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Relatos, contos e encantos dos

jovens escritores WF

Turma 1ª série B/2017

E eu não sabia que a minha história era


mais bonita que a de Robinson Crusoé...
Carlos Drummond de Andrade

Estância, Agosto de 2022


Professora Adriana (2ª à esquerda) e estudantes na culminância do Projeto.
PREFÁCIO

Quando pensei em trabalhar com relatos pessoais com


minhas turmas de 1ª série do Ensino Médio, a intenção era
trabalhar um gênero textual considerado fácil, j á que narrativas
pessoais são comuns no cotidiano das pessoas, em qualquer
idade, pois todos têm algum fato marcante para contar.
Como estratégia de motivação, escolhi o filme
“Escritores da Liberdade”, filme de 2007, baseado em fatos
reais. Sua história mexe com todos que estão envolvidos com
educação, pois fala de segregação, de preconceito, da importância
de se conhecer a realidade dos estudantes, de mudança e de
esperança em um futuro melhor.
Assim, busquei conhecer melhor os meus alunos por meio
de suas histórias de vida, muitas vezes marcadas por
problemáticas que fogem ao nosso conhecimento e compreensão
e que, por sua complexidade, afetam seus comportamentos e
interferem no processo de aprendizagem.
Assim, a proposta foi lançada. Iniciei com a apresentação
de um relato pessoal meu, “Eu leitora”, em que narro a descoberta
da leitura e tudo o que ela me proporcionou até então. Também
contei casos de minha infância, minhas frustações, alegrias e
tristezas.
No início, os alunos apresentaram muita resistência em
escrever seus relatos, o que me deixou surpresa, já que o gênero
é, geralmente, bastante apreciado. Escutei frases do tipo: “não
tenho nada para contar”; “minha vida só teve tristeza”; “nunca
aconteceu nada de interessante...”
E foi devido a essas falas que decidi que iria além da
produção do texto. Resolvi organizar uma coletânea, de maneira a
registrar suas marcas na história de n ossa escola,
mostrando que suas vidas têm história e ninguém passa por aqui
sem transformar ou ser transformado de alguma forma.
Quantas emoções tive ao ler estes relatos! Chorei, ri,
indignei-me diante das tantas dificuldades que muitos desses
meninos e meninas, tão novos ainda, já passaram, quantas
responsabilidades carregavam, algumas delas tão injustas...
O mais interessante é que essa turma era
bastante difícil, indisciplinada, eu me sentia impotente diante das
dificuldades que enfrentava ao lidar com eles, da resistência à
leitura e produção escrita, e pude ver a mudança ocorrer a cada
etapa do Projeto: desde as discussões acerca das personagens do
filme, em que eles, de alguma forma perceberam que também se
dividiam em pequenos “guetos”, no processo de escrita que
envolveu não apenas a minha leitura, mas também as trocas entre
eles, a fim de corrigirem e analisarem os textos uns dos outros. O
mais interessante foi perceber que, apesar de utilizarem a
tecnologia com maior desenvoltura que as gerações anteriores, a
maioria nunca havia utilizado um computador para digitar, o que
também foi uma importante habilidade explorada.
Numa de nossas oficinas de revisão e digitação dos relatos,
quando eu, empolgada, contei sobre a proposta do livro e da
culminância, escutei esta frase: “Professora, por que a senhora é
assim?”, dita num tom de admiração, de quem não está
acostumado com e s s e tipo d e atenção, de cuidado. Não
soube o que responder naquele momento, apenas sorri. Eu
poderia ter dito muitas coisas: que não era fácil ser professor,
que são tantas as dificuldades que atropelam nosso trabalho que
nem sempre há condições de se produzir uma “aula show”,
de utilizer os melhores recursos ou ouvir o que eles têm a dizer.
Quando os relatos ficaram prontos, pedi para meu filho
criar uma capa legal, mandei encapar e organizamos uma manhã de
autógrafos, que, além de deixá-los mais orgulhosos de todo o
trabalho, também contou com a participação de colegas e familiares.
Depois desse dia, aquela turminha e eu tínhamos uma
outra relação. Produzir textos não era mais um problema, pelo
contrário! O dia da redação era muito aguardado e eles ficavam
ansiosos por receber as notas.
Eles me permitiram fazer parte de suas vidas, mostraram
que eu nada ensino se não houver alguém disposto a aprender.
Quando aprendemos juntos, o saber torna-se ainda mais
significativo. Por isso, minha gratidão a todos por compartilharem
suas histórias de vida comigo.
Agora, fazemos parte das vidas uns dos outros.

Profª Adriana Alves Novais Souza


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ÍNDICE

1. Primos 07
2. Uma triste perda 09
3. Amizade de infância 11
4. Meu primeiro brasileiro de handebol 13
5. A viagem 15
6. O pequeno caminhoneiro 16
7. O futebol na minha vida 18
8. O explorador de sítios 20
9. O poderoso chefinho 23
10. O dia que em que renasci e pude fazer diferente 25
11. Briga de escola 27
12. Meu primeiro beijo 28
13. Viagem ao sul 30
14. Minha infância 32
15. Primeira vez 34
16. Mais que amigas, irmãs 36
17. Meu primeiro amor 38
18. Recadinho 40
19. Uma queda inesquecível 42
20. Minha história 43
21. O dia em que fugi de casa 45
22. Em família 48
23. A primeira vez que ganhei flores 50
24. A partida do meu melhor amigo 52
25. Meu primeiro grande amor 53
26. O grande amor da minha vida não permaneceu 55
27. Meu primeiro dia de aula 57
28. Minha primeira bicicleta 59
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PRIMOS
Ana Carla de Jesus Santana

Há uns 5 anos, fui morar com meus avós e com eles já


moravam uma prima e um primo meus, que eu não conhecia
muito bem, pois não tínhamos muito contato anteriormente.
No início nos estranhamos, mas o tempo foi passando e
logo, logo, três “pré-adolescentes” com idades entre 11 e 16 (sem
contar uma outra prima de 10 anos, que estava por lá todos os
dias) estavam aprontando muito.
Meus avós saíam para trabalhar todos os dias e ficávamos
sós emcasa. Era diversão na certa, eram tantas brincadeiras,
tantos dias de convivência, que fui me acostumando com meus
primos como se fossem meus irmãos.
Em um domingo, quando a família estava reunida, lá
estávamos nós três juntos, então meu primo teve a ideia de sair de
moto (uma moto com três pessoas). Imagina o que poderia
acontecer? Talvez um acidente sério ou outra coisa, mas felizmente
nada aconteceu, foi pura diversão. Só não foi tão divertido porque
eu fiquei com uma queimadura na perna cuja marca tenho até
hoje.
Passei uns dois anos lá e depois voltei para casa, mas a
amizade com meus primos continuou e foi crescendo a cada
dia, p o i s nós nos falávamos sempre e como é natural, fomos
seguindo nossos caminhos.
8

Aos 19 anos, meu primo foi morar sozinho, um ainda


adolescente em uma ótima fase da vida, mas que fazia o que
queria e, como a maioria dos adolescentes, não ouvia ninguém e
achava certo tudo o que fazia. Um dia, recebemos uma notícia
muito triste, a de que ele tinha falecido. Fiquei abalada! Ele era o
filho mais velho, o neto, o sobrinho e partir assim tão cedo, com
apenas 19 anos! Foi um choque para todos nós.
Hoje, faz 1 ano e 8 meses que ele se foi, mas guardo
com muito carinho as lembranças de nossas brincadeiras, nossas
reuniões nos finais de semana, tudo que um dia vivemos.
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UMA TRISTE PERDA


