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1.

Isabel Pires de Lima menciona o reflexo que a infância de Eça teve na sua obra – “Os
Maias”. Um exemplo que comprova a afirmação de Isabel Pires Lima é o facto de
raramente encontrarmos uma família estruturada (com pai, mãe e filhos) nos Maias, pois
o próprio Eça não teve uma família assim. Sua mãe, Carolina Pereira d’Eça, engravidou
de José Maria Teixeira de Queiroz aos 19 anos, mas o pai desta não aceitou o casamento
entre os dois. Eça nasce, na Póvoa de Varzim, e como os seus pais não estavam casados,
e isso, naquela época, era considerado indecente, ele acaba por ser criado sem a
presença destes e sendo registado como filho de mãe incógnita. Inicialmente era
acompanhado por uma ama, mas esta, pouco tempo depois, faleceu, então Eça viveu até
aos 10 anos no solar dos avós paternos. Eventualmente o pai de Carolina d’Eça falece e
esta casa com José Maria de Queiroz, mas Eça não é assumido como filho legítimo do
casal até muitos anos mais tarde. Depois dos 10 anos de vida, Eça foi para um colégio
interno – o Colégio da Lapa, no Porto. Ou seja, Eça viveu pouco tempo com família.
Outro exemplo que comprova a afirmação de Isabel Pires de Lima é o facto de nos
Maias, a figura paterna e titular de Carlos ser o seu avô paterno Afonso da Maia, pois a
figura titular de Eça acabou por ser o seu avô paterno também. Quando foi diplomata,
Eça viajou pelo mundo sempre acompanhado pelo retrato do seu avô. “O papá, a mamã,
os seres amados, estavam ali todos – no avô.”.

2. Duas profissões que Eça desempenhou, mencionadas no vídeo, foram redator do


distrito de Évora e administrador do concelho de Leiria.

3. Muitos escritores rechearam as suas escrituras com assombramentos pessoais e Eça


não é exceção. Eu considero que ele ganhava inspiração, para os títulos das suas obras,
dos espaços e acontecimentos que o rodeavam. Por exemplo, o livro “A Cidade e as
Serras”, foi desenvolvido após o escritor visitar a Quinta de Tormes e ter uma epifania.
Ele ganha inspiração para novas histórias e títulos destas, sempre que se depara com um
ambiente que lhe transmita algo de novo. Talvez seja a curiosidade ou a emoção de se
encontrar num espaço diferente, mas eu acho que Eça se influencia por aquilo que o
rodeia.

4. O objetivo de Eça, no livro “Os Maias”, não é contar a saga trágica de uma família
nobre. Eça, através de sua obra, quer falar de Portugal inteiro, que naquela época estava
construído por uma burguesia romântica, satirizando-o, analisando-o e dissecando-o
como se fosse um cadáver, daí o subtítulo do livro – “Episódios da vida romântica”. Tal
como Carlos Reis diz: “Não há reflexão sobre a sociedade portuguesa no séc. XIX que
não seja uma reflexão sobre o romantismo em Portugal.”. E é isso que Eça faz – uma
reflexão sobre a sociedade portuguesa romântica que vive num Portugal Romântico.

5. Segundo Carlos Reis e António Costa Pinto, o que Eça punha em causa não era o
cristianismo em si, mas o peso institucional excessivo da igreja e o facto da igreja ser
inimiga da modernidade. Estas são as razões subjacentes ao anticlericalismo de Eça.
6. O autor faz críticas à educação característica do Romantismo. A educação das
crianças causava os vícios do Romantismo, tais como: a melancolia, a sensibilidade
extrema, a visão demasiado emocional do mundo, … isto pode ser visto na personagem
Pedro da Maia, que recebeu uma educação tradicional, baseada sobretudo na religião.
Pedro foi educado pelo Padre Vasques, recebendo dele uma educação retrógrada, em
latim (língua morta), e crescendo com características de personalidade parecidas às de
sua mãe, Maria Eduarda Runa. Devido a esta educação e ao facto de Pedro ser muito
protegido, ele cresceu com uma saúde débil (pois não praticava desportos), fraco,
medroso, sensível … e essas características de Pedro são comprovadas quando ele perde
a sua mãe e quando a mulher que ele amava, Maria Monforte, o abandona por um
italiano, levando também a sua filha, Maria Eduardo consigo, e apenas deixando para
trás o filho Carlos Eduardo. Pedro não aguenta tudo e acaba por se suicidar. Se ele
tivesse tido outro tipo de educação talvez conseguisse superar a situação.

7. Os pesos dos desfeitos dos vícios do romantismo caiam, sobretudo, na condição da


mulher. Eça representa, nas suas obras, mulheres fúteis, com comportamentos
inadequados (ex.: Maria Monforte e Condessa de Gouvarinho). Estes comportamentos
provinham de uma educação romântica, de leituras românticas, das músicas e
convivialidade romântica.

8. Na opinião de Isabel Pires de Lima, o escritor apresenta uma imagem muito


superficial das mulheres nos seus romances pois as mulheres tiveram pouco presentes
no seu quotidiano. Ele não teve a presença de sua mãe enquanto crescia e casou-se
tarde, quando tinha já 40 anos, com Emília de Castro.

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