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06/11
Logo, sucessão testamentária ocorre quando o autor da herança quer dispor. É uma
vontade totalmente espontânea e não pode estar vinculada a qualquer outra finalidade ou
escopo. Eu quero dispor daqueles bens porque quero agraciar aquelas pessoas.
Para além disso, nós temos a possibilidade da sucessão testamentária ser feita de maneira
integral ou de parte dela acontecer de forma vinculada.
Ex: A possui 2 milhões de reais de patrimônio ( tem um irmão, os pais já faleceram, não tem
filhos, não é casado e nem em união estável). Ele está livre para dispor seus bens. Se o
autor quiser pode ou NÃO contemplar o irmão. O irmão é colateral, o primo, o tio, o sobrinho
são herdeiros colaterais. Logo, eles são legítimos, mas não são necessários, e não sendo
necessários eles não possuem essa garantia dos 50% da metade do patrimônio que tem
que ser destinada.
§ 1º do art. 1857 – A legítima dos herdeiros necessários não poderá constar em testamento,
devendo ser retirada. Sempre que estivermos falando de testamento, estamos tratando de
patrimônio disponível. Uma coisa é a legítima e outra é o patrimônio disponível.
§2º do art. 1857 – O testamento é um ato de vontade, mas pode não ter características
patrimoniais, como por exemplo atestar o reconhecimento de filho em testamento. Ex: Pelé
por meio do testamento, reconheceu a existência de uma outra filha. Além disso, pode-se
ainda tratar sobre a figura da deserdação. Também o exemplo do testamento espiritual (carta
de intenções). Que a família se reúna todos os natais.
Art. 1881 – O codicilo é uma pequena disposição de menor monta (ex: a pessoa que quer
ser velada no Domingo e a missa na Igreja Nossa Senhora de Fátima). O codicilo como
próprio artigo diz possui características de menor repercussão econômica. Menor grau de
solenidade. O código nem dispõe sobre eventual descumprimento de cláusula de codicilo.
Art. 1899 – Este artigo conecta-se com o 1903. Uma outra característica que falamos
anteriormente é que o testamento é literal. Nós vamos aproveitar ao máximo a vontade do
testador. Ex: Um testador que testa um documento que seja permeado de erros do ponto de
vista da língua portuguesa. Se aquelas disposições forem possíveis de serem cumpridas
(exequíveis), o testamento terá validade. O fato de conhecimento da língua portuguesa não
é um requisito para fazer uma discriminação daqueles que conhecem mais ou menos da
gramática da LP. Esse artigo 1899 é importante na medida em que as interpretações (o
testamento) ele deve ser interpretado por ele mesmo. Posso utilizar de outros meios para
saber qual foi a vontade daquele testador? Poder até pode. Ex: diário para direcionar a
disposição, não há problema. Todavia o ideal é que o testamento seja interpretado por ele
mesmo. Assegurar a melhor vontade do testador.
Art. 1900 e 1901 – Trazem questões referentes a nulidade e validade das disposições
testamentárias. Também o 1903 e 1909 – artigos que merecem um maior grau de atenção.
NULIDADES DA DISPOSIÇÃO:
Art. 1900 – inciso I (Condição captatória) – quer dizer a chamada troca de interesses. É
aquela em que há o favorecimento de alguém e esta favoreça uma outra pessoa. Ex: Coloco
o filho de A no meu testamento, visando o cargo de tal empresa. Com isso eu estou viciando,
maculando o testamento. O testamento não se presta a isso, sem vincular a interesses. As
condições captatórias são nulas.
Inciso II – Eu digo no testamento que é o Felipe. (Vamos a partir do art. 1899 saber quem é
esse Felipe. Será que é alguém que ele conheceu? Não se consegue identificar no
testamento, nem em outros documentos quem é esse Felipe, nem no trabalho, na
vizinhança). Logo esse Felipe se torna pessoa incerta. Essa disposição será decretada nula.
Logo aquele legado ou quinhão hereditário do qual havia sido anteriormente destinado vai
para os herdeiros necessários e caso não haja, para os herdeiros colaterais, e caso não haja
nenhum para jacência e vacância.