Bianca dos Santos Alves Sena

Era um dia como outro qualquer, chuvoso, de tempo


nublado. Pela Manhã, a tristeza me cercava, estava com o coração
doendo, não sabia o que fazer. Até parecia que estava prevendo a
triste notícia que eu receberia logo mais à noite.
Tive visita de minha tia em minha casa e na casa de
minha avó.
Sempre que eu tinha visita, ficava alegre, mas, neste dia,
não. Minha alegria estava voltada para minha vovó. Eu não sabia o
que era aquilo que sentia, nem imaginava que pudesse ser algo tão
grave, o que sei é que não queria sair de perto dela, por isso resolvi
ir para a sua casa.
Por volta das quinze horas, eu estava ajudando-a lá no
quintal da casa quando a olhei e me bateu uma saudade de
tudo que vivemos juntas, lembranças boas e ruins. E então eu ri,
um riso com uma mistura de tristeza e alegria.
À noite, cheia de inseguranças, orei e pedi a Deus que
acabasse com toda minha angústia e fui dormir.
Antes do dia raiar, recebi a triste notícia de que minha avó
havia ido morar com Deus. Chorei, gritei, pedindo para não ser
verdade, que tudo aquilo não passasse de uma mentira, uma
brincadeira boba de mau gosto.
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Saí correndo desesperada até a casa dela, implorando por


ajuda, para que Deus não levasse minha querida avó, minha
melhor amiga, mas já era tarde.
Foram momentos terríveis, nem sei como consegui chegar
ao final de todos os preparativos para nos despedirmos dela. Os
dias seguintes foram de pura tristeza.
Eu nunca superei essa perda. Sempre achei que era
forte em relação a sentimentos, pois nunca chorava quando
acontecia algo em minha família, alguns até me chamavam de
coração de pedra por isso. Mas hoje vejo que sou uma pessoa muito
frágil, que meu coração não é tão forte como pensava: não passa de
uma pedrinha de gelo, que derrete ao menor sinal.
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AMIZADE DE INFÂNCIA
Devison de Jesus Nascimento

Tudo começou quando eu estudava na 1° série, no


Colégio Professor Gilson Amado. Nessa escola, conheci uma
menina chamada Amanda e nos tornamos melhores amigos:
íamos e voltávamos juntos da escola, ela ia para minha casa
jogar vídeo game (jogávamos jogos de corrida ou crash) e
meu irmão ficava dizendo que ela era minha namoradinha.
Toda vez que em que eu estava com ela e o encontrava, ele mexia
comigo. Eu reclamava, pedia para parar, porque tinha medo de que
ela ficasse com raiva de mim.
Estudamos juntos na 1° e 2° séries, mas na 3° eu tive que
mudar de escola, porque meu irmão mudou e minha mãe resolveu
que eu iria estudar na mesma escola que ele. Nisso, afastei-me dela
e conheci outros amigos.
Passaram-se nove anos e um dia, no desfile de 7 de
setembro de 2017, eu estava com uns amigos quando um deles
parou para conversar com uma menina. Eu olhei para ela
achando que a conhecia de algum lugar, até que lembrei da minha
amiguinha. Pensei em falar com ela, mas a vergonha não deixou.
Porém, quando saímos de perto dela eu perguntei ao meu amigo se
era Amanda e ele disse que sim. Falei para ele sobre nossa
amizade antiga e que eu não sabia se ela lembraria de mim.
Depois de alguns dias, entrei no meu Facebook e vi uma
solicitação de amizade. Quando eu olhei a foto, vi que era ela. Na
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mesma hora aceitei e mandei um oi. Depois disso começamos a


lembrar da nossa infância, dos momentos juntos. Nesse dia fiquei
tão feliz em conversar com ela após tanto tempo e ela lembrar de
mim tanto quanto eu lembrava dela. Foram muitas horas
lembrando os velhos tempos. Marquei de nos encontrarmos num
domingo e eu fui visitá-la. Nem parecia que tínhamos tantos anos
sem nos vermos, pois conversamos com muita facilidade,
relembrando aqueles tempos bons.
Essa foi uma das minhas noites mais felizes e se Deus
quiser, teremos várias outras, pois retomamos aquela amizade que
começou na 1° série como se ela nunca tivesse sido interrompida.
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MEU PRIMEIRO BRASILEIRO DE HANDEBOL


Erikes Alves dos Santos

Em 2011 comecei a jogar futsal no time do Colégio Arabela


Ribeiro.
Era o esporte de que mais gostava, o mais popular entre a
gente. Treinava bastante com meu time, até que um dia o professor
Sílvio nos disse que só nos colocaria no campeonato se nós também
jogássemos handebol.
Comecei a treinar handebol sem o menor interesse,
apenas para participar dos jogos. Treinamos muito, mas não nos
saímos bem. Perdemos todos os jogos, porque era muito difícil
dominar os dois treinos. No futsal eu me destacava, mas no handebol
era outra coisa. Perdi o ânimo.
Porém, no final daquele mesmo ano, participamos de uma
competição aqui em Estância, os jogos estudantis, e nessa, após
alguns meses de treino, tivemos a nossa primeira vitória. Desse
ano em diante, comecei a gostar de handebol. Nos anos seguintes
passamos a ganhar vários jogos, acabei deixando o futsal de lado e
passei a treinar apenas handebol.
Em 2015, saí do estado pela primeira vez, com destino a
Alagoas. Adivinha para quê? Jogar handebol!
Nesse campeonato nosso time nãoestava muito bom,
ganhamos um, empatamos outro e não passamos de fase, mas
serviu como experiência para nosso objetivo final que eram os
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jogos da Primavera em Aracaju, o que nos daria uma vaga nos


Jogos da Juventude.
Então, antes dos jogos da Primavera, nosso time participou
de um jogo contra os alunos do Colégio Walter Franco, num jogo
muito pegado, onde erramos muito, mas conseguimos ir para a
final enfrentar a melhor equipe de Sergipe, que já tinha participado
de vários brasileiros. Esse time estava muito confiante de que ia
ganhar da gente e no início parecia que eles iriam ganhar mesmo,
pois eles já estavam com 5 gols na frente. O que a gente não
sabia era que se ganhássemos, teríamos uma vaga no
brasileirão. Então, no intervalo, o professor falou isso e depois
ficamos mais confiantes.
Entramos para o segundo tempo dando o máximo, como
se fosse outra equipe. Eles não conseguiam marcar gol e a gente
só marcava. Eles não estavam acreditando! Então o jogo acabou e
nossa equipe desabou no chão, emocionados, porque o impossível
aconteceu.
Então, todos fomos para o meio do campo, pulando e
gritando: É CAMPEÃO!
No dia 16 de outubro estávamos a caminho de Trindade,
Goiás, para o nosso primeiro brasileiro.
Nosso sonho se tornou realidade.
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A VIAGEM
Eleylson Fernando Araujo

Viagem que me marcou foi a que eu fui com primos para um


sítio.
Chegando lá, meu primo foi logo me chamando para eu
andar de cavalo. Eu não aceitei, dei uma desculpa qualquer, mas
na verdade eu estava era pensando: vai que caio?
Comigo era assim: eu sempre ficava pensando no pior que
poderia acontecer. Mas isso tinha que acabar, porque eu não poderia
passar o resto da vida com medo das coisas, sem aproveitar nada.
Por isso, quando meu primo me chamou de novo para
levar o cavalo para outra fazenda eu criei coragem e fui.
Subi no cavalo com muito medo, ainda sem saber bem o
que ia fazer, mas fui guiando, devagar, com medo dele sair
correndo e me derrubar mas não foi tão ruim como eu pensava.
Levamos o cavalo e eu fui tranquilo o caminho todo.
Depois, na volta, soubemos que minha tia havia
passado mal.
Tivemos que deixar os cavalos na outra fazenda e fomos
com ela para o hospital. Felizmente não foi nada grave, apenas um
mal-estar causado por alguma coisa que ela comeu.
À noite jantamos e ficamos conversando até a hora de dormir.
Foi um dia muito legal. Perdi meus medos, minha tia estava
bem.
Eu me diverti bastante!
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O PEQUENO CAMINHONEIRO
Felipe da Silva Oliveira

