Você está na página 1de 3

 Boa tarde, inicio agora a apresentação do meu Trabalho de Conclusão, saudo a ilustre banca e todos os presentes.

Eu me
chamo Glaucy Laine e o tema da minha pesquisa versa sobre: OS PRECEDENTES OBRIGATÓRIOS E AS
LIMITAÇÕES AO DIREITO DE RECORRER: UMA ABORDAGEM NO ÂMBITO DOS JUIZADOS
ESPECIAIS ESTADUAIS CÍVEIS.
 A escolha desse tema se deu pela evidente afronta a segurança jurídica causada pela falta de uniformidade da
jurisprudência, e não vinculação ao sistema de precedentes, dentro dos juizados especiais, bem como pela atual
organização dos Juizados, que limitam o direito de recorrer dos jurisdicionados quanto a disponibilidade de recursos e a
forma da como é feita a reanálise da matéria.
 O problema científico do meu trabalho parte do seguinte questionamento: Até que ponto a busca pela simplicidade e
celeridade do processo nos Juizados Especiais pode interferir no direito de recorrer das partes e consequentemente, na
segurança jurídica do ordenamento?
 Sobre o referencial metodológico, eu fiz uma abordagem qualitativa, utilizando como como procedimento essencial à
revisão bibliográfica, utilizei a doutrina, artigos cientificos, teses de metrado e doutorado, além da propria legislação e
jurisprudencia.
 E a partir disso, nós adentramos no objetivo geral do meu trabalho que é: Criticar a prevalência da celeridade processual
frente à insegurança jurídica causada pela não uniformização dos julgamentos nos Juizados Especiais.
 Eu passo agora pra os objetivos específicos do meu trabalho:
 Analisar o emprego da racionalidade do direito dentro dos Juizados Especiais;
 Examinar a discricionariedade dos juízes e a necessidade da uniformização do direito dentro de um ordenamento que adota
o sistema de precedentes;
 Debater a importância da estabilidade, coerência e integridade de um sistema jurídico;
 Compreender os impactos que a divergência interpretativa nos Juizados especiais podem provocar;
Pois bem, eu estruturei o meu trabalho em 5 sessões e parto da premissa que nos Juizados Especiais o expediente recursal cabível é
quase inexistente.
Na primeria sessão citei as doutrinadores Teresa Wambier e Maria Radamés de Sá, abordei o conceito de recurso e duplo grau de
Jurisdição e chamo a atenção pra essa definicao de Maria Radames de Sá que afirma que o duplo grau de jurisdição versa na
“[…] possibilidade de reexame, de reapreciação da sentença definitiva proferida em determinada causa, por outro órgão de
jurisdição que não o prolator da decisão, normalmente de hierarquia superior”.
No segundo tópico falo que os Juizados especiais surgiram como uma alternativa à população na solução de seus
conflitos, de modo que a proposta era que os processos que ali tramitassem tivessem respostas mais céleres, falei tambem sobre a
lei que institui os Juizados que é 9.099/95. Trazendo tambem os princípios nortedores do Juizados Especiais que são; a oralidade,
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade.
Aqui eu trago uma das questões centrais porque é exatamente no sistema recursal que os juizados especiais enfrentam
maior problemática, como é possível verificar no art. 41 da lei 9.099/95, que preve da sentença, excetuada a homologatória de
conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.
O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na
sede do Juizado. Ou seja, não cabe a um grau de jurisdição superior a reanálise.
Entendo que considerando que os Juizados especiais não fazem parte de um microssistema separado de todo o ordenamento
jurídico, mas que o integra, e que é por isso que se faz necessária a consagração do dever de vinculação dos juizados, aos
entendimentos consagrados pelo sistema de precedentes.
No tópico seguinte troxe alguns aspectos que expóem a importância da uniformização do Direito
Citei os autores Ricardo Kalil Lage, Hermes Zaneti Jr, entre outros. Tratei da definição trazida pelo professsor Ricardo KALIL
QUE DIZ basicamente que o sistema de precedentes “pode ser explicado como a obrigatoriedade de seguimento de decisões de
Tribunais Superiores, cabendo a cada um destes a interpretação final da legislação no âmbito de suas respectivas competências
