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[L COORDENADORES

A NOVA LEI DA
ARBITRAGEM BRASILEIRA
FIÁVIA HOlANDA é Doutoranda e Mestre em Direito Tnbutdno pela Pontiffcia Univer
sidade Católica de São Paulo (PUOSI’) Especialista em Direito Tnbuiárlo Internacional
pela Universidad de Salamanca (USAL) Professora nos cursos de Pós-graduação da Fun
dação Getulio Vargas (FGV) Instituto Brasileiro de Estudos Tributárlos (IBET) Pontifica
Universidade Católica de São Paulo (PUCISP/COGEAE); Escola Superior de Advocacia da
OAWRj. Representante da Câmara de Comércio Brasil Holanda (DUTCHAM). Graduada
em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Autora de diversos artigos publi
cados em jornais, revistas e livros. Advogada. E-mali: <flavla@lhlawcom.br>.
RICARDO MEDINA SALtA é Fundador e Diretor Primeiro Secretário do Instituto Brasi
leiro de Direito da Construção (IBDIC). Vice-presidente do Comit€ de Direito da Cons
tmçâo da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo (OABISP). Conselheiro da
Câmara de Mediação e Arbitragem do Instituto de Engenharia. Professor de Arbitragem e
Professor-Coordenador de Direito da Construção e lnfraestrntura no Centro de Extensão
Universitárlaflnstltuto Internacional de Ciencias Sociais (CEUIIICS). Autor do livro Arbi
tragem e Administração Pública Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (Quartier btin,
-

2014). Formado em Direito pela Univçj4çi 4Ø,faulo. Pôs-graduado em Gestão


Empresarial e Negócios pelo Complexo Damdsiá dÇêsús. Mestre em Direito Internacional
pela Universidade de São Paulo. E-mali: crm@lob-svmfa.eom.br>.

1.
TU1ELAS DE URGENCIA NA LEI DE
ARBITRAGEPvI REFORMADA

GusTwo SANTOS KutrszA


Bacharel eu? Direito e Mestre em Direito Interoar lona1 pela Fac uk/ade de Direito da
Universidade de São Paulo.

MATEUS AlkioR CARRETuR0


Me;tre eu? Direito Processual Ckil pela Fac uldade de Direito da Uoversidade de São Paulo.
Mestre cru Direito lL.AL.’ pela Columbia Law School. NY LUA. Especialista cru Direito
Processual Civil pela PUC-SP

RESUMO: este artigo trata dos principais aspectos do regime jurí


dico aplicável às tutelas de urgência na Lei de Arbitragem (Lei n
9.307/1 996) depois de sua recente reforma (Lei n 13.129/2015).
O texto foi dividido em duas partes. Na primeira, analisa-se a evo
lução legislativa brasileira com relação à competência dos árbitros
para concessão de tutelas de urgência desde o Código Buzaid até
a reíorma da Lei de Arbitragem. Na segunda parte, examinam-se a
extensão e os limites da competência dos árbitros para a concessão
de tutelas de urgência.
PALAVRAS-CHAVE: Tutelas de urgência. Lei de Arbitragem. Refor
ma. Competência dos árbitros. Carta arbitral.
ABSTRACT: This article addresses the main aspects of the legal re
gime applicable to the urgent measures under the Arbitration Law
iLaw n9 9.307/96) after Is recent reform (Law n 13.129/201 5).
The text is divided ino lwo seclïons. Th e íirst section analysis lhe
development oÍ lhe Brazilian legal system governing the arbitra
tors’ jurisdiction to grant urgent measures from lhe Buzaid Code to
the Brazilian Arbitralion Law’s reiorm. The second part examines
the scope and limits oí the arbitralors’ jurisdiction lo grani urgent
measures.
KEYWORDS: Urgenl measures. Arbitration Law. Reform. Arbitra
tors’ ju risdiction. Arbitral lelter.
______

ANovateiçUrasIlelra Tunt.s Vi IIRCtNØ,. n tu ai ARmnucu.t Ruo


154 Coordeawkns: Flávia HobndalRicardo Medina SalIa o Samos Kuksza e MaicusAI,,, Canei&o
155

1. INTRODUÇÃO segunda parte, examinam-se a extensão e os limites da competência dos ár


bilros para concessão dc tutelas de urgência cm dois momentos processuais
A promulgação da Lei dc Arbitragem (Lei n9 9.307/ 1996; “Lei de Ar distintos: (2.a) antes da constituição do tribunal arbitral: e (2.b) durante o
bitragem” ou “IÀRB”) em 1996 foi crucial para consolidação da arbitragem4,t processo arbitral.
no Brasil. Em conjunto com a adesão à Con4enção de Nova lorque sobre6
Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras em 200
(Decreto ti2 4.311/2002), a Lei de Arbitragem criou o arcabouço jufldic
COMPETÊNCIA DOS ÁRBITROS PARA A CONCESSÃO DE TUTE
necessário para que o Brasil conquistasse seu lugar entre as principais juri& LAS DE URGÊNCIA
dições favoráveis à arbitragem (arbitration-fricndiy) no mundo. A tese de que os árbitros possuem competência para a concessão dc’
A recente reforma da Lei de Arbitragem (Lei n2 13.129/15) representa tutelas de urgência é amplamente aceita no meio arbitral internacional atu
a primeira revisão direta da legislação brasileira de arbitragem em 19 anos. almente1 Pode-se dizer que esse movimento iniciou-se com a Lei Modelo
Trata-se de uni marco relevante para todos os usuádos da arbitragem nó da Uncitral3 sobre arbitragem comercial internacional, que serve como ver
Brasil A reforma não alterou o nucleo do regime vigente, mas promover dadeiro guia para revisão e atualização das legislações nacionais sobre o
algumas alterações importantes. Em paralelo a revisões formais para às unto’. Desde a sua primeira versão, em 1985,já havia a previsão expressa
nhar a Lei de Arbitragem às alterações legislativas que ocorreram desde sui-s de competência dos árbitros:
entrada em vigor, o principal propósito da revisão foi posilivar o entendi- ;:
mento da jurisprudência sobre algumas questões relevantes que não foram Artigo 17. A menos que as iitcs acoiden, dcfrnnu clifcirntc. o 1iibunal Arbi
tral pode, a pedido de unta pwie. ordenar a qualquer delas que tome as inicias
resolvidas por completo no texto original da lei.
dc urgência que o Tribunal Arbitral considerar neccssdrias em iria «lo ao objeto
E esse é justamente o caso do regime aplicável às medidas de urgé4j do litígio?
ciat. O tema não foi disciplinado de forma clara no texto original da 1411
Essa opção legislativa trouxe dúvidas e divergências na doutrina e na juriq,
2. De acordo com )t?IMN O. M. trw Lot’KAS A. Misuns; SUIAN MICIIAII KRÕII. “ii is
prudência. Por isso mesmo, a revisão da disciplina aplicável às tutelas de notv wkklv recognized that the arbitration tribunal it’Ül often be the best forum to
urgência foi um dos principais focos dos redatores da reforma, O objetivo determine tIni appropriateness of spc’cific interim measures for each case” (Com’
deste artigo t examinar o regime jurídico aplicável às medidas de urgência parative international commerc ial arbitrado,,, lhe Hague: Kluwer Law Internalion
na Lei de Arbitragem reformada. ai, 2003, par. 23-14, p. 588).
:t A ideia de uma Lei Modelo origina-se, de um lado, na aceitação da importância
O texto foi dividido em duas partes. Na primeira, analisa-se à evc!’ da arbitragem como método para solução de litígio e, de outro lado, na cons
ção legislativa brasileira com relação à competência dos árbitros para cmi tatação de que leis nacionais muito díspares podem ocasionar incertezas e, ao
cessão de tutelas de urgência em dois períodos: (1 .a) desde o Código BuzL fim, írcar o desenvolvimento do instituto. A respeito, da criação de instrumentos
de so(t lati- e o papel da Unrilrai. v. F1AIn Di tu GAnRuI, The advantages of soil
até a Lei de Arbitragem; e (1 .b) depois da reforma da Lei de Arbitragcm. Na Iaw in international commercial law: lhe role of UNIDROFE UNCITRAL, and lhe
Hague Conferente, in &ooklyn lournal of lnternational Lati-, vol. 34. n. 3. 2009.
1. No presente artigo, os termos medidas de urgência e tutelas de urgência : p. 655.
indistintamente Esses termos têm o significado definido por CANDIDO RANGEL n-”- , BARROcAS, MANUII R Manual de arbitragem. Coimbra: Almedina, 2013. p. 241;
cautelares, que wsa StnAsT,LN BissoN. Arbkrage international et measures provisoires. Tese de doutora
NAMARC& “tal locução medidas urgentes engloba tanto as

a assegurar meios para a eficiência elo processo mediante o proveitoso exercício d do, Universlté de Lausanne, 1998. p. 56 e 55.
jurisdição (provas e bens), quanto as antecipatória s da própria tutela jurisdidc& r: Eis a redação original: “Unless otherwise agreed by lhe parties, the arbitration tri
cuja finalidade é oferecer desde logo ao demandante (antecipar-lh e) a fruição de bes 4 bunal may. aI lhe request ai a part» order any pany lo take such interim measure
ou situações jurídicas a que possivelmente poderá ter direito (CPC artigo 27?).” (ti oiprotection as the arbitration tribunal may consider necessary in respect oi the
arbitragem na teoria geral do processo, 550 Ibulo: Malheiros, 2Ol3.p. 228.) subject-matter oi flue dispute.”
\ Nh,v,i 43 (Li ArIitragem i3rs,iiirr, Ti.: HLAS 0f. iJE’:IN [A NA 1 O DE AkH[rv\ç,iia R [Oi[.iAi)r
1 .7

( crcr;,,Irir, 1 ,ivía Io!aiiil,i/Rii .irdr, M,’dina 5aM,, da,s,avr, S[,i,Ios KtiI,sz[i ir M.ic-us Ain,c,ri ( irroteiri,

