- 6 desenhos - 6 caixas de lápis de cor - 6 mesas de aluno - 1 mesa professor - Mochilas - Cartazes da escola (desenhos) - Ursinhos de pelúcia - Música de introdução Roteiro (Música) Crianças sentadas pintando Dúdú: Desconfortável e pensativo Nojinho: O que foi Dúdú? Dúdú: Nada demais, só não sei que cor eu pinto as pessoas Nojinho: Eu pinto de rosa, meu irmão pinta de amarelo, por quê fala que rosa fica parecendo porco. Professora: Shiiii, silencio crianças estou ouvindo muita conversa Nojinho: Professora é que o Dudu não sabe que cor pinta as pessoas. Dúdú: Eu ????? Professora: Pinta com o lápis cor da pele Dudu, aquele clarinho. Dudu: Fica em crise de identidade com o lápis em mãos. Toca o sinal Professora: Até amanhã crianças. Cena 2
Crianças saindo e encontrando com os pais.
Mae: oii filho tudo bem? Dudu: tudo, mas mae alguém da nossa família e assim? Mãe: Assim como Dudu? Dudu: Assim Mãe: Assim como? Um lápis? Dúdu: Não; desta cor. Cor da pele Mãe: Quem te falou isso foi algum colega? Dúdú: Foi a tia Sonia. Mãe: Ahhh a tia Sonia... Vamos resolver isso. (brava) Dudu: (fica parado confuso) Mae: vem Cena 3 1 mesa de professor 6 cadeiras de alunos Diretor: (falando no telefone): ok Sonia fico no aguardo (desliga o telefone): fique calma senhora Marta, acho que isso não passa de uma mal entendido Mae: um mal entendido que ocorre a mais de 500 anos Professora: (entrando na sala): licença diretor (senta do lado da mae marta): boa tarde dona marta (olha para o diretor): aconteceu alguma coisa? Diretor: aconteceu sim, um episodio de... Mae: RACISMO Professora: racismo? Isso e muito serio, foi algumas das outras crianças? Mae: estou me referindo a senhora Professora:EU? (deboche) eu tenho amigos negros, vizinhos negros, eu nunca faria algo desse tipo. Mae: (pega o lápis) você sabe me dizer o que e isso aqui? Professora:isso? Isso e um lápis Mae: que cor ele tem? Professora: cor da pele Mae: cor da pele? Pele de quem? Professora: olha eu entendo mas foi uma coisa automática e o mesmo que dizer cor da terra, cor de jambo, cor de gelo, aquela parede por exemplo outro dia me falaram que e branco cor gelo mas se nem cor gelo tem. (Dudu pega o lápis e sai andando) Mae: muitas coisas estão no automático, mas não deveriam professora. Professora: essa história de ver racismo em tudo já deu também ne, hoje em dia ninguém pode falar nada. Mãe: Eu vejo racismo onde existe racismo e é isso que está acontecendo aqui. Professora: Agora veja você seu fabio, todo mundo chama de cor da pele, não fui eu que inventei o nome, agora eu vou ser julgada por isso? Eu so falei uma coisa que tudo mundo diz Mae: Eu não vou deixar uma coisas dessas passar so porque ela e comum, comum e diferente do normal, você sabe que isso pode fazer mal na autoestima de uma criança, sabe diretor o que essa professora racista pode causar psicológico do meu filho (alguém avisa que Dudu fugiu, e ficam preocupados) Diretor: obrigado delegado eu fico no aguardo muito obrigado, pronto a polícia já foi avisada dona Marta fica calma nós ainda temos dois seguranças que estão fazendo a ronda pela rua Mae: Eu não vou ficar aqui, vou atras do meu filho CENA 4
(Dudu passando com o lápis pelo publico, e a mae e
a professora atras do Dudu) Professora: marta não e melhor avisar seu marido Mae: infelizmente meu marido faleceu, há alguns anos ele saiu a noite para caminhar, nisso estava passando na frente de uma senhora que logo foi assaltada. O ladrão estava correndo perto do meu marido, o policial ao invés de atirar no bandido atirou no pai do Dudu, tomou um tiro por que ele estava perto e era preto. Morrendo sem saber o que estava acontecendo, desde então e so eu e o Dudu Professora: eu sinto muito pelo seu marido mas você não pode me comparar com quem fez isso Mae: existem muitas formas de puxar o gatilho professora Professora: Dudu e um menino muito esperto daqui a pouco ele vai voltar você vai ver Mae: você e mae? Voce fala isso por que você não e mae, sabe o