Quando eu tinha 9 anos, fiz uma longa viagem com meu


pai. Não era a primeira, mas foi completamente diferente das
outras. No início foi muito difícil para mim, pois chegando em Vitória
da Conquista eu fiquei com uma gripe muito forte, um calor imenso
e eu não conseguia tomar nem um gole d’água por causa da
garganta.
Chegando ao estado de Minas, saímos do calor para o frio
e tudo mudou: as noites eram frias, muito difíceis, com muita
neblina. Paramos para dormir e no outro dia foi a primeira vez que
meu pai me deu a carreta para dirigir, após muita insistência minha.
Foi a melhor sensação que tive!
Após poucos minutos de direção, entreguei o volante ao
meu pai porque estávamos chegando numa serra perigosa. Ao
descermos a serra, meu pai usou o freio do motor, mas entupiu o
cano do balão, o que foi um grande problema, pois naquela região
não tinha borracharia.
Meu pai preferiu ir embora e não esperar o borracheiro e,
após um pequeno percurso, encontramos um posto. Meu pai é
carreteiro, mas nunca gostou de estar no meio deles e eu não sabia
o porquê. Ao descer do carro para almoçar, fui verificar os pneus,
como todos os motoristas fazem e olhei no rosto de meu pai e vi seu
semblante preocupado.
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Após o almoço, meu pai falou do problema do caminhão a


um grupo de homens e eles foram pessimistas, disseram que
nós não íamos conseguir viajar daquele jeito, que iríamos morrer,
pois era muito arriscado.
Meu pai não se importou muito com os comentários e logo
depois fomos embora. Por isso ele não gostava dos companheiros de
trabalho.
Enfim, descemos a temível serra e ocorreu tudo bem, mas foi
difícil.
Após a carreta consertada, peguei o volante novamente e
subi uma serra, mas a pressão era muito grande, porque se eu
acelerasse demais a temperatura poderia elevar e parar a carreta
no meio da estrada e se eu voltasse a aceleração poderia provocar
um grave acidente.
Cheguei no topo da serra muito feliz. Nos outros dias da
viagem eu sempre dirigia um pouco, eram poucos minutos,
mas eu me sentia satisfeito, pois ia aprendendo cada vez mais.
E olhe que satisfazer uma criança é muito difícil, mas naquele
momento ali estava impecável.
Após longos dias chegamos em casa, cansados da
viagem e agradecemos a Deus por nada de ruim ter acontecido.
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O FUTEBOL NA MINHA VIDA


Felipe Pereira Santana

O ano de 2016 foi o que marcou minha vida no futebol,


uma das coisas que mais gosto. Treinei quase o ano todo para jogar
no Campeonato sergipano pelo clube Sementes do Futuro. Nós
treinávamos muito para alcançar o título tão esperado para todos.
O campeonato começou e nós fomos para a estreia em
Canindé. Saímos de lá com uma boa vitória, já nos preparando para
o próximo jogo.
Porém, nesse não saímos com a vitória. Empatamos e
ficamos um pouco tristes porque o nosso próximo adversário vinha
bastante forte, mas nós nos preparamos mais uma vez e fomos
para o jogo. Foi muito suado, mas conseguimos ganhar.
Partimos para a semifinal com o time desfalcado, com 2
jogadores a menos e, por isso, não conseguimos a vitória.
Mas fizemos um bom jogo, perdemos para o Rocket Power.
O Rocket foi campeão sergipano e eles tinham que ir
para o brasileiro, mas precisariam de alguns reforços, porque
no Campeonato brasileiro iriam participar as seleções de cada
estado do Brasil. Então, o presidente do Rocket teve uma
conversa com o presidente do Sementes, convidando alguns
jogadores do nosso t i m e para participar, e eu fui um deles.
Aquela foi a maior experiência que já tive.
Viajamos para Belo Horizonte para jogarmos, fizemos
uns bons jogos e ficamos em 4° lugar no brasileiro. Fiquei muito
19

feliz, pois queria ser campeão, mas o futebol é uma caixinha de


surpresas e cada jogo é uma história.
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O EXPLORADOR DE SÍTIOS
Gabriel dos Santos Vieira

Vindo diretamente das profundezas de meu


subconsciente, trago-lhes a inesquecível viagem a Areia Branca.
Eu, uma criança franzina de oito anos, fui levado por meus pais a
um sítio localizado em algum lugar próximo ao fim do mundo.
Confesso que o primeiro dia de estadia no local logo de
cara trouxe-me diversos choques de realidade. Para começar,
acordar às 5 horas da madrugada e comer o tradicional cuscuz com
ovos à luz do sol não era algo a que eu estivesse naturalmente
habituado. Motivado pelos persistentes incentivos de meus pais,
acabei conhecendo e fazendo amizade com uma das poucas
crianças do recinto, mais especificamente o filho do dono do sítio.
E assim, durante a noite, começamos nossa jornada de exploração
por um lugar nunca antes presenciado por reles humanos,
também popularmente conhecido como chiqueiro.
Pedro levou-me a um empório de armas
ultrassecretas, um inventário que possuía os mais específicos
equipamentos de exploração a sítios, comumente apelidado de
‘’Quarto das Tralhas’’. Meus olhos brilharam ao notar a variedade
de utensílios que estavam ao nosso dispor: coletes rasgados,
roupas velhas, varas de pesca enferrujadas e capacetes
rachados. Em apenas alguns minutos, Pedro e eu já estávamos
parecendo exploradores mirins do Discovery Channel. A noite
caiu como um piano despencando do sétimo andar e, em
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instantes, não se ouvia nada mais além do zumbido de gafanhotos


e o piar das galinhas.
Como todo lugar cheio de mato no fim do mundo que se
preze, não havia sequer uma fonte de iluminação além do brilho
azulado do luar, que não era suficiente nem para iluminar as
densas florestas de goiabeira. O chão do sítio também tinha a
sua peculiaridade noturna: como o local é povoado por diversos
pastos de vacas e cavalos. Você já deve ter uma ideia de como o
chão ficava no fim do dia. Levando isso em consideração,
percebemos que seria de imensa importância ter cuidado
onde pisávamos, principalmente em locais de higiene tão
refinada como o chiqueiro. Lembro-me como hoje, do quão
impressionado fiquei ao contemplar os porcos pela primeira vez.
Tinham no mínimo o triplo de meu tamanho, ronronavam de forma
intimidadoramente alta, através de seus focinhos redondos e
molhados. A coloração mestiça de seu pelo foi perdido em um
banho irracional de lama e de seu pescoço para baixo já não se
podia distinguir o poço do chão lamacento.
Com os pés ensopados e os coletes sujos de mato e
barro, decidimos fechar o passeio com chave de ouro, através de
uma saudável luta de pedras. Pedro tomou distância, próximo da
casa dos cachorros, enquanto eu me aproximei da casa do sítio.
A batalha começara e, com algumas esquivadas simples, eu
conseguira despistar as jogadas dele.
Porém, durante um de meus lançamentos, acabei por
mandar uma pedra com uma força maior do que o calculado.
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Acertei Pedro bem em seu estômago e ele, sedento por vingança,


correu atrás de mim com uma pedra feita de barro. Tentei
impedi-lo, mas por infortuna coincidência, escorregamos em
uma pedra, com Pedro caindo por cima de mim. Essa brincadeira
resultou em minha testa rachada e uma porção de
ressentimentos, mas no geral, foi uma boa viagem.
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O PODEROSO CHEFINHO
Gabriel Vinícius Lima dos Santos

Eu tinha 9 anos quando recebi a notícia de que minha mãe


estava grávida. Não fiquei muito surpreso, porque já tinha uma
irmã mais nova.
Durante o período de gravidez várias pessoas chegavam
em minha casa falando sobre o bebê, perguntando aquelas coisas
que todos perguntam: “Já está com quantos meses?” “Vai ser
menino ou menina”?
Minha mãe já pensava e m nomes para o bebê e às
vezes eu até ajudava: se fosse menina ia ser Estela e se
fosse menino s e r i a Kevin, mas quase todo dia mudávamos
os nomes. Nunca havia um certo.
Eu achava aquele bebê um intruso porque minha
mãe não engravidava há 8 anos, desde que teve minha irmã. Eu
queria que pelo menos o bebê fosse menina, pois ficava
pensando que se fosse menino ficaria com todos os meus
brinquedos.
Dias depois minha mãe soube qual era o sexo do bebê e
para minha tristeza o recém-nascido seria um menino.
Eu gostava de acertar as coisas e quando minha mãe já
estava a caminho da maternidade, eu disse uma data para o
“intruso” nascer: 24 de fevereiro e acertei. Ele nasceu nesse mesmo
dia.
24

