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Ficha de leitura – Beatriz Pereira 11G

1. Título: “O Tatuador de Auschwitz”; 2. Autor: Heather Morris; 3. Editora: Editorial Presença

A história começa em abril de 1942. Lale, um homem de 24 anos vive com a sua família em
Krompachy, Elováquia. Uma noite, leram um cartaz que dizia que cada família judia teria de
entregar um filho com idade igual ou superior a 18 anos, para trabalhar para o governo
alemão. Lale voluntariou-se para ir em vez dos irmãos. Alguns dias depois encontrava-se num
vagão cheio de outros homens judeus. Ninguém sabia para onde iam, apenas sabiam que iam
trabalhar para os alemães. “O vagão está tão cheio que eles nem se podem sentar, quanto
mais estenderem-se. Dois baldes fazem de casa de banho. Quando enchem até cima, gera-se
uma luta; todos querem escapar ao fedor. Os baldes são derrubados e o conteúdo espalha-se
pelo chão do vagão. Lale agarra na mala, onde traz dinheiro e roupa. Subordinando aqui e ali,
talvez consiga fugir lá do sítio para onde vão, ou no mínimo, que o ponham a fazer alguma
coisa que não seja perigosa.”. Ele não sabia que trabalho realizaria, por isso usava um terno,
querendo causar uma boa primeira impressão. Mas depois de 3 dias naquele vagão cheio, sem
comida ou água, ele percebe que, para o seu novo emprego, não precisará de um terno. O
vagão para e os judeus começam a descer dele. “Malas, livros atados com um cordel e toda a
espécie de posses modestas são arrancados das mãos que não os querem entregar ou que
pura e simplesmente não entendem o que lhes é ordenado. Até que são agredidos com a
coronha de uma espingarda ou a murro. Lale observa os soldados. Os uniformes são negros e
assustadores. Os dois relâmpagos na gola do casaco do uniforme indicam a Lale quem eles são.
Soldados das SS.” Deslocam-se para uns edifícios de tijolo, passando por uns portões de ferro
com palavras moldadas em metal: “ARBEIT MACHT FREI” (O trabalho liberta). É aí que lhe
informam que se encontra em Auschwitz. Forma-se uma fila e os soldados vão entregando um
pequeno papel a todos. Lale olha para o seu papel e vê o número 32407. “Sequioso e exausto,
é com surpresa que sente o pedaço de papel a ser-lhe arrancado da mão. Um soldado despe-
lhe o casaco, rasga-lhe a manga da camisa e fá-lo pousar o antebraço esquerdo na mesa.
Incrédulo, Lale vê o número 32407 ser-lhe gravado na pele, dígito a dígito, pelo prisioneiro. (…)
A tatuagem foi lhe feita em segundos, mas, para Lale, o choque é tal que o tempo parece ter
parado. Segura o braço e fica a olhar para o número. Como pode alguém fazer isto a outro ser
humano? Pergunta-se se, pelo resto da sua vida, seja ela curta ou longa, será definido por
aquele número mal desenhado 32407.”. A partir daí deixam de ser tratados como pessoas com
um nome. Passam a ser tratados como mais um número. Dão-lhes uniformes velhos para
vestirem e de seguida é lhes rapada a cabeça. Ele é levado até um local chamado Birkenau,
que fica a vários quilômetros da área principal de Auschwitz. Custa-lhe andar, mas continua a
avançar. Aqueles que caíam eram agredidos pelos soldados até se levantarem e aqueles que
não se conseguiam pôr de pé eram abatidos a tiro. Lale é encaminhado para o Bloco 7,
juntamente com Aron, um rapaz que conheceu no vagão. “Veem-se no bloco 7, uma espécie
de enorme barraca com beliches triplos ao longo de uma parede. São ali enfiados homens às
dúzias. Aos tropeções, vão se empurrando, cada um a tentar ocupar uma cama. Com sorte ou
se forem suficientemente agressivos, talvez consigam dividi-la com apenas um ou dois
prisioneiros. Ele e Aron sobem para uma cama das de cima que já está ocupada por dois outros
prisioneiros. Sem comer há dias, já ninguém tem forças para lutar.” Na manhã seguinte é dado
um “líquido acastanhado, sem nada sólido lá dentro e de um cheiro inidentificável” aos
prisioneiros para comerem. Depois. Lale é enviado para trabalhar no telhado de um edifício
inacabado idêntico a todos os outros.
Lale testemunha algo horrível: “Sob o olhar de Lale, homens nus às dúzias são mandados sair
do camião e conduzidos como gado para o carro celular. Alguns entram de livre vontade. Os
que resistem são agredidos à coronhada. (…) O carro celular já está tão cheio que os últimos a
subir ficam em bicos de pé nos degraus, com os seus traseiros nus a espreitarem da porta.
Com o peso do corpo, os guardas empurram-nos para dentro. As portas fecham-se com força.
Um guarda sobre ao tejadilho com uma lata na mão. Incapaz de se mover, Lale vê-o levantar
uma pequena abertura e virar a lata ao contrário. Depois, deixa cair a escotilha e tranca-a. Já
com ele a descer à pressa, o carro celular começa a sacudir violentamente e escutam-se gritos
abafados. Lale cai de joelhos e vomita seco. Agoniado, continua ajoelhado na terra até já não
se ouvirem gritos. Quando o carro celular para de sacudir e já não se ouve um som as portas
são abertas. Como pedregulhos, os mortos começam a cair cá para fora.”