Inciso III – quem deve fazer a disposição? O testador. Ele é que em via de regra faz a
determinação de um legado ou quinhão hereditário. Ex: Eu quero que a Carolina determine
um determinado legado aquela pessoa da padaria que todos os dias me cumprimenta. Essa
disposição não faz o menor sentido. Eu estou atribuindo um ato personalíssimo a um ato de
terceiro (clausula incerta).
Inciso IV – Ex: Carolina. Diga quanto Gustavo deve receber(fixar valor). Quem deve fazer a
disposição é o testador.
Inciso V – pessoas do 1801 e 1802 (quem escreveu o testamento, tabelião, etc). Pessoas
que tiveram acesso ao conteúdo do testamento. Logo, tiveram informações privilegiadas. A
posição dessas pessoas deve ser de neutralidade, imparcialidade inclusive se abstendo de
recomendar ou influenciar a vontade do testador, ou seja, no conteúdo.
VALIDADE DA DISPOSIÇÃO:
Art. 1901
Inciso I – Pessoas incertas e legados atribuídos por terceiros. Digamos que eu frequente
determinada Igreja todos os domingos. Encontro com a família Silva e todas as vezes que
eu estou ali, eles estão lá. Eles são incertos, mas certos. Nesse caso, é possível que o
terceiro o faça. São pessoas incertas, mas determináveis.
Inciso II – Sujeito que faleceu de câncer e foi tratado no fim da vida por um determinado
corpo médico. Esse corpo médico fez todo esforço possível, foi atencioso, generoso e
carinhoso com aquela pessoa. Infelizmente foi impossível reverter o quadro clínico, todavia,
aquela pessoa estava tão agradecida com o corpo médico que ela queria que alguma coisa
ficasse para eles. Nesse caso, ela poderia passar a atribuição para um terceiro para
determinar o legado.
1899 – No testamento deve se buscar a melhor interpretação para assim fazer a vontade do
testador.
1903 – João Sousa com S e o João Souza com Z. Não é um erro que impede que saibamos
que é o melhor amigo do testador, colega de trabalho. Exemplo 2: Inversão de sobrenome
Campos Silva ou Silva Campos. Conviveu a vida inteira com esse sujeito. Há diários,
conversa de Whats que demonstram isso. O erro por si só não pode ter o condão de anular
a disposição em observância ao artigo 1899.
Atenção: O testamento só não será cumprido quando for impossível aquela disposição ser
entregue a sua finalidade. Vamos sempre pensar a nulidade em caráter excepcional.
Devemos averiguar se a cláusula pode ser cumprida e nada que venha macular por completo
a cláusula testamentária.
SÃO ANULÁVEIS:
Art. 1909
Erro, dolo e coação são atos anuláveis. Se em 4 anos eu não buscar em juízo a anulabilidade
daquela disposição testamentária, ela será considerada válida. É diferente de uma
disposição nula do art. 1900 que dali nada se aproveita.
Ex: Eu fiz a disposição de uma casa ao João Souza no testamento. Entre a realização do
testamento e a abertura da sucessão, houve uma mudança patrimonial de modo que a casa
se perdeu(não existe mais). O legado não poderá ser cumprido. A casa não me pertence
mais no momento da abertura da sucessão.
Art. 1913 Legado Modalou condicional (exceção) – É aquele legado que eu condiciono. Ex:
Fulano, eu vou te passar uma casa de praia na cidade de Cabo Frio(de frente para praia,
500m2) no valor de 1 milhão, desde que você passe o seu APT no Leblon para fulano de tal.
Legado modal serve para aquela ocasião em que eu quero favorecer duas pessoas, porém
eu não disponho de patrimônio para favorecer as duas ou eu não quero favorecer as duas
na mesma proporção. Aí o legatário, diz: Não quero. O efeito será de renúncia.
Art. 1914 Se eu tenho uma determino terreno e eu tenho direito a 50%, pois ele foi adquirido
no regime de comunhão parcial. Como eu estou falando de um patrimônio numa esfera
personalíssima, eu só vou passar 50%, pois diz respeito ao meu patrimônio e não ao
patrimônio do cônjuge. Portanto eu só vou passar 50% do lote.
Art. 1915 – Legado é um bem específico e para o seu melhor cumprimento, é que este bem
seja melhor individualizando. Ex: Um automóvel, placa tal, chassi tal.