A Lei Modelo da Uncitral Foi adotada, de forma integral ou com adap A doutrina que escreveu sobre arbitragem àquela época, naturalmen
taçõcs. por 69 países e 99 jurisdições, o que contribui para grande harmo te, era praticamente unãnime ao alinnar que ao árbitro era vedada a conces
nização sobre o assunto das tutelas de urgência arh,traisC. são de tutelas de urgência”. Pontes de Miranda, em seus Coineiztühos, não
deixava nenhuma dúvida sobre a sua posição ao afirmar que ‘não se pode
No Brasil, todavia, a competência dos árbitros para a eonetssão dc tu
conferir ao arbitro o poder de tomar medida cautclai nem medida coercitiva””.
telas de urgência sempre Foi tema bastante polêmico. Sem nenhuma duvida,
De acordo com o autor, não seria permitido ao arbitro eomuwt as pattcs a
esse é um dos assuntos mais discutidos na dout ina arbitr lista brasileira na
pena de confesso” ou determinar “qualquer das medidas cautelares” previstas
última década pela sua importância prática. Para a devida compreensão do
do artigo 796 ao artigo 889 do Código de Processo Civil de [97310,
tema, porém, é essencial verificar a evolução historica lo assunto.
Exceção à regra podia ser encontrada em Clóvis cIo Cottto e Silva.
a [ri Ir Discorrendo sobre o artïgo 1.086 do Código de Processo Civil, no ano dc
1982, o autor já percebia a diferença entre “julgamento da medida cm si, e sua
O instituto da arbitragem está presente no ordenamento positivo execuÇão”, deixando claro o seu posicionamento de que “o Poderjudicidrio
brasileiro desde a Constituição Imperial de 1821 (artigo 160), passando. não tem cogn ição sobre a opoi tuniclade da medida, uma vez que, sobre isso, o
dentre outras previsões, pelo Código Comercial de 1850 (artigos 20 e jri izo arbitral detëm plen ii mtde de competCnc ia”
291), Código Civil de 1916 (artigo 1,037 e ss.), Código de Processo Civil
Posteriormente, em 1993, o mesmo posicionamento Foi expressamen
de 1939 (artigo 1.031 e ss.) e Código de Processo Civil de 1973 (artigo
tc defendido por Carlos Alberto Carmona na sua tese dc doutorado, rea
1.072 e ss.).
firmando que o árbitro não possuía poder de coerção (imperium), mas que
No entanto Foi apenas com promulgacio do Codigo dc Piocc so cabia a ele a concessão da medida cautelar a ser executada pelo juiz’2.
Civil dc 1973 que apareceu, pela primeira vez, a disciplina das tutelas de ur
Embora os argumentos jurídicos cxpostos por Clóvis do Couto e Silva
gência. O artigo 1086 desse diploma estabelecia que ao árbitro era proibi-
e Carlos Alberto Carmona fossem absolutamente corretos, não há como
cio “decretar medidas cautela:rs”, enquanto o artigo 1.087, previa que, caso negar que a posição defendida àquela época era contra legein. A escolha do
fossem necessárias medidas cautelares, o árbitro as solicitaria à autoridade legislador foi infeliz e atécnica, mas a letra da lei era clara: ao árbitro era
judiciária competente para a homologação do laudo: defeso decretar tutelas de urgência.
Artigo 1.0Sf’. O Juízo arbitral pode ton ai d poiiiiento das partes, ouvir (estima— Em 1996, a Lei de Arbitragem foi Finalmente promulgada, represen
nbas e ordenar a realização de pra ia Mas lbc C ckfc so tando marco essencial para o desenvolvimento da arbitragem no Brasil. Mais
empregar medidas coercitivas, quei cm ti a ‘ pai fts, qa , contt lei cir s,
11 dcc reta r i n edidas cautelares. 8. BARROS, lamilton de Moraes e. bmentá rios ao Código de Processo CiviL rol.
IX, Rio de laneiro: Forense, 1986. p. 502.
Ai tígo 1.087. Quando for necessdria a aplicação das medidas mencio,mudcis nos 9 Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. vol XV. Rio de
1 e 11 cio artigo antecedente, o juízo arl,itiïl as solicitara ã itijioridade
iilii)ICiï)5 Janeiro: Forense, 1976. p. 308-309.
judiciciricz coiiipctt’illc pata a Iic’iiiologacao do latido. 10. MIRANDA, Pontes de, op. cii., rol. XV p. 308-109. Cí. ainda FlAsmilioN 1)1 MORA1S
BARRoS, com a ressalva de que este ultimo autor entendia a pena de cunies
so como sançao .e não coerçãoi, passível de ser apiicada pelo árbitro iop. cii.,
6. Segundo iníormações disponíveis em 19 de julho de 2015 no websfie da institui p. 502).
ção: <http’.llwwwuncitral.org/uncitral/en/uncitraLlexts/arbitrahon/l 98SModel 11. SILVA, Clóvis do Couto e. Comentários ao Código de Procasso Civil, São Paulo:
arbi tration status. html>. RT, 1982, rol. XI, t. II, n. 695, p. 604-606.
7. PAULA, Alexandre de. Código de processo civil anotado. rol. IV, São Paulo. RT, 12 CARMONA, Carlos Alberto. A arbitragem no processo civil brasileiro, São Paulo:
1977. p. 383. Malheiros, 1993. p. 108-1 09.
A Nov ii ti,1 Arhiiragt m llrasik ri Tut 1. t.AS DE 1.) RUiNUA NA i.. t er Atei RADEM Ri reRMAi:,A
( oortlt e iriort s i iv i i ii iii nd eRir 1 rtiri M d ri 5 ti Otisiavo Sanios Kuiesza e Mucos Aimoró carreieirr,
1 9

do que a lei ideal, procurou-se a lei possivel em uma epoca na qual poucos No entanto, em razão da “omissão legislativa”, as partes poderiam conceder
conheciam e praticavam a arbitragem’3 talvez porque a comissão responsa (direta ou indiretamente) essa competência aos árbitros. Defendiam essa
vel pela elaboração do antepiojeto de lei procurou “não estabelecet chsuplma posição, por exemplo, Paulo Cezar Pinhero Carneir&° eJosé Carlos de Ma
19
iadicalpaia a aibitiagem””, o regramento das tutelas ele urgência (conserva— galhaes
uvas ou antecipadas) aquela epoca não pode merecer maior a[ençãoi
A terceira corrente, por sua vez, entendia que a Lei de Arbitragem,
O artigo 22, § 42, da LeL de Arbitragem, por sua vez, sem primar muito mesmo diante da redação pouco elogiável do artigo 22, § 42, outorgava
pela clareza, estabelecia que competência aos árbitros para concessão de tutelas de urgência. Mediante
interpretação sistemática, parcela significativa da doutrina entendia que o
§ 49 Ressalvado o disposto no § 2, havendo nec essidadc de incdidas eoeic Uivas
ou cautelai es, os ai butos podei ao solk fla las ao Pode r juclie iai to que sei ia, órgão julgador competente para decidir o mérito da demanda possuía com
oi iginalmc nte, conipe tente pai a julgar a causa petência também para analisar a necessidade ou não das tutelas de urgên
cia20. Afinal, se “o árbitro detém plenos poderes para julgar ocaso e, assim, pôr
A redação acima mencionada estava longe de seguir o mesmo padrão fim ao conflito, com muito mais razão terá ele o direito co dever de determinar
das legislações daquela epoca, noiadamente daquelas inspiradas na Lei Mo o remédio cautelar que se faça imperativouui.
delo da Uncitral Esse fato, naturalmente, deu origem a profunda dwergên
Ao examinar a redação do dispositivo legal agora revogado, Cândi
eia doutrinaria sobre os poderes dos arbitros Em resumo, pode-se dizer que
do Rangel Dinamarco mencionava que ela seria duplamente defeituosa. O
surgiram três principais correntes doutrinarias
primeiro defeiio seria a confusão entre medidas eoerciüvas e eonstritivas.
A primeira corrente, formada principalmente logo depois da entrada Coerção, em processo civil, significa atos de pressão psicológica e sua atu
em vigor da Lei de Arbitragem, entendia que o artigo 22, § 49, não previa ação ocorre sobre o espírito do sujeito, não sobre seu corpo ou patrimônio.
a competência do arbitro para a concessão de tutelas de urgência e que,
portanto, a competência seria exclusiva dos juizes Ilumberto Theodorojr
afirmava que “as mcdidas limmaics cocicuivas, sejam cautelaies ou de ante 18 CARNEIRO, Paulo Cezar Pinhero. Aspectos processuais da nova lei de arbitragem.
cipação de tutela, não cabem aos arbitws, mas aos juizes tegulares do Poder ln: CASELLA, Paulo Borba. Arbitragem: a nova lei brasileira (9.307/96) e a praxe
Judicianoiõ De forma semelhante, Paulo Furtado e Uadi Lammêgo Bulos internacional. São Paulo: LTr, 1997. p. 311.
19 MAGALHÃES, José Carlos de. A tutela antecipada no processo arbitral, Revista de
defendiam que “não pode o ai bitro, ou o ti ihunal, decietai medulas coercitivas,
Arbitragem e Mediação, São Paulo: RT, ano 2, n. 4, p. 11 e 55., jan./mar. 2005.
ou pwcessar ejulgai ações co utelaies”
20 ÁRMONA, Carlos Alberto. Árbitros e juizes: guerra ou paz? In: LEMES, Selma
A segunda corrente tambem entendia que a Lei de Arbitragem não Ferreira; CARMONA, Carlos Alberto; MARTINS, Pedro Batista, op. cit., p. 428 e sS.
concederia competência ao arbitro para a concessão de tutelas de urgência. 21 PioRo BAtuTA MARTIN5, op. cit., p. 364. E acrescenta o autor: “por estarem os ár
bitros afeitos ao caso concreto, possuem maior conhecimento da matéria e dos
anseios das partes, das dificuldades e dos interessem conflito, tornando-se mais
13 ARMONA, Carlos Alberto Arbitragem e processo, São Paulo Atlas, 2009 p 9 e ss capacitados para apreciar o pleito incidental”, Cl. ainda, dentre outros, CiAvio
14 CARMONA, Carlos Alberto, op cmt, p 9 VAI ENÇA Fiioo. Tutela judicial de urgência e a lide objeto da convenção de arbi
tragem. Estudos de Arbitragem, Curitiba: luruá, 2009, passim; S1RE;Io Brvtuois,
15 Pedro Batista Martins Da ausência de poderes coercitivos e cautelares do arbitro
Medidas coercitivas e cautelares no processo arbitral. ln: Piuvo BAnSTA MARTIN5;
In MARTINS, Pedro Batista, LEMES, Selma M Ferreira, ARMONA, Carlos Alber
josr MARiA RossANi GAcciz (coord.). Rellexões sobre arbitragem in memoriam do
to Aspectos fundamentais da lei de arbitragem Rio de laneiro Forense, 1991
-

Desembargador Gáudio Vianna de Lima, São Paulo: LTr, 2002. p. 279; SuMA Li
p 357 Mis. A inteligência do artigo 19 da Lei de Arbitragem (instituição da arbitragem)
16 jUNIOR, 1 lumberto Theodoro A arbitragem como meio de solução de controvér e as medidas cautelares preparatórias, Revista de Direito Bancário e do Mercado
sias, Resista Forense, Rio de janeiro, n 353, p 113, 2001 de Capitais, São Paulo, ano 6, n. 20, p. 417, abr./jun. 2003; jou FicuriRA IR. Arbi
17 BULOS, Uadi Lammêgo, FURTADO, Riulo Lei de arbitragem comentada 2 cd tragem, jurisdição e execução, p. 220-223; Se7Nu Bieiji, Arbitragem e tutelas de
São Paulo Saraiva, 1998 p 97 urgência. Revista do Advogado, São Paulo: RT ano 26, n. 87, p. 103, sei. 2006.
A Nova 1 ai da Arblir:igi’rn flr,iiIcHr.i - . flu. %s 1’! LJc;(NLi’ * Iii ni MlI:IRMrM Ri uawn
1 60 1 61
1 ,,unkr,adnms: Fiávia 1 ioian,hikic ‘rito xi,’,ijr,,, S.iii. (aisi,iv,, Sinios Kuiesz, MiI,’tjs ,\inu,ró (.arrciciro

