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OS PRECEDENTES OBRIGATÓRIOS E AS LIMITAÇÕES AO

DIREITO DE RECORRER: UMA ABORDAGEM NO ÂMBITO DOS


JUIZADOS ESPECIAIS ESTADUAIS CÍVEIS

Glaucy Laine dos Santos Silva 1 (FACESF)


glaucy.laine@hotmail.com

Renan Soares Torres de Sá 2 (FACESF)


profrenansoares@gmail.com

RESUMO
Este trabalho tem como objeto de estudo a análise das limitações do sistema recursal no âmbito dos Juizados
Especiais Estaduais Cíveis, com o enfoque na possibilidade de não adoção do sistema de precedentes
obrigatórios nesta seara, buscando-se solucionar a problemática da limitação recursal dentro dos Juizados. Serão
analisadas as implicações à segurança jurídica do ordenamento brasileiro, decorrentes da priorização da
celeridade dentro dos Juizados Especiais, e consequente restrição dos recursos, em detrimento do pleno duplo
grau de jurisdição consagrado na Constituição Federal de 1988, como estabelece a Lei Federal nº. 9.099/1995
que instituiu os juizados especiais. O metódo de pesquisa utilizado foi a pesquisa bibliográfica e serão feitas
análises e comparações com o sistema recursal adotado na Justiça comum, assim como os instrumentos que os
Juizados Especiais dispõem no momento de reanálise dos julgamentos realizados, enfatizando ainda, a
importância da adoção do sistema de precedentes como forma de uniformização do direito e garantia da
segurança jurídica do ordenamento.

PALAVRAS-CHAVES:
Juizados Especiais; Precedentes Obrigatórios; Recursos.

ABSTRACT
This work has as its object of study the analysis of the limitations of the appeal system within the State Special
Civil Courts, with a focus on the possibility of not adopting the system of binding precedents in this area,
seeking to solve the problem of the appeal limitation within the Courts. The implications for the legal security of
the Brazilian system will be analyzed, arising from the prioritization of speed within the Special Courts, and
consequent restriction of resources, to the detriment of the full double degree of jurisdiction enshrined in the
Federal Constitution of 1988, as established by Federal Law no. 9.099/1995 which instituted the special courts.
The research method used was the bibliographical research and analyzes and comparisons will be made with the
appeal system adopted in the common court, as well as the instruments that the Special Courts have at the time
of re-analysis of the judgments made, emphasizing the importance of adopting the system precedents as a way of
standardizing the law and guaranteeing the legal security of the order.

PALAVRAS-CHAVES:
Special Courts; Binding Precedents; Resources.

1 INTRODUÇÃO
É amplamente sabido que o sistema judicial brasileiro enfrenta um grave problema
no que diz respeito ao seu abarrotamento. A quantidade de processos que tramitam é
exponencialmente maior do que a capacidade da justiça brasileira em atender a demanda da
1
Autora: Acadêmica em Direito da Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco.
2
Orientador: Bacharel em Direito pela Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco –
FACESF; Especialista em Direito Penal e Processual penal pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci –
Uniasselvi; Servidor efetivo e Conciliador no Tribunal de Justiça de Pernambuco; Professor de Direito.
população que invoca a tutela do Estado. Frente a esse problema, a Lei 9.099, de 25 de
setembro de 1995, dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Em seu art. 2º, a lei
apresenta alguns princípios norteadores da atividade nos juizados, são eles: oralidade,
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que
possível a conciliação ou transação.
O citado dispositivo legal deixa transparecer a intenção do legislador em diminuir a
burocratização, objetivando a economia processual, a celeridade do processo e o acesso à
justiça pelas camadas mais pobres, centralizando nos juizados as causas de menor
complexidade, possibilitando, inclusive, a faculdade de não se constituir advogado nas causas
de até 20 (vinte) salários mínimos.
Se, por um lado, tem-se a constituição de um sistema que tende a democratizar o
acesso à justiça e permitir que direitos sejam concedidos e satisfeitos de forma mais célere,
por outro, o procedimento e ferramentas que possibilitam às partes o direito de reanálise do
julgamento da demanda encontra suas limitações, visto que diferem do procedimento da
justiça comum, pois o duplo grau de jurisdição não é plenamente assegurado, como prevê o
Código de Processo Civil e a Constituição Federal de 1988.
O que se pretende discutir nesse trabalho é a uniformidade da jurisprudência dentro
dos juizados especiais, atentando-se aos objetivos dos recursos, que são de garantir uma maior
isonomia através de uma nova apreciação da matéria. Expondo, assim, o quanto o direito de
recorrer encontra-se prejudicado, haja vista que o sistema dos Juizados Especiais impede que
os Tribunais Regionais Federais e Tribunais estaduais examinem os recursos apresentados,
não permitindo ao jurisdicionado se socorrer ao Superior Tribunal de Justiça para garantir a
harmonização da interpretação de lei federal.
Dessa forma, o presente trabalho busca debater sobre a relação existente entre a
celeridade e simplicidade almejada pelos Juizados Especiais e o direito fundamental ao duplo
grau de jurisdição, consagrado pela Constituição Federal. Buscando solucionar a problemática
das restrições que o jurisdicionado enfrenta quando deseja recorrer de uma decisão nos
Juizados Especiais.
Dentre os objetivos específicos do trabalho é possível destacar a crítica a prevalência
da celeridade processual frente à insegurança jurídica causada pela possibilidade de não
uniformização dos julgamentos e dos recursos nos Juizados Especiais e entre estes e os
Tribunais superiores. Além de se analisar o emprego da racionalidade do direito dentro dos

