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Pedro Cabrita Reis, nascido no ano de 1956, em Lisboa, é um dos principais artistas plásticos da

sua geração e um dos artistas portugueses com maior reconhecimento internacional. A sua obra
engloba uma grande variedade de meios, tais como a pintura, escultura, fotografia e desenho.
Importante referir que fez história ao ser o primeiro artista português a expor no museu do
Louvre. Algumas das suas obras são: “Escultura para Santo Tirso”; “Barragem da Bemposta”;
“Castelo”; “Central Tejo”; “Linha do mar”.
Mas para este trabalho nós vamos focar-nos na obra que Pedro Cabrita Reis expôs na 59º edição
Bienal de Veneza de 2022, uma exposição internacional de arte realizada de dois em dois anos,
desde 1895, em Veneza, Itália. A obra apresentada pelo artista chama-se FIELD e foi realizada
para a Igreja de San Fantin, resultando da parceria do artista com as galerias de arte de Kewenig
(Berlim), Sprovieri (Londres), Mai 36 (Zurique) e Magazzino (Roma).

A obra é constituída por:


Field é uma escultura constituída de materiais “comuns”: plataformas de metal (plataformas
conhecidas por passerelle, usadas em Veneza durante os episódios de cheias); tubos de
iluminação LED; painéis de vidro transparente; pedaços fragmentados de materiais de
construção. E pedaços de pano colocados ao longo da obra.

Oposição de elementos:
FIELD é uma obra que pretende realçar a oposição das coisas. Isto pode ser comprovada com:

 a utilização de elementos regulares e uniformes, como as luzes LED e as plataformas,


que se opõem aos elementos irregulares e ao caos gerado pelos detritos e à própria
disposição das plataformas, que se encontram sobrepostas.
 E à oposição luz/escuridão A luminosidade que provem das luzes LED opõem-se à
escuridão transmitida pelos detritos colocados no cimo da obra.
Pedro Cabrita Reis diz numa entrevista que as oposições encontradas na obra pretendem
representar a infinita luta do bom e do mal. Nem tudo é só bom, nem tudo é só mau. Vivemos
com a conjugação dos dois.

Não convencionalidade
Os elementos desta obra acabam por ter um uso diferente daquele que estamos à espera. Ao
atribuir um papel e uma importância diferente daquela a que estamos habituados a cada
elemento da obra, o artista pretende provocar e intrigar o espectador. Fazê-lo pensar. Nem
sempre as coisas são como nós pensamos que elas são.

 Como já referimos as plataformas utilizadas na base da obra são semelhantes às


passerelles usadas durante as condições de cheia em Veneza. Essas plataformas estão a
ser usadas dentro de uma igreja onde não há condições de maré alta.
 As luzes LED geralmente localizadas nos tetos ou paredes de espaços interiores, ou
seja, viradas de cima para baixo, são aqui montadas viradas de baixo para cima.
 Os painéis de vidro transparentes normalmente usados como janelas para permitir a
visão através de uma parede, são agora utilizados como divisória entre as LED e os
detritos.
 Os detritos espalhados sobre os painéis de vidro são normalmente considerados algo
desinteressante, que acaba por ser deitado fora. Nesta obra eles são apresentados no
cimo da escultura, como peça principal da mesma, que é realçada com luz vinda de
baixo, convidando ainda mais à consciência para sua presença.

Ameaças
Isto porque podemos associar FIELD à desastres naturais e ameaças: em cima temos o s detritos,
que dão a impressão que o telhado desabou, podendo remeter a algo como um sismo; e em
baixo encontramos as plataformas que remetem ao período de cheias e inundações em Veneza.
As igrejas são locais de proteção e oração, a que as pessoas podem recorrer quando necessitam
de consolo. Serve de proteção para estas ameaças. Por isto, esta obra e a igreja di San Fantin
complementam-se. A igreja e a obra pertencem uma à outra.

Nome da Obra:
Quando temos um campo podemos utilizá-lo como quisermos: podemos explorar ou não os seus
recursos; podemos construir ou não coisas lá; podemos torná-lo num campo de jogo ou apenas
sentarmo-nos nele e observar a paisagem. Somos nós que decidimos o que queremos ou não
fazer com o nosso campo. Neste caso, o título da obra remete a um campo espiritual e abstrato
ou a um campo de sonhos. Somos nós que decidimos o que fazemos com ele, da mesma
maneira que também somos nós que decidimos como queremos interpretar esta obra. Além
disto, normalmente um campo é um local sereno e harmonioso que pode libertar os nossos
pensamentos. O objetivo do artista com esta obra é também pôr-nos a pensar. Um lugar onde
possamos libertar os nossos pensamos.

https://en.wikipedia.org/wiki/Pedro_Cabrita_Reis
https://www.publico.pt/2022/01/27/culturaipsilon/noticia/bienal-veneza-pedro-cabrita-reis-
leva-nova-obra-igreja-di-san-fatin-1993409

https://expresso.pt/revista/2022-03-23-Pedro-Cabrita-Reis-regressa-a-Bienal-de-Veneza-com-
escultura-na-Igreja-de-San-Fantin-b13a9b7a

https://mag.sapo.pt/showbiz/artigos/pedro-cabrita-reis-regressa-a-bienal-de-veneza-com-
field-uma-obra-de-grandes-dimensoes-e-inedita

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bienal_de_Veneza

https://www.miguelnabinho.com/field//

https://www.sprovieri.com/attachment/en/5d07f714a5aa2c56698b4567/News/
6239e228b3174121bd2cc3ff

https://www.sprovieri.com/

https://kewenig.com/news/cabrita-at-chiesadi-san-fantin

https://cabrita-field-venice.com/about/

https://cabrita-field-venice.com/texts/the-poet-in-the-field/

https://www.jn.pt/artes/pedro-cabrita-reis-inaugura-obra-na-bienal-de-veneza--
14787499.html

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