Ao árbitro seria vedado. portanto, exercer constrições e não coerções. O -


para a concessão de competência ao árbitro, na Lei de Arbitragem não havia
segundo dcfeito seria a referência legal a “medidas coeicilivas ou cautelaics”, cm nenhum momento a necessidade de a parte realizar um opt in.
como se esses conceitos Fossem diretamente relacionados e opostos. A ideia Em terceiro lugar, há inúmeras vantagens quando o órgão investido
dc constrição n to esta inum imente hgada a dc cautcl tridade Urna wtela
de jurisdição para a resolução definitiva do litígio também decide pedidos
cautelar pode ser constnuv t (corno e o caso do arrcsto cio sequcstro da
dc tutelas provisórias2’. 1.cvando-sc todos esses aspectos ao realizar a inter
busc e aprecnsao) tuas tambum pode não o ser (como c o caso da preser
pretação sistemática e teleológica da lei, conclui-se que a Lei de Arbitragem,
vaçao de provas) incxistindo rclaçao direta entre os dois conceitos’2
de fato, é fonte de competência aos árbitros para tutelas de urgência.
De [ato a razão estavi com a tcrecjra corrente, c frio apcnas pclos
O entendimento doutrinário acima acabou também confirmado por
moti os dcscritos acim 1
e decisões judiciais. O precedente mais importante sobre o assunto é do Su
Em primeiro lugar, a análise dc legislações estrangeiras é capaz de perior Tribunal de justiça, de lavra da Mm ..Nancy Andrighi, eliminando
demonstrar, com segurança, que quando a legislação nacional de arbitra qualquer dúvida sobre a competência dos árbitros para a concessão de tu
gem, por qualquer motivo, deseja limitar o campo da competência do ár— telas de urgência:
bitro para tutelas de urgência, normalmente. o [az de Forma expressa. Ë o
caso, por exemplo, da legislação italiana, cujo artigo 818 do Codice di Pra O 1iibunal Arbitral ë competente para processar ejulgar pedido cautelar
cedttra Chile estabelece que os drbitros não podem concedeu sec(Iit’stlO, nem forni ulado pelas pa ites, limitando—se, porêtn, ao deferimento da tutela,
outros piïvimen(os cautelares, salvo disposicão contrdria de lei”2. estando impedido de dar cumprimento as medidas de natuirza coetcitii’a,
Em segundo lugar, a Lei de Arbitragem nunca condicionou a compe as quais. havendo restslência da pane em acolhe, a detenninacão cio(s)
tência aos árbitros à maniFestação expressa de vontade das partes. Diferen drbitm(s), deverão ser executadas pelo Poder Judicici rio, a quem se reser
temente cio que ocorre com o lEnglish Arhítration Act dc 1996, cujo artigo va o poder de imperiu [11,
39(1) prevc como essenciil mani[cstaçio expiessi dc ontade das partes
Como se pode perceber, o entendimento doutrinário e jurisprudcn
cial no que diz respeito ãs tutelas de urgência arbitrais consolidou-se ao
22 DINAMARCO, Candido Rangel op Cli fl 89, p 230
longo dos últimos anos,
23 ParI um ex ime m as aprofundado do assunto, cf MAli es AiMORI CARRiTi iva Tute
/ s dc urgc neta e procusso arbztr II (Mestrado em Direito Proc ssual) raculdade de
Direito, Universidade de SSo Paulo (FADUSP) S5o Paulo 201 3 n 5 2 1, p 85 e 55 E. Refornaa da. Lei de Arbiira.gern
24 [is redaç5o do artigo 39(1) que rcquer a manifestaço ( xprcss das partes para Em 26 de maio de 2015,0 presidente em exercício sancionou a Lei n2
que o árbitro possa conceder lutelas de urgência; “The partk’s are free lo agree
lhat lhe tribunal sha/l have pon-er lo order on a provisional baçis anv re/iei which 13.129/15, que reformou a Lei de Arbitragem. Em função das claras virtu
8 ivou/d liave power lo grant in a final award’. Deve-se mencionar, todavia, que des da Lei de Arbitragem existente, o objetivo da comissão foi de Fortalecer
para outros tipos de medidas há previsão de competência no artigo 38t2) e para— a arbitragem como método de resolução de disputas. cm vez dc começar um
gratos seguintes: (2 Hniess ot/ieflvise agreecl bv lhe parties lhe tribunal l;as the projeto ignorando as conquistas do passado.
iollowing powers. ti) Pie tribunal may arder a elairnani (o pravide security for
lhe cosis oÍ lhe arbftration i. ...i. (4 lhe tribunal may give direc tinas in relalion to
any property ivhich is lhe subfrcl oÍ fite proceedings ar as lo iviiich any questiOfl
ariscs in lhe proceedings and tvhich is owned bv or is in ihe possession af a parl’ 25. Para um exame mais aprofundado do assunto, Ci. Mui is Aixuvt C.ss’RiTi RO, 0/).
lo lhe proc eedings La. (Ç) Pie tribunal mm direct that a parly ar ivilness shall be
ci!., n. 5.3, p. 90 O 55.
examined cm oaih or aíflrmalion, and may for !hat purpose aclminister any neces 26. STl, R[sp n2 1297974/Rl, Rol. Ministra Nancv Ancirighi, Terceira Turma, julgaria
sire oath ar taLe any nccessarv afhrmation. (6) The tribunal mm’ give directions lo em 12.06.2012, DIe 19.6.2012. Logo em seguida, STJ, AgRg-MC n 1 9.226/MS,
a parly ibr lhe preservation lar 8 te purposes aí lhe procuedings ofany evidence in 3 T., Rei. Mm. Massami Uyeda, ReIt pio Ae. Mm. Nancy Andrighi, julgado em
bis custody ar contrai.” 21.06.2012, D)e 29.06.2012.
1 í. -‘\ NnvJ lei Arlilr,iie:n iir,,iie,ri iii \t Lc,r,, i;- 1 p Ac,:,,e,c.r-,,
1 bá
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( (JOtCb’t1-i(t)t’> idviJ i-ijlirid i.-Ric ardi, Sinto,. K,les,, e Motins ,\i,,tr( (,,rrcttirc,

Dentre as principais alterações a Lei n [3 129/15 resolveu consolidar O artigo 22-B e seu parágrafo único, da Lei de Arbitragem reforma
as conquistas doutrinarias e jurisprudenciais no campo das tutelas dc ur da, não deixa nenhuma dúvida de que a competência os árbitros possuem
gência. Neste aspecto, a disciplina das tutelas dc urgência manteve-se firme competência para a concessão de tutelas de urgência e que, portanto, qual
desde o anteprojeto. passando pelo Projeto de Lei cio Senado n. 406, de quer medida concedida anteriormente pelo Poder judiciário pode ser revis
2013, e pelo Projeto dc Lei n. 7.108, dc 2014, de forma incólume. Ao final, ta pelo árbitro. [lá diversas outras questões a serem consideradas sobre o
a redação legal foi a seguinte: assunto, porém, conforme será visto no itcm 2(b) abaixo. Assim, questões
sobre competência para a concessão de tutelas de urgência Ficam superadas
Artigo 22—A. Antes de instituída a arbitragem. as partes poderão reco; ter ao
e outras questões polêmicas sobre o assunto podem ser analisadas.
Poder judiciário pata a concessão de iiieclidci ciiiitclai ciii de urgência.
Parcig;aío único. Cessa a efieácici dci medida cíiutclar ou de uigéncia se a partc EXTENSÀO E [IMlTES D’\ COMPETENCIA DOS ÁRBiTROS PALA,
ntcrtssddla não lei ;ucrer cl iiistitiikão da cubiiicigcni tio prazo de 30 (itinta)
CONCESSÃO DETUTE[AS DE URGÊNCIA
dias, contado da data dc cjetiva cão da respeci iva decisão.
Artigo 22—B. Instituida a arbitrageni, caberá aos árbitros mantei; modificat ou Este tópico do artigo analisa a extensão e limites aplicáveis à compe
ic’vogai a medida cautelar ou de urgência ctisicedida pelo Poclerfncliciano. tência dos árbitros para concessão de tutelas de urgência no novo regime
Parágrafo tático. Esta,iclt, jd instituida a arbitiogein, a iiieclicla ccutulelcir ou dc da Lei de Arbitragem. Não existe na doutrina convergência sobre quais são
uitgêsucia será t-etjtterida direuirnciztc aos árLitixs. as limitações aplicáveis à competência dos árbitros, até mesmo pela classi
Ficação heterogênea realizada pelos autores’. Para Fins deste artigo, optou—
Como sc pode perceber o artigo 22-A transforma em lei i possibi -se por examinar esse tema cm dois momentos processuais distintos a)
hdidc de as partes se socorrerem do Poder Judiciario para a concessão de anteriormente à constituição do tribuna] arbitral; e h) durante o curso do
tutelas de urgência antecedentes. É bem verdade que o artigo poderia ser processual arbitral.
mais completo, seguindo a sugestão da Lei Modelo da Unietral com suas
revisões de 2006, mas a redação assegura previsibilidade para a fase pré A, base anterior a cijns(itci báu riu tribunal arbitral
-aibitral quc e quando a grande maion dos pedidos dc tuteb dc urgcncia O amplo reconhecimento da competêncIa do árbitro para, em regra,
ocorre Alcm disso o legislador não se utilizou da melhor tccnica legislativa conceder tutelas de urgência não pode ofuscar o lato de que a via arbi
ao mcncion ir ‘medida cautel ir ou dc urgênci i uma ez que iqucla e es tral também possui limitações inerentes ao próprio instituto da arbitragem
pécie do gênero a que esta perLencc, mas essa redação em nada prejudica a
corno método dc resolução de disputas. Por isso, não é adequado ignorar
disciplina legislativa.
o papel relevante que as cortes estatais exercem mesmo quando as partes
No artigo 22-A, parágrafo único, o legislador seguiu a disciplina já concordam em submeter seu litígio à jurisdição arbitral.
consagrada no Codigo dc Processo Ciwl itual quc foi mantida no novo
Na estrutura das cortes estatais o orgão jurisdicional adcquado c per
Codigo dc Processo Civil tambem, de apresentação da demanda principal
manente e, portanto, já existe ao tempo do Fato ocorrido para surgimento
no prazo dc 30 dias (CP01973, artigo 806; NCPC. artigo 308). Uma vez
do litígïo. Demonstração bastante enfática dessa aFirmação esiã na garantia do
concedida e efetivada a tutela de urgência, o autor precisa demonstrar, no
juiz natural, vedando a constituição de julgadores postfactun?°.
prazo dc 30 (trinta) dias, que tomou todas as providências necessárias à Fi
nalidade de instituir a arbiti igem (em especi il apresentou o requerimento
de instauracao de arbitragem nas arbttragcns institucionais) nos termos 27 Rira um exame ai iis aprofundado do assunto, d Mui is Aiuont C \KRiTI RO, op
do irtigo 22-A paragrafo unico da 1 ci dc Arbitragem Não c preciso que o di., n. 5.5, p. 103 e ss.
tribunal arbitral esteja constituído no prazo de 30 dias, até mesmo porque 28, TARZIA, Giuseppe. [meamenti de? processo cRi/e di cognizione. -1. cd. Milano:
esse ato não depende exclusivamcnte do autor. Giufírõ, 2009. p. 8 e ss.
A Nov 1 di Arbiimg m Ar isik ir TE., TELAS [:,E ii TECE NICA NA t..i, DE Atii LAACEM REEORuADA
1 E OOrrtE ti ,ifort E i i,lSki iDiand vRit irdE) M( diu, 5 iii Ou suivo 53 nos Ku esza e Ma ieus A rn(,ré Carrcteiro
165

Por sua vez, no campo prLvado, o tribunal arbitral não e um orgão cida pelo juiz: quando est periculum in mora incompetentia non attenditur.’3
permanente, que esta sempre a disposição das partes no momento em que Conforme reconhecido pelo Superior Tribunal de justiça, a competência
eventual pretensão surgir, ou seja, os tribunais arbitrais são criados a pos do árbitro não precisa ser observada “em situações nas quais o Juízo Arbitral
teuon e em função da necessidade de solução de um determinado htigio29. esteja momentaneamente impedido de se manifestar”31.

