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Copyright das ilustrações © 2024 by Vanessa Ferreira
Copyright do texto © 2024 by Rodrigo França

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

F814m
França, Rodrigo
O menino e sua árvore / Rodrigo França; ilustrado por Vanessa
Ferreira. – 2.ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2024.
40 p.

Formato: epub com 5.755KB


ISBN: 978-65-5640-851-4

1. Literatura infantil. I. Ferreira, Vanessa. II. Título.

CDD: 028.5
CDU: 82-7

André Felipe de Moraes Queiroz – Bibliotecário – CRB-4/2242

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Sumário
Livro

Sobre o autor

Sobre a ilustradora
Eu me chamo Sol. Sabe, uma coisa que eu amo é o meu
nome. A minha bisa diz que o nome é uma das coisas
mais importantes que temos...
— Nunca deixe ninguém te chamar de outro jeito, ouviu?
— ela sempre diz isso. — E se deixar, só se for um nome
melhor. Mas o que é melhor que SOL?
Fico pensando o que levou meus pais a me dar esse
nome. Acho lindo, porque o sol é quente, e feito um
abraço. Uma estrela que ilumina... Eu quero ser feito o
sol e espalhar sorrisos. Meu pai me disse que às vezes a
vida não vai ser só alegria, mas que tenho sempre que
tentar sorrir, porque isso é uma das coisas mais lindas do
mundo.

Eu pergunto e pergunto o motivo, mas eles dizem que é


melhor eu descobrir sozinho.
A bisa também diz que, assim como o nome, saber de
onde viemos e para onde queremos ir é muito
importante. Também não entendo isso.

A bisa é muito sábia. Ela é uma árvore de 150 anos.


Foi o que eu disse na nova escola, quando me
apresentei. E quase todo mundo riu. Minha bisa é uma
árvore! Que mal há nisso?
Na hora eu quis chorar, gritar, mas preferi respirar fundo
e continuar com a minha apresentação.
— A bisa está aqui desde antes de...
E não deixaram. Começaram a me chamar de mentiroso.
Falei bem alto:

— Não sou mentiroso!


— Mãe, minha bisa é mesmo uma árvore?

— Ué, Sol, por que está me perguntando isso? Não deixe


que ninguém faça você duvidar de si, do quanto é capaz
e, principalmente, de onde veio e para onde deseja ir.
Não é isso que a bisa diz?
— É, mamãe. Mas eu quero chegar amanhã na escola e
falar pra todo mundo que a minha bisa é uma linda
árvore.

— Filho, quando eu era pequena, um pouco mais nova


que você, eu morava com os meus pais e a minha vovó
Bené, a sua bisa. Ela não era dessas avós que fazem
bolo, crochê... Ela contava histórias, histórias tão
antigas...
Muitas vezes eu não entendia nada, mas elas
alimentavam a minha alma, o meu coração. Sabe, Sol,
aquelas palavras eram música para os meus ouvidos de
menina. Eu chegava da escola e já corria para o colo
dela. E lá vinha história.
“Minha neta, já contei a história do menino que morava
sozinho em um planeta?”
Ela já havia contado centenas de vezes, mas eu fingia
que não. Primeiro porque ela sempre trazia uma
novidade. Depois porque isso era muito especial, eu me
sentia amada através das palavras. Vovó não sabia ler
nem escrever, mas a sabedoria dela era tão grandiosa...

Sabia de coisas de antes dela, talvez do início da nossa


família. O que a gente chama de ancestralidade. Um dia
você vai dizer a seus filhos que a trisavó deles é uma
árvore. E, anos depois, eles vão fazer a mesma coisa. Ela
tinha tanto orgulho de mim.
“Minha neta, eu não pude estudar, mas você vai estudar
por mim.”

Tudo o que eu aprendia na escola eu repassava para ela.