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Juizados Especiais, examinando a aplicação da isonomia dentro dos processos que ali
tramitam, quando comparados àqueles que correm na justiça comum.
Objetiva-se, também, examinar a discricionariedade dos juízes e a necessidade da
uniformização do direito dentro de um ordenamento que adota o sistema de precedentes,
debatendo sobre o quão imprescindível é a estabilidade, coerência e integridade de um
sistema jurídico, a fim de que se obtenha uma maior consistência da norma, possibilitando a
compreensão dos impactos que a divergência interpretativa nos Juizados Especiais pode
provocar a curto e longo prazo.
Para atingir os objetivos pretendidos, a presente pesquisa utilizará uma abordagem
qualitativa, vez que procura compreender de que maneira a prevalência da celeridade
processual nos Juizados Especiais pode interferir na segurança jurídica, causada pela não
uniformização dos julgamentos nos Juizados, partindo das discussões já existentes sobre o
tema. Para tal, utilizará como procedimento essencial a pesquisa bibliográfica, buscando
discutir a problemática com base em referenciais teóricos publicados em livros, teses de
mestrado e doutorado, artigos disponíveis e revistas científicas com periódicos voltados para
os direitos fundamentais, tal como o duplo grau de jurisdição, mediante análise do sistema de
precedentes brasileiro e os estudos referentes à aplicabilidade do direito de recorrer nos
Juizados Especiais.

2 O CONCEITO DE RECURSO E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO


O duplo grau de jurisdição, considerado como princípio implícito do ordenamento
jurídico pátrio foi consagrado na Constituição Federal de 1988 e, embora não seja trazido de
forma expressa, é concebido assim pela doutrina majoritária. Nesse sentido, a doutrinadora
Teresa Wambier (2002, p. 140) afirma que “sem embargo de não vir expresso no texto
constitucional, o princípio do duplo grau de jurisdição é considerado de caráter
constitucional em virtude de estar umbilicalmente ligado à moderna noção de Estado de
Direito”.
Dentre as diversas conceituações, tem-se a definição trazida pela doutrinadora
Djanira Maria Radamés de Sá (1999, p. 88), que afirma que o duplo grau de jurisdição versa
na “[…] possibilidade de reexame, de reapreciação da sentença definitiva proferida em
determinada causa, por outro órgão de jurisdição que não o prolator da decisão,
normalmente de hierarquia superior”.

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Neste sentido, pode-se afirmar que o instituto do duplo grau de jurisdição se
instrumentaliza principalmente através dos recursos, que são os meios legítimos de reanálise
da matéria, apto a realizar a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento da
decisão judicial que se impugna, já então julgada por instância hierarquicamente inferior à
revisora.
A esclarecedora definição a seguir apresenta a finalidade dos recursos:

Ele tem por finalidade a revisão da decisão recorrida – o que abrange sua reforma
(mudança do seu conteúdo), sua cassação (invalidação, para que outra venha a ser
posteriormente proferida em seu lugar), complemento (integração) de omissões,
esclarecimento de contradições e obscuridades ou a correção de erros materiais.
(WAMBIER; TALAMINI, 2016, p. 469).
Os recursos surgem como uma forma de obstar os atos judiciais eivados de vícios,
erros de procedimento e julgamentos e constituem uma faculdade da parte que deseja
modificação da decisão proferida. Alguns dos recursos têm origem na própria Constituição,
como são os casos dos Recursos Ordinário, Especial e Extraordinário. Já outros são
encontrados na legislação própria que disciplinam as competências para o exercício
jurisdicional, como é o caso da legislação processual civil, trabalhista ou penal.
Pois bem, a possibilidade de impugnação das decisões, que se efetiva principalmente
pelos recursos, atribui ao ordenamento uma maior segurança jurídica, pois minimizam as
chances de que a matéria apreciada tenha tido interpretação contrária à lei, ou mesmo análise
imperfeita dos fatos, de modo que os possíveis erros no procedimento da demanda podem ser
corrigidos, permitindo, assim, a possível concretização de uma decisão satisfatória e
concludente às partes.

3 A APLICAÇÃO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO DENTRO DOS PROCESSOS


QUE TRAMITAM NOS JUIZADOS ESPECIAIS
Os Juizados especiais surgiram como uma alternativa à população na solução de seus
conflitos, de modo que a proposta era que os processos que ali tramitassem tivessem respostas
mais céleres e que os procedimentos ali implementados fossem simplificados, desde a fase
inicial até o momento de recorrer, quando a parte se encontrasse insatisfeita com a decisão
proferida. A lei que institui os Juizados Especiais no Brasil é a de nº 9.099, de 26 de setembro
de 1995. O artigo 2º da referida lei sintetiza bem a que esta se propõe: “o processo orientar-se-
á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
buscando, sempre que possível, a conciliação ou transação”.

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Conforme definição do site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os Juizados
Especiais têm as seguintes competências:

Os Juizados Especiais Cíveis servem para conciliar, julgar e executar causas de


menor complexidade, que não excedam 40 salários mínimos, tais como: ações de
despejo para uso próprio; possessórias sobre bens imóveis; de arrendamento rural e
de parceria agrícola; de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao
condomínio; de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; de
ressarcimento por danos causados em acidentes de veículos, ressalvados os casos de
processo de execução; de cobrança de seguro, relativo aos danos causados em
acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; de cobrança de
honorários dos profissionais liberais, salvo o disposto em legislação especial.3
Sabe-se que nos Juizados Especiais a agilidade é quase que uma máxima nas
audiências, ao se observar como estas são conduzidas é possível perceber que muito se preza
pelo respeito ao horário das audiências e que a quantidade prevista de sessões seja realizada,
no mais, processos são solucionados em uma única audiência, o que se vê, por exemplo,
naquelas de conciliação e mediação.
Quanto a condução das audiência, sabe-se que o rito é bem mais simplista do que na
Justiça Comum, tendo em vista a possibilidade das partes se pronunciarem de modo menos
formal, utilizando-se basicamente da oralidade e com a possibilidade de ingressarem com a
ação sem constituir advogado. Tal procedimento é firmado no entendimento de que a parte
reconhece uma ameaça a seu direito, de maneira intuitiva e não necessariamente com o
embasamento em entendimento jurídico. De certo modo é um avanço e é o que trata Mauro
Capelletti e Bryant Garth (1988, p. 156) em sua obra Acesso à justiça, quando afirmam: “Se a
lei é mais compreensível, ela se torna mais acessível às pessoas comuns”, pois a metodização
dos Juizados assim possibilita.
No que diz respeito ao sistema recursal, frente a possibilidade de erros de julgamento
ou de procedimento ao prolatar uma sentença em sede de primeiro grau, na Justiça Comum as
partes dispõem do direito de ter a matéria decidida reexaminada por outro grau de jurisdição
hierarquicamente superior e, sobre o fulcro da jurisprudência do próprio Tribunal, buscar
solução semelhante para casos já julgados, alcançando a garantia de jurisprudência uniforme
e, consequentemente, da segurança jurídica.
É exatamente no sistema recursal que os juizados especiais enfrentam maior
problemática, como é possível verificar no art. 41 da lei 9.099/95, prevendo-se que da
sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o