Antes de todos os arbitros aceflarem o encargo, não ha propriamente Na prãtica, porém, nem sempre as cortes estatais compreendem a
tribunal arbitral constituido (IÀRB, artigo 19)3D Naturalmente, iampouco ha questão de forma correta. No caso Nike v. SBF, por exemplo, a 1 Cãmara
Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de justiça do Estado de São
orgão jurisdicional para a concessão de tutelas de urgência Trata-se de uma
mitação material a possibilidade de concessão dessas medidas pelos arbitros3i Paulo afirmou, diante do caso concreto, que a “Nihe não fez prova de re
cusa da Cãmara Arbitral ou qualquer dificuldade para que fosse provocada a
A constituição do tribunal arbitial pode levar dias, semanas ou ate chamada da recorrida aos drbitros, pelo que não caberia (falta de interesse) de
mesmo meses Dependendo do modo escolhido pelas partes para a indica recorrer ao Judiciário”3’.
ção dos arbitros, assim como eventuais impugnações que podem ser apre
No entanto, ao que tudo indica, apesar de a Nike ter requerido o início da
sentadas sobre os arbitros indicados pelas partes ou pela instituição arbitral,
arbitragem, o tribunal arbitral ainda não estava constituído, Como o tribu
a consequência natural (justificada ou injustificadamente) e a demora na nal arbitral ainda não estava constituído e os juízes negaram-se a analisar o
constituição do tribunal arbitral pedido de tutela de urgência da Nike, houve verdadeiro vácuo de jurisdição
Mesmo quando não existia o artigo 22-A, da Lei de Arbitiagem, es em desfavor do jurisdicionado por bastante tempo. Como um dos autores
clarecendo que “[aluies de instituida a aibztiagem, as panes podrido tecor— deste artigo teve oportunidade de observar, “pode-se constatar que a Nike
rei ao Podei Judiciai w pwa a concessao de medida cautelai ou de uigéncia”, ficou injustcadamente prejudicada, sem verdadeiro reconhecimento da possi
tnexistia duvida de que caberia ao juiz exercer verdadeiro papel de auxilio bilidade de análise da sua tutela de urgência arbitral (repita—se: para concessão
para a prestação da tutela jurisdicional, sob pena dc verdadeira denegaeão ou ftjeição), pelo menos do dia 25.10.2012 (data de propositura da demanda
,,36
antecedente) ate o dia 24.01.2013
de justica
Nesse contexto, o novo artigo 22-A, da Lei de Arbitragem, deve ser
A corte estatal geralmente e o umco orgão capaz de analisar e se for
recebido de forma bastante positiva. Ao colocar de [orma expressa que as
o caso, concedera tutela de urgência pleiteada pela parte32 Enquanto não
partes poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de tutela de
constituido o tribunal arbitral, a competência pode ser tranquilamente exer
urgência antes de instituida a arbitragem, o legislador permite que o autor
precise apenas alegar, sob as penas da lei, que ainda não houve a aceitação
29 ALCAMI, Rosa Lapiedra Medi das cautelares en ei arbitraje comercial interna
cional Valencia Tirant lo hlanch, 2008 p 161 A escolha da via arbitral como
metodo de resolução de conflito pode ser anterior (clausula compromissoria) ou 33. Posins ui MIRANDA informa que esse adágio foi extraído originariamente do direito
posterior (compromisso arbitral) ao surgimento do litigio, mas obviamente a cons lusitano, por construção de SiivrsTkí GOMIS MORAIS das Ordenações Filipinas (op.
tituição do orgão julgador sera sempre posterior cit.,t. XII, p. 59).
30 LARES, artigo 19 “considera se instituida a arbitragem quando aceita a nomeação 34. ST1, REsp n° 1 .297.974/Rj, ReI. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado
pelo arbitro, se for unico, ou por todos, se forem vanos em 12.06.201 2, Dje 19.06,2012.
31 BLACKAE3Y, Nigel, PARTASIDLS, Consiantine, RLDFERN, Alan, 1 IUNTER, Martin. 35. TJ-SF, l Cãmara Reservada de Direito Empresaria, cautelar n 0242417-
Redfern and 1 iumter on internationai arbitra tion, 5 cd New York Oxford, 2009 67.2012.8.26.0000, Des. Enio Santarelli Zuliani, 23 de abril de 2013.
ni714,p 445 36. cARRETEIRO, Mateus Aimoré. comentário ao caso Nike Licenciamentos Lida.
32 Não se pode ignorar a existência, em algumas instituições arbitrais, do mecanis v. 5SF comércio de Produtos Esportivos Lida., Tribunal de Justiça de São Paulo,
mo privado do arbitro de emergência Sobre o assunto, ci MAli us AiMoRi CARRITu Medida cautelar n 0242417-67.2012.8.26.0000, 23 de abril de 2013. Revista
uo, op cit, cap 8, p 200 e ss Brasileira de Arbitragem, São Paulo: lOS CSAr, 2013, vol. X, n. 40, p. 115.
A Ncwa 1 ci da Arbllragcm IIrai leira [ Ti: ‘i 4 ;n t ‘RW Nt 1% *% 111111 Arni: mc 1 M Ri row, .
( o,,riJr,;iiiori’ç 1 ifliii Ii,t.iiuLiiRii anjo SIi,iiinia Salta (;ust; Si uns Ku lis,. Lia ‘os A si w Car reis i o, bi

do encargo pelo árbitro único ou tribunal arbitral, conforme o caso. Afirma- conduzir uma análise prima facic e, se convencidos da sua jurisdição (ainda
-se alugar (em vez de pwvar) porque não é possível ao interessado lazer que de modo precário), estão sim autorizados a apreciar e eventualmente
prova de [ato negativo (pmhatio diaboiica). conceder a tutela urgente requerida.15
Outra dificuldade que pode surgir caso a tutela de urgência seja re
8, Durante o processo aro; trai querida no início do procedimento, ainda antes de ambas as partes terem
Neste tópico, serão abordadas as principais questões relativas à con apresentado suas pretensões, diz respeito a potencial extrapolação dos limi
cessão de medidas urgentes no curso cio processo arbitral. Depois da instau tes da demanda e/ou da convenção de arbitragem, o que é vedado no pro
ração da arbitragem (LARB, artigo 19), a competência para concessão de cesso arbitral (LARB, artigo 32, me. IV). Para se evitar essa violação, caberá
ao tribunal arbltral verificar a existência de vínculo razoável entre a medida
tutelas de urgência passa ao tribunal arbitral37. Assim prescreve o parágrafo
único cio artigo 22-B da Lei de Arbitragem38, que consolidou o entendimen urgente e o objeto da demanda delineado, se não no termo de arbitragem,
-

to de que os árbitros são os julgadores naturais das medidas de urgéncia3. ao menos no requerimento de instauração.4’

1. Obstáculos à concessão de tutelas urgentes no início cio processo II. Flexibilidade das tutelas de urgência no processo arbitral
arbitral Ao contrário do Código de Processo Civil, a Lei de Arbitragem não
prevê regras específicas sobre o procedimento a ser adotado pelas partes
Dada o caráter emcrgencial das tutelas urgentes, é natural que elas
para requerer as medidas de urgência no processo arbitral, tampouco es
sejam perseguidas logo no início do processo arbitraL O [ato de a medida
tabelece os requisitos necessários para que tutelas sejam concedidas pelos
urgente ser requerida nesse estágio ïnicial pode trazer dois obstáculos.
árbitros. E [az sentido que seja assim.
O primeiro esta relacionado à eventual objeção à própria jurisdição Na arbitragem, prevalece a autonomia da vontade das partes. Elas po
do tribunal, o que normalmente ocorre (ou deveria ocorrer) no ii icio do dem disciplinar o procedimento aplicável às medidas de urgência (1) na
processo arbitral (LARB, artigo 20). Aqui surge a pergunta: os rbt os po própria convenção de arbitragem; (ii) valendo-se dos dispositivos previstos
dem conceder tutelas de urgência mesmo na penclência de decisao a respei nos regulamentos arbitrais (em sua maioria, e accriaciamcnte, lacônicos a
to de objeção à sua jurisdição? A resposta é necessariamente positiva Nao esse respeito para garantir a flexibilidade do processo); ou (iii) construir o
se esta aqui a defender que o tribunal arbitral deva ignorar impugnação a procedimento em conjunto com o tribunal arbitral (p. ex., ao firmar o ter
‘ua jurisdtcao. Diante da urgência da tutela perseguida, os árbitros podem mo de arbitragem), desde que respeitados os princípios do devido processo
legal (MRB, artigos 19. par., 21, § 22)42

37. &\RMONA, Carlos Alherlo. Arbitragem e processo, p. 323; WALD,Arnoldo, Novos Especificamente quanto aos requisitos necessários para concessão das
runios para a arbitragem no Brasil. Revista cio Direto 8am iírio, r/o Mercado rio Capi medidas urgentes, entende-se que os árbitros não estão sujeitos às regras
os e dá Arbstrai,’eni, vol. 14, p. 351, 2001; NANNI, Giovanni [time e GUÍLHARDI,
Pedro. Medidas cautelares depois de instituída a arbitragem: reflexões à luz da refor—
rua (la lei de arbitragem. Revista de Arbitrarem e Aiedihçáo, vol. 45. p. 1 28, 201 .
4(3. Ai Yrsiiirxvsv, Provisional meaçures in interna tional commercial arbitration, lhe
38. tARB, artigo 2213: “Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros mantec modiflcar Hague: Kluwer Law lniernational, 2005, par. 5-28, p. 176; ILtIAN D. M. Lrw; Lo;
ou revogar a meciida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Iudiciá rio. Pa SAS A. MISTFI Is; Sii AN Mv 1 Ao Ks(n j, (4). cit., par. 23-68, p. 605; Griv Bosu. ln
rágrafo único. Fstando /á instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência ternationai commercial arbitration. 2. cd. Alphen aan den Rijn: Wol[ers Kluwer,
ser requerida diretamente aos árbitros.” 2014, vol. II. p. 1991: “lAj tribunal is able to issue provisional measures notmvith
standing diu e.\istence oí a jurischctionai rhallenge and nor witbstandinq_jhe táci
.39. &\RMONA. Carlos Alherio. Arbitragem e nrocesso, p. 210. liiisN E). M. Usv; Loi
(lial dw tribunal lias not rish’rl no tiOs cjifleggs” sem realce no original)
RAS A. MISTH.is, SJii,\.N Mii i )i’. op.cit., p. 588: “lIlt is noiv ivkiely recognizec)
that tlw arbitration tribunal will ohen be the best fortim to determine 11w appropri 41. CARRETEIRQ, Mateus Aimoré, op. cii., p. 218.
ateness oí specific interim measures for each case.” 42. CARRETEIRO, Mateus Aimoré, op. cd., p. 215.
A Nova ei dii Arbilragem (ir,,sileir, [Ir iinctNos NA 1. o i•a. Aos 5AUiM Rsrossrai:,a
16% Coordrn;,,Joreç: [liivia loanda!Ricardo Medina S,,IL, GOstavo Si o los Ku lesta e Miii ens A no ,ré c::, rrelsr (o 169

previstas na lei processual do local da sede (lcxfori)43. Assim. tribunais ar uso indiscriminado dos termos “preliminao’ award”. “interlocuto,y award”,
bitrais sediados no Brasil não precisam nccessarianwnte exigir os requisitos “ínterim award, etc. para se referir às decisões referentes a medidas de ur
do_fumas bmu dais e do periculuni iii mora, previstos no Codigo de Processo gência’.
Civil (em especial, artigo 273) para concessão ele medidas urgentes embo -
Contudo, independentemente do nome dado à decisão que julga a
ra seja muito comum que o íaçamt4. tutela urgente. no direito brasileiro, dita decisão não tem natureza de sen
A fim de manter a flexibilidade do processo arbitral, os regulamen tença Isso porque as medidas de urgência são, por suas próprias caracte
“‘.