Depois de testemunhar aquilo, Lale desmaia e fica inconsciente 7 dias. Um velho que se
apresenta como Pepan diz a Lale que este último havia apanhado Tifo. Pepan é o “ Tetovierer”,
o prisioneiro que tatua os recém-chegados. Ele explica que estava a andar pelo Bloco 7 quando
viu o corpo de Lale a ser colocado numa “carroça para os mortos e moribundos", e Aron a
implorar ao guarda que tirasse o amigo dali. O guarda ignorou-o, mas Aron arrastou Lale para
fora da carroça quando o guarda não estava a olhar. Foi por isso que Pepan decidiu ajudar Lale
– “Vi um rapaz meio morto de fome arriscar a vida para te salvar. Portanto, suponho que deves
ser salvo”. Pepan oferece a Lale um emprego como seu assistente, dizendo que ele poderia
ajudá-lo a tatuar os prisioneiros. Lale hesita a princípio:
- “Não acho que fosse capaz; deixar cicatrizes em alguém, magoar pessoas … porque doí, não
sei se sabes.
-Dói que se farta. Se não aceitares o trabalho, alguém menos brando há de aceitá-lo e só vai
magoar mais ainda aqueles que tatuar.
- Fazer o que nos manda o Kapo não é o mesmo que perfurar a carne de centenas de
inocentes.
- Diz isso a ti mesmo se quiseres, mas continuas a ser um pau-mandado dos nazis. Seja eu, o
kapo ou a construção dos blocos, estarás sempre a fazer-lhes o trabalho sujo.”
Pensando nisto, Lale concorda em trabalhar como assistente de Pepan. Mais tarde, descobre
que Aron morreu.
Lale começa a trabalhar com Pepan. Um dia, chegam a Auschwitz um grupo de raparigas.
“Ergue os olhos para as raparigas diante deles; não consegue ver o fim da fila (…). Tatuar os
braços dos homens é uma coisa, mas perfurar assim o corpo de uma rapariga horroriza-o”.
Uma rapariga estende-lhe o braço e Lale tatua-lhe o número - 34902. “Depois de terminar, fica
ainda a segurar-lhe o braço, embora já não seja necessário, e torna a olhá-la nos olhos. Força
um ligeiro sorriso. Ela responde com outro mais ténue ainda. Mas no olhar dela há como uma
dança. Lale olha-a no fundo dos olhos e é como se o seu coração parasse, e ao mesmo tempo,
batesse pela primeira vez, com muita força, tanta que ameaça saltar-lhe do peito.” Lale tatuou
o braço da rapariga, mas a rapariga tatuou-lhe o coração.
Alguns dias depois, subitamente e sem que Lale entendesse o porquê, Pepan desaparece, e
por isso Lale torna-se o tatuador principal de Auschwitz. Ao assumir esse trabalho, ganha
“privilégios” que eram negados a outros prisioneiros: tinha direito a mais refeições por dia –
algumas delas no mesmo prédio dos nazis –, dormia num quarto individual e, e tinha tempo
livre quando não tinha quem tatuar. Lale começa a guardar as porções extras de comida e a
trazê-las para os outros prisioneiros.
Lale tenta encontrar a mulher que tatuou o seu coração. Lembrando-se do número dela, ele
pede a Baretski, um guarda a quem dava diversos conselhos e que, de alguma maneira, tinha
ganho a confiança, que entregue um bilhete à rapariga. Ela responde ao bilhete dizendo que se
chama Gita. Passando notas como esta, eles combinam de se encontrar aos domingos, e
percebe-se que ambos têm sentimentos um pelo outro. A relação deles cresce, porém, um dia,
dois guardas encontraram as reservas de comida e as coisas que Lale guardava para dar aos
outros, debaixo do seu colchão. Lale é torturado durante meses. Mas acabam por o poupar da
morte e permitem que ele regresse às suas antigas funções de tatuador.