3
CNJ. Conselho Nacional de Justiça. Juizados Especiais. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/poder-
judiciario/juizados-especiais/>. Acesso em 02 de maio de 2021.
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próprio Juizado. O respectivo parágrafo 1º diz que o recurso será julgado por uma turma
composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na
sede do Juizado.
Ao retirar da justiça comum a possibilidade de reanalisar a matéria, é percebido na
atividade dos juizados uma maior discricionariedade, haja vista que os juízes não se percebem
vinculados ao sistema de precedentes brasileiro.
É então que se verifica a grande afronta à segurança jurídica, visto que foi preterida
pelo legislador em relação à celeridade processual, não que esta não seja importante, mas os
resultados que se pretende obter devem ser o quanto possível satisfatórios e justos, assim
como destaca Luiz Rodrigues Wambier (2000, p. 84), o qual afirma que prestigiar a
celeridade pode redundar em desprestígio para segurança jurídica. Logo, a celeridade não
deve ser alcançada a qualquer custo, exatamente no ponto em que desprestigia a integridade,
coerência e a estabilidade do sistema jurídico.
Da leitura do art. 41, §1º, da Lei 9.099/1995, com relação a isonomia, há de
questionar a sua efetividade frente a Justiça Comum, tendo em vista que o legislador separou
os Juizados Especiais desta. É interessante observar o teor do artigo 47, que foi vetado,
justamente em razão do aumento da duração do processo, além do número de demandas
direcionadas aos Tribunais, contrastando com a busca da celeridade dos Juizados Especiais.
Havia, então, previsão do “recurso de divergência”. O disposto vetado dizia que:

A lei local poderá instituir recurso de divergência desse julgamento ao Tribunal de


Alçada, onde houver, ou ao Tribunal de Justiça, sem efeito suspensivo, cabível
quando houver divergência com a jurisprudência do próprio Tribunal ou de outra
turma de Juízes, ou quando o valor do pedido julgado improcedente ou da
condenação for superior a vinte salários mínimos.
A manifestação do então Ministro da Justiça Nelson A. Jobim a respeito do veto do
artigo 47 foi a seguinte:

O art. 47 do projeto de lei deve ser vetado, com fundamento no interesse público,
porque a intenção que norteou a iniciativa parlamentar foi propiciar maior agilidade
processual, o que não aconteceria com a sanção deste dispositivo, visto que ele
ensejaria o aumento de recursos nos tribunais locais, em vez de sua diminuição. Daí,
não mais haveria brevidade na conclusão das causas, contrariando todo o espírito
que moveu a proposição e que traduz o anseio de toda a sociedade brasileira. (DOU,
1995, p. 15058)
O argumento suscitado para realização do veto evidentemente não está equivocado, a
criação do recurso de divergência certamente provocaria um aumento no número de recursos
direcionados aos Tribunais locais, no entanto, tal argumento não justifica o desprestígio da
segurança jurídica. O veto do presidente enfatiza que o objetivo da lei seria tão somente

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desabarrotar o sistema judiciário. A declaração mostra ciência do quanto destoante poderiam
ser os julgamentos, mas que isso seria irrelevante ante a celeridade processual.

“Buscar um equilíbrio entre a razoável duração do processo e a segurança jurídica


é certamente o que assegura o respeito ao pleito trazido”. (KOEHLER, 2008, P. 19)
Acrescenta ainda o autor:

Em suma, é mais exato afirmar a existência não de um “duelo” entre segurança


jurídica e celeridade, mas sim da busca de um equilíbrio entre ambas. Um combate
entre duas garantias fundamentais não teria vitoriosos. Na relação, por vezes
conflituosa, entre segurança jurídica e a celeridade, afinal, deve prevalecer sempre a
razoabilidade, com o fito de atingir-se uma convivência harmônica entre ambas
(KOEHLER, 2008, P. 19)
Pois bem, a possibilidade de interposição do recurso de divergência nas hipóteses
elencadas diminuiria a problemática de limitação ao direito de recorrer dentro dos Juizados,
pois a matéria além de poder ser revista nos casos de divergência de entendimento, o que
traria maior conformismo e segurança para a parte, também iria corroborar com a
uniformidade que deve ser pretendida, principalmente dentro do próprio Tribunal e entre as
turmas de Juízes.

Nesse ponto é cabível destacar o quanto é nocivo que, dentro dos Juizados, ou
mesmo entre turmas de juízes, sejam admitidos entendimentos divergentes, uma vez que o
próprio Código de Processo Civil estabelece o dever de os Tribunais em uniformizar sua
jurisprudência, com um claro desígnio de manter a interpretação do direito estável e coerente.
Neste sentido, destaca-se a previsão do artigo 926, do Código de Processo Civil, que assevera:

Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável,


íntegra e coerente.
§ 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno,
os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência
dominante.
§ 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias
fáticas dos precedentes que motivaram sua criação.
Portanto, considerando que os Juizados especiais não fazem parte de um
microssistema separado de todo o ordenamento jurídico, mas que o integra, e que por isso
devem seguir as mesmas premissas, constituindo um todo harmônico, não é lógico que não
haja uma consagração do dever de vinculação dos juizados aos entendimentos consagrados
pelo sistema de precedentes.
O problema da isonomia também se verifica nas fundamentações das decisões, pois,
como rege o artigo 46 da Lei 9.099/95, as fundamentações devem ser suscintas e quando
tais decisões são confirmadas nas Turmas Recursais, pelos seus próprios fundamentos, a
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súmula do julgamento servirá de acórdão, destarte pra esse fundamento que nem sempre se
dá de maneira adequada, como nos padrões da justiça comum. Como observa Ulisses César
Martins de Sousa: “Isso leva ao absurdo, pois, muitas vezes, os inexistentes fundamentos da
sentença servem de fundamento para a sua confirmação” (SOUSA, 2012, s.p).
É certo que a agilidade nos processos é importante no âmbito dos Juizados especiais
assim como na justiça comum, mas o fato é que dar maior ênfase a tal, do que buscar a
solução mais adequada à demanda, coloca em desvantagem aqueles que optam por tal via
judicial, assim como tem grande impacto sobre a segurança jurídica do sistema, bem como é
possível se questionar se há isonomia e se aqueles que escolhem a justiça comum possuem
maior segurança, haja vista que lhes é assegurado o pleno direito ao contraditório, ampla
defesa e ao duplo grau de jurisdição.

4 A IMPORTÂNCIA DA UNIFORMIZAÇÃO DO DIREITO


Segundo breve definição de Ricardo Kalil Lage (LAGE, 2018, s.p), o sistema de
precedentes “pode ser explicado como a obrigatoriedade de seguimento de decisões de
Tribunais Superiores, cabendo a cada um destes a interpretação final da legislação no
âmbito de suas respectivas competências materiais, expandindo-se o alcance e aplicação
prática dos precedentes firmados”
O autor supracitado observa ainda que com criação dos recursos repetitivos
extraordinário e especial com as leis de nº 11.418/06 e 11.672/08, onde as mesmas
vislumbravam a efetivação do princípio constitucional da razoável duração do processo, quis
o legislador:

Auxiliar o desenvolvimento da padronização de procedimento nos âmbitos dos


tribunais, prestigiando a racionalidade do trabalho e a segurança jurídica das
relações processuais, tendo como finalidade primordial uniformizar a interpretação
da legislação constitucional e infraconstitucional sem exigir que os Tribunais
Superiores recebam milhares de recursos com casos idênticos sobre a mesma
questão de direito. (LAGE, 2018, s.p)
Complementando a definição de precedente trazida acima, é importante a
apresentação do seguinte conceito: “precedente é tido como um caso decidido que fornece
uma base para determinados casos posteriores envolvendo fatos ou questões similares e pode
ser dividido entre precedentes que um tribunal “deve” seguir e um precedente persuasivo
que tem respeito e cuidadosa consideração” (LINDQUIST, 2005, p. 1159).
Sabe-se que o precedente judicial desempenha importante papel nos sistemas
jurídicos, seja no common law, onde os precedentes possuem papel vinculante; ou mesmo no

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civil law, que embora o direito seja codificado, ainda assim há uma prevalência dos
precedentes no sentido persuasivo, e, em muitos casos, através da jurisprudência se tem um
valor vinculante dos precedentes, não é outra coisa, senão a aspiração por parte daqueles que
constroem o direito, de um ordenamento mais uniforme, com entendimentos o quanto
possível semelhantes, garantidores de um direito coerente e menos arbitrário, e que traga em
sua essência a concretude da justiça.
Assim, por ser absolutamente costumeiro que em situações semelhantes sejam
prolatadas sentenças absolutamente distintas, uma vez que juízes possuem interpretações
diferentes, que carregam concepções próprias, preconceitos, sentimentos e vivências, os
precedentes, mesmo quando não vinculantes, possuem importante influência no rumo de um
processo. Quando trazido e bem fundamentado assegura não só à parte, mas à sociedade como
um todo, o benefício do fortalecimento de determinado entendimento e uma maior confiança
no Judiciário, permitindo que embora livres sejam os juízes, há, assim como em todo sistema
equilibrado, o estabelecimento de limites, mantendo um todo coeso, embora divergente em
alguns pontos.
Uma das características marcantes e de grande importância dentro de um sistema de
precedentes é a previsibilidade em casos que muito se assemelham, claro que dentro do
possível, pois é natural que surjam demandas totalmente novas. A previsibilidade, quando
presente, diminui na parte o sentimento de incerteza. Isso não quer dizer que os
entendimentos não podem, nem devem ser modificados, mas que enquanto existirem é
importante que sejam respeitados e que a fundamentação das decisões siga a mesma linha de
embasamento.
Sabe-se que no Brasil, exceto nas situações de obrigatoriedade de observação do
entendimento dos Tribunais Superiores, existe uma prejudicial tendência de não se utilizar dos
entendimentos anteriores, como observa Marinoni (MARINONI, 2010, s.p), quando afirma
que “o atual sistema brasileiro padece da tirania de alguns juízes que gostariam de poder
impor as suas concepções morais sobre a Lei, a Constituição e a Democracia” .
Como bem retrata o autor Hermes Zaneti Jr (ZANETI, 2016, P.382):

Na tradição brasileira é função precípua do Poder Judiciário interpretar a


constituição e garantir sua aplicação uniforme em todo território nacional,
especialmente através do Supremo Tribunal Federal, em todas as matérias de direito,
público ou privado, submetendo o Poder Público ao crivo da constitucionalidade das
leis e dos atos administrativos, como garantia das posições jurídicas individuais e
coletivas do cidadão (ZANETI, 2016, P.382)

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Compete ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça uniformizar
o direito dentro do ordenamento jurídico. Entretanto, com a dificuldade de levar as demandas
dos Juizados aos Tribunais Superiores, bem como a inexistência de mecanismos de
vinculação dos juízes na seara dos Juizados Especiais, estes se dissociam do todo e dificultam
a homogeneidade dos entendimentos jurídicos. Como destaca Cambi . (CAMBI, 2017, p. 482)