tos das principais cãmaras arbitrais’’ e as legislações arbitrais normalmente rísticas, necessariamente pmvisôrias e tem O rd rias, não produzem coisa jul
também não prcveem os rcquisitos necessários à concessão de tutelas de ur gada material e estão sujeitas à posterior revisão pelos próprios árbitros* O
gência A Lei dc Arbitragem scgue essa 1mb i Por consequência os irbitros critério relevante aqui está na (ausência de) definitividade do provimento.
costumam ter liberdade para estabelecer 05 Pressupostos neccssarios a luz Se o provimento não é definitivo, não tem natureza de sentença2.
das especihcidides da tutela perseguida e do direito material em disputa4”
lii. Tutelas de urgência ex offico?
Apesar dessa flexibilidade na definição dos requisitos necessários à
concessão de medidas de urgência (que não se confunde com discríciona Em princípio, prevalece o entendimento de que não seria admitida
riedade. que só existiria em urna arbitragem por equidade)’ na prática, a concessão de tutelas dc urgência por iniciativa própria dos árbitros. A
os árbitros costumam exigir que a parte interessada na tutela de urgência grande maioria das legislações (aí incluída a Lei Modelo da UncitralY3 e re
prove (O rïsco de dano grave ou de difícil reparação caso a tutela não seja gulamentos arbitrais’ preveem o requerimento de urna das partes para que
concedida; (ii) urgência da tutela; e (iii) inexistência dc pré-julgamento do o tribunal possa conceder a medida. E mesmo nos casos omissos, entende-
mérito (reversihilidade). -se que não seria possível a concessão de tutelas de ofício pelos árbitros em
respeito ao princípio da autonomia processual das partes’.
A flexibilidade do processo arbitral tamhcm acaba rcllcttda na forma
do ato processual utilizado pelos arbitros para conceder a tutela urgente Os
árbitros, por vezes, se valem de ordens processuais, decisões interlocutórias 49. SANCHEZ, Gurii IRMI Canooso. Sentenças parciais no processo arbitral. Disserta
ou mesmo de sentenças para julgar os pedidos urgentes. De fato, é comum o ção Mestrado em Direito Processual). Faculdade de Direito, Universidade de São
Paulo (FADLISP). São Riulo, 2013, p. 74.
50. FOUCI ARD, Philippe; GAILLARD, Emmanuei; GOLDMAN, Berthold. Interna
43. LEW, Julian O. ‘Á.; MISTELIS, LoukasA.; KRÕLL, Steian Michael, op. dl., par. 23-34, tiooai &ammcrciai Arbitra lion. The 1 lague: Kluwer Law lnteroational, 1 999. par.
p. 594: Ao arbitration tribunal vith lÊs seat lo Germany. for exampk’, may be em 13 S2, p. 736: “lTlhe characterization oia ciecision as ao aivarc/ does not depend
powered tu order ao Loglih 1)731’ treezing order blocking die assets o! one oÍ the on lhe termíno!ogy empioyed l Lhe arbitrators. itis determioeci soMy by fie na
part/es ,vbile a German court carmo! make sucli ao urder” tem o! lhe ciedsion /i se/!”
44. Cu os Ai ai oro CARu0NA. Arbitragem e processo, p. 323. 51. CARRETEIRO, Mateus Aimoré, op. cit., p. 244.
45. O artigo 21Ç)do Regulamento do ICDR-AAA que disciplina a concessão de me 52. SANCHEZ, Canooso, op. cli,, p. 75.
didnis de urgcncia lustn essi ibordigem propositadimente v igi das omans 53. Lei-Modelo da Uncitral, artigo 1 7(1): LJnless otherwíse agreed by the part/es, the
rbitrais 41 th requ st o! iny prty É/ir tobunil may tik vdntevcr ;ntcrtm arbitral tribunal may, gj/jjreuestofap,jt grant ínterim measures.” (sem realce
measures ii deems necessary, ioc/uding injunctive rei/e! and measures for the pro no original)
tect/oo or onservation oipropertv.” 54. Em sentido contrário, prevendo expressamente a possibilidade de concessão de
46. O\RRETEIRO, Mateus Aimoré, 0/3. cit., p. 229. medidas urgentes ex oficio, artigo 39t3i do Regulamento ICSID: “rhe tribunal
47. BORN, Can’, op. cii., voE U, p. 1.979, nota 1 92: “luís ipoderes discricionáriosl rna’ also recommencl provisional measures 00 lis ois’o ioítiativp or recommer,d
wou!d be contrary lo the expectations ofthe parties. except where tliey have agreed rneasures other t/iari those specitíecl in a requesr. li niay ai aoy time mudit’ or
tu arbitration ex aequo ei bono, and tu lhe adjudicatory character o! arbitration.” recoLe its recommendat/ons’ {sem realce no originali
48. Gani Bono, op. cii., voo li, p. 1.980. 55. YESI[IRMAK, A, ui. cii., p. 165-167.
A Nov d AriHiragr ni ilrasilt ToscAs os: URGiNOA NA is:, oF ARoSRAGFM Rrrossssos 1 7
1 7(1 o usiavoSa flos Ku lesta e Mal eus A rnnré C, rreiei Os
( oort/t O 8108 1 ivi,i IoLinda/R,t iriio M(dirI 55 la

F mesmo dihcd imaginar hipotese em que determinada parte tenha a maioria das legislações e regulamentos arbitrais ser silente com relação a
interesse em tutela de urgência e simplesmente mantenha-se inerte, deixan essa possibilidade aumenta a polêmica em torno do tema.
do de requerer ao tribunal tutela que lhe seria benefica (tecttus necessana Há muitas vozes na doutrina interna0 e estrangeira82 contrárias à con
para im pedir a consumação de risco grave e iminente) Isso sem mencionar cessão de tutelas urgentes inauclita altera parte em sede arbitral na ausência
que, caso concedida a medida ex offzcw pelos arbitros, a parte beneficiada de autorização prévia das partes. As principais jtistifieativas apresentadas
por da pode se er obrigada a ressarcir os prejuizos decorrentes da sua [rui pelos opositores à concessão de tutelas urgentes ex parte pelos árbitros são
,6
çao, embora sequer a tenha requerido (1) não há necessidade real, na via arbitral, de medidas ex parte, pois essas
Apesar desses obstaculos, não se pode excluir totalmente a possibt nunca Foram vistas na prática e porque as decisões dos árbitros são geral
hdade cxccpcwnahssima de que os arbitros sejam autorizados a conceder mente cumpridas voluntariamente e a sua concessão “pelas costas” da parte
tutela urgente por iniciativa propria”, tal como autorizado aos juizes no prejudicada só criaria resistência e dificultaria o cumprimento voluntário;
processo estatal’8 No entanto, se no foro judicial essa hipotcsc e rara, no (ii) inexistência de recurso contra a decisão que concede a tutela urgente;
processo arbitral e ainda mais dificil se imaginar uma hipotese em que essa (iii) incompatibilidade com a natureza eonsensual da arbitragem; (iv) in
medida extrema seria justificavel’° compatibilidade com o principio do devido processo legal (ampla deFesa e
contraditório); Qv) medidas ex parte, principalmente de caráter antecipa
IV Tutelas de urgência ex parte? tório, normalmente exigem a análise prévia do mérito da disputa e preju
dicam a análise futura do caso pelo tribunal arbitraL; (vi) algumas tutelas
A possibilidade de concessão de tutelas de urgência sem a oitiva da
de urgência são irreversíveis e a gravidade da decisão é aumentada por ter
parte contraria no processo arbitral esta longe de ser pacifica6° O fato de
sido ex parte; (vii) dificuldades de os árbitros imporem sanções à parte que
manipulou fatos e documentos que formaram o racional da concessão da
56 CARRET[lRO, Mateus Aimore, op cit, p 220 medida; e (viii) risco de imposição dc sanções profissionais aos árbitros é
57 Mswo Vnu’s defende a autoridade do tribunal arbitral para con(eder medidas aumentado em razão de a medida ter sido proferida ex parte0.
urgente de oficio “Admitido o interesse cio orgão jurisdicional na obtenção de
resultado utd quanto a sua atividade, seja para assegurar o não desaparecimento A despeito desses argumentos, há situações em que o simples conhe
das circunstâncias [ancas, seja para assegurar o cumpnmento de eventual decisão cimento do pedido de tutela urgente pela parte contrária é capaz de tornar a
condena tona, jpjga vel ues.ashitrLtem apeçicrririsdicion,ilaraionc&er
rnçjjacayjelarja4ependentemenjgdjretierimentojírparie Cumpre ao(s)
arbitro(s) zelar pelo atingimento de resultado util as partes com a decisão proíe 61. A título de exemplo, jost CARlos ur MAOAi i Ais. A tutela antecipada no processo
rida E, assim, e lhe(s) deíerido o poder geral de cautela “(sem realce no original) arbitral. Revista de Arbitragem e Mediação, São Riulo: RT, vol. 4, p. 11: “INlo
(Reflexões sobre a tutela cautelar na arbitragem Revista Brasileira de Arbitragem, processo arbitral, salvo se a convenção o autorizar no processo judicial é a lei
-

São Paulo, n 7 p 36, jul /set 2005) que autoriza a tutela antecipada somente poderá ser concedida após audiên
-