materiais.”
Sabemos que o precedente judicial desempenha importante papel nos sistemas jurídicos, seja no common law, onde os precedentes
possuem papel vinculante; ou mesmo no civil law, que embora o direito seja codificado, ainda assim há uma prevalência dos
precedentes no sentido persuasivo.
No que tange os Juizados Especiais, a busca pela celeridade processual acaba por negligenciar a cultura dos precedentes, o
problema se intensifica mais pela limitação dos recursos que os juizados dispõem, pela composição da turma que os analisa, bem
como pelo grau de jurisdição pelos quais esses recursos são submetidos.
No sequinte tópico que trato sobre as formas de reapreciação das demandas dos Juizados Especiais trouxe um dado mencionado
relatório Justiça em números 2019, que aponta que a recorribilidade dos juizados especiais para as turmas recursais é maior do que
da justiça comum, onde a recorribilidade externa é de 12% nos Juizados Especiais e de 6% nas varas estaduais.
Sabemos que nas situações em que haja divergência na interpretação de lei federal, o recurso especial é o instrumento
constitucional que deve ser utilizado na resolução da divergência jurisprudencial. De início, é importante destacar a
impossibilidade de interposição do Recurso Especial no âmbito dos Juizados Especiais, conforme enunciado da Súmula 203 do
STJ, dizendo que “Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais”. Ou seja,
se a gente entender que há ofensa a dispositivo da legislação federal, não é pela via do recurso especial que a gente vai
conseguir resolver.
Como forma de minimizar as limitações já expostas o Superior Tribunal de Justiça com a edição da resolução nº 12/2009 por um
tempo admitia a via da reclamação,contra decisão de turma recursal quando esta afrontasse a sua jurisprudência. No entanto, a vida
da reclamação não vem sendo mais, pois em 2016 com a emenda regimental nº 22/2016 essa resolução foi revogada, recriando a
lacuna existente antes de 2009, resultando na inacessibilidade ao STJ.
Na ultima sessao eu trouxe a problemática da divergência interpretativa nos Juizados Especiais
Salientando que a limitação ao direito de recorrer aos Tribunais Superiores no âmbito dos Juizados Especiais vem ocasionando
estados de arbitrariedade e grande divergência dos julgamentos e que tais aspectos alertam para a urgente necessidade da criação
de um mecanismo de controle desses julgados, como forma de diminuição do número de demandas de reanálise da matéria e maior
coerência interpretativa.
Falarei sobre os resultados que obtive com o trabalho. Quanto aos parametros, eu concluo que as limitações ao direito de recorrer
que os Juizados Especiais enfrentam pela impossibilidade de acesso a instâncias superiores sinalizam a importância de um debate
acerca do respeito ao princípio do segundo grau de jurisdição, além da uniformização do direito.
Com relação ao sistema de precedentes, muito embora o Direito brasileiro seja codificado, é clara a necessidade da adoção desse
sistema dentro dos Juizados Especiais Cíveis, sobretudo como uma forma de garantir a uniformização do direito, com a devida
observação das orientações que são emanadas pelos Tribunais Superiores, tendo em vista o inconformismo e sentimento de
insegurança que é gerado, quando dentro do Juizado são proferidas decisões tão diferentes para casos que são semelhantes.
Eu entendo que o sistema jurídico que pretende garantir a segurança jurídica do ordenamento, necessariamente precisa se revestir
de considerável previsibilidade das suas decisões
Por fim eu evidencio que o estabelecimento de um sistema de precedentes tende a desestimular a propositura de ações
infundadas, o que poderia diminuir o número de demandas levadas aos Juizados, bem como a interposição de recursos,
possibilitando assim, que os processos corressem de forma mais célere, exatamente como se pretendeu com a instituição da lei
9099/95.
Aqui eu concluo o meu trabalho. Agradescendo mais uma vez e passando a palavra para o Professor Renan,
Muito obrigada!

Você também pode gostar