Posso fazer uma disposição genérica: Um automóvel, uma obra de arte...
E aí eu vejo que o testador não tem o carro ou a obra de arte, pois foi genérica. Isso
possibilita que a cláusula seja cumprida. Caberá a testamenteiro fazer valer a vontade com
a compra do bem e passar a quem de direito. Porque o 1915 vale em contrapartida ao 1912?
Porque ele não está infringindo a regra geral do legado? Porque trata de uma disposição
genérica. Se fosse específico, não poderia cumprir caso não tivesse pois não faz parte do
patrimônio.
Art. 1916 – Eu leguei a determinada pessoas 3 cavalos. Porém no momento da abertura da
sucessão um morreu. Vai valer a disposição testamentária? Sim. Tá em quantidade inferior.
Legatário você teria direito a 3, mas agora você tem dois? Você quer? Ele pode renunciar
aqui também.
Art. 1917 – Exemplo da joia que está guardado em sala tal, do banco tal, todavia vou lá e
identifico que a joia não está lá. Se eu não encontrar a joia, perdeu-se o legado. Não vai
produzir efeito, a não ser que a joia esteja em reparação a título transitório para reparação.
Outro exemplo comum é com relação a sacas de café que foram transferidas da Fazenda A
para Fazenda B.
Art. 1918 – Eu era credor de Joaquim. Aqui há a transmissão do crédito em legado. (Valor
ao tempo da morte). Vale lembrar que esse valor é relativo ao valor ao tempo da morte do
testador.
Art. 1919 - Muito raro. Ex: Meu filho me pede 100 mil reais em vida. No meu testamento eu
deixo quitada esta dívida. Depois disso, ele me pede um novo empréstimo, porém essa
segunda dívida não entra na razão de quitação disposta no testamento referente a primeira.
Não se comunicam. As segunda será contabilizada na quota parte do herdeiro. Legado de
crédito é como qualquer outro tipo de legado.
Art. 1920 – Alimentos vai compreender uma série de coisas que compreendem a
subsistência. Típico exemplo de condição resolutiva. Legado de alimentos. Quando o
legatário falecer resolve o legado de alimentos.
Art. 1921 – Legato de Usufrutos. Deixei um determinado imóvel e esse imóvel tem uma
questão de aluguel. Se eu não dispuser nada em termos específicos de testamento dizendo
que esse legado terá o usufruto de 10 anos, 15 anos, qualquer for o tempo, se nada for dito
vai se presumir que é para a vida toda (Vitalícia).
Art. 1922 – Diz respeito se eu tenho um lote no tocante a 1000 metros quadrados, e como
passar do tempo fui adquirindo outros lotes contíguos. Se eu não fiz qualquer tipo de
disposição falando que o legado é referente ao lote de 1000m2 e das áreas contíguas, eu
não posso inferir que eu vou ter o legado como um todo. Eu vou ter o legado apenas de
1000m2.
ESPÉCIES DE LEGADO
a) Legado de coisa alheia (art. 1912 do CC). É ineficaz. Obsta o legado de coisa certa que
não pertença o testador.
b) Legado de coisa comum (art. 1914 do CC). Vale com relação a parte que pertencer ao
testador.
c) Legado de coisa genérica (art. 1915 do CC): Se o legado for de coisa que se determine
pelo gênero, será o mesmo cumprido. Obs: mesmo que tal coisa não exista entre os bens
deixados pelo testador.
d) Legado de coisa singular (art. 1916 do CC): Se o testador deixar coisa sua
(singularizando-a), o legado terá eficácia se ao tempo do óbito a coisa se achava entre os
bens da herança.
e) Legado de coisa localizada (art. 1917 do CC); O legado de coisa que deva se encontrar
em determinado lugar só terá eficácia se lá estiver (for achada), salvo removida a título
transitório.
f) Legado de crédito e de quitação de dívida (art. 1918 do CC); terá eficácia somente até
a importância desta ou daquele, ao tempo da morte do testador.
g) Legado de alimentos (art. 1920 do CC); Abrange o sustento, a cura, vestuário e a casa,
enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.
h) Legado de usufruto (art. 1921 do CC); Sendo realizado pelo testador, sem fixação de
tempo, entende-se como vitalício.