salários mínimos. Destarte, o dispositivo
contido no art. 39 se dirige a parcela principal da sentença, não incidindo sobre seus acessórios.
32
AMARAL, Guilherme Rizzo. As Astreintes e o Processo Civil Brasileiro: multa do artigo 461 do
CPC e outras. 2. ed., rev., atual. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. P. 101.
Parte da doutrina entende que o valor das astreintes não pode ultrapassar o teto
estabelecido no Juizado, tendo em vista que acarretaria o enriquecimento ilícito do
exequente, bem como a tornaria inexequível, pois o valor ultrapassaria o teto. Nesse
sentido, seque entendimento de Neto e Júnior:
33
ROCHA, Felippe Borring. Manual dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais: teoria e prática. 6.
ed. São Paulo: Atlas, 2012. P. 214-215.
34
“Ementa: Recurso inominado. Impugnação à execução. Imposição de astreintes. Preliminar de
excesso ao limite do jec afastada. Impossibilidade de reanalisar a multa diária fixada em decisão já
transitada em julgado. Pleito de redução do valor das astreintes desacolhido. 1 - Afasta-se a
preliminar, pois o teto previsto no art. 3º, I, da Lei nº 9.099/95 deve ser observado quando da
propositura da ação, não podendo limitar execução que eventualmente seja superior, quer em razão
dos acréscimos legais, quer em razão de eventuais multas aplicadas. Do contrário, estar-se-ia
estimulando o descumprimento das decisões judiciais. 2 - A recorrente pretende, em fase de
cumprimento de sentença, rediscutir matéria que se encontra acobertada pela coisa julgada. Mantém-
se, portanto, a incidência da multa na forma definida na sentença da fase de conhecimento. 3 - A
limitação do valor das astreintes dá-se apenas em função da aplicação dos princípios da pro
porcionalidade e razoabilidade, quando se veri fiquem motivos razoáveis, devidamente de
monstrados nos autos, que justifiquem o atraso no cumprimento da ordem judicial, o que não é o
caso. Recurso Desprovido Recurso Inominado Nº 71003344462, Terceira Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais, Relator: Adriana da Silva Ribeiro, Julgado em 15/12/2011.
35
NETO, Fernando da Costa Tourinho. JÚNIOR, Joel Dias Figueira. Juizados Especiais Estaduais
Cíveis e Criminais: comentários à lei 9.099\1995. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011 P.
374.
Seja como for, havendo multa cominatória, esta não tem como teto o valor
da causa, não interferindo na competência dos Juizados Especiais. A
propósito, tenha-se presente o §2º do art. 461, que é claro ao dispor que a
multa não afasta a indenização por perdas e danos decorrentes do
descumprimento da obrigação e fazer/não fazer. Quer esse dispositivo
significar que restou inequivocadamente superado o entendimento de que a
multa teria como teto o valor da obrigação principal. Conclui-se daí que, se
tramitar no Juizado Especial ação versando o cumprimento de obrigação de
fazer\não fazer, ou entrega de coisa, e vier a ser imposta multa ao réu (o
que pode ser feito tanto liminarmente como na sentença, segundo o que se
extrai do §4º do art. 461), essa multa poderá ultrapassar o teto de 40
36
Trecho extraído do voto da Relatora do Recurso Ordinário em Mandado de Segurança, nº
33155\MA, Ministra do STJ, Maria Isabel Gallotti: “O valor da multa cominatória não faz coisa julgada
material, podendo ser revisto, a qualquer momento, caso se revele insuficiente ou excessivo (CPC,
art. 461, § 6º). Redução do valor executado a título de multa ao limite de quarenta salários mínimos.
37
“Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá
a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. [ ] § 6o O juiz poderá, de ofício,
modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou
excessiva”. BRASIL. Lei n° 5.689, de 11 de Janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm>. Acesso em: 30 abr. 2013.
O valor da multa deve ficar adstrito ao processo, tendo relevância de acordo com
cada situação em que se encontra. O magistrado deve ater-se ao valor da prestação
principal, das condições do devedor, entre outros aspectos. Assim, leciona Assis:
38
ALVIM, Eduardo Arruda. Direito Processual Civil. 3. ed. Rev. Atual. e Ampl. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2010. P. 595-596.