O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, pela posição que


ocupam no sistema processual, produzem decisões que têm projeção e importância
em todo o território nacional. Logo, tais Cortes devem ser as primeiras a garantir a
uniformidade ao entendimento manifestado em sua jurisprudência e em seus
precedentes, a fim de nortear os demais integrantes do sistema de justiça para a
aplicação e interpretação do direito em situações futuras. (CAMBI, 2017, p. 482)
Pode-se dizer que a praticidade e celeridade exigidas pelos Juizados Especiais
coadunam com o sistema de precedentes, quando este tem em seu escopo o aproveitamento de
decisões anteriores, perfeitamente, seria esse um ideal formato de economia processual e
celeridade. Ainda, com o benéfico acréscimo da segurança jurídica. É o que se verifica na
definição de Bruno Garcia Redondo. (REDONDO, 2013, p. 401-418):

Assim, os precedentes judiciais, ao contrário da jurisprudência, não é uma tendência


de julgamento adotada por um tribunal à determinada questão jurídica, mas é a
própria decisão de determinada matéria, que possui potencial para servir de regra
para decisões judiciais de casos futuros envolvendo fatos ou questões jurídicas
similares (REDONDO, 2013, p. 401-418).
Quanto ao tema, é possível salientar em que os Juizados Especiais não convergem
com o sistema de precedentes brasileiro, a exemplo da impossibilidade de interposição de
recurso especial, instrumento constitucional que busca à uniformização das leis federais (art.
105, III, da Constituição Federal). A proibição se dá em virtude da previsão no texto
constitucional que devem ser julgadas em recurso especial “as causas decididas, em única ou
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios”. Como as turmas recursais dos Juizados Especiais não integram
os tribunais regionais nem mesmo os tribunais estaduais, eis a impossibilidade.
Conforme definição de Hans Kelsen em sua obra Teoria pura do Direito, 1999, pg.
278, o precedente nada mais é do que uma decisão judicial vinculante para casos semelhantes
subsequentes, o que leva a ideia de uma harmonização dos entendimentos e que as diversas
interpretações da norma devem possuir coerência, unindo-se entre si na formação de um todo
que se adapta ao caso concreto, mas que possui um elo com as demais decisões.
No que tange os Juizados Especiais, a busca pela celeridade processual acaba por
negligenciar a cultura dos precedentes, o problema se intensifica mais pela limitação dos
recursos que os juizados dispõem, pela composição da turma que os analisa, bem como pelo

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grau de jurisdição pelos quais esses recursos são submetidos, e nesse contexto se faz
necessário discutir o impacto que a arbitrariedade resultante dessa não vinculação traz aos
Juizados Especiais, quando por meio de alguns julgadores, que priorizam suas próprias
concepções morais e doutrinárias, a constância do sistema é afetada.
É preciso reconhecer que a facilidade de ingresso de ações nos Juizados Especiais
também causou um aumento substancial no número de demandas. Segundo o relatório Justiça
em números 2019, publicado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tramitavam nos
juizados cerca de 6,65 milhões de processos. Número que é justificado pela facilidade de
acesso a esse ramo da justiça. Junto a isso, a banalização das ações, como a exemplo daquelas
a título de danos morais, onde um mero dissabor e inabilidade de resoluções de conflitos
ínfimos, acabam com ingresso de uma ação judicial, atestando a necessidade de um sistema
previsível, uniforme e estável, como se objetiva com os precedentes obrigatórios. Nas
palavras de Eduardo Cambi:
O sistema de precedentes obrigatórios potencializa a projeção de um sistema
decisório íntegro, onde se possa ter maior previsibilidade das decisões, bem como
desestimular a propositura de ações infundadas. Afinal, a jurisprudência oscilante e
a irrestrita liberdade de interpretação judicial torna impossível a pacificação de uma
única posição jurídica sobre determinada matéria e coloca o ordenamento jurídico
em posição de instabilidade, razão pela qual se faz necessário retomar a
integralidade do direito e a coerência da ordem jurídica (CAMBI, 2017, p. 470).
Sobre a uniformização dos precedentes judiciais, expõe Cláudia Aparecida Cimardi:

A interpretação uniforme dos tribunais acerca de determinada norma jurídica serve


para fixar uma conduta-modelo a ser observada seja pelos membros do Poder
Judiciário que integram essas cortes, sejam pelos juízes das instâncias inferiores, ou,
ainda, pelos demais integrantes do sistema de justiça (servidores, membros do
Ministério Público, advogados etc.), além dos próprios cidadãos. Com isso, todos
podem direcionar sua atuação profissional e seu comportamento de acordo com as
regras fixadas nos textos positivados e na jurisprudência que venha aplicá-los e
interpretá-los, gerando uma maior previsibilidade do resultado de eventual confronto
levado ao Poder Judiciário. (CIMARDI, 2015, s.p.)
Logo, é fundamental a busca pela uniformidade das interpretações judiciais,
salientando que o entendimento coerente ultrapassa o âmbito judicial, pois é necessário que o
núcleo a respeito do que é justo, efetivo e eficiente seja compartilhado ao menos por maioria
das pessoas.

5 FORMAS DE REAPRECIAÇÃO DAS DEMANDAS NOS JUIZADOS ESPECIAIS

Conforme o mencionado relatório Justiça em números 2019, a recorribilidade nos


Juizados Especiais Cíveis é a maior quando comparada aos Juizados Especiais Federais e as
varas estaduais, conforme dados:

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A recorribilidade dos juizados especiais para as turmas recursais é maior do que da
justiça comum para o 2º grau, tanto na Justiça Estadual, quanto na Justiça Federal.
Das decisões proferidas nos JEFs, 25% chegam às turmas recursais e das decisões
proferidas nas varas federais, 12% chegam aos TRFs. Na Justiça Estadual, a
recorribilidade externa é de 12% nos Juizados Especiais e de 6% nas varas estaduais.
(Conselho Nacional de Justiça, 2019, p. 101).
Como já apresentado nos tópicos anteriores o regime recursal dos Juizados é dotado
de sistemática diferenciada, estes, como prevê o artigo 41 da Lei 9.999/1995 têm sua segunda
instância composta de Colégios Recursais.
Sabe-se que nas situações em que haja divergência na interpretação de lei federal, o
recurso especial é o instrumento constitucional que deve ser utilizado na resolução da
divergência jurisprudencial. De início, é importante destacar a impossibilidade de interposição
do Recurso Especial no âmbito dos Juizados Especiais, conforme enunciado da Súmula 203
do STJ, dizendo que “Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de
segundo grau dos Juizados Especiais”.
Não obstante, quando o que se busca resguardar é um texto de ordem exclusivamente
constitucional é possível então que os Juizados Especiais se utilizem do Recurso
Extraordinário, nos moldes do artigo 102, III, da Constituição Federal, conforme orienta o
enunciado da Súmula 640 do Supremo Tribunal Federal: “É cabível recurso extraordinário
contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma
recursal de juizado especial cível e criminal”.
Como forma de minimizar as limitações acima expostas, o Supremo Tribunal Federal
e o Superior Tribunal de Justiça por um tempo admitiam a via da reclamação prevista na lei
11.417/06 assim como no artigo 988 do Novo Código de Processo Civil, como forma
excepcional, diante da inexistência de órgão uniformizador a que se submeta os Juizados
Especiais, a fim de fazer prevalecer a interpretação legislativa infraconstitucional dada pela
jurisprudência do STJ, haja vista o evidente risco de manutenção de decisões divergentes
quanto à interpretação de leis federais, que gera insegurança jurídica.
No entanto, a vida da reclamação não vem sendo mais admitida, nesse sentido o STJ
decidiu em AgInt nos EDcl na RECLAMAÇÃO Nº 41372 - SP (2021/0032788-4) que o
instrumento da reclamação não é a via adequada para analisar a distribuição interna da
competência no âmbito do TJ/SP, tampouco para o exame de eventual ilegalidade da
Resolução nº 759/2016, que delegou à Turma de Uniformização do Sistema dos Juizados
Especiais do Estado de São Paulo a competência para julgar reclamações ajuizadas com o
propósito de dirimir divergência entre acórdão de Turma Recursal e entendimento do STJ.
Como segue no julgamento:

12
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NA RECLAMAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE ACÓRDÃO DE
TURMA RECURSAL E PRECEDENTE DO STJ. COMPETÊNCIA. CORTE
LOCAL. RESOLUÇÃO STJ N. 3/2016. EXAME DA COMPETÊNCIA INTERNA
DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
INVIABILIDADE. MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA DO AGRAVO INTERNO.
APLICAÇÃO DA MULTA DO ART. 1.021, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL PC/15. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ CARACTERIZADA. APLICAÇÃO DA
MULTA PREVISTA NO ART. 81, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL /15. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DESCABIMENTO. BRASÍLIA.
(Superior Tribunal de Justiça. AgInt nos EDcl na RECLAMAÇÃO Nº 41372 - SP
(2021/0032788-4). DIVERGÊNCIA ENTRE ACÓRDÃO DE TURMA
RECURSAL E PRECEDENTE DO STJ. FFE CONSTRUCOES,
INCORPORACOES E PARTICIPACOES LTDA versus CONSTRUTORA
ALAVANCA LTDA. Relatora: MINISTRA NANCY ANDRIGHI. Brasília, 04 de
maio de 2021. Jurisprudência do STJ, p. 1).

Pois, conforme a jurisprudência emanada recentemente pelo STJ em outro


julgamento, o entendimento se mantém:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NA RECLAMAÇÃO. ACÓRDÃO
RECLAMADO. JUIZADO ESPECIAL. COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS
ESTADUAIS. RESOLUÇÃO N. 3/2016. DECISÃO MANTIDA. 1. A Resolução n.
3/2016 atribuiu às câmaras reunidas ou às seções especializadas, do respectivo
Tribunal de Justiça, a competência para processar e julgar, em caráter excepcional,
até a criação das turmas de uniformização, as reclamações que visam a dirimir
divergência entre acórdão prolatado por turma recursal estadual e jurisprudência do
STJ. 2. Agravo interno a que se nega provimento. BRASÍLIA. Superior Tribunal de
Justiça. AgInt na RECLAMAÇÃO Nº 39961 - AL (2020/0079084-2 . ACÓRDÃO
RECLAMADO. JUIZADO ESPECIAL. COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS
ESTADUAIS. RESOLUÇÃO N. 3/2016. DECISÃO MANTIDA. GEAP
AUTOGESTAO EM SAUDE versus ELIZA MAGNA DE SOUZA BARBOSA.
Relator MINISTRO ANTONIO CARLOS FERREIRA. Brasília, 21 de abril de
2021. Jurisprudência do STJ, p. 1.

Quanto a reclamação é importante destacar as suas limitações, conforme observa


Paulo Henrique dos Santos Lucon:

Apenas questões de direito material podem ser discutidas nessa sede, e, além disso,
somente será cabível a reclamação quando houver julgamento de recurso repetitivo,
enunciado de súmula ou uma multiplicidade de precedentes sedimentando posição
pacífica acerca do tema. (LUCON, 2011, p. 14)
No aspecto da limitação da análise material é importante levantar a inevitável
constatação trazida por Eduardo Cambi: “Não há por que limitar o pedido de uniformização a
questões materiais, quando questões processuais também podem suscitar divergência e são
igualmente relevantes” (CAMBI, 2002, p. 177).