Minha mãe passou três dias na maternidade e voltou


em um domingo para casa. Ela e o bebê chegaram no carro do meu
cunhado, junto com minha irmã mais velha; trazia o bebê nos
braços e já foi logo dizendo os cuidados com ele.
Quando ele chorava, todos ficavam ao redor dele, menos
eu, que achava irritante. Ele só comia, chorava e dormia. Todas as
atenções eram voltadas para ele. Já tinham dado um nome para
ele: Ismael Nycolas, que minha mãe escolheu. Na minha opinião,
tudo bem.
Como eu havia previsto, ele pegou meus brinquedos, mas
não fiquei com muita raiva. Eu sempre brincava com a minha irmã
mais nova, mas quando o “Chefinho” chegou, minha mãe n o s
m andava brincar com ele e não gostávamos.
Sempre que acontecia alguma coisa e ele chorava, a
culpa era nossa. Ele também nem sabia brincar direito!
Quando meu amigo ia lá em casa para jogar futebol, minha
mãe já mandava brincar de futebol com ele e isso me deixava
irritado. Minha irmã e eu só podíamos brincar sozinhos quando ele
dormia ou estava assistindo TV, o que era um alívio.
Mas aos poucos aprendi a conviver melhor com ele,
ainda com algumas brigas, mas se não brigássemos, não teria um
amor de irmãos.
25

O DIA QUE EM QUE RENASCI E TIVE A OPORTUNIDADE


DE FAZER DIFERENTE
Hugo Marques Macedo

Eu estava em casa, em uma tarde de domingo de um dia


muito bonito, quando resolvi pedir à minha mãe para dar uma
volta na rua. Ela pediu para eu não ir, mas eu peguei a moto
mesmo assim e fui sem ela saber.
Chegando na casa de um amigo, eu o chamei para irmos na
praia e ele aceitou. Chegando lá, almoçamos e depois fomos
encontrar com um grupo de amigos. Bebemos muito, curtimos
bastante, eu nem lembrava que minha mãe não tinha me deixado ir.
Na volta para casa foi que aconteceu a tragédia: nós
estávamos descendo uma ladeira na moto quando não fechei a
curva e bati de frente com um paredão.
Imediatamente, vieram pessoas me socorrer e, antes de me
levarem para o hospital, eu passei em casa para avisar a minha mãe.
Foi um dia muito triste, pois quando minha mãe me viu
naquela situação ficou desesperada, afinal, eu estar vivo depois
daquele acidente era um milagre que Deus tinha feito em minha
vida. Já meu amigo estava bem, só teve alguns arranhões de leve
pelo corpo.
Chegando ao hospital, passei por uma cirurgia no joelho,
fizemos alguns curativos e depois minha mãe me levou para casa.
26

Passei dias andando de muletas, fazendo curativos e, depois


de três meses, fiz fisioterapia para recuperar os movimentos de
uma das minhas pernas.
Nesse período de recuperação, tive a companhia da minha
família e de amigos que ficaram juntos comigo nesse momento difícil.
Fiquei também muito triste, porque aquelas pessoas a quem eu
sempre dava atenção e q u e sempre coloquei em primeiro lugar
em m inha vida nem sequer foram fazer uma visita.
Aprendi que sempre devemos escutar e dar valor àquelas
pessoas que nos amam, que sempre nos dão conselhos, que nos
falam o que é certo e o que é errado. Nem imaginamos o quanto
essas pessoas, que na maioria das vezes ignoramos, nos amam.
Vamos dar valor a essas pessoas que sempre estão do
nosso lado, independente da situação, e sempre plantar o bem,
apesar do que a gente tenha recebido, pois plantando o bem
temos certeza de um future maravilhoso.
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BRIGA DE ESCOLA
Igor Lima Santos

Em um certo dia, fui para escola e, quando cheguei,


tinha uns colegas de fora que me chamaram para ir à quadra
do Colégio Walter Franco jogar bola. Nós fomos, e ao chegar
lá, vimos que havia outros meninos da escola e eles nos
chamaram para jogar apostado.
Aceitamos a aposta e ganhamos, mas eles não queriam
pagar o dinheiro e então chamaram para jogarmos mais uma vez. A
gente aceitou, mas, no meio do jogo, uns meninos começaram a
brigar. Eu fui correndo para separar, mas levei um murro e, para
não ficar apanhado, revidei. Daí entraram vários meninos de ambos
os lados e foi a maior confusão.
A briga acabou, mas, depois disso, um dos meninos que
estava na briga passou a fazer ameaças, até o dia que o
outro cansou de ser ameaçado e falou ao primo o que estava
acontecendo. Esse primo tomou as dores e, depois de uns dias, eles
foram para a escola, encontraram outros meninos, entraram pela
quadra e foram para o pátio.
Ao chegar, começaram a discutir e partiram para briga. O
resultado é que foram expulsos.
Para que isso não ocorra outra vez, a escola tem que
tomar providências de fechar o portão, por câmeras nos corredores,
na quadra e em várias parte da escola e também p ô r inspetores
rodando pela escola, para monitorar todos os alunos que estejam
28

fora da sala. A escola tem que ser rígida com todos os alunos,
para que estudem e sejam alguém na vida.
29

MEU PRIMEIRO BEIJO


João Henrique Santos de Campos

Aquele dia era normal como os outros, até a hora da saída,


porque foi o momento em que eu beijei pela primeira vez. E o melhor
de tudo é que foi com a menina que eu queria.
Fiquei com medo dela não querer, fiquei com muita
vergonha de pedir e com muito frio na barriga. Eu decidi que ia
pedir, mas, para isso, eu precisei da ajuda de um amigo, que foi lá
e falou com ela. A resposta dela foi boa: se eu quisesse, tinha
que pedir a ela. Daí eu entendi que ela também queria, então
senti uma confiança a mais.
Chegou a hora da saída, bateu aquele nervoso, mas eu fui
lá com muito medo de levar um fora. Se isso acontecesse, acho que
eu nunca teria coragem de pedir pra ficar com nenhuma menina.
Mas sem perguntar eu nunca iria saber, não é? Daí eu fui.
Ela estava conversando com a amiga, eu chamei e
ela veio. Conversamos e ela disse sim.
Naquele momento, aprendi que se a gente gosta de uma
pessoa de verdade nós temos que agir e não ficar esperando pelos
outros.
Quando eu perguntei se ela queria ficar comigo, ela falou que
queria isso desde o primeiro dia que me viu e só estava esperando
eu chegar e pedir. Aquilo me deixou tão feliz que não tem
explicação.
30

O momento do beijo foi uma das melhores sensações, pois


além de ser o primeiro beijo, foi com a menina que gostava. Não
existe melhor sensação do que a de estar com a pessoa que
você gosta, do jeito que você quer.
31

VIAGEM AO SUL
Josefa Mariana Santos Guimarães

Em 2015 que meus pais me falaram que a gente faria


uma viagem para Santa Catarina, p a r a f a z e r u m a visita à
minha irmã.
Não aguentava de felicidade. À noite não conseguia
dormir, pensando em como seria, ainda mais porque iria viajar de
avião.
No dia da viagem, a ansiedade tomava conta de mim,
queria saber como seria dentro do avião e o que sentiria ao voar,
sentir aquele friozinho na barriga que todo mundo falava,
principalmente nas turbulências, quando o avião balançava.
Quando chequei lá, vi tudo diferente do nordeste: a
cidade organizada, limpa, bem verde, que preserva a natureza, tem
muitas árvores e flores embelezando a cidade. Senti de perto
aquele friozinho e fiquei o todo tempo de roupas de frio.
Em uma semana que estava lá, vi de perto um temporal: o
céu ficou azul de um jeito que nunca vi: começou a chover forte,
trovões e raios caindo, árvores caindo, ventos que levaram os
telhados de algumas casas, pensei até que era um furacão e
fiquei com muito medo, mas falaram que lá era assim mesmo.
Depois visitei museus, parques lindos, zoológico onde a
gente ficava bem próximo aos animais, além de conhecer
cachoeiras que pareciam o paraíso. Não resisti, tomei um banho e
fiquei toda congelada. Não sabia que era tão gelada!
32

Não conheci só lugares, mas pessoas gentis e


educadas que pretendo levar para a vida toda como amigos,
que me apresentaram o chimarrão e cuca, um doce de lá com
um gosto bem diferente, mas eu gostei. Eu e meus pais
ficamos bem apaixonados pela cidade e não pensaríamos duas
vezes em voltar, foi uma viagem inesquecível.
33