58 Josi Roin oro uos SAios Si u vi i Tutela cautelar e tutela antecipada, São tulo eia da parte contrária, A concessão da medida liminarmente, todavia, se assim
Malheiros, 2011 p 384 previsto na convenção arbitral, não implica o descumprimento do princípio cIo
59 G\RRETEIRO, Mateus Aimore, op cii, p 220 contraditório, pois a parte afetada deverá pronunciar-se sobre ela, devendo ser-lhe
assegurado esse direito.”
60 L[W lulian D M, MISTELIS, Loukas A, KROLL, Stefan Michael, op cit, p 2508-9
“Despite its arguable practical unhty there is substanual controversy surrounding an 62 HOUTTE, HansVan. Ten reasons against a proposal for ex parte interim measures
arbitral tnbunaLs ex parte consideration of a request íor provisional measures As dis ofprotection in arbitration, Arbitration lnternational, vol. 20, n. 1, p. 85-95, 2004.
cussed above, mosi national laws and institutional arbitration rules guarantee ali par 63 HOUTTE, Hans Van, op. cit., p. 85 e ss. Apesar de o título do artigo fazer menção
ties an opportunity to be hearcl as well as equabty oí treatment and ex parte grants
- a dez motivos contrários à concessão de medidas de urgência ex parte, neste arti
oírehe[run strongly counter to hese reqwrements Some institutional rules go furthe& go são apresentadas apenas as oito razões principais. Para uma crítica mais apro
and appear to expressly forbid ex parte provisional rehef Many commentators fundada sobre cada um desses fundamentos, cf. ARRETElRO, Mateus Aimoré.
conclude that ex parte provisional reheí is beyond the power of aibural tribunaIs” Tutelas de urgéncia e processo arbitral, p. 223-6.
é\ iNt(V,1 it’i ihi :\rhiini);eii HU,IsiiCfli ‘1 ‘1 tRíX 4 ii O] Ai:í’ris(.ii]
1 ki;flh(IaRftaftit Siiiliii,i Siiii Sai,tos Kii csia e Sl,,ieiis Ainuirt
1 / .5
( oorkv:acio,is. ,‘j,i (_,iistavr, (irrt•iç-jrj

medida completamente ineficazTM. A todo sentir, em alguns casos, o elemen todas as comunicações a parte devem ser registradas e preservadas para fu
to surpicsa e essencial para o sucesso da tutela dc urgcncia (ex revelação , tura consulta pela parte prejudicada pela concessão da medida de urgência.TM
de segredo industrial, destruição de provas, dissipação de bens dc.). Nessas
hipóteses, somente medidas cv parte são capazes de tutelar adequadamente Apoio do Poder Judiciário na efetivação das medidas concedidas
a parte interessadah pelos árbitros
Diante disso, não parece justi[icável que as partes não possam requerer Em regra, as decisões dos árbitros possuem um peso natural sobre as
medidas urgentes ex parte aos árbitros, ainda que não haja previsão expressa partes. Por conta disso, as tutelas de urgência deferidas pelos árbitros são
iutorizando a medida na lcx aibitn ou no regulamento arbitral Permitir a normalmente cumpridas de forma voluntdriaTM, Como observa SciiwAirrz,
conccssio de medLdas maudtta afLua pcus no foro arbitral c girantir que as partes que desejam ser reconhecidas pelos árbitros como bons cidadãos,
partes. inseridas em situações de extrema urgência ou com necessidade de prejudicadas por seus adversários, geralmente não desejam desaFiar ordens
elemento surpresa, possam tutelar seus direitos sem ter que socorrer às cor dadas por aqueles que eles pretendem convencer da justiça de seus pedi
tes judiciais, o que privilegia sua vontade de resolver disputas na arbitragem dos
e resguarda o provimento arbitral Final’1’. A voluntaricdic]c das pirtcs e normalmente induzida pelos irbitros
Apcsar disso, cabem duas rcssalvas Primeiro dado que as tutelas pela imposição desançoes pdo eventual descumprimento das tutelas ur
cv paitc apresentam uma restrição ainda que tcmporana ao principio do gcntes conccdidas° Existe umi gama extensa de sanções quc os arbitras
contraditório, que ã um dos princípios inFormadores cio processo arbitral podem impor à parte prejudicada pela medida urgente. As principais são
(LARB, 21, § 2), a concessão de medidas desse tipo deve se dar com muita
cautela e apenas cm situações extremas. Urna vez concedida e eFetivada a natianal courts: Pie nevar encling siar’, ICO\ Condress Serias, New Dcliii, The
medida, deve-se restabelecer imediata;ncntc o contraditório e, depois de ou ii igue ki uwer t iii Internilioni 1, 2001 vol 10 p 107 108 H ntcrim mc urcs
vida a paric contra a qual a medida foi coneedida o tribunal arbitril tem o shauld he granted ix pirie only [ar thc short ,ntcrvil rcqwrcd ia canduci i hcir
dcvcr de rLapreciar sua decis ioõ7 Segundo para Fins de total transparência ing ar i tckphone coníercncc ia rcich i ckcision an dnt hisis
68 Ai] Yisn a sflK, 013 cl pir 5 96 p 224
69. LEW Julian D. M.: MISTELIS, Loukas A.: KW5LL, Siedin Michaei, ap. cii., par. 23-
64. BORN, Gary, op. cii., p. 2508: This tvpe oí relia/is particular4’ appropriate where

83, p. 609; GAS’v Boas, ap. cit., vai. li, i 2018: Au YLs]eR,aAa, 0/3. cii., par 6-2,
a party’ couid suÍfer serious clamage sinijily tbrough a sirnde, rapidlv-completedac p. 238; ANDarA CAR] i vsms, /a tutela cautelare nell’arbitraro internaziariale, Pado—
doo by lis counterparty for exampie. r alling a leitar aí credit, transternng needed
-
va: CEDAM, 2006, p. 486; Siii’u s i3oso, t a naiure des mesuras conservatoires
s cunty or propc rty ia dnrd partic s or di stroym critica! e ,ck nce” Ni ii Bi c KA et prai isoires’ in CC (cd ) Mcisurc s canvc rvaiuirc s ci prai isaires cm m flicrc
iv, Cossisiisi PSRTASIOIS Ai AS Ri ou RN MART1N 1 Ir 511 R, op cii, par 7 22 p 447, d’arbieragcm mternictanil, Piris CC Services, 1993 p 17, TouMAsio, icx fari e
Çucli rcquircnicnt loitivi di pirte idversi] m iy dc prive rntcrim mc iscircs aí Fuieli c miei ire nel l’irbitrito commerci ik i ntern,zionaie l?c v isti ck li irhitnuo
ibeir c’ílectiveneSs. A pariy which is (o 1w beard beihre interim measures can he Miiano Ciuffre ino 9 1999 p 28
eniarc ad may haia suflicieni time ta hustrate tliesc’ measures. In such a situauan 70. Conforme afirma Eai a So iu\Rr/: “la principaie saurce da pouvoir de caercition
ii mav be advísable [ar a party lo ga ciirectiy la the state caurts for Pie interím cies arbitres réside dans larbitrage d/O )ls c’xercent sur Ia [and do diÍÍérend entre
measures, provided this optiun is aval/ah/e. iheir interim relieírnay be granft’d and las partias. Das partias charchant Si’ presc’ntc’r clei’am ias arbitres cantina de
enforc cd ex parte, 1iavin hcard only one partv.’’ bons citoycns v;rtimc s de leur ldvcrsalft nc vauclwnt pas cn gcncral 7 iirc Ti dcs
65 cARRLTEIRO, M teus Aimor, op cii p 221, lei is D M Li iv Lei KAS A Misjttis, mstruct,ans quc kur danncnt ceux qu is vculcnt convamcrc dc Ti jusncc de lcur
Sri iA.. Mii 1 IA] 1 Kkoi 1 op cii p 606 7 li miy be impossibk ar caunterproductive cause (cl Pritique ei experince dc ii Cour dc li CCI In iCC (cd) Mc asurc.s
lo rnform the ot/u r pirt ibout thc p nding iiii hmc ni ar a straintng ardcr since canserv loircs ei /3/ai isoirc s cm rnaticr (1 irbttragc inft rnacian ti Rins CC Ser
ttus rniglit al/ow ii lo take actian dm1 would negafe 1/te e[íectivc’ness aí dia arder.’. ices 1993 p 59i
66. ÇÀRRETE1RO, Mateus ,\imoré, ap. dl., p. 226. 71. KOJOV1Ç, lijana. Couri enfarcemeni ai arbitral decisians on provisional reiief:
67. KARRER, Pi RRi A. interim measures ssued bv arbitral tribunais and lhe courts: how final is provisional?, Jaurnal a[ Internatianal Arbiiratian, Kiuwer Law Interna—
iess theory, please, in: Ai Bi RT IAS \:Ax ins Biu teci.), (neernationat arhitration and iiaq’i 2001 p 512
A Nov iii da ‘\ri,itrag ru iirasrir ira ix Uic.ÍNcIA NA ii Di.. ARBrIRACFNi Rr:i:ORMADA —
‘,j / ‘

ooni ir ulan ç Iavu,r liii ind ,/Rirardo Mi diui iila Cii novo Sa ulan Ku asia e Mal aos Ai maré correia ri]

(i) multas coercitivas permdicas ou fixas72 (que exercem papel similar as Nesses casos, entra em cena o Poderjudiciário, que atua comofinv de apoio
astremtes cio Loro judicial)’3, (ri) inferëncia negativa (adveise infetence), co para execução das medidas de urgência deferidas pelos árbitros.
mumente aplicaria na praxe arbitral contra a parte que se nega a cumprir O direito brasileiro adotou o modelo de assistência, no qual a efeti
tutela de urgência relacionada a preservação ou exibição de documento’4, vação judicial das decisões dos árbitros ocorre mediante concessão de cxc
(tu) maior alocação de despesas (em sentido amplo)’’ do processo arbitral a quatur. O juiz, que possui imperium, determina, com base na decisão do
parte recalcitrante e (ix) danos processuais, que se traduzem na imposi
,
árbitro, os atos materiais de execuçãoS. O contato entre árbitros e juízos á
ção de multa por hugância de ma-fe (LARB, artLgo 27) feito por meio da carta arbitral (LARB, artigo 22-C).’9
Contudo, nem sempre as decisões são cumpridas voluntariamente, A carta arbitral foi expressamente prevista no artigo 237, mc. l’v do
nem mesmo com a imposição de sanções pelos arbitros Em outras hipote novo Código de Processo Civil (Lei n. 13,105/2015; “NCPC”), que prevê
ses a natureza coercitiva (rectius constntiva) da medida exige a mterven que a carta arbitral será expedida “para que órgão do Poder udiciário prati
ção da autoridade judicial, dada a falta de poder de imperio dos arbitros’7. que ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato
objeto de pedido de cooperação judiciária fonnulado por juízo arbitral, inclu
sive os que importem efetivação de tutela provisória”. No regime do NCPC, a
72 BAPTISTA, Linz Olavo Arbitragem Comercia/e Internacional São Paulo Magister, carta arbitral deve atender, no que couber, aos mesmos requisitos cabíveis
2011 p 224 “Quando aplica multa com carater de astreunte para levar uma parte às demais cartas previstas na lei processual e ser instruída “com a convenção
a cumprir determinada providência u adotar certa conduta determina da em de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua aceitação da
ordem procedimental, o arbitro exerce plenamente sua junsdição L a recusa da
parte multada em pagar a multa que levara o arbitro a exercer a faculdade de pro
fruição” (artigo 260, § 2). Os atos processuais relativos ao cumprimento da
mover sua execução Esse exemplo, 1/Listra mas não esgota o elenco das medidas carta arbïtral serão praticados em segredo de justiça desde que a confiden
de natureza urgente que o arbitro pode tomar, e serve para exemplificar que nem cialidade da respectiva arbitragem seja comprovada em juizo (NCPC, artigo
todas as determinações dos arbitros estão despidas de dentes”, CANumo RANCIL 189, mc. IV; LARB, artigo 22-C, pari.
DINAMriu o, op cit, p 228 “Sempre no plano das decisões, e tambem licito ao ar
bitro cominar multas para o caso de descumpnmento voluntario das medidas que Ainda antes da reforma da Lei de Arbitragem, prevalecia o entendi
impõe (astreintes) as quais constituirão como sempre um penhor da efetividades mento de que os árbitros deveriam pedir auxílio ao Poder Judiciário (em
das decisões ;unsdicionais (CPC, artigo 46/, § 4 e 5°) atenção ao antigo artigo 22, § 42) pela expedição de um oficio°0, que acabou
73 Sobre o tema das astreintes no processo civil brasileiro, cf Ci liiliRMi A51ARAi, As
astreintes e o processo civil brasileiro, São Paulo Livraria do Avogado, 2010, n
3 1, p 47 e ss
78.DINAMARCO, Cândido Rangel, op. cá,, p. 230: “A ausência de poderes de constri
74 ABBUD, Andre Soft law e produção de provas na arbitragem internacional São ção sobre pessoas ou coisas impede os árbitros de produzir por si próprios a efe
Riulo Atlas, 2014 p 131 e ss tivação das medidas urgentes que concedem, quando portadoras de constrições
75 CARMONA, Carlos Alberio, Arbitragem e processo, p 373 como essas. Para buscar tais resultados cumpre-lhes deprecar ao juiz togado a
76 YESILIRMAK, Au, op cit, par 6 9 realização de medidas que eles próprios não podem realizar (IA, artigo 22, § 42),”
77 DINAMARCO, Cândido Rangel, op cit, p 228 “O arbitro dispõe de poder sufi 79. Quando a medida deve ser executada por autoridade judiciária localizada em
ciente para conceder medidas urgentes de toda natureza a sabe6 todas aquelas jurisdição diferente daquela em que foi profericla a medida arbitral de urgência,
que em um processo perante o Poder Judiciario poderiam ser concedidas pelo a solicitação de assistência ao Poder judiciário deverá ser feita mediante carta
juiz togado (cautelares e antecipatorias de tutela) Mesmo quando se trate de uma rogatória. A respeito, v. ANoRf Auntio, /-lomo/ogação de sentenças arbitrais estran
medida cuja efetivação implique constrição sobre pessoas ou bens, a partir da ins geiras, p. 239 e ss.
tauração da arbitragem a competência para concede las e do arbitro, não do juiz 80. ARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem eprocesso, p. 325; AiixANoRr CÁMARA, Das
E o caso de buscas e apreensões, eventuais arrestos, impedimentos de atividades relações entre a arbitragem e o Poder judiciário, Revista Brasileira de Arbitragem,
nocivas, deslázimento de obras etc (CPC, artigo 46/, 5) mpre com a res Porto Alegre: IOB CBAr, ano 2, n. 06, abríjun. 2005, p. 11; SioNo BLNLTI, op. cit,, p.
104; Ai ExANORE CAIRAMOY, Das relações entre o tribunal arbitral e o Poder Judiciário
(sem realce no original) para a adoção de medidas cautelares, Rio de janeiro: Lumen juris, 2012. p. 91.
A Nnva L cicia Arhltr.IKcrn flraHc’ir,i ri’ ii iii 1 HCINI A 1H iii AKn’rR.LM Ru OR%i iI
1 7( 1 / —
- (r,r,r,h-,u,rh;rc’s i-l,ivi,, 1 I,,!,,,id,uRrarcIc, .ie(hna Sitia CtjsIa:o S:,nios Kulesz,, e M,,fl’us Ainiur,j ( arreleirci