“Bença, vovó! Hoje vamos contar até dez!”
Ela ria e dizia que para ela bastava aprender a escrever o
próprio nome. E aprendeu mesmo, mas acabou que não
ficou só nisso. Era ótima em matemática, desenho,
geografia e... história.
Um dia, vovó Bené, que nunca saía de casa, não estava
mais lá. Era tudo tão estranho, porque os meus pais
estavam tristes. Os dias foram passando e nada da vovó
voltar. Então, quem ficou triste fui eu. Eu pedia a minha
vó de volta. E nada. Todo dia eu entrava no quarto dela e
estava vazio. Sem histórias... Então, a minha mãe me
botou no colo, como fazia a vovó Bené, e disse:
“A sua avó não vai mais voltar do jeito que você a
conhecia. Mas, toda vez que você sentir vontade de vê-
la, olhe para aquela grande árvore no quintal. Porque
chega um momento na vida em que a gente fica
enrugado feito tronco de árvore.”
Sol, você sempre me viu falando com a vovó Bené no
quintal e aprendeu a fazer o mesmo.

— Mãe, um dia você e o papai vão virar árvore feito a


bisa? O vovô e a vovó também?
— Você hoje está cheio de perguntas, hein, Sol! Sabe,
meu filho, eu olho para aquela grande árvore e penso
que somos um pouquinho dela: fortes, bonitos e frágeis
em alguns momentos. Mas continuamos de pé, de
cabeça erguida.
Amanhã volte para a escola forte, bonito. Se quiser
chorar, chore, mas sem baixar a cabeça, porque não é
feio chorar.

— A bisa que te ensinou isso?

— Pergunte a ela.
Aí, eu fui para o quintal e disse:

— Bisa, tenho muito orgulho de saber que a senhora é


uma linda árvore. Amanhã na escola vou dizer o quanto a
senhora é especial. E nunca vou deixar que duvidem de
mim ou da senhora.
O tempo passou... E foi assim, meus filhos, que tive força
para ser quem eu sou. E quando chegar a vez de vocês,
respirem fundo e digam: “Eu sou especial, porque tenho
uma trisavó que é uma árvore.”
— Mas, pai, o que você disse na escola para seus
colegas?

— Uma árvore é tudo aquilo que temos de mais ancestral


no mundo. Se não foi a natureza que a pôs lá, foi alguém
que plantou.

Para vovó Bené,


a raiz da árvore que virei.

Salvador, fevereiro de 2022.


© Marcio Farias

RODRIGO FRANÇA
Fui uma criança que não acompanhava o ritmo dos outros alunos na sala de
aula. Não era muito bom em matemática, mas amava uma redação. Preferia
escrever e desenhar a ter que falar. Mas o menino disléxico, com tanta
dificuldade de leitura e escrita, virou um profissional premiado, campeão de
vendas de livros, diretor de teatro e cinema, ator com dezenas de
espetáculos em seu repertório, professor, artista plástico. Todos eles, repare
bem, ofícios que exigem muita leitura. Então, mesmo que pareça difícil,
lembre-se de que ler nos permite ir longe. E, por mais que digam que você
não será capaz de ser alguém na vida, você já é muita coisa. E será ainda
mais. No seu tempo, da sua forma.
© Equipe Preta Ilustra

VANESSA FERREIRA
Meu nome é Vanessa Ferreira, mas prefiro ser chamada de Preta Ilustra. Fui
uma criança cujos sonhos transbordavam pelas mãos e se transformavam
em cores. Com meus desenhos, eu construía lugares seguros para nunca
deixar de sonhar. E, olha, de onde eu vinha não existiam artistas, nem
escritores. Eu só convivia com mulheres negras que perderam seus sonhos
na luta pela sobrevivência. Por isso, eu tinha apenas uma chance de
acontecer, e aconteci. Aconteci artista. Tenho feito muitos trabalhos que me
orgulham e que são bem recebidos pelas pessoas. Agora, por exemplo,
estou aqui, junto do Rodrigo, contando essa história que aqueceu meu
coração e com certeza vai aquecer o seu também. Afinal, com um Sol lindo
desses...
Direção editorial
Daniele Cajueiro

Editora responsável
Janaína Senna

Produção editorial
Adriana Torres
Laiane Flores
Mariana Oliveira

Revisão
Mariana Gonçalves

Projeto gráfico de miolo,


diagramação e capa
Larissa Fernandez
Leticia Fernandez

Produção do e-book
Ranna Studio

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