MINHA INFÂNCIA
José Wallas Santos Dias

Eu lembro que no passado eu e meus primos brincávamos


muito de cavalo de pau, dentro da lama que tinha na frente de nossa
casa. Cada um tinha sua própria fazenda na capineira e também
brincávamos muito de vaquejada no brejo.
Uma vez, meu primo Felipe ficou doente porque a gente
ficava brincando na lama. Ele pegou dengue e passou muito
tempo no hospital com minha tia. Fui visitar ele muitas vezes.
Eu e meus primos continuamos brincando naquela lama,
até que um dia meu pai comprou três cavalos para nós tomarmos
conta e, depois de um tempo tomando conta dos cavalos, meu pai
começou a deixar a gente ir para as cavalgadas, vaquejadas,
corridas de argolas e vários outros eventos envolvendo cavalo.
Sempre andávamos juntos e íamos buscar adicuri, mas para
chegar até eles, a gente tinha que atravessar uma represa bem alta
e gostávamos de tomar banho lá. A gente atravessava a maré
para irmos para o capim duro pegar manga verde e madura.
Numa aventura dessas, encontramos uma cobra que quase
picava minha perna. Nós íamos para a fazenda de um colega, a
sorte foi que meu amigo Tonho viu e na mesma hora a matou.
Meus primos e eu jogávamos muito pela seleção de Estância,
fomos a muitos campeonatos fora de Estância, como
Cristinápolis, Umbaúba, Pedrinhas e Arauá. Viajamos uma vez
34

para a Bahia, para jogar uma competição em um município de lá


e fomos campeões.
Meus primos e eu nos divertimos muito, tivemos a melhor
infância que poderíamos ter.
35

PRIMEIRA VEZ
Larisse Beserra de Farias Santos

O relato que vou lhes contar parece ser besteira, mas para
jovens alunos é um verdadeiro desespero, é uma coisa terrível, de
outro mundo: dia de prova. Só de falar em prova já surge uma
verdadeira tensão dentro de mim.
Era uma tarde chuvosa, estava com muita preguiça de ir à
escola e as tentativas de convencer a minha mãe a faltar aula
foram frustradas, então tomei meu banho, almocei e fui. O céu
estava escuro eram 13:20h mas parecia ser 18:30h; já sentia que
não ia ser um dia normal.
Chegando na escola, vi que meus amigos foram mais
convincentes que eu, pois na sala só havia seis alunos comigo.
Logo entra a professora na sala, uma senhora velha, usando
óculos e roupas largas e anuncia a prova. Mas que prova!? Não
havia estudado, odeio prova e ainda mais de matemática. Comecei a
suar com aquela prova na mão, não sabia o que fazer, minha cabeça
estava um breu e começou a doer com todos aqueles cálculos e
problemas matemáticos.
Fiquei até os últimos segundos com aquela prova na mão e
cada minuto era uma tortura, era um desespero. Nem sei como
entreguei, mas a tortura teve fim.
Fiquei a semana toda pensando naquela prova e ansiosa
para o resultado, com muito medo. Finalmente, chegou o dia da
36

entrega e quando fui receber a minha, a professora perguntou: “o


que aconteceu, menina?”
Pois é, eu tinha tirado nota baixa e fiquei de recuperação
pela primeira vez na vida.
Fiquei muito triste e com raiva, mas depois de muito
esforço, de muito estudo e dedicação, sem sair de casa, 24 horas
estudando e com a ajuda de Deus, porque só ele para fazer
tamanho milagre, consegui passer na recuperação. Um alívio e tanto!
O que eu não sabia era que aquela seria a primeira de
muitas...
37

MAIS QUE AMIGAS, IRMÃS


Léa Soares Machado

Comumente você ouve por aí a expressão amigas de


infância, mas no meu caso é diferente: ela é minha amiga de
adolescência, daquelas que você guarda mesmo no fundo do
coração, das que você nunca esquece, que você quer pra todo
sempre na sua vida.
Com ela aprendi de tudo: a reconhecer meus erros, a
levantar após uma queda, a ir atrás do que se quer, ser
perseverante. Nós estamos sempre juntas, nos momentos bons e
ruins e foi com ela que eu aprendi o real significado da palavra
amizade, foi só necessário alguns meses pra nos tornarmos
amicíssimas.
Nesse tempo houve muitas coisas que nos afetaram, mas
como ela mesma diz, Deus sabe o que faz, tudo passa e nós
superamos todas essas barreiras e passamos por isso de cabeça
erguida.
Apesar de não nos vermos fisicamente c o m f requência,
continuamos muito amigas e a cada dia que passa essa amizade
vai se fortalecendo mais e mais.
Brigas? Compreendemos muito uma a outra, é tanto que isso
quase não acontece.
Irmã? Com certeza! Taynar já não é mais só minha amiga,
eu já a considero uma irmã.
38

Distância? Só alguns metros, pois moramos em bairros


diferentes, nada que uma amizade forte não supere.
Mudanças? Existem, mas temos que aprender a
compreender e nos “adaptar” a essa nova fase.
Ela é a amiga que eu não quero nunca sonhar, imaginar,
pensar em perder. É a amiga que eu quero que esteja em todos os
momentos, felizes ou tristes, é a amiga que eu nunca vou desistir da
amizade, apesar de todas as dificuldades que possam surgir. Eu
sempre estarei ao lado dela pra tudo, tudo mesmo, pro que der e
vier, minha amiga-irmã.
Nós prometemos que seríamos amigas pra toda a
eternidade. Sei que as pessoas podem mudar, mudanças são
coisas da vida, mas as essências da vida nunca deixam de ser elas
mesmas.
39

MEU PRIMEIRO AMOR


Lívia Beserra de Farias Santos

Numa noite de domingo, quando eu saí de casa para ir à


igreja com meus pais, eu conheci um menino, um garoto simples,
legal, atencioso e muito bonito. Ele tinha 10 anos e eu tinha 8.
Quando ele entrou pela porta, o meu coração disparou e foi aí que
tudo começou.
Todas as noites e m que tinha culto eu o via e ele
sentava sempre do meu lado no grupo das crianças. Cada dia que
passava, eu gostava muito mais dele e percebia que ele também
gostava muito de mim.
Numa certa noite, a coordenadora do grupo de crianças
de lá da igreja Assembleia de Deus, no Bairro Cidade Nova, mandou
a gente ficar de joelhos para orar. Quando eu me ajoelhei, ele veio
e se ajoelhou do meu lado, pegou a minha mão e ficou
acariciando. Nesse momento, meu coração ficou a mil, porque tive
certeza de que ele gostava mesmo de mim.
A gente ficou um tempão segurando as mãos e com muito
cuidado para ninguém ver.
O tempo foi passando e o amor continuou, até que um dia
eu me afastei da igreja porque meus pais tinham parado de ir e como
eu só tinha 8 anos não podia ir sozinha, então não tive mais contato
com ele, mas mesmo assim ainda continuei gostando dele.
Passei dois anos sem ver o u falar com ele.
40

Em Fevereiro de 2012, eu resolvi voltar para a igreja e daí


a gente se encontrou novamente e confesso que o sentimento que
eu tinha por ele ainda continuava o mesmo. A gente até chegou
a ficar várias vezes e também namoramos escondidos da mãe
dele, pois ela não gostava de mim como nora.
Hoje somos só amigos e nem pensamos mais em
ser namorados, aquilo foi algo que marcou, mas que ficou na infância.
41