sendo denominado de carta arbitral na revisão da ler’. Embora a solici pede não contém algu iiia i ncgu Unidade substancial, como uma possível ex! ia—
tação de auxilio às cortes judiciais seja prerrogativa do tribunal arbitral, iolacão dos limites o)yeiivos ou sutyetivos da convenção dc arbitragem 011 do
entende-se que a chstribuição da carta arbitral ao Poder judiciário pode ser petitu iii deduzido pelatite os árbitros etc.
[(Ata tanto pelos propnos ubitros (com o iuxiho di instituicão arbitral nas
irbitragens institucionais) ou sc nccessario pela propi ia partc intercssada VI. Situações excepcionais de acesso direto ao Poder Judiciário
No viso o tribunal arbitral expede a carta arbitral c autoriza a partc interes Em princípio, a lei de Arbitragem prevê a competência exclusiva dos
sada a [tear encarregada dos atos necessarios para distribuição cio pedido de árbitros para concessão de medidas urgentes no curso da arbitragem (LARB,
auxilio da mesma forma que ocorre com as cartas prcc Hortas e rogatonas artigo 22-B, par.)3’. Contudo, entende-se que há situações excepcionais em
em processos estatais
que a parte interessada pode requerer a medida de urgência ao Poder Judi
Importante ressaltar que o juiz chamado a auxilnr n i efetivaço das ciário depois de instituido o processo arbitral83.
tutelas de urgência concedidas pelos árbitros, exerce mero exercício de de- Obviamente, dada a excepcionalidade da situação, as cortes judiciais
libação, sendo vedada a revisão judicial das tutelas arbitrais de urgência82.
devem enfrentá-la com muita cautela. A cooperação estatal á essencial para
Essa conclusão decorre do artigo 16 da Lei de Arbitragem cuja redação im
os casos em que realmente exista extrema urgência, mas pode ir de encontro
pede a revisão de decisões arlitrais pelo Poder judiciáriot”.
à vontade das partes se mal utilizada, As cortes estatais, portanto, precisam
Apesar disso, o juiz não está obrigado a dar cumprimento a toda e exercer essa competência excepcional com extremo cuidado e devem rejei
qualquer ordem advinda de um tribunal arbitral. No processo estatal, con tar pedidos abusivos3”. Do mesmo modo, uma vez assegurada a necessidade
quanto seja vedado ao juiz depreeado rever o mérito da decisão do jufzo urgente de conceder a tutela perseguida, fica’’a matéria obrigatoriamente
depreeante. permite-se que o cumprimento da carta precatória seja recu sujeita à rcapreeiação pelo tribunal arbitral (L’\RB, artigo 22-B).
sido por questoes formiis (CPC artigo 209Y’t Essa mesma logica se apit
Há várias hipóteses vislumbradas pela doutrina em que a atuação do
ei as cartas arbitrais (N( P( artigo 267) Explic i C \IIMONA que eabera ao
juiz verificar se a conw nçao cli whttragem e regulai se os dados ;ecehidos Poder Judiciário se faz necessária para conceder tutelas de urgência no cur
jR nnztcin—Ihe avaltai (sunpft fim malim ate) se a sohci taçao preenche os rcqui— so do processo arbitral. Neste artigo, serão tratadas as três principais.
silos que levarão ao seu cumpi imenlo DiNAMixiteo adiciona quc a par desse

controle formal o juiz tambcm deve wahar se a medida cuja efeuvacão se - 86. DINAMARCO, Cândido Rangel, op. cii., p. 231, E complementa o autor: “Nessas
hipóteses, e outras ele igual gravidade, em que realiza um juízo de mera delibação,
o juiz negará cumprimento ao pedido. Em principio não poderá reavaliar os requi-
81 TOSTES, Michele Lyn Tutch dr urgcncia e arbitngrn m inismos dc icesso silos substanciais para a concessáo da medida, látos, provas etc, porque a decisão
à justiça: orna análise do comportamento do F’oder Judina rio na concessão de do árbitro é soberana a esse respeito, por imposição da autonomia ela arbitragem
medidas urgentes relacionadas a processos arbitrais: as anli—suii injunctions. Dis— lidem)
serIação de mestrado. Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de 87. ROCHA, Caio Cesar Vieira. Medidas cautelares e urgentes na arbitragem: nova
laneiro, 2009. p, 77. disciplina normativa, Arbitragem e Mediação: reforma da legislação bras1leira.
32. FIGUEIRA IR., bel .Arbitragern, jorisdicão e execução, São Paulo: RT, 1999. p. Luis Ft u’r Sxi o-siSo e! aI. (coord.). São Paulo: Alias, 201 5. p. 55.
123: “Ao Estado-juiz não e conferido pelo sistema qualquer poder para rever ou 88. NANN-i, Giovanni [Itore; GUILI ARDI, Pedro, op. cit., p. 128. iii -IN D. M. Liw;
modliíicar a decisão conceçssva da tutela emergencial proit’ridi em juízo arbitral.” LoiK\s A. Misi, is; STI ,rx Mc, u K,i , op. cii,, par. 23-126; p, 623: “in any case
83. MARTINS, Pedro Batista. Apontamentos sobre a lei de’ arbitragem, Rio de Janeiro: (fie court shall ac É onfv if or (o the extent (ha! lhe arbitral tribunal, and anv arbitral
Forense, 2008. p. 365. or odier institution or person vested bv the parties tvitb potver in that regarei, lias
84. STI, CC n° 76879/PB, Rei Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Terceira Seção, no poiver or is unable for lhe time being to ad effectively.”
julgado em 13.082008, Die 25.08.2008; STJ, CC n°63940/SE Rei. Ministro Cas 89. YESILIRMAK, A, O/T di., P 79: “Covas should have lhe power lo grant provision
tro Meira, Primeira Seção, julgado em 12.09.2007, Di 08.0.2007. p. 198. al measures but tliev slioold exercise utmost caution in exercising such power and
85. GARMONA, Carlos Alberto, Arbitragem e processo, p .326. should deny oppressive and vexatious applications.”
A Noval da Arbiirag ni Brasilt ira DE t.JRCiNCJA NA Di: Ari rEAGEM RrroRMAr),s
1 “II
/
Coorrk O iilon s tavia ioland i/Rirardo Mi dinaS O usiavo Sa O os Ku azo e Ma ieus A moré ái rei,Íro
19
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A primeira dessas hipoteses esta relacionada a autonomia da vontade de doença grave ou morte dele. Pode ocorrer, ainda, de a instituição arbitral
das partes Entende-se que as partes são livres para excluir as tutelas de ou o árbitro estar de férias ou totalmente inacessível por qualquer motivo.
urgência da jurisdição do tribunal arbitral Assim como as partes podem Como se sabe, os árbitros não se dedicam exclusivamente à atribuição
pactuar a atribuição de competência aos arbitros para tutelas de urgência de julgar. A grande maioria dos profissionais selecionados para atuar como
arbitrais, podem acordar a sua resu ção ou exclusão’9 Ainda que a ia ai árbitro tem outras ocupações. Além disso, ao contrário do que ocorre no
bitn (como a Lei de Arbitragem) ou o regulamento arbitral escolhido pelas foro judicial, que conta com juizes dedicados exclusivamenie aojulgamen
partes preveja expressamente a competência dos arbitros para conceder me to dos processos que lhe são submetidos, ïnclusive em regime de plantão, o
didas urgentes no curso da aibitragem, nada impede que as partes excluam processo arbitral não tem esse aparelhamento94.
essa possibihdade91 traia-se de verdadeiro opt-out da jurisdição dos arbi Assim, em sede arbitral, o acesso aos árbitros se torna momentanea
r
tros para tutelas de urgência Nessa hipotese, as partes estarão livres para se mente inviável em algumas circunstãncias específicas. É possível, apesar de
socorrerem do Poder Judiciario caso seja necessano a concessão de alguma raro, que uma medida de urgência precise ser apreciada justamente nessas
tutela urgente no curso do processo arbitral eircunstãncias de indisponibilidade9’. Nessas hipóteses, entende-se que a
parte tem direito a perseguir a tutela de urgência no Poder Judiciário90.
A segunda hipotese diz respeito a impossibilidade momentânea de o
tribunal arbitral, depois de sua constituição, conceder a medida de urgên Com relação à impossibilidade de concessão de tutela efetiva, esta hi
cia de forma O) tempestiva, dada a indisponibilidade dos membros tribunal pótese está relacionada a medidas de extrema urgência que não podem es
arbitral; ou (ti) cfetiva, dada a extrema urgência da medida perseguida’12 perar toda a sequência de atos processuais a serem praticados no processo
arbitral até que a tutela urgente seja finalmente apreciada e deferida pelo
Quanto a impossibilidade de profenr medida tempestiva, e raro, mas tribunal arbitral97. Nesses casos, a despeito de o tribunal estar constituído
não impossivel, que o tribunal arbitral ou algum de seus integrantes esteja
ausente ou indisponivel justamente quando a parte necessita da tutela ur
gente91 Exemphficativamente, pode-se mencionar caso em que a indicação 94. ldem.
95. AHALl, Francisco José. Medidas de urgênda na arbitragem e o novo regulamen
do arbitro foi impugnada, houve a renuncia do arbttro ou ate mesmo casos
todo CAM-CCBC. Revista de Arbitragem e Mediação, vol. 33, p. 271-286, São
Paulo: RE ahr.-jun. 2012, p. 282-3: “Da mesma forma, e igualmente em caráter
estritamente excepcional, poderá acontecer de o árbitro estar indisponível no ins
90 ARMONA, Carlos Alberto Arbitragem e processo, op cit p 326, P11100 BATISTA tante em que se mostrar necessária a tutela de urgência (por exemplo, em c.lecor
M\RTiNs, Apontamentos sobre a lei de arbitragem, op cii, p 246, RA1AH Aisis, rência de ausência temporária por viagem ou tratamento médico e não será um -