39
“Ementa Processo civil. Mandado de segurança. Juizado especial. Competência. Cumprimento de
sentença. Multa cominatória. Alçada. Lei 9.099/1995. Recurso provido. 1. A jurisprudência do STJ
admite a impetração de mandado de segurança para que o Tribunal de Justiça exerça o controle da
competência dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, vedada a análise do mérito do processo
subjacente. 2. Dispõe o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 9.099/95, que compete ao Juizado Especial
promover a "execução dos seus julgados", não fazendo o referido dispositivo legal restrição ao valor
máximo do título, o que não seria mesmo necessário, uma vez que o art. 39 da mesma lei estabelece
ser "ineficaz a sentença condenatória na parte em que exceder a alçada estabelecida nesta lei". 3. O
valor da alçada é de quarenta salários mínimos calculados na data da propositura da ação. Se,
quando da execução, o título ostentar valor superior, em decorrência de encargos posteriores ao
ajuizamento (correção monetária, juros e ônus da sucumbência), tal circunstância não alterará a
competência para a execução e nem implicará a renúncia aos acessórios e consectários da
obrigação reconhecida pelo título. 4. Tratando-se de obrigação de fazer, cujo cumprimento é imposto
sob pena de multa diária, a incidir após a intimação pessoal do devedor para o seu adimplemento, o
excesso em relação à alçada somente é verificável na fase de execução, donde a impossibilidade de
controle da competência do Juizado na fase de conhecimento, afastando-se, portanto, a alegada
preclusão. Controle passível de ser exercido, portanto, por meio de mandado de segurança perante o
Tribunal de Justiça, na fase de execução. 5. A interpretação sistemática dos dispositivos da Lei
9.099/95 conduz à limitação da competência do Juizado Especial para cominar - e executar - multas
coercitivas (art. 52, inciso V) em valores consentâneos com a alçada respectiva. Se a obrigação é tida
pelo autor, no momento da opção pela via do Juizado Especial, como de "baixa complexidade" a
demora em seu cumprimento não deve resultar em execução, a título de multa isoladamente
considerada, de valor superior ao da alçada. 6. O valor da multa cominatória não faz coisa julgada
material, podendo ser revisto, a qualquer momento, caso se revele insuficiente ou excessivo (CPC,
art. 461, § 6º). Redução do valor executado a título de multa ao limite de quarenta salários mínimos.
7. Recurso provido.” Ementa extraída do Recurso em Mandado De Segurança Nº 33.155 – MA,
Relatora Ministra do STJ, Maria Isabel Gallotti.
O Juiz ao fixar a multa deve observar caso a caso, não se pode estabelecer um
patamar mínimo e um máximo como regra geral para todos os casos. Outrossim,
deve-se levar em conta também que a astreinte tem como objetivo compelir uma
parte da lide a cumprir determinada ordem judicial, não podendo servir como forma
de enriquecimento ilícito para a parte adversa. Assim, menciona Rocha nas duas
situações:
40
ASSIS, Araken de. Execução Civil nos Juizados Especiais. 4. ed. Rev. Atual. e Ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2006. P. 110-111.
41
ROCHA, Felippe Borring. Manual dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais: teoria e prática. 6.
ed. São Paulo: Atlas, 2012. P. 215-216.
42
Trecho extraído do voto da Relatora do Recurso Inominado nº 71003344462 das Turmas Recursais
Cíveis do TJ\RS, Desa. Adriana da Silva Ribeiro: “Com efeito, o teto previsto no art. 3º, I da Lei nº
9.099\95 deve ser observado quando da propositura da ação, não podendo limitar execução que
eventualmente seja superior, quer em razão dos acréscimos legais, quer em razão de eventuais
multas aplicadas. Do contrario, estar-se-ia, estimulando o descumprimento das decisões judiciais, já
que o devedor saberia, de antemão, que jamais pagaria mais do que 40 salários mínimos, em que
pese a incidência de juros, correção monetária e astreintes.
43
“A multa cominatória não fica limitada ao valor de 40 salários mínimos, embora deva ser
razoavelmente fixada pelo Juiz, obedecendo ao valor da obrigação principal, mais perdas e danos,
atendidas as condições econômicas do devedor. (Aprovado no XXVIII FONAJE – BA, 24 a 26 de
novembro de 2010)” BRASIL. Enunciados do Fórum Nacional dos Juizados Especiais – FONAJE.
46
“Ementa: Agravo de instrumento. Execução de sentença proveniente do juizado especial cível.
Incompetência da justiça comum estadual. Reconhecida de ofício. Nos termos dos arts. 575, II, do
CPC e dos artigos 3º, § 1º, I, e 52 da Lei n. 9.099/95 é do Juizado Especial Cível a competência
para a execução de seus julgados. De fato, é faculdade da parte optar pela tramitação da ação
cognitiva no JEC (quando preenchidos os requisitos do art. 3º da Lei dos Juizados Especiais) ou na
Justiça Comum Estadual. Todavia, tal facultatividade não alcança o processamento da execução,
que fica vinculado ao órgão que constituiu o título executivo. Ademais, o fato de a execução
extrapolar o limite previsto no inciso I do art. 3º da Lei n. 9.099/95 (40 salários mínimos) não
engendra o deslocamento da competência para a Justiça Comum Estadual. Isso porque o
importante é que o pedido deduzido na ação de conhecimento esteja dentro da alçada do Juizado
Especial Cível, sendo irrelevante que a importância a ser exigida na execução da sentença tenha
ultrapassado tal valor, seja em função dos acréscimos legais (correção monetária e juros de mora),
seja em razão de multa cominatória aplicada em caso de descumprimento de mandamento judicial
(astreinte). Assim, inviável o processamento de execução de título executivo judicial
proveniente do Juizado Especial Cível na Justiça Comum Estadual. Reconheceram, de ofício,
a incompetência da justiça comum estadual, julgando extinta a execução. Prejudicado o recurso.”