RECADINHO
Lucicleide Souza Santos

Sei que posso não saber muito bem, mas a lembrança de


um dia chuvoso sempre vem. Muitos não levam a sério o que
digo, outros se surpreendem quando falo. Sei que nem parece de
verdade, mas aconteceu e nem eu nem ninguém temos como mudar
isso.
Não só porque minha mãe me fala, mas sim porque tem
momentos marcantes na memória e ele mesmo, o próprio, já
assumiu, mas hoje estou mais tranquila a respeito dessa ideia.
Deixa eu contar o que aconteceu e dar sentido às minhas
palavras.
Quando morávamos em São Paulo, já faz uns 14 anos, eu
estava no hospital, num dia de chuva e frio, acho que era inverno,
não sei bem, mas estava chovendo bastante aquele dia.
Naquele tempo, éramos uma família, não muito feliz, até
porque vida real jamais será um conto de fadas, em que todos
vivem felizes para sempre.
Enfim, como estava dizendo, éramos uma família não muito
feliz, até a página dois da vida, da minha “vida”. Meus pais eram
jovens, ela tinha 16 e ele 19, eu entendo, mas isso não justifica o que
aconteceu.
Então eu fiquei doente e precisei ir ao hospital. Até aí tudo
bem. Até vir o resultado: agonia, desespero, tristeza, medo,
emoções ruins, até porque eram jovens e, por fim, a dúvida e a
42

decisão errada da parte dele. E então, naquela noite, tudo


acabou, falaram que não teria mais jeito, os médicos de São
Paulo exageram de vez em quando. Ele disse que ia voltar para
casa e eu e minha mãe ficamos no hospital, esperando mais um
pouco, andando por aqueles corredores escuros, quando vieram os
medicos, mas, não com boas notícias e sim para nos mandar
embora, pois não havia outro jeito mesmo.
Minha mãe saiu comigo no colo e logo veio uma enfermeira,
entregou uns remédios e disse que eu iria ficar bem, então
saímos sozinhas naquele temporal e chegamos em casa, salvas
e muito molhadas, por volta da meia-noite.
Lá, uma tristeza estava por vir, um simples recado que
dizia assim: “estou voltando para Sergipe, de lá vou para Feira
de Santana, não me procure, é muita responsabilidade cuidar dela
com você”.
Cheguei a ler esse recadinho anos depois, até perguntei para
ele se era de verdade, ele confirmou. Fiquei a me perguntar:
Qual é! Era apenas uma simples pneumonia. PNEUMONIA!
O que tinha de mais nisso? Tudo bem, a situação era
precária.
Depois disso descobrimos mais coisas sobre mim, sobre
ele. Tive que fazer uma cirurgia aos meus 3 anos, ele já
não estava com a gente e quem estava lá e assinou todas as
papeladas foi meu pai. Já deu para perceber que “Ele” é o meu pai
biológico, enquanto “Pai” é o meu padrasto, que amo tanto, mesmo
não sendo sangue do meu sangue.
43

Há pouco tempo, ele me mandou mensagem, entrou em


contato. Só o vi uma vez em 2012, mas depois de me enganar,
agora está cumprindo o que falou que iria fazer.
O que será que o motivou? Pelo visto, o
“paiotário” deve estar querendo se tornar um paizão.
Veremos...
44

UMA QUEDA INESQUECÍVEL


Marlon David Germano França

Quando eu tinha 12 anos, meu pai começou a me ensinar a


pilotar a moto. Quase todas as noites ele saia de moto comigo
para um lugar reservado, para evitar acidente. Minha mãe ficava
discutindo com meu pai, porque ela não queria que eu aprendesse,
para que eu não me envolvesse em um acidente e me machucasse.
Passou um tempo, eu já estava saindo sozinho pelo
bairro, levava minha mãe aos lugares que ela precisava ir, saía com
os colegas e nunca tinha caído.
Todos os dias que meu pai vinha do trabalho para
almoçar, eu pegava a moto e ficava dando voltas na rua onde eu
moro.
Porém, um dia, eu peguei a moto e quando fui virar a curva,
um vento forte bateu, a moto pendeu para o lado e eu caí. Fiquei
com tanta vergonha que me levantei correndo, peguei a moto no
chão e fui para casa devagar, com medo de cair novamente.
Quando cheguei em casa, olhei cada detalhe para ver se
a moto tinha quebrado alguma coisa, mas não tinha quebrado
nada. Graças a Deus!
Encostei a moto do lado de casa e entrei pensando que
meu pai tinha me visto caindo com a moto, mas ele não viu.
Esse é o nosso segredo. Não conte pra ninguém, viu?
45

MINHA HISTÓRIA
Milena Paixão do Nascimento

Eu tinha 3 anos e 11 meses quando minha mãe faleceu.


Seu nome era Rosenilde e ela nasceu na cidade de Jandaira, na
Bahia, em 12 de novembro de 1966.
Com 1 ano de idade, ela perdeu sua mãe, vítima de
infarto. Minha avó a estava amamentando no momento do
falecimento e, aos 18 anos, perdeu seu pai vítima de cirrose
hepática. Aos 13 anos de idade casou-se com meu pai (Ailton) e
com apenas 15 ela teve o primeiro filho, seguidos de mais.
Eles moravam então em Aracaju e se mudaram para
Estância, onde minha mãe passou a trabalhar como merendeira, na
escola Celina Nascimento Montalvão.
Aos 29 anos, ela descobriu que estava com uma anemia
grave, que virou leucemia. Nessa época, ela teve seu quinto filho e
por isso o médico falou que ela não poderia mais ter filhos, pois no
seu diagnóstico constava problemas cardíacos.
Só que mesmo assim ela teve mais 4 filhos e isso deve ter
agravado tanto a sua anemia quanto seus problemas cardíacos.
Certo dia, aos 37 anos, depois de almoçar, ela dava mama à
minha irmã mais nova, que tinha apenas 7 meses, quando sofreu
um infarto e faleceu.
Após seu falecimento minha família se desestruturou
totalmente, pois ela era o alicerce de tudo. Morávamos em uma casa
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pequena e a única renda que tinhamos era a dela, pois meu


pai nesta época estava desempregado.
Após o falecimento de minha mãe ele foi para Aracaju e
deixou a m im e meus irmãos aos cuidados do meu segundo irmão
mais velho (Luiz Carlos).
Naquela época, fizeram uma denúncia de que estavámos
passando necessidade, então o Conselho Tutelar levou a m i m e
a minha irmã mais nova para a Casa Acolhedora e após 10 dias
meu irmão conseguiu nos tirar de lá. Quando eu e minha irmã
voltamos para casa, meus irmãos tinham feito uma festa para a
nossa chegada.
Depois disso fui para Aracaju morar com meu pai
juntamente com meus irmãos menores, pois meu irmão estava
fazendo faculdade e começou a trabalhar.
Ao chegar lá fomos morar na casa de minha vó materna
(de criação). Nesse período, meu pai trocou uma casa em Estância
por um barraco no meio do mangue, no bairro Coroa do Meio e foi
lá que passei a morar.
Foi uma vida difícil, mas meu pai passou a receber auxílio
moradia e, após 8 anos, ganhamos uma casa no bairro 17 de
Março, onde fiquei até os 12 anos, quando meu irmão me trouxe de
volta para Estância, visando meu futuro através dos estudos.
Hoje, graças a Deus, minha família se reergueu, todos
estão casados e vivem muito bem com suas famílias. E eu, apesar
de tudo o que ocorreu, porque perder uma mãe aos 3 anos de
idade não é fácil, ainda sinto sua falta. Atualmente, sirvo a Deus,
47

levo uma vida feliz, cheia de paz, estou cursando o 1° ano do


ensino médio e pretendo seguir a carreira de enfermeira.
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O DIA EM QUE FUGI DE CASA


Nathaly Silveira de Oliveira

Alguns dias antes de fugir de casa, eu estava


conversando com meu ex-namorado e falei que estava querendo
fugir de casa, mas não tinha lugar pra ir, então ele me chamou
para ir pra casa dele, em Cristinapólis.
Faltavam poucos dias para o meu aniversario e eu estava
para tomar uma decisão que seria para o resto da minha vida.
No final de semana, minha madrasta, que eu considero
uma mãe, resolveu fazer uma festa simples, só para não passar
em branco. Algumas pessoas v i e r a m passar o final de
semana lá em casa e eu convidei amigos da igreja. Quando
todos chegaram, fizemos um pequeno culto, depois conversamos,
tiramos fotos, foi tudo normal.
No domingo à noite, fomos para a igreja, pois haveria santa
ceia e eu já tinha programado tudo para fugir no dia seguinte.
Quando o culto acabou, fomos comer pizza e eu me sentia
emocionada, porque seria o ú ltimo d i a com minha família.
Enquanto todos dormiam, eu fiquei acordada, arrumando
minhas coisas. O dia amanheceu e, quando meus pais saíram, eu
escondi minhas bolsas no depósito do mercadinho ao lado,
depois voltei pra casa naturalmente, me arrumei, fingindo que ia
para o curso.
Peguei um moto-táxi para o ponto e de lá tomei o transporte,
um pouco nervosa.
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Quando cheguei em Cristinápolis, fiquei apavorada, pois