Quando começam a circular rumores de que o exército russo está a avançar, os guardas da SS
começam a ficar nervosos, destruindo rapidamente os documentos do campo. Gita e muitas
outras prisioneiras são empurradas para fora dos portões de Auschwitz. Lale é separado da sua
amada e colocado num camião, já os prisioneiros que ficaram em Aushwitz começam a ser
mortos a tiro. Lale é levado para um novo campo de concentração na Áustria. Enquanto isso,
Gita consegue escapar com três mulheres polonesas, ajudadas por soldados russos, que as
levam até Cracóvia. De lá, Gita viaja para Bratislava. Lale consegue escapar de campo de
concentração por um buraco numa das cercas. Correndo para a floresta, ele encontra um
grupo de soldados russos. Depois de uma jornada cansativa, ele finalmente chega a casa e
descobre que sua irmã ainda está viva, embora seu irmão mais velho e seus pais não
estivessem. Determinado a encontrar Gita, ele vai para Bratislava depois de ouvir que muitos
eslovacos vindos de campos de concentração estavam lá alojados. Todos os dias, durante duas
semanas, ele espera numa estação e tenta encontrar Gita, mas não a vê. Porém, um dia,
quando caminhava pela rua viu-a e correu até ela, pedindo-a em casamento.

7. Personagem(ns) favoritos e justificação:

A minha personagem preferida não está muito tempo presente na história, mas teve tempo
suficiente para me marcar. Aron utilizou as suas últimas forças para tirar Lale da carroça dos
mortos e ainda mentiu para os guardas, garantindo que eles não viam Lale a recuperar de Tifo
no Bloco 7. Isso custou-lhe a vida. Ao longo do livro fomos vendo vários prisioneiros a
ajudarem-se e a sacrificarem-se uns pelos outros, mas este sacrifício foi diferente. No início do
livro Aron parece uma criança, com medo de tudo, agarrado a Lale para se sentir protegido. É
um rapaz que por vezes parece ter uma visão ingénua da vida. Mas esse rapaz teve a coragem
de lutar pela vida de outra pessoa e de, ao fazê-lo, pôr em risco a sua. Este contraste do
primeiro momento em que Aron nos é apresentado e a maneira como acaba por morrer
emocionou e surpreendeu-me bastante. Alguém que parecia tão fraco ou até mesmo
insignificante era na realidade uma pessoa forte, corajosa e altruísta. Aron é um herói.

8. Aspetos a destacar (exemplos – relações entre personagens, enredo, retrato de uma


época,etc.):

A história do livro é verídica. Lale, originalmente Ludwig Eisenberg, nasceu a 28 de outubro de


1916 em Krompachy, na Eslováquia e foi levado para Auschwitz a 23 de abril de 1942, tatuado
com o número 32407. Gina Fuhrmannova (Furman), nasceu a 11 de março de 1925 em Vranov
nad Topl’ou, na Eslováquia e foi levada para Auschwitz também em 1942. A escritora do livro
precisou de 3 anos para desemaranhar toda a história - “Tive de ganhar a confiança dele e
demorou algum tempo até que Lale se dispusesse a embarcar na profunda introspeção que
partes da sua história exigem (…) as nossas vidas ficaram ligadas à medida que ele se aliviava
da culpa que carregava à mais de cinquenta anos e do medo de que ele e Gita pudessem ser
vistos como colaborados ao serviço dos nazis.” Saber que duas pessoas normais foram
completamente privadas da sua liberdade e dignidade, até do nome e da identidade, definidas
apenas por um número e que passaram por todo aquele horror é assustador.

No prólogo do livro, o único filho deles, Gary, diz como a aqueles anos em Auschwitz
influenciaram o resto da vida dos pais. Os pais não falavam muito sobre esses anos, pois, como
é óbvio, não é algo que seja fácil de falar, mas amor naquela família não faltava. Eles davam
todo o apoio possível a Gary, deixando-lhe experimentar qualquer tipo de atividades e
queriam dar-lhe tudo a conhecer, fosse esquiar, viajar, andar a cavalo, parasailing, ou qualquer
oura coisa, pois sentiam que a juventude lhes fora roubada e, por isso, queriam que Gary
aproveitasse a dele ao máximo. Um dia, Lale foi obrigado a fechar a sua empresa e quando
Gary regressou a casa viu o seu carro a ser rebocado e uma tabuleta na relva do seu jardim a
dizer que a casa estava para venda. Quando entrou dentro de casa viu a sua mãe a pôr tudo
dentro de caixas enquanto cantava. Ele perguntou como ela estava tão calma e ainda cantava
perante toda aquela situação e ela responde que quando alguém vive durante anos sem saber
se dentro de 5 minutos está morta ou não, é capaz de lidar com quase tudo (“O que importa é
estarmos vivos e com saúde; tudo o resto se resolve.”). Houve hábitos que os pais também
não perderam, por exemplo, a mãe sempre que via um trevo no chão apanhava-o, pois no
campo de concentração quem encontrasse um e desse a um dos soldados (que acreditavam
que aqueles trevos davam sorte) tinha direito a mais um pouco de sopa. Ou mesmo Lale, que
quando perdeu a irmã não derramou uma lágrima pois depois de assistir a mortes em massa
durante vários anos e de perder os pais e os outros irmãos já não conseguia chorar. Gary só viu
o pai chorar quando Gita faleceu em 2003. Em 2006 Lale falece também.