Agravo de Instrumento Nº 70024086787, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Paulo Sérgio Scarparo, Julgado em 04/06/2008.
Caso a parte fique irresignada, ela tem três caminhos: ela pode impetrar um
Mandado de Segurança junto ao Tribunal de Justiça do seu Estado, no momento em
que for executado este valor, alegando a incompetência do Juizado em razão do
elevado valor. Vale ressaltar que o Tribunal não poderá analisar o mérito da decisão,
mas em recurso ordinário junto ao Superior Tribunal de Justiça a parte poderá ter
revista está decisão no tocante ao valor da multa, conforme já colacionado no
presente estudo decisões a este respeito47. De acordo com o atual entendimento do
Superior Tribunal de Justiça cabe mandado de segurança conforme já explanado 48.
A doutrina tem o mesmo entendimento, no que se refere a possibilidade de se
intentar Mandado de Segurança perante o Tribunal de Justiça Estadual, para
questionar a competência do Juizado Especial para execução do título em questão.
Nesse sentido, segue entendimento do doutrinado Rocha:
47
Recurso em Mandado De Segurança Nº 33.155 – MA, Relatora : Ministra Maria Isabel Gallotti.
48
“Recurso ordinário em mandado de segurança. Controle de competência pelo tribunal de justiça.
Juizados especiais cíveis. Mandado de segurança. Cabimento. Competência dos Juizados para
executar seus próprios julgados. 1. É possível a impetração de mandado de segurança com a
finalidade de promover o controle de competência nos processos em trâmite nos juizados especiais.
2. Compete ao próprio juizado especial cível a execução de suas sentenças independentemente do
valor acrescido à condenação. 3. Recurso ordinário desprovido.” Recurso em Mandado de Segurança
Nº 27.935 – SP, Relator : Ministro João Otávio De Noronha. Data do julgamento 08 de junho de
2010
49
ROCHA, Felippe Borring. Manual dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais: Teoria e Prática. 6ª
Edição. São Paulo. Atlas. 2012. P. 269.
Considerações finais
Com isto, pode se concluir através das analises, que o microssistema é de suma
importância para a sociedade em que vivemos, pois visa resolver as lides existentes
na forma mais célere possível, bem como a importância da aplicação dos princípios
norteadores para que se alcance a finalidade do Juizado.
50
“É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de
alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.”
51
“Contra decisões das Turmas Recursais são cabíveis somente os embargos declaratórios e o
Recurso Extraordinário.” extraído do site: http://www.fonaje.org.b
r/2012/?secao=exibesecao&idsecao=6. Acesso em 15/04/2013.
52
“Das decisões proferidas pelas Turmas Recursais em mandado de segurança não cabe recurso
ordinário. (Aprovado no XXI Encontro – Vitória/ES)”, Enunciados do Fórum Nacional dos Juizados
Especiais – FONAJE. Disponível em:
<http://www.fonaje.org.br/2012/?secao=exibe_secao&id_secao=6>. Acesso em: 30 de abr. 2013.
53
“Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados
Especiais.”
54
Respaldando o afirmado, o Ministro Joaquim Barbosa se manifesta no mesmo sentido no Agravo
Regimento no Mandado de Segurança nº 26. 427-6 Pernambuco. Julgado no dia 28/03/2007.
Ou seja, quando a parte opta por ajuizar a ação no Juizado Especial Cível, esta em
tese tem uma lide de menor complexidade. Sendo assim, tendo em vista a natureza
punitiva das astreinte, esta tem que respeitar o limite máximo do microssistema, pois
é um mecanismo processual para que a parte consiga sua finalidade, e não tem
natureza punitiva.
Por fim, conclui-se, que o Juizado Especial Cível é de suma importância para a
sociedade em que vivemos, e que o objeto do presente estudo, ou seja, a astreintes
tem ajudado muito na aplicação da função essencial que o juizado exerce perante a
sociedade brasileira, bem como que o valor da multa deve ser limitado ao teto do
microssistema.
Referências bibliográficas
COSTA, Hélio Martins. Lei dos Juizados Especiais Cíveis: Anotada e Sua
Interpretação Jurisdicional. 4° Edição. Belo Horizonte. Ed. Delrey. Ano 2006.