não sabia onde era a casa do meu namorado, nem conhecia a
cidade. Como eu não tinha crédito no celular, pedi emprestado a
um desconhecido e liguei para ele, que foi me buscar.
No caminho, ele estava preocupado que meu pai
descobrisse, mas eu falei que havia deixado uma carta.
Na casa dele, conheci alguns primos, sua tia e, enquanto eu
arrumava minhas coisas, a mãe dele chegou e me chamou para
conversar. Ficou me fazendo um monte de perguntas, achando
estranho que minha mãe tivesse m e deixado ir pra lá, pois ela não
sabia que eu tinha fugido de casa.
Enquanto Ygor tomava banho, eu abri minha Bíblia e fiquei
olhando a foto do casamento de meu pai e minha madrasta. Eu
estava um pouco triste e pensativa e ele me consolou, se
oferecendo para me levar para casa se eu quisesse voltar, mas eu
não quis.
Mais tarde, ficamos na porta, ele pegou minha mão e
ficamos assim. Depois entramos e ele me beijou. Foi nosso
primeiro beijo. Mais tarde, naquela noite, estávamos conversando e
ele ficava insistindo em saber por que eu tinha fugido m a s eu
nunca respondia, sempre enrolava. Minha mente estava longe, em
Estância, em saber que minha família estava preocupada comigo.
Foi então que o tio dele chegou dizendo que meu irmão
estava ali para me pegar. E agora? Eu não queria ir, mas meu
irmão apareceu e mandou arrumar minhas coisas, enquanto meu
50

pai conversava com Ygor e minha cunhada pedia desculpas à mãe


de Ygor.
Peguei tudo e saí.
Ygor me olhava e eu estava com o coração partido. Entrei no
carro e fui pra casa.
Depois eu soube por minha madrasta que meu pai quase
infartou.
No outro dia, quando saí na rua, estava todo mundo
falando comigo, perguntando o que tinha acontecido.
Você pode estar se perguntando por que eu fiz isso. Nem
eu sei bem. É que alguns adolescentes passam por conflitos em
casa e se sentem sufocados, desejam fugir das brigas, das
reclamações e cobranças. Querem viver outras aventuras,
outras histórias. Não pensei nas consequências, só quis dar
um tempo de tudo isso. Hoje eu não faria isso porque perdi muita
coisa importante na minha vida.
51

EM FAMÍLIA
Raiane Oliveira Santos

Fui viajar com minha família para uma serra em Macambira,


numa viagem cheia de adrenalina e muitas emoções. Antes de
chegar ao destino, fomos a Simão Dias encontrar o resto da
família. Estávamos quase todos: tios, primos, pais, avó, todos felizes
por estarmos reunidos em um momento de animação.
Estava tudo pronto para sair e ficamos esperando nosso
transporte chegar. Você sabe de que transporte nós íamos?
De trator!
Por mais inacreditável que fosse, fomos 28 pessoas em
um reboque. Para melhorar a situação, meu primo, condutor
do veículo, estava sem os movimentos do braço esquerdo. Que
emocionante, meu Deus! Eu achei que ia morrer umas quatro vezes,
porque a estrada era bem perigosa.
Na maioria do percurso havia valas, corríamos o risco de
cair, mas chegamos ao local do acampamento todos bem. Um
milagre!
Armamos as barracas e fomos almoçar. Depois do almoço,
ouvimos algumas histórias da minha vó, pois ela morou lá
naquele lugar em sua infância e falou o quanto ela e a mãe
sofreram morando naquela serra.
Depois fomos explorar o local, andamos muito, passamos por
rios, tomamos banho em uma cachoeira de água bem gelada.
52

Chegamos ao pé da serra 15h40 e chegamos ao topo as


17h30. Estava muito frio, mas assistimos a um lindo pôr-do-sol.
Descemos a serra à noite, fizemos trilha na mata. Chegamos no
acampamento umas 20:15.
Depois do banho, era hora de dormir. Foi uma noite
terrível, no meio do mato, quase ninguém dormiu direito com
enjoo.
No dia seguinte, tomamos café e passamos a manhã
tomando banho no rio. À tarde voltamos para Simão Dias e daí
pra casa.
Foi uma viagem e tanto! Cheia de adrenalina.
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A PRIMEIRA VEZ QUE GANHEI FLORES


Raquel Oliveira Brito

Sempre tive o grande desejo de um dia receber flores.


Desde sempre admirei o gesto, por ser singelo e amável, uma
forma linda de agradar a pessoa querida. Sempre sonhei também
em encontrar alguém que pudesse me surpreender e encontrei.
No nosso primeiro Dia dos Namorados juntos, logo quando
cheguei em sua casa, a pedido dele através de uma mensagem
horas antes de sair do curso, eu não tinha a menor expectativa de
que iria ganhar algo tão importante.
Então, ao entrar na sala de sua casa, lá estava ele,
segurando uma cesta linda com chocolates em uma das mãos e, na
outra, o buquê das flores mais lindas que eu já vi. Eu só conseguia
sorrir, fiquei completamente encantada. Admirava cada detalhe
com carinho, eram belas rosas vermelhas, cheirosas, delicadas.
Talvez, para outras pessoas, receber flores pode não ser o
melhor presente, talvez não se sintam tão encantadas quanto eu,
mas essa foi a surpresa mais linda que já recebi.
Quando levei para casa, minha mãe, que também ficou
encantada com a beleza e o gesto, colocou-as em um jarro e
todos os dias, assim como no primeiro dia, continuei admirando-as
e, todas as vezes que olhava para elas, sentia-me feliz como no dia
em que as recebi. Sinto imenso amor e carinho ao olhá-las.
O tempo foi passando, elas ficaram guardadas dentro da
mesma cesta em que recebi também os chocolates e eu fui
54

acompanhando cada fase: elas foram ficando com aparência


pouco vermelhas até ficarem totalmente murchas e opacas.
Não importa o quanto passe o tempo, eu sempre irei
guardá-las e jamais esquecerei do dia em que fui surpreendida com
esse gesto.
Depois de meses, quando completamos um ano de namoro,
ganhei outro buquê e sim, fiquei feliz e encantada da mesma
forma, guardei e observei do mesmo jeito e tenho-as guardadas
também até hoje, junto com as outras pétalas na mesma cesta.
Pode passar o tempo, e l a s p o d e m murchar e perder a
cor e o cheiro, mas jamais irão deixar de ser as minhas rosas e a
lembrança do momento, dia e hora em que ganhei nunca serão
esquecidos.
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A PARTIDA DO MEU MELHOR AMIGO


Rainan Santos Martins

A lembrança que mais me marcou foi a do dia em que meu


amigo foi morar com Deus. Ele era uma pessoa muito legal, alegre
e brincalhona.
Todo mundo gostava dele.
Naquele dia terrível, passamos a tarde toda na casa dele,
brincando e jogando conversa fora, como fazíamos sempre e, mais
tarde, chamei- o para vir para minha casa, porque lá tinha wi-fi e a
gente queria usar a internet.
Quando chegamos, ficamos brincando com o cachorro,
tirando foto, fazendo várias coisas legais, pois ele era um dos meus
melhores amigos.
Mais tarde, minha mãe veio avisar que a mãe dele
estava chamando e ele tinha que ir. Então eu fui dormir, pois estava
muito cansado.
No meio da noite, cerca de umas 23 horas, recebi uma
ligação dizendo que ele tinha sofrido um acidende de moto e
falecido. No momento eu não acreditei, não sabia o que fazer,
pensei que era brincadeira. Então comecei a mandar mensagens
para meus amigos e eles confirmaram a notícia.
Fiquei muito abalado, não conseguia acreditar que meu
melhor amigo se fora.
No outro dia, fomos ao velório, eu e minha família. Foi um
momento muito doloroso, não consegui conter as lágrimas. Muitas
56

pessoas chorando, pois ele com certeza era importante pra todos.
Foi difícil me despedir dele pela última vez no cemitério.
Hoje sinto muito a sua falta. Ficou um vazio muito grande.
Perder um amigo assim, tão cedo, com tanta coisa pra fazer ainda na
vida, tão gente boa, é muito difícil.
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MEU PRIMEIRO GRANDE AMOR