que e pior não e ter um filho de 7 anos sozinho pelas ruas da cidade o pior e ter um filho negro de 7 anos sozinhos nas ruas da cidade, você não sabe o que e isso (mae sai andando) (professora encontra ex marido) Professora: moço por acaso você não viu um menino? (pausa dramática) Professora: GUSTAVO? Gustavo: Soninha? Professora: essa e sua filha? Gustavo: sim, minha filha Mae: você vai ficar ai mesmo? Professora: já vou, ai desculpa eu preciso ir, a gente se fala, sua filha é linda. Filha do Gustavo: obrigada. Professora: ate. Gustavo: tchau Soninha (cena de drama, sonia sai andando) Mãe: Vc está bem? Professora: Estou... é que ... deixa pra lá. Mãe: Deixa para lá nada, alguma coisa aconteceu naquela conversa, vc agiu com racismo com aquele rapaz também? Professora: Não, claro que não. - Nós já fomos noivos, estávamos começando a construir uma vida juntos, quando... CENA 5
Professora Sonia: (chega na casa do pai) Boa tarde
pai Pai: Boa tarde minha filha, estava pensando em vc e no Gustavo. Professora Sonia: Que bom pai, vc tinha certa resistência em relação ao Gustavo e agora até já pensa em nosso futuro, parece que pressentiu o que eu queria conversar com o senhor. Pai: Pois diga minha filha, depois falo o que estou pensando. Professora Sonia: Sabe o que é pai, nós estamos pensando em ter um filho. Pai: CHEGA!!! Professora Sonia: O que aconteceu? Pai: Olha minha filha, eu já venho tolerando o relacionamento de vcs a muito tempo, minha paciência já havia se acabado. Não aguento mais ver vc e aquele neguinho juntos, agora ainda por cima me aparece vc falando de ter filhos? O que os outros falarão de nossa família, imagina que esse filho nasça preto, o que irão dizer: Olha a patroa fazendo compras com o filho da empregada. Eu não sou racista, eu não. Não me olhe assim, só estou dizendo uma coisa que todo mundo diz. Não te criei para isso. Professora Sonia: Saí chorando. CENA 6
Mãe: E por que você não bateu na cara dele?
Professora: Não tive forças, afinal ele é meu pai. Acabei por me separar do grande amor da minha vida e agora ele tem uma filha linda. Mãe: Desculpe por ter te acusado de racismo com ele. Professora: Não precisa, sabe Marta você estava certa. Mãe: Em quê? Professora: Em muita coisa... – Vamos continuar procurando. CENA 7
Dudu (sobe no palco e fica comparando um grafite
muito bonito com seu lápis) Artista: Bonito né? Dudu: Oi? Artista: O desenho. O grafite é bonito. Dudu: É, mas ele está errado. Artista: Errado? Errado por quê? Dudu: A cor é quase, mas não é cor da pele, vc também, é quase, mas não é igual a cor da pele. Artista: Qual o seu nome? O meu é Madalena. Dudu: Eduardo, mas todo mundo me chama de Dudu. Madalena: Dudu... que nome interessante, e onde está sua mãe hein Dudu? Dudu: Deve estar me procurando, eu acho. Madalena: Então eu acho que tenho que te levar de volta para ela. Dudu: Não, não, se eu voltar agora eles vão continuar brigando e não vão me explicar nada. Madalena: Explicar o que? Dudu: Explicar quem tem a cor do lápis. Madalena: Hmmm, Entendi. - O que vc acha de a gente tomar um belo sorvete, enquanto eu te explico esse tal lápis cor da pele. Aí depois me promete que me deixa te levar de volta para sua mãe? Dudu: Pode ser. Os dois vão a sorveteria, pedem uma taça de sorvete e se sentam a mesa. Artista: Retira algumas folhas da bolsa e começa a mostrar a Dudu. Madalena: Tá vendo isso aqui, é uma obra de arte de uma artista chamada Adriana Varejão. E eu não tinha lhe dito, mas sou curadora de arte. Dudu: Não sabia nem que arte ficava doente. Madalena: Rs, aí Dudu, não é curadora nesse sentido. Entregam a taça de sorvete. Madalena: Eu ajudo artista a mostrarem suas obras. Está obra por exemplo é de um artista que ele mostra uma caixa de lápis de cor, cheia de lápis cor da pele, ao invés de ter uma única cor da pele, esta caixa tem várias. Dudu: E qual é a certa? Madalena: Nenhuma. Essa foi só uma forma que ela encontrou de mostrar as diversas raças e esse seu lápis só