Lale conheceu Josef Mengele e no livro é mencionado esse momento e o pavor que Lale sentiu
no primeiro momento em que o viu. Josef Mengele foi um médico das SS conhecido pelas
suas experiências "médicas" completamente  desumanas com os prisioneiros do campo de
concentração de Auschwitz. Josef Mengele queria descobrir os segredos da genética humana,
sendo obcecado por gêmeos. Ele pretendia aumentar o índice de gêmeos na população. Se
eles representavam a raça considerada superior pelos nazistas, podiam povoar mais
rapidamente o mundo com seres “puros”. Tentou criar gémeos siameses, cozendo a pele e os
órgãos das suas cobaias. Ele também era obcecado pela heterocromia, que é uma condição em
que uma pessoa têm diferentes cores de olhos, recolhendo e guardando os olhos das vítimas
por ele assassinadas. Mengele fazia experimentos em grávidas, anões, ciganos (durante o livro
um grupo de ciganos chega a Auschwitz. Lale torna-se amigo de muitos deles. Uns vão
desaparecendo para serem “analisados” por Mengele, até que todos são levados) e muito
mais. Grandes quantidades de pessoas, sobretudo crianças, morreram nas mãos deste maluco.

9. Apreciação crítica do livro:

Alguém que não tenha passado por um campo de concentração nunca vai realmente entender
o horror que é estar num. Ver dezenas de pessoas, amigos, familiares a morrerem todos os
dias e perguntares-te se no dia seguinte serás tu ou não. É impossível imaginar tudo o que se
passou naquele sítio. Impossível colocarmo-nos no lugar daquelas pessoas. Falamos do
Holocausto nas aulas de histórias quando estamos no 3ºciclo, mas nunca vamos entender e
compreender o terror que aquelas pessoas passaram. É Impossível de imaginar que de um dia
para outro deixam de te tratar como uma pessoa, que perdes toda a tua liberdade, dignidade,
identidade e que passas a ser tratado como um número, dentro de outros milhões de
números. É inexplicável a vida que as pessoas tinham naquele lugar. A história de Lale toca-
nos. Ele perde tantos amigos. Tantas personagens que de um momento para o outro
desapareciam. Aquelas pessoas morriam de fome. Tinham para comer apenas um líquido
acastanhado que os guardas chamavam de sopa. O Aron encontrou uma batata nessa sopa e a
felicidade dele ao encontrá-la, foi como se tivesse entrado no paraíso. E nós que nos
queixamos quando não gostamos da comida que nos é posta no prato e por isso não a
comemos. Aquelas pessoas, muitas vezes, quando chovia, choravam de alegria pois podiam
beber as gotas de água que caiam do céu. E nós que gastamos, todos os dias, quantidades
enormes de água, a tomar banho por exemplo. Aquelas pessoas trabalhavam até morrer,
todos os dias, sem tempo livre. Paravam por alguns segundos e eram mortas. E nós que nos
queixamos da quantidade de trabalhos que temos para a escola ou do pouco tempo de férias
que temos. Óbvio que nem tudo na vida é fácil, e os nossos problemas e dificuldades não
deixam de ser problemas e dificuldades. Às vezes sentimo-nos esgotados, tristes, chateados e
isso é normal, não devemos minimizar os nossos problemas. Mas reflete sobre aquilo que
aquelas pessoas foram obrigadas a viver. Tenta imaginar a vida que eles tinham. Agora olha
para a tua. Temos tantos privilégios. Quando disseres que não tens fome, quando disseres que
estás cansada da escola, quando disseres que os teus pais não te deixam sair e que por isso
não tens liberdade, lembra-te daquelas pessoas. Lembra-te do Aron, do Pepan, daquele grupo
de ciganos, da Nadya, da Dana, do Leon, da família de Lale e de Gita e das restantes milhões de
pessoas que perderam a vida. Da dignidade que lhes foi tirada. Da identidade que lhes foi
tirada. Da liberdade que lhes foi tirada. Por isto é importante ler este livro. Não dá para
escrever aqui todos os episódios horríveis narrados nele. Se não dá para escrever os que são
mencionados nele nem quero imaginar todos os outros que este livro não descreve. Devemos
conhecer o que aconteceu. Temos de falar do que aconteceu. Aquilo nunca poderá ser
esquecido, pois aquelas pessoas importavam, elas não eram apenas um número, elas eram
mães, filhas, irmãs, irmãos, amigos, conhecidos. Elas eram alguém.

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