Rayssa Fraga Ramos

Tudo começou quando conheci um menino que eu


considerava muito lindo e há muito tempo tinha interesse nele.
Através de um amigo nosso, ficamos muito próximos e
dessa proximidade surgiu uma linda amizade. Ele me dava muitos
conselhos que me ajudavam a tomar algumas decisões. Nós
costumávamos sair juntos para correr e eu me divertia bastante com
ele. Quanto mais o tempo passava, mais próximos ficávamos.
No dia 30 de janeiro, nós d o i s e alguns amigos fomos
para uma festa e depois fomos para a casa dele. Lá uma das
minhas amigas deitou-se em sua perna e eu não deixei barato,
fiquei me mordendo de ciúmes. Fui lá e me deitei na outra perna.
Acabei cochilando e acordei com ele me chamando. Ao abrir os
olhos, o seu rosto estava bem pertinho do meu. Senti que meu
coração estava saindo pela minha boca. Fui para casa imaginando o
seu rosto bem perto do meu.
Um dia, chegando na escola, encontrei alguns amigos dele
e ficamos conversando. De repente, um deles p e r g u n t o s e e u
e s t a v a gostando dele. Eu fiquei m u i t o envergonhada e respondi
que não.
Após uma semana, começamos a nos falar por mensagem
e numa dessas conversas, surpreendentemente, ele perguntou-
me se eu tinha interesse nele. Eu respondi que não sabia explicar
58

o que estava sentindo, que estava um pouco confusa. E continuamos


a conversar.
No dia 4 de fevereiro de 2016 decidimos ficar e no dia
seguinte chegamos à conclusão d e que fomos feitos um para
outro e começamos a namorar.
Desde então estamos juntos, completando quase dois anos.
Todo mundo tem um primeiro amor e ele sem sombra de
dúvidas foi e é o meu primeiro amor.
Amar é uma das melhores sensações do mundo,
principalmente quando o amor é recíproco.
Por isso, ame sem medo nenhum.
59

O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA NÃO PERMANECEU


Tácio Alves Santos Mendes

Eu sempre pedi a Deus uma menina que me amasse de


verdade, que me ajudasse, me motivasse e, o principal de
tudo, que estivesse sempre ao meu lado.
E no mês de dezembro de 2016, inesperadamente, Amélia
apareceu, trazendo alegria para o meu mundo e tornando os meus
dias mais felizes.
Não conseguia ficar um dia sem falar com ela, quando
abria meu WhatsApp, a primeira mensagem era a dela, dizendo
“bom-dia, benzinho”. Com isso já ganhava o meu dia.
Passamos vários momentos inesquecíveis, lembranças que
até hoje tenho guardadas dentro de mim.
Mas o tempo foi passando e um dia percebi que o nosso
amor já não era mais o mesmo, já não tinha mais o mesmo
cheiro, o mesmo gosto e a mesma intensidade.
Um certo dia, eu fui jogar uma partida de um campeonato de
futebol e, quanto terminou o jogo, senti em meu coração que ela
iria falar uma coisa que iria me magoar.
Fui para casa e, chegando lá, liguei o wi-fi, esperei as
mensagens carregarem e, quando abri meu WhatsApp,
tinha uma mensagem dela. Mal sabia eu que essa mensagem
acabaria com o meu dia: nela, Amelia dizia que n o s s o
namoro não daria mais certo, me falava de suas
60

incertezas quanto ao que queria de fato e a l i terminava tudo


comigo.
Fiquei muito triste, pois gostava muito dela.
Com isso, aprendi que tudo pode acontecer nessa vida,
algumas vezes ganhamos e outras perdemos, mas uma das coisas
mais importantes que ela me ensinou foi como me comportar no
amor.
Para aprender como agir num relacionamento, primeiro
tive que passar por momentos desagradáveis, pois o amor é
bom quando as duas pessoas se amam, mas quando um deixa de
gostar o outro sofre as consequências. Muitas pessoas dizem que
decepções não matam, q u e ensinam a v i v e r , a s e t o r n a r
f r i o , mas eu digo que elas servem para você a p r e n d e r como
se comportar quando amar de novo.
Não tenha medo de nada, tudo serve como experiência e
quem tem experiência se sai melhor nas outras vezes.
Eu não culpo Amélia por nada e nunca a culparei. Ela fez a
escolha dela e sua escolha trouxe por consequência minha solidão.
Não sei quem perdeu ou ganhou: eu perdi quem não me amava,
mas ela perdeu alguém que a amava muito.
61

MEU PRIMEIRO DIA DE AULA


Thiago Pereira Pinto

Eu estava curioso para ver logo o que era a escola que todo
mundo falava. E quando chegou o grande dia, minha mãe me
acordou bem cedo, levantei, tomei café da manhã e fui para a tão
esperada “escola”.
O caminho parecia muito longo e, ao chegarmos lá,
fiquei encantado, era mesmo um sonho.
A sirene tocou e o inspetor foi orientando os alunos,
enquanto os professores faziam a chamada.
A minha professora era baixinha, cabelos curtos, era legal,
calma e muito paciente comigo. Era linda, nunca tinha visto uma
pessoa tão delicada. Seu nome era Gedalva.
Ela falou um pouco de si e depois cada um dos alunos se
apresentou. A gente falou o que achava da escola, como era nossa
vida, do que a gente mais gostava.
A primeira aula foi de Português, ela nos ensinou muita
coisa que eu nem sabia. Não via a hora de chegar em casa e
fazer tudo o que a professora tinha ensinado.
Quando cheguei falei tanto que até perdi a fome. Coitada da
minha mãe, tinha preparado o almoço com tanto carinho e eu só
pensava em colocar em prática tudo que havia aprendido
naquela aula maravilhosa.
Aquele foi o primeiro ano de minha vida na escola. Foi
tanta coisa que aprendi, parecia que minha vida depois daquela
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primeira aula era outra, era um mundo diferente. Foi um ano bom,
fiz vários amigos e o melhor é que fui aprovado.
Não esqueço até hoje da minha primeira aula no Colégio
Arabela Ribeiro e, principalmente, da professora Gedalva .
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MINHA PRIMEIRA BICICLETA


Wildon Diniz Santos

Tudo começou com 4 anos de idade, quando ganhei minha


primeira bicicleta. Lembro-me como se fosse hoje, era a bicicleta
mais linda que já havia visto: sua cor era azul e seus aros
brilhavam quando o sol refletia sobre eles.
No mesmo dia, minha mãe ia sair de casa e eu a
acompanhei. Ela com sua bicicleta e eu com a minha.
Para ir, fomos muito bem. Mas, de volta para casa, perdi o
controle, corri demais, apertava o freio com toda a minha força e
não conseguia parar, pois o freio ainda estava muito duro.
Minha mãe disse: “filho você vai cair”.
Só fiz fechar os olhos e me soltei da bicicleta. Foi um
tombo feio, mas não fiquei muito machucado, só tinha ralado os
joelhos e os braços.
No dia seguinte, meu amigo queria que eu andasse de
bicicleta com ele e quando cheguei em sua casa, ele também tinha
acabado de ganhar uma bicicleta azul e estava muito feliz.
Começamos a dar voltas, íamos até a esquina e voltávamos,
assim, nos divertimos por longas horas. Novamente, na hora de
voltar para casa, acontece outro desastre.
Eu já não sabia muito bem andar de bicicleta, acho que
fiquei traumatizado com o tombo. Quando dei a volta para sair, o
freio da bicicleta arranhou um lindo carro que estava estacionado,
aparentemente o carro era novinho.
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Meu amigo saiu correndo e o dono do carro veio tirar


satisfação comigo, eu sem rumo e sem saber o que fazer sozinho,
indefeso, pensei: “bem que meu amigo tinha falado pra eu correr”.
Ele dizia que ainda dava tempo de fugir do dono do carro, mas não
tive coragem e fiquei parado, assustado.
De repente apareceu o homem, que olhou pra mim e
perguntou onde eu morava. Eu estava no maior dos apuros, sem
palavras, calei-me e ele, com pena de mim, disse para eu ir
embora que ele não queria mais saber de nada.
Quando cheguei em casa, vi meu amigo sorrindo e fiquei
muito irritado, porque ele não havia me ajudado naquela hora
em que mais precisei. Afinal, não custava nada ele ter me
levantado e ajudado, mas não, saiu rindo da minha cara e ainda
veio perguntar o que aconteceu. Eu simplesmente olhei com cara
feia para ele e entrei em minha casa.
Com essa lição, aprendi a agir sempre diferente dele:
diante de situações constrangedoras, jamais abandono um amigo,
pois sei como foi difícil ser abandonado naquele momento tão difícil.

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