Devido processo legal na arbitragem, in Raian MAU iAO, Arbitragem no Brasil critério temporal, mas circunstancial).” Prooo BATaTA MARTINS, O Poder judiciário
aspectos juridicos relevantes, São Rlulo Quartier Latin, 2008 p 409 e a arbitragem. Quatro anos da Lei n9 9.307/1 996 (1° Rute), Revista de Direito
91 Foi O IAOO GAII iARi) Goi OMAN, op eU, par 1319, p 717-718, Pi oo BATISIA Mso— Bancário, do Mercado de Capitais e da Arbitragem, São Riulo: R 2000, vol. 9,
TINS, Apontamentos sobre a lei de aibnragem, op cd p 246, GARY B0SN, op cit, p. 324: “JN]as raras situações em que, mesmo/á constituído o Tribunal Arbitral, a
vol II, p 2434 “Oícourse, as with most other aspects of international arbitration, urgência requerida para a medida será efetivamente prejudicada pela impossibili
the parties remam free to alter 1/ia general approach by agreeing that the arbitra dade [ática de o tribunal se reunir em exíguo espaço de tempo.”
toi s shall not have tbe powe or shal/ have only hmited power lo grant provisional 96 FILHO, Clávio Valença. Tutela judicial de urgência e a lide objeto de convenção
measures” Cm sentido contrario, Mvuio Vnu4, op ai, p 34 ‘Ainda que se de arbitragem, Revista Brasileira de Arbitragem, vol. 7, 2005, p. 28: “De outro
admita a autonomia da vontade das partes para a rerlação da convenção de ar lado, casos há em que o árbitro simplesmente não poderá intervir ou não poderá
bitragem, invalida sera a previsão que pretenda cmdir o poder juradicional do fazê-lo com a mesma efetividade de um juiz estatal. A possibilidade de denegação
arbitro retirando lhe o poder de conceder medidas caute/ares A opção pelo juízo de justiça resultante de tais situações é contrária ao direito fundamental de acesso
arbitral implica, necessariamente, a outorga de poderes jurisdicionais para a tutela à justiça, em tudo atentatória à ordem pública e ao artigo 9, XXXV da CF/l988, o
cautelar” que permite a restituição momentânea da jurisdição de urgência ao juiz estatal,”
92 ROCI IA, Caio Cesar Vieira, op ai, p 65 97 BLACKABY, Nigel; PARTASIDES, Constantine; REDFERN, AIan; HUNTER, Martin,
93 NANNI, Giovanni Ettore, GUILI IARDI, Pedro, op cit, p 129 op. cii., p. 447: “In situations oí extreme urgency where third parties need to be
1 Oh A Nuv,i 1 cl il.i ArhhrnItc!rn flmsllolra ‘li (II L .Ki.R is lu tu ArnuIw,(M RtIoR4%Az .
(/ 11i lo —, (uM.wt, Sinto, kiili’s:,i e Miii isAmoréCjrretc.jr,,

e disponível, eventual decisão tornada pelos árbitros pode não ser efetiva parte interessada deverá a se socorrer do Poder Judiciário para obtenção
porque proíerida a destempo. Ao passo que, no Poder Judiciário, a mesma de unia medida de urgência que produza efeitos diretos sobre o garantidor,
tutela tem chances de ser obtida em questão de horas. Por razões óbvias, a obrigado por lei a cooperar com as autoridades judiciais (a título de exem
urgência aqui não pode ser simplesmente a mesma necessária à concessão plo, CPC, artigo 341).
de tutela de urgência. E preciso que ela seja cx(itina . Caso assim não fosse,
a exceção passaria a ser a regra, de forma totalmente invertid’a e indesejada. 1. ON(IUSÃO
A terceira e última hipótese analisada neste artigo diz respeito às tutelas
A reforma da Lei de Arbitragem significou grande avanço à disciplina
urgentes direcionadas a terceiros, que não integram o processo arbitral (ainda
das tutelas de urgência arbitrais. Muito embora a Lei n. 13.129/15 só tenha
que sej im stgnatartos da clausula comprou issorn com base na qual a arbi
consolidado o que a doutrina arbitralista já defendia há bastante tempo,
tngem Foi instaunda) Os poderes dos athtnos p iri prolenr mecheks de ur—
fato é que a previsão legal especiFica elimina discussões antigas e confere
genc 1 s io hmit idos as partes da arbitragem O ido o carater consensual que
maior segurança ao instituto. Com a sedimentação de conceitos básicos,
reveste ‘i arlttrigem (em atenção io principio di iutonomia privada e da rela
abre-se espaço para a evolução do instituto e para que a doutrina e juris
tividack dos contratos) e possivel concluir que um (nbunal não pode dctct mi
prudência possam se preocupar com outras questões polêmicas. Ainda há
nar atos unntssrvos ou omzssn os a tucuros qiu nao suo pai Us da ai hiti agem’
muito a ser estudado no campo das tutelas de urgência arbitrais e espera-se
Exemplo tipico dessa hipotese ocorre quando a medida de urgência que este breve artigo seja mais um convite ao debate.
se volta diretamente contra um terceiro garantidor (ex uma instituição
financeira em um contrato acessorio de fianç-i bane iria) O garantidor, que
BIBLiOGRAFIA
nao e parte di convenção dc arbitragem nem do processo arbitral «lo esta
legalmente obrigado a cumprir a dccisio dos arhitios1° Nesses casos, a ABBU[), André deAlhuquerque Cavalcanti. Homologação de sentenças arbitrais estran
geiras. São Paulo: Atlas, 2008. p. 257-258.
ALMEIDA, Ricardo Ramalho. Arbitragem comercial internacional core/em pública. Rio de
int-oiverl or ivhere tliere is a strong possibiiity !hat a party ir/li nol voluntardy exe Janeiro: Renovar, 2005. p. 69, 175-181 e 331.
ci;tc lhe lribr,,iai ordeç íbero may be mie option boi (o ideniiíy the appropriaie
Arbitragem comercial in!ernacinna/ e ordem pública. Rio de Janeiro: Renovar,
State ouri and mal,e de apphca!ion íbero.
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98. DONOVAN, Donald Francis. The ailocation o( auihority between couris and ar
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1 Iauge: Kluwer Law International, 2005, rol. 12, p. 238: “tini/Lo a court,an arbi 2005. [). 164-167 e 269-271.
tra! tribunal is no! a standing budy and mav taLo !onger to convenu to role upon a AMORIM FILE-lO. Agnelo. Do Critério Cieniifico para Distinguir a Prescrição da
reqoes!. Wiiere diu tribuna! cannot act quickly etinugli ia provido etIective reliei Decadência e para identificaras Ações Imprese riiíveis. Revista dos Tribunais, São
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lnternational tais 14° edition, Oxford Oxford University Press, 2008 p 82 rbitragem (2073) Vice Presidente do CREA/MG (7992/199 3) Secretario Geral da Comissão
de Conciliação Mediação e Arbitragem e menibro da Comissão de Direito Imobiliano e
THEODORO JUNIOR, 1 lumberto 1 lomologação de sentença estrangeira Ofensa a Or Urbinistico do conselho rederal da OAB (1011/2015) Vir e Presidente Jundico da CMI
dem Publica In Revista doAdvogado n 88, São Riulo AASP, p 75 87, nov 2006 SfCOVI/MG (1012/2016)
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TIBURCIO, Carmen Processo e Constituição Estudos em homenagem ao Professor josé que altera a Lei de Arbitragem, responsável por regulamentar a for
Carlos Barbosa Moreira São Paulo Revista dos Tribunais, 2006 p 210 ma de comunicação entre os jufzos arbitral e estatal
Processo e Constituição Estudos em homenagem ao Professor Jose Carlos Bar
bosa Moreira São Paulo Revista dos Tribunais, 2006 p 211 PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Carta Arbitral Jurisdições
A lei aplicavel as arbitragens internacionais In Reflexões sobre arbitragem In
Cooperação
memonam do Desembargador Claudio Vianna de Lima São Paulo LTr, 2002 ABSTRACT: the arbitral letter is a necessary innovation, introduced
p 92-114 by Law n 13 105, the new Brazilian Civil Code, and by Law n°
A Ordem Publica em seus Diversos Patamares In Direito & Amor e outros te 13 129, which amends the Arbitration Law, responsible for regula
mas Rio de Janeiro Renovar, 2009 p 271 Artigo este que havia sido publicado
anteriormente na Revista dos Tribunais, São Paulo Revista dos Tribunais, v 828, ting the way of communication between the state and arbitration
2004, p 33 42 judgments
— A ordem publica na homologação de sentenças estrangeiras In Processo e KEYWORDS: Communications Arbitral Letter Jurisdiction Coope
(bnstituição Estudos em homenagem ao Professor Jose Carlos Barbosa Moreira, ration
São Paulo Revista dos Tribunais, 2006 p 211
A ordem publica na homologação de sentenças estrangeiras In Processo e
Constituição Estudos em homenagem ao Professor Jose Carlos Barbosa Moreira INSTRUMENTOS DL CONIUNIC4CÂO [NTRE INSflNClS ju
São Paulo Revista dos Tribunais, 2006
RISDICIONAIS
A ordem publica na homologação de sentenças estrangeiras In Processo e
Constituição Estudos em homenagem ao Professor Jose Carlos Barbosa Moreira
Entre osjuizos, quando um orgão jurisclicional solicita o cumprimen
São Paulo Revista dos Tribunais, 2006 p 210
A ordem publica na homologação de sentenças estrangeiras In Processo e
to de determinado ato processual a outro, nosso ordenamcntojundico ado
Constituição Estudos em homenagem ao Professor Jose Carlos Barbosa Moreira tou um instrumento, denominado carta, diferenciada em trës modalidades,
São Paulo Revista dos Tribunais, 2006 p 213 carta rogatorta, carta precatona e carta de ordem

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