devem ter dado esse nome cor da pele porque não tiveram ideia melhor. É igual esse sorvete, ele pode ser de creme, de chocolate, de milho... Dudu: Esse é de creme derretido. Madalena: ... Dudu vc já ouviu falar de Zumbi dos Palmares? Dudu: Não Narrador: Zumbi dos Palmares foi um importante líder do quilombo dos Palmares, comunidade formada por escravos fugitivos localizada na região de Alagoas, Brasil, durante o período colonial. Ele é considerado um símbolo da resistência negra e da luta contra a escravidão. Zumbi nasceu livre em Palmares, porém, quando criança, foi capturado e vendido como escravo. Após retornar a Palmares e se tornar líder da comunidade, Zumbi liderou diversas batalhas contra as investidas do governo colonial para destruir o quilombo. Sua figura representa a luta pela liberdade e a resistência contra a opressão, sendo reverenciado tanto no Brasil quanto internacionalmente. Zumbi dos Palmares foi morto em 1695, mas seu legado permanece como um símbolo de resistência e luta contra a escravidão. Madalena: Aleijadinho? Dudu: Não Narrador: Aleijadinho, também conhecido como Antônio Francisco Lisboa, foi um importante escultor e arquiteto brasileiro, considerado um dos maiores representantes do estilo Barroco no país. Nascido em 1738 na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, Aleijadinho ficou conhecido por suas obras de grande expressão artística e religiosa, caracterizadas pelo detalhamento minucioso, expressividade e dramaticidade. Apesar de ter sido vítima de uma doença que o deixou incapacitado física e mentalmente aos poucos, Aleijadinho produziu uma vasta quantidade de obras, como imagens religiosas, altares, capelas, igrejas e até mesmo obras arquitetônicas. Seu legado artístico é considerado de extrema importância para a cultura brasileira e suas obras são admiradas até os dias atuais. Madalena: Machado de Assis? Dudu: Não Narrador: Machado de Assis é considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira e da língua portuguesa. Começou sua carreira como jornalista e aos poucos se destacou como um escritor talentoso e inovador. Sua obra abrange diversos gêneros literários, como romances, contos, crônicas, poemas e peças teatrais. Ele é conhecido por suas narrativas complexas, em que explora a psicologia dos personagens, além de abordar temas como a sociedade, o poder, a condição humana e a cultura brasileira. Com sua obra, Machado de Assis contribuiu para o desenvolvimento da literatura brasileira, deixando um legado relevante para a cultura do país. Madalena: Nilo Peçanha? Dudu: Não Narrador: Nilo Peçanha foi o sétimo presidente do Brasil, governando o país de 1909 a 1910. Ele também foi um defensor dos direitos dos negros, propondo medidas de inclusão social e abolição da discriminação racial. Sua gestão foi marcada por avanços progressistas e reformas importantes para o desenvolvimento do Brasil. Nilo Peçanha é considerado um dos grandes estadistas do país, sendo reconhecido por suas contribuições para a construção da República no Brasil. Madalena: Pelé? Dudu: Esse eu sei, esse eu sei, aquele que jogava bola não é? Madalena: É isso mesmo, todos eles fizeram parte da história e cultura de nosso País, e sabe o que eles tem em comum? Dudu: O que? Madalena: Todos eram negros. Dudu: Sério. Madalena: Muito sério. Entendeu? Dudu: Sim CENA 8 (Professora e a mãe, na platéia) As duas desesperadas, e a professora recebe uma ligação. Professora: Marta, Marta! É da escola. Mãe: ESTÁ AÍ, ELE ESTÁ NA ESCOLA.
As 2 se abraçam e vão ao encontro de Dudu.
CENA 9 (Madalena e Dudu)
Dudu: Eu só não entendi uma coisa.
Madalena: O que? Dudu: Por que você falou que meu nome era interessante? Madalena: Só muda os acentos mas Dúdú em Yuruba significa negro. Dudu: Dúdú... meu nome é Dúdú.
A mãe e a professora chegam comemorando.
Dudu: Mãe, meu nome é Dúdú.
Mãe: Eu sei meu filho... Dudu: Mas agora é de verdade, eu não quero mais que me chamem de Eduardo, agora quero ser chamado de Dúdú.