Ainda, no tocante a reclamação, maioria da doutrina não a admite como recurso,


como observa Bruno Augusto Sampaio Fuga: “Assim, embora grande parte da doutrina
tenha afirmado não tratar de recurso, pois o objetivo da reclamação é ao fim apenas fazer
com que seja cumprida decisão do tribunal em determinado caso concreto, ou mesmo,

13
apenas preservar sua competência pelos precedentes” (FUGA, 2020, s.p). O que demonstra
que o instrumento é utilizado de maneira paliativa.
Com a resolução nº 12/2009 foi possível que as partes ajuizassem reclamação no STJ
contra decisão de turma recursal quando esta afrontasse a sua jurisprudência. No entanto, em
2016 com a emenda regimental nº 22/2016 essa resolução foi revogada, recriando a lacuna
existente antes de 2009. Observa-se que:

Essa lacuna, por sua vez, não foi suprida pela edição da Resolução nº3/2016, que
manteve a inacessibilidade do STJ ao prever que a competência para processar e
julgar as reclamações destinadas a dirimir divergência entre acórdão prolatado por
Turma Recursal e a jurisprudência do STJ seria dos próprios Tribunais de Justiça e
do Distrito Federal. (CHINI; ROCHA, 2017, s.p)
O autor acrescenta ainda: “De sorte que o quadro atual é de absoluta incerteza, não
se sabendo qual é o juízo competente para julgamento das reclamações refente à divergência
entre a decisão da Turma Recursal e a jurisprudência do STJ”. (CHINI; ROCHA, 2017, s.p)

Assim, diferentemente do que é garantido aos Juizados Federais e nos Juizados


Fazendários, os Juizados Especiais, diante da omissão legislativa da lei 9.099/95, padecem de
um estado de absoluta incerteza e insegurança jurídica, frente a inexistência de órgão
uniformizador de suas decisões.

Ilustra tal controvérsia o Enunciado 109 do FONAJE (Fórum Nacional dos Juizados
Especiais), atualmente cancelado, em virtude de orientação firmada pelo STJ em sede de
recursos repetitivos (REsp 1.119.300/RS). Dizia o texto revogado:

É abusiva a cláusula que prevê a devolução das parcelas pagas à administradora de


consórcio somente após o encerramento do grupo. A devolução deve ser imediata,
os valores atualizados desde os respectivos desembolsos e os juros de mora
computados desde a citação (aprovado no XIX Encontro - Aracaju/SE). (FONAJE
BAHIA, 20210, s.p)
Tal enunciado acarretou controvérsias acerca do assunto, pois foram emitidas
várias sentenças que iam de encontro às decisões das cortes superiores, pois a maioria dos
Juizados Especiais se amparavam no enunciado, ainda que contrário ao entendimento firmado
pelo STJ, acarretando um cenário de insegurança jurídica e que demonstra a necessidade de
um órgão uniformizador na seara dos Juizados Especiais, bem como a solidificação da
vinculação ao sistema brasileiro de precedentes.

6 A DIVERGÊNCIA INTERPRETATIVA NOS JUIZADOS ESPECIAIS


A limitação ao direito de recorrer aos Tribunais Superiores no âmbito dos Juizados
Especiais vem mostrando que ao privilegiar a celeridade dos processos o legislador impactou
14
na segurança jurídica do ordenamento brasileiro, desde a própria estrutura dos juizados, até a
falta de vinculação aos precedentes judiciais, ocasionando possíveis estados de arbitrariedade
e grande divergência dos julgamentos.
Ante o exposto, o principal problema quanto às limitações a qual sofre os Juizados
Especiais é a segurança jurídica, que diante da celeridade e agilidade que foi privilegiada, se
vê ameaçada, pois, dada a composição das turmas recursais, o não direcionamento dos
recursos aos Tribunais, é claro que as interpretações da lei são diversas e permitem que os
juízes julguem com muito mais liberdade, liberdade essa que poderá trazer menor confiança
da população no Judiciário, e permitindo inclusive, que a arbitrariedade prevaleça sobre a
justiça e a coerência.
Dentro desse contexto, a diversidade dos julgamentos é inegável se considerado o
ordenamento jurídico como um todo, ainda que se obedeça a um sistema de precedentes,
quando a amostra é reduzida aos Juizados Especiais, dada a não vinculação, é possível
concluir que esse contraste é ainda maior, configurando um estado de disparidade e
insegurança jurídica. Como diz Neil MacCormick, fidelidade ao Estado de direito requer que
se evite qualquer variação frívola no padrão decisório de um tribunal para o outro
(MACCORMICK, 2005, p.188). Completando tal raciocínio Luiz Guilherme Marinoni afirma
que, múltiplas decisões para casos iguais revelam uma ordem jurídica incoerente
(MARINONI, 2010, s.p).
A credibilidade que é colocada em cheque, quando casos iguais com situações
jurídicas semelhantes tem soluções diversas, também aqui merece destaque, como bem
observa Claudio Lima Bueno de Camargo ao tratar da diferenciação da prolatação de
sentenças na seara da justiça comum e dos Juizados especiais, ou ainda nos órgãos
jurisdicionados no âmbito do próprio sistema dos Juizados:

De fato, gera insegurança e, ainda pior, desconfiança, máxime ao leigo a quem é


difícil, bem provável impossível, entender os motivos de seu caso ter resultado
diferente do adotado para um conhecido seu, morador em outras plagas.
(CAMARGO, 2015, s.p)
Um dos maiores impactos que o ordenamento enfrenta frente a divergência
interpretativa dos Juizados é o número de interposições de reclamações advindas do
inconformismo com decisões que destoam do entendimento do STJ. Além de ir de encontro a
celeridade processual, a clara insegurança jurídica que essas decisões, assim como aquelas
que divergem do entendimento do STF e dos Tribunais nos quais os Juizados estão
vinculados, alertam para a urgente necessidade da criação de um mecanismo de controle

15
desses julgados, como forma de diminuição do número de demandas de reanálise da matéria e
maior coerência interpretativa.
No mais, não vincular os Juizados Especiais à Justiça Comum vai de encontro a
unicidade do sistema jurídico, nesse contexto, não fortalece o sistema de precedentes, que tem
crescido no Brasil e a cada dia mais encontrado seu espaço, com tendência a maior vinculação
no âmbito dos Tribunais. Ante o exposto é como se importante instrumento de acesso a justiça
não evoluísse junto a tendência brasileira dos precedentes e que a busca pela celeridade não se
submetesse nem mesmo a tal essa evolução. Em análise apurada dos posicionamentos acerca
dos objetivos do Juizados é claramente perceptível que a celeridade é enfatizada a qualquer
custo. Em entrevista ao site do Conselho Nacional de Justiça, a ex-corregedora Nancy
Andrighi quando questionada sobre os desafios pelos quais os Juizados enfrentam, a mesma
destacou a necessidade de mudança de postura por parte dos magistrados que atuam nos
juizados. Para a ministra eles devem ter papel proativo sob pena de se igualar sistemas de
justiça especial e comum, distintos e incompatíveis (Conselho Nacional de Justiça, 2015, s.p).
Diante dessas palavras, além de apreender o objetivo de separação entre a Justiça comum e os
Juizados Especiais, neste fica evidenciada a preocupação em se buscar antes mesmo de uma
solução adequada a rapidez do julgamento.
É evidente que o julgamento adequando é tão importante quanto uma resposta célere,
pois se só assim fosse não haveria sentido da instituição do segundo grau de jurisdição
tampouco a interposição de recursos. O cidadão brasileiro, que hoje se aflige com a
morosidade do judiciário deseja, antes de tudo, que sua causa seja avaliada com o devido zelo
e resolução satisfatória. No entanto, é preciso se entender que os procedimentos de uma ação,
por mais eficientes que sejam demandam um tempo, e somente com vistas a razoabilidade é
possível conciliar a eficiência e a celeridade processual. No texto que trata da EC nº 45/2004,
BARBOSA MOREIRA (BARBOSA MOREIRA, 2006, p.187), posicionou-se de maneira
louvável, embora em contexto diferente a fala se encaixa no tem aqui debatido, eis a redação:

(…) é hora de aceitarmos, com suas inevitáveis consequências, uma verdade


fundamental: a de que jamais se logrará construir um sistema de Justiça que concilie
de maneira perfeita a rapidez do funcionamento com preservação de garantias de
que, no presente momento histórico, dificilmente se poderia abrir mão. Alguma
concessão sempre se terá de fazer, e é mister boa dose de prudência para buscar o
necessário equilíbrio entre valores não raro contrapostos.
Assim, deve se enfatizar que a celeridade, embora necessária e desejada por todos
aqueles que recorrem a Poder Judiciário não pode se contrapor a segurança jurídica, como se
fossem princípios inconciliáveis. Consagrar a celeridade dentro de uma seara não pode

16
permitir que a emissão de uma decisão justa seja sacrificada, a segurança jurídica é o que
garante o contentamento das partes, pois de nada adianta que a reposta tenha sido rápida, mas
que a fundamentação não tenha sido devidamente explorada, tampouco o justo firmado.

8 CONCLUSÃO
A abordagem do presente artigo buscou refletir acerca do papel dos recursos dentro
dos Juizados Especiais Cíveis, evidenciando a afronta ao processo democrático de direito
brasileiro, ao se privilegiar a celeridade e economia processual, em detrimento da garantia do
segundo grau de jurisdição, atribuindo a devida importância a segurança jurídica, enfatizando
a necessidade de sua correta estruturação.
As limitações ao direito de recorrer que os Juizados Especiais enfrentam pela
impossibilidade de acesso a instâncias superiores sinalizam a importância de um debate
acerca do respeito ao princípio do segundo grau de jurisdição, além da uniformização do
direito.
Dentre os pontos observados foi enfatizada a importância da busca do equilíbrio entre
a celeridade processual e a segurança jurídica, em uma espécie de convivência harmônica
entre os dois princípios, onde antes de tudo, a razoabilidade seja alcançada na resposta a
pretensão jurídica, dentro de um sistema que seja sobretudo estável e coerente.
Com relação ao sistema de precedentes, que vem sendo adotado no Brasil, muito
embora o Direito brasileiro seja codificado, é clara a necessidade da adoção desse sistema
dentro dos Juizados Especiais Cíveis, sobretudo como uma forma de garantir a uniformização
do direito, com a devida observação das orientações que são emanadas pelos Tribunais
Superiores, tendo em vista o inconformismo e sentimento de insegurança que é gerado,
quando dentro do Juizado, ou mesmo entre Turmas distintas são proferidas decisões tão
diferentes para casos que são semelhantes.
Ainda, é relevante observar que um sistema jurídico que pretende garantir a segurança
jurídica do ordenamento, necessariamente precisa se revestir de considerável previsibilidade
das suas decisões. É exatamente nesse sentido que o sistema de precedentes evidencia a sua
importância na formação de um todo coeso, em que os julgamentos se adaptam ao caso
concreto, mas possuem um elo com as demais decisões, assegurando antes de tudo uma
constância nas fundamentações e diminuindo as incertezas e inseguranças dos jurisdicionados.

17
Pode-se constatar que o processo de uniformização do direito atualmente é mais do
que nunca desafiador, e por isso é tão necessária a devida vinculação dos juízes que integram
os Juizados Especiais, em um constante aprimoramento e busca por decisões que sigam a
mesma linha de fundamentação, quando diante de casos semelhantes, numa garantia mínima
de coerência processual e material, assim como a concretização do respeito aos precedentes e
diminuição da arbitrariedade.
Assim, as discussões aqui trazidas buscaram refletir acerca do aprimoramento do
sistema recursal dentro dos Juizados Especiais, embora seja um olhar desafiador, pois o que
se buscou assegurar com a lei 9.099/95 foi a celeridade e economia processual, não podem
carecer de insegurança jurídica àqueles que buscam essa via judicial na busca da solução de
suas demandas.
É importante constatar que o estabelecimento de um sistema de precedentes tende a
desestimular a propositura de ações infundadas, o que poderia diminuir o número de
demandas levadas aos Juizados, bem como a interposição de recursos, possibilitando assim,
que os processos corressem de forma mais célere, exatamente como se pretendeu com a
instituição da lei 9099/95.
Logo, o duplo grau de jurisdição que se reveste da possibilidade de reapreciação da
demanda, que possibilita aos atores do processo um olhar diferente e uma apreciação por
outro grau de jurisdição, instrumento esse que minimiza os erros, que possibilita a retratação e
o ajuste das decisões, quando equivocadas, não pode suportar um sistema recursal com
lacunas, pois isso acentua o estado de insegurança jurídica, antes proporciona uma
experiência de incerteza e um crescente sentimento de desconfiança no Poder Judiciário.

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9 REFERÊNCIAS

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